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Deca PIERRE BOURDIEU A Dominagio Masculina Liore-Troon: Diflogos entre Ciénciae Arte Meditagdes Pascatianas O PODER SIMBOLICO 6 EDIGAO Tradugio de Fernando Tomaz VploeP ; B BERTRAND BRASIL 2 0 PODER SiMBOLICO nismos de rprodagie, crazando-se & problemtica de edsagio com a da origem social des etadantes. A posgao censral do sistema de ensino na reproducio de priticas ¢ de reprseaiacies & relationada com a aparonie igualdade de eporvunidades ¢ questionada em fungéo das iferencas de capital econbmice, social ¢ calsural enor os eindantes, as (quait sao dicsinas nas ecolas dos ives seriones de ‘Les héritiers. Les éradianes et la culture, Paris, Minuit, 1964: La reproduction. Eltmeats pour une théorie de la violence symbo- igue, Paris, Minit, 1970, ambas ecritas com J. C. Passeron) Comverginds no mesmo interesse pela institvgao escolar, @ litura de Panopiky permite iter 1m cato em que a inculaxo de babicas idénsieos poderd revstir modalidadss diversas (B. Panofily, Archi- recture gothique et pensée scolastique, trade ¢ pasficio de , 1967). igesio cados pola daoloninagio francesa da y, mais tarde, pela reolia estudantil de Main de 68. ‘ecvnstitar, mesma aie de forma siplifcada, ete context> briga fer presente as latas entre intlecuais, qué caracterizam 0 campo cultural francs dos anos ssenia, O impaco € 0 grau de tonagragdo de antares como Sartre ov LeviSiaass « disco. dia om torn das cbras de Maree de Freud (mais propriamente dos Seas comentarstas) ok, rama oxira ecole, de Sansare @ de oxtes dados a ter em conta. Nesie quadro, fs, do lira ow da pintura cantribuiran pata valdrizar at prdtcas dos gripes sciaisconstitwidas nas aces de apropriagae de ras obess aberais (obras colectivas emo Un net moyen, essai sur les usages NOTA DE APRESENTACAO 3 oftcio de scilogo (gripe particular de especialstas, desde que se salvagnardem 45 ‘ropérits de. eonstitusr em porto de partida — ow de viilénsia ‘pisenolégiea — de ra tora da prise (Le métiee de ociolo- ize, ParitHaia, Mouton, 1968, com J. C. Chamboredon e J. C. Passero), ‘A entrada ros anos oitenta, axsinalada pele France, do extido director de investigates de caitro dos sempos fortes de afirmagao de ama crescer (Legon sur ta legon, Paris, Minuit, 1982). As drat anteriormante definidas sao rcobercas por wm conjunto ds das, a0 ‘mesmo Sempo que s assists a tema Tenatva cade vex mais witida pare abater as barrtiras aparentemente insritas tua realidade social @ Consteuin una teria geral dos campos. Assim, a swcialogia do gosto — revelada nas opinites eniidas expontaneamense, nas apreiagis estti- (as ow de forma geral mo consumo de objeces caltarait ow clasificados ‘como sais — permizesurprecnder os mecanisnas de difeenciagae ox de afirmagao da distdacia pelos grapes sociais dominantes; nesta perpati- tia, qe tere wemerass pots de condacta come cbr de Norbit Elias, X CAPITULO I Sobre 0 poder simbslico Este texto, nascido de uma tentariva pera apresencar 0 balaago de am conjunto de pesquisas sobre o simbolismo sums situagio escolar de tipo particular, a da confecéacia muma uuniversidade estrangeiea (Chicago/ Abril de 1973), no deve ser ido como uma lismo, nem sobrerudo como uma espécie de reconstmusio pseudo-hegeliana do caminko que teria conduzido, por supers GOes sucessivas, a teoria final» ele as define. Por isso, as sitnagties de «imigragio» impoem com wma forga especial gue se torne visi © horizonte de srameato de objectivasio. ‘nam escado do campo em que se vé o poder ‘ema outros tempos ao se queria igdes em que ele entrava pelos Jembrar que — sem nunca fazer ‘puma outra maneira de o dissolver, uma espécie de ecfeeulo ajo ceneco eseé em coda 2 porte ¢ em parte algumae — é anccessétio saber descobri-lo onde ele se deixa ver menos, onde ‘le é mais completamente ignorado, portanto, recoahecido: 0 poder simbélico 6, com efeito, esse poder invistvel 0 qual «6 caPIrULo un ‘a cultura dominante dissimulando a fangio de divisio oa Segunda sinsee Contra codas as formas do erro «interaccionistar 0 qual ‘de forca que 2s fundamentem e concribuiado assim, expresso de Weber, para a «domesticagio dos 4 As womadas de porto Weolépica dos dominanes sip esuaréias de epeodugio que eendemt a refonrar dors da clase ¢ fa da Clase a creaga a Tegitimidede da dominagio da clase “ SOBRE 0 PODER SIMBOLICO CAPITULO T B jogo no campo aucéaomo produzam anrbmeticameate formas reproduz a erence”. O que fiz o poder das palavras ¢ das Gujemizadat das Wuras econémicas e politicas entre as clases: ras de ordem, poder de manter ¢ oniem ou de a subvercer, é ca a estrutura que se realize a 2 creage oa legitimidade das palavms ¢ daquele que as 18 INTRODUGAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA caPiroLo 1 » simples © modesta do trabalho realizado, das dificuldades aliquidar» os exros — ¢ 08 seceios que muitas vezes 08 fencontradas, dos problemas, etc. Nada € mais universal © ‘casionam — seria podermos rr-nos deles, todos ap mesmo tuniversalizével do que as dificuldades, Cada um acharé uma Seat terta consolagio no facto de descobsir que grande mémero das : "Hei-de spresentar aqui — serf, sem divida, mais adiance dificaldades imputadas em especial a sua fata de habilidade ov — pesquisas em que ando ocupado. Texlo ocesiio de ver no A sua incompeténcia, sio universalmente parcilhadss; e codos estado que se chums nacene, quer dizer, em estado confuso,, tirario melhor proveito dos conselhos aparenremente pommDeno~ embriondsio, trabalhos que, habitualmente, vocés cocontrsin rizados que ex poderei dar. em forma acabada. O homo academics gosta do acabsdo. Como Gostaria de dizer, de passagem, que, entre as varias axica- des que ex desejaria poder inculcar, se acha a de se ser capar de apreender pesquisa como uma actividede racional — e no ie de busca mfstica, de que se fala com énfase jante — mas que tem também o efeico de rio quer dizer cfaica — est orientada para a maximizscio do rendimento dos investimencos ¢ para 0 melhor aproveitamenco exemplo, a medir 0 co pedagégico, pela quantidade e pela clareza das ne — no sentido do arufice on do pintor do Quattocent: com todas as hesitagdes, todos os embaracos, todas as rendncias, ccc, Tavestigadores com trabalhos mais oa menos avangados ‘apresencacio os objectos que tenraram constrair ¢ submeter- “seedo a perguntas — ¢, 2 mancira de um cial» como se dizia na Linguagem das corporagtes de oficios, rena 22 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA co— € bem este explicizo em preceitos formais, conju i oo cp pe ga ne Sa tinge con’ ls ‘Daqui resultam os problemas de estrarégin que enconcra- 34 INTRODUGAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA durante 0 Segundo Império, ov 0 equ valence contemporineo ‘— uma casa editora parisiense, um grupo de a que resulta da fescraturas subjectivas — que as ple a coberto de serem postas em causa, Como pode o socidlogo efectusr na prética a divide radical a qual é nccessiria para pér em suspenso todos os pressupostos jnerentes 20 facto de ele ser um ser social, porcamto, socialiaado + sens commune — mnducizns, neste pass, como em out, por ems com, qe nao deve ser entendido como boo sex, eatando-se shod ‘do mide que € coman a um grupo Oa conjunso de agentes. (N. 7.) sociologia corrente* — que se exime & radical as suas propriss operagdes ¢ os seus tos de pensamenco, © que veria sem di to le mentalidude filossfica, logo, uma Coahecer, pelo facto de alo se conbecer « si mesma. Uma Dicica clentifica que se esquece de se por « si mesma em causa flo sabe, propriamente falando, o que faz. Presa. a0 abjecto {que toma para objecto, ela descobre qualquer coisa do objecto, 38 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA ‘clo dos problems sociais universais. A imposigio da problemi ica a que o investigador esta sujeito — como qualquer agente “—e que assume sempre que toma a sua conte as es que andam no ar do seu tempo mas sem as submerer a @ exame — inclaindo-as, por exemplo, nos seus questiondrios — roma-se mais provivel na medida em que os problemas que so pedidos. “Acrescento ainda, para complicar um poueo mais e part fazer ver como a situacio do socidlogo ¢ dificil, quase desespe- tuma eraigéo & solidariedade profissional, aos interesses corpora- tivos. ‘Nas ciéncias sociais, como se sabe, as ropeuras epistemol’- ‘gicas so muicas vezes ruprums sociais, ruprurss com a8 crengas * sacience sant savant a0 texto original NT.) CAPITULO It 39 fandamentais de um grupo e, por vezes, com as crengus fundamentais do corpo de profisionais, com o corpo de cere=- zas partilhadas que fundamenta a communis dotorum opin. Praticar a divide radical em sociologia € porse um pouco fore da lei. E, sem divida, 0 que tinhs sentido Descartes 0 qual, com grande espanto dos seus comentadores, munca estendeu a ppoliciea — € conbecida a peudéncia com que fala de Maquiavel 0 dom{aio do coahecimenro. Passo ans conceitos, as palavmas, aos mécodos que a prefssio emprege para falar do caundo social e para o pensar. A Tinguagem Jevanca um problema particularmente deamético para 0 sociblogo: ela 6 com efeico, um enorme depésito de © CSP = canigories sacoproescionneles (categoriss caciopafisio- ais) INSEE = losciea National de Saisique ec dBrudes Beonomiques. 42 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA CAPITULO It 43 ‘que actualmente se mulriplicam. (Penso uaqueles que introdu- zem a velha critica filoséfica das ciéncias sociais, mais ou 48 INTRODUGAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA f¢ dominance em sociologia, Penso em Aaron Cicourel, Ceestitcs, 0 iacieoa w pbc to ematiadeas de. deliogutacia quests que nénbun preeito metooligico rein podido ge pensamento, ai Poder exercer um foraiavel eto de rupture, pode conduzit 50 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA ciais, 2 origem do exro reside quase sempre, pelo menos seguado a minha experitacia, em atitudes socialmente constituidas, ¢ também em temores socials, em fantasmas sociais — de forma que é muias vezes dificil enanciar pablica- capitulo 0 3 favoriveis ou desfavordveis que esto associades 8s suns carucre~ ‘uma maneira de prosseguir gucsms filos6ficas por outras vss A. cbjictinagée pariipante Aguilo a que chamet a objesivajde paricipante (© que & unas objeto pss pow ldo, sree ecics a ocupacio de 54 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA CAPITULO It 3 sar a evidéncia» (52% & superior 2 489%), embore i reconhecida de dizer a vesdade a respeito do que exci em jogo i | | campo politico: estfo situados neste espaco pela sua filiagéo ‘num parcido, mas também pelo seu esearuto nesse partido, pela 58 INTRODUCAO A UMA SOCIOLOGIA REFLEXIVA do impondo the as cegusiras reveladoras dos sous préprios veed interests. wiser X CAPITULO UI A ginese dos conceitas de habitus ¢ de campo ‘Ao aprescatar aqui, de modo mais sineécico ¢ mais sistemé- | i i I i — vem reforcar esta impressio de monismo totalitétio’. * Alguns dos trabalho coos resultados so aq apresenades fan jt “object de publican, rendo ees proprio servi de base, desde ht uns vine ‘anos, pare peogusss em que me apoirel aos teator que tlm em vist, a A GENESE DOS CONCEITOS ernie © eaao «dispositions, na ceapeio em que o toma o autor, se porns tradusido por attad 2 longo deses vere, salvo ocorénca especial (NT). 6 A GENESE Dos CONCEITOS j ‘CAPITULO a sepectcs: com efi, a wags indiaient viel aoe Ihipétese de que existem homologiss estrucuniis © funcionais enw i ‘entee todos 0s campos, 20 invés de funcionarem como simples Scent “Todavia, procusss a solugio de um problema canénico neste A GENBSE DOS CONCEITOS CAPITULO I n ae cee Oe ate ee eee dace, € tows uma epic de uinioarouls bisa, quer campo ser, em si mesma, a 2 nica forma legitima da andlise de cesséncia ‘Mas, dirse-4, ars 6 gues grow, «nfo tro per um 4s contingencies de uma génese hisescica? Hi uma histiria da rardo que nfo tem a razdo como principio; uma histéria do verdadeiro, do belo, do bem, que nfo tem apenas como motor dde-a arte parecer encontrar nela prdpsia 0 principio ¢ a norma ti in ne cir, gu enh oma a bistéria incorporada A filosofia da. istria que esc insrita no uso mais coprente Movimento social e das firias de vinganca'. ‘ Rormulajusdica coasginda em disczo iil para expeimiro diseeo | % capiruto rv | \ ee ; Le mort saist Ie vif / i As relagies entre a histbria reificada | | | | | i como Apsretho € proporci objectivismo, e a ignorancia, que simplifica a visio, ‘compreende-se que 0s historiadores, de resto dados a desigaios te6ricos menos ambiciosos, pela sua posicio mo espago universi- moderno, cujo sucesso infalivel s6 se explica porque elas dio a reprovadas do pussado, depeade do grau em que 0 passado das instieuigBes em causa € considerado como algo que ess em jogo SC Eh Ee ca capiruto Iv 9 A diseincia, que condena ao rnascimento do capitaliamo ou do aparecimento do artista } 82 HISTORIA REIPICADA E INCORPORADA captruto Vv 3 consequéncia do Azbitus, produto de uma aquisigio histérica ‘que permite a apropriacio do adquitido histrico. A histéria no dialéctica do levar ¢ do ter-ievaco, ‘bem desi por Nicol Harmana’. Do mesmo modo que o exit sé apa so edo sone um aide sua empresa, 0 bispo € istorin que comunica de eesoo modo oom ela basta obacrar que rode 8 5 aio Bice eo Peo dois a histéria n0 sea estado , um sinal convencional vA rlalo eriginta com 0 mando socal «que exams ‘qual, como relembea Panofsky 08 acostumados, quer dizer, para o qual e pelo qual somos feitos, {I Heenan, De Pro de ii Si, Becki, 988, 172 een Poy pecan tn Le Vise Fei eta xpi figuring ger di mes anges oe . 7 fr ~~ en diss simpleamence pcico — dh rapt inecciool com 0 | iam, a 6 Hse push Gaia, BOT p. Sie, 85 ‘HISTORIA REIFICADA B INCORPORADA cartroto wv a ue. endo produxidas pelo jogo, dependem da sua de orquescragio sem maestro, s6 se reali mediante a concos- mais exactamente, do seu poder sobre os dancia que se instaura, como por fora ¢ para além dos agentes, do capical especifico — precisemente aqui- entre o que estes sfo € 0 ‘que fazem, entre a sun «vocagio> controla e manipula jogando com a margem que 0 subjeceiva (aquilo para que se sentem «feitos») e a sua «mis- ow objectiva (aquilo que deles se espera), entre 0 que como faz 0 mau funcionalismo, 06 efeitos hisebria fez delese o que ela Ihes pede para fazer, concordincia ‘ontade dnica e central, fcamos impossi- essa que pode exprimir-se no seatimento de estar bem «no seu. ii ugar», de fizer 0 que se tem que fizer, ¢ de 0 fazer com gosto — no sentido objectivo ¢ subjectivo — ox na convicrio dizer, 0s agentes dominaates. A subordinaglo do Gas peitcas a uma mesma intengio objectiva, espécie 90 HISTORIA REIFICADA E INCORPORADA ‘com corpo de criado de calé cabega de incelecrual™: aio sexk preciso ter a ibesdade de fcar na cama sem se ser despedido Pam descobrir aquele que se levanta as cinco hoses da. muah pam varzer as salas e pbr a faacionar a méquina do café antes da ‘da liberdade que é dada a outros por contarem, e ‘possibilidades, com posigtes como as de diploms ta ou de jommalista”® “Signifiea isto que, nos casos de coinidéncia mais ou menos perfeitn entre a «vocagio» © a Jnscrita quase sempre de maneira implicica, eécita, até mesmo Secreta na posigio ¢ @ «ofertas oculta nas stirudes — seria indeil procurat distingnir 0 que nas priticas deconre do feito Jncereeza do espaco social e das profisbes pouco «profissioaali- zadlase, quer dizer, ainda mal definidss em relacdo canto as Condigées de acesso como as condigées de exercicio: estes 2 Vemnos 0 que se ganka cao substitu 0 eu pestalimpesoal que oferoce untae faiidades Bs proces aaasmitins por um sojeto socal- Gascreeizado (os expregidos de comisio. of quadres do sear CAPITULO WV 1 mentey 3 lava — selinbadd nas0 (NT) ee STORIA REIFIGADA E INCORPORADA lo centar compreender as pricicas a partic oo J. Veedts-Lerous, «Lard pari Je peti eommunise fangs 95, esd eae ls, 1979, 98 HISTORIA REIFICADA E INCORPORADA simples privilégios simbélicos, ais como os que ‘208 operisios mais velhos nas pequenas empresas CAPITULO V A identidade ¢ a represntagao Elemensos para uma reflexio orto : “ sobre a ideia de regizo te ‘em relagio & Iiberdade negutiva © aa te 7 ‘A intenggo de submeter os instrumentos de uso mais comuin nas ciéncias sociais a uma eica spitenligice alicgade tia bittria social da sua ginse «da sua stiles caconsrs 20 fenos assen'a palaora (epareace aologieno)

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