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Alain Badiou O Clamor do Ser "Hi em Delewze uma grande Alain Badiou poténcia do sono especulativo, | como que uma tonalidade vibrance, proféica embora | sem promessa.” | Asin aon | Deleuze | O clamor do Ser “Tad Lucy Maca | i Destro file ele Unie de Mice i Jorge Zahar Editor q Ro de Jano iter omontd wma de eter Giles Der fade slum “hal in Pana ie Be “Tugs ma pinion ie porta Coprghc © 197 Hace ieee rie de ai ses of ae te eat es sol Fae (on) i. 2 202.5128 A mpc ni tet, Cali fate Sidi Nol a Lio dt dole 39 A 126d Decne: danor dose / Alin Aa no. ag Mees es nc ou Tames Bn, a Ente ne tar a 197 ‘Tada de: eee amet dee ras eu Sumdrio Lista de abrevigdes, 7 “Tio longe! Tio pero, 9 Qual Delewze, 16 Um conceterenovado do Uno, 14 0 ‘atime purified”, 19 Produsées “mondtonas’, 22 Univocidade do Sere muliplicidade dor nomes, 28 O limite de Heidegger, 30 A univacidade do Sen 34 A mulhipliidade des nomes, 37 Omérodo, 42 Uma antidialtia, 42 O percurs da intigto, 46 Ovirwal, 55 Um fndamento npensade, 57 O cintco do viral, 61 Orempo eaverdade, 69 A potincia do fio, 70 Primacie do tempo edesemporaicario, 74 Moméria eesquecimento, 80 reino rtorno ecaso, 83 Sobre irks mal-enendides, 84 0 “werdadeive lance de duds”, 91 Nietzsche ou Mallarmé?, 93 Oforrea debra, 96 Um antcaresianisno, 97 O conceit de debra, 100 Uma singulardade, 173 Selegio de textos, 123 Bibliograia, 153 Lista de abreviagies (seul das obras de Gilles Deleuze cts no tet, com indiagio «bs piginas das edie orga, exo abreviador da segue for DA debra —Lebnic eo barre m—_Difrega e peice Feces IM Ginema 1—A imagen-movimento nema 2—A imagem-tempo igi de ete (leitor encontrar ambém no final do volume wma sloio de estos ‘de Gilles Dlese Estes moss indicados através de ecfeenca 0 final d cada exces Tao longe! Tio perto! ‘uma isa sranha, da minha ndo-tlaio com Gilles Deleuze le era mas velho do que eu, por outs razdes que no a dade. Quando eu era ahino da Ecole Normale Supérieure, hi quarenta anos, f sblamos que podiam-se ouvir na Sorbonne aula impresionantes, tanto sobre Hume come, por exemple, sobre x Nouselle Helo, ula singularmente incomparivcie cdo © que s reciava por al. As aus de Deleuze. Consegui que me dessem a5 anotapbes, pedi que me narasem 0 tom, 0 estilo, a forte presengs conporal que sustentava a invensio dos concsitos. Mas f no fie pate fn o encontee [No inicio dos anos 60, eu o lis, em que minhas hesitagies, entre minha adolescéncin sarriana © minha frequentasso de Aldhuses, de Lacan, da légiea matemtcs, encontrasem um apoio maior ou um advetstio identifica. Mais singular, mais belo, do que del para ae minhae errncia. Suas refeéncias candnieas (os essicos, Hume, Niewsche, Bergson... eram 0 ‘posto das minhas (Plato, Hegel, Huse. Mesmo na matems tica, com a qual eu reconhecia que le se preocupava vivamente, preferia © cileulo diferencal, os espagos de Riemann. Neles, colhia poderosas metiforas (im, meifors, iso mesmo). Eu sgosava mais de dlgebra, dos conjunos. Nés nos eruzsvamos em Spinoza, maso"seu” Spinoza era para mim (ainda ) uma ciara enigma, Viera on anos vermelhos, 68, Universidade de Vincennes, jovimenta” e porque seu curso era um dos pontos aos da unversdade. Nunea moderei minkas polémieas; © comin nfo é 0 meu forte. Atquei-o com as palsvras da anilhatia pesada da época.Acé divi uma ver uma “beigads" de innervengio em suas aulas. Escrevi, sob 0 tiulo caacteistcn de *O fluxo ¢ © para’, um artigo faribundo contra as suas ‘concepeSes (ou supostasconcepyGes) da relarao entre movimento cde mata e politica. Deleuze ficou impivido, quase paternal. A meu tespeito, falou de “suiciio intlecu le x6 se sborteceria vedadeiramente, junto com Jexn-Fran- sis Lyotard, quando a pair de ums obscura questi refecnte 20 status dos coordenadores de cursos, cle eve a imprestio de que ea tentava,spoiado por Frangois Regnault e Jean Bors, apoderst- ie da diresso do departamento para fins politicos. Asinow um texto em que eu era acusado de descjar 4 "bolchevizaio" do ddeparamento, Era muita bonra para mim, cu —o mais provével cra fazer uma idea eteta dos bolcheviques! Depois dio, trois legiima, Deleuze-Chiteler-Lyotsed, retomou 0 “podes" sem resiténcia Fel a Nietsche, Deleuze nlo era, no pensamento, homer do tessentimento. Todo escrito deve ser ido como um comeso, ‘io segundo ocular do wto ou da usura.Fiqud sabendo que cle gostou do modo com que, no pequcno livto De lide (1976), wiz’ a distingso ent “lass” “masa” no centro dos process polices E ive quise no mesmo momento — esi mos em um periodo de decomposigao das fore "exquerdisa” (mink idldade, nunca desmenid ans seqhtni.ire ) com qualques faqueza visivel —em que eu tendeiaaidenticar L como “fascist” a sua apologia do movimento espontinco a sua | tori doe “espaos de libedade, o seu iio & cilia, em \resumo sus filotofia da vida edo Uno-tode natural Tao longe Tho pero! " “Bolehevique” contea "fascists vejam 5! Enuetanto, quase logo depois, fiqueiimpressionado com a sa vigorossintervengio piblica contra os "novos filgsofoe, Ele pereebia muito bem que, a0 pretender modificar a tradicional relado de lve eeserva dos fildsofos com a mida ecom 2opiniso, a0 fazerse porca-vones da “crtca vulgse” do comuniemo, 08 “novos fidsofor” agrediam 0 préprio pensaimento. Comecei a pensar que, quando se sbre uma nova seqdénci, e outros adver- ‘rias saber a0 paleo, a aliangas do pensamenta se mavem au se Em 1982, publiquci um live filoséfica de rasigfo, no qual tenteireformlae 3 dilésiea em um quadeo que fose compacivel ‘om of dados politicos do tempo e com o¢ meus eudos mallar- rmaicos e matemiticos, Tera do sje, Deleuze me enviou uma pequena nota favorivel. Na soidio pblicaem que me encontra 1a (4 6poca era de adesio& eaquerds, a0 minerandismo, que eu ‘odiava), marcada pelo mais desdenhososiléncio em relagio tudo ‘© que cu tentava na filosofia, esa nota me comovet muito. ‘minime que se podia dizer era que nada o obrigava isso. Ainda mais que ele acetara—ele mesmo — para meu grande escindalo, almogar com o presidente. Como ele devia rit! ‘Observese que, salvo em rarsimnas ocasdes insiucionsis (euboicotava praticamente todas as instincias do departamento ¢ da universidade, exceto as minhas aus), eu mio “enconcrei” Deleuze. Nem jane fora, nem visita em casa, nem tim dengue, ‘nem uma conversa duranteacaminhada. Nem entio, nem depois, até que ele morreu,infelizmente, Coma ne bilha, of “ances” da intetubjetvidade so frequente- mente inditetos A mudanga de época — na filosofia — se sszinalou para mim por uma longa conversa terica com Jean- Frangois Lyotard, em seu ato, 0 voltarmos de ums teuniso na casa de Chitele, jf muito docnte, Lyorard compara ete ‘piséio pacifcado 20 encontro “soba tends" de dois inimigos B Deleuse orcas da véspea. Pouco depois, Lyotard me props resenhar © aque ele chamava de sealivt de flbsoi' rs 0 Diffrend Acti sem rfl o artigo fi publicado em Griigu, e substuta pela anise, pela comparaco, pela objeto, o simples resumo dos antagonism politicos. Digames que as invectvas CBolcheri- quel”, “Fascist”, que expresavam 3 vitalidade dos movimentos, cram sucedidas pela determinagio eeflxiva das incompatbilidae des intlecrunis(losofia do acontecmento de verdade conera flosfia p-moderna), que expresava ob a superficie gelada do consenso miterrandian,a fry atente dos pensamtentos por vi. ‘A publiagio de O ser o event em 1988, consumou para ‘mim sentra no novo perfodo.Peccebi pouco a pouco qu, a0 desenvolver uma ontologia do milo, es dante de Deleure «qe ea insreia a mins tentative, ¢ de ning mai, Pot 0 pentamento do mikiplo opera ab dois paradigmas, poatados por Deleuze de Jong dat: paradigia "ital" (ou “animal das ‘ulkipicidadesaberas (na Fliago bergsoniana) ¢ 0 paradigma ‘matematizado dos conjuntos, que também se pode chamar “ete- la", no sentido de Mallarmé. Asim, nfo inexatoafirmar que Deleuze € 0 pensadoreontempordnco do primiro paradigma, que tento defender, até as extremascomegbéncae,o segundo. Als, nossa contovésia epistolat de 1992-1994 tra a nogio de “mulipicidade” como referent principal cle dizendo que eu confundia “milkpl” “nimero", eu declaando que er incon Sustente mantr, no modo etic, a Toalidade vital, ou aguilo aque Deleuze chamava de “eaoxmos, pois nos conjuntos nao hi ‘em conjunto universal, nem Tedo, nem Uno. Pouco a pouco, tomarae-ia uma convigio pablca que nfo crtabsurdo compara-os. Em 1992, Fangots Wahl organiza, a partir dadupla Badiou/Deleue, prefcio que le esreveu pars, meu ivro Condi. Mas tard, entetanto, Ere Ales, em se “elitr” sobre a flosofiafancesacontemporinea,asumindo umm perspectivadeluriana, nsereveu os meus forges movi mento de “sali” a fenomenologi,cujo objetivo 0 seu mest cumpria, seu ve. “To loge! Tao pee! a ‘Certmente, nos rata nem de identidade, nem mesmo de convergénca, Trata-e de una oposigo fontal, mas concetual- ‘mente aribuivel a uma convigio compartihada, quanto a0 que se pode exigi hoe dafilosofia,e quanto a problema central ue cle deve raat: de um pentamenta inane do ela. ‘Quando, em 1989, nessa breve tentaiva de modifcar 0 estado da cca sie que representavs o Anas Philp ‘ue levamouse 2 questo de fazer um texto sobre 0 A dobre (1988), apresentei-me como candidao, com rel satis Ese livto me impresiona e me fina. Cicio que, em rnenhuma concesso,fago-the plena justi. Alguns, que tem 4 ‘memralonga, dito que, depois de ter injuriado Deleuze quince anos antes a polit, nip tinhs 0 “dirta? — av ace ties imermediria — de studio. como fi. Nio ¢ 3 minha opinito, de modo algum. As sqéncis da pollica, sua pussio acontecimentl [éonementil sto wn cos eternidadefilosé- fea, mesmo que cm nu construsio cla ees sob condigies das polticas, €or. Também ao es, aparentemnente, x opiniso de Deleuze: ele me enviou, depois de lero meu texto, uma carta sents exremamenteamistos, quase tema, Conelula que ainica ‘oisa que lhe restav rer nese condiges era tomar, por ave, uma posisio sobre or meur conecios. Acabou asim por me conveneer de que nés constituiamos, sem nunca te deciido iso (enuito pelo contro), uma expéce de dupl paradox Foi em 1991 que se abr um perfodo de discuss tetiea ‘verdadciramente continua. Fo por minha iniciatva resultou, 20 que se refee# mim, di sbitacomposigio de ts elemento: — A constaagio de que, hf longos anos, Gills Deleuze teabathava com Fl Gusta cm uma perspective convergent ¢ quate fusions. io entail aberto a uma “colaborass", desta vez divergent, ou contastante? Afna, a sua tcoria das series prvilegiavasistematicamente a divergncis, e consderava a con- ‘ergéncia apenas como um cato"Yechado” de atualizagio. — A conviegio de que podiamos, pelo menos, enfitizar Sjuntoe” 4 nossa total serenidade postive, « noua indiferenga axiva, em relago ao tema, dfiandido por toda a pate, do “im ds filoso — A ideia de restr com as grandes comtrovésias disicas, «que no erm nem isolamentoeressentidor, nem pequencs “debs tes", mas fortes oposgGes que proeuravam i diteto 20 ponto seve em que eafstavam criagbesconceituais diferentes. ‘Assim, propus a Deleuze que aos esrevésemos, nto qs to fase necessro para exabelecer ma sun etatacatea confus (ox distingio obscura) a nosia divergncia mbvel. Ele respondew que cea ida Ihe agradava, Na época, ele estava trminando uma eolaboragao conver- agente decisiva com Félix Guattari, 0 O que ¢ 4 flafia? (1991), {ue tera um imensoc leghimo sucesso. Ness liveo, hé uma nora sobre mim, cuja vinda, depois do meu argo sobre A doin, Deleuze anunciava. Em exposta, © pars preparse o tereno, dediquei quatro dos meus eminiros no CollgeIncemasional de Philosophie 30 best-seller de Deleuze e Guattar sem diminuilos (ae mesmo em detalhes) nem poupé-los Pareceusme naquele momento que Deleuze hesitava em comesar realmente © noso protocolo epstola. No longo trjefo desea hestagio, compreendi que etavam presents grandes som- basi a morte de Guattari, que foi como uma mutlagio; a sua prdpria side, cada vr mais pecirie, que fziacom que a propria tserta, conquistada algumas horas por dia, fosse uma espécie de fasanhs, E precivo ter recbido, como eu, essa longas caras rasuradas, obliquss rémlas e obstinadas 20 mesmo tempo, para ‘ompreeender que aescrita —o pensamento — pues ser uma dolotosae Fugiiva visa, E depois, por mai distance que ele prdesse estar dos extigmas do pasiado, por mas volta, douts- niraevtalment, para a aflemasio ea novidade criadoras, ébem verdade que Deleuze tinh todas as razdes do mundo pra ado mistursr o st imenso prestige Slosfico com a elaboraco, mesmo contrastante, da minha propria perspctiva. Por que me servita dl, eu que 0 deprecici Ho fortemente, eu de quem tudo © separava, mesmo que ambos tenhamos nos encaminhado para as margensplicidas, até Faternas, da controwésia? ‘Confirmanda meus temores ele acabou por me escrever que realmente, nio tinha tempo, considerando a sua said preci cde empreender esi correspondéncia. Limitow-se a uma cara detalhads, de avaliagio ¢ de perguntas. Recehi essa bela carta, respond, rentanda nfo me mostrar inferior. Respondeu & minha resposta, e assim por diane. A impossibilidade se desenrolou como real dagulo que fora declarado impostivel. Dezenas de paginas se acumularam. ‘Decidimos, em fins de 1994, que tinhamosacabado o uaba- Iho, que nfo consinuarlamos. Para ambos, o aust jf ocorers Pouco depois, Deleuze me exreves que, tendo rlido sae carta, acharaseexcessvament “abstato", inferior & circunstincia. Par Ticipou-me, de modo bastante abrupco, que ragera todas a¢ cépias das suas carta. Indicava claramente que s© oporia,ct0 algudm cvese exe idéia, qualquer cteulagio, e mais ainda, a ‘qualquer publicgSo, dees textos. "No momento, vendo nesa apreciagio terminal como que um Adesmentido do nosso intercimbio, fiquei um tanto magoado, € como no nos encontamos, na dstincia das vidas e nas Viissitu- des da exiséncia, suspeto de alguma influénca exterior, ou de algum cleuleobscuto, como Fizem os pervonagensclumentos de Proust, atormentados pelo enigma que a distdacia suger, ‘Subitamente, 2 morte. Ela transformou esas catas em um ‘exouro particule, um Testamento, uma genersidade iim, ‘Quando Benole Chante, em some das Editions Hachette, ime pediu que escrevese um enstio sobre o pensamenro de Deleuze, pense que seria como que uma grande e derradira carta péseuma. Para mim, nose tatard de "telatar" — de desereve ‘que ele pensou. Mas antes, de cerminaro interminivel: uma amizade conflituoss qu, em certo sentido, nunca acontece, Qual Delewze? Hi uma imagem de Delewse, 0 mesmo tempo radical ¢ equi bada sola esocivel,vitalsae democrtica. Com bastante Fieqlénca, pens-se que sia doutrina esimula a mulkiplicidade heterogénes das deicjos e encorsja a sua reaizago sem obedeu- los; que ch se preocupa com o respeito e a afiemario das diferengas: que ela consti, por isso, uma extca eonceitual 20s toraliarismos, como indies na pritica 0 foto de que Delewe, esse ponto comparivel até a Foucault, xe tenha mando a discncia dos engsjamentossalinistas ou maoisas. Pensi-te que cle eaguardou os diritas do corpo contra or frmalitmos ero risa; que nada cedeu a0 espiito de sistema, preconizando sempte-0 Aberto € 0 movimento, a experimentago sem norma preestabelecida, Pensa-se que, no eu método de pensamento, que ss conecia orcas ea singularidades, cle resist abstragBes csagadors a dialéia, Pensi-ee mbm que ele participou da “desconstugio” moderna (pés-modern?), na medida em que intruia uma erica deciiva da representagso, substeuia pel logics do sentido a procura da verdade, combate as idealdades imanscendentes em nome da imanénda criadora da vida. Em suma: levou a sua pedra A ruina da metafisica, & plitonizm”, pela promosso, contrac nomarsedentri dss Esta tise, do. omer ndmade dis atualizagdes preciria, das aries divergences, das erases imprevisvis, VE-re a confirmagao dessa vero do (Qual Dalene? rmodemidade pé-merafisics na ciniagso das referencias, nos pintotes (Bacon), nos escrores (Proust, Melville, Lewis Call, Beckett..), nos desejos & deriva (Sacher-Masoch), nos fildsofos inesperados (Whitchead, Tarde, Duns Scot.) na matemaica meuforizada (Riemann), nos incontiveis cinests, © até em muitos autores quasedesconhecidos (mas nao para ele) de artigos ‘04 opisculos vobre quest6es obseurase por ele repensadas, bi Tants, tanto socolgcas quanto biolégias, eséics ou ddati- as, linghsticas ou histrieas Sim, tad ss unio abruptamen- te-em uma trama afirmaivaesinuoss, muito afaada, aparente mente, das precaugSese dos cinones da Universidade floséfica, Finalmente, jugar que Deleune, cuiowo a respeita de tudo ‘oquecompunha seu tempo, otdenando seu pensamentonacaptura| de uma superficie acontecimental [4enemeniell cian, do- brando sua migicaesrta& ulrapassgem de zonas dspares do etido, foi o inventor, fazendo eco a vrtude que ele concedia a Leibniz quanto & idadeclsica, de um Batroco contemporineo, no qual noso deacjo do milkiplo, da mestigagem, da cexitenca de univers sem regia comum, em suma nosto democratimo planettio, encontram onde relleci-se © desabrochar. Delewe ‘como pensadorjubiloso da confi do mundo. Um conceito renovado do Uno ‘Aconfuso do mundo, para pensamento sem divida quer dine primeira, que nem 0 Uno nem o Milkplo a explicam, Este mundo nio esi nem no movimento detecivel de um sentido (por exemplo, um sentido da Histéia), nem esti no regime de ‘uma clasificaio estivel, de uma contagem praticivel das suas pares signifcaivas (como estava na concepgio dos que distin iam nitdamenteo proletariado da burguesia, ou encontravart ‘entido nos jogoe ent o campo imperialist, o campo socaita ‘0 campo dos néo-alinhados). E primero, parece que Delewze Scja realmente aguele que anancia que devemos renunciar 3 dlstibuigio do Ser segundo © Uno ¢ 0 Miltiplo, que 0 gesta metddiea inaugural de um pensamento madero € suse fra dessa oposico. Se, pata le, arepetiio um concito ontoligica maior, ¢precsamente porque ela no se debs pensar nem como petmanéncia do Uno nem como milkipls de terms identifick- ves, porque ela est ali dessa oposigio: "A repetigio alo é 2 petmanéncia do Uno, assim como ndo ésemelhsnga do mili po" (DR, 168). Mas gealmente, “bio hd nem uno nema mikiplo” 23) "Mas, como sempre em Deleuze, 0 além de uma oposigio ‘stitca(quanciaiva}, acaba sempre Sendo a assuncio guanine de um dos seus termos. Ora, 20 contrtio da imagem comum (Deleuze come iberagio do mkiplo nirquico dos deseose das crincias), 20 contirio mesmo de aparentes indicasbes da obra, que jogim com a oposiio miltiplo/multiplicidades ("hs apenas suliplicidades ras, ibd), € 2 advento do Uno, renomeado por Deleuze como Uno-todo, que se consagra, na sua mais alka Devernos compreender eno que vital fundamen por tumaldupladetcrminagi. & dereinado como problema, como ruaade de uma slug inventada. Mas também ¢ deter nado pela circlasio no viral da uliplicidade dos problemas, ‘on germes de araliazi, pois toda viewsidad intettere com a8 ‘ota, como um problema x6 se conti come lugar problems- tio a vizinhanga com outros problemas. Un problema (ma viruaidade)€ detrminado como diferencissso de um outro problema (de uma outeavrudade). A sberania do Uno pos dupla. Porm lado, 0 atal em como set uma modaldade ‘eansitiria do Uno, que pensar como virualdade. Por outro lado, os problemas ou virtlidades tém por Ser-uno @ vil como real do problemitio em geal com potecia iver doe problemas ede suas solugées.O viru €Fundamento pare © sual, enquanto ser da vrwalidade que o tal aa: Mas 0 viral é também fundament desi poi € sr da virualidades, 1 medida em que ele ar diferencia, ou as problematea. £0 que Deleuze chama de ligiea do duplo circuit: “As membre, os sonhes, sf os mundos sto apenas dreuitos raion apaenis, ue dependem das vaviages do Tod. Sto gaus ou modos de atualizagio que se esalonam entre estes dos extremos do atl ¢ da viewal 0 atual eset no pequeno cteuito, a virwaidae ddesem expansio nos circuits profundos” (I, 108) ‘Obeerve-te que éimpossivel vita aqui, como quase sempre cin una teosia do Fundamento, a merifora ds profundidade: hi lama determinagio do vieual que depende da superficie, ox do “pequeno create", a que € corelacionada com o atual (com © simulacrodiferenciado, com o ente. E depois, hi uma determi- nasio "profunds", que die respeico 3 expansio c difereniagio dds propriasvitwalidades,€ que & aperar de tudo, como que © inzetior do Uno (08 do Todo). O fundamento como tal é ‘ertmente a unidade inuiiva do dois, scja © pensamento do Virtual simultaneamente como vrwalidade do. tual, © como fxpansio multiforme da Uno. Mas esa dterminacio intiiva ‘st sempre por conguistat, © exige do pensamento uma cer teloidade, Quanto i escrie, onde e5aineuigio€re-encadeada, ea se aparenta a0 que Deleuze diz que sfo as foxmagées dscursivas segundo Foucaule linguagens que, "ao lugar de um universal Tego, sho linguagens moreis, aptas a promover e 3s vexs 2 cexpressar murag6es”(F, 22) e “4 Como fundamento do objeto, © vial nso deve ser pensido Tors do pidprio objeto. Se @ anual rem como sera atualiagio, ese a atalizgio € 0 proceso do virtal, € preciso considear esta conseqiénca um tanto strana: “O vietual deve ser defini como uma estita parte do objeto real — como se 0 ‘objeto cvesse uma das suas pares no viral, ali mergulhasse ‘como em uma dimensio objetva’ (DR, 269). Se, eftivamente, 0 vietalfoseseparado do objeto atual,qucbrarames a univocida- de; o Sere dita em divsio, segunda atual objetivo ovirwal inobjetiv. Encrctanco, essa doutrna das partes do objeto ndo € simples. (© propria Deleuze pergunta: “Como se pode falar 20 mesmo «apenas de uma parte do tempo de determinagio comple a respouta no & nada objeto?” (DR, 270). Em minha opi satisfaxiis, vejo aqui o ponte de ol ual Com efeta, esa respostaexige que “todo objeto sen dup, sem que sus das metades ve assemelhem, uma endo imagem viral, 4 outra imagem anual. Metades desiguais impares’ (ibid). Vese bem o partido que Deleuze tra aqui do fo de que todo objet, ‘ou todo ete, €=penas um simulacto: pode se injtararempo ums teoria imanente do duplo, apoiads por uma metsfora stica (© cluplo status possivel disimagens). Mas muito dill eompreen- der que o virtual poss er teyistrado naimagem, porque tal parece sero status prdprio do atl. O vietal, como poten propria do Uno, no poderia ser, quanto asi, um simulher. Eleéceramente produtor de imagem, mas nio expresso em imagem, nem ima- gem. A meriforadtica ¢ falha. Sera ceramente mais adequade slzer que o enteatual € uma “imagem viral’, designando asim as suas duas dimensbes, nas ficariaentio impossivel ditbuir © tual eo vireual como pare do objeto EE precsamente para ado eair nesse tipo de embarago que propus, por minha prépria conta, 2 univocidade do atal como tnulkiplo puro, sserificindo o Uno e as imagens, Pois Deleuze ‘mostia exemplarmente que o mais magnifico exforsp contempo- neo pars resaurar ¢ poténcia do Uno se paga, quanto 20 peasamenco do objeto aual,inevitavelmente deteminide como imager, com uma teosia do Duplo muito press, (Par tena pensar até o fim, sem creo ios do Uno vial como puedo objeto real lgoo enceimagem como dviigo cm uma pare anal uma parte veal, Delete fcempenta em uma anata do indcerted.Aaui € undo, como em todos os pontos nodais do seu sistema, por Bergson, © singularmente pela famosa texe sobre o jorrar do tempo, que “se inde ao mesmo tempo em que se apresenta ou se desencla «inde-e em dois ator simécicos, os quis um faz patsar todo 0 presente, € 0 outro conserva todo 0 pasado" (IT, 109). Reconhe- ‘cxremos facilmente o atul na pasagem do presente, 0 vial (cu o Uno, oo Ser) na integral conservagio do passid, Eexiva mente, hi “a imagem atual do presente que passa © a imagem viru do passado que se conserva" (bid). © objeto real é pois ‘xatamente como o tempo; cso, ou duplicidade, Pode-se dizer ‘que © abjeto-imagem ¢ tempo, isto 6 mais uma ver criagia continua, mas efetiva apenas na sa dvi. Entreanto,eea csi permanece enigmatic, se €ccditada 4 pra simples expresvidade do Uno, Nio se deveriaconeluirque © Ser se diz segundo 0 presente (como atulidade fechada) ¢ segundo o passado (como toraidade virus)? Esse, de fat, todo f problema de Bergion, para quem 2 poténca ciadora da vida, ‘que € 0 nome do Uno, nao casa de gerar duplos, que nunca é ‘certo no serem, definitvamente,categorias,divisdesequlvocas da Ser: matria « meméris, tempo segundo a duracio ¢ tempo ‘ipaciaizado intuigioe conceto, ewolugio e espécis, inhagem {que condus As abelha ¢ inhagem que condz 30 homem, moral fechada e moral aber... Sem contar que definindo-seconstante- imenteo der pela ctf, fca-e menos afatado de Hegel do que se dexjaria. ara conjuraroduplo especto daequivocidadee dadialtica, Deleuze acaba propondo ques duas parce do objeto, a viral ¢ ‘atu, so na realidade impensiveis como parts separadas. Nio ‘existe enhuma mare nem eritvio da sua distingso. Els si “distneas¢ no entantoindiscerniveis,e tanto mais indscerves quanto maiedistints, pois nfo se sabe qual €uma equal é outa Ea soca desgual, ou 0 ponto de indiscernibildade, a imagem snus" (ibid). Definicivamente,o viral éfundamento is cusas to Fato de que um abjer é"ponto de indiscernbildade de dust imagens dicintas, a aual ea viual”(T, 110) ‘Diremos pois que a determinag completa do fundamento sual implica ws indrterminag enencal do gue éfirdada, nio s sabe qual éuma, qual é outs, ratando-se das duas parterdo objeto, devorients accesariamente qualquer detrmina- “io me parcce pos que exe exforg herbico poss chegar 2 bbom termo. Mesmo sucessvamente pensido como distneo do oo Delewse possve, absolutamente real, completamente determinado e parte estrta do objeto atul, o virtual no pode se ajustag como fundamento, 4 univocidade do Ser-uno, A medida que Deleuze tentaareancilo da ieresidade, da indeterminasio, ds inobjeivi- dade, € 0 awal, ou o ente, que se itvealia, se indetermina, © Finalmente se inobjetivs, pois se desdabrafantasisicamente, Nes 13 tajetria de pensamento,o Dois se instala no lagar do Uno. E quando, para sahar 0 Uno apesae de tudo, se deve chegar @ um Dos impensivel, a uma indisernbilidade ver remédio, a meti- fora conciadora ¢ obscura da “imagem mia’, dizemos que decididamenteo viral fo vale mais do que finalidade, da qual cle € a inversio (destina tudo, a0 invés de sera destinagio de tudo) Seiamos partiularmente duro, coavocando Spinoza con= tex 0 eu principale talvez nica disepalo realmente moderne: 0 virtual, como a finalidade,¢ignoantiae ahem, Devo portnto volar iso, come ei aa Also, discipina pe nenhuma sre, ela € esporddica(raridade dos acontedimen- 01) intoralzivel, Nenhuma conta reéne os acontecimentes, rneahum virtual os dobsa diate do Uno. E como nio hi sie, também aio hi possibildade de rerar © Mesmo do viés da probsbilidade. Por conseguinte, nfo cxio no retorno etemo do “Mesmo em nenhur dos seus sentdos possiveis, nem no parme- nidiano (permanéncia do Uno), nem no cosmolégico (ei do “Mesmo imposts 20 cos), nem no probabilsa (equiv obtido sudo infinito de uma ie), nem no nietsche-dleuziano (afiema- ‘io do acato cm uma x6 ve). [Na controvérsa da Gpoc, mateilizada por nossa coreespon- Anca ssa lipuatio intima sobre o eterno terorno tomou (para sim) 2 forma de uma medivagio sobre as noses respectivas concepsaes do acaso. Se para Deleuze dle é, dfinitvamente, a afemagso, em todos os seus efeitos imanentes, da contingtncia do Uno, ele & pars mim o predicado da contingincia de cude scontecimento, Pats Deleuns, 0 caso & 0 jogo do Todo, sempre re-jogado el quil Para mim, hd multipliidade e raridade) dos seas, de modo que jé€ por acaso que nor vem o acaso de wm acontecimento, nfo segundo a univocidade expresva do Uno. Durante 0 verso de 1994, enfaiei até que ponte nds nos ‘opiinhamos sabre o acito. Poi, se ele continuava sendo para Deleuze jogo das dobraslcalizadas do Todo, para mim, é que fo vazio do Ser 16 vem 3 superficie de uma simagio segundo 2 ade do acontecimento, 0 acso & a propria matéia de uma ‘erdade, E assim como a verdadero sngulare¢incomparives, suri também os acontecimentor aleatrios em que asm asa torgem devem ser eaiplose sparados pelo vaio. O aco & pl, o que excl a unicidade do lance de dado. & por aco {qe not vem eteaao. Defintvament, a oncngénca do Serb ‘ campre verdadeimente se hi também o Acato dor acai. ‘Mas, ira Deleuze, romada soba lei do Uno, a contingénia se rela de uma 36 ve, No hi Aas das aos, 0 que €0 preg page 20 pleno do Ser. ‘De um lad, concept Hiden ¢ vial do acaso; do out, concepeo extlar do Acao de aco, Niewsche ou Mallarmé, finale Nese pont especfio, Delewendo coninuou a discuso dahadamente. Eu a retomo aqui, mas que ele nfo een mais agui para respond é para mie agp desconcerane, Como et goxatia de qu, mais uma ves, ele me disse, come fia gloss tmente em tator techs varado, até que ponto minha fos tem um valor (compreendace: um antvalo, uma constelass de efeitos eavisimos)rellexivo, nego, eal, que a Gua twanscendénca, que cla tem todos ot sibutos da Lia anal ara mim, inflzmente — a0 conero dam pri cheba conviego,apoiada pla incorporgso 20 Uno a unicidade do ‘cso a morte no, unc um aconecimento Se hg O fora e a dobra © que é pensar? Sabemos que, desde sempre, esa € a questio central da filosofi. Também sabemos que se cata de ligar a respostaa uma outa pergunta: 0 que €o Ser? E, em ereiro lugar, sabemos desde Parménides que, qualquer que seja 2 elaboragio ‘onceicul dss ligasSo, ou a resposa proposa para a quecio do Ser, € precio chegar Ax modaldades possvcs de um sini ‘enunciado: “O Meso, cle sim, a0 mesino tempo pensar exe.” ‘A grandcza de Heidegger fo er rformulado, com densida- de, eses imperativos como os que delimitam 0 exericio da flesofia. Todo empreendimenco floséfio eriador, hoje, como por exempla 0 de Gilles Deleuze, mantém, nas condigies do tempo, a rs questess © que € 0 Se? O que é pensar? Como se cumpreaidentidadeesencial do pensar edo Ser? Podemes der 4, para Deleuze, 0 Ser se decina univocamente como Uno, se armenize conn a superficie (om o fort) como cont agile que & por si mera, obiite. ‘Maso que simultaneamente movimento de wma superficie ‘trad de um limit? E, muito exatamente, uma dobra Se voce dlobrar uma folha,voct decerminaré um eracado de prega que, ‘certamente, constvui 0 limite comum de duas sub-egides da ~ fotha, mas que entetanto io € um tngado brea fol, prto sobre branco. Poi pega apretena como limite, ma fol como op fora, aul que no se, um movimento da pripia folha ‘© momento mais profundo da inmigo pois aqucle em que «lise € pensido como dabra,c onde, por consepuinte, 4 ‘caeoeDRde Tevet em Tveoridade.O limite nd € mai 0 ‘qe ales o fra ele & uma dobra do fre. Ele éato-afeagso do form (ou da for, € 4 mesma coi) Isso equvale a der que chgamoseafim a0 ponto em que a dijuno ¢ ineulda como simples modalidade do Une: o limite comm das forgas hetero ineis que externa sbuoluramente os objet ou as Focmas& ' prpria asso do Uno como debramento des. O pens coincide ‘coma Ser quando ¢ uma dabra (constr de im ite como Abra} uj extncs ves € dob do Ser A aces que impesos: Tike pensameno, nerga ao for, osubmete Fry, soma odo ‘seu sent (que €o sentido) quand “descabre ee ora como Time, horzonte im a parido qual ose se dba (F, 121. “0 fata de que hj dabra do fora (de gue o fora se dobre) signifies omologeamente que cle cium dent, Imaginemos a fala dobrada bum limite manent sobre folk, as também ctiglo de um blo ier Pode-e dizer, pita innuighoem que ‘Ser coincide como penat éiagio, como dorado fra, de ma figura do-denit. E ento ¢posel nomese esa pega come wm “a — 6 0 conceit de Foucault — e mesmo, se quiermos, um sjct. Com a condisio de acrescenarimediatament: que ese suitors de uma operasio topolégiesstus- vel no fora, © que ele aio 4 pois, constiqinte em nada, ou autnomo, ou espontineo; que exe suit, como “spayo do dentro", éseparado do fora (@ uma dobra do fors), ou ainda que ele &“inteiramente ‘orpresente ao cepago do fora sobre alin da pres" (F, 126: of see de sex, 14952; cle s6 existe como pensamento logo como travesia ‘da duplaascese(ouportar a dsjunsoe seguro impercepavel fio no Delewes do Uno), qual 56 ela 0 coma expzz de sornarso limite como obra \ Sob esas condigies, pode-se dizer que © mito (o dentro) & a ‘desided do penser edo se. Ou ainda, que "pensar, & dobran, & »\ duplca o fora com um dentro que he & co-xtensve” (bid). \" Fazendo isso, nfo nos afastamos de modo algum da iéia bberpsoniana da intuigio (¢ logo do pensamente) como inicio da duragio. Pos (e € uma provasuplementar do que eu chav «de montonsia obra de Deleuze, da sua insisted, que étambém Fidelidade 20 Unc), { Dobra ¢ Finalmente “subjetivs. na medi em que é eat yesma coisa que x Meméra, a grande rmeméria tora que, como vimos, & um dos nomer do Ser. Na redid em que a duragio pura é conservago integral do ser do pesado, ou do passado como Set, no se pode atribuira meméria | operacao de um sufi. E preciso, antes, flar de uma "memié- fia do for” (F, 114), que €0 ser do tempo, eda qual o sujito€ pens uma modaidade, Eno, posivel compreendr sue neamente que Yo perio dbramento€ una Mem” (id), ¢ qo tempo omosujeto; ov antes como abjetvaao,sechama inertia” (F-TT5) O que confirma que, no ponto da bra, 0 pensamento a mesma esta que o tempo, por consguit, pois Sabemos qu o tempo € apenas um dos seus nome, séntic 20 Sex E€ notivel que ¢posa chamar de “sujet, sem ter nada concedido 3 Biagio caresina, ea identidade, Pot sr sj & “pensar o fora como tempo, sab condo da dba bi). ‘As conseqéncis, de alcance pote, da doutrins ds dob sto tlvezo que dsinguesmultaneamentea sua for orginal (para mim) 254s poue sed Por um ado, idemicivel memésia, adobe far prevalece, to centro de toda eriago ou ago, ou mesmo revels) uma flexivel infledo, ou eurvaturs, daquilo que o Uno conser Jnegralmente.A dobra fade todo pensamento um tag imanen- te do jal, e suse que toda novidade ¢ uma slegio em dobra 0 forse + dobre mn do pasado, Evidenement, ett de acordo com a dotins do reve reoro, da qual x dabra€ de xa fra ua vainte epiemolgi, que a mina sj tomar“ pasado a0 € presente fore, para gue scoteacnfim algo de novo" (F127) Como sbemos snc que todo comeyo sj um come «que se cxperimente'a mem como neceuiade do ecomego™ {is 115). Antngi exctema, podese dine mina, dtiads por Deleae is formas masradicdmente nova da ane, d pig, «da céncia ou do movimento das politeas nso poderis Facr-nos ‘xquecer que, sob a jursdigio do Uno, © pensamena do nove 0 merge na sn pate vital: passada, Ace mesmo se died que er necesito 1 Deleuze conhecer com uma curosidade paciente, trata como cats, acriagdes do seu tempo partexperimenta que clas nunca comegavam absolutamence, que também els, princi- palmente elas, dobras ¢ desdabramentos do Ser eram 2penas auto-afetaes do. Uno imutivel (imutivel enquanto perpéna mutase). Por outro lado, & preciso, 0 pensamento €idéntco 0 Uno; {que cle gj também exsencialmente uno. £ preciso que o pens mento sjaunivoco. Asim, nfo hd verdadeiramente penamentos, « definigvamente a filosofia, dada igualmente, como em Niets- the, nasa indscerivel companhera que €a are, a flosofia- arte pois, nica a maner a imanéncia ea levar até 0 fim o tajeto da Aluplaascese, metece plenamente © nome de pensamento. Seu isto € invatdvel: “Descobrimos novas mancias de dobrar como ‘nove envoltrias, mas consinuamoslebaizianos porque sempre se trata de dobrar,dendobvar, edobrat”(D, 189) = Ora, no posio decidir-me pensar nem que a novidade seja ‘uma dabra do passido nem que o pensar sea redutve 3 Blosoia, ‘ou a um dispositiv sinico do seu ato. F por so que conceiualzo comesosabsoluts (0 que exge uma teovia do vazio) e singulari- ddades de pensamento incompariveis em seus gestorconsituintes (6 que exige uma tcora,cantorians, da pluraidade dos tpos de infinito). Deleuze sempre afrmou que, a0 fazer iss, eu recala na mm Delewee transcendéncia © nos equvocos da analgia. Mas se, definitvs mente, pars que una rvolugzo politica, um encontro amoroso, luma invengéo das cigacias, uma criagio da arte possam scr pesados como infnitos dstntor, sob condicso de acontecimen- tos separadors incomensutivls, for preciso sacrificar a imanén- cia (o.que nie cio, mas pouco impores aqui) ea univocidade do Set ev 0 frei, Se pars levar até o eterno um desses raros fragmentos de verdade pelo qual o nosso mundo ingato (como qualquer outro) é de ver em quando atrvessado, for preciso Jimitarse & doutina mallarmaica do tago (o que também nio cio), cto faci. Se contra a ascee da dabra, for preciso sustentat {que fdeldade a um acontecimento é recolhimento militant, transtoriamente obscuro, ¢reduzida & sua aualidade, de uma mulkiplcidade genésica sem nenhum virual subjacent, ct © far Eu o fgo, Como dira Deleuze, para retomar imediatamen- te como eu 0 fio dos argumentos ¢ da vontade de seduxit, de ‘conquistar & uma questo de gost, Uma singularidade Para simar Deleuze, talverseja preciso apelar para a sua prépria ddoutrina das figuras de comunicagio entre uma singularidade dlisjunta ¢0 Todo, Patte-se das margens, do dagrama das Forgas mais etcito,pereorteseo "pequeno circuit", depois penetease nas virualidades mais eompésta, que So 20 mesmo tempo {que crculam e se interpenetram, segue-re 0 “grande crc stivare a meméria absouta,€ € como infest local do pasado ‘tio da filosfia que Deleuze aparece como uma fina pont, um ‘risa 30 mesmo tempo trnslicida e intemporsl, como as bos de cristal dos adivinhos. 1. Se filowofa tem como tarefs determinat no cancsito 0 ‘que se opée as opines, éverdade quea opinilo retorna, de modo ‘que exstem opines flossfca. Ela podem ser econhecidas pelo faxo de que compsem espécies de blocos referencias erotuados, «lisponives para quase coda operapioideolgic,¢ 6 entram em ‘grande dispura umas com as outrs (c é ali que se dstinguem os ‘omparsa) para modelar todas juntas, tuo de “debate, uma ‘epécie de concn mal-arumado. ‘Um dos sins da grandera de Deleuze € que, a despito do seu suces, ele permaneces inineorporivel aos principas blocos de opiniso, que organiza a vidinha parlamentar da profsso. Sem david, ele fi, entre 1969 ¢ 1975, 0 mentor dessa frag do esquetdismo que sé queria saber de maquinas desejantes de nu Detewse rnomadismo, de sexual de festivo delves aos lives palavias, de ido lives e de coos os espagos de liberdade, de comtestagio molecular fscinada pelos potentes dixpostivos molares do Capi- tal do arco das pequenssdiferengas.}édissemos basante para ‘que qualquer um compreenda crucial malntendid sobre o qual ‘epousava ess jurisdic transtéria, © fato de que Deleuze no ren feito nada de expicito para dssipilo se deve esa tara dos fildsofos, da qual nenhum de nés est sento,e que diz respeito a0 papel equivoeo dos dpudor Em regra geal, 0 discipulo & onguistado por mis eaxis, fel « um contra-senso, demasiado dogmitico na exposisio © demasiado liberal no debate. Ele sempre acaba traindo. Eno entanto, néso procuramos, 0 estim- Tamos, o amamos.£ quea flora, puro ato de plaves sem outro feito send interna (como dizi Althusser, 08 efeitos da filosofia fo extitamente filossficos), encontea alguma satsfigio nese farrap derealdade coletiva que lhe propse a corte dos dseipuos. Actecentemos que, mais do que nenhum outro, Deleuze era sensivel a eta destinasio da filosofla,notéria desde o process de Séerates conromper a juveatude. O que quer dizer arancila dos lugares e das afirmagGecs que toda cidade pré-forma, para al colocar a sa substisiio. Ora, édelicado, como todes bes, controlar que io seja pelo Lado ma de uma obra que progrid csi “cortupsio", que, a partic de entio, se eansforma no seu conttiio: © cinismo. Com eto, existe um deleuismo cinico, nos antipodas da sobredade eda ascese do Mestre, Isso no tem importiacia, O que importa é que, tomado na extrema direna dasa conseugio concitual, Deleuze permanece diagonal em relagio a todos os blocos de opini filosfica que slesenharam a paisagem inelectaal dee ox anos 60. Nao foi nem Fenomenologeta, nem estruturalists, nem heldeggeiano, nem importadorde “lovofia'aaltica anglo-saxi, nem neo-humanis- 1 liberal (ou neokantiano). O que também se pode dizer, no ‘sso velho pas, onde tudo époliieamentedecidido: no foi nem companhero de estrada do PCF, nem renovador leninist, nem profersdesoldo com 0 “reewa" do politico, nem morals doe dircitoe do homem ocidental esclaecida. Como todo grande filssofo, «em perfeta conformidade com arstocraismo do seu pensamento, com os cus prineipis netschianos de valiago da forgaativa, Deleuze constiuiszinko uma polaidade. "Neste petfodo toxmentoso (fim das guerras colonia, aul mo, maia de 68, eos anos vermelhos,restauragio mictrrandian, desabamento dos Estados socialists), Deleuze asoreriaflexi- velmente a diversidade da experiéncia em um aparlhamento que The permitia circular, peor subserrincos do virus, da cena pblica esquerdiss a uma espécie de soidioirdnia, sem ter que remangjar as suas categorias. O fato de que © Uno pudesse se dobrar segundo declinagdcs evenruss 20 aleance nomiéico slegrava, mas sem ue ele se empenassedemasiadamente: que o Uno pudesse se desdobrar segunda conjuntosfchados fortemen- te sedentiiosnio osurpreenda, Néo era homem de entusiasmos imempestivos e precios, nem de abdicages lists. De todas 28 filosofiae que contaram na Franga, durante as tésdltimas _décadas, sua écertamente, quanto ao fundo, aquela que a xapat Forcemente contratadas ds nose vids pica afetaram menos [Nem proclamagées nem arependimentos que ele nha apenat uma paisio intelectual auténica: a de proseguir 2 sua obra, segundo o método intuitivo e rgoroso que ee xara de uma ver por todss, Precsava ceramente da multipliidade infinita dos ‘ator que compéema vvacidade da épocs, ma principalmente da tenacidade incomparivel do seu tatamento uniforme, sob rerivel lei da nivocidade do Ser. E que seu bergsonismo sefinado dé, em hima andlise, sempre rizfo a0 que exis, A via torn possivl a mulipicdade dasavaliagbes, mas ela pris navaliével Podese dizer que nfo hi nada de novo sob 0 sol, pois tudo 0 que acontece é apenas infleio do Uno, retomo creo do Mesmo, Também se pode dizer que tudo € constantemente novo, pois © Uno %6 retorna indeinidamence, na sua contingéncia absolut, através da perpé- 6 Deteuse tua cragio das suse propria dobras.Definitivament,eses dois julgamentos sio indscerniveis. Apostaremos pois, sem que para fs ja necesttia outro Deus senio o de Spinoza (a Natura), ro de ‘no mesmo sentido que 0 cura da alia, no fim do Bernanot: “Que import? Tudo ¢ grag.” Que se deve pontuar: “Tudo” égrag. Pit o que hi no ¢ nada mais do que a graca do ‘Todo, usa aposta governou 0 admicivel estoicismo eriador de Deleuze, na desumana experincia do flego perdido, da vida paralsada ("eudo é grag’, e até mesmo morte) Ela esclaecia ‘Amanita obligua, embora tensa que ele ina de mist peripéciasinsttucionas ou colesvas, com o que eu gostaria de ‘hamar uma alegriaindiference ("que impor). Iso designa a poténcia da escola filosdies de Deleuze ‘Mas para alguém que, como eu, exclui que 0 Ser poss ser pensado como Todo, dizer que tudo & graga, & cxatumente fignficar que nenhuma grasa, nunca nos éconcedida Ora isso inerato. Interrupeso, suplemenc, néaté nds epor stem £208 fou evaneacentes,remos que Tes ser lngement Riis “Mas deixemos de ldo o liigo. Nessa sequéncia (cut) da nossa histéra filosfica, certamente houve apenas (ainda hi apenas) duae questoes ria: ado Todo (ou do Uno), ea da graga (ou do acontecimento). Foi e-as obstinadamence enfrentado, sob as expécies do par eterno terorolacaso, 0 que fer de Delewze tum grande pensador contemporineo. 2, Consideremos agos o segundo clreulo, o da flosofia na Franca, na esala do século. Ua visio ordenada eracional do seu devir &, na maioria das vezes,impossiblitada pela conina de Famaga dos enfieramentos ente blooos de opinito. Entre mar- samo ccxstencilismo, entre estruusalismo ¢ humanismo, entre cepistulismo mateilismo, entre “nova” filosofa revolucio- ‘iris leninistas, entre personalsas crstios e progresisas egos centre adeptos e adversiios da “vieadalingsia", entre analitica { hermengutca, come constiuir um mapeamento sgniistive, Un snguardade uw aque disponha conceit mais do que figuras, filocofia mais do que filorofemas? Digamos que « hisérie deste pesiado & comandada pela reunito de dois nomes préprios: Bergeon e Brunschvicg. De um lado, aintuigio concreta do tempo, conduzida até uma metafses 4a toralidade viva. Do outro, aineuigio intemporal das idealida- des matemitias, condusida a6 uma metafisica da Razdo criadora. De um lado, uma fenomenologia metaforzante da mudanga pura, Do outro, uma axiomtica historizads da constrsio dat verdadesetenas. De um lado, uma depreciago do abstata como simples comodidade instrament, do outro uma apologia da Tea como construsio em que o pensamento se revels asi mesmo. De um lado, uma exalagio da coincidéncia dindmica com 0 Aberto. Do outro, sina desconfanga onganizada contra tudo 0 {que nio é especfcivel como conjunto fechado, do. qual um Eases dois grandes edificios especulativos inham uma tal solides que a progrssva penetragso na Universidade francesa dor grandes textos alemies (Hegel, Huser, Heideggee) se fer mais por incorporasio 3s duaetradigBes dominantes do que por uma verdadeira “sada” dsjuntiva. Dois exemplos impresionantes: Albere Lautman dew uma interpretagio de Heidegger complete mente singular, que o toxnava homogéneo ao platonismo mave- ratizante que Laucman herdow de Brunschvieg. E Sartre le “Husser de tal manera que modelou,a parti da eoiaintencional da consciéncia, um concsto de liberdade metafscamenteiso- rmorfo 3 vida bergsoniana, 2 tal ponto que 9 oposigio entre fechado eaberto ainda rege, do comego ao fim, a Cie de alo daltca Deleuze teve © imenso mérito de assumir e moderizar filiagio bergsoniana. Com uma soberana indiferenga plas modas “scesivas, que disfirgavam sua aparéncia tadicionl sob os enfe- tes de uma importagio berrante, confrontou os operadores de Bergson com as produgies concreas do noso tempo, arias, centiies ou polities, Expesimentou-thes a abilidad ineitiva, ‘0s ansformou ecomplerou quando, submetidos 20 casos, isso se roveliva necessro. Principalment, ciou Bergson daquilo a ‘que se expusera demasiadamente: a ecuperagso das injungBes do [Aberto pelo eipisitulismo cristo, ¢ 0 sjuseamenco da sua visio cfamica a alguma tcleologa lobal, da qual o padre Teilhard de Chardin fai durante cero tempo o arauto. Pedernos pois diet aque Deleuze, completamente solitirio, vou a bom termo, sm ‘concesioalgums, um impressionante empreendimeaco de lac ago integral do bergzonsimo, de confiontagdo dos seus conce tor com 2 ponts extrema das ciagbes do nosso tempo. Ao fazer isso, consti a mais ida arsagem contra 0 que nos ameaga: a ppenctasio hegeménica ds escolisica anglo-sad, tendo como ‘porter conjantos, do lado da epistemologia, a lgica da lingua- ‘gem ordindsae, do ado da pragmatic, a moral psslamentar dos ditcitos.A tudo isto, a obstinadssutleasdeleusiana opde usm nom poss inapevel (© problema & ceramente que esa baragem ¢ exterior, por ro sustentar os dieitor resis do absteato. Supondo-se a ite- rioridade da intigio Ss madangas imanentes do Uno, ela no pode evar uma constantedepreciacio da esabildade conesitual tna ordem da teoia, do equilibria formal na ordem da are, da consisineia amoroia na ordem existencial, da organizagio na fordem politics. Por mais eedutoras que sjam a cintlages da andlie concreta, por mait tentados a entegar at armas que possamos ser, quando todo objeto € progressvamence dssovido pela forte mare da atualiagso, da qual ¢ como um vestigio na aia, & certo que todo edificio ¢ vulnerivel is poténcias de

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