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Teste de. DercepGao Tematica T.A.T. TESTE DE APERCEPCAO TEMATICA Henry A. Murray e colaboradores da Clinica Psicolégica de Harvard Adaptado e Ampliado por Maria Cecilia Vilhena M. Silva Casa do Psicblogo® 5 Casapsi Livraria Teproducio total ou parcial desta p sem autorizacdo por escrito dos edi 1943 ~ Primeira edicdo em inglés 1951 ~ Primeira edigdo em castelhano 1964 ~ Quarta edigdo em castelhano 1973 ~ Primeira edigdo em portugués 1995 ~ Segunda edicao em portugués 2005 - Terceira edicao em portugués er finalidade, Titulo Original Thematic Apperception Test ~ Manual Editor Ingo Bernd Giintert Revisio Técnica Silésia Delphino Tosi Editoracao Eletronica André Cipriano Capa William B. Nakme Dados Internacionais de Catalogacio na Publicacdo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Murray, Henry A. , 1893-1988 TAT. : Teste de Apercepgio Temitica /Henry A. Murray e colaboradores Ga Clinica Psicolégica de Harvard; (adaptagio ¢ padronizaczo brasileira Maria Ceeflia Vilhena M. Silva]. ~~ 3. ed. adaptado e ampl. - - S20 Paulo: Casa do Psicslogo®, 2005. Titulo original: Thematic apperception test manval. Bibliografia || ISBN 85-7396-405-7 |. Apercepelo temitica - Testes 2. Personalidade - Testes 3. Técnicas projetivas 4, Testes psicol6gicos I. Silva, Maria Ceeflia de Vilhena M. II. Titulo 05-0449 CDD - 155.2844 Indices para catélogo sistematico: 1. Apercepedo tematica: Testes: Psicologia 155.2844 2. TAT: Teste de ‘apercepedo tematica: Psicologia 155.2844 Impresso no Brasil Printed in Brazil Reservados todos os direitos de publicagao em lingua portuguesa 4 GG ©2012 Caps Livearia« Fatora Lida G22 Mpestartonttad re an ee Zr? cosiquc ahnte. Toss naiete meen S ‘Rua Simao Alvares, 1020 — Vila Madalena ~ Pinheiros/SP- Brasil (CEP O5417-020 ~ Tel: (11) 3034 3600 — warncaadepsicologscombr SUMARIO Prericio pa 3? Epicdo BRASILEIRA. HISTORICO E FUNDAMENTOS TEORICOS . METopo .. Material do‘Teste . Notas quanto aos estimulos ‘Temas evocados pelos estimulos.... 3 14 15 ADMINISTRACAO Preparagio do Sujeito . Ambiente de teste Instrugoes, ae I. Primeira sessio... IL Segunda sessio.. IIL Entrevista seguinte ANALISE E INTERPRETACAO DAS HISTORIAS ... Formagao do examinador Dados bisicos exigidos .. Tipos de andlise de contetido UL Motivos, inclinagdes e sentim: UL Foreas do ambiente do heréi IV. Desfecho/Desentace .. V. Temas .. VI. Interesses e sentimentos. INTERPRETACAO DA PONTUACAO Interpretacio profunda ........ Anélise formal. Descrigao das Pranchas da primeira série .. Descrigio das Pranchas da segunda série . EsTUDos DE VALIDADE NO BrasiL. Méu Hipoteses .. lamento estatistico .. DIsCUssA0 DOS RESULTADOS Quantoao grau de ambigitidade Quanto ao nivel de projeczo.. Quanto ao ténus emocional Conctusio .. Ourros Estupos pr VALipaDE Estupos pr PREcIsio REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEXO: ANALISE DE UM PROTOLOCO po TA" APRESENTACAO Esta terceira edigio realizada pelo Departamento de Pesquisas e Produgdio de Testes da Casa do Fscoloz0®. sob aresponsabilidade da Dra Silésia Delphino Tosi, foi adaptada e ampliada e apresenta sm do texto original de Henry Murray (1943), estudos brasileiros de precisio e validade de autoria da pesloga Maria Cecilia de Vilhena Moraes Silva. ‘Nesta oportunidade gostarfamos de comunicar que esta atual edico foi aprovada pelo Conselho Fede- =i de Psicologia em novembro de 2003. .utilizacdo desta obra é reservada ao profissional de Psicologia de acordo com o Decreton 53.464 de Janeiro de 1964, que regulamenta a Lei n’ 4.119 de 27 de agosto de 1962, a qual dispée sobre a Jo de psicdlogo. Casa do logo® PREFACIO DA 3° EpIcdo BRASILEIRA No campo da psivologia clinica é que os psicélogos se deparam com as chamadas técnicas projetivas, < entre as principais podemos citar o Teste de Rorchach, o Teste de Apercepco Temitica, o Teste de Szoncio Teste de Frases Incompletas e muitos outros, Todos estes testes sio destinados investigagio da personalidade € muitos tém em comum a utilizago de estimulos ambiguos e pouco estruturados, que sio esentados aos examinandos, os quais apresentam em suas respostas projegGes de suas prprias necessi- eases e conflitos, Auutilizagdo do termo projegio ficou conhecido quando Freud em 1894, escreveu “Neurose de An- sistia e em “As Nebropsicoses de Defesa”, de 1896, foi que defini mais explicitamente o conceito de Projeco, como um processo defensive que consiste em atribuir os préprios impulsos, sentimentos e afetos a jtras pessoas ou a0 mundo exterior e isto nos permite ignorar estes fentimenos “indesejdveis” como per- tencentes ands mesmos. Porém, a projegdo enquanto um proceso nao ¢ caracteristica $6 dos mecanismos de defesa, mas ocorte também em situagSes em que nao existem conflitos. A projegiio de percepsées internas para o exte- Sor é um mecanismo mais primitivo, que acontece também com nossa percepsbes sensoriais, de modo que omalmente desempenha um papel principal na configuracdo de nosso mundo exterior. Sob condigdes que ‘Go estio ainda suficientemente determinadas, inclui percepeGes intemas dos processos ideacionais eemo- as instrugdes originais, a cada sujeito devem ser aplicados 20 estimulos, perfazendo o total de vinte Sstorias.O grau de realismo € variavel, sendo as 10 primeiras mais estruturadas as 10 ultimas menos =sruturadas. Cada prancha apresenta, impressos no verso, apenas um niimero ou um niimero seguido de ‘sna ou mais letras, O ntimero indica a ordem em que o estimulo deve ser apresentado, na série, eas letras sicrem-se ao gnero e/ou idade aos quais o estimulo se destina, sta edigdo para o Brasil, éadotads a seguinte convengdo: Tipo de estimulo Convenciio Universal apenas o nimero Para mulheres niimero seguido de F Para homens miimero seguido de H Para eriangas do sexo feminino (menina) niimero seguido de M Para criancas do sexo ‘ ‘masculino (rapaz) nuimero seguido de R Exemplos: 1 -estfmulo universal. 13 FH—estimulo para adultos de ambos os sexos. 1SRH—estimulo para sujeitos do sexo masculino de qualquer idade. 18 MF -estfmulo para sujeitus do sexo feminino de qualquer idade. Teste Anica Seja qual for osujeito, o conjunto formado pelas pranchs univers seu género e idade terd um total de 20 estimulos. s mais os estimulos especificos para Embora seja possivel conseguir resultados sem o auxilio de qualquer figura, simplesmente orientando-se © sujeito para “compor uma histsria”, constatou-se que as figuras (1): sto eficazes para estimulara imagina- dio; (2) server para obrigar o sujeito a lidar, & sua maneira, com algumas das situagdes classicas da vida humana; além disso, finalmente, (3) so considersveis as vantagens de se usarem estimulos padronizados tanto neste como em outros testes. A atual e, conforme esperamos, praticamente definitiva série de pranchas selecionada segundo critérios pragméticos, constitui-se na terceira revisdo de 1943, da colegao original publicada em 1936 pela Clinica Psicoldgica de Harvard. ara avaliarmos em cada caso a eficdcia de uma prancha, aguardamos que a personalidade do sujeito submetido ao teste fosse estudada e compreendida, também, mediante o auxilio de outros métodos. S6 depois disso classificamos cada prancha ou quadro, considerando o montante de informagdes com que contribuiu para um diagnéstico final, por meio da hist6ria evocada. A média de tais classificagGes foi aceita como critério do poder de estimulagio da prancha. Esse ¢ o método mais seguro para julgar a eficaécia de qualquer procedimento diagndstico nao especifico. Ao selecionarmos essa série, apoiamo-nos na considers- vel experiéneia e sibios conselhos dos doutores Rappaport, Sanford e Shakow, entre outros (Murray, 1973). Aeexperigncia mostrou-nos que as historias produzicas serdo mais reveladoras e a interpretagio tera maior validade se a maioria das pranchas ineluir uma pessoa do mesmo sexo do sujeito. Isso néio implica a necessidade de que haja dois conjuntos de pranchas totalmente diferentes, pois algumas de comprovado valor, nao incluem figuras humanas. Outras epresentam uma pessoa de cada sexo e em outras 0 sexo da figura & ddbio. De fato. entre as pranc © carto em branco), onze mostraram-se apropriadas pare Mbos Os sexos, Nossa experiéncia limitot refletindo-se essa limita figura existente na prancha deve s ~amente a testar sujeitos com idades entre os 14 e 40 anos, > das pranchas. A maior parte delas ajusta-se ao principio de que a ;penas do sexo do sujeito, mas também nao muito mais velha, ou no tio velha, por exemplo, que pudesse ser contemporéinea dos pais (dele ou dela, sujeito). Contudo, esse principio nao de importéncia fundamental em testes com criangas e 0 atual conjunto de pranchas, com poucas substituigdes necessiirias, € a individuos que tenham entre sete e catorze anos. Outros profissionais obtiveram resultados satisfatcrios com meninos e meninas ainda menores. Cada conjunto divide-se em duas séries de 10) pranchas, sendo os da segunda série propositadamente ais ins6litos, draméticos e estranhos que os da primeira, Deve-se reservar uma hora inteira para cada série, em sessdes a serem separadas por um ou mais dias. Notas quanto aos estimulos Aeexperigncia tem demonstrado que o TAT nao um instrumento adequado para criancas. Em seu lugar, recomenda-se a aplicagiio do Children sApperception Test (CAT), de Bellak e Bellak (Bellak e Abrams, 2000). Alem disso, a prancha 3RH, embora destinada a individuos do sexo masculino, tem se mostrado mais produtiva para sujeitos do sexo feminino do que a correspondente 3 MF. Assim, aconselha-se a aplicagio da prancha 3RH também para sujeitos do sexo feminino (Silva, 1989). Temas evocados pelos estimulos Citaremos as experiéncias de Rapaport, de Stein, de Bellak, nos Estados Unidos, e de Silva 989). no Brasil, em relagdo ao Jevantamento das reas que costumam ser mobilizadas pelos estimulos TAT. Prancha I (universal): O menino e o violino — ¢ sempre a primeira prancha a ser aplicada, pois em geral, ndo representa uma situagio muito ameagadora, A personagem é uma crianga, geralmente pecebida como distante do préprio sujeito, e a situac2o € relativamente estruturada. A tematica mais ‘Srequiente refere-se a relagio com a autoridade (pais, professor), atitude frente ao dever e também ‘cal de ego (capacidade de realizagio, de atingir objetivos propostos). (1) O menino € forgado, geral- ssente por seus pais, a praticar e estudar violino; comumente relatado por sujeitos dominados por seus sis. Diante da exigéncia, 0 menino reage com passividade, conformidade, oposigdo, rebelido ou fuga == fantasia; reagdo que corresponde em geral Aquela do sujeito em condicdes semelhantes na realida- (2) Outras historias freqtientes referem-se as aspiracées, objetivos, dificuldades e realizacdes @o her6i, que comumente so produzidas por sujeitos ambiciosos, Freqtientemente 0 discurso reflete, ainda, a atitude do individuo frente & situagao de teste. Por ser © primeiro estimulo a ser apresentado, da margem a investigacto da capacidade de adaptacao do ssjeito a uma nova situacdo, E comum a introdugio de outros personagens no relato. Distorgdes aperceptivas: vé-se 0 menino dormindo ou cego: o violino com uma das cordas que- Sradas ou se percebe mal o violino. A maior freqiiéncia & em relacdo a0 violino (visto como um livro, olla de papel ou brinquedo). O violino visto como quebrado pode ser fndice de uma problemética mais séria, a ser confirmada por outros dados do protocolo. Omissdes significativas: no se vé 0 arco, o violino ou ambos. (Murray, 1973). SimbolizagGes: (1) O heréi esté preocupado porque o violino, embora toque, tem uma corda quebrada: freqtiente em sujeitos que se sentem culpados por causa da masturbaco ou que padecem de snsiedade de castrago. (2) O her6i fala sobre o mecanismo interno e funcionamento do violino: sujei- tos preocupados (ansiedade de castracdo) ou curiosos sobre as questées sexuais. Prancha 2 (universal): A estudante no campo ~ mostra as reacdes do her6i ( a jovem em primeiro planoe o homem no fundo) diante de um ambiente pouco cordial ou que ni o estimula, evoca = drea das relacdes familiares, percepeao do ambiente, nivel de aspiraco e atitude frente aos pais (favorecido ou limitado pelo ambiente circundante). Por apresentar trés personagens, pode evocar ainda as relagées heterossexuais. Sio freqtientes também as associacdes referentes aos papéis femi- s emogio. sinos (maternidade versus realizagio profissional) e ao contflito razio ver Omissdes: eventualmente ocorre a omissdo da gravidez da figura feminina em segundo plano. Ess estimulo favorece utilizagdo de afastamento temporal e espacial por representar uma situago bastante ste. Mas, para os que forem muito limitados, ‘Semo aqueles que nunca passaram por provas escol ‘motivo ravadivel para se submeter Pouco responsivos, resistentes ou desconfiados, bem lares ou testes psicoligicos, é melhor que se comece com == wefa menos exigente (um teste de inieligéncia, de aptddo neeanica » Rorschach), ates de ser subme- S220 TAT As criangas, geralmente, produzem melhor depois de alsunee sessies dedicadas sess Tantasias, verbalizadas uilizando-se bauro ou bringuedios. Ambiente de teste Oambiente de cordialidade proporcionado pela secretiria e outros membros da equipe), oaspecto do assim como 0 Sexo, aidade, as atitudes e a personatidade do Psiedlogo, so 8 do sujeito. A meta do psi ira maior quantidade de material, com a mellior qual date now Seaahiintitis. Dado que a execugao depende totalmente da boa vontadee eriatividade momentaneas do So. c também que acratividade é um processo delicado, fundamentalmentinn oluntitio, que nao pode “= forsado, nem rd desabrochar num clima aspero, fio, intelectaalmnents arrogante ou de algum modo ndlo- ivos para sentir que o ambiente &acolhedor e que capte © apreco por parte do psicdlogo. Adotando como a melhor das rotinas a atitude de estimuloe ‘aprego, veremos reduvir-se a frequénciado se hstGras, algumas vezes desencadeadas porum psicdlogo ioe == relacio A produgo do sujeito. Remuncia-se 4 «al maior: a padronizago de uma atitu ‘e=thor funcionamento do processo criativo, dlo- el, conforme as condigaes Primeira sesso Ossujeito deve sentar-se numa cadeira confortavel o part ele devagar, utilizando-se uma das segui nto, reel intes formas: senum diva. As instrugdes 80 tes ¢ adultos de grau médio de inteligéncia ¢ cultura) = um teste de imaginaglo que €uma das formas da inteligsncia, Vou mostrar lhe algumas pranchas, una de ee ere nef serdinventar, para cada uma dlas, umahisria com oméimo de aca, possivel. Come Sane levou a0 fato mostrado na prancha, descreva o que esti acontevendono momen. que as perso- ‘storia. Procureexpressar seus pensamentos cé compreendew? Como voré tem cingiienta minutos para as st6ria, Aqui esté a primeira prancl ee Tose oe Forma B (aconselhével para criancas, adultos pouco inteligentes ou de pouca instrugdo, bem como psicéticos): “Este é um teste para contar historias. Eu tenho aqui algumas pranchas que vou The ‘mostrar, Quero que voeé faga uma historia para cada uma delas. Conte 0 que aconteceu antes ¢ o que esté acontevendo agora. Fale 0 que as pessoas estilo sentindo e pensando e como termina a hist6ria, Voc’ pode fazer o tipo de histéria que quiser. Compreendeu? Bem, entiio aqui estd a primeira prancha. Vocétem 5 minutos para fazer uma histéria. Faga o melhor que pude As palavras exatas dessas instrugdes podem ser modificadas para se adaptarem a idade, inteligéncia, personalidade e condligGes peculiares de cada sujeito. Mas é melhor, de inicio, nfo dizer: “Esta é uma opor- tunidade para ocd usar livremente sua imaginago”, pois essa forma de instrugdo suscita, algumas vezes, no sujeito, a suspeita de que o psicdlogo pretende interpretar o conteiido de suas associag&es livres, como ocorre na psicandlise. Tal suspeita pode causar grave dano 8 espontaneidade do pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que 0 psicdlogo esti interessado tZo-somente em sua aptidao criativa ou literaria, ‘Terminada a primeira hist6ria (e desde que haja base para isso), 0 sujeito deve ser diseretamente elogiado. E, a menos que as tenha seguido com precisdo, é preciso relembrar-Ihe as instrugies. Assim, 0 examinador poderi dizer: “Certamente essa foi um histiria interessante, mas Voc esqueceu de dizer como o menino reagiu quando sua mie o repreendeu, deixando a narrativa no ar. Nao houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua histéria. Vocé gastou nela trés minutos e meio. As outras podem ser um pouco mais, compridas, Procure fazer o melhor que puder com esta segunda prancha”, De modo geral, é preferivel que o psicélogo nao dige mais nada no restante do tempo, exceto (1) para informi-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em relago ao tempo previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez hist6rias e que dedique mais ou menos amesma quantidade de tempo a cada uma delas; (2) para estimulé-lo com um discreto elogio de vez em quando, pois essa pode s melhor maneira de incentivara imaginagZo; ¢ (3) se o sueito omitiralgum detalhe fundamental, as circunstin- jas antecedentes ou © desfecho, lembrar-lhe com alguma breve observagdio tal como: “o que levou aessa situagiio?” De modo algum deve o psicslogo envolver-se em discusses com 0 sujeito. Opsic6logo deve interromper uma histéria demasiado longa e inconsistente, perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer 2o sujeito que o que importa é o enredo e no uma grande quantidade de detalhes. Sujeitos que ficam intensamente absorvidos na descrigfo literal das pranchas devem ser alertados com tato de que este constitu apenas um teste de imazinacio. Se o sujeito fizer perguntas sobre detalhes pouco claros, o psiclogo deve responder: “Podem ser o que voce quiser”. Nao se deve permitir que o sujeito construa vvirias narrativas para um mesma prancha Se perveber que estd orientando nessa direcdo, convém dizer-The «que deve aplicar seus esforgos numa tinica historia mais longa. ‘Um dos critérios pelos quais o psicslogo pode aferir sua capacidade de cumprir seu papel consiste na extensdo das hist6rias que o sujeito inventa para ele. A extensiio média de hist6rias produzidas por sujeitos adultos comporta ao redor de trezentas palavras. A metade & o que se espera de criangas de dez anos. Amaioria dos psicdlogos, na falta de um auxiliar, deve procurar da melhor forma possfvel eserever exatamente as palavras ditas pelo sujeito, usando des comuns ou pessoais. Mas s6 uma pessoa cexperiente consegue registrar desse modo tudo o que for dito. Pode-se, ainda, fazer o registro das histrias comum gravador permanente. Ao marearmos a data da segunda ses que 0 sujeito ni saiba ou que nio seja levado a pensar que Ihe serio solicitadas novas hist6rias, Ter essa expectativaem mente pode levé-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em filmes vistos por ele que, nessas condiedes, voltaria equipado com um material mais impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histérias no impulso do momento. a ie e 2 E 2 See A Mesa 23 TE Segunda sesso E desejaivel que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira ea segunda sesso. Nessa sezenda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na anterior, salvo num aspecto: a énfase nas instru- ‘Ses sobre a completa liberdade da imaginacdo. Forma A: “Vamos fazer hoje 0 mesmo que da outra vez. $6 que agora voc’ pode dar toda a liberdade ‘sn imaginagdo. Suas dez primeiras hist6rias estavam 6timas, mas vocé se limitou demais 20s fatos do dia- -=-dia. Agora, eu gostaria de ver do que voc8 & capaz quando deixs de lado as realidades comuns ¢ pée sua “Sszinaciio para funcionar, como acontece num mito, nas histsrias de fadas ou numa alegoria. Aqui esta ‘pemeira prancha,” Forma B: “Hoje vou lhe mostrar mais algumas pranchas, Ser mais fécil porque as pranchas agora so ‘Sem melhores, mais interessantes. Voeé me contou 6timas hist6rias outro dia, Agora quero ver vocé fazer ‘sieumas outras. Se puder, faca-as mais emocionantes do que as outras —como sucede num sonho ou num ‘sosto de fadas. Aqui esté a primeira prancha.” Prancha em branco— A prancha n° 16 é dada com uma instrugo especial: “Veja o que voc’ pode ‘s=rnesta prancha em branco, Imagine alguma cena af e descreva-aem detalhie”, Se o sujeito ndo conseguir, ‘ecxaminador deve dizer: “Feche 0s olhos ¢ imagine alguma coisa”, Depois que o sujeito der uma deserigéo ‘sempleta daquilo que imaginou, o psicdlogo deve dizer: "Agora me conte uma histéria sobre isso”, UII. Entrevista seguinte Para interpretar é muitas vezes util conhecer as fontes que deram origem As varias historias. Dependen- > cas citcunstncias, esse inguérito pode ser feito imediatamente ou apés alguns dias. O examinador pode ‘stificar suas perguntas explicando que esté investigando os fatores que contriburam paraa execucdo dos -sszedos literdrios ou, entio, elaborar outras zfirmagdes verossimeis para conseguir uma atitude de coopera ‘=o. Em todos os casos, 0 sujeito ¢ instado a tentar lembrar das fontes de suas idéias, provenham elas de ses experiencia pessoal, das experiéncias de amigos e parentes ou ainda de livros e filmes. Voltamos de evoarecordar-Ihe o enredo de todas as histérias significantes, estimulando-o a falar livre e abertamente. As historias do TAT fomecem numerosas provocagdes como pontos de partida para associactes livres. ANALISE E INTERPRETACAO DAS HISTORIAS Formagao do examinador Um ieigo possuidor de sutis intuiges intraceptivas e com a sorte de um iniciante, sem experiéneia ‘aizomaem testes, pode freqiientemente tirar inferéncias legitimas ¢ importantes, ao penetrar com seus -etes, no espago mental do autor de um conjunto de histérias do TAT. E mesmo uma pessoa tarimbada “pode adotar esse mesmo processo — intuigdo empitica antes de mais nada e, em segundo lugar, de- “sembaragar-se 0 mais possivel de questdes pessoais, Nenhum cientista de verdade iré desprezar o us _# uma fungio que, adequadamente disciplinada, é capaz de proporcionar informagGes pertinentes. jdentemente, a intuigdo por si s6 nao é nenhum pouco confidvel. O que se exige ¢ uma intuicdo _ettica rigorosamente formada, Além de certo faro para a tarefa, a pessoa que interpreta o TAT deve ter um lastro fundado na “=xperiéncia clinica, obtida por meio da observacdo, de entrevistas ¢ de aplicagio de testes com todo o ‘Spo de pacientes. E se quiser penetrar bem mais fundo, convém que tenha conhecimentos de psicand- ‘See ceria pritica em taduzir o imaginario dos sonhos ¢ da linguazem corrente em componentes psico- Beicos bisicos. Além do mais, deve ter tido meses de treino no uso deste teste especifico, muita itica em analisar historias, 0 que permite confrontar as conclusées com os fatos conkecidos personalidades estudadas pormenorizadamente. Interpretagbes in vacuo causam, Via de regra, ‘sais dano do que lucro, pois a aparente plausibilidade de interpretagSes inteligentes cria conviccoes. "gee simplesmente servem para confirmar ao examinador os erros de seu método. As historias do TAT ‘eterecem ilimitadas oportunidades para a projecio de complexos ou das teorias preferidas de uma ‘pessoa, ¢ 0 psicanalista amador que desprezar fatos incontestaveis estard apenas agindo como um tolo ‘=. 20 interpretar o TAT, der rédea solta & sua imaginago. O futuro do TAT depende da possibilidade ‘ sperfeigoamento do examinador (instrumento esquecidio da psicologia) mais do que do aperfeicoa- ‘mento do material Dados basicos exigidos Antes de comecar a interpretar um conjunto de hist6rias, o psieélogo deve ter conhecimento dos “sezuintes dados bésicos: idade e sexo sujeito: se seus pais estiio vivos ou separados; idade e sexo dos ‘sEmilos; a profissio ¢ o estado civil do sujeito. Sem esses conhecimentos de fiieil acesso (que nio é Proposito de o TAT identificar), o examinador pode tet !iruldades em se orientarna leitura das histé- ‘Sas. Fazer anélise as cegas ¢ uma facanha sem certezz de sucesso. Nao existe lugar para ela na prética iefiica. Tipos de andlise de conteido Para trabalhar com o contesido das histérias, o método que recomendamos € 0 de analisar vada evento “sscessivo em relagio (1) & forca ous forgas provenientes do herdi; e (2) A forga ou 2s forgas provenientes Semeio. A forga dat originéria 6 designada pressiio. 26 ‘Teste AvincengteTeasrnca 1. O herdi primeiro passo para analisar uma historia ¢ reconhecer o personagem com 0 qual 0 contador da historia se identificou: (1) o personagem por quem o contador das histérias se mostra aparentemente mais interessado, aquele cujo ponto de vista adotou, cujos sentimentos e motivos foram retratados com mais profundidade. Em geral, (2) €aquele ou aquela que mais se parece com o sujeito, sendo um individuo do ‘mesmo sexo, tendo aproximadamente a mesma idade, status ou papel; compartilha alguns dos sentimentos c objetivos com o sujeito. Esse personagem, chamado herd (seja masculino ou feminino), é (3) em geral a pessoa (ou uma das pessoas) retratada na prancha e (4) a pessoa que desempenha o principal papel no Grama (her6i em sentido literal), aparecendo no comego e estando fortemente presente no desfecho. Emboraa maior parte das hist6rias tenha apenas um herdi (facilmente reconhecfvel por meio de um desses critérios), o psicdlogo deve estar preparado para lidar com certas complicagoes frequentes: (1) a identificago do sujeito com o personagem muda no curso da historia; hi wma seqiténcia de heréis (prime: 10, segundo, terceiro, etc.); (2) duas forgas da personalidad do sujeito podem estar representadas por dois personagens diferentes, por exemplo, wn impulso anti-social por um criminoso e sua conseiéneia por um representante da lei. Aqui falarfamos de um tema endopsiquico (situa dramética interna) composta de dois herdis. (3) O sujeito pode contar uma hist6ria contendo outra historia, o que acontece quando o her6i ‘observa ou ouve coisas relacionadas com acontecimentos em que outro personagem (por quem expressa certa simpatia) esté comprometido de forma importante. Nesse caso, falamos de herdi primdrio ¢ heréi secundério. Em seguida, (4) 0 sujeito pode identificar-se com um personagem do sexo oposto e expressar uma parte de sua personalidade exatamente dessa maneira. (Geralmente num homem isso € sinal de um elemento marcadamente feminino e, numa mulher, um componente masculino do mesmo teor.) Finalmente, pode acontecer que nio haja um nico her6i identificavel; ou (5) o heroismo esté espalhado por um niimero igualmente significante, diversificado, de herdis parciais (isto €, um grupo de pessoas); ou (6) 0 personagem principal (herdi no sentido literal) pertence a parte objeto da situagio sujeito-objeto. Ele niio é um compo- nente da personalidade de quem conta ahist6ria, mas um elemento de seu ambiente. Em outras palavras, 0 sujeito ni se identificou minimamente com o personagem principal, mas observou-o como o faria com um estranho ou uma pessoa de que nZo gostasse e com quem teria de lidar. O sujeito propriamente dito nto estaria representado ou estaria por intermédio de um personagem secundério (her6i no nosso sentido). O psicélogo deve caracterizar os hersis conforme os seguintes tragos: superioridade (poder, capacida- de), inferioridade, criminalidade, anormalidade psiquica, solidao, sentimento de pertinéncia, lideranca eincli- nagtio para discusses (grau em que se envolve em conflites interpessoais II. Motivos, inclinagées ¢ sentimentos dos herdis A tarefa seguinte do psicdlogo € observar em todos os detalhes tudo 0 que cada um dos vinte ou mais herdis sentem, pensam ou fazem, notando evidéncias do tipo de personalidade ou de doenga mental, bem como tudo 0 que for incomum: diferente ou tinico: ou comum mas incomumente elevado ou baixo na intensidade ou fregiténcia. Ao descrever ou formular as reagdes dos herGis, o psiedlogo est livre para usar qualquer conjunto de varidveis que tenha escolhido, Pode analisar o comportamento em conformidade com um esquema conceptual abrangente que conceda a cada varidvel psicologicamente significante seu devido lugar; ou entao pode limi- tar-se & observaciio de uns poucos tragos. Tudo depende do que pretenda saber sobre 0 sujeito, Pode estar interessado em evidéncias dos tragos bipolares de extroversiio-introverstio, de masculinidade-feminilidade, sa un ‘Se sscendéncia-submissdo; ou poderd estar procurando indicios de ansiedade, culpa ou inferioridade; ou ‘sederi estar querendo seguir um sentimento enraizado até sua origem; ou ainda pode estar querendo incluir ‘ess outros tragos em seu plano de estudo, Em nossa pritica, usamos uma lista abrangente de 28 necessidades (ou forgas propulsoras), classifi- ‘sedas em conformidade com a diregio ou o objetivo pessoal imediato (motivagdes) de dada atividade. ‘Uma necessidade pode expressar-se subjetivamente como um impulso, um desejo, uma intengdo, ou, ‘seo, objetivamente como uma tendéncia para um comportamento aberto. As necessidades podem ‘sar fundidas de modo que uma tinica ago satisfaca duas ou mais delas ao mesmo tempo; ou uma ‘secessidade pode funcionar simplesmente como uma forca itil, subsidiria 2 satisfago de outra necessi- ‘Sede dominante. Além das necessidades, nossa lista de varidveis referentes ao her6i inclui alguns estados setemmos ¢ emogdes. A forga de cada tipo de emoco manifestada pelo hersi ¢ computada numa eseala que vai de I (um) a5 ‘{S200) pontos, sendo 5 a pontuacdo maxima para qualquer varidvel numa dada histéria. Os critérios de forca oma varivel sio intensidade, duracdo, freqiiéncia e importincia no enredo. A mais leve presenga de ‘==: varivel (porexemplo, um lampejo de iritabilidade) é dado um ponto, enquanto para uma forma intensa ‘per exemplo, uma raiva violenta) ou para ocorréneia continua ou repeticdo de uma forma mais branda (por =xemplo, discusses constantes) so dados 5 pontos. A pontuacdo de 24 é dada para intensidades inter- sedidrias de expresso. Depois das 20 histérias serem computadas dessa forma, o total dado a cada ‘ssriivel ¢ comparado com uma pontuagio padronizada (quando existir alguma) considerando-se os sujeitos Semesma idade e sexo, eas varidveis que estiverer muito acima ou muito abaixo do padrdo sfo listadas ¢ -comparadas uma em relagio 3 outra.* Nao hd espaco neste Manual para uma relagdo completa de todas as varidveis usadas. Serd ‘seficiente a breve lista dada a seguir, Depois do nome de cada varidvel estd impressa (entre parénteses) ‘= média correta (M.), 0 cOmputo total e a posigao (P.) dos pontos atribuidos para estudantes universi- ‘Sos masculinos. O algarismo em cada caso refere-se As 20 hist6rias com a extensdio média de trezen- ss palavras. O psicélogo pode usar essas varidveis sem ter de adotar qualquer teoria espectf Se quiser, poder chams-los de atitudes ou tragos. sobre os impulsos. L AgressSo - (M. total 36 P. 8-52) a) Emocional ¢ verbal (M. 14 P. 2-29). Odiar (seja o sentimento expresso ou ndo em palavras). ‘Zangar-se. Envolver-se numa discussdio verbal; amaldigoer, criticar. depreciar, reprovar, censurar, ridicularizar. Excitar agresstio contra outra pessoa por meio de uma critica em pliblico. set sutce Como destacam Aono, Weis © Reon? (2001), entre vision dos dados ees resultades nem sempre confives que rod Que o sen de pontuagia fesse poueo ata. O pre *) apoio o sistema de nterpretagio propento por Leopold Bellak © acsbow por akandonar as pomtuagoes, Por uma questo de ao texto original e 4 naturesa histrica desis infoemacbes, 2s sefencias a0 sistema de Murray foram mantidar neste manval, nto. na aniee do am protocol, inluisa no anexo, fol wade o stems de imerpretagio elaborado por Bella. Informagdes detulhadat stems de Bellak posdea ser enicontraas emt The TAT, the CAT. and the SA.T. in eine we, de Leopold Belak e David Abrams, pela editora ln & Bacon (1996, «xn TAT aca e inerreacsy do Tse de Apecepio Tanita, de Maria Ceca de Viena iva, publicada pela edtora EPL! ((983). Mats informagies sobre outros sistemas de inerpetagao do TAT podem set encontradas no © Teste de Apercepsin Temes’, de Main Cecilia de Vithena Moraes iv © Marin Elisabeth Montauma, em Anaiizagis em Metods vs ara a Avalagao Pscolgen, organizado por Anna Elva de Vilemor-Asanl e Blanca Susana Gucrara Werlang, publcado pela C (2008), gue crow 0 sistema de pontuago refer iam 0 instrumento,o tempo exgido par esa forma 8 ‘Teste e AmnettghoTixeiney b) Fisica, social (M. 8 P. 0-16). Lutar ou matar para se defender ou defender um objeto de amor. Revidara um insulto no provocado. Lutar pela patria ou por uma boa causa, Revi pormefo de uma punicio, Perseguir, agarrar ou aprisionar um criminoso ou inimigo. ©) Fisica, associal (M.9 P. 0-17). Assalter, atacar, machuear ou matar um ser humano ilegalmente. (Comegar uma briga sem causa justficada. Revidar a uma ofensa com excessiva brutalidade. Lutar contra autoridades legalmente constituidas. Lutar contra o préprio pais. Sadismo. 4) Destruigdo (M.4P. 0-15). Atacar ou matar um animal. Quebrar, esmagar, queimar ou destruir um objeto material. 2. Ajuda —(M. 10 P. 2-20) Procurar auxilio ou consolo, Solicitar ou depender de alguém para ser estimulado, para ter cleméncia, apoio, proteciio, cuidados. Ter prazer em receber simpatia, alimentaciio ou presentes tteis, Sentir-se soliti rio quando desacompanhado, nostilgico num lugar estranho, desesperado numa crise. Neste item, estd incluida também a Auco-ajuda: consolar-se, ter antopiedade. Obter algum prazer por meio do softimento, Buscar consolo na bebida e nas drogas. 3. Auto-agressio —(M. 10 P. 2-25) Recriminar-se, criticar-se, reprovar-se ou desprezar-se por cometer erros, agir tolamente ou falhar, Sofrer de sentimentos de inferioridade, culpa, remorso. Punir-se fisicamente, cometer suicfdio, 4. Degradagio —(M. 16 P. 6-27) Submieter-se & coergio ow a imposigdes para evitar repreensdes, punicdo, dor e morte. Sofrer uma Ss moras presstio desagradvel (insulto, injtiria, malogro) sem fazer oposigdio. Confessar, desculpar-se, prometer fazer melhor, expiar, reformar-se. Render-se passivamente a condigdes dificeis de serem suportadas, Ig Ip Masoquismo. 5. Desvelo —(M. 14 P. 4-34) Expressar simpatia na ago. Ser borddoso e respeitador dos sentimentos alheios, encorajar, apiedar-see consolar. Ajudar, proteger, defender ou resgatar um objeto. 6. Dominaneia~(M. 17 P. 2-36) Tentar influenciaro comportamento. os sentimentos ou as idéias alheias, Empenhar-se em alcangar uma Posi¢do executiva. Liderar, gerir, govemar. impor, restringir, aprisionar. 7. Passividade ~(M. 18 P. 3-52) Gozar de quietace, do relaxamento, do sono, Sentir-se cansado ou preguigoso apés um pequeno esfor= 0. Desfrutar uma contemplagdo passiva ou a recepeio de impressdes sensuais, Submeter-se aos outros por apatia ou inércia, 8. Realizacio—(M. 26 P. 11-51) ‘Trabalhar em alguma coisa importante com energiae persisténcia. Empenhar-se para realizar algo séto. Adiantar-se num negécio, persuadir ou liderar um grupo para criaralguma coisa. Ambigdo manifestada na aco. Be A. Mi ® Sexo -(M, 12 P. 0-24) Buscare desfrutar a companhia de pessoas do sexo oposto. Ter relagdes sexuais. Apaixon: Se, C88, ‘Outras necessidades so: Afiliago, Aquisigao, Autojustficagao, Autonoma, Criagio, Deferéncia, Excitagio, Exibigo, Hedonismo, Reconhecimento, etc Da lista de estados interiores eemogGes, selecionanios os seguintes: “Abatimento — (M. 23 P. 0-42) Sensagiio de desapontamento, desilusiio, depress espero. ‘Conflito —(M. 14 P, 4-29) Estado de incerteza, indecisio ou perplexidade. Momentinea oposi Scj0s, objetivos. Conflito moral. Inibigdes paralisantes, Instabilidade emocional — (M. 18 P. 0-31) . tristeza, sofrimento, infelicidade, melancolia, de- jo entre impulsos, necessidades, perimentar marcante mudanga de sentiments para com alguém. Ser vecilante, inconsistente ou instée selnos seus afetos. Mostrar flutuagdes de humor ou de temperamento: ocorréncia de exaltagio e depressiio ‘soma mestna hist6ria, Ser intolerante com a uniformidade e a constiincia, Procurar novas pessoas, novos ‘seteresses, uma nova profissio, “Outros estados interiores: Ansiedade, citime, desconfianga, exaltaggio. Além dessas necessidades e emogGes, as seguintes e importantissimas variveis Go computadas numa ‘Scala que vai de —3 (menos trés) a +3 (mais trés): Superego, Orgulho, Estraturagdo do Ezo. Aqui, emcada ‘=s0, 0 cOmputo ¢ feito com base em varios critérios operacionais, BI. Forgas do ambiente do hersi O psicdlogo deve observar os detalhes tanto quanto a natureza geral das situagSes, especialmente as ‘Suag6es humanas com que se defrontam os herdis. Aqui novamente, ele deve dar destaque aos aspetos de Sesularidade, intensidade e freqiiéncia, bem como registrar a guséacia significante de certos elementos sSorrentes. Atengio especial deve ser dada a objetos materiais ¢ objetos humanos (outros personagens) que 20 constam dos quadros, tendo, portanto, sido inventados pelo exeminando, Devem-se marcar os tragos Scorrentes das pessoas com quem o her6i se relaciona, So elas em sua maioria amistosas ou inamistosas? As mulheres io menos ou mais amistosas que os homens? Quais so os tracos caracteristicos das mulheres ‘ais velhas (figuras maternas) nas hist6rias? E os dos homens mais velhos (figuras patemas)? Em nossa pritica, utlizamos uma lista abrangente de presses (tipos de forgas ou condigdes ambientais), Stessificadas de acordo com o efeito que possuem (ou que prometem ou ameagam ter) sobre o her6i. Em essa lista, mais da metade das presses dirigidas contra o herdi so tendéncias de atividades provenientes ‘= outras personagens; em outras palavras, sfio necessidades das pessoas com quem o her6i lida. Compre- sadendo-se isso, ndo € dificil ver que o conceito de pressdio pode ser ampliado para incluir a auséncia de 30 ‘Teste oe Arcana Taeknca uma pressdio benéfica (falta, privaco, perda, expropriactio) e também para incluir distirbios corporais aos quais a personalidade deve afustar-se (dor fisica, machucados, desfiguramento, doengas). Aqui também, a forga de cada pressdo presente na histéria é computada numa escala de 1 a 5 pontos, sendo 5 0 ntimero de pontos mais alto para qualquer pressdo em uma hist6ria, Como de habito, os critérios para se avaliar sua forea sio a intensidade, duragio, freqiiéncia e seu significado geral no enredo. Depois de classificar as 20 hist6rias, o cOmputo total de cada presso é comparado com a pontuacdo-padrao de sujeitos de deter- minada idade e sexo. ¢ as pressdes significantemente altas ou baixas sfio anotadas e examinadas uma em relagHo 3 outra. ‘Nao temos aqui o necessério espago para fazer mais do que uma breve mengiio de algumas das 30 ou mais pressOes que fazem parte do nosso esquema conceptual, Na lista de necessidades e emogdes, os niimeros entre parénteses referem-se A contagem média (M.) ¢ ao niimero de pontos (P.) (corrigido pela extenstio média das hist6rias) para universitarios do sexo masculino. 1. Afiliagdo—(M. total 29 P. 17-35) a. Associativa (M. 14 P. 4-24). O her6i tem um ou mais amigos ou companheiros. E membro de um ‘grupo com que tem afinidades. b. Emocional (M. 15P. 9-22). Uma pessoa (genitor, parente, amante) estd afetuosamente ligada a0 heréi. O her6i tem um caso amoroso (mutuamente correspondido) ou se casa. 2. Agressiio ~ (M. 35 P. 6-62) a Emocional e verbal (M. 10P. 0-21). Alguém odeia o her6i ou fica furioso com ele. Ele &ctiticado, repreendido, depreciado, ridicularizado, amaldigoado, ameacado. Alguém o difama sem gue 0 sai- ba. Discussdes verbais. b. Fisica, social (M. 11 P. 0-21). O heréi procede erradamente (6 um agressor ou ctiminoso) € alguém se defende dele, ataca em revide, persegue, aprisiona ou mata o her6i. Uma autoridade legitima (genitor, polivia) castiga oher6i. c. Fisica, associal (M. 12 P. 5-23). Um criminoso ou uma gangue assalta, fere ou mata o heréi, Uma pessoa comega uma luta ¢o hersi se defende. 4. Destruigdo da propriedade (M. 2 P. 0-8). Alguém causa danos ou destréi os bens do heréi, 3. Ajuda—(M. 15 P. 6-23) ‘Uma pessoa alimenta, protege, auxilia, estimula, consola ou perdoao hers 4, Dano fisico - (M. 5 P. 0-12) Oher6i 6 ferido por uma pessoa (agressdo), por um animal ou acidentalmente (perigo fisico). Seu corpo émutilado ou desfigurado. 5. Dominancia —(M. 37 P. 16-60) a. Coereaio (M. 10 P, 0-22). Alguém tenta forcar o her6i a fazer alguma coisa. Ele fica exposto a imposigGes, ordens ou a persuasdes violentas. b. Constrangimento (M. 18 P. 7-34). Uma pessoa tenta impedir o her6i de fazer algo. Ele é restrin- ido ou aprisionado, ©. Indugdo, sedugdo (M. 9 P. 4-20), Uma pessoa tenta influenciaro her6i (a fazer ou néio fazer alguma coisa). Por uma suave persuasio, estimulacéo, por hébil estratégia ou seducio. Se ‘© Falta, perda—(M. 25 P. 9-48) & Falta (M. 11 P. 2-27). her6i careve do indispensavel para viver, para ter 8xito ou ser feliz. E Pobre, sem familia; carece de stas, influéncia, amigos, Nao existem oportunidades de prazer ou progresso, &. Perda (M, 14 P. 4-24). O mesmo que-no item anterior, mas aqui o her6i perde algo ou alguém (morte ou objeto querido) no decorrer da histéria. 7 Perigo fisico — (M. 16 P. 434) 2 Ativo (M. 10. 4-20), O her6i esta exposto a perigos fisicos ativos, provenientes de. foreas nao- ‘humanas: animais selvagens, desastre de trem, raio, tempestades no mar (ineluem-se tambéna bombardeios). b. Acidentes (M. 6 P 0-16). O her6iesté exposto ao perigo de cair ou afogar-se. Seu caro capota. Seu navio afunda, o avigo em que voa tem umia pane: ele esd & beira de um precipicio. “Entende-se que uma sé forga ambiental muitas vezes consiste na fusdo de dus ou mais diferentes Pressies. que determinacio, esforgo sus- 220, competéncia) manifesta o her6i? Qual é 0 poder das forcas favordveis ou benéticas do ambiente se “Ssxparadas as forgas oponentes ou danosas? Seu caminho em directo as suas realizacses é fécil ou diffeil? ‘S=ontado com uma oposigZo, empenha-se com vigor renovado (reagio contrria) ou desanima? O her6i (Ee com que as coisas acontegam ou as coisas Ihe acontecem? Até que ponto ele manipula ou subjuga as “=s2s contriirias e até que ponto é ele manipulado ou subjugado por elas? E ele coagido ou coage? E ‘==“ominantemente ativo ou passive? Sob que condigées consegue ter &xito, quando outras pessoas 0 ‘sulla ou quando se empenha por si mesmo? Em que condi¢des fracassa? Apés cometer uma ofensa ou crime & 0 her6i adequadamente punido? Sente-seculpado. adimite.expia, ‘Ssge-se? Oustua md conduta étratada como assunto sem nenhum significado moral ¢ permitido ao her Considerando-se eada evento, cada interact de pressto e necessidade, do ponto de vista do hers, 0 Sslogo pode avaliara quantidade de dificuldades frustragdes experimentadas pelo protagonista,o gran ‘tativo de sucesso e fracasso. Que proporedo hi entre desfechos felizes e infelizes? ‘¥.Temas ‘ interagao entre uma necessidade do her6i (ou fustio de necessidades) ¢ uma pressiio ambiental (ou <> ce pressdes) juntamente com o desfecho (éxito ou fracasso do hers) consttui um tema simples, “SembinagGes de temas simples interligados, ou que formam uma seqtiéncia, sfo denominados temas com. ‘Fos Em sentido restrito, otermo designa a estruturaabstratadindmica de um episddio. Em sentido amplo, ‘sica.0 enredo, motivagio, tema, principal aspecto dramiitico da hist6ria R Teste Amscisci0 Tees ‘Considerar separadamente o hersi e 0 ambiente, como acabamos de fazer, envolve o descolamento dos dois elementos de cada fato concreto. Isso pode ser ttil, uma vez. que esclarece nosso conhecimento de como um determinado sujeito se manifesta, por exemplo, com uma quantidade incomum de ansiedade, passividade e degradactio. Ou no caso de seu ambiente estar povoado de muitas figuras dominantes amea- gadoras, Mas, nesse passo, o psicdlogo chegou ao ponto em que é necessirio aproximar novameate a realidade da interpretacio. Ele consegue isso tomando cada necessidade e anotando a pressfio com que esta se combina mais fregtientemente nas historias, Depois disso, observa com que necessidades e emogoes a eradamente alta interage. Assim fazendo, 0 psicGlogo obterd uma lista das temas preponderan- es (combinagio de necessidade e pressiio), a que ele acrescentard quaisquer outros temas, os quais, ainda que no sejam freqlentes o bastante para resultar numa alta pontuacio total para a necessidade ou a pressiio presentes na historia, parecem, por qualquer razao, significantes —singularidade, nitidez, intensidade, valor explicativo. E possfvel também fazer uma anilise tematica abrangente sem computar as varidveis separadamente. ‘Trata-se aqui da questo de visualizar cada hist6ria como um todo e de separar os temas de maior e menor importincia, os enredos principais e os secundirios. A pergunta é: que desfechos, conflitos e dilemas tem maior importincia para o sujeito? Existem temas comuns, centrados, por exemplo, em problemas de realiza- Gio, rivalidade, amor, privagio, coeryio ¢ limitagio, ofensae castigo, conflito de desejos, exploragao, guer- VL Interesses e sentimentos Esses aspectos so tratados separadamente pois o autor manifesta seus proprios interesses e sentimen- tos niio apenas atribuindo-os a seus herdis, mas também na escolha dos t6picos e na maneira com que lida, comieles. De particularimportancia sfo as catexes positivas ou negativas (valor, atragiio) de mulheres mais velhas (figura matemnas), homens mais velhos (figuras paternas), mulheres do mesmo sexo e homens do mesmo sexo (algumas das quais podem ser figuras de irmaios). INTERPRETACAO DA PONTUACAO Um conjunto de hist6rias ¢ analisado computado em primeiro lugar, sem levarem conta o provavel Ssnificadodo seu contetido, Disso resulta uma lista de um miimero extraordinariamente elevado tanto quanto sum ntimero extraordinariamente baixo de varidveis (necessidades, emogGes e pressdes), e uma lista de ‘s=mas e desfechos preponderantes, junto com iniimeras observacdes por demais especificas para serem ‘sSenhadas na rede de um esquema conceptual satisfatoriamente breve. Assim, sio feitas duas pressuposi- ‘Sres experimentais, que poderiio ser corrigidas mais tarde, se necesséirio. A primeira éa de que os atributos ‘Ss herdis (necessidades, estados emocionais e sentimentos) representa tendéncias da personalidade do ssirito. Essas tendéncias pertencem a seu pasado ou ao seu futuro antecipado e, por essa razo, so sessivelmente responsdveis pelas forgas potenciais temporatiamente adormecidas; ou estdo ativas no pre- sexe, (Dessas tendéncias, passadas, presentes ou esperadas, o sujeito pode estar mais ou menos inconscien- ©) Representam (nio literal, mas simbolicamente) (1) coisas que o sujeito fez ou (2) coisas que desejou ou sieve tentado a fazer, ou (3) forgas elementares de sua personalidade, das quais nunca esteve plenamente ~easciente, embora tenham dado origem a fantasias e sonhos na inflincia ou entio mais tarde; e/ou represen- == (4) sentimentos e desejos que estd tendo no momento; e/ou (5) antecipagdes de seu comportamento “Suro, dealguma coisa que gostaria de fazer ou fosse forgado a fazer: ou, ainda, de algo que nio pretende ‘Szcrmas sente que deveria fazer, devido a uma debilidade nao totalmente reconhecida por ele, que oimpele fazer isso. aaa inet lat i segundo pressuposto concemne as varidveis de presstio, que representam forgas percebidas no ambiente ‘Se=vente, passado ou futuro do sujeito. Referem-se literal ou simbolicamente a (1) situagdes com que de fato ‘= defrontou; ou a (2) situagdes que em devaneios ou sonhos imaginou encontrar-se, com esperanca ou ‘==40; ou a (3) uma situagdio momenténea (presstio do examinador ou da tarefa) em conformidade com 0 == Ihe € dado perceber; e/ou a (4) situagdes com que espera deparar-se, desejaria ou temeria deparar-se. Em outras palavras, a pressio pode ser interpretada como a visdo que o sujeito tem de seu mundo, as “SeoressGes que provavelmente projeta numa dada situago real e nas antecipac&es de situacdes futures, Algum conhecimento da histéria passada do sujeito e de sua situagdio presente, bem como um pouco de ico, sfo requisitos para decidir se um dado elemento pertence ao passado, ao presente ow a uma ante- Speedo do futuro, Na verdade, a discriminagdo da referéncia temporal niio tem maior importincia, Para guiar suas intuigdes a partir daqui, o que podemos oferecer 20 psicslogo neste breve Manual séio ‘== poucos prineipios orientadores provenientes de vrios anos de experiéncia pritica. A verificaciio dessas =e outras sugest6es constitui um programaa ser desenvolvido no futuro. De qualquer modo, as conclusées = ue se chega por meio das histérias do TAT devem ser consideradas mais como bons “guias” ou ‘Spoteses de trabalho a serem verificadas por outros métodos do gue como fatos comprovados. Ao chegar 4s conclusses, 0 psicdlogo deve levar em considera os seguintes pontos: 1 Seo teste foi administrado sem observar devidamente as instrugGes; se 0 sujeito ndo se empenhou na tarefa; seas hist6rias foram curtas e apenas esbocadas, o contetido pode ser psicologicamente irrelevante, composto, na sua maior parte, de elementos impessoais: (1) elementos presentes na prancha, (2) partes Ge fatos testemunhados pelo sujeito, (3) fragmentos de livros que leu ou filmes a que assistiu, ou (4) coisas inventadas no momento, néo sendo nenhuma delas representativa de uma determinada tendéncia de sua personalidade. 4 ‘Testene AmmcaryAoTausnca IL. Sob condigdes normais, cerca de 30% das hist6rias (6 em 20) irdo cair na categoria de impessoais, ainda que dessas se possam extrair habitualmente alguns itens significantes. ILL. Nao devemos dar muito peso as avaliagdes do sujeito para decidir se determinado item & pessoal ou impessoal. De acordo com nossos achados, mais da metade dos contetidos que os sujeitos extraem dos jomais, revistas livrose filmes sZo equivalentes de memérias ou complexos inconscientes existentes em suas personalidades. Algum fator seletivo interno terd operado para determinar a atengio de cada sujeito para registrar e eventualmente relembrar preferencialmente esses elementos de sua experiéncia, ao invés de outros intimeros possiveis. IV. OTATextrai nfo mais do que vinte pequenas amostras do pensamento do sujeito. Imaginar que elas vio invariavelmente nos apresentar uma estrutura total da personalidade € algo excessivamente otimista. Assim como em uma série de entrevistas ou em sessdes de psicandlise, hi horas absolutamente impro- dutivas. Do mesmo modo, existem conjuntos de histérias do TAT constituidos por elementos impessoais ou superficialmente pessoais, dos quais é impossivel inferir determinantes subjacentes da personalidade. V. Convém distinguir dois nfveis de funcionamento: primeiro nivel de funcionamento—comportamento fisico e verbal (dados reais manifests); e segundo nivel de funcionamento —idéias, planos, fantasias ¢ sonhos a respeito do comportamento. A conduta do sujeito em relagZo ao examinador e a tarefa perten- ce ao primeiro nivel, enquanto o conteiido das hist6rias pertence ao segundo nfvel. Dado que as pessoas Variam amplamente na conduta ideomotora (amplitude em que idéias e fantasias ficam objetivadas na actio), 0 psicdlogo deve estar preparado para encontrar sujeitos de atuacdo limitada, cujas hist6rias so indicativas de suas preocupagdes mentais, mas nio de seu comportamento manifesto, real ou potencial. VI. Convém também disti tuir trés, sendo mais, camadas nas personalidades normalmente socializadas: a camada intema # composta de tendéneias inconscientes reprimidas que, em sua forma primitiva, nunca, ‘ou s6 raramente, io expressas em pensamentos (segundo nivel) e nunca ou s6 raramente sf objetivadas na acgo (primeiro nivel). A camada intermediaria 6 composta de tendéneias que aparecem no pensamen- to (segundo nivel) sem disfarces. podendo talvez ser confessada a uma ou mais pessoas selecionadas, ¢ que podem eventualmente tanibém ser objetivadas na acdo (primeiro nfvel) privadae secretamente.A camada extema compée-se de tendéncias que so publicamente afirmadas ou reconhecidas (segundo nivel) e/ou sao claramente manifestadas no comportamento (primeiro nivel). Compete ao psicélogo determinar, se Ihe for possivel. a qual das trés camadas cada uma dessas distintas varidiveis pertence (anotadas nas hist6rias do TAT). VII Pode-se dizer, generalizando grosseiramente, que 0 contetido de um conjunto de hist6rias do TAT repre- senta o segundo nivel, a personalidade escondida (isto é, as camadas interna e intermedia), nao 0 primeiro nivel, a personalidade manifesta ou publica (isto é, a camada externa). Existem muitissimas ‘maneiras para se descobrir as tendéncias manifestas mais tipicas. O TAT & um dos poucos métodos dispontveis hoje em dia para revelar tendéncias encobertas. Uma compreensio melhor da estrutura total da personalidade ¢ obtida quando o psicélogo considera as caracteristicas do comportamento manifesto em conexdo com os achados do TAT. VIII. Meio desatentos ao fato de estarem lidando com produgdes da imaginaggio, mais do que de registros do comportamento atual, alguns psicdlogos inclinam-se a admitir que as varidveis excepcionalmente fortes e varifiveis também excepcionalmente fracas nas hist6rias do TAT serdo, igual e respectivamente, excepcionalmente fortes e excepcionalmente fracas na personalidade manifesta do sujeito, Existe uma base pragmitica, é bem verdade, para esse tipo de expectativa, tanto mais que estudos estatisticos mostraram que com a maioria das varidveis hd uma correlagao positiva entre a intensidade de suas A. Munnar a5 expresses imaginativas (TAT) a intensidade de suas expressses no comportamento. Entretanto, no Podemes apoiar-nos muito nesses achados globais, pois ndo s6 encontramos de fato wumerpane exce- individuais, mas também, no caso de certas tendéncias e emogées importantes, especialmente bomem-mulher, de cunho sexual, tratada com distanciamento, Tambem 0 iGnus mostrou-se mais neutro, predo- sinando um clima de ironia e critica a atitudes quase caricaturais dos personagens. Observa-se assim que 0 estimulo adaptado atingiu dreas mais superficiais do individuo ou provocou aumento de defesas, sendo bem menos eficiente que o original. Acelevacdo do ténus emocional nas pranchas Tad e 62d, assim como na prancha 10, cuja temitica mais fregilente refere-sc a satisfaco na relago afetivo-sexual, explica a diferenca observada entre as ttés séries juntas, poisaséric A ndio contém qualquer estimulo que favoreca relatos menos disféricos. De modo geral, 0 ‘aus emocional das pranchas concentra-se ao nivel -I, exczc%o feita aos estimulos citados acima. (pr. Zad - 66,67% de respostas de nivel +2; pr. 6ad - 63,33% de respostas de niveis 0, +1, 42: pr. 10-70% de respostas de nivel +2), Hé uma tendéncia a um tonus mais rebaixado nas pranchas antigas (exceto prancha 2), mas, como vimos, s6 se revela quando comparada as séries B e C juntas. Os resultados obtidos so coerentes com os de Eron, 1953, indicando a tendéncia a um tOnus emocional ‘negativo nas pranchas, tendo cada estimulo, porém, seu valor especifico. Tambem para esse autor, aprancha 10 mostrou tendéncia a um indice mais elevado (+ 1 = 43%: + 2 = 134), entretanto ndio de forma to acentuada como para o presente grupo (+1 = 10% ;+2=67 ©) Pode-se concluir, a partir das consideragdes acima, que as caracteristicas de época so menos importantes na determinacao do ténus emocional da resposta, pois ndio hi uma consisténcia entre os dados observados, O clima emocional sugerido parece ser fungio mais de caracteristicas especificas de cada estimulo, como jé havia apontado Eron. A identificagdo dessas caracteristicas, entretanto, necessita de investigacao mais aprofundada, Outta questio relacionada ao problema do ténus emocional e que merece uma pesquisa mais especifica ¢ se existe relacdo entre esta varidvel ea projegdo. Em outras palavras, se a caracteristica mais disforica dos ‘Go, entretanto, estimulos seria um atributo desejavel para o material de um teste projetivo. Para tal investig seria necesséria uma escala mais sofisticada para a avaliacdo do indice de project, 46 TiseneAnmacuryso Teaarica ‘Levantamento de temas No que se refere aos temas eliciados pelas diferentes pranchas, para este grupo, observou-se que a maioria dos estimulos apontou uma concordancia com as normas originais (pr.?, 2ad, 4, dad, 6M, 8ME, Sad, Tad, 1, 3RH. 14) e com as de Eron ( 4, 4ad, OME, 9ad, 7ME, 1, 3RH, 10). As diferengas observadas foram: Pranchas 2 e 2ad - focalizaram basicamente a percepeo do ambiente, geralmente como limitador Dentro desse tema, o nivel de aspiracdo aparece como conseqiiéneia, ou seja, a partir de uma critica desse ambiente advém o desejo de ser diferente dele. Para o grupo de Eron, 52% das respostas enquadram-se no tema “aspiragzio”, enquanto o tema mais proximo ao observado neste grupo ("“‘restrigdes generalizadas”) é representado por apenas 8% da amostra de Eron, Pranchas 6MF e 6ad - no grupo de Eron, o tema mais fregitente ¢ 0 de pressdo do parceiro (28%), contra apenas 7% de pressaio parental. Nesse sentido, a prancha 6ad aproximou-se mais do grupo de Eron. Por outro lado, a prancha 6MF mostrou-se mais préxima das normas originais, especificamente do grupo brasileiro (relagio coma figura paterna).. ‘A problemética sexual, bastante atingida pela prancha 6ad (50%) certamente aparece mais explicita- ‘mente no presente grupo, pela propria modificagdo de costumes ocorrida nos tltimos 20 anos, que possibi- litou uma abordagem mais livre dessa temética. A mudanga das caracteristicas de época que, no caso, alte- ram drasticamente o tipo de impacto causado pelo estimulo, possibilitou a abordagem de uma problemitica ‘mais atual dos sujeitos, se bem que talvez-mais superficial. Prancha Jad - acusou um tema absolutamente ausente nas normas de Eron, se bem que presente nas normas originais(atitude frente & matemidade). Entretanto tal prancha, como vimos, esté tio distanciada das demais, que sua utilizac3o para qualquer aplicagao com fins projetivos esta descartada. Prancha 10 -2s normas originais so bastante discrepantes das de Eron (conflitos de casal e separagéo x contentamento, respectivamente). O que se observou no presente grupo foi uma grande incidéncia de respostas de satisfago nas relactes afetivas (sexuais e parentais), 0 que demonstron ser este estimulo pouco eficiente na investigaciio de conilitos deste grupo. Entretanto, a possibilidade de diferentes idemtficagdes de sexo e relagiio dos personagens pode fomnecer dados valiosos sobre que tipo espectfico de gratificagao esta sendo procurado nas relagdes afetivas. Prancha 1 - tanto nas normss originais quanto nas de Eron, o tema predominante refere-se a situagGes de perigo e ameaga (71%). No presente estudo tal temitica ocorreu em 27% da amostra, sendo sobrepuja- dda, porém por meras descrigdes da prancha (33%). Isso indica que o presente grupo abordou o estimulo de forma mais distanciada, indicando defesas mais atuantes. (Shentoub e Shentoub, 1958). Prancha 14 - 0s temas mostraram-se coerentes com as normas originais (50% das respostas de con- templacdo e 27% de auto-questionamento) e parcialmente semelhantes As de Eron (32% de “aspiragao” contra apenas 8% de “tranquilidade”). Do exposto acima, pode-se concluir que, excetuando-se as pranchas Tad e Gad, as demais adaptagdes abarcaram areas semelhantes as abordadas por seus originais, ndo contribuindo para uma maior diversidade de temas aexplorar. Pode-se dizer ainda que, para a amostra utilizada na presente pesquisa, a prancha 4 mostrou-se mais eficiente do quea 10 na investigacdio de conflitos na relagdo heterossexual. Também restrita aeste grupo esti a evidéncia de que as pranchas 9 MF e 1] provocaram respostas mais defendidas, porém tém a temitica comum da atitude frente ao perigo. Nao se pode deixar de considerar, entretanto, 0 grande potencial de informacao sobre aspectos mais profundos da personalidade se analisadas simbolicamente. ConcLusko A conclusio decorrente dos virios aspectos analisados neste trabalho ¢ que a varidvel caracteristica

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