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& Autores contemporGneos Uma Psicandlise Idéia de criatividade de Winnicott contribui para o melhor conhecimento do ser humano oo ee Por Epna ViLeTe £ Rosa Maria CarvatHo REIs EdnaVilete é mic, rani, nenbro eo daa € docente da Sociedade Picaalta Go Rode Janie e a sodagia Bra de Pics. Cont: nite @ spore. Rosa Maria Carvalho Reis & pico, pce, meno eh edo da Sedat Prati do i de Jai és Asc Brea de Pande, Conte: rasres abpr. inglés Donald Woods Win- nicott, falecido em 1971, dei- xou, com sua obra, um legado FA valioso nfo somente para psica~ nalistas,mas também para médicos asisten= tes sociuis,educadorese pais. De ua contri- buipio para 0 conhecimento do ser humano ressaltam suas idéis sobre acriatividade, que ele conceitua como “um colorido de toda ati- tude com relasao a realidade externa’, pois € "por meio da apercepso cratva, mais do que qualquer outra coisa, que a vida é digna de ser vivida”. Para alcangar 0 que Winnicott quer de {ato dizer, temos que distinguir a criagio bbem-sucedida do que ele chama de criatvi- dade, assim definida quando afiema que “o impulso criti é algo que pode ser consi= derado como ume coisa em si, algo natural- mente necessirio a um artista na produgio de uma obra de arte, mas também que se faz presente quando qualquer pessoa ~ bebé, erianga, adolescente, adulto ou idoso ~ in cfina-se de maneira saudivel para algo ow realiza deliberadamente alguma coisa, desde ‘uma sujeira com fezes ou prolongar do ato de chorar como fruigdo de um sor musical” Entretanto, Winnicott se pergunta: por que pode desaparecer o sentimento que oindivi- duo tem de que a vida é real e significativa? E responde referindo-se & submissio que se estabelece com relagio a realidade externa quando, a0 invés de o ambiente atender a de- pendéncia do bebé, ele se impée e falha, sem ajudé-lo a enfrentara perda da onipoténcia, No inicio, para o bebé, ele e 0 seio nfo es- to separados e somente a mie que é syficien~ femente boa teri a capacidade de apresentar ‘o-mundo de tal forma que o bebé acreditaré set o seu criador. Quando tudo corre bem, isso significa que a mae cumpriu, também, a tarefa de desiludir gradativamente o bebé. Porém, 2 aceitasdo da realidade extema leva o individuo, durante toda a vida, a sofrer uma inevitivel tensio que s6 ¢ atenuada pela en- trada no que Winnicott chama de “uma érea intermediaria de experiéncia”. A propésito, é melhor repetir as préprias palavras de Win- nicott: “é itil, portanto, pensar numa érea in~ termediéria do viver humano, uma érea que nfo se encontra nem dentro, nem fora, no mundo da realidade compartilhada. Pode-se ‘pensar nesse viver intermediatio como ocu~ pando um espaco potencial, a negar a idéia de espaco e separacio entre o bebé e a mie € todos os desenvolvimentos derivados desse fendmeno. Este espago potencial é extrema- mente variével de individuo para individuo pique esecil 47 i Autores contemporGneos 48 psique ead e seu. fundamento esté na confianca ‘que a mic inspira ao bebé...”. Essa rea intermedifria abrigard a criatividade e dari origem ao sonho e ao brincar. © HOMEM “SEM CHEIRO” Durante décadas, Winnicott exer- ceu a pediatsia junto a sua atividade de psicanalista, atendendo bebés ¢ suas mies, o que Ihe ofereceu a oportuni- dade de investigar e conhecer nio s6 0 desenvolvimento infantil, mas também. ‘a importincia do ambiente que cerca ‘a crianga. Com os cuidados que ofere~ ce ao filho, diz Winnicott, “a mae est assentando, sem que o saiba, as bases da satide mental do individuo. Isso, po- xém, nio é tudo. Do ponto de vista da saiide mental, a mic — se agir de forma adequada — estari, também, criando os. fandamentos da forga de caréter e da riqueza da personalidade”. E continua, “infelizmente € uma grande verdade que, se uma crianga nfo comesar bern, entio nfo poderé desfrutar do que o mundo tem a lhe ofere- cer. Assim, existem ‘os que tém’e ‘os que no tém’, ¢ isso nada tem a ver com finangas; tem a ver com aqueles que comesaram muito bem a sua vida, € com aqueles que nfo tiveram a mesma sorte”. Tio vasta é a obra de Winnicott que para apresentar algumas de suas idéias relacionadas a0 bom desenvolvimento de uma crianga ¢ 20 seu contririo, quando ocorrem sérias perturba- gbes que provocam distorgées de personalidade ¢ graves patologias, recorremos a um persona- gem da literatura contemporinea, Referimo- rnos a um homem que, por ter sido um bebé sem mie, nfo conseguiu desenvolver uma identidade propria, particular e era, assim, uma pessoa sem. cheiro; falamos de Jean-Baptiste Grenouille, a criagdo de Patrick Stiskind em seu livro O Per _fume, recentemente adaptado ao cinema, Nascido de uma vendedora de peixe em um dia quente e mal-cheiroso de verio no meio de visceras atiradas 20 chfo, Jean- Baptiste poderia ter tido 0 mesmo destino dos quatro irmaos que 6 precederam ¢, como um excremento, ser des- pejado no lixo, Escapa, pois se pbe a chorar ¢ € encontrado, denunciando, assim, o delito da mie ‘que, por isto, é presa e decapitada, Passa a ser “o bastardo da infunticida”, criado por amas sucessivas que acabavam por recusé-lo porque era faminto ¢ mamava por dois, dimi- nuindo o Iuero dos que o cuidavam. Finalmente € ‘mantido por um convento e entregue a uma ama com quem permaneceu durante semanas. Torna se gordo e rosado, mas, outra ver, & devolvido por- que, diz ela, “encheu a panga a minha custa, Su- gou-me toda, esvaziou-me até os ossos. Mas agora acabou”. O padre do convento tenta argumentar: “Nao é bom ficar empusrando uma crianga por ai. Quem sabe se ela vai se desenvolver com o leite de outra tio bem quanto com o seu? Esté acos~ ‘tumado ao aroma do seu peito e & batida do seu coracio”, Nenhuma palavra a demove e enojada afasta © bebé de si, Nao tem cheiro, disse ela, ¢ por isso nfo gosta dele. No cheira como os outros bebés a manteiga fresca, bolacha ensopada no leite ou caramelo ¢, por essa razdo, suspeita que ele tenha parte com o deménio. Esta suspeita insinuada faz com que scja mal interpretado o talento inato que ‘© bebé depois revelou ao monge, quando mexen= do 0 narizinho mostrou farejar e aspirar seu chei~ 10, como se 0 olhasse de modo arguto ¢ exami~ nador. Aterrorizado,o padre o leva correndo para ‘bem longe e, aliviado, com muitos sinais da cruz, entregou-o a uma mulher que mantinha criangas sob pagamento. “Com o cuidado da mae”, diz Winnicott, “o bebé é capaz de ter uma existéncia pessoal, uma individualidade. Entretanto, se 0 cuidado mater- no nao é suficientemente bom, o bebé no vem a existir”, Podemos pensar que a Jean-Baptiste tudo faltou: a mde que o cuidasse ou 0 pai que 0 salvasse, Faltou o tipo de cuidado que Winnicott chamou de devogo, em que uma mie zelosa, pre- ‘ocupada e atenta se debruga sobre o seu bebé € 0 acolhe dentro de si como estivera antes de nascer. Nesta gestacio afetiva, neste processo de identi- ficago priméria, ela se sente igual a ele e € capaz, de reconhecer seus estados afetivos e descobrir sua singularidade, podendo identifica o seu choro, ou diriamos, 0 seu cheiro. ‘Winnicott ressalta também o papel de espelho da mie. Descobrindo a singularidade do seu bebé, de seu seffque desabrocha em caracteristicas como seus gorjeios, seu sorriso, suas expresses faciais, seus gestos ¢ trejeitos, ela pode refletir aquilo que cle é Hi bebés, entretanto, diz Winnicott, que olham 0 rosto da mae ¢ nao se vem. Ao invés de o rosto da mie refetir o bebé reftete a rigidez de suas proprias defesas. E, pois, dessa maneira que Jean-Baptiste inicia a vida, como deposi- titio das projegdes alheias, pois é considerado voruz pela ama mercendria que troca leite por dinheiro, ¢ é visto como deménio pelo padre su- persticioso ¢ assustado. Winnicott nos deixou uma frase instigante: “quando esti reagindo, um bebé nio esta existin- do”, esté sim, podemos acrescentar, lutando para sobreviver e usando todas as suas forsas contra a ameaca de ser aniquilado, Para preservar sua ma- neira prdpria de ser, a sua individualidade, o bebé precisa ser reconhecido e respeitado no seu rit- ‘mo natural, em sua espontaneidade, e protegido das imposigdes, das invasées e do ambiente que o Jevam a se defender reagindo, A luta pela so- brevivéncia prosseguiu para Jean-Baptiste, mas, conclui o autor, quem, como ele, tinha sobrevivido 20 ptéprio nascimento no lixo, nao se deixaria ex- pulsar tio facilmente do mundo, Assim, a0 longo da infincia sobreviveu sopa aguada, 20s maus- tratos, as doengas e ao trabalho insalubre de 15 horas didrias em um curtume. No entanto, ensina Winnicott, se a agressio do ambiente é persistente, a crianga pode seagir as im- posigdes com retraimento e submissio, A reirada para o isolamento é a tinica condigiio que permite a existéncia como individuo; porém, se em casos ex- ‘tremos no houver nenhum lngar de descanso inte tor, a ctianga,em conseqiiéncia, desenvolve-se como ‘uma extensio do ambiente invasor. Bern a propésito, por este estado de retraimento, por viver encapsula- do em si mesmo, o autor compara Jean-Baptiste a ‘um carrapato, de pele lisa e dura, resistente e auto- suficiente, vivendo de uma gotinha de sangue, pre- cisando de um minimo para sobreviver.Paraa alma, diz ele, nfo precisava de nada — nem calor humano, dedicagio, deicadeza ou amor. Mas, sugere 0 autor, talvez tudo isto se tomnasse dispensivel para que ele pudesse sobreviver, pois se tudo desejasse provavel- ‘mente teria perecido, Como protesio ele aprende a dissimular ao lidar com o mundo, desenvolvendo ‘uma personalidade fala, um filso seff~ na aparéncia, submisso, humilde, trabalhador e obediente, guar- dando, contudo, no fando de si mesmo, suas inten g6es ¢,acima de tudo, seu talento recém-descoberto = 0 faro agudo e preciso que lhe permite como que ver A distancia e através das paredes. | A ESSENCIA DO SELF Jean-Baptiste brincava com os odores como uma crianga brinca com os seus jogos, mas sem- pre em uma atividade secreta, realizada apenas em seu interior, pois esse dom precioso, essa ca~ pacidade rara de apreender, discriminar e me- morizar cheiros representa a verdadeira esséncia do seu seif'e, como tal, necessita ser ocultado, provavelmente para evitar o perigo maior de ser submetido e explorado, A exploragio realmente acontece quando Jean-Baptiste passa a trabalhar para Baldini, um importante perfumista de Paris, Percebendo 0 ta- lento do rapaz apodera-se das férmulas dos mag nificos perfumes que ele & capaz. de criar e, com isso, enriquece. Jean-Baptiste, porém, aceita toda a falsidade e hipocrisia porque no laboratério de Baldini ele encontra a primeira oportunidade de Winnicotsressaka 0 papal de espelho ca: mieizo descobrira singularidade de seu bbebé cla pode refleie aguilo que ele € niretanco,ha bebés {que olham 0 rosto da ime endo se veer, refletndo apenas a rigidez de suas proprias defesas pique expecia 49 4 : Autores contemporGneos Em Paris, no ano de 1738, Jean-Baptiste Grenoule, flho de uma feirante, nas- cceu em uma barraca de peixe na cidade mais sujae fedorenta do mundo ociden- tal, Apas a morte de sua mae, sobrevi- vea doencas e pestes em diversos lares miserdveis. Contra todos os prognés- ticos, Grenouille acaba desenvolvendo duas caracteristicas que mudariam sua Vida: 20 mesmo tempo em que nic tinha cheiro algum, era dotado de um coffato apuradissimo. Este titimo talento permite que deixe para tris a pobreza para brithar na indtstria da perfumari. Mas Grenouile, um personagem amoral, no ambiciona a fama ou a fortuna que sua habilidade poderia Ihe proporcionar; mas um poder maior so- se expressar em sua capacidade criadora e, apren- | demos com Winnicott, as situagbes em que o fal- 50 self permite a0 verdadeiro self emergir podem possibilitar & pessoa uma existéncia normal. As- sim, ele se revela cm sua espontaneidade ~ é nada mais que um menino de olhos brilhantes que fala ¢ gesticula com liberdade, mostrando-se excita~ do ¢ envolvido em sua brincadeira, lidando com vidros e esséncias, esquecido de tudo 20 redor. bre as pessoas: a seducio dos odores sobre a alma humana. Assim, confor- ime relaciona Winnicott, o personagem brincaya com os odores como uma crianga brinca com os seus jogos, mas sempre em uma atividade secreta, realizada apenas em seu interior, pois esse dom precioso, essa capacidade rara de aprender, discriminar e me- morizar cheiros representa a verda- deira esséncia do seu self, como tal necessita ser ocultado, provavelmente para evitar 0 perigo maior de ser sub- metido e explorado. Ga O perfume ~A historia de um assassino Por Patvick Siskind (Record, 256 paginas, RS 37,90) O PERFUME Nitrsre Wp mace: seu bebé —esta condigo que Winnicott tao bem conceituou de “preocupagao materna primaria”, Jean-Baptiste realiza 0 seu intento ¢ como um virtuose em sua arte, confecciona um perfiame ma- ‘gico com a fragrincia extraida de certas pessoas ~ individuos raros que inspiram amor —e assim, ele proprio, com apenas algumas gotas, viu-se amado, ‘yenerado, desejado, Mas tudo resulta incl, pois ee se vé invadido por um sentimento de vazio. Nao obstante 0 seu sucesso, no se vé reconhecido em seu talento, o que, de fato, ele realmente buscava € rnecessitava:“Os outros s6 sentem o efeito deste per~ fame”, pensou melancélico, “mas nfo sabem como cle é bem feito”. Semelhante é o vazio que determi- nados pacientes experimentam na vida, apesar do poder de que desfrutam - conferido por dinheiro, fama, prestigio intelectual, beleza ou quaisquer ou- tros recursos de que uma personalidade filso self pode, inutilmente, langar mio para se sentir amada e considerada. ‘Mas ele tem, também, 2 necessidade de aprender as tGenicas que 0 mestre pode lhe ensinar, pois, a0 descobrir 0 fato de que nfo possuia um cheiro ~ ou seja, de que era insignificante para as pesso~ as — passa a acalentar o propésito secreto de eriar um odor sobre-humano, angelica, tio bom e com tanta energia vital que quem o cheirasse ficaria enfeitisado, ficaria sob um encantamento, tendo de amar de todo coragio, até a loucura ou sacrifi- cio pessoal, o portador deste aroma. ‘final, podemos pensar que, por meio da alegoria do cheiro bom representando, no caso, . . o falso self ele estatia, tio somente, pretendendo | REVELACOES DO SUICIDIO arrancar aquilo que Ihe fora negado um dia~o| As idéias de Winnicott e Siiskind se unem, de sentimento de fascinacio ¢ a entrega que € ca-| novo,no desfecho tragico da histéria,Jean-Bapti paz de experimentar uma mie apaixonada pelo te jéndo quer inais viver ¢,se nfo ha mais esperan-~ 50 psique pec gas de que o self verdadeiro possa exists, esclarece ‘Winnicott, passa a ser tarefa do falso seiforganizar © suicidio. Winnicott nos ajuda, assim, a com- preender porque Jean-Baptiste se dirige a Paris e como que voltando ao seu principio, ao lugar onde nascera, junta-se aos ladroes, assassinos, prostitutas e desesperados que ali, junto ao fogo, reuniam-se. Despeja todo o contetido do perfume sobre o seu compo € aparece, entio, 20 grupo, como um anjo de imensa beleza, imerso em um brilho irradiante. Atraidos por esse fulgor, a massa humana cai sobre ele e 0 devora, pedago por pedago. Em meia hora Jean-Baptiste havia desaparecido da face da terra, Quando os canibais se reuniram apés a refei- fo nada disseram, apenas se entreolharam com coragio livre, e sorriram, tendo no rosto um brilho de suave felicidade. Conclui o autor: “estavam or- gulhosos. Pela primeira vez haviam feito algo por amor’. A sensibilidade de Siiskind nos conduz, com esta afirmacio, & patologia de Jean-Baptis- te; 208 assassinatos cometidos para se apoderar da fragrincia das mulheres por ele amadas e confec- cionar o seu perfume mégico e, dessa maneira, & natureza do amor primitivo do personagem e dos companheiros que o devoraram. Amor este feito de avider.e excitagio, oriundo de uma fase no de~ senvolvimento anterior & culpa e a responsabilida- de pelos atos cometidos. ‘Assim, para chegar ao seffverdadeiro de Jean- Baptiste, revelado pelo suicidio, seria necessério compreender que, apesar do impulso amoroso primitivo ter uma qualidade destrutiva, o obje~ tivo do bebé nao é a destruigao. “O objetivo do bebé”, diz Winnicott, “ a satisfacdo, a paz do corpo e do espirito”. Bem a propésito, ao sentir © perfume da primeira jovem que o assassinou, Jean-Baptiste — descreve o autor — quase passou ‘mal de tanta excitago. Acompanhou o perfume “com 0 coragio a saltar de medo, pois adivinhava {que nfo estava seguindo o aroma, mas que 0 aro- ma o havia aprisionado e, agora, iresistivelmen- te, o atrafa para si”. Nao era o esforco de corer que fazia seu coragio pulas, “mas o seu excita~ do desamparo diante da presenga desse aroma”. Precisava té-lo, ‘nfo pela mera posse, mas para sossego do seu coragio”, Por isto, a0 ser preso pe- Jos assassinatos cometidos, indagado quanto aos motivos de seus crimes, simplesmente respon- deu: “Precisava delas”. E nada mais acrescentou, apesar de interrogado e torturado. E curioso que Siiskind, o autor, em iversos momentos se mostre hostil 20 personagem. “Foi um monstro desde 0 comes”, diz ele, € 0 acusa de teimosia ce maldade porque com o seu grito teria levado a mae a0 cadafalso, decidindo- se, assim, acredita, a favor da vida e con- tra o amor. A esse respeito, Winnicott sabia da extensio do encargo que um analista teria para tratar de uma pato- logia primitiva como as personalidades falso self; 0s esquizdides os distirbios de carter. Sabia também da intensida- de de sua contratransferéncia quando, a0 criar condigées para a verdade do paciente emergir, ele se revelasse em sua extrema dependéncia, Recomen- dou, mesmo, que o analista verificasse sua disponibilidade emocional para tal tarefa, que certamente incluiria a capa- cidade de empatia com a necessidade © 0 desamparo do paciente, pois este sentimento 0 ajudaria a suportar 0 édio «que pudesse ser despertado com as exi- agéncias de sua regressio, e sua rude maneira de amar. E, diante de suas defesas, de seu retraimento agresslo, de sua ameaca em abandonar o trata mento, Winnicott nos deixou uma frase que nos traz alento porque nos recorda a realidade desses pacientes: “E este um sofisticado jogo de esconder, em que pode ser uma alegria estar escondido, mas €um desastre no ser encontrado”. a Segundo Winnicott, situagoes em que o falso self permite ao verdadeiro self emergir podem possibilitar 4 pessoa uma existéncia normal REFERENCIAS. \IUETE, E Sobre o perfume e a teoria do self e do falso self em Winnicott, En: Winnicott, 24 Anos Depois Rio de Janeito: Revit, 1995. SUSKIND, © perfume, a historia de um assassino. ‘So Palo Ed Cur, 1979, \WINKICOTT,D.W, Da Pediatria a Psicandlise~ textos selecionados.. Rio de Janet: Francisco Alves, 1978, 0 ambiente e os processos de matu- ‘rao Porto Notes Ed. Artes Msicas, 1990 05 bebés e stias maes, Sia Patio: ‘Martins Fontes, 2002. Privagao e delingtiéncia. 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