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Elementos da sociologia da globalizagao Este capitulo desenvolve os elementos teéricos e metodolégicos de um estudo mais sociolégico da dinamica globalizante e desnacionalizan- te apresentada no Capitulo 1. Entre esses elementos, sio criticas as ques- i t6es do lugar e da escala. O global geralmente é conceituado como su = lool ior ou neutralizador do lugar e como algo que atua em uma escala evi- \e dentemente global. Um foco em lugares, eséalas € nds significados diver- | £06 do nacional nos ajuda a explora tipos de prticas de pesquisa e teo- dp | rizagdo que nao costumam se: {das no estudo do giobal. Além disso, oe 2 estuddo dos processos globais segundo esses trés elementos toca em ob-°” >, Jetos de estudo tradicionais em sociologia: estruturas, praticas e institui,}.c0 7 dS Ses sociais. Em outros cap{tulos, analiso como a sociologia proporciona” *,, 5% or uma variedade de conceitos ¢ instrumentos metodolégicos para apreen-‘2° | $< der a complexidade e a diversidade da globalizacio, constituidas por re-- ferenciais empiricos especificos, notadamente cidades e estados. Ainda \\ assim, embora se preste particular atengéo & perspectiva sociolégica, asc) WE ‘questées abordadas neste capitulos claramente néio se confinam a socio- logia. Construir 0 objeto de estudo nesse tipo de iniciativa muitas vezes significa operar na interseccéo entre diversas formas disciplinares de co- nhecimento e técnicas de pesquisa e interpretacao. As formacbes globais existem ha séculos. Os socidlogos fizeram al- gumas das contribuicées mais importantéS para o estudo ¢ a teoriza- so dessas formagdes (Abu-Lughod, 1989; Arrighi, 1994; King, 1990; Wallerstein, 1974). Seu cardter varia com o tempo eo espaco. Atualmen- te, podemos identificar novas formagées ou novos tracos ém velhas for- mages, e os socidlogos fazem contribuigdes significativas para o seu es- 16. Sestia Sassen tudo (Albrow, 1996; Sklair, 1991; Rol . apenas mostrar os paralelos. ‘ovgrenter a bais leva a resultad una perspectiva mals sociol6# ferentes padroes de relagées s ial ou totalmente novos. Além disso, as formias institucionalizadas ten- dem a ter diferentes subculturas, regras formais e informais, regimes re- gulatorios, conjuntos de atores sociais e uma légica de poder distintas. As quatro seqées deste capitulo objetivam identificar dinamicas erticas mica global atual representa para a pesquisa em ciénias socials Cada entéo, é uma oportunidade de explorar questies teéricas e metodolégicas. Coletivamente, essas seges no cobrem todas as questdes que devem ser le- vantadas, mas abordam algumas das questdes fundamentais. A primeira seco desenvolve 2 nogdo de hierarquias escalares. Ela considera a hierarquia escalar tradicional, que & centrada no Estado-Na- do, e concentra-se em sua atual desestabilizagao sob o impacto das novas dindmicas e tecnologias. Ela usa esse efeito desestabilizante como uma ja- nela para a questo do que é diferente hoje em dia. Partindo dessa visio, a segunda seco analisa 0 significado do subnacional em um mundo global, e parcialmente digital. A terceira seco leva essa visdo adiante, para anali- sar como as entidades subnacionais podem escapar das hierarquias or- ganizadas em tomo do Estado nacional e seu papel como ator suposta- ivo em relagées internacionais. O foco aqui é nas redes que através de fronteiras e podem cada ver mais superar 05 Estados nacionais. [sso vale especialmente para as cidades globais, das quais existem aproximadamente 40 no mundo. Essas redes constituem uma das formagées globais criticas atualmente, pois comportam uma va- riedade de atores e atividades em répida expansio, incluindo casos diver- sos como a rede global de filiais de uma empresa, redes de migrantes transnacionais ¢ redes terroristas internacionais. Esse tipo de foco ajuda a Sociologia da globaizagio 17 abrir a andlise para a possibilidade de que niveis subnacionais possam ter relevéncia para o processo de constituir formas sociais globais. Ele nos proporciona uma ponte analitica entre a escala global, ainda uma nogio nebulosa, e 0 conceito mais.familiar do local, em termos da cidade ou da comunidade de imigrantes, por exemplo. E tent o efeito de desagregar 0 global em certos circuitos transfronteiricos que conectam localidades espe- fica, trazendo assim parcialmente a nogdo vaga do global & nogdo mais concreta de redes de lugares. ‘A quarta seco discute as implicagées que essa articulacao do global no ¢ através do nacional e do subnacional tem para os Estados nacionais. Essa discusséo amplia o terreno analitico para se entender o global, mos- trando que ele é parcialmente constituido pela desnacionalizacao de cer- tos componentes daquilo que foi construido como territérios nacionais e A DESESTABILIZAGAO DAS ANTIGAS HIERARQUIAS DE ESCALA 0s processos © as formacdes globas podem estar, ¢estéa, desestabi- ierarquia escalar centiada no Estado nacional. No passado, a do Estado nacional desest cala, que eram constituidas por meio das préticas e projetos de poder de eras passadas, como os impérios coloniais do século XVI e de séculos subsequentes e as cidades medievais que dominavam 0 comércio de longa distancia em certas partes da Europa no século XIV. Mais notével atualmente, é o que as vezes visto como um retorno a antigas espacia lidades imperiais para as operagoes econdmicas dos atores mais podero- sos: a formago de um mercado global para o capital, um regime de co- mércio global e a internacionalizacéo da produgdo industrial. Claro que no é apenas uma volta a formas antigas. £ crucial reconhecer a especifi- scisam ser produ: est encerrada em cena 18_Sashia Sassen ) jado sobre seu territério ¢ segundo minha leitura, um dos contextos Iandamentais para se entender a especificidade da atual fase da globali- O/2 sfoeminéncia do nacional traz consigo a participagéo neces- séria_dos Estados nacionais na formacio de sistemas globais (Sassen 1996, Capitulos 1 e 2, 2006a).* projeto global de empresas poderosas, as novas capacidades téc- #4 Cnicas associadas 2s Tecnologias da Infor e Comunicacao (TIC) e 0 %,Q° crescimento di rabalho do Estado co- ilém do nacional. Entre run eS, esta i lobal, ¢ escalas supra- "jajnaionals, como os mercados globus. Esses processose prétias desesta- > “&yilizam parcialmente as hierarquias escalares que expressavam as rela- » it cies de poder € a economia politica dé um perfodo pasado. Eles eram — 19 Ye, em z ‘oa, Manho instituc do, uzcional, regional, urbano e local, com 9 nal at os dex x dessa configuasto particule: ‘Ou seja, as priticas e arranjos institu- sto, cruciais que constituem o sistema ocorriam no nivel nacional. g .. Néo obstante as diferentes origens e pontos de partida ao redor do mun- do, a histéria do Estado moderno pode ser lida como o trabalho de tor- ; da sociedade: autoridade, aie) nar nacionais todos 05 )s perfodos antes da ascen- com os territérios geralmente sujeitos a diversos sistemas de regras, em vez da autoridade exclusiva de um Estado. como parte do desenvolvimento d jo continuam a operar, mas cia _um camipo muito menos exclusive do que nim passado recente. Isso vale mesmo quando incluimos o poder hegem6nico de alguns Estados, que significava — e continua a significar — que a maioria dos Estados nacionais nao era ~ e ainda nao é ~ plenamente soberana na pratica. A teoria existente ni iciente para mapear a multiplicagéo de P fares que, hoje, contribuem pata esses reestalonamentos. ‘Também existe uma variedade de atores extraestatais e formas de coope- BCA des esc ‘Soojologa Ga globalzagso 19 ragdo e conflitos transfronteiricos, como as redes de negécios globais, 0 novo cosmopolitismo, as organizagdes nao governamentais (ONGs), as redes diaspéricas e os espacos como as cidades globais e as esferas puibli- cas transfronteiricas. A teoria das relagGes internacionais é 0 campo que, por enquanto, mais falou sobre as relagdes transfronteirigas. Porém, 05 «© atuais acontecimentos associados a diversas combinagées de globaliza- cdo € as novas TICs apontam para os limites da teoria e dos dados das relagSes internacionais. Varios estudiosos criticos (Taylor, 2000; Cerny, 2000; Ferguson e Jones, 2002; Rodney Brace Hall e Thomas J. Biers- teker, 2002; Walker, 1993) nos mostram como 0s modelos e as teories das Ri permanecem voltados para a légica das relagdes entre Estados.e a escala do Estado, em um momento em que vemos uma proliferacao de atores nao estatais, processos transfronteirigos e mudangas associadas no Ambito, exclusividade e competéncia da autoridade estatal sobre seu ter- ritério. Os avangos teéricos em outras disciplinas podem se mostrar im- portantes nesse sentido. Especialmente relevante, como mencionei antes, € a geografia e suas contribuicdes para anélises criticas da escala, a0 con- trdrio de outras ciéncias sociais que tendem a entender a escala como ~ 0 dado e a escala naci ig ae ligdo naturalizada. Um segundo aspecto é 0 cardter multiescalar de diversos processos de (obalizagao. Uni centro financeiro.em uma cidade global € uma entidade lo- al, que também faz parte de um mercado eletrénico de escala global. Pode- mos pensar hisso como umn caso em que o local € multiescala. jutro 7 ese toma ativa quando inserida em ceconomilas ¢ pollicas hacioraise, assim, pode ser concebida como um caso em que 0 global € multiéscalar. Esses exemplos nao podem ser facilmente ex- plicados pelas antigas hierarquias de escalas concatenadas, que posicionam. tudo que é supranacional zeima do Estado na hierarquia escalay, e tudo que & subnacional abaixo dele. Uma configuracao multiescalar mais é novo tipo de espago operacional Usado pelas empresas multinacionais: ele in- i ‘componentes bésicos fadas redes de Filiais e concentracies i i i em alguns lugares (por exem- plo, Taylor, Walker e Beaverstock, 2002; Emst, 2005).? Talvez mais familiar aqui seja, novamente, o conjunto de condigées e dinamicas que caracterizam SAME tn ERE \ecel, Oe globes. 20 Saskia Sassen de servigos es pecializadas (e as infraestruturas e prédios necessérios), benefi- zi 0. Em grails variados, essas eco- 0 obtidas por meio de concentragSes territo- 1 seja, sa praporcionadas pelas cidades. Essa escalares aponta para condigdes que ndo po- dem ser organizadas como uma hierarquia, muito menos como uma hierar- quia concatenada. £ um sistema multiescalar que opera entre escalas € nfo, como se diz tantas vezes, simplesmente ascendendo na escala como resulta- globais e, além disso, prestam-se especialmente aos estudos sociolégicos. © SUBNACIONAL: UM LUGAR PARA A GLOBALIZACAO iticuladas con de conexbes exemplo, 6 mercado global de capitais € constitui do5 eletrinicos com aleancé global ¢ por condigées local das = Ou Seja, OS centros Financeiros € tudo que clés acatretam, da infra- estrutura aos sistemas de confianca. © foco nesses processos e din&micas subnacionais da globalizagao exige metodologias e teorizagées que envolvam no apenas escalona- mentos globais, mas escalonamentos subnacionais como componentes de rocessos globais. Essa justaposicgo tem o efeito de desestabilizar con- | ceitualmente 0 modelo principalmente i da hierarguia_escalar, | concatenada Cenitrada no Estado. Os estudos de processos e condi¢ées! globais qiie Se constittiem em Ambito subnacional tém certas vantagens ‘sobre estudos da dindmica de escala global, mas também trazem desa- } quisa quantitativa e qualitativa no estudo da uma ponte para usar a riqueza de dados nacionais ¢ subnacior como 0 conhecimento especializado, como 0 dos estudos de area. Toda, ‘via, conforme indicado anteriormente, os estudos subnacionais ¢ supra nacionais devem ser situados em arquiteturas conceituais BO Sai exatament® a¥ wadas pelos pesquisadores qué criaram essas técnicas pesquisa € conjuntes de dados, pois seu trabalbo, em boa parte, t ‘pouco a ver com a globalizacao. ‘Uma tarefa central que enfrentamos é decodificar certos aspectos do que ainda é representado ou experimentado como nacional, que pode, de fato, ter se afastado daquilo que historicamente era considerado ou consti- tudo como nacional. Essa tarefa, ento, tem, sob muitos aspectos, a mesma Iégica de pesquisa e teorizacéo que a desenvolvida em estudos da cidade global. Porém, embora hoje reconhecamos e codifiquemos uma variedade ‘de componentes de cidades globais como parte do global, essa categoriza- ‘¢lo nfo se aplica 20 nimero cada vez maior de outros dominios subnacio- nais que devemos incluir na agenda de pesquisa da globalizacio. Neste He vyro, enfoco uma variedade de dindmicas globalizantes ou desnacionalizan- A ak tes que ainda so codificadas e representadas como locaisenacionais./| v&~ ) ‘Trés exemplos servem para ilustrar algumas das questdes conceituals, “ metodolégicas e empiticas nesse tipo de estudo. © primeiro die respeito a0 onde localizam diferentes tipos de Iugares. No Capitulo 7, discuto uma ve particular dessa investigaglo: a emergéncla de formas de globalidadeen- tradas em disputas localizadas e atores que fazem parte de redes fronteirigas; essa é uma forma de politica global que se da em meig/a insti- tuigées locais, em ver de globais. Talvez os melhores estudos sobre o papel do lus é itos globais sejam aquéles sobre as cidades globais e as cadeias pfodutivas. A pesquisa sobre essas cadeias enfoca as redes de tral de producao cuja. uum produto, SE papel do lugar em muitos dos circuitos que constituem a globalizacao e¢o- RE némiga ¢ politica. O foco no lugar hos permite investigar a ai 8, © trabalho sobre as Nee. 22_Sashla Sassen ional essas cidades em diversas geografias wi aleanice diferentessdos que conee- tam Frankfurt, Johanesburgo ou Mumbai (Bombaim). Além dis pos especificos de circuitos sobrepostos contribuem para a co de geografias transfronteiricas estruturadas de maneira ca Estamos assistindo, por exemplo, & intensificagao de antiga hegeménicas ~ como 0 aumento nas transagées entre iami, Cidade do México e Sao Paulo (ver Ramos Schiffer, 2002; Parnreitet, 2002) - bem como geografias recém-constituidas — por exemplo, a articulacgo de Xangai com um niimero rapidamente erescente de circuits transfronteiricos (Gu e Tang, 2002; Wasserstrom, 2004; Rowe e Kuan, 2004), Esse tipo de anélise gera um outro quadro balizacdo, em relacio & visio centrada em mercados globais, co- ternacional ou nay Tnstituicdes supranacionais_pertinentes. nge o mais comum ~ nao é suficiente. ‘Um segundo exemplo, parcialmente conectado com o primeiro, & 0 ‘wbapel das novas tecnologias interativas em reposicionar.o local, convidan- 0-05 4 uma anélise critica de como conceituamos o local, Por meio das }5fnovas tecnologias, uma e1 de servicos financeiros se transforma em \*C| war teroambiente com um aleaice global coatino. Bo niesino se aplica © \ 9184 organizagdes com poucos recursos ow unidades familiares, Esses micro- f geambientes podem ser orientados para outros microambientes muito dis- “ es desestabilizando a nogao de contexto, que costuma ser associada & x ‘0 local e & nog de que a proximidade fisica é um dos atributos ou indi- Tespeito a um conjunto éspecifico de intera- 7 goes entre dinamicas globais e certos componentes dos Estados nacio- (ais. A condigéo critica aqui é o encaixe parcial do global no nacional, do qual 2 cidade global talvez seja iblematica. Meu principal ar. <4 gume qiie, até onde determinadas estruturacdes do global habitam a 9 auie \coes evidentes atualmente.& 0 que des- nterido es Pe | 1 & 3 p { ricizaram ~ a escala do nacional, A-consequéncia disso € a tendénci de enxerga-la como uma escala fixa ¢ reificd-la ¢, de maneira geral, new ‘mente acritica de que essas escalas s%0 mutuamente excludentes e - mais pertinente para meu argumento agjil - que a escala do nacional e a do wobal so mutuamelite exclidentes. Uma variagas qualitative que per- ol ismo metodoldgico é a necessidade do transnacionalismo, pois avo wetokd ria da “nagéo como invélucro” é inadequada, devido & prolifera.c.cq" ao de dinamicas e formagées transfronteirigas (por exemplo, Taylor, ; |. Além disso, postulo que, como o nacional é itucionalizado e deriso, as estruturagbes do global dentro do nacioy acarretam uma desnacionalizagao parcial e geralmente bastante € ‘As novas redes que conectam as cidades por tieio de uma variedade de novas atividades ¢ instituigbes so um exemplo de um escalonamento I ‘A REDE TRANSFRONTEIRICA DE CIDADES GLOBAIS Quando a atividade econdmica s parcialmente as ordens existentés € ca: ordens. Isso ocorre por meio das pr e mereados globais) € do desen valor (desregulacdo da economia). sdrias novas arquiteturas conc ¥ L}A medida que a economia global se expandiu nas duas ilti- mas décadas, assistimos & formac&o de uma rede créscente de cidades glo- globalizada, ela reformula mente também incorpora as principais cidades do Sul global, aindaque a hierarquia dessa geografia de cenitralidade seja bastante nitida. Em seu ni- 5 concieto, esi nova geografia é 0 ter ccessos da globalizacéo assumem formas materiais e localizadas. Uma and- lise das Cidades globais € sias juda a entender con dade espacial e organizacional é ins (ver Abu-Lughod, 1999; Short ¢ Kim, e Pryke, 1999; Matthew J. O. Scott, Gugler, 2004; Taylor 2004; Harvey, 2007; ‘A decisao de dar nome a uma configuracéo tem sua propria racionali- dade substantiva. A escolha do termo cidade, Koob, 1982, 1984) foi tinia escolha conscie cw mear lima diferenga: a espetiticidade do rado na cidade contemporéinea.® Nao escolhi a alteriativa Obvia, cidade mundial, porque ela tem eeatimente 6 atributo.oposto: refere-se 2 tim tipo de_cidade que temos visto a0 longo dos 1984; Peter Hall, 1966; King, 1990) e provavelmente em perfodos muito anteriores na Asia ou em centros coloniais europeus (Gugler, 2004)._A ipais cidades globais de. hoje também so dg ¥ diais, mas.certamente pode haver.cidades globais que néo mundiais, no sentide-pleno.e rico do termo. Explorar essas qu . Parte, uma questo empirica; além disso, 2 medida que a economi unplia e incorpora outras cidades em suas diversas redes, & bastante lizada na economia global ; Sacha:, 1990; Allen, Massey Marcuse e Van Kempen, 2000; lobal (Sassen, 1991; Sassen- Foi uma tentativa de no- Sociologia possivel que um ntimero cada vez maior de cidades globais nao represente cidades mundiais. Assim, 0 fato de que Miami desenvolveu fungdes de ci- dade global a partir do final da década de 1980 (Nijman, 1996) nao faz ‘uma cidade mundial no sentido an de uci ra detada de balizacdo, a tecnologia e as cidades, ‘cidades como unidades ou escalas ceondmicas i / {es ecohdmicas, juntamente com, succeed \) "Em egundelugar, quanto mais complexas se tornam essas fungées acia, rela iblicas, programacdo ¢ telecomunicases, entre outros. Assim, embora mesmo hé 10 anos o principal lugar de produgio dessa fungdes da sede central fosse a matriz da empresa, atualmente, existe ‘um segundo lugar-chave: as empresas especializadas contratadas pelas matrizes para cumprir algumas dessas funges ou componentes centrais ara elas. Esse padrio é especialmente comum entre empresas envolvi- das_em mercados globais e operacdes que fogem a rotina. Porém, as se- des de todas as empresas esto cada vez mais comprando €S3€5 Servicos, em vez de produzi-los na matriz. _ Merceira fipdtese é que, quanto mais complexos e globalizados fo- rem oes os de prestadora de Servigos, mais suas funches centrais_estario sujeitas a economies de aglomeracto. A coi e 13) dog servigos que devem produzir, a i 0s os em que esta envolvidos, seja de forma direta ou por intermédio da matriz para a qual esto prestando servicos, ¢ a crescent jortncia da velocidade em to- ‘tudo isso gera uma mistura de condicdes que cons- titui uma mica de aglomeracdo. A mistura de empresas, talento € conhecimento em uma ampla variedade de campos especializados'faz los mercados financeiros, investimentos ¢ contratac fo A A,Auarta hipstese, derivada é i servicos, aumento nitidamishte, assim como as 01 le miagnitudeyeo™™ 2¢s teeeirizain suas fungbes mais complexas e nio padronizadas, particu- eavolvidas, Podemos ver aqui pelo menos a formagio iiciprente de si Jarmente aquelas suj a mercados incertos inconstantes e a velocida- | mas urbanos transnacionais. Em uma ampla medida, os pris ‘pois uma parcela menor tros de negécios do mundo atualmente derivam sua import do trabalho feito na matriz estara sujeita a economias de aglomeracdo. As. redes transnacionais, o que, por sua vez, indica uma divistio de funcdes, sim, 0 setor que especifica as vantagens produtivas caracteristicas das ci- Um sistema urbano transnacional é, em parte, uma estrutura orga- dades globais € 0 especializado ¢ interconectado setor de servigos” icas. HE muito Vempo existem ‘Aula Aipotese prevé que, até onde essas empresas especializa- processos econdmicos através das fronteiras — fluxos de capital, mio de das devem prestar um servigo global (por meio de uma rede global de fi- ‘obra, mercadorias, matéria-prima, turistas ~ e, nesse sentido, néo ha na- fortalecimento das transacdes e da de novo nas redes interurbanas que surgem hoje em dia. Porém, a0 is entre as cidades. No limite, esse pode ser 0 come- longo dos séculos, houve enormes oscilagbes no grau de abertura ou fe- 5 ¥ erescimento de chamento nas formas organizacionais em que esses fluxos ocorrem. wes ados, a necessidade 200, de redes de servicos transnacionais devido a aumentos acentuados em Sag investimentos internacionais, o pape! menor do governo na regulamen- _ taglo da atividade econémica internacional e a correspond de outras arenas institucionais, notadamente os mercado: des corporativas - todos esses fatores apontam para a exist série de redes transnacionais de cidades. A dedugio disso é rin década de 1980 e cresceu ray <#* tizacio, desregulamenta.~ ce | cipais centros empresariais do mundo atualmente derivam sua iinporin. ‘econémicos nacionais em mercados globais. A ae ‘organizacional cia dessas rédes transnacionais. Nao existe entidade tal cor cida- para os fluxos transfronteirigos que emerge desses reescalonamentos e dé global unica — e, nesse sentido, existe um nitido contraste com as ca- articulagées é ocultada apenas em parte pelo sistema interestatal ¢, as te imiperios de outrora. yvezes, diverge cada vez mais dele. Os princi 7, Ceitfal a 65585 hipSteses sobre a arquiterura organizacional da eco [es apenas os Estados nacionais, mas empresas ¢ mercados cujas opera. cap: Bes globais so facilitadas por novas pollticas e padres Internacionai 7 ~ A lade geogréficas quanto / produzi dos dispostos e rem tao dispostas = isso" (por exen- sdrias para a administracaofe, plo, Panitch 1996; Gill, 1996; Ferguson e Jones, 2002; Rodney Bruce J. yialé'a manutenglo de grandé] Hall e Thomas J. Biersteker, 2002; Harvey, 2007; Tayloz, 2004), a -global.acorze nessa. rede crescente de cida © crescimento da dindmica transfronteirica de rede entre as cidades, as como coe globais envolve uma ampla variedade de dor itico, cultural, ‘um niimero limitado de fungSes de cidade global. O crescimento das a if social e criminal. Existem diversos referenci / vidades globais de admiinistragao e mantitengdo por sua vez trouxe con- mas nfo estatais de articulagao, que podemos desagregar em componen- | sigo uma massiva melhoria e expansdo de dreas urbanas centrais, mesmo tes especificos. Um tipo de referencial empftico é econdmico, incluindoo 4. We grandes, porgdes dessas cidades se aprofundem na pobreza e experi- muimero crescente de fusdes e aquisicées transnacionais, as redes cres; 28_ Saskia Sassen centes de associados estrangeiros, ¢ 0 mimero crescente de centros fi- nanceitos que so incorporados aos mercados financeiros globais. Tam- bém existe uma proliferagdo de circuitos globais especializados para ati- vidades econémicas que contribuem para essas novas escalas e se forta- no uso dessas redes depois que so estabelecidas, incluindo ati- vidades econémicas que eram improvaveis até hé pouco. Também vemos maiores redes internacionais para fins culturais, tanto econémicos co- Mo artisticos, como no crescimento de mercados internaci arte € uma classe transnacional de curadores, e para fin: formais, como no erescimento de redes transnacionais de ativistas orga- nizados em apoio a causas ambientais, direitos humanos e coisas do ge nero. Essas sao redes transnacionais que interligam cidades, ou, pelo me- nos atualmente, parece ser mais simples entender a existéncia e as mo- dalidades dessas redes no nivel das cidades. © mesmo pode ser dito das novas redes criminosas transfronteiricas, independentemente de estarem conectando traficantes de drogas, terroristas ou traficantes de pessoas, Egses e outros processos e - des desempenha um_ - mente suas €conomias e sociedades nacionais com os circuitos globais. A medica que as TaNSaqoes WanstrOntelriga¥ dé t0d0S os tipos aumentain, também ¢ lentam as redes que conectam certas cor rag de cida- des (por exemplo, Taylor, 2004; Amen et al., 2006; Lo e Yeung, 1996). Esse erescimento, por siia vez, contribul para a Tormacao de gedgrafias ansfronteiricas ¢Specificas que Conectaih Cotas Conjuntos de cidades, O resultado é um ree: jamento dos Tugares estratégicos que arti- culam 0 novo sistema. Juntamente com a desvinculagao parcial, ou pelo menos © enfraquecimento do nacional como unidade espacial, vém condi- ses para a ascenséo de outras unidades e escalas espaciais (por exemplo, ‘Taylor, 1995; Sum, 1999; Brenner, 1998, 2004; Harvey, 2007). Entre elas, esto escalas subnacionais, particularmente cidades e TegiGes; regides trans- fronteiri¢ 1 abrangem duas ou mais entidades ‘subnacionais; e entidades supranacionais, como os mercados eletrénicos globais e blocos de livre co- mé A dindmica € os processos que sao territorializados ou localizados nessas escalas variadas podem, em principio, ser regionais, nacionais e glo- bais. Esse reescalonamento traz consequéncias Para a gestio dos fluxos e transagBes que circulam por meio de redes especificas ou gerais de cida- des, sejam elas globais ou de outra forma. ‘ Embora esas redes estejam parcialmente embutidas em temritérios na- | j ig, a8 estruturas nacionais existentes ndo necessaramente S40 Capazes | A dé regular suas funges. As fungdes regulatérias deslocamn-se cada VEZ mais } invermaciona Esta Ultima questo t6ci efi uit tema Crucial que permeia este li- l \ 9 vro: os desafios tedricos e empiricos de estudar fendmenos globais den-| 9 ¢_ tro do Estado-Nac&o. Q estudo das cidades globais e suas redes trans- x \ we fronteirigas coloca as quest6es empiricas em primieir 10. lobais se localizam dentro de territérios naclonais, 6 movitnento eo! de_witios fluxes entre essas_cidades acaba por afetar também a esfera ” K dos estudos relacionados com fluxos transfronteirigos concentra-se no movimento de capital, informacbes, pessoas e outras entidades entre Es- tados-NagGes, e no entre cidades individuais. Assim, existe a necessida- de de construir novos estudos para rastrear esses flukes. A Contribuicdo iL ‘Taylor e colaboradores, metodologia e outros dados para responder esse tipo de questo (Ver também 0 debate no American Journal of Sociology, 2006). Para construir novos conjuntos de dados, podemos usar os métodos ociologia. Os pesquis fio estudan- a sociologia, Os pesquisadores comegaram a abordar o desaf do essas formagées globais como nés de uma rede (Alderson ¢ Beckfield, 2004) ou fluxos entre nés (Taylor, 2004; ver Sassen, 2002a para exem- plos de ambas abordagens). Os nés individuais podem revelar como cock, 2002). A pesquisa usando métodos qualita- intes espectficas das cidades |, 2007; Peterson, 2007) ¢ no de uma cidade global (por exemplo, Simmonds e Hack, 2000; Rutherford, 2004; Samers, 2002; Amen et al., 2006). Pesquisas sobre as redes trans- nacionais de cidades globais analisaram as relagdes entre essas cidades € esbocaram uma hierarquia do sistema (David A. Smith e Michael ‘Timberlake, 2002; Taylor, Walker e Beaverstock, 2002). Usando métodos uantitativos, os pesquisadores analisaram os fluxos entre tidades por meio } de dados sobre 0 tréfego aéreo (David A. Smith e Michael Timberlake, 2002), conexdes entre e intraempresas (Taylor, Walker ¢ Beaverstock, 2004), e fluxos de informagdes (Mitchelson ¢ Wheeler, 1994). Contudo, ara se construir um quadro mais completo dessas redes transfronteiricas € seus nés, serd necessério fazer mais pesquisas. A sociologia, em particular, ¢ as ciéncias sociais, em geral, com suas diversas metodologias qualitativas e

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