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juizado Especial Civel da Comarca de Nilépoli Exm° Sr, Dr. Juiz de Direito do I RJ CAC - CAIXA DE ASSISTENCIA DOS SERVIDORES DA CEDAE, Entidade Beneficente sem fins lucratives com sede na Ay. Presidente Vargas, 463 - 9°- Centro - Rio de Janeiro ~ RJ, CEP: 20.086-900, inscrita no CNPJ/MF sob N.° 31.934.805/0001-36. ¢ na Agéncia Nacional de Saiide Suplementar — ANS sob N.° 32186-9 vem, através de seus procuradores, nos autos da ACAO DE OBRIGACAO DE FAZER C/C INDENIZACAO POR DANOS MORAIS, que lhe move ALBERTO DOS SANTOS FERREIRA E OUTROS, ja qualificados, apresentar CONTRA-RAZOES DE RECURSO INOMINADO_ pelos Fatos e Fundamentos a seguir expost DOS FATOS DOS FATOS: DOS FATOS: 01 — inicialmente, cumpre esclarever que a Ré ¢ uma operadora de Plano de Saiide na modalidade de Auto-gestdo, ou seja, uma massa de funcionarios, de determinada categoria, retine-se a fim de formar uma associagdo, visando a contratagio de prestagdo de servigas médicos a pregos mais acessiveis. Nao pode, nesta modalidade, haver captagio de associados no mercado, pois é um Plano fechado e exclusivo para aqueles que o criaram: 02— neste contexto, se o associado no cumpre suas obrigagdes, inviabiliza a continuidade das prestagSes médicas contratadas, prejudicando, inclusive, seus pares, na medida em que deverdo custear os valores em aberto por aqueles que no cumprem com suas obrigagées; 03 — acrescente-se, de um lado, que a Re, conta com uma massa de associados bastante envelhecida, uma vez que a Mantenedora CEDAE nfo renova seus quadros ha muitos anos, © que resulta em um atendimento amitide e mais oneroso para os cofres da Instituigdo. Por outro lado, a inadimpléncia é também uma realidade no cenrio econémico da Ré, conforme se pode depreender do Relatério de Inadimplentes (docs. 01), anexo, ‘Ay Presidente Vargas, 483 /9° andar -Cntto -Rio de Janeiro, R -20086-900 row aim dvAsdntudade soecaeneciay setratando uma inadimpléncia na ordem de RS 1.094.485,94 (um milhao, noventa e quatro mil, quatrocentos e oitenta e cinco reais e noventa e quatro centavos); 04 ~ os Autores, na qualidade de associados, contribui, mensalmente, para fazer jus aos servigos médicos contratados pela Instituigdo-Ré. Além da contribuigdo. todos os associados, inclusive os Autores, pagam 20% (vinte por cento) de co-partivipagdio, instituida na 90" Reuniao do Conselho Deliberative (doe.02), referente aos servicos médicos de Pequeno Risco, eventualmente, utilizados (procedimentos ambulatoriai consultas, etc.)s (5- os Autores conhecem as regras estipuladas entre eles ¢ a Instituigao, ja que receberam cipia do Esiatuto e Regulamento. conforme se pode depreender da Proposta de Admissdo, assinada pelo Titular (doe. 03). Portanto, conhece os termos do Estatuto e Regulamento da Instituigao, na sua inteireza, com clareza de informagdes neles contidas; 06 — desta forma. o primeiroAutor-Titular tem conhecimento que, de acordo com 0 Estatuto ¢ Regulamento, somente tem elegibilidade para se tomar associado da CAC, 0 menor sob Posse e Guarda DEFINITIVA do Titular, conforme se depreende do artigo 2° § 1° do Regulamento, in verbis "Na forma dos artigos 4° ¢ 6° do ESTATUTO, sao considerados como benefictirios as seguintes pessoas § 1 ~ Equiparam-se aos filhos, nas condigées das. alineas comprovacéio, 0 menor que, por determinacao judicial, se ache sob a posse, guarda e responsabilidade DEFINITIVA do associado ou sob sua tutela, e desde que niio possua hens ou meios suficientes para o préprio sustenbto ¢ educacdo, devendo tal condicdo ser apurada pela Diretoria da CAC 07 — excepcionalmente, a Instituigdo autoriza a inclusdo de menor sob posse e guarda proviséria, condicionando a manutengdo com a apresentago de renovagdo de Guarda Proviséria, sempre que houver prorrogagiio ou mesmo, a apresentagio do Termo de Posse ¢ Guarda Defintiva, Caso 0 associado nao apresente novo Termo, Provisirio ou Definitivo, ‘© menor perde elegibilidade, devendo ser cancelado, consoante o Estatuto e Regulamento da Instituigao-Ré; 08 - inclusive, a carteira cedida para o menor Jonathan sempre tem validade até a data de expirago do Termo provisorio. Ressalte-se que em jan2011 0 1° Autor-titular solicitou Fenovagao da carteira do menor Jhonatan, sem que tivesse novo Termo Provis6rio. Tal Pedido foi acatado pela Ré, sob a condigdo de apresentagio de novo Termo, sempre que o atual expirasse, conforme se depreende do Memorando s/n° do proprio associado, enviado aRée, por esta atendido (doc. 04); 09 — qualquer sorte, 0 associado-titular ingressou com 0 pedido de reembolso da despesa efetuada com a consulta. O valor gasto ji foi reembolsado, conforme Preconiza o artigo 32 ¢ seguintes do Estatuto e Regulamento, ja anexado, ou seja, de acordo com a Tabela da AMB, 0 que comprova o e.mail do Banco do Brasil (doc. 05); ‘Ay Presideme Vargas, 483,'9° anda 2 C C row ai dy Andacaade Soaaee as Sena 10 — aduza-se, por importante, que 0 titular e todo 0 seu grupo familiar se utiliza do plano com regularidade, sobretude 0 menor Jhonatan, sempre que dele necessita, consoante comprovam os Extratos de Utilizagao (docs. 06); Portanto, restou demonstrado que a RE n&o causou qualquer dano aos Autores, apenas cumpriu 0 contraio celebrado entre as Partes, cujas cléusulas sempre foram do conhecimenio dos mesmos, conforme provado no documento 03 anexado. Desta forma, como ji largamente assentado na Jurisprudéneia do Tribunal de Justia, o mero aborrecimento do dia-a-dia, somente reputa como causa a justificar a compensagaio do Dano Moral, quando 0 vexame, @ dor, o sentimento. tiverem por causa uma agressio & Dignidade Humana, que nao restou comprovado nos presentes autos. DOS FUNDAMENTOS 1 Da Autogestiio: A modalidade de organizagto da Ré ¢ conceituada como AUTOGESTAO, ¢ suas regras encontram-se destacadas na Resolugao do Conselho de Saiide Suplementar-Consu n. 5, arts. 1° © 2°, publicada no D.O. n.° 211 de 04 de novembro de 1998 e na Resolugao Normativa da Agéncia Nacional de Saiide ANS-RDC n? 39, art. 14 de 27 de outubro de 2000, nos seguintes termos, respectivamente: An. 1° Para fins de aplicagdo das disposigdes contidas na Let n° 9.65698, sdo caracterizudos como sistemas de assisténcia & saude na modalidade de auogestio aqueles destinados exelusivemente a empregados ativos, aposentados, pensionistas e ex-empregados, bem como seus respectives grupos familiares definidos, de uma ou ‘mais empresas, ou ainda u participantes e dependentes de associacdes, sindicatos ou entidades de classes profissionais Pardgrafo Unico: O grupo familiar a que se refere o caput deste artigo esta limitado ao terceiro grau de parentesco consangilineo & afin. Ant. 2" As autogestdes deverdo possuir gestido prépria através de Srgdios internos de empresas, entidades sindicais, au através de entidade juridica de direito privado, sem finalidade lucrativa, estabelecida preeipuamente para este fim ou ainda através de fundagdes, sindicatos, caixas ou fundos de previdéncia fockada. Ant 14, Classificam-se na modalidade de autogestdo as eniidades de aulogestao que operam servigos de assisténcia a satide ou empresas que, por intermédio de seu departamento de recursos humanos ou orgdo assemethado, responsabilizam-se pelo Plano Privado de Asistencia @ Satide destinado, exclusivamente, a oferecer cohertura aos empregados ativos, aposentados, pensionisias ou ex- empregados, bem como a seus respectivos grupos familiares definidos, limitado ao terceiro grau de parentesco consangiineo ou fim, de wma ou mais empresas, ou ainda a participartes ¢ ‘Av. Prestlente Varoas, 463 /9° anda CAC Caima de Assistinciados Sersidaree da CEDAE dependentes de_axsoviacdes de pessoas fisicas ou juridicas, fundacoes, sindicatos, emidades de classes profissionais ou cassemethados (grifos nossos) ‘Como se pode observar, a Ré € uma operadora de assisténcia médica, na modalidade de aulogestio, cuja caracteristica mais marcante € ser uma entidade, SEM FINS LUCRATIVOS, administradora de servigos de assisténcia a satide de grupo de funciondrios, de determinada empresa ou classe de trabalhadores. a qual pode ser gerida Por érgdos internos da propria empresa, ou através de sindicatos ou pessoa juridica constituida para esse fim, como ovorre no caso em questi. Assim, determinado grupo de trabalhadores ou entidade de classe une seus es © seus s para _criar e gerir plano de assisténcia_médica_em_beneficio da coletividade. A aludida modalidade encontra-se prevista no art. 1°, IIe § 2° da Lei Federal N° 9.656. de 03 de junho de 1998. com dispositivos alterados de acordo com a Medida Proviséria n° 2177-44, de 24 de agosto de 2001 ¢ que dispde sobre os Planos Privados de Assisténcia a Satide, Portanto, a autogestio em satide se caracteriza, basicamente, pelo atendimento médico a um universo fechado de empregados, aposentados ou participantes de associagdes (como no caso. sub examen), fundagdes, sindicatos, etc: a ser prestado pelos préprios empregadores ou entidades respectivas, sem finalidade lucrativa Dispde, ainda, 0 Estatuto Social da Ré, arts, 1° © 2°, que € inafastavel a auséncia de finalidade lucrativa da Instituigao e. conseqtientemente. de atividade econémica entre esta € seus associados. Neste sentido, as normas que tratam de tributos contribuigdes parafiseais — Lei 9.532/97, art, 15; MP 2158-35/2001, art. 14, X - reconhecem que as atividades da Ré Possuem natureza de beneficios de ordem associativa, ao concederem isencao de Imposto de Renda e COFINS as associagées civis que prestem os servicos para os quais houverem sido instituidas ¢ 0s coloquem a disposicdo do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Destarte. ao isentar, as associagdes, da incidéncia destes tributos e contribuigdes, o legislador consolida a auséneia de relagio de consumo entre esias € os respectivos associados, mormente porquanto ausente finalidade lucrativa que lastreie renda, faturamento e lucro: fatos geradores, intimamente, ligados ao conceito de atividade econdmice, que a Ré, definitivamente, nao exerce. DA CONFUSAO ENTRE AUTOR E RE (art. 267, X do CPO lisse, constitui-se de pessoa juridiea sem fins lucrativos, denominada ociagdo, dirigida pelos préprios Asociados, conforme normas contidas nos artigos AR Av Presidente Vargas, 483 /9° anda 4 C.¢ Calta de Assistinciades Serdidoree da CEDAT 20, 21, 22, 23, 29, 30, 31, 32 de seu Estatuto, Assim, nesta demanda, 0 Autor é, ao mesmo tempo. Credor e Devedor da obrigagao, objeto da Apdo, Donde se conclui que o éxito do Associado, redunda em prejuizo diretamente proporcional, para si mesmo, na medida em que, 2 procedéncia dos pedidos formulados a titulo de Danos Morais, acarretara em prejuizo no custeio de todos os associados, inclusive no seu proprio Custeio, IL - DA INEXISTENCIA DE RELACAO CONSUMERISTA: Diante dos argumentos esposados e, ainda, por todo 0 demonstrado, efetivamente, as figuras de consumidor e fornecedor ndo so partes ¢ ndio esto presentes nestes Autos. Portanto, se nao existe Relacdo Consumerista, nao ha que se falar em aplicagao do Cédigo de Defesa do Consumidor & Lide em apreciagao. Neste sentido, vale destacar recentes decisdes proferidas pelos Juizados Especiais Civeis do Estado do Rio de Janeiro, nas quais nao se reconhece, de forma acertada, a Relagao de Consumo nas operadoras de autogestiio: 1 JEC DA CAPITAL DO RI Processo 2003.800.071346-3 ndo reconheco que a relagdo entre as partes seja_relagto de consumo. E que a réé associacdo de _natureza assistencial, sem fins lucrativos. ..... Remarque-se, nao reputei_ a relagdo entre as partes como relagdo de consumo. 1 JEC DA CAPITAL DO RJ Processo 2003.800.092644-6 “(..) Quanto & alegada prescrigéo, é-me forcoso reconhecer essa defesa indireta, Ainda que ultrapassada essa questa0, ndo_reconheco que_a eld mire as partes seja relagdo de consumo. E que a ré é associacdo de natureza assistencial, sem fins lucrativos e, portanto, deveria 0 autor, ao ineluir seu falecido pai, informar que aquele senhor fora aposentado por invalidez, I JEC DE NITEROL Processo 2003.812.009239-3 “(.) @_relacdo juridica que embasa a presente demanda nio apresenta natureza consumerista, una vez que a Ré ndo se enguadra na definigdo de fornecedor insculpida no art, 3° do CDC. & REQUISITO CONSTANTE DO § 2° que haja a remuneragdo do servico para que se caracierize seu fornecimento. A ré & sociedade civil sem fins Iucrativos, pelo que ndo percebe remuneragéo, apenas gerencia os recursos resultamtes dos esforcos de um ‘Ay, Presidente Vargas, 463 /° anda 5 Servidarer da CEDAE grupo de pessoas, farmado por empregudos ¢ familiares da CEDAE JJEC DE S40 JOAO DE MERITI Processo 2003.806,000369-5 " (.) inicialmente verifico que assiste razio ao réu juando afirma que a relacdo entre as partes nit éde consumo, devendo ser regida pelas regras contidas no Cédigo Civil. Isto se dé porque a ré administra plano de assistincia médica na modalidade autogesido, sendo eruidade sem fins lucrativos. XXVIJEC DE DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO Processo 2003.806.000369-5 “.estd com razdo a demandada. A forma de Sua organizagio ndo a caracteriza como prestadora de servigos @ sim como uma sociedade civil, que por meio da unido de esforgos dos seus associados oferece assisténcia médica, ndo havendo relagao de consumo Desse modo, inapliccivel a lei 8.078/1990. Por outro lado, os reajustes, das contribuigdes nas autogesto no so controlados pela ANS, Estas siio as decisdes proferidas pelos Juizados Fspeciais Civeis do Rio de Janeiro, conforme abaixo se reproduz: Processo: 2004.800.124641- Ré: Caixa De Assisténcia Dos Servidores da Cedae-CAC Sentenca: “em 08 de novembro de 2004, as 13:00 horas, na sala de audiéncias deste Juizado, perante a MM" Juiza Marisa Simoes Mattos, compareceram as autoras acompanhadas de advogado, bem como o preposto da parte ré acompanhada de seu advogado. Proposta a conciliagdo a mesma nio foi possivel. Pela parte ré foi oferecida contestagdo sob a forma escrita, cuja vista foi dada a parte autora. Pela MM. Jutza foi proferida a seguinte SENTENCA: Dispensado o relatério, asso a decidir. As autoras alegam que seus planos de satide fiveram aumento anual em valor muito superior ao disposto pela ANS, no caso 62% Ocorre que 0 servigo prestado se enquadra na modallidade de autogestdo, ou seja. determinados associados de uma determinada categoria se associaram para formacdo de uma caixa de assisténcia como um fundo para formar wm plano assistencial para eles prdprios e seus dependentes. Nesses casas, a ANS ndo tem ingeréncia sobre os aumentos. eventualmente aplicados. Na’ Verdade, seus associados constiuem um determinado grupo de trabathadores, no caso da CEDAE, que uniram seus esforcos Ay, Presidente Vargas, 483 /9° anda J a CAC Caisa de Assitinciados Sersidores da CEDAE € recursos para criar um plano de assisténcia médica, em beneficio exclusivamente deles ¢ de seus dependentes, nio havendo captagdo de recursos externos, através de novos associados. De qualquer forma, o aumento de 62% for aprovado numa diretoria responsdvel pela Caixa. Assim, ndo ‘hd de se aplicar os percentuais de reajuste determinados pela ANS. Pelo exposio, JULGO IMPROCEDENTE 0 pedido da parte autora, Sem énus sncumbenciais. Apés as formalidades legais, dé-se baixa e arquivem-se. Publicada nesta Audiéncia € intimados os presentes, registre-se. Nada mais havendo, mandou a MM" Juiza que se encerrasse a presente, as 13:50 horas, apds lido e achado conforme. Eu, THI, Secretiria da MM."Dra, Juiza, digitei, Eu, __, Escrivdo, subscrevo. Marisa Simoes Mattos Juiza de Direito” PROCESSO 2004.800.111578-8 Autora: Alda Irene Barbosa Ré: Caixa de Assisténcia dos Servidores da CEDAE - CAC Sentenca: Relatirio dispensado, 6 ) Hii evidencia que ndo hi relac&o de consumo entre as partes, motivo porque inuplicavel o CDC. Sendo a Ré uma associacdo sem finy lucratives e que tem como objetivo prestar servicos aos seus associados, e sendo as decisdes da Ré tomada por deliberagdo de seus érgdos diretivos e deliberativos, inclusive com a participacdo do empregador, a CEDAE, ndo hé como se exigir que 0 reajuste decididos pela diretoria, com a aprovacto do conselho deliberative, ndo hé como impor limites que seriam aplicaveis 4 outras entidades operadores de planos de assisténcia @ saiide, motivo por que devem ser rejeitadas as pretensoes contidas nos itens “a”, “d” e “e” do rol da Inicial. Isto poste, DECIDO REJEITAR AS PRELIMINARES; E JULGAR IMPROCEDENTES O PEDIDOS, REVOGANDO A ANTECIPACAO DE TUTELA AS FLS 40. ( Publicada em mitos do titular do cartirio. Registre-se . Intimem-se as partes. Rio de Janeiro, 04 de novembro de 2004, Marco Anténio Cavalcanti de Souza duiz de Direito Av Presidente Vargas, 485 / 9 anda gp CAC Cain de Assistinciadar Servidres da CEDAT PROCESSO 2004.800.111578-8 Autor: Edison Carvalho Guimaraes Re: Caixa de Assisténcia dos Servidores da CEDAE CAC Sentenca: Vistos e ete, Tendo em vista 0 disposto no art. 38, caput, da Lei n.° 9.099/95, deixo de apresentar 0 RELATORIO. Assim, passo a decidir, No que concerne a preliminar de incompeténcia ratione materiae, a mesma néo pode ser acothida em virtude de nao haver qualquer vinculo de relagio de emprego entre as partes. No tocante di preliminar alusiva & confuséo entre autor e ré, a mesma também nio pode ser acothida em viriude de inexisténcia da aludida confusiio. De meritis, 0 indice de reajuste de 11.75% nao “-¢ aplicdvel ao caso em tela, jd que a ré se enquadra na modalidade de autogestdo, ndo se podendo perder de vista, ainda, que 0 contrato do autor foi celebrado antes de entrar em vigor a Lei n."9.656/98, devendo prevalecer, por conseguinte, que estd no contrato, Dessa forma, vé-se que a ré poderia proceder ao aumento da mensalidade da forma como se deu, jé que o mesmo foi autorizado pela diretoria da ré, pelo conselho deliberativo da ré e pela Governadora do Estado do Rio de Janeiro (vide fis. 90/100). ISTO POSTO, julgo procedentes os pedidos, revogando, por conseguinte, a decisao de fl. 17 ‘Sem custas e honordrios advocaticios, por nao ser caso de litigancia de mé fé (art. 55, caput, 1" parte, da lei n.* 9.099/95). PRI. Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2004, Flivio ltabaiana de Oliveira Nicolau Juiz de Direitor PROCESSO 2004. 800.108645-4 Autora: Lucy De Oliveira Braz RE: Caixa de Assisténcia dos Servidores da CEDAE ~ CAC Sentenca “Dispensado o relatério, na | forma do art. 38 da Lei 9.09995, ‘paso a decidir. A parte autora alega que sofreu um aumento exorbitante na mensalidade de seu plano de sade a partir do més de agosto de 2004. Alega que, ao consultar a ré, essa teria informado que 0 reajuste seria legitimo para restabelecer 0 Av. Presidente Vargas, 453! 9* anda Cai de Acsiven Seriidores da CEDAE dos reequilibrio das carteiras de clientes e 0 alto padrio dos Produtos servicos prestados pela ré. Entretanto, por discordar do referido aumento, requer a autora que a ré seja condenada 4 manter a mensalidade no valor anterior a setembro de 2003. Alega a ré, na contestagdo preliminarmente, que este Juizo seria incompetente para julgar este litigio e que, a parte autora e parte ré se confundem na medida em que aquela é gesiora desta, motivo por que requer a extingio do feito sem julgamento de mérito e que, no mérito, o aumento do valor da mensalidade se deu por questdes atuariais nos moldes do que foi determinado por seu conselho deliberativo, pelo que o aumento seria legitimo, Inicialmente, deve-se enfrentar e afastar as preliminares argitidas pela parte ré na medida em que, muito embora a Parte autora seja parte integrante da ré, tem ela legitimidade para deflagrar a presente demanda, garantido seu dircito constitucional de acesso @ justia na qualidade de minoria como associada da ré. Por outro lado, nto hd que se falar em incompeténcia deste Juiz, na medida em que aqui nao se discute relag&o trabalhista, mas sim relaco contratual de prestacdo de servicos, razdo por que nio poderé prevalecer a defesa processuat apresentada. Da anilise dos autes, verifico que 0 contrato firmado entre as partes, cuja cépia foi juntada pela ré, prevé 0 reajuste percentual da mensalidade quando deliberado por seu Consetho, Nesse passo, ressalto que 0 contrato firmado pela autora foi redigido com a clareza exigida pelo art. 16 da lei 9636/98, sendo incontroverso que a autora teve a plena ciéncia acerca da forma como seria realizado 0 reajuste. De outro lado apesar do considerdvel aumento na mensalidade do plano de saiide da autora, entendo que nio pode esse aumento ser considerado abusive. Isto porque, 0 co9ntrato de seguro-saitde, assim como as demais modalidades de contrato de seguro, tem insito em sua natureza a relagio de equilibrio entre o risco a ser coberto ¢.a contraprestagao a ser paga pelo segurado. Dessa forma, na ‘medida em que no contrato de seguro-saide o risco aumenta com as realidades do momento, também aumenta a contraprestacdo a ser paga pelo segurado, de acordo com os cdleulos atuariais que observarto a legislacdo vigente, Neste ponto, entendo que no caso dos autos, ndio incidirdo as normas oriundas da ANS na medida em que a ré demonstrou que sua prestagdo de servigos se enquadra na modalidade de auiogestio, onde determinados associados de uma categoria se Av Presidente Vargas, 483, 9°anda CAC Caita de Assistinciados Servideres da CEDAT associam para a formacdo de uma caixa de assisténcia com 0 intuito de formar um plano proprio para si ¢ seus dependenies. Assim, 0 reajuste determinado pelo Consetho Deliberative da CAC se dé de maneira a garantir a todos, inclusive a autora, o direito de usufruir dos seus servicos, Nesse sentido, tendo a ré realizado reajuste atuarial, néo hd que se falar em conduta ilicita da ré mesma em cobra 0 percentual de aumento previsto no contrato entre partes. Isto posto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos formulados pela parte autora, tornando sem efeito a tutela antecipada conferida a mesma a fls. 14". Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2004. Gustavo Henrique Nascimento Silva Juiz de Direito IV DA RESPONSABILIDADE CIVIL ~ BREVES COMENTARIOS: Distinedio entre Obrigacdo ¢ Responsabilidad No dizer do Husire professor Desembargador Sérgio Cavalieri: “obrigagdo & sempre am dever juridico originirio, responsabilidade & um dever juridico sucessivo, conseqtiente & vialagdo do primeira”. Dai, a feliz imagem de Larenz ao dizer que “a responsabilidade ¢ a.sombra da obrigagdo". Continua © Professor Cavalieri em sua magnifica obra: ..Sempre que quisermos saber quem € 0 responsive! teremos que identificar aquele a quem a lei imputou a obrigaydo, porque ninguém poderd ser responsabilizado por nada sem ter violada dever juralico preexistente”. Na verdade, 0 préprio Céstigo Civil distingue obrigagao de responsabilidade em seu artigo 389: “Nao cumprida a obrigagdo (obrigagao originaria), responde o devedor por perdas ¢ danos, (obtigacao sucessiva), Portanto, a obrigagao de indenizar, nos casos de responsabilidade civil, é sucessiva, conseqiéncia da violagdo da obrigago origindria, que € aquela insculpida no art. 927 do NCC; “aguele que, por ato ilicito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo”, ¥-DA NAO CONFIGURACAO DO DANO MORAL ‘ par dos ensinamentos acima comentados, 0 pedido de Dano Moral formulado, nao merece prosperar, Como se sabe, 0 fundamento da reparabilidade pelo Dano Moral, segundo 0 Mestre Caio Mario da Silva Pereira esta em que: “4 partir do patriménio em sentido téenico, o individuo & titular de direitos, integrates de sua personalidade, mito podendo conformar-se, a Ordem Juridica, em que sejam impunemente atingidos. O Dano Moral atinge os bens da Personalidade. tis como a ‘Av. Presidente Vargas, 463 / 9° ands 10 Ce ws F Caindsanintcindn Seruiore an CEDAE Honra, a Liberdade, a Satide, 6 Integridade Psicolégica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhacdo & vitima, Nessa categoria, inclui-se também os Direitos da Personalidade: a Intimidade, 0 Direito de imagem, ao Bom Nome, & Privacidade, & Integridade da Esfera intima. Ainda, 0 Bom Nome, a Privacidade e 0 Bem-estar a ser preservado, principalmente, perante 0 circula de amizades do cidaddo e na drea de sua atuagéo profissional, qualquer agressdo injusta, que possa vir a desacreditar 0 cidadto em seu meio social ow profissional, efetivamente, concede a este 0 direito de requerer a Indenizacao por Dano Moral", No presente easo, analisando as provas trazidas aos autos ¢ considerando o comportamento dda Ré (que se confuunde com o Autor), nio ha que se falar em Respensabilidade Civil que enseie a Indenizaeiio por Dano Moral, uma vez que nio houve qualquer depreciagiio a sua honra objetiva e/ou subjetiva . A alegada negativa de atendimento, sem qualquer prova deste fato constitutive de seu direito e, sobremancira, sem qualquer consequéncia na esfera juridica do Autor, rao condiciona o reconhecimento do Dano Moral, configurando mero aborrecimento do di dia. Inclusive, como ja largamente assentado na Jurisprudéncia do Tribunal do Estado do Rio de Janeiro, que reputa como causa a justificar a compensagdo do Dano Moral, quando © vexame. a dor, ou o sofrimento... tiverem por causa uma agressio a Dignidade Huma que no restou, sem sombra de diividas. comprovada. autos, Admitindo, apenas para efeito de argumentagao, que esse MM. Juizo concedesse 0 Dano Moral pleiteado, a eventual fixago no podera se afastar dos Principios norteadores da Razoabilidade e da Proporcionalidade, Bem a propésito, na ligao do Professor Caio Mario da Silva Pereira, na festeiada obra “Instituigdes de Direito Civil", Volume III, 10° edigdo — Forense, pag. 371. a0 discorrer sobre es Tiquidagdes, ensina que: “deverd 0 agente sujeitar-se a reparar o dano moral, sem que a indenizagio se converta em fonte de lucro ou enriquecimento, porém com sancdo técnica, arbitrada o seu montante moderadamente.” Ainda, a0 estabelecer a indenizagio por Dano Moral, outros aspectos devem ser criteriosamente, abalizados, como apontados na Ementa da Conclusdo 10 do IX Encontro dos Tribunais de Algada do Brasil, ocorrido em Sao Paulo em 1997, in verbis, “Na fixagdo do dano moral, deveré 0 juiz, atendo-se ao nero de causatidade inscrito no Art. 1.060 do Cédigo Civil, levar em conta critérios de proporcionalidade e razoabilidade na apuragdo do “quantum”, atendidas as condicdes do ofensor, do ofendido e do bem juridico,” ‘Nessa mesma esteita € 0 entendimento esposado pelo Tribunal de Justiga do Estado do Rio de Janeiro: ‘At Presidente Vargas, 463 /0° anda MH Cc ' C rs tim de Aninduindn Serddcre an CEDRE HII 0 valor da indenizacéo no dano moral se. * fixa por arbitramento Judicial, conforme Artigo 1.533 do CC. O juiz deve, para tanto, valer-se dos principios da razoabilidade e da proporcionalidade para determinar 0 quanto a ser pago.” (Ap. Civil 13865/98, j, 09.12.98, undnime, Rel. Des. Bernardo Gareez), Como pode ser observado, nossos Tribunals tém decidido a questo do Dano Moral com ponderagao, ja que a indenizagao nio pode ter o carater de um ayantajado enriquecimento, Para que nio se converta, alegado sofrimento. em movel de captagio de lucro “ipalmente ‘no presente caso, em que, indubitavelmente, no houve qualquer constrangimento provado, quiga atentado a Dignidade Humana e sim. um mero aborrecimento, que por sua vez, no enseja 0 Dano Moral pleiteado, Diante de todo © exposto, a RECORRIDA. que, no mérito, V. Exei*, julgue, totalmente. improcedentes os pedidos da RECORRENTE, por completo descabimento do Dano Moral pleiteado e, ainda. por questio da mais lidima e verdadeira Justiga! Termos em que pede, © espera deferimento, Rio de Janciro, 03 de maio de 2012 ——_ OAB/RI 97452 Ay Presidente Vargas, 483/ 9° anda D

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