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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COMARCA DE SOROCABA
FORO DE SOROCABA
VARA DA FAZENDA PÚBLICA
Rua 28 de Outubro, 691, Salas 204 - 206 - 208, Alto da Boa Vista - CEP
18087-080, Fone: (15) 2102-8381, Sorocaba-SP - E-mail:
sorocabafaz@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às 19h00min
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1010681-54.2020.8.26.0602 e código 6942350.
DECISÃO
Processo Digital nº: 1010681-54.2020.8.26.0602
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ALEXANDRE DARTANHAN DE MELLO GUERRA, liberado nos autos em 20/03/2020 às 18:27 .
Classe - Assunto Ação Civil Pública Cível - Vigilância Sanitária e
Epidemológica
Requerente: Ministério Público do Estado de São Paulo
Requerido: Fazenda Pública do Estado de São Paulo
Juiz de Direito: Dr. Alexandre Dartanhan de Mello Guerra
Vistos.
Cuida-se de ação civil pública ajuizada por

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO contra a
FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO, na qual pretende a ordem
emergencial de suspensão do direito de visitas a presos, com a finalidade de
impedir a proliferação de doença contagiosa no interior do Estado de São
Paulo e fora dos presídios (COVID-19), evitando o comprometimento do
sistema de saúde pública.
Em caráter de urgência, com fundamento no

artigo 12, "caput", da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e artigo 300 do
Código de Processo Civil, requer a concessão de ordem liminar para
compelir a ré a suspender, por prazo indeterminado, a visitação a presos de
parente e familiares aos encarcerados das Unidades Prisionais da Região
Central abrangidas pelo DECRIM 10 (relação anexa à petição inicial e a fls.
02), o que corresponde a quarenta e cinco unidades prisionais, sob pena de
multa diária no valor de mil salários mínimos, caso não atendido, em favor
do Fundo Estadual de Reparação de Interesses Difusos Lesados.
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Insurge-se o autor contra a limitação parcial
do direito de visitas estabelecida pelo Governo do Estado de São Paulo na
Resolução SAP 40, de 18 de março de 2020, uma vez que a limitação, por
questões de saúde pública, deve ser total.
Impõe-se o imediato deferimento da ordem

liminar.
Estão presentes os requisitos do art. 300 do

Código de Processo Civil: “a tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
A Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985,

prevê que “poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia” (art. 12).
A lei processual autoriza a determinação de

tutela provisória com a demonstração do fundado receio do dano ou o
comprometimento da utilidade do resultado final do processo, bem como a
plausibilidade do direito invocado.
No caso, pretende o Ministério Público

suspender a visita a presos de parentes e familiares aos encarcerados nas
Unidades Prisionais que especifica na inicial até que se restabeleça a situação
de normalidade do quadro de calamidade pública decretado, em decorrência
da Pandemia do COVID-19.
Diante da notória pandemia que se enfrenta,
com medidas restritivas de direitos em todos os Estados, o Governo de São
Paulo deve igualmente adotar medidas eficientes e necessárias, tais como a
suspensão total de visitas nas Unidades Penais.
As medidas excepcionais (e necessárias) que
estão a ser tomadas destinam-se a realizar o bem maior de preservação da
vida e saúde.
A continuidade da visitação, ainda que sob
regime mais restrito, implica na continuidade do transporte de famílias de
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várias regiões do Estado a um local de recolhimento forçado de centenas de
pessoas, situação, que, por óbvio, forma uma condição propícia a concorrer à
disseminação do vírus.
É fundamental, como medida de garantia
da ordem e da saúde pública, que o Governo do Estado de São Paulo
suspenda imediatamente, por completo, as visitas a presos do sistema
carcerário paulista, já a partir deste fim de semana, em razão da
Pandemia de Coronavírus COVID-19
O momento exige especial prudência,
serenidade e discernimento de todas as autoridades e de todos os cidadãos,
que devem permanecer atentos à gravidade que a situação de saúde pública
requer. Não há lugar a pânico ou a excessos, por certo, mas, sim, à
temperança, à prudência e à especial cautela e ponderação nas deliberações a
serem tomadas pelas autoridades administrativas e judiciais.
É necessária, portanto, a suspensão da
visitação nos estabelecimentos penais, imediatamente, como meio eficaz de
garantia do direito fundamental de vida e integridade psicofísica dos presos,
de seus entes queridos e de toda população, até que haja o retorno à
normalidade, o que fica determinado.
Diante do exposto, CONCEDO A
LIMINAR, nos termos do artigo 12 da Lei nº 7.347 e 300 do Código de
Processo Civil, o que faço para determinar ao ESTADO DE SÃO PAULO
que SUSPENDA, IMEDIATAMENTE, POR PRAZO
INDETERMINADO, TODA A VISITAÇÃO A PRESOS DE
PARENTES E FAMILIARES AOS ENCARCERADOS das Unidades
Prisionais da Região Central abrangidas pelo DECRIM 10 (relação anexa à
petição inicial e a fls. 02), e sob a jurisdição desse Juízo.
Na hipótese de descumprimento da ordem,
determino a incidência de multa no valor de mil salários mínimos por cada
ato de desobediência e atentatório à autoridade da Jurisdição, em favor
do Fundo Estadual de Reparação de Interesses Difusos Lesados, sem
prejuízo da ordem de instauração de procedimento à apuração de ato de
improbidade administrativa pelos agentes públicos envolvidos e de
responsabilidade penal e civil por quem assume por lei a condição de
responsável pelo cumprimento da medida.
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Proceda-se, COM URGÊNCIA, para a
efetivação do cumprimento da medida, a intimação do Coordenador das
Unidades Prisionais da Região e do Secretário Estadual da Administração
Penitenciária (e-mail faleconosco@sap.sp.gov.br).
Expeça-se comunicação eletrônica, com
urgência, para cumprimento imediato, para intimação, também, do
Procurador Chefe do Estado de São Paulo.
Diante da excepcionalidade da situação
fática e da gravidade dos fatos noticiados, fica o Ministério Público
autorizado a fazer as comunicações que entender pertinentes para o
cumprimento da decisão judicial.
SERVE A PRESENTE COMO
DESPACHO-OFÍCIO.
CÓPIA DESSA DECISÃO SERVIRÁ
COMO OFÍCIO A SER APRESENTADO PELA PARTE
INTERESSADA AOS ÓRGÃOS COMPETENTES, QUE DETERMINO
A ELA CONFIRAM IMEDIATO E FIEL CUMPRIMENTO.
Cumpra-se com URGÊNCIA.
Depois de cumpridas as prioritárias
determinações ora lançadas, tornem-me os autos conclusos para determinação
de citação e demais providências necessárias
Int.
Sorocaba, 20 de março de 2020.
ALEXANDRE DARTANHAN DE MELLO GUERRA

Juiz de Direito Titular da Vara da Fazenda Pública de Sorocaba
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA

LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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