You are on page 1of 24
Estruturas do discurso e estruturas do poder Este capitulo examina algumas das relagGes entre discurso e poder social. Depois de uma sucinta andlise teérica dessas relag6es, avaliaremos alguns dos recentes trabalhos nessa nova dea de pesquisa. Apesar de nos valermos de varios estudos sobre o poder em diversas disciplinas, nossa principal perspectiva encontra-se nas formas como esse poder é exercido, manifestado, descrito, disfargado ou legitimado por textos e declaracées orais dentro do contexto social. Devotamos uma atengdo especial ao papel da ideologia, mas, a0 contrério da maior parte dos estudos de sociologia ¢ ciéncias politicas, formulamos essa relagao ideoldgica nos termos da teoria da cognicio social. Essa formulagao nos permite construir a indispensavel ponte tedrica entre © poder societal das classes, dos grupos ou das instituiges no nivel macro da andlise e o exercicio do poder na interagéo € no discurso no nivel social micro. Sendo assim, nossa revisdo de outros trabalhos nessa 4rea centra-se no impacto produzido por estruturas de poder especificas sobre varios géneros de discurso ¢ suas estruturas caracteristicas. A teoria da andlise do discurso que fundamenta este estudo pressupde, mas também ultrapassa, meus trabalhos anteriores sobre o discurso (ver van Dijk, 1977, 1980, 1981; van Dijk e Kintsch, 1983), bem como outras abordagens correntes da andlise do diseurso (ver as concribuigdes em van Discursoe poder — Dijk, 1985a). Ou seja, dando continuidade a meu trabalho sobre o discurso dos noticidrios ¢ sobre o racismo nos discursos, do qual faremos uma breve revisio, este capitulo adota uma postura mais social em relagao ao discurso coferece testemunho de um desenvolvimento mais geral rumoa um estudo crftico da escrita ¢ da fala dentro do contexto social. Nosso sistema analitico do discurso ¢ as Gbvias limitagGes de espaco impostas pelo fato de se tratar de um tinico capiculo significam uma série de restrigGes, Primeiramente, pressupomos, mas nao discutimos ou analisamos, 08 trabalhos atuais sobre as relagdes mais gerais entre poder ¢ linguagem, tema tratado por varios estudos recentes (Kramarae, Shulz e O’Barr, 1984; Mey, 1985). Nossa discussio centra-se no discurso como uma forma “textual” espectfica de uso da linguagem no contexto social ¢ trata apenas de alguns dos trabalhos sociolingiifsticos que abordam o papel da dominancia ou do poder na variagio e no estilo lingiifsticos, Em segundo lugar, jé que estamos mais inceressados no poder social ou societal e menos no poder pessoal, precisamos ignorar grande parte do campo de estudo sobre 0 poder na comunicacio interpessoal, um campo semelhante a este ¢ jé revisado com comperéncia por Berger (1985) (ver também Seibold, Cantrill ¢ Meyers, 1985). Em terceiro lugar, devemos lamentavelmente nos limitar ao papel do poder nas culturas “ocidentais”, Portanto, deixamos de lado dados reveladores sobre 0 papel do poder em outras culturas, obtidos por alguns trabalhos do campo da etnografia da fala (Bauman ¢ Scherzer, 1974; Saville-Troike, 1982) ou pelas pesquisas atuais sobre a comunicagao intercultural. Em quarto lugar, estudos feministas sobre 0 dominio ¢ o poder masculinos na linguagem ji foram discutidos (ver a ampla bibliografia de Kramarae, Thorne ¢ Henley, 1983), de modo que nos limitaremos a revisar sucintamente as pesquisas centradas no discurso e no poder de género. A fim de restringir ainda mais 0 tamanho da revisio a ser feita aqui, hé poucas referencias aos virios estudos interessantes que tratam das relagées entre linguagem, discurso, poder ¢ ideologia em diversos paises europeus ¢ latino-americanos. A ANALISE DO PODER A anilise do poder em varias disciplinas fez. nas de estudos a respeito desse assunto, Entre os trabalhos recentes incluem- tum grande niimero _— Fstruturasdo discourse estrunuras do poder se os estudos de Dahl (1957, 1961), Debnam (1984), Galbraith (1985), Lukes (1974, 1986), Milliband (1983), Mills (1956), Therborn (1980), White (1976) e Wrong (1979), entre muitos outros. Grande parte desses trabalhos opera dentro dos limites da sociologia ¢ das ciéncias politicas. Nao pretendemos neste cap{tulo revisar ou resumir essa rica tradigao. Selecionamos, entao, algumas das principais caracterfsticas do poder social e reconstruimos aquelas presentes ern nosso proprio sistema tedrico. Deve-se terem mente, porém, que em nossa opinio a nogao complexa de poder nao pode ser simplesmente esgotada em uma definigdo simples. Necessita-se de uma teoria madura ¢ interdisciplinar para capturar as implicagées ¢ aplicagdes mais importantes do conceito. As caracteristicas do poder que sao relevantes, para nossa discusséo podem ser resumidas da seguinte forma: (1) Poder social € uma caracteristica da relagio entre grupos, classes ou outras formagées sociais, ou entre pessoas na qualidade de membros sociais, Apesar de podermos falar em formas pessoais de poder, esse poder individual é menos relevante para a nossa explicacéo sistematica do papel do poder no discurso enquanto interacao social. (2) Em um nivel clementar, mas fundamental da andlise, as relagdes de poder social manifestam-se, tipicamente, na interagao. Desse modo, afirmamos que 0 grupo A (ou seus membros) possui poder sobre 0 grupo B (ou seus membros) quando as aces reais ou potenciais de A exercem um controle social sobre B. Jé que 0 conceito de acéo em si envolve o conceito de controle (cognitivo) pelos agentes, 0 controle social sobre B por meio das agdes de A induz a uma limitagao no autocontrole de B. Em outras palavras, o exercicio de poder por A resulta em uma limitagéo da liberdade social de ago de B. (3) Exceto no caso do exercicio de uma forga fisica, 0 poder de A sobre as reais ou eventuais agdes de B pressupde que A precisa ter controle sobre as condigdes cognitivas das acbes de B, tais como desejos, planos e crengas. Independentemente dos motivos, B pode concordar com A ou aceitar fazer 0 que A deseja, ou seguir a lei, as regras ou o consenso de forma a agir de acordo com (os interesses de) A. Em outras palavras, 0 poder social é geralmente indireto ¢ age por meio da “mente” das pessoas, por exemplo, controlando as Disconnects one were rk cee etie A mda, i | | A | | | necessérias informagées ou opinises ce que precisam para planejar ou executar suas agdes. A maior parte das formas de controle social da nossa sociedade implica esse tipo de “controle mental” exercido tipicamente por meio da persuasio ou de outras formas de comunicagio discursiva, ou resultante do medo de sangiies a serem impostas por A no caso de B nao atender aos desejos de A. E nesse ponto que nossa andlise do papel do discurso no exercicio, manutengio ou legitimacio do poder torna-se relevante. Note-se, porém, que essa “mediacio mental” do poder também deixa espago para graus varidveis de liberdade ¢ resisténcia daqueles que esto subjugados pelo exercicio do poder. (4) O poder de A precisa de uma base, ou seja, de recursos socialmente disponfveis para 0 exercicio do poder, ou da aplicagao de sangées no caso de desobediéncia, Esses recursos consistem geralmente em atriburos ou bens socialmente valorizados, mas desigualmente distribuidos, tais como riqueza, posicio, posto, status, autoridade, conhecimento, habilidade, privilégias ou mesmo 0 mero pertenci- mentoa um grupodominante ou majoritétio. O poder é uma forma de controle social se sua base for constitufda de recursos socialmente relevantes. Em geral, poder é intencional ou involuntariamente exercido por Aa fim de manter ou ampliar a base de poder de A ou para evitar que B a tome, Em outras palavras, 0 exercicio de poder por A atende geralmente aos interesses de A. (5) Um fator crucial no exercicio ou na preservacao do poder é que, para A exercer controle mental sobre B, B precisa conhecer os desejos, as vontades, as preferéncias ou as intengdes de A. Além da comunicaco direta— por exemplo, em atos de fala, tais como comandos, pedidos ou ameagas -, esse conhecimento pode ser inferido das crengas, das normas ou dos valores culturais, de um compartilhado (ou contestado) consenso dentro de uma estrutura ideoldgica ou da observacio ¢ interpretacio das agées sociais de A. is devido a0 campo ¢ a extenssio do poder dos agentes de poder. Ou seja, hé a possibilidade de os agentes de poder 5 yl” Extruturas do discursoeestruturasdo poder serem poderosos em apenas um dominio social politica, economia, educacao ou qualquer contexto social especifico, tal como uma sala de aula ou um tribunal, De forma semelhante, a extensio das suas ages pode limitar-se a um pequeno niimero de pessoas ou ampliar- se para uma classe ou grupo inteiros de pessoas ou agées especificas. E, finalmente, o individuo poderoso pode receber responsabilidades especiais no exercicio do poder. Além dessa forma de distribuigio aitde poder, que também envolve varias formas de compartilhamento de poder, hé a dimensio nada desprezivel da resisténcia: grupos dominados ¢ seus membros raras vezes se mostram totalmente impotentes. Sob condig6es socioecond micas, histéricas ou culturais especificas, tais grupos podem envolver-se com varias formas de resistencia, ou seja, com o exercicio de um contrapoder, 0 que, a seu turno, pode tornar 0 poderoso menos poderoso, ou até mesmo vulnerdvel, situagio tipica das revolugées. Portanto, 0 exercicio do poder no se limita simplesmente a uma forma de aco, mas consiste em uma forma de interagao social. (7) O exercicio ¢ a manutengao do poder social pressupdem uma estrutura ideolégica. Essa estrutura, formada por cognicées fundamentais, socialmente compartilhadas ¢ relacionadas aos interesses de um grupo ¢ seus membros, é adquirida, confirmada ou alterada, principalmente, por meio da comunicasio ¢ do discurso. (8) Deve-se repetir que 0 poder precisa ser analisado em relagao as varias formas de contrapoder ou resisténcia vindas dos grupos dominados (ou de grupos de ago que representam tais grupos), o que também € uma condigio para a anilise dos desafios e das mudangas socias ¢ histéricas. CONTROLE DO DISCURSO E MODOS DE REPRODUGAO DISCURSIVA Uma condigao importante para 0 exercicio do controle social por meio do discurso é 0 controle do discurso a sua prépria produgfo. Sendo assim, as perguntas cencrais sao: quem pode falar ou escrever o que, para quem, em quais situagdes? Quem tem acesso aos varios géneros ¢ formas do discurso Discurso poder ou aos meios de sua reprodugio? Quanto menos poderosa for uma pessoa menor o seu acesso as varias formas de escrita ¢ fala. No fim das contas, os sem-poder “nao tém nada para dizer”, literalmente, nao tém com quem falar ou precisam ficar em siléncio quando pessoas mais poderosas falam, como no caso das ctiangas, dos prisioneitos, dos réus e (em algumas culturas, incluindo algumas vezes a nossa) das mulheres, No dia-a-dia, a maior parte das pessoas, na qualidade de falantes, possui um acesso ativo apenas nas conversas com membros da familia, amigos ou colegas de trabalho. De vez em quando, em didlogos mais formais, essas pessoas podem falar como representantes institucionais ou com superiores no trabalho, mas nesse caso assumem um papel mais passivo e reativo. Em uma delegacia de policia, em um tribunal, m um posto do servico social, na sala de aula ou em outras instituicoes da burocracia social, espera-se que falem ou que déem informagies apenas se instadas a fazé-lo ou se ordenadas a fazé-lo. Quanto maior parte dos tipos de discurso formais, ptiblicos ou. impressos (entre os quais, os da grande midia), os menos paderosos figuram apenas como receptores. Os grupos mais poderosos ¢ seus membros controlam ou tém acesso a uma gama cada vez mais ampla e variada de papéis, géncros, oportunidades cestilosde les controlam os didlogos formais com subordinados, presidem reunies, promulgam ordens ou leis, escrevem (ou mandam escrever) vatios tipos de relatdrio, livros, instrugGes, histdrias ¢ varios outros discursos dos meios de comunicagao de massa. Nao so apenas falantes ativos na maior parte das situag6es, mas tomam a iniciativa em encontros verbais ou nos discursos ptiblicos, determinam o “tom” ou o estilo da escrita ou da fala, determinam seus assuntos ¢ decidem quem serd participante e quem serd receptor de seus discursos. Deve-se ressaltar que 0 poder no apenas aparece “nos” ou “por meio dos” discursos, mas também que é relevante como forga societal. “por detris” dos discursos. Nesse momento, a relacéo entre discurso ¢ poder é prdxima e constitui uma manifestagao bastante direta do poder da classe, do grupo ou da instituigao e da posi¢fo ou status relativos de seus membros (Bernstein, 1971-1975; Mueller, 1973; Schatzman ¢ Strauss, 1972). O poder é exercido ¢ expresso diretamente por meio do acesso dife- renciado aos varios géneros, contetidos ¢ estilos do discurso. Esse controle pode ser analisado de modo mais sistematico nas formas de (re) produgao struturas do discurso eestruturas do poder do discurso, especificamente em termos de sua producio material, articula- do, distribuicao e influéncia, Dessa maneira, as empresas de comunicagio de massa ¢ seus (geralmente estrangeiros) proprietérios controlam tanto as condigées financeiras quanto as tecnolégicas da produgao do discurso, por exemplo, nos jornais, nas TVs, no mercado editorial, bem como nas indtistrias de telecomunicagées ¢ informética (Becker, Hedebro e Paldén, 1986; Mattelart, 1979; Schiller, 1973). Por meio de investimentos seletivos, controle orgamentério, contratagao (e demissio) de pessoal, e algumas vezes por meio da influéncia editorial direta ou diretrizes, eles podem controlar parcialmente o contetido ou ao menos a dimensao do consenso ¢ dissenso da maior parte das formas de discurso publico. Para os meios de comuni- cagio privados que dependem da propaganda, esse controle indireto pode exercerse também por meio de empresas que so clientes importantes ‘ou mesmo por meio de novos e proeminentes participantes do cendtio (geralmente institucionais) que fornecem com regularidade informacoes das quais dependem os meios de comunicagao. Esses mesmos grupos de poder também controlam os varios modos de distribuigao, especialmente 0s discursos dos meios de comunicagao de massa, ¢, por conseguinte, tam- bém controlam parcialmente os mecanismos para exercer influéncia sobre aescrita ea fala piblicas. © modo de producio da articulagao € controlado pelo que se pode ama dee teas sani aeons escritores, artistas, s que exercem o poder com-base no Pasar sienbalico” (Bourdieu, 1977, 1984; Bourdieu e Passeron, 1977). Fisses grupos possuem relativa liberdade e, por essa raziio, relative poder para tomar decis6es sobre os géneros de discurso dentro de seu dominio de poder ¢ determinar tépicos, estilo ou forma de apresentagéo de um inclui o modo de influéncia: eles podem determinar scuss uiblica, influenciar a relevncia dos tépicos,. a quantidade eo ‘ipo de informagio, especialmente quanto a quem deve ganhar destaque publicamente ede que forma. Eles sio os fabricantes do conhecimento, dos padrées mofais, das crencas, das aticudes, das normas, das ideologias ¢ dos valores puiblicos. Portanto, seu poder simbdlico ¢ também uma forma de poder ideoldgico. Apesar dos problemas existentes quanto ao conceito de Discursoe poster “clite” (Domhoff Ballard, 1968), utilizamos esse termo para nos teferirmos ao conceito ampliado (ao contrério de Milis, 1956, por exemplo) que envolve © controle social exclusivo de um pequeno grupo. Ou seja, defendemos que, ao lado das elites politica, militar € econdmica, as elites simbdlicas desempenham um papel essencial ao dar sustenta¢ao ao aparato idealégico que permite o exercicio e a manutencio do poder em nossas modernas sociedades da informagao e da comunicaco. Como, no entanto, a maior parte dessas elites é controlada pelo Estado ou por empresas particulares, elas também possuem restrigdes quanto a sua liberdade de articulaggo que emergem das vérias propriedades do seu discurso. A vor da elite é, freqiientemente, a voz do patrio empresarial ou institucional. Os interesses e as ideologias das elites nao sio, em geral, fundamentalmente diferentes dos interesses e das ideologias dos que pagam seus salérios ou Ihes dio apoio. Apenas alguns grupos (por exemplo, os romancistas ¢ alguns académicos) dispéem da possibilidade de exercer um contrapoder, que ainda precisa ser manifestado dentro dos limites da publicagio. A dependéncia das elites é tipicamente escondida em termos ideol6gicos por meio dos varios valores, normas ¢ cbdigos profissionais, por exemplo, por meio da crenga disseminada na “liberdade de expresso” nos meios de comunicagao de massa (Altheide, 1985; Boyd-Barrett e Braham, 1987; Davis e Walton, 1983; Downing, 1980; Fishman, 1980; Gans, 1979; Golding ¢ Murdock, 1979; Hall, Hobson, Lowe ¢ Willis, 1980). ‘ EsTRATEGIAS DE CONTROLE COGNITIVO E DE REPRODUGAO IDEOLOGICA Se a maior parte do poder discursivo presente em nossa sociedade diz respeito ao tipo persuasivo exposto acima, entéo, apesar do controle essencial e muitas vezes fundamental dos modos de produgao e distribuigio (especialmente no caso do discurso mediado através da massa), a influéncia decisiva sobre a “mente” das pessoas dé-se por meio de um controle antes simbélico que econémico. De forma semelhante, ao reconhecer 0 controle exercido sobre os mais fracos no dominio socioeconémico (dinheiro, empregos, servicos de assisténcia social), um componente importante do exercicio ¢ da manutengio do poder é ideoldgico ¢ bas 8 tipos Estruturas dodiscurso eestruturasdo poder de aceitagéo, negociagio, contestacéo ¢ consenso. Torna-se crucial, desse modo, analisar 0 papel estratégico do discurso e de seus agentes (falantes, esctitores, editores ¢ assim por diante) na reprodugao dessa forma de hegemonia sociocultural. Dado que as clites simbdlicas detém um grande controle sobre o modo de influéncia exercida por meio dos géneros, dos tépicos, das argumentacées, dos estilos, da revérica ou da apresentagao da escrita ¢ da fala publicas, o poder simbélico delas é consideravel, embora exercido dentro de um conjunto de limitagées. UMA NOVA ABORDAGEM DA IDEOLOGIA, Como 0 conceito de ideologia revela-se fundamental para nossa argumentagao sobre 0 papel do discurso no exercicio ou na legitimasao do poder, o assunto merece algumas consideragées, apesar de ser impossivel resumir as proposigées cldssicas ¢ as discussdes atuais a seu respeito (ver Abercrombie, Hill e Turner, 1980; Barrett, Corrigan, Kuhn e Wolf, 1979; Brown, 1973; Centre for Contemporary Cultural Studies [CCCS}, 1978; Donald e Hall, 1986; Kinloch, 1981; Manning, 1980). Apesar da variedade de posturas em relacéo ao conccito de ideologia, pressupde-se, em geral, que 0 termo refere-se & “consciéncia” de um grupo ou classe, explicitamente elaborada ou no em um sistema ideolégico, que subjaz as praticas socioecondmicas, politicas e culturais dos membros do grupo, de forma tal que seus interesses (do grupo ou da classe) materializam-se (em principio da melhor maneira possivel). Tanto a ideologia em si quanto as priticas ideolégicas derivadas dela sfo freqiientemente adquiridas, exercidas ou organizadas por meio de varias instituig6es, como o Estado, os meios de comunicagio, 0 aparato educacional, a Igteja, bem como por meio de instituig6es informais, como a familia. As andlises marxistas clissicas sugerem, de forma mais especifica, que a ideologia dominante de um determinado perfodo costuma ser a ideologia dos que controlam os meios de reprodugao ideoldgica, especificamente, a classe dominante. Isso pode implicar que certos grupos ou classes dominados desenvolveriam concepgées distorcidas sobre sua situacéo socioeconémica (“falsa consciéncia”), 0 que, por sua vez, poderia levé-los a agir contra seus interesses bdsicos. De forma reversa, os grupos ou classes dominantes tendem a esconder sua ideologia em geral, (c, portanto, seus interesses) ¢ terio por meta fazer que esta

You might also like