You are on page 1of 302
MICHEL GIACOMETTI com a colaboracéo de FERNANDO LOPES-GRACA CANCION EIRO POPULAR PORTUGUES CIRCULO DE. LEITORES A Fernando Lopes-Graca coube a tarefa de uniformizar @ grafia dos textos musicais ¢ transcrever a maioria dos espécimes extraidos da nossa recolha ¢ aqui compen- diados. A ele deve-se ainda uma colaboragao de todos os momentos, licida ¢ perspicaz, patente em todos os dominios da observacdo € andlise musicolégica e, ai da, na selecgéo antolégica, no exame critico e na revi- sao do material constituitivo da obra Capa e maqueta: Antunes Desenho musical: Margarida Lisboa ¢ José AntOnio Batata Tlustragdes a preto: Manuel Rosa Tlustragées a cores: Hipolito Clemente (pags. 12, 40, 100, 132, 156, 196, 224, 248 © 276) Fotografias a cores: Adriano Sequeira (pags. 21, 25, 33, 37, 49, 53, 65, 69, 77, 81, 93, 97, 113, 117, 121, 124, 129, 149, 153, 165, 168, 173, 177, 185, 189, 205, 209, 241, 245, 253, 257, 265, 269, 285 e 288) Fotografias a preto: Leonor Lains (pags. 27, 103, 107 ¢ 123) Restantes fotografias: Michel Giacometti © by Michel Giacometti e Circulo de Leitores Fotocomposto em times por Multigrafia Furtado e Fototexto, Léa; impresso e encadernado por Gris Impressores no més de Agosto de 1981 para o Circulo de Leitores, Lda., com sede na Rua Eng.° Paulo de Barros, 22 — 1599 Lisboa Codex Primeira edigéo: 20 000 exemplares S6 € permitida a venda aos Sécios do Cirewlo PROEMIO A apresentagao de um cancioneiro popular em moldes editoriais que visam a mais larga audién- cia possivel pode acarretar suspeitas de manipulagées de varia ordem, a menos que nao se previna 0 leitor dos conceitos que informam a obra para nela, de certa maneira, poder intervir criticamente. O que aqui se pretendeu, acaso com certa presungao, foi restituir ao povo portu- gués 0 que lhe pertence de uma heranga legitima, nem sempre avaliada justamente como um dos mais preciosos bens do patriménio comum. Neste legado, e por razdes ébvias, houve que ampu- tar parte substancial do que constitui um corpo vivo de tradi¢des musicais, complexamente relacionadas com a histéria ¢ a cultura do Pais. Apostamos, contudo, na virtude inequivoca de uma colectinea que procura reunir debaixo do mesmo tecto as vozes dispersas, longinquas ou familiares, de um povo induzido a consideré-las como fantasmas indesejaveis do passado e testemunhos incémodos do presente. Assim, coube-nos a ingrata tarefa de seleccionar espécimes, cujas estruturas, estilos, géneros e fungoes diversificados delineassem tracos fisionomicos de uma tradigéo, em que se reconhece, como caracteristica essencial, um multissecular enraizamento e, ao mesmo tempo, um incessan- te rejuvenescimento, a sublinhar a inalterada capacidade criadora do povo portugués. A colectanea apresenta, deste modo, algumas feigdes elementares do canto, por um lado, e, por outro, polifonias de claborada estruturag4o; ritmos a escandir os gestos do trabalho, e expres- ses libertas de quaisquer cAnones; formulas severas inscritas em ritos remotos e inspiragées circunstanciais; documentos arquivados em paginas de cancioneiros esquecidos, e imagens re- cénditas na memoria colectiva; gritos isolados clamando na solidéo dos campos, e vozes unidas a reclamar a terra e 0 pao. No plano antolégico, resta dizer que, na vasta documentacao chegada as nossas maos (1) e que foi objecto da nossa cuidadosa andlise, detectémos linhas de forga e caracteres tendenciais per- mitindo, na colectanea, a fixagao de grupos de certa homogeneidade, no tocante sua insergao no tecido social. A estes grupos, chamamos passos, no sentido de constitufrem eles, Para assim dizer, o terreno visivel ou as direcgdes possiveis em que se movem os cantos e se ajustam dialecticamente a vida © suas normas na comunidade rural. Nada autoriza, assim, que se considerem as divisées arbitrdrias, que sao estes passos, como compartimentos estanques a confinar, em categorias isoladas e estranhas a sua autonomia, a realidade totalizante da express&o popular. A gesta inconfundivel do Povo, quisemos associar, por simples dever de justiga, aqueles que, de Adelino Anténio das Neves e Melo a Fernando Lopes-Graga, de César das Neves e Gualdino de 5 Campos a Gongalo Sampaio, Rodney Gallop, Virgilio Pereira e tantos outros, auscultaram com infinito amor o canto profundo surgido da propria terra. De todos eles é este Cancioneiro amplamente devedor, pelo que desejariamos viesse a ser onsi- derado como modesto tributo de merecida homenagem e consideragao Conhecidos os fundamentos e modos do cancioneiro, 0 leitor decidiré se deve ou nao trilhar os passos que seguimos. O que nao podera, acreditamos, é ficar neutro perante a beleza flagrante dos textos que se Ihe apresentam como vozes, ritmos e¢ gritos de uma tradiga0, cujo eco se repercute ao longo do camino dificil, e por vezes doloroso, do seu povo. (1) Cerca de 7.000 espécimes musicais, dos quais perto de 4.000 provenientes de cancioneiros e obras varias, e 3.000 das nossas préprias recolhas. BREVES OBSERVACOES SOBRE A MUSICA POPULAR PORTUGUESA Ja afirmamos nao pretender este Cancioneiro mais do que aproximar vozes, ritmos e gestos, dispersos ou perdidos no tempo, cuja confrontago permitiria esbogar a tracos largos a fisiono- mia da nossa cang4o popular. (1) Nao sera neste local, portanto, que iremos indagar da esséncia ou cardcter proprio de um patri- monio musical de que ainda hoje mal se conhece a vera feigo estética e a exacta dimensio sociolégica. Assim, a nossa intervengao limitar-se-4 a sublinhar os aspectos mais salientes do canto e, com eles, os mais pronunciados particularismos regionais, atendendo, sobretudo, ao facto de terem sido eles em geral recolhidos e avaliados de acordo com critérios de flagrante subjectividade. Dai sucede, alias, apresentar a nossa investigacio musical resultados fragmentérios e de algum modo tendenciosos. Com efeito: 1. Nao passaram do papel os projectos oficiais de inventariago sistematica da nossa tradigao musical. (2) 2. Deve-se a auscultago esporddica das suas fontes a iniciativa de pesquisadores de rara dedi- cag&o que, todavia, nem sempre souberam evitar o escolho da obediéncia a modas estéticas ou preconceitos de escolas ou capelas. 3. Acham-se com frequéncia arredados das recolhas os espécimes que porventura melhor pode- riam definir a psique colectiva, tais como as férmulas elementares do trabalho, os cantos sociais € politicos, as cangGes que registam as pulsagdes intimas do homem rural, etc. Mais gravosa- mente ainda, a matéria musical é-nos restitufda nao raras vezes num estado de invulgar empo- brecimento, devido a simplificagées das estruturas melédicas e harménicas. Nestas circunstancias, 0 canto perdeu singularmente, na tradugao que dele nos é dada, a forga telirica e o significado de facto social dinamico. 4. Encarado sob um certo ponto de vista recreativo, o nosso folclore musical adquiriu uma imagem caracterizadamente infantil e inconsequente. Nesta ordem de ideias, as criagdes popu- lares foram quase sempre tidas por produtos culturais inferiores, isto 6, residuos ou adaptagées sui generis da chamada arte culta. 5. Do que ficou dito, poder-se-4 concluir nao ter a nossa pesquisa musical acompanhado os progressos da investigagao etnolégica que, com Teéfilo Braga, José Leite de Vasconcelos, Jorge Dias ¢ outros, conheceu fecundo desenvolvimento na diversidade das suas perspectivas. Mas ser de observar, também, nao terem sempre os mestres da nossa etnografia conferido total importancia ao contributo musical para 0 conhecimento do Homem portugués. Deste modo, melhor se entenderé a nossa prudente reserva no que respeita & desejavel tipologia da nossa miisica folcl6rica, cujos fundamentos, cremos, mister seria procurar em dominios aparentemente distantes. Com efeito, afigura-se-nos estar a nossa tradigao rigorosamente rela- cionada com fenémenos de ordem geogrdfica, histérica e social, gue nela intervieram de modo indiscutivel. Neste particular, conviria apurar o 4mbito e peso relativo de factores que refiram, por exemplo, a situagao geogr4fica peculiar de Portugal (receptaculo de correntes culturais justapostas vindas do Este); a nossa miscigenagao com Arabes e Judeus; os Descobrimentos e os seus reflexos no plano psicossocial; a fixagao de numerosos escravos africanos; as relagdes seculares com vizi- nhos de varias etnias, reunidas sob a coroa de Castela; a sedentarizagao de tribos ciganas; enfim, os movimentos migratérios e a propria colonizacao. Mas faltaria ainda descortinar num pafs de tao velha nacionalidade, e apesar do papel unifi- cador do Estado e da Igreja, as razdes de tio marcadas diferenciagées regionais e, outrossim, determinar 0 porqué da tao probante funcionalidade da nossa cangao popular, 0 que sem dtivida remeteria para questées lindantes com estruturas fundidrias e sistemas de produgio. A todas estas perguntas, praticamente sem resposta, contrapde-se a firme presenga do canto, cuja fungao sempre se ajusta as leis da sobrevivéncia na sociedade tradicional e de economia rural, em que ritos do trabalho e de religido visam assegurar ao homem a sua salvagao no mundo terrestre. Se quiséssemos agora considerar 0 que de mais significativo revela a nossa cangao popular, do ponto de vista da sua natureza, modalidades, estruturas e fungdes, nao hesitariamos em apontar para quatro aspectos dispares mas inequivocos e cuja apreciagao conjunta permite de- tectar a profunda integrag¢ao do fenémeno musical na vida quotidiana das populagées rurais. 1. A expressao polifénica parece-nos ser a que mais pertinentemente afirma o comportamento musical do nosso povo, atestando nas suas varias formulagdes um longinquo enraizamento e uma vasta implantagao territorial. Ao abranger grande parte dos distritos de Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Guarda, Viana do Castelo, além de concelhos ou zonas limitadas dos distritos de Coimbra, Evora, Santarém e Vila Real, 0 canto polifénico assumiu entre nés uma importancia raramente igualada em povos da Europa Ocidental (notemos de Ppassagem a sua quase inexisténcia na vizinha Espanha). Sumariamente, esta polifonia apresenta as formas antigas do gymel (canto em terceiras) ¢ do fabordao (canto em terceiras e sextas) e, deste, formas mais elaboradas a trés e quatro vozes (organum). fi de sublinhar 0 facto de ela ser entoada apenas por mulheres em todas as regides, salvo no Alentejo, onde é de uso quase exclusivo dos homens. Assinalam-se, contudo, exem- plos de excepgdes, que so certos cantos rituais da Beira Baixa e Beira Litoral e certas modas alentejanas de trabalho, que admitem, respectivamente, vozes masculinas e femininas. Por fim, 0 que mais surpreende nesta polifonia € 0 seu ajustamento as ocasides do trabalho (sacha, sementeira, ceifa, varejo da azeitona, arrancada, macadela e espadelada do linho, etc.) a testemunhar a sua solidariedade com as tarefas vitais do homem do campo. 2. A miisica que costuma designar-se genericamente por misica religiosa ocupa um espa¢o inegavel na nossa tradigao, pela variedade e riqueza das suas expressdes. Oferece-nos ela der- radeiros vestfgios de estilos e modos arcaicos, ao acompanhar ceriménias que a liturgia catélica fixara e, sobretudo, ao inserir-se em praticas exteriores ao culto. Assim, ao lado de misicas litargicas folclorizadas, outras h4 que exerciam, ou ainda exercem, fungées rituais libertas dos canones ou imposigées eclesidsticas. Disso sao exemplo os cantos de romeiros baseados em incisivas formulas melédicas (Beira Baixa) ou estruturadas polifonias (Minho, Beira Alta, Beira Baixa e Beira Litoral) e os cantos de peditério das Janeiras e dos Reis (de Tras-os-Montes ao Algarve, Madeiras e Agores). (3) Essencialmente vocal, esta miisica, inclui, todavia, elementos instrumentais cuja fungao magi- co-encantatéria se acha patente no repertério, por exemplo, dos gaiteiros do Nordeste transmon- tano e dos tamborileiros da raia sul-alentejana. Observe-se ainda que raramente ela se exprime de maneira devota ou exageradamente mistica. Pelo contrario, transparece af uma curiosa liberdade na convivéncia com santos protectores e outras divindades a quem so dirigidas rogagées a visar fins utilitérios imediatos. 3. O terceiro aspecto reside na curiosa omnipresenga do romanceiro, assumindo fungées diver- ificadas a reflectir a sua nitida implicagdo na vida colectiva e doméstica das populagdes rurais. A sua difusao é particularmente notavel em areas extremas do territério, ou sejam, o Nordeste transmontano e o Algarve. Achamo-lo ligado naquela regiao as fainas agricolas, em especial a ceifa, sob a forma de canto alternado (cuja melodia se desenvolve em geral no ambito de um primitivo pentacordo), enquanto no Sul parece perpetuar-se na velha tradigéo dos cantos narra- tivos entoados aos serées. Neste caso, conserva o caracter melédico dos velhos romances can- tados em «tom morto», que ainda podem ouvir-se da boca de gente idosa em todas as zonas do Pais (inclusive nos concelhos limitrofes da Capital). A sua interferéncia em ritos do trabalho (as j4 mencionadas cantigas das segadas e, também, das malhas, da apanha das ervas, da fiagao e tecelagem do linho, etc.), em datas consagradas no calend4rio cristao (Janeiras, Reis, Quaresma) ou, ainda, em horas devocionais do dia e da noite, assegura-Ihe um lugar de predilecgo na memoria (e no gosto) popular. Tanto assim é que sobrevive nas narragGes circunstanciais de cegos andantes e poetas vagabundos a testemu- nharem as suas sempre renovadas floracées. 4. © Ultimo aspecto, a que nem sempre se deu a merecida atencdo, diz respeito as tonalidades em que se estruturam bastantes espécimes do repertério tradicional. Assim, ao lado de um grupo maioritario de cangdes tonais (baseadas no classico maior-menor), Fernando Lopes-Graga distingue trés outros grupos formados por cangdes modais (onde dominariam 0 mixolidio, o frigio € 0 edlio), cangdes cromaticas, que assimila a modos, aplicando-lhes a qualificagéo de «exéticos», € cangdes, ou mais propriamente melopeias, partindo de um «simples nticleo tetra- cordal ou pentacordal» (romances das segadas e certos cantos de romeiros, respectivamente, em Tras-os-Montes e na Baixa Baixa). As nossas breves observagées nao esgotam a inextricével complexidade do fenémeno musical popular, de que se nao podem ignorar aspectos considerados de meno interesse musicoldégico, mas nao de todo despreziveis, pois que em boa verdade nao séo menos elementos desse fend- meno. Citamos, por exemplo, os chamamentos e dialogos entoados a distancia (Tras-os-Mon- tes, Minho ¢ Beira Alta), as cantilenas da pedra (generalizadas), os ritmos dos cavadores no plantio do bacelo (Beira Litoral, Estremadura e Ribatejo) e 0 leva-leva dos pescadores da sardi- nha (Algarve), que remetem para velhas culturas pastoris ou nos revelam os primérdios do canto. Mas muitos outros problemas levantaria uma abordagem que se desejaria menos superficial, induzindo-nos, entre outras, a observagSes quanto 2 estruturacdo estréfica da nossa can¢o (predominancia da quadra como suporte da melodia e sua extrema mobilidade) ou interrogacées acerca da diminuta incidéncia da nossa musica instrumental, do cardcter um tanto estereotipado da coreografia popular, ou, ainda, da permanéncia, aqui e acold, do canto liberto da metrifica- ¢ao regular, etc. Dito isto, restaria considerar a situagéo presente da nossa mtsica popular, inserida como ela se acha numa sociedade rural percorrida por correntes antagénicas. Na ocorréncia, apenas nos é licito observar sucintamente: 1. A tradigao oferece resisténcia frontal as misicas exégeneas, mas apenas na medida em que ainda corresponde a necessidades sentidas colectivamente. 2. Da perda irremediavel de espécimes, estética e socialmente preciosos, que teria sido possi- vel conservar para a posteridade, nao se pode inferir-a fatal extingao a breve trecho do folclore musical. 3. Enquanto subsistir a subalternizagao social e cultural de vastas camadas da nossa populagao, ou seja, enquanto nao surgirem condigdes para o nascer harmonioso de uma cultura nacional identificada com o devir colectivo, 0 folclore continuaré a constituir 0 refiigio da criatividade popular, a imensa floresta onde se ocultam velhos segredos e se forjam novas esperangas. (1) Por comodidade, utilizaremos indiferentemente expressdes, como cangao popular, misica tradicio- nal, folclore musical, para designar a misica de tradigéo oral (embora nao exclusiva), cujo carécter intrinseco e funcionalidade testemunham um intimo relacionamento com a sociedade de economia rural. (2) O mais conhecido destes projectos, elaborado pelo Conselho de Arte Musical do Conservatorio de Lisboa (1902), no teve qualquer efeito prdtico (3) A tradigdo musical das ithas adjacentes é-nos pouco familiar, nao obsiante os trabalhos do Prof. Artur Santos nas ithas Terceira, S. Miguel e Santa Maria e, ainda, a mal conhecida recolha do Dr. Antonio Aragdo Mendes Correia no arquipélago da Madeira. NOTA PRELIMINAR Normas metodolégicas simples, servidas por siglas e sinais gréficos de uso corrente, intervém na apresentag4o do Cancioneiro 1. Os espécimes musicais (cangdes, dangas, documentos de varia ordem) neste livro estampa- dos provém de trés fontes: a) publicagées de matéria etnografica ou de indole afim, discriminadas na Bibliografia; b) documentos manuscritos inéditos (em infimo nimero); c) documentos gravados, j4 editados em disco ou ainda inéditos. Damos os primeiros tal como os seus colectores ou transcritores os apresentaram, uns com indicagdes de andamento, outros sem qualquer anotagao deste género. Os segundos, os docu- mentos manuscritos, sao j4 um pouco mais precisos neste particular. Quanto aos terceiros, os documentos gravados, atribuimos-lhes 0 andamento metronémico apurado na escuta pelos seus transcritores. Fazemos ainda a adverténcia de que a todos eles se procurou dar uma grafia uniforme, isto é, sistematizada por um processo comum de escrita, sem se lhes alterar, salvo num certo ntimero de casos (flagrantes lapsos ou arbitrariedades de notagao), a sua fisionomia essencial. (1) 2. Reproduzimos sem modificacdo sens{vel os textos literarios. Apenas actualiz4mos a ortogra- fia e, quando necessario, regulamentémos a pontuagdo. Conservamos, nao obstante as diividas que possam suscitar, os regionalismos lingufsticos registados por alguns autores. 3. Encurtamos letras por demais extensas, sobretudo quando constituidas por quadras soltas, mas cuidamos em no prejudicar nelas o sentido ou a estrutura formal. Por outro lado, comple- tdmos ligdes fragmentarias de romances e colocdmos os acrescentos entre parénteses rectos. 4. Substituimos os tftulos originais pelo incipit ou verso inicial ou, ainda, quando desejavel, pelo proprio estribilho, salvo no caso de musicas instrumentais/coreograficas, em que recorre- mos & designag&o que delas mais comummente se conhece. 5. Acompanhamos por um ou dois asteriscos certos titulos, para assinalar respectivamente os espécimes registados por meios mecanicos (discos de alumfnio ou fitas magnéticas) mas conser- vados inéditos, e aqueles que se acham coligidos em obras fonogréficas referidas na Discogra- fia. 6. Introduzimos cada um dos espécimes da colectanea com dados sinaléticos abreviados, cujo desenvolvimento 0 leitor encontrara no capitulo Notas e comentarios. Consignémos em primeiro lugar o nome do colector responsdvel da anotag4o musical e, eventualmente, entre parénteses, 0 do revisor desta; a seguir, 0 local (lugar e freguesia separados por um / do conselho e do distrito) e a data da recolha ou, por impossivel, 0 periodo intercalar entre duas datas extremas; por fim, e no caso das nossas proprias recolhas, os nomes dos transcritores musicais, Fernando Lopes-Graga ou Kilza Setti e, entre parénteses, 0 nome do primeiro, nos raros casos em que surgiu a necessidade de proceder a revisio do trabalho da investigadora brasileira. (1) E da responsabilidade de Fernando Lopes-Graca a redacgao do ponto 1. do presente texto ise it pL Aaa co ¢ og , ome a Lie re PASSO PRIMEIRO DO BERCO A COVA Da vida embrion4ria aquatica a tempos que iam para além da morte, a existéncia do homem decorria entre sons familiares, num percurso sinalizado por ritos, cren- ¢as e superstigdes varias. Integradas em praticas sociais ou sobre- naturais — estas a rasgar horizontes para paisagens ocultas —, as imagens sonoras visavam necessariamente a adequagao do homem 4s normas rigidas da comunida- de As vozes presentes neste passo haveria que juntar as esquecidas no decorrer do tempo e testemunhadas na entoagao algo mégica das rimas infantis, ou aqueloutras escondidas em ritos de hé muito oblitera- dos. Em contrapartida, acham-se aqui reuni- dos, com alguma arbitrariedade, os can- tares a que chamamos «de outra vida», por considerarmos reflectirem linhas de fractura na contextura sélida da socieda- de rural. Com efeito, o servigo militar, a emigra- Gao e a clausura apresentam-se como passagens indesejaveis, resultantes de pressdes externas ou de situagdes de rup- tura, atentatérias do equilfbrio secular. Tudo parece, portanto, sublinhar 0 carac- ter imprescindivel de certos sinais sono- Tos que, conservados na memoria auditi- va das populagdes, acompanhavam até ao fim as etapas da vida do homem. E tanto assim era que, na prépria hora da morte, recebia ele, com o cantico do Senhor fora, uma iltima mensagem mu- sical da terra que deixava. Na verdade, e de acordo com uma crenga generalizada, 0 dltimo eco da voz huma- na que levava para a sua derradeira via- gem seria antes o choro dos familiares ou porventura das carpideiras, a prenuncia- rem, em volta do corpo frio, 0 seu re- gresso eterno aos mundos invisiveis. 1. DORME, DORME, MEU MENINO** Cangao de bergo M. Giacometti Cercosa, Campia/Vouzela, Visew 1969 F, Lopes-Graga Dor-me. dor-me.meu me- ni — no, quea tua mae temque fa — zer ae E= la temmui-to wa ba - Iho. e tempou-co que co — mer. ih sacl 2. VAI-T’EMBORA, PASSARINHO Cangao de berco J. A. Monteiro (Manuel Joaquim de Campos) Budens/Vila do Bispo. Faro 1907 (7) Adagio z Vai vem-bo = = ta. pas = sa - ri — ho. dei — xaa ba-ga 3 dei-xa = dor, — = mir So ___me = do lou-rei = ro: 2 - ni mo que no — 0 = mo pi-mei - 10 14 3. NANA, NANA, MEU MENINO Cangao de berco G. Sampaio Gens |Pévoa de Lanhoso. Viana do Castelo J=46 = — = SS : s Na- na, na- na, meu me-ni — no, qu'amai- zi — nha lo - go = A Se —Aq ~ ben: foi la—bar 05 teus pa—ni — nhos a po=ci-nha de Be-lén Naa na, ni=na ni = no lo = go ben: foi a= bar ox tes pani - nhos a po-ci-nha de Be-lén K. Schindler Nozedo de Cima, Tuiselo[Vinhais, Braganca 1932 va ra @a-gue = Thao, 6. 6, 16. ua mae te a 4. 0, 0, MENINO, O Cangdo de berco pra me=ni — no, % teu a bor=bo™= le —ta lo = go lo — go te vem dara ma— tr 0 per—di — , gio, te - a0 ei un . VAI-TE EMBORA, 0 PAPAO ‘ Cancao de berco R. Gallop Arganil/ Visew 1932-1933 Moderato Vai — teem-bo — fa. 6 pa — pao. vai — teem—bo — ra, 6 pa — pio, — de ci — ma des — se tw — the — do, dei — xa dor—mir 0 me=ni = 0, dei — xa dormir i ' _—__& > =e ; — + # ‘= = —— | ; v ° me-ni — no um so- ni — nho des — can—sa — do. 6. JOSE EMBALA O MENINO* Cangéo de berco |. Giacometti fonsanto|Idanha-a-Nova, Castelo Branco . Seti Canto livre (circa: 1= 80-84) ————- Jo— s em — ba m lo a =E¥ =—lao me-ni — no, ques Se—nho — 1a lo-go vem, o_o ON 7 > SS Meee lo, go vem,2 lg, = ti — nhos, — foi la — var os cu-eci-ri — nhos (ea fon — ti — nha 2 ‘ 3 Quem tem o nome de mae Vai-te embora, passarinho, nunca passa sem cantar, deixa a baga do loureiro, 6, 6, 6, 6, 6, 6, 6, 6, quantas vezes ela canta deixa dormir 0 menino com vontade de chorar. que esta no sono primeiro, 6, 6, 6, 6, Nota — No canto, cada verso é repetido. Mulher e filhos de pescador (Praia da Torreira/Murtosa, Aveiro) 7. BOIA, BOIA, BINHA CangGo de gestos M. Cameiro Pinto Alferes 5. Tirso| Porto 1916 (2) = sin Ortaa-go— aa cos= W ~ As meninas formam uma roda e andam 4 volta, cantando: — Boia, béia, binha, que faz assim, assim; ora agora a costureira faz assim, assim, assim. Param fazendo o gesto de coser com a agulha. E continuam: — Boia, béia, binha, que faz assim, assim; ora agora o alfaiate faz assim, assim, assim. Fazem o gesto parecido com o das costureiras. — Boia, boia, binha, que faz assim, assim; ora agora © sapateiro faz assim, assim, assim. — Boia, béia, binha, que faz assim, assim; ora agora a brunideira faz assim, assim, assim. Com a mao fechada, a fingir Batem na bota com 0 punho fechado. de ferro de engomar, passam o vestido. faz as — sim, as — sim, ay—sim, as — sim, as — sim, — Boia, boia, binha, que faz assim, assim: ora agora a beatinha faz assim, assim, assim. Batem no peito com um aspecto muito compungido, — Boia, boia, binha, que faz assim, assim; ora agora o estudante faz. assim, assim, assim. Fingem torcer o bigode muito empertigadas. — Béia, béia, binha, que faz assim, assim; ora agora a nossa mestra faz assim, assim, assim. Arremedam o gesto de dar palmatoadas. — Boia, bia, binha, que faz assim, assim; ora agora a lavadeira faz assim, assim, assim. Abaixam-se e fingem lavar, sobre um joelho, um bocado de vestido. —No canto, cada distico das quadras é repetido. 19 PASSO QUINTO A CANDEIA E AS HORAS Acabada a ceia, juntam-se os vizinhos para o seréo. Aconchegados & lareira, tecem didlogos cruzados. As mulheres remendam, cosem ou fiam e o seu riso acompanha 0 gesto dos homens a seca- rem os copos de vinho novo. Em dado momento, 0 dono da casa anun- cia que se vai rezar, e todos se pei gnam. Ao pater noster e ave-marias su- cedem oragGes aos santos, aos protecto- res das sementeiras, aos patronos dos animais, preces pelos vivos, enfermos, mortos, navegantes e viajantes deste e de outros mundos. A salve-rainha fecha o ciclo devocional. Volta a alegria da convivéncia amiga, com ditos espirituosos, anedotas jocosas, oragées irénicas, narrativas cruéis ou faceciosas. Surtem efeito alusées erdéti- cas, réplicas ambiguas, retruques obsce- nos. Um anciSo espicagado pelas mulheres entoa um romance, em voz rude e que- brada. Interrompe por vezes 0 canto para comentar uma passagem. Uma mocetona rosada recita um fado (1). Entremeia na narrativa episédios alheios, donde ressal- tam belas imagens miticas e pormenores horrendos de um crime extravagante. E todos aguiescem com juras, risos ou 1é- grimas. Assim decorrem as horas da noite até que, de repente, o siléncio cobre as vo- zes e cada um lentamente se despede e se some na noite fria (2). (1) Fado, isto € romance ou rimance, ou ainda «quadra> (2) Evocagao nada fantasiosa de um serdo minho- to, que adaptémos de apontamentos colhidos in loco, aquando da nossa pesquisa (1963). M. Giacometti Alcoutim|/ Faro 1962 F. Lopes-Graca 118. INDO O LAVRADOR A NOITE** (O lavrador da arada) Xdcara da Quaresma — — 1 = 2 2 = - doo la - wa dor (Bo po re = = nho Ihe Zz 2 + = Ge ee — ss —— noi - Ie, Oh, ve Ma ~ ne dis Ss se. te has = mec 158 po-bre zi = va-mea- i nes = se. nho en=con tra = va, Oh, va car =, Oko Indo o lavrador a noite. Oh. valha-me Deus! (e) um pobrezinho encontrava. (E) oh, valha-me Deus ea Virgem Sagrada! (E) 0 pobrezinho lhe dis Oh, valha-me Deus! — Leva-me ai nesse carro. (E) oh, valha-me Deus ea Virgem do Carmo! (E) o lavrador se desceu, Oh, valha-me Deus! pra sua casa 0 trazia. (E) oh, valha-me Deus e a Virgem Maria! Mandou-lhe fazer a ceia, Oh, valha-me Deus! do melhor manjar que havia, Ai, oh, valha-me Deus ea Virgem Maria! Eram dadas onze horas, ec, Oh, valha-me Deus! e 0 pobre nada comia. Ai, oh, valha-me Deus ea Virgem Maria! Mandou-lhe fazer a cama, Oh valha-me Deus! do melhor fato que havia, Ai. oh. valha-me Deus ea Virgem Maria! por baixo damasco roxo, Oh, valha-me Deus! por cima cambraia fina. Oh, valha-me Deus, Virgem Mae Santinha! Era dada a uma hora, Oh, valha-me Deus! (e) 0 pobrezinho gemia. Ai, oh, valha-me Deus ea Virgem Maria! Levantou-se 0 lavrador, Oh, valha-me Deu: Foi ver 0 que o pobre tinha, Oh, valha-me Deus, Virgem Mae Santinha! achou-o crucificado, Oh, valha-me Deus! numa cruz de prata fina. Oh, valha-me Deus Virgem Mée Santinha! — Se eu soubesse, oh, meu Deus, Oh, valha-me Deus! quem a minha casa vinha. Oh, valha-me Deus. Virgem Mae Santinha! buscaria outros preparos, Oh, valha-me Deus: que em minha casa nao tinha. Oh, valha-me Deus, Virgem Mae Santinha! Vai ver a tua mulher, Oh, valha-me Deus! que pensava ¢ nio dormia, Oh, valha-me Deus ea Virgem Maria! pensava que em casa tinha, Oh. valha-me Deus! o maior ladrao que havia. Oh, valha-me Deus ea Virgem Maria! 119. "STANDO EU A COSER (Sant’Iria) Xdcara da Quaresma F. Serrano Reg. de Macdo/Santarém 1913-1920 Largo 19 — “Stan doeu co na. ata o- oe = f& - &é— com a-gu-lhadeou - ro ¢ de dal de ; - wire pra = ta e de — dal de pra — ta, *Stando eu a coser na minha almofada com agulha de ouro e dedal de prata, } bis chegou um estrangeiro pedindo pousada. Se meu pai lha desse. ‘stava mui bem dada: deu-lha minha mac, muito me custara. Puseram-lhe a ceia do melhor manjar, fizeram-lhe a cama no meio da casa, } bis Meia noute dada, ele me roubava, de trés que nds éramos so a mim levava. Andamos seis léguas e nenhum falava, no fundo de um vale ele me perguntava: — La na tua terra como te chamavas? ~ Eu na minha terra, Tria. a fidalga, por terras alheias ando mal estimada. } bis } bis 159 — Plas falas que deste seras degolada, Ele se desceu e me degolava, coberta de fetos, ali me deixava. Ao fim de sete anos por ali passava, viu um pastorinho e lhe perguntara: — Que ermida é aquela que ali esta formada? — E de Santa Iria, morreu degolada, coberta de fetos ali foi achada. ~ Iria, Iria, meu amor primeiro, perdoa-me, Iria, } his serei teu romeiro. — Como perdoar-te, cruel carniceiro, tu me degolaste como a um carneiro, da minha garganta fizeste madeiro. — Perdoa-me, Iria. meu amor primeiro. — Veste-te de azul, que € a cor do céu, se Deus perdoar, perdoar-te quero. } bis 120. LEVANTA-SE O FREI JOAO Xéacara da Quaresma J.D. Coneia Malpica do Tejo| Castelo Branco Ant, 1938 Andante = 66 10 Le - van-wa - sco frei Jo - ao sss qu = mama = nha de ge- a — da, ba = teu a © por- ws da Mo — re — na. On! sao lin = da? Peo = la Mo = re Levanta-se 0 frei Joao, numa manha de geada, bateu as portas da Morena, oh tao linda! Vii pela Morena bradava. — Abre-me as portas, Morena, abre-mas por tua alma. — Oh quem tas pudera abrir. oh tao linda! hei Frei Joao da minha alma! Tenho meu filho ao peito, oh tao linda! meu marido a ilharga Estavam nestas razoes, seu marido que acordava — Que é isso. 6 mulher minha? oh téo linda! a quem das as tuas falas? — Dov-as a filha da fomeira, oh tao linda! vinha a ver se cu amassava. Se amassasse pao de trigo, que deitasse pouca agua. Se amassasse pao de leite. oh téo linda! \ bis que nao Ihe deitasse nada — Levanta-te, 6 mulher minha, vai dirigir a tua casa. De duas filhas que tens, oh tao linda! ambas te so bem mandadas. Uma te vai buscar lume, oh tao linda! outra te vai buscar agua. Para mais descanso teu. oh tao linda! eu te vou varrer a casa — Levanta-te, 6 meu marido, vai fazer uma cagada, nao ha caga mais certa oh tao linda! do que é a da madrugada. Seu marido que abalava } bis bis bis } Yi } na bra — da — va. e toda se preparava: bom sapato. boa meia. oh tao linda! \ bis que na perna estalava. Seu vestido de balao. oh tao linda! a doze mil réis a vara Sua mantilha de seda, oh tao linda! bei até 0 vento a levava. Chega as portas do convento, pelo frei Joao bradava: — Abre-me as portas, frei Joao, oh tao linda! Vi abre-as por tua alma. Frei Jodo quando a ouviu, deixou de correr, saltava. Eram doces e mais doces, oh tao linda! } bis da mais fina marmelada. A saida do convento, seu marido que encontrava. — Donde vens, 6 mulher minha, oh tao linda! que vens tao bem preparada? — Venho de ouvir missa nova, oh tao linda! que frei Joao cantava. — Onde foi dita essa missa, que foi tanto a calada? — Foi na casa da comadre, oh tao linda! bis também 4 porta fechada — Toma Ia esta estocada na parte do cora¢ao. Nao tornaras, mulher minh: oh tao linda! } bis a falar com frei Joao. — Nao se me da que me mates, nem tao pouco de morrer, da-se-me s6 de meus filhos, oh tao linda! a que outra mae nao hao-de ter. 161 J.D. Correia 121. INDO A D. SILVANA Xdeara da Quaresma Malpica do Tejo/Castelo Branco Ant. 1938 Andante Do=na Sil — va = - ma pe- to cor = Indo a Dona Silvana pelo corredor acima, tocando numa guitarra, coisa que ela nao sabia, acordou seu pai da cama. — Que é isso, 6 filha minha? — Tenho trés irmas casadas, todas trés tém familia, eu, por ser a mais formosa, por que razao ficaria? — Conde Alberto é casado, € casado, tem familia — Com esse, meu pai, com esse, com esse é que eu casaria. — Manda-se chamar o conde, da tua parte e da minha. Palavras nao eram ditas, o conde a porta batia. — Que quer’ Vossa Maj Que quer’ Vossa Senhoria? — Quer que mates a condessa pra casares com minha filha. — A condessa nao a mato, que ela a morte nao mer’cia. — Mata-a, conde, mata-a, conde, nao procures demasia, traz-me aqui sua cabega nesta dourada bacia. Foi 0 conde para casa todo cheio de agonia, mandou logo por a mesa para fingir que comia. re ~ dor a- ci - Do-na Sil-va - na. PES Io cor = re = dor As lagrimas eram tantas que até os pratos enchia. — Que tens tu, 6 meu bom conde, conta-me a tua agonia. — Se ta eu fosse contar, mais penas te causaria. Disse 0 rei que te matasse pra casar com sua filha. — Manda fazer umas torres pra nao ver a luz do dia. — Isso nao, condessa, nao, logo 0 nosso rei sabia. — Manda-me levar ao mar, as ondas me levariam — Isso nao, condessa, nao, logo o nosso rei sabia. Mandou que leve a cabeca nesta maldita bacia, Palavras no eram ditas, © rei a porta batia. — Deixa-me dar um passeio da porta até ao quintal Adeus, cravos, adeus, rosas, adeus, lindo laranjal Deixa-me dar um passeio da sala até @ cozinha. Venham aqui os meus servos, tao bem que eles me serviram! Deixa-me dar um passeio da sala até ao corredor, amanha, por esta hora, estd vosso amo senhor. in - do Da-me ca esse menino, deste leite amargurado, eu 0 quero pentear, amanha, por esta hora, deixa-me ver 0 mais novo, tens 0 teu pai coroado. quero-lhe dar de mamar. Tocam os sinos na torre, Mama, filho, mama, filho, ai, Jesus, quem morteria? deste leite de paixao, Morreu a Dona Silvana amanha, por esta hora. pelos transes que fazia: esta tua mae no caixao! apartar os bem-casados, Mama, filho, mama, filho, coisa que Deus nao queria. Nota — No canto. cada verso é repetido. 122. DEUS TE SALVE, 0 ROSA** Romance narrativo M. Giacometti Aljecur/ Faro 1961 P. Lopes-Graca que — do que eu a= au + tS = > tum trum.trumtrum te trum tri — ra.trum te trum trum, trum te tum. tri-ra eri = trum Lago da Danca dos Paulitos (S. Martinho de Angueira, Miranda do Douro, Braganga) 149, ADEUS, MIRANDA (Habas verdes) K. Schindler Miranda do Douro/Bravanca 1932 Allegretto ritmico === A = deus. Mi = ran = daja-deus, Mi - ran = da, ter rei - ro de Sao Jo - Se, a - deus ao Pa = go do Bs = po, ter— rei - ro de S80 Jo = -% A - gua verdes, a — guas ver, = des, bem vos ve = jo ver = de = gar = Dy 4 — — guas bem vos ve — jo ver —de - - gr = a0. pa = lao de omen pai quem me 201 a ee To-ma- ks oa = mau aw li ver = des To-ma-ks oa -— lit Da — las ua quem qui = ze = res. quest mim) na = da seme £ 150. SENHOR GALANDUM A. Valentim Duas Ierejas/ Miranda do Douro, Broganca 1952 150 S€nhor Ga-lan = dum. Ga = lanstum. ga=lan = dai = nats mimdre a Bis = salsa, cus lay ues ta = scien cu shay de tani = as da = me te mma = ne is = quier = de deme be de = ori = Virere=dem=se ue Nun bos man= ci due la re = bien = cia Es-tes bei cla = doers que se caisen cu eke resi que se eaisan. que se cai = an Nuff bos maneda que bosmaneda Lal = eal = de Estes bella = do-resquese le — banetem. i que baielen, ¢ que baislem, i que bai = lem 202 151. PUR BEILAR EL PINGACH M. Giacometti Paradela/Miranda do Douro, Broganca 1960 F, Lopes-Graga J-= 66 Pur bei = lar el pin — ga —cho do — runm'un fi — al, pur bei - ga —cho do) — unm'un oh = = lo. bei = 1 16 pi- cor ci to. bei la lo que te quie=roun pou = qui =. bei - bk = boy bei - I-10 de tha- do, de You-troan-cus - ta- do i de de-lan — trei- ra, ta = =mien de tra = sei - ra, O = raw = Si que te quiero mo = re = ma, que te quie- tm sa = la = da 2 tamien de traseira. Ora assi que te quiero morena. [Por beilar "I Pingacho ora assi que te quiero salada dorun-me di reis. Beila-se de quatro 3 i tamien de seis bis Se lo bailares bien ho is Beila-lo. beila-lo picorcito, darei-te un teston. heila-lo que te quiero um pouquito. Los que beilan bien beila-lo sei you quales son beild-lo de Ihado, de l’outro ancustado. Beila-lo, beila-lé picorcito, ide delantreira, etc. | Nota — Completamos a nossa licéo com a letra recothida pelo Pe. A. Mourinho na mesma loca- lidade e possivelmente do mesmo cantador. Todavia, nao podemos conjecturar como é que tal texto seria cantado, dados os problemas de prosodia que levanta. 152. MARAGATO SON** M. Giacometti Paradela! Miranda do Douro, Bragange 1960 F. Lopes-Graga (B Ma ~ ra - to son no lo ne = go Mais me de = ve © mim Ma- ra - ga — to son no lo ne ==" go. m0 le de = vo mas ome de ve e- lea mim, — por trey nl = tes Na pagina da direita, & esquerda; Roca ornamentada com roquil ¢ torre feitos do préprio cabo (serra do Caldeirao?); a direita: Roca mirandesa le tes no por noi fa dor — de — vo noi = por tres tes (E) Maragato son, no lo nego, (bis) no le devo nada al cavalheiro, no lo devo nada, nada al devo. (bis) Mais me deve ele a mim, (bis) por trés noites que alla dormi. (bis) Tira-te del sol, Maragato, (bis) tira-te del sol, que t'abraso. (bis) na ~da al dor que — i z Maragato son, no lo nego, no lo devo nada, nada al devo. (bis) Tira-te del sol, Maragato, (bis) tira-te del sol, que t’abraso. (bis) Tu, que num podes, Maragato, (bis) lleva-me a las costas um rato. (bis) 153. O VERDE-GAIO E MEU V. Pereira S. Joa do Campo, Campo do Gerés/Terras de Bouro. Braga 1956 Arrebite Alta de me Meio Baixo 53 meu di de da ccus = tou Riso meu, = tens cus Ri- zai o € iro_vin gai qua © = oe vine tou do oO ver = de = mo mre. Es 154. O DO BIRA, BIRA G. Sampaio Valenca do Minho/ Viana do Castelo 1890-1933 60 Odo bier, Be a, OOD = ra de Sei = xast___—le-bast'o di - Sei = aw dee biet'o di = a — bo, Sa-go-ra ome dei = aT 2 3 4 O do bira, bira. O do bira, bira, Nun ten enxergao, muito biradinh daqui pra Mongao: deixda-la num ter: na cama dos noibos a cama dos noibos a cama dos noibos lengdis de paninho nun ten enxergao nunca se bai ber. Nota — No canto, cada quadra é trisada. 207 155. O BAREIRA, O BAREIRINHA (Vareira picada) A. Lega Vila Cha/Esposende. Brisa 1908-1945 (2) rei - ri - nha do du~ as, baio fo gue - te a0 2 O bareira, 6 bareirinha, 6 bareirinha do mar: eu perdi-me na bareira, na bareira me hei-de achar. 156. EU CASEI-ME PER UM ANO (Chula) V. Pe Cintées 1947 - Eu ca-sei-me per 1560 LNON wo ~ ~~ O a-no vaiese a€a- ban -do, i= ta= ruil iv ~/e-lu.quemme de-ra soMStei-ti-nha 2 3 O meu amor é tao lindo, Antoninho, cravo roxo, ai, larai, lolela. ai. larai. I6lela. como a rosa. quando abre: nao entres no meu quintal toda a gente m’o cobiga. vem o dono, da-te um tiro, ai. larai. l6lela, ai, larai, lélela, Nossa Senhora m’o guarde! que te pode fazer mal, Na pagina da direita: Pandeireta das saias (Campo Maior, Portalegre) 157. O MINHA CANINHA VERDE L, Carneiro Barbosa (P, Rebelo Bonito) Monte Cérdova|§. Tirso. Porto 1948 (?) © = mi~ nha ca ~ ni = nha ver = de. 6 mi-nha ver - de ca - ~ ni = nha, vamos dar du— as vol — ti = mhas da tu- a por—ta pra minha 2 3 O cana, 6 verde cana, Cana verde, 6 verde cana, verde cana ricoqueira,(+) verde cana d’incanar; tenha o meu pai quem o sirva morreram as velhas todas, qu’eu ja tenho quem me queira. ja nao ha quem talhe o ar. (") Ricoqueira: amiga do ricéc6. Por extensao, amiga de cantar e bailar. 158. O MINHA FARRAPEIRINHA (Farrapeira) J. Pinto Pereira Alvoco da Serra/Seia, Guarda 1945-1952 Allegretto O mi- nha far ~pei ~ ri-nha, Omi - nha far-ra—pei — rela: 6 mi- fur ra — pei-ra € bo = nite gos-to de ba Chamaste-me farrapeira. - + bis na tua do algodao; = eu nunca vendi farrapos; f 2! farrapeira é vocé, tenho uma camisa nova, mais a sua geragao. toda cheia de buracos. Chamaste-me farrapeira, 210 159. 0 MALHAO, TRISTE MALHAO R. Gallop Mira {Coimbra 1932-1933 Andante © ma = thao. wis = te ma = tha Ma -thao, tis — te ma = ai wis te vi -da tehei-de da = ri wise te n= ti - go. O gaiteiro Francisco dos Santos (Casal da Merceneira Torres Vedras, Lisboa) ai, nem tehei-de dei-xar ca = sa = ri nem tehei — de dei —xar a == La - ri-16- le la 16 rah = le— 16 le - ti 16 = le =a, eu bem te di-zi-a que co 2 =a quea — su~jas de po. Ta pi = pas te que ~ fanrem a zi a 160. O VERDE-GAIO E MAROTO A, Lesa Torres Yedras|Lisboo 1908-1946 160 © ver-de gai-o€ me ~ = ~ 0, é ma-ro- to € bre = An - daa-tés das ra-pa - i — gas co = «mo um fa-paz sol — a SSS 2 zs Z 3 o 7 =} O -la~ ré0 = Iéy tum Ii, dé ed. Co= mon ver= de gai =o do hé, nie hd 161. AI, FESTAS DE CAMPO MAIOR** (Saias) M. Giacometti Campo Maior | Portalegre 1965 F. Lopes-Graga 4288 Ae UM FORISTERE ME BENE Ur DIE Painel popular, Festas do Povo (Campo Maior, Portalegre) JER AR LA - fei tar as nos — sas wy se Ooh pa eh ———— = : z Ai, rapazes e raparigas, Ai, enfeitar as nossas ruas, } bis (e) vamos todos trabalhare, } bis para 0 folausteiro esperare Ai, rapazes e raparigas, } bis ai, vamos todos trabalhare. e } us para 0 folausteiro (‘) esperare (') Forasteiro 213 162. UMA VILA NOVA BEM AMURALHADA (Baile mandado} J. M. Soeiro de Brito eV, d’Almada Faro 1870-1898, vi- la no-va bem a-mu = ~ Ihasda. asmo-cas de © Mou-ra j4 indo va - lem nada. J& ndo va -lem — na-da ves-ti- day de branco.quando vio 4 mis-sa_ enya nar 0 Sarilho(l) santo, Bate uma, coisinhas mais, Sér Verruma, uma mijadela Estou contigo, que os burros deixam outra mais e fez andar da janela os atafais. Sor Cascais, um barco a vela. pro postigo; Vira e revira, mais outra, estou com ela Casimira, adiante, Virou, do postigo. e dobra ainda, atras tudo, ¢ vira ao centro, pra janela. cara linda, perfilou, gingou, uma duas, gingou brincou Faz. frente, chegadinho, Alto frente, Inda a velha batalhao, unidinho, Sor Tenente. a "sta chovendo, Passo curto, vira ao lado, ja trés frades caldeirao. miudinho. Sér Soldado, afogou, Meus senhores, aqui passou. Va de roda carrapatos Larga um, pela esquerda, sao doutores. Uma velha pega noutro, outra vez Va de leve, com mijar gingou tudo, pela direita, pateado, trés moinhos Ferragudo, aldrabas, canta Manel, fez andar, se nao fosse eu fechaduras, canta, diabo. © sobrou morria tudo. © outras (*) Estes quatro compassos, segundo C. das Neves, repetem-se enquanto 0 mandante néo parar. 214 163. CHAMA RITA, CHAMA, CHAMA (Chamarrita) C. M. dos Santos Gaula /Sania Cruz, Funchal 1937-1942 (2) Lento - Canto Chama = Ri ~ ta, cha- ma, cha - jd dormi na tu-a ca ~ma, ja dor- - mi osteus ca- ni - Coutrascoisasq’eucé se - 1, ja go- Rajao - mi oma tw Jé tu-a bo-ca bei - je - = wi os teus eoutras coi-sasqu’eucd Se =I 164. BASTA, PENSAMENTO, BASTA (Chamarrita) A. A, das Neves ¢ Melo (2)/Acores 1867-1872 (?) Allegro tod ~ — dei-xa- me en-fim des — can - Le —— —S ss um— bemaue ser meu .— néo pode © um tor = men to lem- brar 2 3 Deixai vés falar quem fala, Coragao nao gostes dela deixai vos dizer quem diz: que cla nao gosta de ti; deixai vés correr as aguas nao estejas, coracao dir ‘as ao chafariz tape, tepe, tepe, ti 165. SAO MACARIO DEU A COSTA F. de Lacerda Ci ttha de 5. Jorge 1899 (?) ou 1913-192] () Andante —_ PaO Sa 16 Sio Ma = ci - tio, Sio Ma—ca—rio dew Sao Ma — ca —rio, Sao Ma —ci—rio dame a cos ta, comma, ona bal - xu do Mara = do Ma - ra = (daa gen = iets 2 al vou, so 0 Sio Ma = ca — rio C1 FSS SS SS x 2 Vou partir, adeus pais, artir c F ai } bis : iS uadeus i vou partir com S40 Macério adeus pais, adeus amores, } bis ai, Sao Macario, ai, adeus amores, a bordo de um galeao. 14 me fica 0 coragao, Ai, S40 Macario, ai, adeus amores, a bordo de um galeao; la me fica 0 coracao. 216 166. CARVALHESA K. Schindler Tuiselo/Vinkais, Braganca Allegro con brio Flauta 8." sup 166 fiitieg dd yg | 167. REDONDO** M. Giacometti Ifunes/Miranda do Douro, Braganca 1972 F, Lopes-Graca d=88 so Gaita de foles (sempre) 167 => SSS al_,f1t FEO OE, r + be t- f 1 M. N. Cruze J. D. Ribei Aru ale inane ata (8. Vie 1917 reuiefAlaabage Lab 168. FANDANGOS 169. MUSICA DE ARRAIAL M. N. Cruz € J. D. Ribeiro Ataija, Aljubarrota (S. Vicente){ Alcobaca, Leiria 1917 (2) oo Gaita de foles 16 Allegro eeese 7h ircy VF inay 170. CORRIDINHO** M. Giacometti owié. Faro 1962 F. Lopes-Graga + = 200 Flauia f- aS oe PASSO SETIMO AS VOZES E OS GESTOS Do pregao dos vendilhdes a loa dos autos sacros, a sociedade rural segregou outros tantos meios de comunicacao a romper barreiras fisicas, sociais ou psicolégicas, de acordo com a sentida necessidade de quebrar siléncios impostos na solidao colectiva. Os impulsos de aproximagao tomaram, assim, feigées que sao reconheciveis ainda no apregoar de uma mercadoria ou de um acontecimento, no toque festivo de uma alvorada, na difuséo por montes e vales de mensagens orais, na disputa de cantadores ao desafio, na lamtria dialo- gada de cegos pedintes, na palavra en- toada em autos e ritos, por ruas, pragas e palcos improvisados. Que o fim em vista tivesse sido mercantil ou de comunicagao utilitéria, de natureza competitiva ou histriénica, de cardcter Iidico ou didactico, o transporte a dis- tancia da voz, através dos obstaculos que se lhe deparavam, constitui um salto qua- litativo sem prego nas relagdes dos ho- mens do campo. Neste sentido, importa relevar a virtude de simples entoagdes e gestos sacraliza- dos, de gritos e chamamentos teltricos, de expressdes vocais clementares, inalte- radas pelos tempos, na tentativa sempre recomegada de aproximar as distancias (e com elas os destinos) do homem para com o homem 171. O VIVA DA COSTA! Prego da sardinha T. Borba Lisboa 1.9 quarte! do século 171 6 vi-va da Cos - ta! 172. O BURRIE, BURRIE! Pregao do mexilhao T. Borba Lisboa 1.9 quartel do sécuto O bur-ri ~ 6, burri-é, burri-é, burri-é, me-xi - Ihao! 173. MERCA O CABAZ DE MORANGOS! T. Borba Lisboa 1° quartel do século PSS : Mer ~ cao ca baz de mo-ran ~ gos! 174, OLHA DO RAMO ALTO! Pregdo da laranja J, Cortesio Lisboa Ant, 1942 O-tha do ramo alto! Q-lhaa_la-ran - ja boa! 226 175. QUEM QUER FIGOS? T. Borba Lishoa 1. quartel do século Quem quer fi-gos, quem quer al-mo - gar? © fi= gui-nhoyde ca-pa ro = ta! C. das Neves ¢ G. de Campos Coimbra (2) 1870-1898 an = fp Mer = ca me = des) de Co -im - bra tao 177. A DEZ REIS O SELAMIM Pregdo das azeitonas L, de Freitas Branco Lisboa Ant, 1955 Seed a 178. CASTANHA COZIDA C. das Neves G. de Campos Lisboa 1870-1898 C= ta ook co = i = da Quem as quer quen = ti=nhay d’er-va do = ee? 179. OLHA OS BONS PEROS ASSADOS! L. de Freitas Branco Lisboa Ant, 1955 ma i Ola os bons pe = ros as-sa ~ dosno for ~ no! 227 180. UM AH! Pregdo de caramelos A. Tomés Pires Ehas 1906 (2) Lento 180 Um ahT— Ah cra-mét Ab ta -ter-rd! Ah tris co = ei! A-gubnha da cister- na 181. QUEM QUER COMPRAR BOM VINHO TINTO? A. Tomas Pires Portaleere 1906 (2) Andantino gl Quem quer com ~ prar bom vinho tin - Te. ates vinetens Qae q’ar com - prer bom vi- nho tin - Ww. a tras, vin-tées 0 ii = Mf, va ao” Ro - ci - Ca venda'do Ca - chu - 06, que la vende. li = tro. va 6 Ro = ci - 0, @ vanda do Ca - chu - do, q'a Ii se vande, 182. O FREGUESA LA DO PRIMEIRO Pregdo do leite L. de Freitas Branco Lishow Ant. 1955 Zz poet © fre gue - sa do-pri— mei — 10, venhadva ~ qui -tei = ro. Che-ga ld pa-ra Dai x0, che - ga. 183. COMPRA «FROSFES» M. de Sampaio Ribeiro Lisboa Ant. 1965 48 eel Comepra fos - fes ance ~ gui no, quatro cai = xay sie rein! Costumes de Port endedor i areite fe 184. OH PETROLINE! L. de Freitas Branco Lisboa ant. 1955 Oh. pero = li-ne! 185. PELES DE CHIBO Pregdo de peles A. Tomas Pires Elvas 1906 (?) Andantino RN . a Pe - les de chi - bo, co-e - Iho, le- bre.ou de bor - rego. 229 186. QUEM COMPRA SAPATOS? T. Borba Porto 1° quartel do século — — = = | i o ‘at eo Quem com pra sa - patos, quem com - pra by ~~ hus? 187. LOICA DE FOLHA BARATA! C. das Neves e G. de Campos @ 1870-1898 188. MIL TREZENT’S E VINTE UM! Pregao da lotaria R. Gallop Lisboa 1932-1933 = — = SS SS 18 —S <- 189. AMOLAR TIXOIRAS A. Tomas Pires Elvas 1906 (7) Allegretto 189 Ff 7 A-mo ~ lar ti = xoi- ras, fa - cas,ca-ni- be - tes, na - ba- thas de — bar-ba Andante” 7 5 --- sy Flautim 190. OLHEM! QUEM QUER COMPRAR LAGOSTA! Aviso de pregoeiro [M. V. Soares Onofre] Ericeira/ Mafra, Lisboa 1957 oN eA ee im Sess Olhem! — Quemaquercomprar la- gosta! € — lin=guadot. e —pre-gado!¢ 2 om fay =raias! © mais ey fi=da-ds de peixe! Bao % praia! Bai emgar a lota! 191. H! EU, ABIS’EST POBO Aviso de pregoeiro [M. V. Soares Onofre] Ericeira/ Mafra. Lisboa 1957 1 Ah! eu. arbins'est pobo que ser‘ali-za ho-jumgrandioso —bailho no Sa-laomo- ~dernu! Othem 00 ~ cador EoManel cas - tiga qué munt a bom! Olhemque jatemrocad'emmuntos —_sit'os. ~—se=me_— ¢° ds dex horas! Bai quem quer! (falado em tom mais baixo). 192. OH DEVOTOS E DEVOTAS! Peditorio das trovoadas A. Toms Pires Elvas/Portalegre 1906 (2) Andante Oh de-vo-tos ¢ de- vo - tas de San-ta Bar-b’raben - dita! 231 193. ALVORADA (Em dias de festa) K, Schindler Tuiselo/Vinhais. Braganca 1932 194, BAI, BAI, O CAMARADA G. Sampaio S. Gens/ Pévoa de Lankoso. Viana do Castelo 1890-1933 #50 Cantilena de abailar ba- i pa-r'é pé 2 — Bou, bou, companheirinho, bou, bou, pré pé do caminho. 3 — Toca para aqui o gado, bamos jogar U bocado. 4 — Bou, bou, 6 companheiro, olaré, pra tua beira! 5 — Ben, ben, 6 companheiro, ben, ben, para este outeiro. 6 — Nun posso ir para ai, ben tu, entao, par’aqui! 7 — Bou, bou, e tu tamén, bou, bou, olaré, meu ben! 234 stra - = ~ da! 8 10 — Nun posso ir agora, é tarde, bou-me ja embora! — Bou, bou, camaradinha, bou, bou, pra tua beirinha! 9 — Ben, ben, camaradinha, ben, ben, pra minha beirinha! 195. O AIDINHA, QUERIDINHA Cantilena de abailar K. Schindler Tuiselo/Vinhais, Broganca 1932 >. ¥ . rN re TT ——————— x “a a : - di a nha, Ma - rio - a yout pra ond’ vais a ma - nha? O - ra dé - la - dou! sous OA - - = die = nha, 6 que - ri ~ di~ nha, vou, € ou bem re-ga—la-di-nha, o- ra da — la ~ dou! —__ —— re ~ ga -Ta-di-nha, He-le-na, o- ra da - Ia ~ dou! —_____ 196. ANDA MOCO, CANTA CEGO Toada de pedintes P. Fernandes Tomas Abrunkeira. Assafarge (2)/Coimbra 1893-1913 Allegretto ‘Cego Gy re ere | | 1% Ee =e : SS An-da mo-co, can-ta ce-go.faz a ta o ~bri-ga - ga0. que leé ri-co, tem ca - == Peo @ eet = =H - fo-¢o, da plo me~nos um tos - tao, te-nha do do po-bre ce=go, meu se-nhor de es-ti-ma ~ 235 - cao, An-do far-t de can = tar, nao a= pa-nho nemvin - tem, vou-me jd da-qui em ~ = bo- ra, is-toassim nao me con= vemr UM pa taco oumel'tos = tao nao fu=zem fal-ta a nin — 2 Cego Entre tanta gente junta Moco Eu ja tenho a boca seca nao nos dao nem um real, de "star a cantar sozinho, ninguém tem dé do ceguinho, venha de ld uma pinga, nem repara no seu mal; dém-me um copo de vinho; aqueles que tém riqueza e também nao era mau nao se lembram da pobreza. a posta de bacalhau. Masicos ambulantes na romaria de Santa Luzia (Castelejo/Fundao, Castelo Branco) Cubs Gak bot 4 er 197. EM HORA DE DEUS COMECO Desgarrada F. Serrano Macao! Santarém 1913-1921 (7) Vor Pitaro Pa — dre, Fi — tho, Bs— Fi- IhoBs= pi = can = ti ao nes — te au — 2 3 4 — Em hora de Deus comego — O motivo que me traz — E estilo da mocidade, digo eu, também, rapaz. ja to digo, na verdade: assim mo estas a dizer; Diz-me qual 0 motivo venho pra rir e folgar, essas tuas palavrinhas que a esta festa te traz. é estilo da mocidade. sao de quem ja sabe ler! 5 — Eu ainda nao sei ler, mas sei tocar a viola; tenho esp’rancas de aprender na tua famosa escola. 6 — Eu escola nao a tenho, mas, se inda a vier a ter, nao hao-de ser toleirdes que nela hao-de aprender. Nota — No canto, o primeiro distico de cada quadra é repetido. 198. NASCE O SOL E SEUS HORIZONTES** (do Auto da Criagéo do Mundo) M. Giacometti Rio de Moinhes|Borba, Evora 1964 F. Lopes-Graga J-+-66 Mulher = * Po 2s = = 13 * Nas = ce 0 Sol e su 238 vem pelos seus grays Su = = 3 bin = do por pi — thais. va 199, JA FUI AO REINO DA CHINA (Da Historia de José do Egipto) R. Gallop Cércio, Duas Igrejas/ Miranda do Douro, Braganca 1932-1933 Moderato : =} < SY - wie fea ee 198 de Ja fui a rei-no da Chi — na. por ver um gran=de Sul~ a0, ji pas — sei pe- la Cal—dei ta w wi — no de Camm ane = eee SS = t - 2 — Diz-me ca tu Erelita quantos irmaos téndeis sido? — Em algum tempo éramos doze, mas um das feras foi comido. Nota — Transcreve-se o texto de R. Gallop. parecendo contudo evidente faltarem dois versos nesta segunda estrofe. pois que a primeira, que acompanha a solfa, € uma sextitha. 239 200. BELO INFANTE DOS MEUS OLHOS (Do Auto do Natal) ino Silva Funchal Mui vagaroso r r = a = fe { = a zi | da mio = onhaal da ve na, que Deus s des = i ona 201. ESTA NOTICIA TIVEMOS (Do Auto do Natal) T. Afonso Porto Moniz/ Funchal 1953 (2) Es — ta m-—t — cia tive mos a mei — a —- te sen -— a por is — 50 nos va — mos dar Anjos Pastor Pastores os. para — Entrai. entrai, 6 pastores, Pastor por esse portal sagrado, vinde adorar 0 Menino numas palhinhas deitado. Da serra veio um pastor, a minha porta bateu, trouxe uma carta, que diz que o Deus Menino nasceu. Essa noticia tivemos, Pastores @ meia noite seria, por isso nds vamos dar os parabéns a Maria. Na pagina da direita: Espelho popular (Alto Alentejo) bens a Ma — ro — a Também diz a tal cartinha que a Virgem estava a chorar, por nao ter uns paninhos com que o pudesse abafar. A carta diz que Ele esta, nas campinas de Belém, numa caminha de palhas, sozinho, sem mais ninguém. Essa noticia tivemos, logo que cantou o galo, e deixamos nossos campos para virmos adora-lo. Pastor Eu vou correr a Belém, quem quiser venha comigo; fiquem os gados no campo, vamos ver 0 nosso amigo, Ajoelham todos diante do presépio e cantam: O meu Menino Jesus, meu lindo amor-perfeito, se Vés tendes frio, vinde, vinde parar a meu peito Foste nascer numa gruta, entre brutos e pastores, podendo ser na cidade, entre bispos e doutores. Beijam a imagem e retiram-se. A despedida, canta de pé o Pastor: Nos bragos da bela aurora, vejo o Menino brincando, com a maozinha de fora, todo o mundo abengoando. 202. VISTE LA O MEU AMADO** (Do Auto da Paixdo) M. Giacometti Bustelo/Chaves. Braganca 1960, F. Lopes-Graga Quase falado( J = 6. Nossa Senhorg a 9 meu A-ma-do, fielhasdeDru-sa-lém. — omeu fi Verinica ninguem? nao val Visete ki © mew A-ma-do? 203. EU M’ARROGO PRA BATALHA#* Loa do Auto da Floripes M. Giacometti Neves/Viana do Castelo (") 1963 F. Lopes-Graga 20; : 242 Tempo rubato (J = + - 66) — —— = Eu mar = 1 =go pri. ba = © muther — porque cho Ss cs [a a fe aft vai pe-le= jar pa-rao } -3—4 cam = po Far = ru = bris de Aste = xan ede a Farrabras © doze pares de Franca, Estou aqui neste campo, vs jd perdesteis o brio; estou aqui a pé quedo; parece que estais tremendo vinde vos, 6 doze pares, com este meu desafio. pois nenhum me mete medo. () No lugar das Neves existe um largo triangular, confluéncia das freguesias de Mujées, Vila de Punhe e Carapateiras. onde todos 0s anos. por ocasido da festa da Senhora das Neves, se representa. ao ar livre. 0 Auto da Floripes 204. O VOS OMNES** Canto da Verénica M. Giacometti Redondo | Evora 1970 F. Lopes-Graga Tempo rubato 2 = ©) qui wy é = F 2s SS SSS fa «<= a a. — - =. * bbs os a? =F _ > —— — pF oe et a a : ca — va = lo em pei na — que — la pe —dra pa — ten-te. Na pagina da esquerda: Peditorio para o Cirio (Ribamar, Santo Isidoro/Mafra, Lisboa) PASSO OITAVO O AMOR E O MALDIZER Nao se vislumbra com facilidade no re- pertério tradicional uma expressao lirica auténoma assumindo o tema do amor como pretexto a viagens sentimentais ou introspectivas (1). As variagGes do tema, sensiveis na poéti- ca popular, nao parece terem encontrado o himus musical propicio a sua floragao, néo obstante, claro, as belas e inconfun- diveis melodias que, neste ambito, ofe- rece a nossa tradigao. Repararemos, em todo o caso, no carac- ter de estranha amargura presente em nao poucas das nossas cancgées amorosas, com frequéncia envoltas em ironia amar- ga ou rudeza fingida ou, ainda, numa reserva singular contréria & expansio plena do sentir intimo. Todavia, e como a contrariar esta fei¢ao particularizada do temperamento do nos- so povo, de certa mancira abundam entre nés cantigas francamente sensuais ou de um erotismo cru, mas também de rico sabor campesino e saudavel virtude dio- nisiaca. Se bem que nem sempre esteticamente dignos de reparo, estes cantares consti. tuem um fildo raro e precioso, com rami- ficagdes fundas na psique da nossa gente. Deste filao — cabe-nos dizer ainda — fazem parte as cangdes de maldizer, com seus impetos de escdrnio ou critica social acerba, ouvidas outrora em tempos per- missivos do Entrudo, nas pulhas, nas ser- rages da velha e, inclusive, em come- moragées do calendario cristio, como, por exemplo, as festas de S$. Gongalo, Sto. Anténio, S. Pedro e S. Joao. Entre estes dois pélos, ou seja, a expres- sao Ifrica, pudica ou contida, e o impulso sensual e libidinoso, parece situar-se o comportamento amoroso do povo quando traduzido em cangoes. (1) A feigao sentimental do povo portugués tem sido exagerada por alguns, com fins nao propria mente desinteressados. 207. O QUE LINDA POMBA BRANCA** M. Giacometti Aldeia Nova de S. Bento/Serpa. Beja 1965 F, Lopes-Graga d= 126 Ponto 8 -— e/ - que can - tas ) as gma — des = sao? o teu can = tar__-ma - = mea os - - d= = = msm = a0, {ier Coro can = ta, pom = quean = {pom — bo Na pagina da direita: Garfo e colher de madeira lavrada (arte pastoril alentejana) {pom bran — ca. Na monda do grao (Ervidel/Aljustrel, Beja) 208. CANARIO, LINDO CANARIO V. Pereira Merujal, Urré/Arouca, Aveiro 1953 Rasoilo Meio Baixo - rio, meu tin - do ~ tio meu jin - do 2 Canario, lindo canario, canario, meu lindo bem; (bis) quem me dera ter as penas que 0 lindo canario tem! (bis) 209. NAO QUERO QUE VAS A MONDA F. Lopes-Graca . Caridade /Reguengos de Monsaraz. 1949 d= 58 209 Nie yt = re que vis a mon ~— da—_ nent a vi~ bei = 255 cre ke x0 que ~ ro que mea = com = parnhes, sé que ~ a ee aed dl = weg meme ee OS oe 2 No dia em que me eu casar, Ndo quero que vas & monda, has-de ser minha madrinha; nem @ ribeira lavar. nao quero que vas & monda, (bis) sO quero que me acompanhes. (bis) nem a ribeira sozinha, no dia em que me eu casar. Andas morta por saber onde eu passo os meus serdes: nas vendas das vendedeiras, (bis) encostadinho aos balcées. : 210. MEU LIRIO ROXO DO CAMPO A. Marvao 1580-1982 Moderato Ponto a oe te a 20 : Meu Ni = tio ro. - xo do cam ci - a = do Tt ten = gto qual foo A tua tengao qual era, desejava amor saber, meu lirio roxo do campo, ai, ai, quem te pudesse valer. 256 211. AIO Al, MEU BEM A. Correia Budens/Vila do Bispo, Faro Ant, 1935 Lento qo 1, oe == = PSS it peep eet ried a ~ — Vlad 2 sir a. poisem cer = tas o-ca-sindes. Sendo des-seum ai, cu mor=ri ~ a poiseem =ri = a 2 Ai 6 ai, meu bem, ai 6 ai, \ , ai 6 ai, me sinto cereada; J s6 da vista dos teus olhos } vis PSY me vejo desamparada. : ( A. Duarte Portel | Evora Ant. 1943 Andante O al = deima des ly = rem yay ae pe Vie da me = nox mal, pas ‘sau Hem seus alm deim iu das ta = run = jas, pe 1p daes—tra= dere = ahh quit aemors vis = paar vic dau= le = gre = men = Ke r 1 Le ar daes = tru = da cor = - ren = 258 O aldeia das laranjas, ao pé da estrada real, quem tem seus amor’s @ vista, passa a vida menos mal. Passa a vida menos mal. passa a vida alegremente. 0 aldeia das laranjas. ao pé da estrada corrente Ja no céu nao ha estrelas, senao uma ao pé da lua; J. B. Soares Peroselo| Penafiel. Porto tenho buscado, nao acho, cara mais linda que a tua. 4 O aldeia das laranjas, etc. Ha promessas prometida: pra o meu amor me deixar: eu sou firme, ele constante, deixai o mundo falar. CHAMOU-ME ROSA 1959 (2), == Mi -nha mac cha a ~ mou ui aie Ro = sa nao —a, sou Ma - ri - aa - % Minha mae nao quer que eu fale para o chiquinho Moleiro, } iis ai, ai! . mor - re = re, ai, ai! eu falo, hei-de falar, é 0 meu amor primeiro, ai, ai! } bis 259 214. ERA AI F. Lopes-Graga. Monsanto | ldanha-a-Nova, Castelo Branco 1933 Antmade zh F - maa - in - da pe - que ‘ ni - na, e- ae we Se a bo ——— : : % oe on t he = —— SS) Aan wh pm Be 4 = 8 da mal a bri — aos ° ~ Thos. E quando eu for velhinha, (bis) acabada de morter, (bis) olha bem para os meus olhos, (his) inda sao para te ver, acabada de morrer O 16, ai la-ri-l6-le-la, 616, ai la-ri-l6-l6. 215. O VALVERDE, O VALVERDE V. Pereira Lourosa de Campos. Burgo | Arouca. Aveiro 1954 ————— opto = ava = = “7 ~ & ‘ a - a or ~ enc val vi == = + —— > —S ca) x » 2 = de — —_—— hae = aoe -——— de, 6 i f ; Je asi ee lS BRD ML it 261 = — 2. - a ai! quem in ~ ven “ tou _ 6 val = . y = eo s i - a. ai! quem in — ven - Maa (Os val — - = = | —= ww eo 2 2 ——— = ver = = % de fo ____. — Trés vezes passei a ponte, trés vezes, no meio dela, ai! encontrei 0 meu amor, ditosa ponte foi cla, ai! 262 216. O VIDA DA MINHA VIDA M. Dias Vilarinko da Furna, Campo do Gerés|Terra de Bouro, Braga 1945 = SS PPE PE — quemtem oO res na tee ra, que val fa - vai fa = 217, FUI-TE VER, ’STAVAS LAVANDO F. Lopes-Graca ()/Alentejo 194? Dolente . NS Fui-te ver,’sta-vas la - van -do.fui- te ver.‘sta-vas la -van-dono ri - 0 semas-sa- bio; = ___ tN ——— ___la-vas em 4-guas de ro -sas.la-vas em 4-guas de ro- sas.fi-ca- te ochei-ro na mio. 2 3 Fica-te 0 cheiro na mao, (his) Adora-me 0 meu retrato, (bis) fica-te o cheiro no fato; adora meu coragao; se eu morrer e tu ficares, (bis) fui-te ver, ‘stavas lavando, (bis) adora-me o meu retrato no rio sem assabao. 263 218. FUL AO JARDIM AS FLORES 1. Pinto Pereira Vila Verde. Tourais!Seia. Guarda 1944-1967 Allegretto J = 104 TR Fui ao jar - dim = as flo ~ res, com meu ces ~ ti - nho no bra — G0; en—con-tei 0 meu a= mor, ai Je sus, da-qui néo pas — so! 2 3 Eu fui ao jardim as flores, Vou-me embora, adeus. amor. fica-me 0 cheiro no fato: meu raminho de alecrim: vou-me embora, vou-me embora. olha, amor, 0 meu retrato. se tiveres saudades minhas, } bis } bis vem ca ter ao pé de mim 219, MEU COLETINHO AOS RAMO F. Lopes-Graca Paul/Covilhd. Castelo Branco 1953 J=126 2% Z Meu co = le = ti-nho aos ra = mos man - 4 estrofe eS] 24 estrofe i -di - 0 bor-dar no Por =, Meu fin = do, que ve =nha bor=da = diemhoaomen gos = to Deus 264 Cem — bra - te, 6 A= ma, SSE te for-monsae - in = da, on! to mees—que ~ ceu rao tees = — que — as de no—vas 266 woo- ®& nem um mo = men — wmees-que-ceu a = — in(da) 3 Toma la colchetes de oiro, } bit aperta o teu coletinho; nS coragao que é meu e teu, 6 ai, } bis deve andar conchegadinho. Lembra-te, 6 Ana, lembra-te ainda, aquela noite formosa e linda. Oh, nao te esquegas de novas tuas! Nem um momento me esqueceu ainda. 3 Eu tenho quatro coletes, } bis todos quatro por talhar; NS inda a peca esta na tenda, 6 ai, } bis 0 dinheiro por ganhar. Lembra-te, 6 Ana, lembra-te ainda, etc. hois 220. MEU AMOR ME DEU UM LENCO F, Lopes-Graga Serpa/ Beja 1946 Lento nm a0 Meu a = mor me deu um go. pe = las su = as mos. pe = lay su as mios. = pe — tay su= as maos. bor ~~ «da — do: Meu amor me deu um lengo, noutra tem o Sol (ter) pintado: pelas suas maos (ter) bordado; no meio leva um letreiro numa ponta tem a Lua, do nosso tempo (ter) passado. 221. A PRIMAVERA PASSADA** M. Giacometti Paradela | Miranda do Douro. Braganca 1960 F. Lopes-Graga - to = mei a = mo = res mui ce - do, —__ lo ~ gret ~ os mui pow co tem po. 2 3 4 Primavera, Primavera, Primavera, Primavera, Ai, lé, lé, la; ai, lé, lé, 14, tempo de tomar amores, Primavera dos boieiros, Ai, lé, lé, 1a; ai, lé, 1é, 16: nao ha tempo mais alegre coitadinhos dos pastores foi a primeira cantiga que Maio com suas flores que dormem pelos chiqueiros. que me ensinou minha avo. 267 222. VAI-T’EMBORA, ANTONIO* M. Giacometti Manhouce/S. Pedro do Sul, Visew 1969 K. Setti (F, Lopes-Graga) J=72-76 Mulheres Vai-em~bo-ra,An-%6 - aio, vai Cem = bo - ra, va vai- Cem = bo-raAn = 16 = nio, yai-tem = bo dimmia rapa — io — go quee-la mio em pa, _, oo ie ofits SS I iat a deexaa oo ra-pa — fh = > quee-—la nao tem pai Apupe final Hu, bu, hu, hu, hu! hu, hu. hu, hu.hu! 2 3 4 Se ela nao tem pai, Deixa a rapariga . Vai pra brincadeira ee bis : he bis ae bis ninguém na obrige que ela é brejeira; coa m’nina Aurora; vai-t’embora, Antonio, } bis ¥ Uembora, Antonio, } bis vai-Uembora, Antonio, } a8 deixa a rapariga. “Svai pra brincadeira. : i-t'embora. ‘ 223. O SENHOR JOSE MARIA R. Gallop Valada do Ribatejo/Cartaxo, Samarém 1932-1933 Andante © se-nhor Jo — sé Ma= ri - a 6 seenhorJo = séMa= ri = a. Vo vo-ct € Jo-séMa-ri - a cé € Jo ~ sé Ma- ri - Na pagina da direita: Zaclitraque da Serragao da Velha (Afife, Viana do Castelo) 2 seu no-me € co-mo o meu 9 seu no-me € co-mo o mew. Ma- ri- a Jo- s€ sou cu, Ma- ri-a Jo -sé sou eu, 2 O candeeiro da esquina, (bis) alumia ca pra baixo, (bis) que eu perdi o meu amor, (bis) as escuras nao 0 acho. (bis) 224, ROSINHA, VEM-TE COMIGO** M. Giacometti Paradela {Miranda do Douro. Braganca 1960, F, Lopes-Graga ‘® Ro - si-nha, vem - t@ co — mi — go. we) dei - xea mae que ki- te, 0 Ro = si -~nh! ndo foi a gue mais tea — 2, 20% —? fol a que mais te a- mow 2 3 Coragao, coragdozinho, cuma faca te hei-de abrir, se nao podes correr, anda, que te deixaste enganat que assim faz o meu amor, O Rosinha! bis O Rosinha! bis de quem devias fugir. quando nao pode vir, manda 270 225. NAO QUERO QUE ME DES NADA D. Garcia Pulido Serpa/ Beja 1901 Lentamente Prima Nao que - 10 que me des na - da que - ro que vi = vas lem - bra - da = queeu tam ~ bem na - da te = do tem — po que ia pas —==+# ¥ = que me des na = dg vi = vas lem ~ bra da S| ae ee ri aad queeu tam = bém na - da 7 do tem — po que ja Do md nio que ~ 10 que me no que —_— que eu tam 226. O ANEL QUE TU ME DESTE V. Pereira Gralheira|Ciniaes. Visew “ A Fino = Vor nat = 28 yor += des - de - Grosso = no do-min-go Trin - da ~ bbe. « en ao- per- t-do naa-mi - za - de. HS ae BE mune ri-ca pri = ma do mew 2 O anel que tu me deste Casa-te. 6 prima. era de vidro, quebrou: tira a certidao, bi tanto dure a tua vida 6 rica prima us: como © anel me durou do meu coracdo! 227. AS FREIRAS DE SANTA CLARA Cancéo satirica C. das Neves ¢ G. de Campos ey 1870-1898 Andante a As frei — ras de Sa Cla = ra. Ge zem “= mas pa raas on = as, pa rads, Im Cy St Cla— ra, = San—ta Cla — ra, quando ou = tras, pa raas ou — tra quemde- ra ter um = na — ~mo— ro, — quemde — a a ter um ng = mo —*ro, -W = fo! ce-bo = 6 - rio! ba-ca-thau co ~ ti-do, ba-ca-thau as ~ =sa-do, mui-to bem ba = — ti=do com seu den= te da - tho. Re ~ sina pra cu rar ca — los, ° ra pro no ~ bis. 2 As freiras de Santa Clara, Santa Clara, (bis) quando vao rezar matinas (bis) dizem umas para as outras, para as outras (bis) quem nos dera amar, meninas. (bis) Cebol6ério, cebolorio! (bis) bacalhau cozido, bacalhau assado, muito bem batido com seu dente d'alho. Resina pra curar calos, ora pro nobis 3 As freiras de Santa Clara, Santa Clara, (bis) quando vao ouvir missa (bis) dizem umas para as outras, para as outras (bis) pra rezar tenho preguica. (bis) Cebolorio, ceboldrio! (bis) etc 4 As freiras de Santa Clara, Santa Clara, (bis) andam numa roda viva, (bis) ora no coro de baixo, de baixo, (bis) ora no coro de riba. (bis) Cebolorio, cebolorio! (bis) etc. 5 As freiras de Santa Clara, Santa Clara, (bis) todas tém o seu cdozinho; (bis) ai que grande estimacao, estimagao, (bis) elas dao ao seu bichinho, (bis) Cebolorio. cebolério! (bis) etc. 228. SENHOR FRANCISCO BANDARRA ‘ Cangdo satirica P. Femandes Tomas Coimbra 1896-1913 Moderato Se-nhor Fran — cis-co Ban-dar - ra, fi ta ver — de no cha- falar & da — ma, cui-da que va 2 Senhor Francisco Bandarra, quando fala a namorada, leva relogio a cinta, dentro d’algibeira nada. 3 Senhor Francisco Bandarra traz casaca de veludo; quando passa pela rua a um canto mete tudo. 6 4 Senhor Francisco Bandarra, se vai passear a ponte, ‘ leva chapéu de trés bicos, casaca cor de simonte. 5 Senhor Francisco Bandarra pra namorar as donzelas usa colete de seda e sapatos de fivelas. Senhor Francisco Bandarra empreste-me o seu nariz, que eu quero pisar pimenta € nao tenho almofariz. 274 229. OLHA O VELHO, OLHA O VELHO Cangao satirica M. Dias Ria de Onor/ Braganca 1946 J=100 ain O-Ihacve — Iho, o-lhao ve — Iho, o-lhao ve — tho an we — = do: di-zer- me nami-nha ca que qu'ri- a 2 4 Se quiser casar comigo, Senhor mestre sapateiro, ha-de ser na condigao chame pelo seu vizinho eu dormir em cama fofa que va tocar os sinos, eo velho dormir no cha ja morreu o meu velhinho. 3 5 Levantei-me manha cedo, Facam-lhe a cova funda levantei-me a cozinhar, pra que nao possa sair, encontrei o velho morto que ele era bem amiguinho nas pedrinhas do meu lar. das criadas de servir. PASSO SEGUNDO AS ESTACOES, OS MESES E OS DIAS Em todos os dias do ano, cantos de fei- cao varia e significado por vezes obscuro assinalavam os ciclos subtilmente rela- cionados da vida do homem e da nature- Za. A assimilagdo dos velhos cultos agrarios pela Igreja, ao consagrar a coincidéncia dos calendarios agricola e cristo, nao evitou, todavia, que se possam adivi- nhar, em datas santificadas ou marcadas por praticas religiosas ortodoxas, os tes- temunhos insuspeitos das liturgias pagas. A sobrevivéncia entre nés de elementos residuais destes cultos permite determi- nar periodos que, recortando o ano, de acordo com conhecimentos empiricos das pulsagdes da natureza, afirmam neles a presenga soberana de tradigdes musicais possivelmente anteriores ao Cristianis- mo. Consignamos alguns dos cantos fixados desde tempos imemoriais em ceriménias, ritos e festividades, que articulavam os dias, os meses e as estagdes e integravam a voz ao proprio ritmo da terra. 23. EU HEI-DE DAR O MENINO Natal G. Cartaxo Evora 1930-1931 Andante Eu hei ~~ = = de dar —_____ 6 Me - ni - no usma fi- %. -m f-@ pa-r'é cha- po ~~ Tam = Allegro < — ea *- —i-nho no Ce ten- te te) vi ~ Si = ta = ram - DC. . = == S265 54 Solo (E) partiram’nos trés Reis Magnos (e) da parte do Oriente, (c) visitaram Deus nascido, Filho de a Virgem omnipotente. (E) guiados pel’uma estrela, os trés Reis partiram pra costa, (e) visitaram Deus-Menino (e) quem no Céu a terra adora. (E) embarcaram numa nau, (e) sem purder tempo nem hora. (E) isto com quem Deus ndovega, (e) do mar o vento Ihe assopra. (E) gaveiro que atrepa a gaiva, (e) la le respondeu de a proa, (c) que ja se avista Bolém, (e) ja se vé Lisboa toda. O nosso rei se vestiu de gala (e) mais a sua gente toda. Quando chegaram ao palacio aonde estava 0 nosso rei, (e) logo ali le perguntaram se estavam longe de Belém. O nosso rei por ser tao bom (e) foi o proprio que les disse (e) que fossem sempre andando, (c) que 0 seu caminho seguisse (E) logo ali le ofereceram (e) iro, incenso e mirra, (e) nem ouro como o mortal, nem incenso como o divino. Demos louvores 4 Senhora, (e) demos gragas ao Menino. (E) Boas-Festas vimos dari (e) a vinda dos Santos Reis, (c) também vos tereis cuidado (e) de arranjar 0 que nos deis. Nota — O coro repete sempre 0 solo de dois em dois versos. 31. QUAIS FORAM OS TRES CAVALHEIROS** Canto de peditério pelos Reis M, Giacometti Barbacena/Elvas, Porulegre 1970 F. Lopes-Graca J24+-60 Solo Quaisforam os tes ca va thei — roy. ai, que fi ze~ ram, Fo- ramn'es més @O= i = en =e, ai que Je ~ sus. ——~ Coro = som brane ma que fosmum oa = cha Quaisforam os wes ca = Va Fo= ram n'os wes dO - Falsete a Aes ee oS nm wae ffs —— = Ihei = ros, ai, que fi-z fi Ze- ram som-bra_no ma =. re? -fon = te ai, que Je-su que Je-sus fo-ram a - cha - re. Desearrada Solo. b . ef fete = = se cassa no-breegen-tehon-ra — da, () vieva= da ca-saopa- ae si = ‘ Ai nae-ra guina — da - = = = ¥ <= € pr rei nO dia sal- va-ca-o. A= ia i 2 Desgarrada: Solo} procuram por pousada, ai, nem aonde, bis (coro) Solo Ai, onde estéo primos, irmaos, Nem aonde o irao achare. (e) onde esta toda a parenteira? Ai, ai! Solo Procuram por Jesus Cristo, Ai, eu canto com devogao, ai, aonde, bis (coro) (e) cantaria a noite inteira aonde 0 irao achare. Ai. ai! 32. A PORTA D’UMA ALMA SANTA** Canto de peditorio pelos Reis M. Giacometti 5. Aleixo da Restauracdo/Moura. Beja 1965 F. Lopes-Graca Tempo rubato(d = + — 63) Ponto poco riten. ty SS | 2b e = * ns | ee a por = ta du maAl — a> 5 5 ey ma San = = ra -m = = a ba —teum Deus de ho — a Para Uma rua de Santo Aleixo da Restauragao (Serpa, Beja) | 1 wsmaAl— ma san — wt t= ba = teum Deus Variantes mais importantes para a 2.? letra (1. entrada do Ponto. 2. entrada do Alto) 1 Po seque Re pon — d 2) Alo S p—__9__ segue = —— Res = pas 58 Ponto Alto Ponto Alto Ponto Alto A porta (bis) d’uma Alma Santa bate um Deus (bis) de hora em hora, (e) a f porta d’uma Alma Santa, ok bate um Deus de hora em hora: respondeu (bis) uma ¢ disse: — Meu Deus (bis) que buscais agora? (©) frespondeu uma e disse: coro — Meu Deus que buscais agora? — Busco-te (bis) a ti, alma santa cA para (bis) 0 reino da Gloria, — (e)f busco-te a ti, alma santa, coro ca para o reino da Gloria. 33. SAN GONCALO D’AMARANTE Canto de romeiros (10 de Janeiro) C. das Neves ¢ G. de Campos Porto 1870-1898 Allegretto San Gon = ga-lod’A = ma — ca — sa - ve ~ thas, nao ca-sais as por= que que mal vos fi - ze = ram Peg e Sun =] Gon = - We dA = mae qe ge the ui = ke 2) San Gongalo d’Amarante feito de pau d’amieiro, irmao do pau dos meus socos, criado no meu lameiro. San Goncalo d’Amarane quer que Ihe baile, quer que lhe cante. 3 O meu San Gongalo, meu San Gongalinho, eu quero casar, dai-me um maridinho San Gongalo d'Amarante etc. Nota yer ye the can - w 4 Seis barricas d’alcatrao, grande orquestra de badalo, eis aqui a grande festa que se faz a San Goncalo. San Gongalo d’ Amarante etc. 5 O meu San Goncalo, 6 meu rico santo, atendei as mogas que vos pedem tanto. San Gongalo d’ Amarante el. — Consignamos a 3.* e 5.* estrofes. tal como C. das Neves as di, embora o seu metro se ndo ajuste nem a copla, nem ao estribilho da cantiga. 59 34. LA EM BAIXO VEM O ENTRUDO Caneao carnavalesca A. A, Joyce Malpica do Tejo| Castelo Branco 1938 Vivace La em bai - x0 vem 0 En ~ tru ~ do, la em que co = meu um bur = 0 ru = 60. que co = =A - vem ° En = tu = do. de gor = do nao un bur = = GO tn Weoa = mo ~ we = = = 4 a po - dean dar, de gor — do nao po = dean = dar. 2 © Entrudo, 6 Entrudo, (bis) ine / 6 Entrudo chocalheiro, (bis) 440 } be tu ndo deixas assentar (bis) as meninas ao solheiro. (bis) 35. O TEMPO DO ENTRUDO** Moda do Carnaval M. Giacometti Granja de Mouréo|Mouréo. Evora 1953 F. Lopes-Graca (E)o tem — po do En — tu — do (Eyal = gum) di ea e = ty a = go tm = po lou =o. faz a= it as doem {- da — doem uw = do. de o- mu = da - doem 61 36. SENHORA SANT’ANA Canto de irabalho pela Quaresma M. Giacometti Merujal. Urré| Arouca. Aveiro 1963 F. Lopes-Graga Mulherss J ia Se-nho - ta San = A= na, Se=nho — ra - Don = de seas — san tou cer don=de seas - -VA=na ass su — bin 20 mon —te. ees = it 40 mon = (te) = tou nas = ceu ti fon = te. nas = cow la “ma fon — (te) 2 Que fonte t4o santa, (bis) que augua tao bela; (bis) vieram’nos anjos, (bis) e bueram nela. (bis) 37. AI, RECORDA, O PECADOR * Encomendacao das almas F. Lopes-Graca Paul {Covilha, Castelo Branco 1953 Ai re = cor . da.o dor. - or aa sit = on, nes se so - no em ques — tal ofthe = t= SS - ai ~ais, em dos vos = sos a ~ ais plas al = mas, dos__vos ~ sos pais Ai, recorda, 6 pecador, nesse sono tao profundo, (bis) ai, recorda e rezai por quem ‘sta no outro mundo. (bis) 63 38. ALERTA, ALERTA! Encomendagdo das almas A, Santos. Carrazedo/Amares, Braga 1943 Jmae eS SS fre = + = a A-le = taa-ler - tava - ler - la! A + by : —————— vi — daé cur — taa mor — teé cer - ta 5 Fi = hos de Ja-suCris - to, ir = maos lem = meus, — vosquehave — mos de mor = ~ 7@ = mosum Pa- dre Nos - so comA — v6 Ma — fio = a == —— = al = masque “stao mas pe - nas do fo - g0 do Pur-ga~ - 4 pe-lo Di-vi — no A-mor de Deus. Na pagina da direita, a esquerda: Viola braguesa de feitura artesanal; a direita: Viola braguesa moderna 64 39. MEUS IRMAOS, CUIDAI NA MORTE Encomendagdo das almas K. Schindier Nozedo de Cima, Tuiselo/Vinhais, Braganga 1932 a i maos, cui dai, —__ cui dai no di = = - a dia do Ju Meus irmaos, cuidai na morte. ou no dia do Juizo. O inferno é mui feio, Deus nos leve ao Paraiso. Paraiso, Paraiso, onde as almas vao gozar, umas vao para bom mundo, outras vao pra mau lugar. As que vao pra mau lugar vao chorando e vao gritando: as que vao pra bom lugar yao, dangando e vao cantando. = O meu filho Jesus Cristo! O meu filho Jesus Cristo! Aqueda-me cd essas almas que elas vao pra mau Juizo. — Deixe-as ir, 6 minha mae, = Ts — sig | —— O ine ter- tei o que clas bem mo tém mer'cido; ca le deixei o meu pao e ca le deixei o meu vinho; que dessem e que esmolassem ao menos cada domingo. O almas que estais em penas, 6 almas que em penas ‘stais, 14 vos mando um Padre-Nosso, pra que das penas saiais. As almas s’estao queixando que delas nao vos lembrais, que dormis a noite toda vos que le nao rezais As contas do meu rosario sao pegas de artilharia, que fazem tremer o Inferno quando digo Ave-Maria. 40. BENDITA E LOUVADA SEJA* Encomendacao das almas F. Lopes-Graca S. Miguel de Acha /Idanha-a-Nova, Castelo Branco 1953 J=63 me Ben - di tae low - va - - da 4 $— a < 3 | ——: 5 =z z = =— mor _ a Deus, se = ee - gage + om mm = ee = ae e fr nN - = =i = = = z i = = a = ws meus i = oma = 67 Na pagina da direita: Genebres da Danga dos Homens (Lous, Castelo Branco) 68 41. MEU DEUS, QUE ’STAIS NO CALVARIO Martirios V. Pereira Sendim| Miranda do Douro, Braganca 1957 ——— Alta = Contra : i Z Efe Meu Deus, que “stais mo Cal va fos tes a mais. be ~ la 0 7 7 #Y ~ Tenor : ——— Grosso — — z 2 (Gordo) A Vossa divina coroa, feita de juncos marinhos, posta na santa cabeca com sessenta e dois espinhos. 3 O Vosso divino cabelo, mais fino que o proprio ouro, todo banhado em sangue, oh que divino tesouro! 4 Os Vossos divinos ouvidos, atormentados com gritos, meu Deus, quanto padecestes por salvar os infinitos! Os Vossos divinos olhos, feitos de meninas de dores, meu Deus, quanto padecestes por salvar os pecadores! 6 As Vossas divinas, faces, cheias de esgarros nojentos, meu Deus, quanto padecestes! Passastes tantos tormentos! 7 Quantas vezes minha boca tecebeu Vossa dogura! A Vossa, por causa da minha, recebeu calis de amarguta! 42. AI, O VOSSO DEVINO NOME** Martirios Tempo rubato(d - +—40) 43. OH QUE NOVAS TAO ALEGRES Alvissaras (Sdbado de Aleluia) F. Serrano Penhascoso/Magdo. Sanarém 1913-1921 (2) Andante - goa Vir = gem Ma = ri -a@ fes-suy - ci - tuo seu 2 3 Nesta manha d’alegria, Alvis’ras, 6 Virgem Santa, nesta manha do Senhor, pela nova que vos dou, ressuscitou 0 seu Filho, céus e terra ja se alegram, o Divino Salvador. que Jesus ressuscitou. 44. ALELUIA! Alvissaras V. Pereira Rogas| Arouca, Aveiro 1954 2 Aleluia, ai, Aleluia! ja os campos dao felores. Aleluia. ai, Aleluia! 3 Aleluia, ai, Aleluia, Ja os passarinhos cantam, Aleluia, ai, Aleluia! 4 Aleluia, ai, Aleluia! ja o Senhor morto é vivo. Alcluia, ai, Aleluia!, 45. NOSSA SENHORA DO SOUTO* Canto de romeiros (Segunda-feira de Pdscoa) F. Lopes-Graca Donas | Fundio. Castelo Branco 1953 d=200 Sinhowra do Su = - ~ w Nos - sa Se = ono - oa do Sou - to a> en dai a fi = guei = 10, a= qui - wo. qua fi ten des ° di ~ mei = - nha S'nhora do Souto, Nossa Senhora do Souto, quem vos varreu a capela, oh, quem vos varreu a capel: Das Donas, foram as mogas das Donas. & j;, com raminhos de macela. des © di = nhei - 4 aha € mi q a = qui - To. que a fi mi = - - nha 3 S’nhora do Souto, Nossa Senhora do Souto, quem vos molhou o terreirinho. oh, quem vos molhou o terrei Das Donas, \ foram os rapazes das Donas. bis cuma borracha de vinho. S inho? 46. SENHORA DO ALMURTAO** Canto de romeiros (3." Segunda-feira depois da Pascoa) M. Giacomeiti Proencara-Velha |Idanhar 1970 F. Lopes-Graga Nove, Castelo Branco mize; xs 41 ~ the = ona. 2 — Senhora do Almurtio, 1 his quem tendes por companhia? J °!° — O divino Sao Romao, \ pis Capitéo da Mouraria. Joe 47. O MEU MAIO-MOCO Maias (1.° de Maio) P. Rebelo Bonito Vila Real Ant. 1962 Cove = Te eS Se == a © meu Mai 0 Mo co. ehta— = Wo - io, An = da na cam - oe vai ele ola —_ 7 vem pe = lay por= tay de Santa — rem vi - va Vis va Vi = va! 48. ERA O MAIO-MOCO Maias (1.° de Maio) M. A. Silva Paiva Barqueiros (Mesto Frio, Vila Real Ant. 1962 Animado E- rae Mai~ 0 Mo = go. © sai = 0 rom peu = se. bo= ti-ca per= di = da. vai e@- ra bo- ti = cai = ro, ven-deu a bo - pha w-aa- ~ ti = ca pra com=prar um sai - 0. ven-deu a bo = ti — ca pra comeprar um sai — o: ~ bai - xo. vai pla tu-aar- ri ~ ba, o- ra vi-va, viz va o-ta Vi- va, vim val D 2 Era 0 Maio-Moco, Era 0 Maio-Moco, era sardinheiro, era celeirao, vendeu a botica ) hi vendeu a botica, bi pra ganhar dinheiro: J ao mata carvao: J! dinheiro gastou-se, © carvao gastou-se, botica perdida, botica perdida, vai pla rua abaixo, vai pla rua abaixo. vai pla rua arriba. vai pla rua arriba, ora viva, viva! (bis) ora viva, viva! (bis) 49. AI, O DIVINA SANTA CRUZ Festa das Cruzes (3 de Maio) A. A, Joyce Monsunro/tdauha-a-Nova, Castelo Branco 1938 Un poco dolente 4 = f Bo — AL 6 di Na pagina da direita: Adufe antigo (Reg. de Castelo Branco) = oN nham, co = mo de a Ai, 6 divina Santa Cruz, quem vos varreu 0 terreiro? Ai, foram os vossos mordomos com raminhos de loureiro. as pas sa das 3 Ai, 6 divina Santa Cruz, para la vou eu andando, Ai, minha alma ja la esta, meu coracao esta chegando == 50. DIVINO ESPIRITO SANTO Alvorada F. Serrano Caratdo ¢ Santos, Magio/Sentarém 1913-19212) Andante — rite Sun a to Di - vi - no Im = pe = = dor Ze = nha al - om Quando des = te mun do fer 2 Vamos, mocas, vamos todas, vamos a rua da Cruz, que la esta uma pombinha, que a todo o mundo da luz 3 Vamos, mogas, vamos todas, dar uma volta ao Macao; vamos a Rua do Outeiro, onde as trés pessoas estao. 4 Vamos ao Espirito Santo, que 14 ha muito que ver: nos altares enfeitados © pao bento a crescer.(') 5 Divino Espirito Santo sai do vosso altar, repreendei vossas vizinhas porque estéo sempre a ralhar. (') Alusao @ bengao do pao no dia de Pentecostes em Magdo. - 51. SENHORA SANTA COMBINHA* Canto de romeiros (Domingo do Espirito Santo) M. Giacometti Pacos de Vilhariues! Veucela, Viseu 1969 K. Seti (F Lopes-Graca) 4 = 108-122 Mulheres + == 1 Se - nho = a San = ta Com = bi = ha. de la 2. em man = gui — mhas de coo mi to = can = 4. che — ra cra = vos, chei = aa ro = sa eb fe = nu = ma vi - 0 = ly Se = nho = fa San = ta Com = Bese ca pea chet = ra Se = nho = ra San — ta Com - dolor da la - ran = jei — fa Sc — nko - ra San — te Com = int) te “EO ve = nho ev aoe Qebi — nha, = can s 2 do om -m vio = Be-bi — nha, tela vos 2s as sa co - pe - la 4ucbi - nha ek te - = for dada tan Qo = la w= can - do nu = ma Vio = lat = can = Bechei — ra (ela vos - ca — pe - la chet = ra, ea dejei — ra ea fe - or da la = ran = jel — rae 80 ve = mho eu a = go Te. 4B 32 Ver 2. - - - do ou = ma vi =o - da). 3. vos = - = sa ca - pe = la chei = (ra), 4.te — - = lor da la ren = jet — (a). 2 (E) a vossa capela cheira, Senhora Santa Combinha, (e) a vossa capela cheira; (tris) cheira a cravo, cheira a rosa, e a felor da laranjeira, Senhora Santa Combinha, e a felor da laranjeira. (tris) 52. SENHORA DA POVOA** Canto de Romeiros (Domingo do Espirito Santo) M. Giacometti Atalaia do Campo] Fundéo, Castelo Branco 1969) F. Lopes-Graga Snhota da Po - voa. mi-nha Se-nho-ra da Po - vou, al. —— —— rt I 2S SS | SS ee ca-mo -e = sa, mi-mha oma -gi ca-mo - e¢ = sa ai cri a -da no Pa-ra- i - %, cti-a -da no Pa-ra-i - 50, S’nhora da Povoa, minha Senhora da Povoa, ai, ’stas viradinha 4 terra, *stas viradinha a terra; virada a terra, bem pudéreis vés, Senhora, ai, rogar os que andam na guerra, Togar Os que andam na guerra. 82 53. SANT’ANTOINO SE LEVANTOU** Responso (13 de Junho) M. Giacometti Fornalha, Alferce|Monchique. Faro 1962 F. Lopes-Graga 4 63 Voz de mulher 52 inf Ca - ja di San vAn ja toi no se hos van to doi seu cal pe “ - 0 — cou, — pra Be = dem ca = mi = how, ie by be. e —= = = 4 — — 2. ae seu é = 2 -nho ae - cal sa ra, = pra elem = ca - om otha al dino se levantou, Santo Antdino se alevantara, seu pézinho dreito calcou, seu pézinho dreito calgara. Cajadinhos d’ouro tomou, cajadinhos d’ouro tomara, pra Belém caminhou, pra Belém caminhara. Indo 14 mais adiante, uma sinhora encontrou, indo 1a mais adiante, uma sinhora encontrara. — Onde vais, 6 Santo Antdéino, para onde vais de jomada? — Pra Belém, minha sinhora, vesitar a Virgem Sagrada. — Volta para tras, Antéino, que a Virgem nao esta em casa. Santo Antdino, por ser mais santo, nunca para tras voltou, nunca para tras voltara. Indo chegando a Belém, a Virgem que estava em casa, — Quem te disse a ti, Antéino, quem te disse a verdade? Camponés da serra de Monchique (Faro) — Ind’agora aqui chiguei, entrei em vossa morada. — Ind’agora aqui chiguei, venho um pouco orvalhada. Santo Antoino quer-se revestir, quer dizer missa cantada. Santo Antoino quer-se revestir, quer dizer missa rezada 54. SE FORES AO S. JOAO Cantiga do S. Joao F. Lopes-Graga Pegarinhos/ Alijo, Vila Real | 1946 | 120 Se fo = res a0 Sao Jo ~ Go im ; 5 de, Ba -tis = Ba - is = fa Z Se no pu-de-res cum gran-de.84 M8 "a. Ba =i ma neumSao Jo - a0 - zi-nho, y meummais pe-que = nia, (07m Md. dd ea, Sdo Jo = a Ba =~ tis = vem ea, vem ca, Sie Jo - do Ba - tis = ta, vem 2 Sa0 Joao adormeceu, Baptista, Baptista. nas escadinhas do coro. Toma Id, dé ed, Sao Joao Baptista \ bis vem ca, vem cd! Deram as mogas com ele, Baptista, Baptista, chuparam-lhe 0 sangue todo Toma Id. da ed, etc. 3 Onde andard Sao Joao, Baptista, Baptista, que nao 0 vejo na igreja? Toma la. da ca. ete. Anda a correr as fogueiras, Baptista, Baptista, para ver quem 0 festej Toma ld, dé ca, ete. 55. AI, O MEU S. JOAO DA PONTE* Cantiga do S. Joao M. Giacometti Vilarinho da Furna. Campo do Gerés|Terra de Bouro, Braga 1962 K. Setti (F, Lopes-Graga) J on Re SS SI . = 4 m - x! AT ony soo. ee a ia FE | — porn te, a8 meu be - lo maw=ri - nhei — ro, ai! { | = = = = E oe ae z co Ai, lo = vai = me na vos—sa bar = : a, "pa = pa-ré = Ri-odew™™a- nei — ro, ai! 5 i. do S40 Joao ao Sao Pedro, quem quiser contar bem pode, ai! Ai, S40 Joao a vinte e quatro, 1 ai, Séo Pedro a vinte e nove, ai! / } bis bis 56. O MEU S. JOAO BAPTISTA Cantiga do S. Joao R. Gallop Covilha/ Castelo Branco 1932-1933 Allegretto = — — ~ + “ d. aa = se = ied O men Sio Jo - a0 Bap -tis - ta 6 meu oe EJs = = Sio Jo ~ a0 Bup- tis = ta ° meu lin -do di = a : : SSS SSS SSS = di - a-man - te! Quem = me ae i it quem me de ~ ra ir con - =: te a te = A ses céus a - di - an mm te. 2 Sao Joao nao tem capela, (bis) nem flores para a fazeri: (bis) vamos ao jardim do Céu, (bis) e algumas 1a ha-de haveri. 3 Sao Joo nao tem capela; (bis) vem ca que eu lhe a darei: (bis) de cravos e mais de rosas, (bis) de flores que eu apanhei. Imagem de $. Joao (Rosmaninhal/Idanha-a-Nova, Castelo Branco) 57. ABAIXAI-VOS, CARVALHEIRAS Cantiga do S. Joao A. Santos Bouro/Amares, Braga 1943 d= 104 Agudas Agudas Mulheres Graves m¢ Soto Sing THY A = bai- xai- vos. car— va~thei — ras, com as dei—xai pas sar 0S ro-mei — ros, que —vao ai! com pon ~ tas pa- mo chao ____. que pa = ra 0 Sto Jo = do, ait com as pon ~ sc pa-rao chav: Aah que vio pa = ma 6 Sto Jo = io 2 Ai! se nao ficar satisfeito, Este nosso amo dhoje tornaremos outro dia, tem carinha de alegria, Ah! ah! ai! Ah! ah! ai! tornaremos outro dia. tem carinha de alegria: Ai! 58. TOQUE DE PEDITORIO (No dia de S, Pedro) E. Monteiro (2) Serpa Beja 1900 Moderato % > 2s Guita Tamboril 88 19 he TT, ip) i. > / ‘| i at f fee ¥ SS Y . > o> eg pte Tamborileiro (Vila Verde de Ficalho/Serpa, Beja) 59. NOSSA SENHORA DO CARM( Canto de romeiros (16 de Julho) A. A. Joyce Ourondo|Covilha, Castelo Branco 1939 Se] —————————— T e Nos - sa Se — nho - rma do Car - mo, Nos = sa La no ca - be — go do pra ~ do. 18 no ca.- be — go do pra — do. Ai. on = de nao fo —- ram po -— fi, o-lhaa- on ~ dea fo = ram ha ou~ tra flo = on de nao ha ou tra flo = i - le = ta ai lari - ty sou 60. AI, NOSSA SENHORA DAS NEVES Canto de romeiros (5 de Agosto) J. D. Comeia Malpica do Tejo|Castelo Branco Ant. 1938 Andante Ai. Nos = sa Se - - - nho - a das Ai tan = Sa - - — jes mea - com — pa hem, ai co = mo (OR pas — ta che = guei, ai, a vos ~ sa sa = das Weie e ai, co = mo de 90 por = ta che = — — guei. _ = poo se = das ies —_ 2 3 Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora das Neves, jaca vamos a ladeira; (bis) muito ouro tem Lisboa; (bis) vinde apanhar uma fita mais ouro tem a Senhora que vos caiu da bandeira. (bis) por cima da sua c’roa. (bis) 61. A NOSSA SENHORA D’AIRES Canto de romeiros (3.° domingo de Setembro) A. Marvio Vidiqueira/ Beja 1920-1942 Moderato Ponto me - ti ~ da num, de - sr = = ~ w, em che — gan = doa ci a pa - &€—___ um cua - br — — -= Pao — 91 raha, 62. SENHORA SANTA LUZIA Rogativa (15 de Setembro) A. Santos Covitha|Castelo Branco 1933 Lento (d= 92) Se-nho-ra San=ta lu- zi - a Se = - ho = ra San = a Lu-zi = a vi-zi - nha__ do Cas - te- Na pagina da direita: Cabaca lavrada (Alto Alentejo) Em baixo: Os «bombos» de Lacovalhos; romaria de Santa Luzia (Castelejo/Fundao, Castelo Branco) - le = jo. vi = zi- nha do— Cas — t - ke jo, dai-me vista aosmeus 0 — thos, dar me vis —— ta aaos__ meus — —- ce = gui — nha, nao ° — hos. ai, que eu] sou ve - jo queeu sou ____ ce ~ gui~nha, nio ve = jo. 2 Para que quero eu os olhos, (bis) ai, Senhora Santa Luzia, (bis) se eu nao hei-de ver meu bem, (bis) ai, a toda a hora do dia, a toda a hora do dia. 63. O SENHORA DO ALivIO** Rogativa (Setembro) M. Giacometti Sao Martinho de Crasto/ Ponte da Barca, Viana do Castelo 1962 F. Lopes-Graga Tempo rubato (J = +—63) Mulheres = f y ei = £ —* = Baixo FO 6 Sem — wo Wo A. i du- ma - la 64. RECORDAI, NOBRE SENHOR** Canto de peditério no dia de Finados (2 de Novembro) M. Giacometti Monte de Cabagos/Alcoutim, Faro dai no — bre ES - da — de tao ou = e—— cla- mo — tes, li tem Deus na ou — wa vi — da nO tao pro. = fun= (doy. = do si - tose ais, 95 Ba das al = mas nos = sas mies ee nos Recordai, nobre senhor, nesse sono tao profundo, ouvirds vozes e clamores, das almas do outro mundo. Cristandade tao unida, ouvindo gritos e ais, la tem Deus na outra vida nossas maes € nossos pais. Tenham dé e compaixao daquela sentida voz. De repente, para nds, as almas que em pena estdo dos nossos pais e avés, ‘tao rogando a vossos pais, toda a noite e todo o dia ‘Tao postos em agonia. vendo que lhe nao rezais sequer um Ave-Maria. ao tristes pecadores, ouvindo tristes gemidos, das almas ‘tao em clamores, = sos tro mun = (doy pais. Cris = tan — (Te — ham) segue dando gritos ta sentidos. Gritam contra os seus herdeiros, pelos bens que lhe deixaram, sendo os seus sristementeiros. seus testamentos nao lhe acabaram. Gritam contra os seus amigos, que ca deixaram no mundo, pois foi tal o seu descuido, sendo vivos, mas nao dizendo: da-me a mao, que eu vos ajudo. Muito mal faz que esperdica das almas a divagao, sendo das almas irmaos vamos-lhe ouvir uma missa, dou-lhe esta consolacao. Desta sorte se consolam as almas dos nossos pais Uma missa que lhe ouvimos @ um pouco que lhe rezais. Fazes uma grande esmola, porque vos nem meia dais, 65. EM SARAGOCA NASCEU Novena a Santa Luzia (13 de Dezembro) C. Barbosa (P. Rebelo Bonito) Monte Cordova |Santo Tirso, Porto 1950-1958, Em Sa- ra-go-ga—nas — ceu,— = nina ar-re - co ~ a Vir~gemSanta Lu - em me ~ Em Saragoca nasceu A Virgem Santa Luzia; em menina arrecebeu a Jesus por mestre e guia. 96 2 A Jesus por mestre e guia, seu amor consagrou; deste ninguém a desviou, pois toda se le entregou. 3 Pois toda se le entregou, 5 A acoutes foi condenada, esta heroina forte: quem em Jesus confiar, nao teme a mesma morte. 6 Nao teme a mesma morte, nem a sua honra perder; pede a Deus que a conforte, 8 Luzia pris mundanas nao vai, mas logo 0 tromento le preparam as vivas chamas. 0 fogo mais violento. 9 O fogo mais violento, que a Luzia nao enjeita, rejeitou amor profano; © cruel a acusou 6 menisiro mais tirano. 7 4 pronto a bem socorrer. Deus le prepara o assento, que © mesmo fogo a tespe 10 Pronto a bem socorrer, O menistro mais tirano, foi Luzia apresentada, vendo este o desengano, a acoutes foi condenada, quando as forgas tiran: com empenho sem mover(sic) Luzia pras mundanas. O mesmo fogo a respeita, o golpe le colhe a palma: 6 virgem-martir perfeita, ja no Céu esta tua alma! 66. LA NA CIDADE DE ROMA Romance de Sania Catarina ( P. Fernandes Tomas (2) 1890-1934 de Novembro) SS ata - ri-macrag seu La na cidade de Roma houve em tempo uma donzela, Catarina era o seu nome, Catarina se chamava: seu pai era um perro moiro, sua mae arrenegada. Logo pela manhazinha seu pai a atormentava pra deixar a lei divina e a da moirama tomar. — Nao posso ter outra lei, com Jesus estou desposada. Ao ouvir tal desengano, seu pai mandava fazer uma roda de navalhas, todas mui bem afiadas; 98 no - me, de Ro - ma hou-yeem — tem=pou-ma don ~ ae Ca- ta = ri na se cha — ma va. meteu dentro um grande lobo, a ver se a roda rodava: comegou logo a rodar e 0 lobo ao meio cortou. Meteu dentro Catarina e logo a roda parava: Ao ver isto 0 perro moiro mais raivoso se tornava Baixou um anjo do Céu para a Santa acompanhar, na mao trazia uma palma e a cruz de Cristo sagrada: a donzela entrou na gloria eo pai cruel e tirano ao Inferno foi parar (bis?) 67. SENHORES DONOS DA CASA* Canto de peditério na matanga do porco (16 de Dezembro) J. Andrade Ribeirinha do Pico, Serra de Agua(Ribeira Brava, Funchal 1959 (2) Tempo de valsa on ca ti = cia que ma 2 Vinhemos aqui cantar nosso papel de cantigas: queremos agora saber se as morcelas “tao cozidas. 3 Ca tivemos a noticia que as tripas eram bem largas; levaram um saco de cebolas, e quinze balaios de salsa. 4 O Senhor dono da casa, 0 seu caldeirao esta cheio, a morcela do cabo de riba tem cinco palmos e meio. = ve = mos a rei tb, do “Sta_ tor ts tes ho = jeo por 5 E a do cabo de baixo tem seis palmos de comprido, se nos quiseres dar dela, sereis um nosso amigo. 6 Cortai ainda mais uma e assai-a numa brasa, aqui estao muitos rapazes, nao vos fica nada em casa. 7 Se nos deres pao de milho, nao o havemos de comer: dai-o a vossa mulher, nao 0 mandasse cozer. 8 Se nos deres pao de trigo, comeremos um bocadinho, ainda mais agradecemos uma garrafa de vinho. 9 © senhor dono da casa, e mais toda a sua gente, ha-de-nos também brindar coa garrafa de aguardente. 10 O senhor dono da casa, isto esta bem arranjado; a aguardente nao é boa sem 0 figuinho passado. ul Foi esta trova inventada pela boca de uma velha: as morcelas eram pesadas, partiram os pés a grelha. PASSO NONO ENTRE PAZES E A GUERRA Das guerras ou lutas para a conquista de direitos chegaram até nés ecos de modes- to interesse a testemunhar, sem grande lustre, a gesta popular. Nao significa isto que nao tivesse 0 povo transposto acontecimentos histéricos e politicos para cangées patridticas e con- testantes, hinos e marchas triunfais, bra- dos e gritos de guerra libertadores. Acon- tece apenas nao ter esta express4o colec- tiva, épica ou partidéria, suscitado a cu- riosidade ou simpatia dos nossos mu cégrafos que, deste modo, deixaram de- fraudado o nosso patriménio de um can- to, solene e generoso, marcial e vigoran- te (1). Coligimos, portanto, 0 que de mais per- tinente se nos ofereceu de textos enraiza- dos em memérias lendarias ¢ hist6ricas ou de evocagées precdrias das velhas contendas politicas. Repararemos aqui nas narrativas quase saudosas de Mouros e Cristéos cativos propagandeando a sua fé longe do rufar dos tambores ou, ainda, na lembranga fugitiva, em textos um tanto duvidosos, da imbecil e criminosa expulsao dos Ju- deus Aqui e acol4, fixaremos também marcos da nossa vida comum, rememoriados em cangdes, algumas por certo de origem erudita e mais tarde popularizadas ou aproveitadas noutros episédios da vida nacional. Assim, atravessamos séculos sem que se sentisse palpitar 0 povo nas suas obras e seus feitos, salvo em raros tempos musi- cais, a recordar a sua presenga, como actor principal, no proprio coracao dos acontecimentos. (A) Relevam-se as excepgdes de Teéfilo Braga, César das Neves, Tomés Pires, Pedro Fernandes Tomés, Francisco Serrano, e poucos mais 230. ENTRE PAZES E A GUERRA** (O cativo) Romance novelesco M. Giacometti Aljezur| Faro 1961 F. Lopes-Graga J = 72-76 En - tte So um = t= va- ram pa ta=cas the de # MOU Ts ga a? = par ~ to Entre pazes e a guerra me cativaram os mouros, nao havia mouro, nem moura, oh, tao lindo! passasse de 4 noite ver. (sic) S6 um mouro se atrevera, que mil patacas lhe dera, de dia pisava esparto, oh, tao lindo! @ noite moia canela, com uma mordaga na boca, oh, tao lindo! para nado comer dela, Mas dava-Ihe Deus a ventura ter uma patroa tao bela, que também Ihe dava de o pao, oh, tao lindo! do que o perro comia. Também Ihe dava de o vinho, oh, tao lindo! que 0 perro mouro bebia. Sempre lhe estava dizendo: — Cristao, vai pra tua terra, que eu também ja fui cristoa, oh, tao lindo! agora sou moura perra. 278 os mod = sas— se de ea ge = a me ca — sea-te = ve — ra que mil ngo ha - = at mou = ro, nem de di-a Pi = sa'~ vaes- noi te ve te mo-i-a cane - — Como hei-de ir, senhora, se me a mim falta a moeda? — Se te falta a moeda, oh, tao lindo! eu de bronze te a dera; se te falta o cavalo, oh, tdo lindo! eu te darei uma égua, que o que ela galopeia nova, oh, tdo lindo! sete passos é uma légua. Estando com estas falas, mouro perro aos seus portais. — Queira desculpar, 6 senhor meu amo, oh, tao lindo! se eu vos nao agradais. — Diz-me la, 6 Joao, se queres ser rei do meu arreinado, que também te dou uma cama d’ouro, oh, tao lindo! de ouro é mais gericado: (sic) dou-te os olhos mais lindos. oh, tao lindo! que em Lisboa foram criados. — Nao quero ser rei nem rei do seu arreinado, nem quero a sua cama de ouro, oh, tao lindo! de ouro é mais gericado. (sic) Nem quero os olhos mais lindos, oh, tdo lindo! que em Lisboa foram criados, que eu tenho dentro o meu peito um Senhor crucificado, que mil ofensas que eu Ihe faca, oh, tao lindo! sempre eu sarei castigado. — Desdesce abaixo, Angelina, que se aqui vai nosso Joao, que se te deve alguma coisa, oh, tao lindo! aqui desembargarao. — Deixe ir 0 nosso Joao, qu’ele a mim nao me deve nada, mas se nao fosse a sua lei, oh, tao lindo! nunca eu dele me apartava. — Desdesce abaixo, Angelina, que aqui vai nosso Joao, se ele te deve alguma coisa, oh, tdo lindo! Aqui desembargarao. — Deixe ir nosso Joao, qu’ele a mim nao me deve nada, que uma flor de a minha boca, oh, tao lindo! a dei por bem empregada. Ja 1a vai nosso Joao. ja 1a vai pelo mar fora ‘Adeus, meu querido Joao, oh, tao lindo! ja te 1a vas embora. 231. COM A AGUA DOS MEUS OLHOS (A cativa) Romance novelesco F, Serrano Macao /Santarém 1913-1921 (?) Andante + 4 = gua dos meus o = thos. fi = tha. ee ee =F V la = van = do! cova van = ga dos meus. ca — — be = los. fi - tha. te estou a lim — pan ~do! — Com a agua dos meus olhos, filha, eu te estou lavando! Com a tranga dos meus cabelos, filha, te estou alimpando! Se fosse na minha terra, filha, eu te baptizaria; estamos em terra de mouros que o baptismo nao havia. Também te poria o nome de Rosa d’Alexandria, assim como se chamava uma linda mana minha, que foi cativa dos Mouros quando era pequenina, andando a colher as flores no jardim que o meu pai tinha, 279 na noite de Sao Joao. que, no ombro esquerdo tinha. logo pela manhazinha — E que com essa tua mana O teu pai, minha filhinha, que tens estado a falar! nao me poude resgatar, Deitou as vestes abaixo anda em guerra com a Mourama eo sinal Ihe foi mostrar. pela Cruz a batalhar. — O minha querida irma, — Vinde ouvir, minha senhora, onde te vim encontrar! vinde ouvir, senhora minha, De alegria, uma ¢ outra, as cantigas que a cativa se abragaram a chorar. esta cantando a filhinha. Veio 0 mouro arrenegado, — Dize la, minha cativa, gritando, a bom gritar, © que estavas a cantar. com cara de grande enfado quando a tua filha ao peito por as ver estar a chorar: estavas a amamentar? — Isto nao é de senhora, — Se fosse na minha terra nem tao-pouco de rainha, (a minha filha eu dizia), vir visitar uma escrava logo a faria cris logo pela manhazinha. logo eu a baptizaria, — Senhor, nao a chamcis escrava mas que, na terra de mouros, que cla é uma irma minha! © baptismo nao havia, A filha que traz ao peito e que Ihe poria o nome € também minha sobrinha! de Rosa d’ Alexandria, — Oh! se isso assim é, que era assim que se chamava oh! se isso assim seria, uma linda mana minha, dou-lhe 0 posto de princesa, que foi cativa de mouros dou-lhe toda a honraria! quando era pequenina, — Agradeco as honrarias andando a colher as flores mas nao as aceitarei: no jardim que o meu pai tinha, sO quero ir para o meu esposo na noite de Sao Joao, que € parente do meu rei logo pela manhazinha. — Tudo quanto me pedires — E se vos agora a visseis de bom grado eu farei. ainda a conhecerieis? Vou também para a Cristandade, — Conheci-a por sinal onde cristéo me farei! 232. MANDA EL-REI NOSSO SENHOR Perseguicdo dos Judeus C. das Neves ¢ G. de Campos i) 1870-1898 Recitativo spaicinho Judeu Man — da El — Rei mos~so Se — hor Bue = 0d Meirinho: Judeu Meirinho. que se the de Meo du Meirinho - un _ tos Mil 233. EA, JUDIOS Perseguicao dos Judeus C. das Neves e G. de Campos ? 1870-1890 pas — seis a mar 234. TRISTES NOVAS ME VIERAM Romance da morte do principe D. Jodo de Castela (1497) K. Schindler Nozedo de Cima, Tuiselo/Vinhais, Braganga 1932 Tris — ts mo-vas me vi - - ram la (ie:. HPs ne Es - pa dos la ~ dos } de mor = ote do = Tristes novas me vieram 14 dos lados de Espanha: estava Dom Joao a morte doente por sua dama. Mandaram chamar trés doutores dos melhores que havia em Braga, disseram uns para os outros isto nao ha-de ser nada. — Diga o mais entendido, diga ld umas palavras: — Tem trés horas de vida e uma ja vai acabada. Estando eles nessa conversa, seu pai a porta entrava. — Que € isso, 6 meu filho, retrato da minha cara? Tu tens trés horas de vida e uma jé vai acabada, SO te pego. 6 meu filho, sO te peco uma palavra, Es - ta - va Dom Joao a sus da = oma. se tu deixas neste mundo alguma donzela enganada. — Deixo a Dona Isabel ha tantos anos enganada, ja Ihe deixo vinte contos para essa desgracada, nao quero que o mundo diga Dona Isabel ‘sta desonrada. — Que é isso, 6 meu filho, vinte contos nao é nada. a honra de uma donzela nem com quantos ha se paga. — Ja the deixo mais quarenta para essa desgracada, nao quero que 0 mundo diga Dona Isabel nao vale nada. Se eu desta cama m’erguer nao na quero pra mais nada, no altar daqucla igreja ha-de ser minha esposada. 235. LA VEM A NAU CATRINETA Romance novelesco F. de Lacerta Cu/Iha de S. Jorge 1899 (2) ow 1913-1921 2) Largo La vem a nau Ca-tri-ne Ha se-tea-nos ee umdi — a 282 que waz mui-to__ que con-tar! que an-dem na vol - ta do. mar Ga La vem a nau Catrineta, y bis que traz muito que contar! ° Ha sete anos e um dia que andam na volta do mar! Nao tinham ja que comer, nem tio-pouco que manjar. Ja mataram o seu galo que tinham para = Ja mataram o seu Yb que tinham para ladrar. Nao tinham mais que comer, nem tao-pouco que manjar; botaram sola de molho A sola era mui dura, } bis: — ‘nao a puderam rilhar. i Botaram sortes ao fundo qual havigm ‘imatar, ‘a primeira que caiu Soi - : Al foi ao capi general. = Arriba, gajetro> arriba, Le } aif } ig arriba ao mastro real! Olha se vés minhas terras, ou reinos de Portugal? — Eu nao vejo tuas terras, | ds nem reinos de Portugal, J vejo trés espadas nuas, } wil todas para te matar. ff ENS fj, Arriba, Pedro, arriba, \ 52, @ meu marinheiro ical!) 54 Olha se vés minhas terras, Fi on reinos de Porugal. "Pe (AZ O gajeiro 14 em riba } de em altas vozes gritera: — Alvissaras, senhor, alvissaras, meu capitao general! Ae One et ja Vvejo as tas terras: } was Q e reinos de Portugal. Se nao nos faltar o vento, ) ie a terra iremos jantar. J wi: (PE wrar Carnet ainigo. La vejo muitas ribeiras, lavadeiras a lavar: vejo muito forno aceso, adeiras a padejar. E vejo muitos agougues carniceiros a matar. Também vejo trés meninas debaixo de um laranjal } bis Uma UTEIRIS OT, Tg T 5 ~ 4) outra a prata real; a mais bonitinha delas em procura do dedal. } lens — Essas trés sao minhas filhas, } todas trés te cu hei-de dar, Lond uma para te vestir, outra para te calgar, } a mais bopitinba: delas ara_contigo ca i — Nao quero as tua: fillias, que Deus tas deixe gozar; t = que eu tenho mulher em Franga, filhinhos de sustentar: juero a nau Catrineta 2 bis } bis para_nela_navegar. eu te nao posso dar: assim que chegar a terra pois ela vai a queimar. Dar-te-ei tanto dinheiro jue nao o saibas contar. — Nao quero os teus dinheiros, \ pois te custam a ganhar: J quero a nau Catrineta para nela navegar, que assim como escapou desta, doutra ainda ha-de escapar. bis 236. SUA ALTEZA, A QUEM DEUS GUARDE Romance da batalha de Lepanto (1571) C. das Neves © G, de Campos 1870-1898, s Andante CJ =60,) que sca — pare = thas — wo con— de pasrau— ma ma~onha Sua Alteza, a quem Deus guarde, aviso mandou ao mar, que se aparelhasse 0 conde para uma manha largar. O conde se aparelhou de uma maneira tao bela! Pela meia-noite em ponto atirou pega de leva. As lagrimas eram tantas em riba daquele cais, choram as maes pelos filhos que vao para nunca mais. Chegando a dita nau ouviram grandes terrores: eram mestres ¢ contramestres amostrando os seus valores. Qh que rico comandante leva esta real fragata! Tocando novos apitos encastoados em prata Oh que rico comandante leva este real tesouro! Tocando novos apitos encastoados em ouro, Caminhava D. Joao na sua viagem seguida; era meio-dia em ponto mandou gajeiro acima. O gajeiro subiu logo para ver que descobria; 284 © gajeiro 14 de cima em altas vozes dizia — Safa, safa, D. Joao, safa a tua artilharia, que aqui vem tamanha armada que o Sol e a Lua encobria. Dentro da mesma armada um arrenegado vinha empenhando as suas barbas, D. Joao tho pagaria! D. Joao que tal ouvira, de tristeza se cobria: pega em Jesus nos seus bracos, da popa a proa corria: — Sondes neto de Santa Ana, filho da Virgem Maria, nao permitais vés, Senhor, de eu acabar em Turquia! Nao permitais que os Mouros se encham de fantasia! Nao queirais que os vossos filhos se encham de cobardia! Chegou a armada uma a outra em pino do meio-dia: a fumaria era tanta. nem uns nem outros se viam Bala que D. Joao botava, era de ferro. rendia: bala que eles deitavam, tornava-se em mosquetaria. A sangueira era tanta pergunta que sucedi que plos embornais corria. — Foi o D. Joao da Armada, Era tanta a gente morta, que a todos meteu a pique. os navios empegariam: O rei lhe respondeu: de setecentas e oitenta — Nao se me da dos navios, sé uma galera havia: eu doutros melhor faria; com os seus mastros quebrados, da-se-me da minha gente © seu garupés rendido, que era a flor da Turquia. com a bandeira de rastos Quem venceu esta batalha pra desprezo da Turquia. que era de tanta valia? Chegando a sua terra, — Foi o D. Joao da Armada, ancoram em francaria; que era o rei da valentia. © seu rei que o ouvira, 237. PUESTOS ESTAN FRENTE A FRENTE Romance da batatha de Alcdcer Quibir (1578) Andnimo (sé. XVI) [J=40] ‘Soprano| Pues — tos es — tan fren—tea fren a te los Contralto, Pues — 10s es — tan fren —tea fren = te los Baixo Pues — tos es - tan fren— tea tren - te los dos ya~le-ro-sos cam u-no és del a dos va-le-ro = sos.cam és cel dos va-le-ro — soscam = — pos: u-no del Rey Ma -lu — = —| > = = ae | — to de Se-bas = ti - - a0 el (it) we) 5 x e Es s 2 id 7 to de Se baw - no dl a — e = K + =o, 0 = de = = no al a el lu = si — Puestos estan frente a frente los dos valerosos campos: uno es del Rey Maluco, otro de Sebastiano el lusitano. Moco animoso y valiente, robusto, determinado, aunque de poca experiencia y no bien aconsejado el lusitano. Quando los Moros sin cuenta su hueste la van cercando que pera uno de los suyos son mais deziocho tantos. Ardiendo en fuego su pecho ravia por ponerlos mano, piensa que todos son nada, manda a pelea echar bando el lusitano. ta - - - - no. Brama que envistan los moros y el exercito contrario, ya se van Ilegando cerca a ellos (dize) Santiago el lusitano. Dispara la artilharia, la nuetra mal disparando, Ilueven balas, Ilueven muertes, saetas y mosquetazos. Empuxan picas los moros, ya huyen rotos rodando, los ventureros victoria pregonan con grande aplauso, que mataram el Maluco, y lo ha llevado el diablo, porque junto a sua litera lo passaron de un balazo. 287 Y en la mora artilharia dos banderas se han ganado. con victoria tan pujante. que semejo a milagro. Pero por peccados nuestros la gozamos poco espaci que a socorrer retroguardia la delantera ha parado. Que por los lados ya todos es vanguardia nuestro campo, y con sangre de los muertos esta hecho un grande lago. Todo lo anda el buen Rey, dando muertes muy gallardo, la espada tinta de sangre, langa rota, y sin cavallo. Que el suyo passado el pecho ya no puede dar un passo, a George Albuquerque pide le dé su rucio rodado. Daselo de buena gana, y el-Rey cavalga de un salto, mirale el-Rey como jaze. de espaldas casi espirando. . Mas le dize que se salve, pues todo és roto en pedacos, y el-Rey se va a los moros, a los moros Sebastiano, el lusitano, Busca la muerte en dar muertes. busca la muerte Sebastiano el lusitano. diziendo: Aora és la hora. que un bel morir, tuta la vita honora Nota — Reproduzimos o texto do romance tal como 0 consignam C. das Neves e G. de Campos. fazendo contudo notar que, ao cantar-se 0 texto musical, haverd sempre que contar com a espécie de estribilho «el lusitano», que aqueles autores omitem na maioria das estrofes. 238. MIRANDUM SE FUI A LA GUERRA Romance da Guerra do Mirandum (1762) C. das Neves. G. de Campos e Ferreira Deusdado 1870-1808 dum se fala la dum guer seoftia la ra Miran = dum. Mi = run Mi Mi = ran — = de = fa num sei quan = do 289

You might also like