You are on page 1of 123
‘07/08/2020 DEL 1002 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juri Os 002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969, Cédigo de Processo Penal Miltar (Vide Lei n® 13,964, de 2019) _(Vigéncia) Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aerondutica Militar, usando das atribuigées que Ihes confere © art 3° do Alo institucional n? 16, de 14 de outubro de 1969, combinado com o § 1° do art. 2° do Ato institucional n* 5, de 13, de dezembro de 1968, decretam CODIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR LvRo| TiTuLo | CAPITULO UNICO DALEI DE PROCESO PENAL MILITAR E DA SUAAPLICAGAO Fontes de Direito Judictério Militar Art. 1° O processo penal militar reger-se-a pelas normas contidas neste Cédigo, assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislagao especial que Ihe fr estritamente aplicavel Divergéncia de normas § 1° Nos casos concretos, se houver divergéncia entre essas normas © as de convengao ou tratado de que o Brasil soja signatario, prevalecerao as titimas. Aplicagao subsidiaria § 2° Aplicam-se, subsidiariamente, as normas déste Cédigo aos processos regulados em leis especiais, Interpretacao literal Ar. 2° A Iei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas express6es. Os térmos técnicos hao de ser entendidos em sua acepedo especial, salvo se evidentemente empregados com oulra significagao. Interpretacao extensiva ou restritiva § 1° Admitir-se-4 a interpretagdo extensiva ou a interpretagao restritiva, quando fér manifesto, no primeiro caso, que a expresso da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais ampla, do que sua intencdo. Casos de inadmissibilidade de interpretagao nd literal § 2° Nao 6, porém, admissivel qualquer dessas interpretagdes, quando: a) cercear a defesa pessoal do acusado; b) prejudicar ou alterar 0 curso normal do processo, ou Ihe desvirtuar a natureza; ) desfigurar de plano os fundamentos da acusacao que deram origem ao processo, nies ‘07/08/2020 DEL 1002 Suprimento dos casos omissos Art, 3° Os casos omissos neste Cédigo serao supridos: a) pela legislagao de processo penal comum, quando aplicavel ao caso concreto e sem prejuizo da indole do processo penal militar; b) pela jurisprudéncia; ) pelos usos e costumes militares; 4) pelos principios gerais de Direito @) pela analogia. Aplicagao no espago @ no tempo Art. 4° Sem projuizo de convengées, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as normas déste Cédigo: ‘Tempo de paz | - em tempo de paz: 1a) em todo o territério nacional; b) fora do terrtério nacional ou em lugar de extraterrtorialidade brasileira, quando se tratar de crime que atente contra as instituig6es militares ou a seguranga nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justica estrangeira; ©) fora do territério nacional, em zona ou lugar sob administragao ou vigilancia da forga militar brasileira, ou em ligago com esta, de férga militar estrangeira no cumprimento de missao de carater internacional ou extraterritorial; d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcagdes, e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou militarmente utiizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente; ) a bordo de aeronaves @ navios estrangeiros desde que em lugar sujeito & administragao militar, @ a infragao atente contra as instituigSes militares ou a seguranca nacional; ‘Tempo de guerra I1- em tempo de guerra: 1a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz; b) em zona, espago ou lugar onde se realizem operagées de forga militar brasileira, ou estrangeira que Ihe seja aliada, ou cuja defesa, protecdo ou vigilancia interesse a seguranca nacional, ou ao bom éxito daquelas operacdes; c) em territério estrangeiro miltarmente ocupado. Aplicagao intertemporal Art. 5° As normas daste Cédigo aplicar-se-do a partir da sua vigéncia, inclusive nos procassos pendentes, ressalvados ‘0s casos previstos no art. 711, e sem prejuizo da validade dos atos realizados sob a vigéncia da lei anterior. Aplicagdo Justica Militar Estadual Art, 6° Obedecerdo as normas processuais previstas neste Cédigo, no que forem aplicaveis, salvo quanto a organizagao de Justia, aos recursos © a execugao de sentenga, os processos da Justiga Miltar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e pragas das Policias e dos Corpos de Bombeiros, Miltares. TITULO I anes ‘07/08/2020 DEL 1002 CAPITULO UNICO DA POLICIA JUDICIARIA MILITAR, Exercicio da policia judiciaria militar Art. 7° A policia judicidria militar é exercida nos térmos do art. 8°, pelas seguintes auloridades, conforme as respectivas jurisdigdes: a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronautica, em todo o territério nacional e fora déle, em relagdo as forgas e érgéos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste cardter, desempenhem missao oficial, permanente ou transitéria, em pais estrangeiro; ) pelo chefe do Estado-Maior das Fércas Armadas, em relagao a entidades que, por disposigo legal, estejam sob sua jurisdigao; ©) pelos chefes de Estadc-Maior © pelo secretario-geral da Marinha, nos érgaos, forgas @ unidades que Ihes sao subordinados; d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos érgaos, férgas e unidades ‘compreendidos no ambite da respectiva agao de comando; e) pelos comandantes de Regido Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos érgaos e unidades dos respectivos terrtérios; £) pelo secretario do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do istério da Aerondutica, nos érgdos e servigos que Ihes so subordinados; 9) pelos diretores @ chefes de érgdos, repartigées, estabelecimentos ou servigos previstos nas leis de organizagao basica da Marinha, do Exército e da Aeronéutica; h) pelos comandantes de férgas, unidades ou navios; Delegacao do exercicio § 1° Obedecidas as normas regulamentares de jurisdigao, hierarquia e comando, as atribuigbes enumeradas neste artigo poderdo ser delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo limitado. § 2° Em se tratando de delegagao para instauragao de inquérito policial militar, devera aquela recair em ofcial de posto superior ao do indiciado, seja éste oficial da ativa, da reserva, remunerada ou néo, ou reformado, § 3° Nao sendo possivel a designacdo de oficial de pésto superior ao do indiciado, poderd ser feita a de oficial do mesmo pésto, desde que mais antigo. § 4° Se 0 indiciado é oficial da reserva ou reformado, no prevalece, para a delegagao, a antiguidade de pésto. Designagao de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro § 5° Se o pésto e a antiguidade de oficial da ativa excluirem, de modo absolut, a existéncia de outro oficial da ativa nas condigées do § 3°, caberd ao ministro competente a designagao de oficial da reserva de pdsto mais elevado para a instauragao do inquérito polcial militar; e, se éste estiver iniciado, avocd-lo, para tomar essa providéncia. Competéncia da policia judiciaria militar Art, 8° Compete & Policia judiciaria militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, esto sujeitos a jurisdigao militar, e sua autoria; b) prestar aos érgdos e juizes da Justica Militar e aos membros do Ministério Publico as informagées necessérias instrugdo e julgamento dos processos, bem como realizar as diligéncias que por éles Ihe forem requisitadas; c) cumprir os mandados de prisdo expedidos pela Justica Militar; anza ‘07/08/2020 DEL 1002 4d) representar a autoridades judicidrias militares acérca da priso preventiva e da insanidade mental do indiciado; ) cumprir as determinagées da Justiga Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrigoes déste Cédigo, nesse sentido; 1) solicitar das autoridades civis as informagées e medidas que julgar titeis & elucidago das infragdes penais, que esteja a seu cargo; 4g) requisitar da policia civil ¢ das repartigbes técnicas civis as pesquisas e exames necessérios ao complemento ssubsidio de inquérito policial militar; hh) atender, com observancia dos regulamentos militares, a pedido de apresentagdo de militar ou funciondrio de repartigo militar & autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido. TITULO I CAPITULO UNICO DO INQUERITO POLICIAL MILITAR Finalidade do inquérito Art_ 9° O inquérito policial militar é a apuragao suméria de fato, que, nos térmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carater de instrugdo proviséria, cuja finalidade precipua é a de ministrar elementos necessérios @ propositura da agdo penal. Pardgrafo Unico. S40, porém, efelivamente instrutétios da ago penal os exames, pericias e avaliagées realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idéneos e com obediéncia as formalidades previstas neste Cédigo. Modes por que pode ser iniciado Art. 10. © inquérito ¢ iniciado mediante portaria: a) de oficio, pela autoridade militar em cujo Ambito de jurisdi¢ao ou comando haja ocorrido a infragao penal, atendida a hierarquia do infrator; b) por determinagao ou delegagao da autoridade militar superior, que, em caso de urgéncia, podera ser feita por via telegrafica ou radiotelefénica e confirmada, posteriormente, por oficio; } em virtude de requisigéo do Ministério Publico; 4) por deciséo do Superior Tribunal Militar, nos térmos do art. 25; €) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virlude de representagdo devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infragao penal, cuja repressao caiba & Justiga Militar; 4) quando, de sindicdncia feita em Ambito de jurisdigao militar, resulte indicio da existéncia de infrago penal militar. ‘Suporioridade ou igualdade de pésto do infrator §§ 1° Tendo 0 infrator pésto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de érgao ou servigo, em cujo ambito de jurisdigdo militar haja ocorrido a infracdo penal, sera feita a comunicagao do fato a autoridade superior competente, para ‘que esta tone efetiva a delegacao, nos térmos do § 2° do art. 7° Providéncias antes do inquérito § 2° 0 aguardamento da delegagao nao obsta que o oficial responsavel por comando, diregao ou chefla, ou aquéle que © substitua ou esteja de dia, de servico ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providéncias cabiveis, previstas no art. 12, uma vez que tenha conhecimento de infracdo penal que Ihe incumba reprimir ou evitar. Infragao de natureza no militar anzs ‘07/08/2020 DEL 1002 § 3° Se a infragao penal nao fr, evidentemente, de natureza militar, comunicard o fato autoridade policial ‘competente, a quem fara apresentar 0 infrator. Em se tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentagao sera feita a0 Juiz de Menores. Oficial general como infrator § 4° Se o infrator f6r oficial general, seré sempre comunicado o fato ao ministro e a0 chefe de Estado-Malor competentes, obedecidos os tramites regulamentares. Indi 5 contra oficial de pésto superior ou mais antigo no curso do inquérito '§ 5° Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existéncia de indicios contra oficial de pésto superior a0 seu, ou mais antigo, tomard as providéncias necessérias para que as suas fungGes sejam delegadas a outro oficial, nos térmos do § 2° do art. 7° Escrivao do inquérito Art, 11, A designagao de escrivao para o inquérito cabera ao respectivo encarregado, se nao tiver sido feita pela autoridade que Ihe deu delegagao para aquéle fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos. Compromisso legal Pardgrafo nico. O escrivéo prestaré compromisso de manter 0 sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinagdes déste Cédigo, no exercicio da fungao. Medidas preliminares ao inquérito Art. 12. Logo que tiver conhecimento da pratica de infrago penal militar, verificével na ocasifio, a autoridade a que se refere 0 § 2°do art. 10 deverd, se possivel: a) ditigir-se ao local, providenciando para que se ndo alterem o estado ¢ a situagao das coisas, enquanto necessario; (Vide Lei n® 6,174, de 1974) b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relagdo com 0 fato; ©) efetuar a prisdo do infrator, observado o disposto no art. 244; 4) colhér t6das as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstancias, Formagao do inquérito Att. 13. O encarregado do inquérito deverd, para a formagao déste: Atribuiggo do seu encarregado a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda no o tiverem sido; ») ouvir o ofendida; ©) ouvir o indiciado; 4) ouvir testemunhas; ) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareagées; 4) determinar, se for 0 caso, que se proceda a exame de corpo de delito ¢ a quaisquer outros exames e pericias; 9) determinar a avaliagao e identificagao da coisa subtraida, desviada, destrulda ou danificada, ou da qual hove indébita apropriago; h) proceder a buscas e apreensées, nos térmos dos arts. 172 a 184 © 185 a 189; snza ‘07/08/2020 DEL 1002 i) tomar as medidas necessérias destinadas a protecao de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ‘ameagados de coagao que thes tolha a liberdade de depor, ou a independéncia para a realizagao de pericias ou exames. Reconstituigao dos fatos Pardgrafo ‘inico. Para verificar a possibilidade de haver sido a infragao praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderé proceder @ reprodugao simulada dos fatos, desde que esta ndo contrarie a moralidade ou a ordem publica, nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar. Assisténcia de procurador Ar. 14. Em se tratando da apuragéo de fato delituoso de excepcional importdncia ou de dificil elucidagéo, 0 ‘encarregado do inquérito podera solicitar do procurador-geral a indicagao de procurador que the dé assisténcia. Encarregado de inquérito. Requisitos Art, 15, Sera encarregado do inquérito, sempre que possivel, oficial de pOsto ndo inferior ao de capitao ou capitéio- tenente; ©, em se tratando de infragao penal contra a seguranga nacional, sé-lo-4, sempre que possivel, oficial superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado. Sigilo do inquérito Att. 16. O inquérito & sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dale tome conhecimento 0 advogado do indiciado, Art. 16-A. Nos casos em que servidores das policias militares ¢ dos compos de bombeiros militares figurarem como investigados em inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigagao de fatos relacionados ao uso da forga letal praticados no exercicio profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situagdes dispostas nos arts_42 a 47 do Decreto-Lei n° 1,001, de 21 de outubro de 1969 (Cédigo Penal Militar), 0 indiciado poderd constituir defensor. _(Incluido pela Lein® 13.964, de 2019) § 1° Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverd ser citado da instaurago do procedimento investigatério, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta ¢ oito) horas a contar do recebimento da citagao. _(Incluldo pela Lei n® 13,964, de 2019) § 2° Esgotado o prazo disposto no § 1° com auséncia de nomeacao de defensor pelo investigado, a autoridade responsavel pela investigagao devera intimar a instituigao a que estava vinculado o investigado a época da ocorréncia dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representagao do investigado. {ncluido pela Lei n? 13.964, de 2019) §3°(VETADO). _(Incluido pela Lein® 13.964, de 2019) §4°(VETADO). _(Incluido pela Lein® 13.964, de 2019) §5°(VETADO). _(Incluido pela Lein® 13.964, de 2019) § 6° As disposigdes constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados as instituigées dispostas no art_142 da Conslituicao Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missdes para a Garantia da Lei e da Ordem, — (ncluido pela Lei n® 13,964, de 2019) Incomunicabilidade do indiciado. Prazo. Art, 17. encarregado do inquérito podera manter incomunicavel o indiciado, que estiver legalmente préso, por trés dias no maximo. Detengao de indiciado At. 18. Independentemente de flagrante delito,o indiciado poderd fcar det, durante as investigagdes polcais, até trinta dias, comunicando-se a detengao & autoridade judicidia competente. Esse prazo poderd ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da Regiéo, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solcitagao fundamentada do encarregado do inquérto © por via hierérquica Prisdo preventiva e menagem. Solicitagdo anza ‘07/08/2020 DEL 1002 Paragrafo tnico. Se entender necessério, 0 encarregado do inquérito solictaré, dentro do mesmo prazo ou sua prorroga¢ao, justificando-a, a decretagao da prisdo preventiva ou de menagem, do indiciado. Inquirigao durante o dia Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgéncia inadiavel, que constard da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em periodo que medeie entre as sete e as dezoito horas, Inquirigao. Assentada d lo, interrupgao encerramento § 1° O escrivao lavrard assentada do dia e hora do inicio das inquirigSes ou depoimentos; e, da mesma forma, do seu ‘encerramento ou interrupgées, no final daquele perfodo. Inquirigao. Limite de tempo § 2° A testemunha ndo sera inquirida por mais de quatro horas consecutivas, sendo-Ihe facultado 0 descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar deciaragdes além daquele térmo, O depoimento que nao ficar conclulde as dezoito horas sera encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo encarregado do inquérit, § 3° Nao sendo util 0 dia seguinte, a inquiricdo podera ser adiada para o primeiro dia que o for, salvo caso de urgéncia. Prazos para terminagao de inquérito Art 20. O inquérito devera terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver préso, contado esse prazo a partir do dia ‘em que se executar a ordem de prisdo; ou no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver sélto, contados a partir da data em que se instaurar 0 inquérito. Prorrogagao de prazo § 1° Este titimo prazo poderd ser prorrogado por mais vinte dias pola autoridade miltar superior, desde que nao cstojam concluidos exames ou pericias ja iniiados, ou haja necessidade do diigéncia, indispensavois a elucidagao do fato. (0 pedido de prorrogagao deve ser feito em tompo oportuno, de modo a ser atendido antes da terminagao do prazo Diligéncias nao concluidas até o inquérito § 2° Nao haverd mais prorrogago, além da prevista no § 1°, salvo dificuldade insuperavel, a juizo do ministro de Estado competente, Os laudos de pericias ou exames nao concluldos nessa prorrogagao, bem como os documentos colhidos depois dela, serao posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao proceso, Ainda, no seu relatério, podera o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se possivel, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ‘ouvidas, por qualquer impediment, Deducao em favor dos prazos § 3° Sao deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupgdes pelo motivo previsto no § 5° do art. 10. Reuniao e ordem das pecas de inquérito Art. 21. Tédas as pegas do inquérito serdo, por ordem cranolégica, reunidas num s6 processado e dactilografadas, em ‘espago dois, com as félhas numoradas e rubricadas, pelo escrivao. Juntada de documento Pardgrafo tinico, De cada documento junto, a que precedera despacho do encarregado do inquérito, 0 escrivao lavraré ‘© respectivo térmo, mencionando a data. Relatério Art. 22. O inquérito sera encerrado com minucioso relatério, em que o seu encarregado mencionaré as diligéncias feitas, as pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicagao do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusdo, diré se hd infracao disciplinar a punir ou indicio de crime, pronunciando-se, neste tltimo caso, justificadamente, sébre a conveniéncia da prisdo preventiva do indiciado, nos térmos legais. Solugao m2 ‘07/08/2020 DEL 1002 § 1° No caso de ter sido delegada a atribuigo para a abertura do inquérito, o seu encarregado envis-lo-d a autoridade de que recebeu a delegacao, para que Ihe homologue ou ndo a solugo, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infragao disciplinar, ou determine novas diligéncias, se as julgar necessarias. Advocagao § 2° Discordando da solugéo dada ao inquérito, a autoridade que o delegou poderd avocé-lo e dar solugéo diferente, Remessa do inquérito & Auditori da unserigdo Art, 23. Os autos do inquérito sero remetidos ao auditor da Circunscrigéo Judiciéria Militar onde ocorreu a infragao penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem & sua prova, Remessa a Auditorias Especializadas § 1° Na Circunscrigio onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do Exército e da Aeronautica, atender-se-4, para a remessa, 4 especializagao de cada uma. Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou nao, a remessa sera feita & primeira Auditoria, para a respectiva distribuicdo. Os incidentes ocorridos no curso do inquérito sero resolvidos pelo juiz a que couber tomar conhecimento do inquérito, por distribuigao, § 2° Os autos de inquérito instaurado fora do territério nacional serao remetidos & 1* Auditoria da Circunscrigao com sede na Capital da Unido, atendida, contudo, a especializagao referida no § 1°. Arquivamento de inquérito. Proibigao Art, 24. A autoridade miltar néo poderé mandar arquivar autos de inquérito, embora conclusive da inexisténcia de crime ou de inimputabilidade do indiciado. Instauragio de ndvo inquérito Art 25. O arquivamento de inquérito néo obsta a instaurago de outro, se novas provas aparecerem em relago ao fato, 20 indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados 0 caso julgado os casos de extingao da punibilidade. § 1° Verificando a hipétese contida neste artigo, o juiz remeterd os autos ao Ministério Publico, para os fins do disposto no art, 10, letra ¢ § 2° O Ministério PUblico poderé requerer o arquivamento dos autos, se entender inadequada a instauragao do inquerto Devolugao de autos de inquérito Art, 28. Os autos de inquérito nao poderdo ser devolvidos a autoridade policial militar, a nao ser: I — mediante requisigao do Ministério Publico, para dilig&ncias por ele consideradas imprescindiveis ao oferecimento da deniincia; | — por determinagao do juiz, antes da dentincia, para 0 preenchimento de formalidades previstas neste Cédigo, ou para complemento de prova que julgue necesséria, Pardgrafo nico. Em qualquer dos casos, o juiz marcar prazo, nao excedente de vinte dias, para a restituigao dos autos. Suficiéncia do auto de flagrante delito Art. 27. Se, por si 6, for suficiente para a elucidagao do fato e sua autoria, o auto de flagrante delito constituiré 0 inquérto, dispensando outras diligéncias, salvo o exame de corpo de delito no crime que deixe vestigios, a identificagao da coisa e a sua avaliagéo, quando o seu valor influir na aplicago da pena. A remessa dos autos, com breve relatério da autoridade policial militar, far-se-a sem demora ao juiz competente, nos térmos do art. 20. Dispensa de Inquérito Att. 28. O inquérito poderd ser dispensado, sem prejuizo de diligéncia requisitada pelo Ministério Piblico: anza ‘07/08/2020 DEL 1002 a) quando 0 fato e sua autoria ja estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais; b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicagao, cujo autor esteja identificado; c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Cédigo Penal Millitar. TiTuLow CAPITULO UNICO DA AGAO PENAL MILITAR E DO SEU EXERCICIO Promogio da ago penal {Art 29. A ago penal é piblica e somente pode ser promovida por dentincia do Ministério Pablico Militar. Obrigatoriedade ‘Art 30. A dentincia deve ser apresentada sempre que howver: 2) prova de fato que, em tese, constitua crime; b) indicios de autoria, Dependéncia de requisigéo do Govérno Art 31. Nos crimes previstos nos ars, 136 a 141 do Cédigo Penal Militar, a agdo penal; quando o agente fr militar ou assemelhado, depende de requisigao, que serd feita ao procurador-geral da Justiga Militar, pelo Ministério a que o agente estiver subordinado; no caso do ar. 141 do mesmo Cédigo, quando o agente fer civil © no houver co-autor milla, a requisigdo seré do Ministério da Justiga Comunicagio ao procurador-ger | da Repiblica Paragrafo Unico. Sem prejuizo dessa disposiglio, o procurador-geral da Justiga Militar dara conhecimento ao procurador-geral da Repiblica de fato apurado em inquérito que tenha relagao com qualquer dos crimes referidos neste artigo. Proibigao de existéncia da denincia ‘Art. 32. Apresentada a dentincia, 0 Ministério Publico nao podera desistir da agao penal. Exercicio do direito de representacao Art. 33. Qualquer pessoa, no exercicio do direito de representagao, poderd provocar a iniciativa do Ministério Publico, . Regra ‘Art, 94. A competéncia firmarse-a por prevengéo, sempre que, concorrendo dois ou mais juizes igualmente competentes ou com competéncia cumulativa, um déles tiver antecedido aos autras na pratica de algum ato do proceso ou de medida a ste relativa, ainda que anterior ao oferecimento da deniincia. Casos em que pode ocorrer Art. 95. A competéncia pela prevengao pode ocorrer: 1a) quando incerto o lugar da infrago, porter sido praticado na divisa de duas ou mais jurisdigoes; b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdigdes; ) quando se tratar de infraco continuada ou permanente, praticada em territério de duas ou mals jurisdigdes d) quando 0 acusado tiver mais de uma residéncia cu ndo tiver nenhuma, ou forem varios os acusados e com diferentes residéncias. zones ‘07/08/2020 DEL 1002 CAPITULO V DA COMPETENCIA PELA SEDE DO LUGAR DE SERVIGO Lugar de servigo Act 96, Para o militar em situagdo de atividade ou assemelhado na mesma situaco, ou para o funcionério lotado em repartigdo militar, o ugar da infrago, quando éste nao puder ser determinado, sera o da unidade, navio, forga ou érgao onde estiver servindo, nao the sendo aplicével o critério da prevengao, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especializacao, CAPITULO VI DA COMPETENCIA PELA ESPECIALIZAGAO DAS AUDITORIAS Auditorias Especializadas Art. 97, Nas Circunscrigoes onde existirem Auditorias Especializadas, a competéncia de cada uma decorre de pertencerem os oficiais e pracas sujetos a processo perante elas aos quadros da Marinha, do Exército ou da Aeronautica. Como oficiais, para os efeitos déste artigo, se compreendem os da aliva, os da reserva, remunerada ou no, € os reformados. Militares de corporagées diferentes Pardgrafo tinico. No proceso em que forem acusados miltares de corporagées diferentes, a competéncia da Auditoria cespecializada se regulara pela prevengéo. Mas esta néo poderé prevalecer em detrimento de oficial da aliva, se os co-réus forem pragas ou oficiais da reserva ou reformados, ainda que superiores, nem em detrimento déstes, se os co-réus forem pragas. CAPITULO vil DA COMPETENCIA POR DISTRIBUIGAO Distribuigao Art. 98. Quando, na sede de Circunscrig4o, houver mais de uma Auditoria com a mesma competéncia, esta se fixara pela distribuicao, Juizo prevento pela distribuicao Paragrafo Unico. A distribuigo realizada em virtude de ato anterior & fase judicial do processo preveniré o julzo. CAPITULO Vil DA CONEXAO OU CONTINENCIA, Gasos de conexao Art. 99, Havera conexéo: a) se, ocorridas duas ou mais infragSes, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por varias pessoas reunidas ou por varias pessoas em concurso, embora diverso 0 tempo e o lugar, ou por varias pessoas, umas contra as outras; b) se, no mesmo caso, umas infragdes tiverem sido praticadas para faciltar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relagao a qualquer delas; ) quando a prova de uma infragao ou de qualquer de suas circunstancias elementares influir na prova de outra infragao. Casos de continéncia Art, 100. Haverd continéncia: 2utes ‘07/08/2020 DEL 1002 a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infragao; »b) na hipotese de uma (nica pessoa praticar varias infragdes em concurso. Regras para determinagao Art. 101. Na determinagao da competéncia por conexéo ou continéncia, seréo observadas as seguintes regras: Concurso e prevaléncia | - no concurso entre a jurisdigdo especializada e a cumulativa, preponderara aquela; I-no concurso de jurisdigées cumulativas: a) prevalecerd a do lugar da infrago, para a qual 6 cominada pena mals grave; b) prevalecera a do lugar onde houver ocorrido 0 maior numero de infrag6es, se as respectivas penas forem de igual gravidade; Prevencao ©) firmar-se-4 a competéncia pela prevengao, nos demais casos, salvo disposigao especial déste Cédigo; Categorias IIL no concurso de jurisdigSo de diversas categorias, predominara a de maior graduacéo. Unidade do processo Art, 102. A conexio e a continéncia determinardo a unidade do processo, salvo: Casos especiais 1a) no concurso entre a jurisdigéo militar e a comum; b) no concurso entre a jurisdiggo militar e a do Julzo de Menores. Jurisdigao militar e civil no mesmo processo Paragrafo tinico. A separagao do proceso, no concurso entre a jurisdi¢ao militar e a civil, nao quebra a conexao para 0 processo e julgamento, no seu foro, do militar da ativa, quando éste, no mesmo proceso, praticar em concurso crime militar crime comum, Prorrogagao de competéncia ‘Art. 103. Em caso de conexéo ou continéncia, o juizo prevalente, na conformidade do art. 101, terd a sua competéncia prorrogada para processar as infragées cujo conhecimento, de outro modo, nao Ihe competiria. Reuniao de processos ‘Art. 104. Verificada a reuniéio dos processos, em virtude de conexéo ou continéncia, ainda que no processo da sua competéncia prépria venha o juiz ou tribunal a proferir sentenga absolutéria ou que desclassifique a infrago para outra que no Se inclua na sua competéncia, continuara éle competente em relagdo as demais infragées. ‘Separagao de julgamento ‘Art 105, Separar-se-do sémente os julgamentos: a) se, de varios acusados, algum estiver foragido @ nao puder ser julgado a revelia; b) se os defensores de dois ou mais acusados nao acordarem na suspeigo de juiz de Conselho de Justiga, superveniente para compé-lo, por ocasido do julgamento, zones ‘07/08/2020 DEL 1002 Separagao de processos Art 106, 0 juiz poderd separar os processos: 2) quando as infragdes houverem sido praticadas em situagées de tempo e lugar diferentes; b) quando fr excessivo o ntimero de acusados, para no hes prolongar a priso: ) quando ocorrer qualquer outro motivo que éle préprio repute relevante, Recurso de oficio § 1° Da decisao de auditor ou de Conselho de Justiga em qualquer dasses casos, haverd recurso de oficio para o ‘Superior Tribunal Militar. § 2° 0 recurso a que se refere 0 parégrafo anterior subira em trasiado com as cépias auténticas das pegas necessarias, e ndo tera efeito suspensivo, prosseguindo-se a ago penal em todos os seus térmos. Avocagao de processo Art, 107. Se, ndo obstante a conexao ou a continéncia, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdigao prevalente devera avocar os processos que corram perante os outros juizes, salvo se ja estiverem com sentenca definitiva. Neste caso, a unidade do processo sé se dara ulteriormente, para efeito de soma ou de unificagao de penas. CAPITULO IX DA COMPETENCIA PELA PRERROGATIVA DO POSTO OU DA FUNCAO Natureza do pésto ou fungo ‘Art. 108. A competéncia por prerrogativa do pasto ou da fungao decorre da sua propria natureza e nao da natureza da infragdo, e regula-se estritamente pelas normas expressas néste Cédigo. CAPITULO X DO DESAFORAMENTO Caso de desaforamento Art, 109. O desaforamento do processo podera ocorrer: 1a) no interésse da ordem pablica, da Justiga ou da disciptina militar; b) em beneficio da seguranga pessoal do acusado; ©) pela impossibilidade de se constituir 0 Conselho de Justica ou quando a dificuldade de constitui-lo ou manté-lo retarde demasiadamente 0 curso do processo. Competéncia do Superior Tribunal Militar § 1° O pedido de desaforamento podera ser feito ao Superior Tribunal Militar Autoridades que podem pedir 4) polos Ministros da Marinha, do Exército ou da Aerondutica; b) pelos comandantes de Regio Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou autoridades que the forem superiores, ‘conforme a respectiva jurisdicao; ) pelos Conselhos de Justica ou pelo auditor; 4) mediante representagao do Ministério Pablico ou do acusado. 2anes ‘07/08/2020 DEL 1002 Justificagao do pedido e audiéncia do procurador-geral § 2° Em qualquer dos casos, 0 pedido devera ser justificado e sdbre le ouvido o procurador-geral, se nao provier de representagao déste. Audiéneia a autoridades § 3° Nos casos das alineas ¢ ed , 0 Superior Tribunal Militar, antes da audiéncia a0 procurador-geral ou a pedido déste, poderd ouvir autoridades a que se refere a alinea b Auditoria onde correré o processo § 4° Se deferir o pedido, o Superior Tribunal Militar designard a Auditoria onde deva ter curso processo. Renovagao do pedido Art. 110. 0 pedido de desaforamento, embora denegado, podera ser renovado se o justificar motivo superveniente. TiTULO x CAPITULO UNICO DOS CONFLITOS DE COMPETENCIA ‘Questées atinentes a competéncia Art, 111, As questées atinentes A competéncia resolver-se-do assim pela excego prépria como pelo conflito positive ou negativo. Art, 112. Haverd confit: Conflito de competéncia | + em razio da competéncia: Positivo a) positive, quando duas ou mais autoridades judiciérias entenderem, ao mesmo tempo, que Ihes cabe conhecer do processo; Negative ) negative, quando cada uma de duas ou mais autoridades judiciérias entender, ao mesmo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo proceso; Controvérsia sébre fungao ou separagao de processo Il - em razdo da unidade de juizo, fungo ou separagao de processos, quando, a ésse respeito, houver controvérsia centre duas ou mais autoridades judicidrias. Suscitantes do conflito Art. 113. 0 conflto poderd ser suscitado: a) polo acusado; ») pelo érgao do Ministério Publico; ©) pela autoridade judicidria, Orgao suscitado 2aines ‘07/08/2020 DEL 1002 Art 114, 0 conflito serd suscitado perante o Superior Tribunal Militar pelos auditores ou os Conselhos de Justiga, sob a forma de representagao, e pelas partes interessadas, sob a de requerimento, fundamentados e acompanhados dos documentos comprobatérios. Quando negativo o conflto, podera ser suscitado nos préprios autos do processo. Pardgrafo tnico. O conflito suscitado pelo Superior Tribunal Militar ser4 regulado no seu Regimento Interno. ‘Suspensdo da marcha do proceso Art. 115. Tratando-se de conflito positive, o relator do feito podera ordenar, desde logo, que se suspenda o andamento do proceso, até a decisdo final Pedido de informagées. Prazo, requisigao de autos Art. 116. Expedida, ou no, a ordem de suspensii, o relator requisitara informagSes as autoridades em conflto, remetendo-Ihes cépia da representagao ou requerimento, ©, marcando-thes prazo para as informagées, requisitard, se necessario, os autos em original, ‘Audiéncia do procurador-geral e decisao Art 117. Ouvido o procurador-geral, que dara parecer no prazo de cinco dias, contados da data da vista, © Tribunal

You might also like