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Politica de governo para o desenvolvimento sustentdvel:.uma introdugao ao tema e a esta obra coletiva CLOVIS (CAVALCANTI) 1. Introdugio Este livto retine a maior parte dos trabalhos escritos para o workshop sobre “Meio Ambiente, Desenvolvimento e Politica de Governo: Bases para a Construgdo de uma Sociedade Sustentével no Brasil (Levando em Conta ‘a Natureza)", do qual fui coordenador e que teve lugar em Olinda, Pemambuco, em abril de 1996. Tal encontro, sediado pelo Instituto de Pesquisas Sociais da Fundacio Joaquim. Nabuco, pOde realizar-se gragas 20 apoio que lhe foi proporcionado pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hidricos e da Amazénia Legal (MMA) ¢ pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis (IBAMA). Sua crigem remonta a uma conversa longa que tive ett julho de 1995 com o Ministro Gustavo Krause — titular, desde 0 inicio do govemno do Presidente Femando Henrique Cardoso (janeiro de 1995), do MMA — acerca do tema dda sustentabilidade, quando pude expor aquela autoridade a visio (termo- dinmica) da economia ecoldgica sobre a questiio do desenvolvimento sustentivel. Recebi na ocasio, do senhor ministro, a incumbéncia de promover uma reunido de trabalho em que pesquisadores que estio na linha 21 de frente das discussbes sobre 0 assunto trocassem informagao © perspectivas distintas_sobre_a sustentabilidade) inserindo seu intercdmbio na. 6ptica da ‘formulagio de politicas para a construgio de uma sociedade sustentével no Brasil (que leve em conta a dimensio da Natureza). Aceitando 0 encargo, ‘convidei certo niimero de pessoas, 27 das quais responderam positivamente A convocago que Ihes fiz, ¢ se dispuseram a escrever um texto para debate no workshop, de acordo com regras estabelecidas pela coordenacio.’ (© presente volume compreende, além deste primeiro capftulo, 23 dos papers produzidos conforme as regras estipuladas, os quais esto inclufdos aqui em fungao de terem se ajustado de modo mais preciso aos critérios gerais para a organizagio do livro. Isto, de forma alguma, diminui a relevancia do que esté contido nos trabalhos que nao fazem parte da coletinea (ver as referéncias no final do capitulo) — os quais abordam (i) problemas especificos da lavoura de arroz no Uniguai e Rio Grande do Sul (paper de Guillermo Scarlato), (ii) a experiéncia de construgdo de ccontas nacionais “verdes” do Chile (Marcel Claude), (ii) questdes metodo- légicas e conceituais da contabilidade nacional de base ecolégica (Erik van Dam) ¢ (iv) uma pauta de politica para uma sociedade democratica, igualitéria, eficiente e sustentavel (Eduardo Viola). Por tris da ampla diversidade disciplinar e de perspectivas te6ricas dos textos do workshop e dos que figuram nesta obra coletiva existe, ~ portanto, um fio condutor, que os unifica de certa forma, qual seja, a «| preocupagdo com a formulagao de politicas piiblicas para o desenvolvimento sustentdvel. NAo se trata de listar regras ou oferecer receitas para se atingir ‘a sustentabilidade — até porque, no mundo complex das sociedades hhumanas, cada situago, desde a de um grupo indigena vivendo remotamente na Amazénia até 0 modelo de vida modema dos Estados Unidos, tem seus roprios desafios, que é preciso compreender antes de se propor qualquer coisa. Entretanto, isto néo impede de se pensar em princfpios, de se buscarem teferéncias, de se construir um arcabougo de consideragSes para a orientago do processo de tomada de decisdes.no mundo real, levando em consideragio ‘a natureza (atividade no necessariamnente restrita apenas ao plano gover- namental). Pois foi exatamente essa busca de referencias para a sustenta- 1 0 evento, em ordem alfabéica: Alpina Begosi, Celso Sekiguchi, Cutler (Cleveland, Daniel Hogan, Darell A. Posey, Denis Goulet, Eduardo Viol, Ek van Dam, Frank ‘os, Franz Josef Brseke, Fula Sheng, Guillermo Searlato, Hans Binswanger, Héctor Leis, Herman Dily, Joan Marinea-Aller, KarGEk Eriksson, Marcel Clie, Maria Licia Leonardi, Pedro Jacob, Peter May, Philp Fearside, Ricardo Toledo Neder, Richard Norgaard, Robert Goodland, Salah BI Senay © Sérgio Trindade. 22 \ bilidade que constituiu a motivagio do workshop, € € ela também que dirigiu a preparagio do livro que aqui chega as maos do leitor. Percebe-se em muitos quadrantes da ago do homem que 0 mundo enfrenta hoje uma encruzilhada critica. Modos de organizagio econémica predadores dos recursos finitos da naturezarevelam:se cada vez mais insustentaveis, porquanto, no Ambito da realidade biofisica, sobre que se aapdia a economia, s6 pode durar indefinidamente aquilo que se comporia {e acordo com os principios de funcionamento da biosfera (dentre os quais ‘desponta o da frugalidade). Olhando para a paisagem do mundo real, em “que um ecossistema finito abriga uma economia cada vez maior e acolhe ‘iimeros de pessoas que crescem exponencialmente, € que se reflete sobre fo tema da sustentabilidade, sobre 0 desenvolvimento — como dizem os franceses — durable. f. generalizada no discurso atual a alusio ao desen- volvimento sustentivel, sobretudo no rescaldo da Rio-92. Dé-se ao tema, imuitas vezes, porém, um sigi que contradiz. sua propria esséncia, transformando-o em auténtico @ximor) FE aqui que a ciéncia deve ser convocada para explicar o significado da idéia e indicar as sérias implicagSes que dela decorrem. Com tal bissola, voltada para a construg3o de uma sociedade sustentével no Brasil que considere devidamente a mie-Natureza, syt&® levou-se a efeito o workshop de Olinda, do qual resultou um relatério — Fevonusbate 1A dueplidade <2 & quaiidade de wr Saag » ceupoate, pruded, ou que se esta transformando igualmente em livro —, além desta coletanea de trabalhos ora apresentada, ‘Uma visio compreensiva dos temas abosdados nas discusses do workshop € oferecida, a titulo de introdugo geral do presente volume, no restante deste capitulo, comecando com as motivagSes basicas dos questio- nnamentos acerca da sustentabilidade (se30 2), seguindo (seso 3) com as ~coordenadas de politicas pablicas para a sustentabilidade, e culminando (Geedo 4) com a caracterizagio de iniciativas para chegar-se ao desenvol- ‘vimento sustentével. Uma sesio final, a de niimero 5, apresenta conclusbes. ‘Obviamente, o panorama oferecido neste capitulo reflete a compreensio do autor, néo pretendendo representar seja uma impossivel unanimidade dos patticipantes do workshop ou mesmo uma tendéncia predominante entre eles com respeito aos t6picos estudados, + 2. Preocupagies basicas Como pais em desenvolviment (“mercado emergente”, no jargio atual), é evidente que o Brasil deve prestar mais atengio a ‘principios de adequada gestio de seus recursos naturais. Mais do que isso, © pais. tem movexneke antnionta ig B pandemic y drive vo Jo de yteurrar de anda» forme ay - see die, anbarawrente ox Yo, ea luo 200 Den 60 v ! | k de conceber formas de promover bem-estar humano sem aceitar que seu ‘capital natural” sejau8ido “ou degradado coirio se valesse quase falo, © Brasil enfrenta o desafio de litar contra a pobreza fazendo simul- taneamente uma correta consideragao dos custos ambientais envolvidos como “quer de utilizagio cuidadosa da base biofisica, ambiental da economia, quer i uma reorientacéo na maneira como os recursos da natureza so empregados © 08 comrespondentes beneficios, compartilhados. O problema estratézico aqui consiste em encontrar um fluxo metab6lico (ou um throughput) {'sustentdvel, que possa elevar o bem-estar societal sem’ causar danos as “flanges e servigs ambient. Ea outraspalavra a a 86 esti logue a quaeade-do Dele abe) OS (guar a gull ti Datars wate efeitos . significa gt icar (ou igir) crescimento econémico, reconciliando Progresso material com a preservagio da base natural da sociedade ©, Binswanger, cap. 2, adiante). Sustentar 0 fluxo metabélico de recursos de <* Baia entopia que se convertem em matéria ¢ energia de alla eagle w= floxo esse que consti a esséncia do processoecondmico (GeorgescRecgon, = 1971) — implica investir no aumento da produtividade do capital natural, impedindo fma exploragio ruinosa de recursos naturais e mantendo. suas capacidades de regeneracio e absorcio. Implica também que o ecossistemal, deva ter uma biomassa estdvel. Para ser sustentivel, o Processo de desen- volvimento tem que imitar os processos da naturcza tanto quanto possivel=>°~_, incorporando as coordenadas da homeostase, da sobriedade © de méximos: f “rendimentos com eficiéncia ecolégica no interior de seu arcabougo —- = adotando, numa palavra, os principios de uma “economia conservativa 5 (Branco, 1989, p. 90), nWQ~ {Uma politica comprometida com a sustentabilidade tem que desencorajar) * aguilo que cause ameacas a satide de longo prazo do ecossistema,e A base biofisica da economia, tal como ineficiéncia, lixo, poluigo, throughput, uso 2 & excessive ow garimpo de recursos renovéveis, dissipagio de recursos esgo- © © taveis ete,/Opostamente, ela tem que impulsionar aquilo que é desejado, 3 ‘como sucede com renda real, emprego, bem-estar, um ambiente limpo, uma 3 5S. Throughput & « wansposjao ou wansfhixo de'recursos (de puts para ouputs) no 2. processo econdmico, wansposgdo essa que consia da entrada de matériae energia de baita [= _enwopia © da saida final de matca e energia de ata entopia, Esta € a visSo termadindmice do Drdcesoo econdmica, intodurida por Georgescu-Roegen (1971). Oxirio Viana, obsevador. do | workshop de Olinda, em comunicapSo pessoal, supete 0 termo, por ele cunhado, “tansumo™ para ‘aplar © sentido de throughput ~ N“N \ paisagem bela, seguranga pessoal, um uso balanceado dos recursos natura (incluindo.ar e 4gua).e assim por diante’ Isto pode ser alcangado mediante © sistema tributério, fazendo-se com que a carga de impostos seja deslocada das coisas mais desejéveis para as menos desejéveis (Binswanger, cap. 2; Daly, cap. 11; Goodland, cap. 17 deste livro); pode ainda ser conseguido introduzindo-se dispositivos no mecanismo de mercado (como o principio do full-cost) que protejam o meio ambiente e efetivem seu uso de maneira ‘mais prudente. Impostos de indenizagdo (severance taxes, em inglés) poderiam ser igualmente cobrados quanto a recursos nio-renoviveis (pagando-se por seu desaparecimento), como, por exemplo, no caso do manganés do Amapé, ara fazer com que a sociedade compense monetariamente a perda do capital natural. Todas essas medidas, obviamente, equivalem a uma inter- feréncia na forma como 0 mercaco opera. Elas se justificam pelo fato de que 0 mecanismo de prego possui um viés contra a natureza e nio reflete 8 escassez © 0s valores que lhe corresponderiam no futuro distante (Geor- gescu-Roegen, 1974), exigindo, dessa forma, que o Estado lidere o mercado em lugar de segui-lo, como atualmente (Jést et al., cap. 7, adiante), Em alguns casos, na realidade, pode-se tomar 0 mercado mais tealista através da remogio de subsfdios que encorajam uso exagerado do capital natural. © exemplo do aluminio produzido com energia atificialmente barata de Tucuruf € certamente uma ilustragio da necessidade de mais realismo 20 lidar-se com recursos naturais. Outro exemplo andlogo € 0 estimulo oficial ara a criagio de gado na Amazinia a custa de destruigio da floresta, ‘como ocorreu até hd pouco (Fearnside, cap. 19 deste livro). . [Um aspecto das polfticas” de governo voltadas para objetives. de sustentabilidade que merece atencdo especial 6 0 tratamento’a ser dado a habitos de consumo e estilos de vida: De um lado, niveis éxcessivos de © consumo de bens e servigos (pelos ricos, é claro)’ devem ser contidos. De ‘outro, a persuasio para que se consuma mais e mais de cada coisa, nutrida pelos meios de comunicagio (a televisio, sobretudo) deve ser revista € posta dentro dos pardmetros de prudéncia ecolégica indispensiveis para a sustentabilidade, Isto requer a tareia muito dificil de se influenciar o lado da “demanda (caso do rodizio de automéveis na Regio Metropolitana de So Paulo, introduzida em agosto de 1996, com bons resultados em termos de desafogamento do fluxo de vetculos) para que 0 consumo caia — 0 que, de qualquer modo, € uma providéncia que tem que ser contemplada 6.0 chamadoful-cost principle consis em aaliarem-se todos 0: Onus, visvese invisivels, Brvados © sociais, de wma atvidade, nfo dexando de lado as chamadas externalidades (como & Plug, 2) 31 numa perspectiva de longo prazo (afinal de contas, a sustentabilidade implica mudangas de estilo de vida para se assegurar a manutengio do. capital natural. Para atingirse um mundo sustentivel, o lado da demanda no ppode permanecer intocével. Um sistema de penalidades ¢ incentivos deve ser delineado (Goodland, cap. 17 deste livro) de modo a que as pessoas (J) andem a pé, de bicicleta ou usem o transporte de massa mais do que © automével individual (que concentra recursos e € muito mais poluente); (2) abram as janelas e adotem arquitetura apropriada mais do que se sirvam dos condicionadores de ar (que sio conversores muito ineficientes de energia’); (3) reciclem mais do que empilhem lixo (re-uso de envelopes, v.g.); (4) procurem durabilidade mais do que obsolescéncia; (5) optem por dietas a base de gros mais do que & base de came (que concorrem para a ineficiéncia energética e sio menos igualitérias); (6) cultivem a terra em lotes de agrofloresta para produzirem alimentos, no lugar da comida menos produtiva do agribusiness; (7) evitem primeiro’ os danos da poluigio e da sujeira, ao invés de fazer seu tratamento; (8) prefiram crescimento traba- Iho-intensivo, que custa ambientalmente menos do que a variedade capital- intensiva; (9) recorram mais e mais a energias renovaveis; e (10) promovam 0 uso dos recursos renovaveis em uma base sustentavel. E necessério salientar aqui o fato de que a sustentabilidade nio pode fazer vista grossa de suas dimensdes sociais e econdmicas, a despeito do feito de que ela € govemnada por princfpios biofisicos, tendo, desse modo, uma significagdo ecolégica inevitavelmenté forte.® Isto € sobremodo televante ‘NO que-tange ao tema da exclusio social, causada por fatores estruturais que tendem a tomé-la ainda mais cristalizada (Neder, cap. 15 deste livro). Todavia, a simples tentativa de superar a exclusio’ social por meio das politcas tradicionais de desenvolvimento parece inapropriado, no sentido de que um proceso de desenvolvimento qué” nO possa ser saudavelmente sustentado ndo representa um meio confidvel para que se derrote a exclusio mesma que ele pretende vencer”yA ltima deve ser referida as estruturas socioeconémicas (apoiadas por fatores sociopoliticos que as institucionalizam) que fazem com que a economia funcione mal em termos da harmonia social.|Esta € uma situagdo que exige intervencio nos fundamentos econé- micos, sociais ¢ politicos da exclustio como_tim componente _da_estratégia ‘Para_a” sustentabilidade. {Por conseguinte, ousideragbes_ambientals] devem 7. Embora o ar condicionado seja (aparentemente) uma coisa desejével nos tdpicos, sua inefcinte conversio de energia (ver Commoner, 1976) faz com que seu uso amplo Sea quase uma impossibidade 8. "A sustenbildade ambiental € um concelto rigoroso, universal ¢ nfo-negocisvel e de orma alguma, €subjetvo™ (Goodland, cap. 17, sane). 32 do ser misuradas com propostas deleqidade socal Yedids para a geagSo de emprego e renda’sio indispensaVeis neste contexto), eficiéncia econdmica ‘Cctblidoddpottica, Em qualquer eieansincaformulaglo de pollicas para a sisenabilidade em todos os setores_da_agio_govemanental 36. apoiat-se, primeiro, em critérios biotisicos de uso sustentdvel di natureza, ‘combinados com instrumentos para a corregao dos desequilforios socioeco- ‘niémicos €*a promogdo do bem-estar da opulagdo,(No Brasil, a referéncia moldura ecoldgica da sustentabilidade tem sido’ até hoje mais retérica que efetiva; 0 governo € ainda dominado em seu ntcleo central por uma visio clissica do desenvolvimento, a qual confere suprema importincia, exemplo, aos ministérios da fazends, planejamento, transporte e energia, seguindo recomendagées tradicionais dos conselheiros econémicos. ‘A. internalizagio dos custos embientais pode ser feita tanto pela teibutagéo quanto pela eliminagio de subsidies que induzam,a utilzasio dos recursos naturais. Deslocar a base de impostos do valor adicionado para aquilo a que valor se adiciona corresponde a elevar-se 0 prego efetivo do fluxo de recursos naturais proporcionado pelo capital natural (Daly, cap 11 deste livro). Isto, por sua vez, leva a um uso mais prudente da natureza (© mesmo pode ser afirmado no’ que concerne ao prego da energia,-o qual pode ser elevado por um imposto que promova conservagdo e mais eficiéncia nas transformagies energéticas (Binswanger, cap. 2). Tomar mais dispendioso ‘0 uso de materiais € energia em geral pode ter um efeito positivo quanto A reciclageim,.contrabalangando assim a tendéncia a descartar materais d2 modema sociedade industrial, cuja dependéncia do. produto descartivel — de que 0 microcomputador € um parente muito préximo — é tio grande que © bidlogo Samuel Murgel Branco (1989, p. 94) julga que, para muita gente, “a maior virude de um produto industrial é ele poder ser jogtdo fora” (rifo seu). Da perspectiva do desenvolvimento sustentével, descartar — que significa empilhar lixo mais e mais — € algo que tem de ser 0 mais reduzido possivel. Encarecendc-se a gerago de lixo, via um tibuto ou outra forma de desincentivo, uma receita. pode ser simultaneamente obtida para fins de promogio social ou protegio ecolégica. Desde que o capital da natureza € 0 fator que limita 0 process0 econdmica (afinal de contas, a economia & sustentada fisicamente_ pelo ecossistema), a preocupacio priméria de politicas sustentéveis deveria set com a maximizagio da produtividade do capital natural no curto prazo © com 0 aumento de sua oferta no lorgo (Daly, cap. 11). Investir no capital natural, de fato, € o meio mais seguro de tomar duravel 0 funcionamento + da economia — e seu desenvolvimento: Isto ndo € exatamente 0 que @ Blobalizagao e o live comércio tendem a éngendar, porquanto a concorréncia 3 por ay ‘nos mercados mundiais conduz a uma baixa dos padrdes de protegio ambiental ¢ dos pregos dos recursos naturais, o-que, por sua vez, produz ‘mais dissipagio e sujeira. O aluminio de Carajés € um caso ilustrativo. O ‘comércio livre, por outro lado, tende a fazer com que fiquem fora do ‘efleulo econdmico as externalidades associadas a deplegio e degradagio. s custos ambientais ndo entram na formagio dos pregos das mercadorias ccomercializadas, 0s quais vio depender tio-somente das quantidades trocadas nos mercados,? possuindo um forte viés contrério & natureza. Algo semelhante ocorre quanto a politicas de ajuste estrutural, que sio implementadas, muito freqlentemente, sem consideracio dos seus im- actos ecol6gicos © perdas ambientais. O meio ambiente é mesmo tratado fem alguns casos como um impediment a0 crescimento acelerado do comércio: Uma_politica de liberalizagio com um arcabougo frouxo de regulamentagao ambiental pode ser um instrumento de dumping ecol6s coh € de excessiva utilizagio do patriménio comum (May, cap. 18), duas coisag ‘incompativeis com politicas pablicas para a sustentabilidade>Um pais como 6 Brasil tem de possuir instrumentos capazes de direcionar 0 comércio, a finanga privada estrangeira e a integragio nos mercados globais com vista aos objetivos de desenvolvimento sustentavel e preservacio do capital natural E verdade que 0 impulso de globalizacio domina a arena intemacional Hodiemamiénte mas isto pode ser apenas um modismo, se se pensa nos ‘eustos-ecoT6gicos ocultos da globalizagio, que, mais cedo ou mais tarde, virdo A tona (Daly, cap. 11). Certamente, 0 meio ambiente — ao prover fungdes de apoio & vida — € o fator que, no longo prazo verdadeiro, deve ditaz 0 que se pode fazer. A integraco no mercado global deve ser avaliada, _, Poranio, em temas de suas impicagbes ecologies, dos costs associador a pegada deixada pela forma como os recursos naturais sio explorados. Isto ndo é dito para se negar 0 fato de que as economias nacionais se encontram hoje crescentemente interdependentes e podem beneficiar-se dessa integrago, mas como um lembrete de problemas ambientais cada vez mais amplos e severos que podem estar se acurmulando para os anos vindouros ‘como resultado de préticas que nio intemalizam certos custos reais.|A ‘sustentabilidade 6 ferida na medida em que os sinais de prego dos mercados ‘mundiais nao mtermalizam custos ambientais;Em outros termos, a natureza “do” pode ser deixada sozinha sob 0 controle do mercado. A ‘interven¢ao 9. Mastativo desse quado € recordar & queda de 165 no prego mundial do cobre em junho de 196, devido simplesmente a tvidades criminosae de um importante negoiader (wader) 60 Grupo Sumitoma, jaonés (The Economist, v. 339, n. 7971, 22-28 jun. 1996, p. 69-7), enquana © falo de que o cobre seja um recurso em (lena) extingio nfo pesa na determinasio. de teu rego. 34 Da xy \ _Soveramenal € equeridaagu park gus inetam os eustos ecoldgioos \\ ‘08 de extragao, produgao e deplecao. ine ca ROTOR TO eR dos ince 3 -preditos cometviahaiv ~€ pire estabelecer-se um sistema itis que tenham base no merCado (Reed, 1996) ‘A politica de governo para a sustentabilidade deve conter medidas para estimular aqueles setores que efetivamente adicionem valor, contribuindo menos para a deplecio © degradagao. Claro, a identificagio de tais setores cexige mais investigago, porém uma possibilidade existe, por exemplo, com respeito 40 ecoturismo (que também gera emprego), desde que cuidados adequados sejam tomados no que toca ao meio ambiente (€ a cultura local), para que se evitem situagbes como a que se pode encontrar, por exemplo, na regido da catarata de Vitéria (rio Zambeze, entre Zaire e Zimbabue)"® e-em muitas partes do Brasil.(m passo deveria ser tomado também pela politica de govemo para que se estabelecesse um arcabougo de monitoramento € certificagdo dé obedignicia a noimas de protec ambiental © de adequada exploragao dos recursos naturais pelos setores produtivos: (May, cap. 18, adiante):;Tecnologias ambientalmente sis, do mesmo modo, deveriam ser 4e alguma forma premiadas. E iniciativas atribuindo prioridade ao transporte de massa e a0 uso da biomassa como combustivel so fundamentais dentro do escopo do desenvolvimento sustentével. © programa do alcool combustivel no Brasil deveria ser contemplado dessa perspectiva € no somente por meio de uma fria comparagio do lcool de cana com petréleo — embora 0 primeiro dependa em grande medida do segundo para sua produgdo (Seva Filho et al., 1995). O Brasil € pioneiro no campo dos biocombustiveis e tem ganho experiéncia em substituir gasolina por dlcool. Mes necessita-se de mais pesquisa para que avance a tecnologia do uso da biomassa como carburante. Se for tolo insistr-se em no usar petréleo, pelo menos é preciso pensar em alternativas para sua necesséria substituigo em algum momento. E 0 compromisso com 4 sustentabilidade aponta inevitavelmente na direcio de fontes renovaveis, como a radiagio solar e seu produto, a biomassa. No caso da cana-de-agtcar, € conveniente considerar os impactos ecol6gicos associados & sua produg3o € transformacio em alcool. mas este € um desafio com que $6 se pode lidar propriamente por meio de pesquisa e desenvolvimento. E absurdo, a qualquer titulo, avaliar os custos ¢ beneficios econdmicos do élcool com- bustivel simplesmente a base dos precos atuais, insustentéveis, do petréleo (que, de qualquer forma, tém aumentado palpavelmente nos siltimos tempos no mercado mundial do produto). 10. Ver revista Time, ¥. 148, a. 1, 1° jul. 1996, p 36-37, 38 ‘\ kA ‘A sustentabilidade do desenvolvimento pede que os servigos ambientais sejam preservados. No caso brasileiro, alguns desses servigos (conservagao da biodiversidade, armazenamento do carbono, ciclo hidrol6gico) da floresta tropical poderiam ser transformados em um fluxo de tenda por meio de sua venda a beneficidrios seus ao redor do mundo, que estivessem querendo pagar por eles (Fearnside, cap. 19). Isto deveria ser parte da politica de governo ¢ da agenda do Brasil para negociagdes intemacionais. “Se se acredita ou no que valha a pena gastar dinheiro para proteger-se a biodiversidade, basta saber que muita gente no mundo cré que isso seja importante” (idem), permitindo assim que se concebam meios para converté-la —e a outros servicos ambientais — em uma fonte de renda que poderia ser usada para propésitos de desenvolvimento sustentével na Amazénia no resto do pais. Esta é uma solugio muito melhor para solicitagdes de explorar-se a floresta do que vender madeira de lei a pregos aviltados ou derrubar rvores indiscriminadamente para a expansio das fazendas de gado ‘ou para cultivos precedidos de queimSdas. E claro que continua subsistindo aqui a questio de como atribuir valor monetério & natureza e a seus servigos. ‘Mas a altemativa & ver a floresta ser tratada como instrumento de Iucro privado, imediatista, Merece ser citado nesta altura que a Amaz6nia constitui a siltima grande floresta tropical remanescente no mundo. Na medida em que 0s beneficios da biodiversidade e outros servigos ‘ecolégicos sejam, mais do que locais, globais, isso pode ser uma oportunidade para que 0 Brasil desfrute de poder de monopélio quanto a fazer acertos com vistas & preservagao da floresta ‘Um, importante aspecto da busca de sustentabilidade € o tratamento a ser concédido ao problema demograficd. Seguramente, politicas devem ser cconcebidas para impedir © crescimento explosivo do mimero de pessoas ou para estabilizar a populago. Mas no Brasil a questio nio é tanto a 4quantidade de habitantes (0 ritmo de aumento populacional tem decrescido sensivelmente nas tltimas duas décadas), mas 0 fato de que a nio-solugdo da questio agréria e a migrago intema causam sérié estresse nas grandes reas urbanas ¢ regiées metropolitanas. E 0 meio ambiente urbano, com seu feixe de males (gua polu‘da, esgotos nfo-tratados, inadequado langamento de lixo, habitagio miserével, violéncia), que suscita preocupagig especial ‘em termos da qualidade de vida dos pobres (Hogan, cap. 21; Jacobi, cap. 22 deste livro)./A. violencia é séria nos bairros de baixa renda das cidades © muitos individuos vivem af em situaglo infra-humana. Isto requer politicas sociais que possam ser ajustadas ao arcabougo geral da sustentabilidade, ‘com respeito a qual o nimero da populago como tal ndo representa uma ameaga assim to grave. A’desaceleragio de sua expansio deve ser contada inclusive como um fator favordvel para facilitar tentativas de sustar € 36 ere reverter a degradagdo das cidades brasileiras (0 que, deverse ressaltar, nfo ‘ocorrerd automaticamente, mas apenas como resultado de polfticas deliberadas aque tém que penetrar de modo profundo nas estruturas societérias). Uma palavra final sobre politicas para a sustentabilidade tem a ver ‘com reforma institucional. De fato, as insttuigdes sociais ‘existentes, que favorecem 0 efémero contra 0 duradouro, as tendéncias homogeneizadoras da globalizagdo em lugar da diversidade (tanto biol6gica quanto cultural, que sio bésicas para a evolugio), uma atitude de laisser-faire concemente ‘40 meio ambiente em oposigao & fixagdo de limites biofisicos, e assim por diante, devem ser ajustadas aos requisitos da sustentabilidade, Novas insti- tuigdes so exigidas para a conservacao dos ativos naturais, para encorgjar 1 regeneragao dos recursos renovéveis, para proteger a biodiversidade, para zerar tecnologias mais ambientalmente benignas, para promover estilos de ‘vida menos intensivos no uso de energia e materiais, para manter constante capital da natureza em beneficio das geragdes futuras (Norgaard, cap. 5. deste livro), para proteger © saber dos povos indfgenas e tradicionais, incluindo seus direitos de propriedade intelectual (Posey, cap. 20). Novas formas de regulagao democritica e uma nova versio de economia mista, diferente da neoliberal, so possibilidades que devem ser contempladas Certamente, para engajar todos os setores da sociedade na perseguiglo de um tipo de desenvolvimento sistentével, eqhitativo, economicamente eficiente e polticamente viével, pelos menos trés parimetros deveriam ser considerados para fins de reforma institucional” (1) ediicago (Jacobi, cap. 22; Leonardi, cap. 23 deste livro), (2) gestio participativa (Sekiguchi, cap. 24), © (3) diflogo de stakeholders ou partes envolvidas (Leis, cap. 14: Trindade, cap. 16). Escolhas ecologicamente corretas podem ser efetuadas por um processo de didlogo informado, de base cientifica, dos atores relevantes (stakeholders). A participagio contribui para elevar 0 envolvimento da populagio, criando no somente expectativas consistentes, mas um sentimento de responsabilidade quanto as escothas feitas. Ea decisio em relagio a0s direitos das geragées atvais diante das futuras.pode ser tomada, assim, com belizarentas éricos (Ganlet, cap. 4)emais, proprindos, dentro de um arcabougo de jutzos de valor claramente especificados. No Brasil, fa falta de didlogo de partes envolvidas éconspicu%, como se percebe na forma que 0 processo de negociagio ambiental vigente emprega no pais, ‘com estudos de impacto ambiental levados a cabo, por exemplo, apenas para justficar escolhas jé tomadas (Leis, cap. 14). Em suma, @ reforma, “institucional deve ser parte da poltica de governo para a sustentabilidade aE porsvar gues dal prning YOO, exp. 4). 3 5. Observagies & g de conclusio + ( Sustentabilidade quer dizer o reconhecimento de limites biofisicos ccolocados, incontornavelmente, pela biosfera no processo econémico. Esta [uma percepgdo que sublinha o fato de que a primeira (a ecologia) sustenta’ ‘9 timo (a economia), dessa forma obrigando-o a operar em sintonia com 8 principios da natureza-°O discurso oficial, entretanto, gira em tomo da idéia de que 0 desenvolvimento sustentével pode ser conquistado com crescimento infinito, desde que certas ressalvas de protego ambiental sejam observadas. Esta nogio difere muito da compreensfo de que o meio ambiente deve ser visto como a fonte derradeira de certas fungSes, sem as economia simplesmente ndo pode existir ou operar, ¢ cujos ritmos deter a velocidade do que pode ser feito. Para ser sustentivel, com efeito, 0 “sistema econdmico deve possuir uma base estavel de apoio. Isto requer que as capacidades € taxas de regenerago absorgo sejam respeitadas. Se no for’ assim; © processo econémico vai se tomar irremediavelmente insustentével. Uma estratégia de desenvolvimento sustentével é, portanto, necesséria para a formulagdo de politica que leve a natureza em conta ‘como um fator restrtivo, cuja produtividade deve ser maximizada no curto prazo, cuja disponibilidade deve ser preservada no futuro distante © cuja tegridade ndo pode ser deformada, ~ Para serem relevantes, as politicas de governo para a sustentabilidade tém’de ser capazes de redirecionar 0 curso dos eventos econdmicos de tal ‘mariira que as atividades que destroem capital natural ou dissipam recursos renovaveis, perturbando os correspondentes ecociclos, sejam freadas/ Por outra parte, as atividades que causarem pequenas perturbagées ou que preservarem fungGes vitais de apoio do ecossistema devem ser mantidas ou promovidas. O desenvolvimento sustentével deve assegurar que essas fungGes sejam transferidas sem dano as futuras geragées., A sustentabilidade no ser bt so cpl natal for vid, incepciando 0 ecssisema, 7h de gerar 0s servigos que permitam aos humanos realizar a satisfagio de suas necessidades,’ A nogdo de desenvolvimento sustentével representa uma aktemativa ao conceito de crescimento econémico, ido que, sc natureza, nada pode ser produzido de forma sélida. Ela mostra 0 que é possivel do ponto de vista puramente material, o que deve ser confrontado ccom’a aspiragdo de mais e mais riqueza que, na sociedade moderna de hoje, constitui © que € desejdvel. Possibilidades so dadas por fronteiras de produgio. A natureza deve ser a referéncia para a escolha da escala ‘tima das atividades econémicas que se contenham dentro daquelas fronteiras Evidentemente, 0 ponto preciso onde a economia se localizard depende de 38 jeuem ~ \ \ considerages morais atinentes aos interesses de geragdes presentes ¢ futuras (Norgaard, cap. 5 deste livro)Lf dever do governo.avaliar as preferéncias da sociedade em tal contexto e agir para colocar a realizago das aspiragdes, “da presente geracio ém harmonia com as aspiragdes de nossos descendentes. ~ "Nos demais capitulos desta coletinea, procura-se mostrar um roteiro para atingir-se 0 objetivo de uma sociedade sustentével, durdvel, ecologi- camente responsdvel — dever permanente de todas as geragdes, que precisam comprometer-se a legar as geragées que viro uma base biofisica para realizagio das atividades humanas, a qual garanta a capacidade de suporte 0 capital natural para uma qualidade de vida que nunca se deteriore Referéncias bibliogréficas BAER, Werner (1996). 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Trabalho para © workshop “Meio Ambiente, Desenvolvimento e Politica de Governo: Bases ara a Construgdo de uma Sociedade Sustentével no Brasil (Levando em Conta a Natureza). Olinda: Fundagio Joaquim Nabuco, abril (mimeo). NOUNG, Carlos Eduardo & MOTTA, Ronaldo Seréa da (1995). Measuring Sustainable Income from Mineral Extraction in Brazil. Resources Policy, v. 21, m2, pp. 113-125. 40 a= = ZA Fazendo a sustentabilidade Hans 1. Introdugio nceito de“desenvolvimento sustentavel deve ser visto como uma altemativa 0 Sonceit de erescimento economico, 0 qual ex asociado a Creseimento material, quantitative, da economia. Isso nao quer dizer que, ‘como resultado de um desenvolvimento sustentével, o crescimento econémico deva ser totalmente abandonado. Admitindo-se, antes, que a natureza € a base necesséria e indispensével da economia modema, bem como das vidas das. geragées presents e futuras, “desenvolvimento. sustentével_ significa ‘qualificar 0 crescimento e reconciliar 0 desenvolvimento econémico com a necessidade de se preservar 0 meio ambiente. evidente, contudo, que a sustentabilidade perfeita nfo pode ser efetivada, tendo em vista que os estragos feitos 20 meio ambiente, bem como a perda de capital natural, sio j& considerdveis. Mas 0 conceito de sustentabilidade pode servir para treat uma destruigdo mais acelerada dos recursos naturais. : Para mostrar que @ sustentabiidade € uma alternativa a0 crescimento ‘econdmico na sua percepedo comum, que & 0 crescimento quantitativo, desenvolverei um argumento em ts fases: + Tradugio de Luiz Eduardo Cavaleans; reviso de Clovis Cavatean. 4

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