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a n g | 0 Pomucgs 1 Gramatica VESTIBULARES _Interpretagao de TeXtos Francisco PLATAO Savioli José Luiz FIORIN GramArrca x InrERpREtagio pe Trxros P ORTUGUES CCOORDENACAC EDTORAL ‘Nest Mame Ean BOUTIN i ert ASSSTENCI EOTORAL bio roo tes Gace frogTO GHARCO Uti Grito Comrie Wa sae Don intaraioat eCteogngte ne Pong (I) (tare Brann do vr, ual) PE, EDTORAGAO € FOTCUTO ane Connie, “angos eina mio: wrote ~ Fea Tox) 30847000 on FESSAO ACABAIENTO ‘Glen «Eats Angi 1. tains mo rd fe iy, 268-Sns Aro (CP 04755000- Staal ooo cops73.10 root 32736000 gee {none pare onto sstandoa: 1. mas tegredo + Eeina msaioSYS.1e gn Bs018810| Jeoyin Mera Machado de Asi 1899-1908) elna on enancm, cones, pe ¢ koa, es an 0 foto nn cote isole trelrs mfel n ssofe nso oR En su ted 170-1880) ge Seam cb coro Corts fmternce fesanne An 0 na, Hana ei Goes dio tos ease ‘es oud cnmsous de ani pst, muni commana eno a emo den loe ‘SEs Canons psuncs de uy Cbs 184 um trp ao pion wo Boma, A eves oe Sore de prtcnis nats ene sn aca Bae, Bom Cons eft Manotel de Aes omar ge ssrdan oer ao psp eine sco pe sce lhe com ua clan © weno Met Feet ne ace ee a ne ee + foarte tie ore en mee eee snc of a nn pr erin on auton uorene eu oma tesa es patpure nee ase dele moaned Os nod No ps hte doers ec Sue Sete Se sone detncroney anno come Ae Cota, Ks de Caps ire seni Sam hehe tents Gun, Cor Stoo eras Raa eda Po a pcre bes k,n dnt san Se ns cesses hone So fepnnato de oran nesr Indice Gramatica Copiulo 1 Sujeito © predicado.....c..n Copiiulo 2 Termes associados ao verbo; predicaae verbal. Copiulo 3 Funges do pronome “se” Capitulo 4 Termos associados ao nome... Copivlo 5 Tipos de predicado; vocative.... Copivio 6 Oragées subordinadas substantivas... Copiulo 7 ‘Orasses subordinadas adjetivas Copii 8 rages subordinadas adverbiais; ‘erases subordinadas reduzidas Capitulo 9 rages coordenadas; oraséo intercalada Copitvlo 10 Sinais de pontuaséo ... Copiuio 11 Acontuasio gréfica. Copitulo 12 Ortografia. ns Capitulo 13, Regéncia .. Copivlo 14 Crase Copivio 15 Concordéncia verbal; concordéncia nominel... 7 31 36 a 52 6 65. 68 75 81 Copitule 16 Colocagae das palavras 88 Copilo 17 Estrutura da palavra... oY Copivlo 18 Processes de formacdo de palavras. 9 Capitulo 19 Generalidades sobre as classes de polavras 104 Copitulo 20 Verbo. 123 Copivlo 21 Substantive... 140 Copino 22 ‘Sintaxe dos pronomes. Capitulo 23 Semdntica: estudo do significado . 151 Capitulo 24 Veriasées linguisticas. 159 Interpretacéo de textos } Capito 1 Para que serve a linguagom? 169 Capitulo 2 Arnosée de texto 75 179 187 199 Copiivle 6 ‘As relagées discursivas e textuais ... 198 Copitlo 7 | Temas e figuras. pos | Copitulo 8 de figuras ov de temas... 207 210 212 Capitulo 11 e Tipos de comentario na dissertaséo...... 216 Capitulo 12 Argumentaséo.. . 220 Capitulo 13, Informagées implicitas.. 225 Capitulo 14 Discursos direto, indireto e indireto livre 228 Copiivlo 15 © plano sonore e a disposicéo das palavras no texte. 232 Copivlo 16 Recursos discursivos. . 236 Gramatica Capitulo Sujeito e predicado 1 INTRODUGAO ‘A maior ambigdo das pessoas que estudam uma lingua é adquirir a capacidade de compreen- ‘der e produair textos com proficlénela, jé que & por meio deles que se obtém informacées © co- ‘heclmentos sobre o mundo e se estabelecem re- lagoes entre as pessoas, ‘Uma pergunta Trequente & como se deve pro- coder para retirar dos textos os conhecimentos que eles contém, e 0 que se deve fazer para pro ‘duzir mensagens capazes de atingit os resultados retendidos. Uma das respostas é que, sem conhecer o sig nificado das palavras, ninguém ¢ capaz de com: preender ow produzir textos. Essa € uma verda: e indiscutivel,e sua comprovacao mais eviden te se dé quando ouvimos ou lemos um texto em lingua estrangeira, E ficll imaginar a dificuldade de um turista ‘num pais de lingua desconhecida, quando, nu- mma emergéncia, precisa consultar um médico Experiéncias desse tipo sto sempre desastrosas: © paciente nao é capaz de revelar seus sintomas nem de compreender as perguntas do médica, Disso tudo se conclui, com absoluta cortez que, para um bom desempenho numa lingua qualquer, é necessério conhecer o sentido das Palavras. 'No enianto o conhecimento do sentido das ps lavras, por mais importante que sea, ndo & sufi- ciente nem para produzir nem para eompreender ‘significado de um enunciado. Por qué? Porque o sentido do enunciado néo depende apenas das palavras que o compdem, mas tam bém do mode como elas se relacionam entre si Prova disso € que dois enunciados podem ter sentidos completamente diferentes, embora for- mados pelas mesmissimas palavras. Exemplos: 1) O re transformou cidadiios livres em escravos. 1) O rel transformou escravos em cidados livres. ‘As palavras dos dois enunciados slo absoluta- ‘mente dénticas, mas os sentidos dees so opostos + em Lo rei €um tirano opressor do povo, pois escravizou cidadios livres; ‘+ em Il, é um lbertador, pois alforviou escravos, favendo deles cidadios livres, Esse exemplo serve para demonstrar que, tan- to para a compreensio quanto para a produ do sentido de um enunciado, é necessério conhe- cer 0 significado das palavras que 0 compdem: ‘mas isso nao & suficiente,jé que as mesmas pala- ras, combinadas de modos diferentes, produ- em sentidos diferentes. 2 A SINTAXE E A SEMANTICA © compartimento da gramética que regula a correlagio entre as palavras da frase denomina-se sintaxe, palavra procedente do grego, formada do prefixo sin ("unto", “simultaneo") + taksls Cordem’, “arranjo", “disposigao’). ‘Sintaxe &, pols, 0 conjunto de regras com base nas quals as palavras se combinam para formar {rases.O significado resultante da combinagdo es- tabelecida entre as palavras pertence ao dominio dda semantica, 3 Mecanismos de construséie do enunciado Para construr um enunciado, fazemos sempre uma dupla opera¢io: + deselecio, + de combinagao. Isso quer dizer que escolhemos, para cada lugar da frase, uma palavra, entre outras possiveis de ocu- par 0 mesmo espaco, ea combinamos com outra palavra da cadeia. Desse modo, qualquer palavra do ‘enunciado vem sempre associada a outra, formando com ela um pa. ‘Velamos a demonstragao desse duplo processo no esquema a seguir ‘constantemente ‘Noe Noho « No oxo 8 ctonamos Seeomenose | 2Statemos a palsea Palas fortes, ‘aire sopeavam. loves ec aga ee. -inesperadarente ee, 4 eeomtina seacominimor | + eacombnanoe | + ea combinamos toe cath pe een ples ‘cm spleen eomapalare lovedoebo2, | dosencntses | dowa2 docto2 Seen evidente que esse duplo mecanismo de escotha e combinagio supée regras mals complexas, Ao es- colher, por exemplo, a palavra de um exo, jd impomos limitagdes as escolhas de outro eixo, J que nem todas as palavras sio combindvels entre si Para o momento, no entanto, o exemplo serve para ilstrar que o significado do efunciado é resul tado tanto das palavras que escolhemos quanto da combinagao que fazemos entre elas Por Isso € que ‘ compreensio do significado produzido exige o conhecimento do sentido das palavras ou expresses escolhidas ea apreensio das correlagies entre elas 4 Marcadores de correlacao entre as palavras da frase De tudo 0 que se disse, conclul-se que o enun- ciador escolhe e arranja as palavras do enunciado {de modo que elas produzam o significado planeja- do. O interlocutor compreende o enunciado no ‘mesmo sentido pretendido pelo enunciador, porque interpreta as palavras escolhidas, de acor- do com as mesmas'relagdes estabelecidas por ‘quem o produciu E por que se dé essa sintonia? Exatamente porque tanto © produtor do fenunciado quanto 0 seu interlocutor conhecem ‘45 mesmas regras responsiveis pe das relagbes entre a8 palavras da ( conhecimento dessas regras de combinagio (ou regras sintticas)é necessario: + ao enunciador, para que ele nfo produza ‘enunciados ambiguas, bbscuros ou com sentido Aiferente do planejado; + ao interlocutor, para que nio atribua ao enun- lado sentidos que ele nao tem, Multas vezes, por inadvertencla, acabamos ‘montando um enunciado que, além do significado esejado, produz outro, ndo desejado. F 0 caso de frases ambiquas, como esta: Traficante depde sobre o trifico no Senado, Do modo como est redigido, esse enunciado 6 comprometedor. Com certeza,aintencio de quem 6 redigiu fol noticiar que trafcante depoe, no Se- ‘ado (numa CPL por exemplo), sobre trifco. Mas, {do modo como esta, pode-se também interpretar {que 0 depoimento do traficante versa sobre trli- co no interior do Senado, o que é uma noticia, além de assustadora, comprometedora para o re. dator e para o decoro da institugao. Festa saber que regra 0 redator descumpriu para ter gerado essa ambiguidade. A resposta a essa pergunta vird naturalmente, depois da des- trigdo de cada um dos marcadores de correlagdo Sintatica no interior do enunciado, que passamos 8 fazer a partir daqui 5 Compatibilidade de sentido [Nem todas as palavras so compativeis entre si no plano do significado: 0 substantive quarto, por ‘exemplo, é compativel com o adjetivo impo, flu: ‘minado, mas ndo 6 com o adjetivo pensatlvo, Podemos, pols, sem risco de ambiguidade, cconstruir um enunciado como este: (© mentno salu do quarto pensativo, Em nome da regra da compatibilidade de sen- tido, pensativo s6 pode referirse a menino endo a quarto. (0 mesmo no se pade dizer de um enunciado como este teva (0 menino saiu do quarto limpo. _Limpo, nesse caso, pode estar associado tanto a (quarto quanto a menine: 0 enunciado é ambiguo. 6 Concordéncia ‘Chamamos de concordiincia 0 mecanismo pelo ‘qual certas palayrasalteram suas terminagdes para Indicar sua relacdo com outras palavras da fase (© enunclado transcrito no item 5, por exem- plo, nao produziria qualquer ambiguidade se fos- {Se assim redigido: oe ‘A medina salu do quarto limps. Pela regra da concordincia, a palavra limps s6 ppode estar assoclada a palavra menina Do mesmo modo, a frase nio seria amt com esta outraalteragdo ‘A menina salu do quatto limpo. 1 Colocaséio Hi situagdes em que nem a compatbilidade de sentido nem a concordincia slo suficientes para resolver a ambiguidade. Nesses casos, acolocacéo ‘das palavras pode ser fator de desempate ‘O exemple a seguir lustra esse procedimento: 0 vigilante pastor, com calma e sossego, seu rebanho seguia, [Esse enuncado 6 ambiguo. Do modo como esté redigdo, nio se sabe se 0 rebanho & que estava se- ‘quindo 0 pastor (indo atrés dee) ou seo pastor & {que seguia 6 rebanho (indo tras dos animals ‘A ambiguidade ocorre poraue: + pela regra da compatibilidade de sentido, se- ‘gu tanto pode ser uma agdo atibulda a pastor ‘quanto a rebanho; + pela regra de concordancia, também & admis- ‘velo mesmo tipo de rela Nesse caso, a mudanca de ordem das palavras desfaria a ambiguidade: © vigilante pastor, com calma ¢ sossego, seguia seu rebanho. Seu rebanho, com caima e sossego, sequla 0 vigilante pastor. 8 Aregéncia {As preposigBes, mesmo quando nao tém sent: do proprio, so importante marcador das corre (Ges entre as palavras do enunciado, ( enunciado transerito no item 7 poderia ter @ ambiguidade resolvida por uma marea de regén- cia, entendendo-se aquia regéncia em sentido amplo: a preposicao, mesmo que nao sefa exigida obrigatoriamente pelo verbo, sempre marca ast bordinagao de um termo a outro da cadeia, (O enunclado citado no item 7, por exemplo, po- deria tera ambiguidade resolvida com as seguin- tes alteragoes (0 vigtante pastor, com calma e sossego, a seu rebanho sequia. Ao vigilante pastor, com calma e sossego, seu sebanho seguia 9 Marcas prosédicas PProséulia, entre outros sentdos, pode ser enton- ida como 0 conjunto de caracteristicas sonoras {que acompanham a produgao de um enunciado, als ‘como as pausas, a maior ou menor duracio de uma silaba, a elevagao ou o abaixamento da vor et. So bretudo as pausas (em geral marcadas, na escrita, por sinais de pontuagdo) sdo um importante marca. ‘or das correlagdes entre as palavras do enunciado. ‘Acesse respelto, servem de exemplo estes dois enunciador: 1) Nao era da sua conta aquele mesma desculpa velha, 1) Nao era da sua conta aquela mesma desculpa, velha Em|, a auséncia da virgula indica que vetha 6 ad- Jetivo e est associado a0 substantive desculpa; em vingula indica pausa na fala, sinal de que velha ‘do 6 um agjtivoassociado a palavra desculpa, mas ‘um substantivo usado para designaro interiocutor, Para dar mais uma idela da importincia das marcas prosédias como indicadores das relagbes sintticas entre as palavras, podemos ainda am- pllar o mesmo enunclado com estas alteragbes: 1Nio era da sua conta aquela mesma desculpa ‘minha velha. [Néo era da sua conta aquela mesma desculpa ‘minha, velha [io era da sua conta aquela mesma desculpa ‘minha velha Em sintese, podemos concluir que o interlo: cutor, a0 ler a frase, apreende as mesmas relagdes ‘que 0 falante estabelece entre as palavras: & que ‘ambos “conecem” ~ ainda que sem ter conscién- Gia“a5mesmasregras que organizam os arranjor 10 A ESTRUTURA SINTATICA DO PERIODO SIMPLES Tendo em vista que o sentido do enunciado 6 resultado tanto da escolha das palavras quan- to da correlagio estabelecida entre elas, para ecifré-lo € necessério saber aprender essas correlagbes. E esse, basicamente, 0 propésito daquilo que nossa tradgio escolar decid designar por andll- se sintitica, Trata-se, na verdade, de uma volta Feflexiva sobre os enunciados para depreender as correlagdes entre seus termos: + nterpretar os signficadas decorrentes dessas comelagies| ara facilitar esse trabalho, convém saber que as corvelagdos possiveis entre os diferentes termos dda frase so limitadas e previsivels. Prova disso 6a possiblidade de descrever, com poucos modelos, {Todas as correlacées possiveis dentro de uma ors ‘lo em portugues. & 0 que os estudiosos costu- tam chamar de estrutura sinttica da lingua ‘Como vimos, a fungi sintitica de uma palavra fou expressio depende fundamentalmente de dois fatores: + da relaglo que ela mantém com outro termo da mesma oracao: + do seu significado dentro dessa retago. A primeira relago que se detecta dentro de ‘uma oragio 6 a do sulelto com seu predicado, os dois eixos bésicos de uma oragio, Trata-se de dois termos interdependentes, como se vé pelo cexemplo a seguir pee {Uma chuva de pedras | danificow a lavours, No eixo A, ocorre um termo ao qual est sendo satribuida a agdo de danifcar a lavoure, termo con tido no ex B. +O termo do elxo A 60 sujeito, + O terme do eixo B 6 0 predicado, 11 SUJEITO E PREDICADO Sujet ¢ 0 suporte sobre o qual recal uma afr smagio feta pelo predicado. Predicado é 0 termo que, sempre por melo de ‘um verbo, projeta alguma atrmacdo sobre osujeito. Observacio A palavra essencial do predicado & o verbo. Prova disso & que € essa a nica palavra que pode, sozinha, consituir um predicado. Exemplo: —™~ Acidentes | acontecem, inieto 1 preiad Mesmo que predicado sela constituido de vi rias palavras, entre elas estara sempre inculdo um verbo, necessariamente. Exemplo foal ‘Aeidentes | ‘acontecem com frequencia nos grandes centros urbanos do Brasil localizar © sujeito Quando se pretende localizar o sujelto de ums cragdo, podem-se usar os segulntes artifiios: 8) localiza-se 0 verbo da oragio: ») faz'se a pergunta quem é que ou o que é que antes do verbo (a resposta a essa pergunta & ‘uma boa pista para detectar 0 sujelto ©) a posigdo usual do sueito 6 antes do verbo (mes- ‘mo que venha depois, pode ser colocado antes, sem que a frase fique estranha); <4) em portugués, 0 verbo concord com o sujeito fem pessoa e nimero (nfo & possivel, pois, um ‘sjeto no plural eo verbo no singular); «) seo sujito for um substantivo, pode ser subs- Uituldo pelo pronome do caso reto ele (ela, les, elas i \Varnos eplicar esses artifcios & seguinte oracio: (Ouviram do Ipiranga as margens picidas De um ovo herieo brado retumbante, 28} 0 verbo é ouviram. ) Quem 6 que ouviu? AS mangens plicidas do Ipiranga (pode ser fesse sujeito). © Passando o presumivel sujlto para antes do verbo, temos: ‘AS margens plécidas do Ipiranga ouviram de lum povo heroico o brado retumbante 4) 0 verbo esté no plural, concordando com presumive sueito, cujo nlcleo & margens. ©) As margens plicidas do Ipiranga é uma ex- presso que pode ser substitulda por elas (elas ouviram.. Por tudo iso, nde hi duvida de que o sujeto da ‘rag € as margens pécidas do Ipiranga. ‘A oragdo deve ser interpretada como se as margens do riacho Ipiranga tivessem ouvido 0 brado retumbante (grite da proclamagio da Inde- pendéncia) de um povo heroico, Tipos de sujeito O sujelto pode ser classificado como determi- nado, indeterminado e inexistente corre sujeito determinado quando aterminagso do verbo eo contexto permitem (cumulaivamente) + reconhecer que existe um elemento a0 qual o predicado se refere- + Identficar quem é esse elemento Exemple Osturistas | dizem maravihas sobre 1 Rio de Janeiro. Seto No caso, 6 possivel reconhecer que existe oele- ‘mento ao qual se atribui o ato de dizer e identif- cio: os turistas. O sujet determinado pode ser consituido por: + substantivo: O zelador-compareceu ao fim de trés semanas ¢ cinco goretas. (Fernando Sabino) + pronome substantive: ‘Ninguém dorme com um barutho desses! 1 + qualquer palavra de valor substantivo: ‘A morena respondeu ao convite com um soriso. Observagio Retirel-me imensamente satisteito daquela primeira aula. (Rubem Braga) Nessa oragio, embora 0 sujito no venha ex- plicito, podemos, pela desinéncia do verbo, dentt- {cé-lo (= eu). Fm casos como esse, em que 0 sje! to € determinado, mas nao aparece explicito na ‘oragdo, costuma-se classificé-Io como: ‘ Sujeto determinado eliptico: * Sujeito determinado impliito na desinéncie verbal + 01 sujeito determinado oculto. Convém observar quo essa subclassiicagio do sujeito determinado, apesar de usual, no vem pprescrita pela NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) 1 Sujeite simples e sujeito composto Além dessa classificacdo, o sujelto determina- 0 pode ainda ser subclassificado em simples ou composto. Observe, (eaaaaocal | eanmaaanannananaad (© Tocantins | 6 um grande rio brasileiro sje predic Note que, nessa frase, a afirmagio contida no predicado estd sendo atribuida basicamente uma palavra, Tocantins. Essa palavra 6 cha ‘mada de nucleo do sujeito. Neste caso, 0 sujei- 10 € simples. (© Tocantins eo Araguala | sio dois grandes predicate afirmagio do predicado recai basiea- re dos elementos: Tocantins e Ara ‘Osujeito consta,portanto, de dois nicleos ese de- omina sujeito compost. eae Observacto 6 niicleo do sujeto & constituido sempre de um substantivo (ou palavra equivalent) nao precedido de preposicéo. 18 Sujeite indeterminado Ocorre indeterminacio do sujeito quando @ terminagao do verbo e 6 contexto permitem reco- snhecer gue ‘existe um elemento ao qual o predicado se re- fere, mas no se pode identificar quem é esse elemento, nem mesmo quantos so. Exemplo DDizem maravilhas sobre ‘Rio de Janeiro iteerninado | Nessa frase, & possivel reconhecer que existe tum elemento ao qual se atribui o ato de dizer, mas hao se pode precisar quem é esse elemento; ndo ‘se pode dizer também quantos sio os que dizem maravilhas sobre 0 Rio de Janeiro, pots pode ser apenas um, Observagio Elaro que, havendo referéncia & qualquer an- tecedente, calremos no caso de syjeltodeterminado liptica fobservagio do item 13) (Os turistas sempre saem entusiasmados do Brasil Dizem maravihas sobre o Ro de Janeiro. [esse caso, osyjelto de aizem & eles (os turistas) ‘liptico ou determinado oculto, Implicito na de- singncia verbal 18 Modos de indeterminar o suj Em portugués, hé duas maneiras de indeter- mina o sujelto: + Colocendo o verbo na 3* pessoa do plural, sem referencia @ nenhum antecedente. Exemplo: ie + Justapondo ao verbo © pronome se, indice de indeterminacio do sujtto. Observacs E preciso no confundir duas construgdes apa- rentementeiguals. O pronome se nem sempre fun- ‘ona como Indeterminador do sult: pode funcio- har como particula spassivadora, a serestudada no Capitulo 3. 17 Suieito inexistonte Diz-se que o sujeito ¢ inexistente quando 0 predicade nao é atribuido a termo algum dentro ‘8 oracao, Exemplo Seto inenttete Nessa ora¢io, ‘var nao esta sendo atribuida a sujeito algum. 1 sufeto nexistente ocorrefrequentemente nos seguintes casos: 2 Com verbos aueindicam fendmenos da natureza Trovejou durante a note. “Amanhece na paisagem desolads de arcia. (Oswald de Andrade) + Com o verbo fazer indicando fenomenos da patureza ou tempo transcorrido: Fez notes fhias naquelasférias. Faz quinze anos que no 0 vei + Com 0 verbo haver significando existir ou ‘ocorrer ol ainda indicando tempo decorrido: Houve multas guerra cvis na Africa Ha anos raiou no céu Muminense uma nova cestrela, José de Alencar) + Com 0 verbo ser na indicasao de tempo, data fe distancia ‘Sdo quatro horas. ‘Essdo 13 de maio. ‘So quinze quildmetros. (0s verbos que nio tém sujelto sio chamados de impessoals e, como se pode observar, ficam Sempre na 3 pessoa do singUlar. Faz excegio a e5- 5a regra 9 verbo ser, que abordaremos oportuna- mente, no. estudo sobre concordancia verbal (Capitulo 15, item 22), 2 manasa Capitulo Termos associados ao verbo; predicagao verbal INTRODUCAO Observe a oragdo: | eel ‘Acidentes | acontecem! Suet pred Essa oragio se compoe apenas do niicleo do sujeito e do miicleo do predicado, Nesse caso, tendo ‘separado um do outro, @ andlisesinttica est terminada nao == Graves acidentes automobilisticos | acontecem nas estrada, aparecem outros elementos dentro do sujlto e do predicad, e outras segmentagées poderiam ser feta, ‘como vernilusrado no esquema a seguir y sujeito predleado Graves automobilisticos as estradas. ‘aracerias— [~nileo do suet | carat 0 ‘eo do Teterese ao nea Shido | (home) ries do priest So prediend, mareango Someta eto | Resor ‘tagar onde ocre ego Observe que, além do nico do sujeto e do ncleo do predicado, 4 ‘rag enquadra-se dentro destas duas possbllidades: jado a um verbo (termo determinante do verbo) + ou ver igado a um nome (termo determinante do nome}. Iquer elemento que aparece na ‘Se um termo da oragao ver ligado a um verbo, pode desempenhar uma destas quatro fungBes: + objeto direto; ‘adjunto adverbial; + objeto indiretor + agente da vor passive ‘Se vem ligado a um nome, pode ser: + adjunto adnominal; + complemento nominal + predicativo; * aposto. Excetuando o vocativo, que seré abordado no Capitulo 5, al esto todas as fungoes sintéticas que ‘uma palavra pode desempenhar na oragao. iam aaiore aan B Como os verbos originariamente classifica- {dos como transitivos exigem sempre um comple- mento para que a frase faca sentido, isto 6, seja compreensivel, a definigdo se ampliou, © verbo {transitive passou a ser definido como todo aque- Je que nio tem sentido completo, exigindo, além do sujeto, aquilo que passou a se chemar de TRANSITIVIDADE E INTRANSITIVIDADE Eleger 9 verbo como 0 elemento estruturador dla oragio 6 uma possibilidade de escolhafaclta- ‘dora para o trabalho da andise sinttica. Por isso, lantes de conceltuar cada um dos termos associa- dos a ele, convém esclarecero significado de tran- Siividade de intransitividade, dois. conceitos "usados pelas nossas gramticas para descrever as Telagdes entre 0 verbo e os termos que gravitam fo seu redor 1 Verbo transitivo Segundo a definiglo original, verbo transtivo é aquele que admite transicao para a voz passa. Exemplo: O lenhador derrubou 2 érvore. ‘A érvore foi derrubada pelo lenhedor. Essa definigdo corresponde prépria etimo- logit da palavra transitive, derivada do verbo latino transire (passar de um lugar para ou fo"). Transitivo seria, entdo, aquele verbo que tem a propriedade de transitar da vor ativa pa- aa vor passiva. (Os verbos portadores dessa propriedade, no ‘geral pressupdem a partcipacio de dols polos: 9 primeiro polo 60 agente, que desencadela a ‘cao representada pelo verbo: a acdo: lum objeto (0 segundo polo), isto é, um alvo ou luma meta que coincide com o elemento afetado pela ago, ou o resultado dela, Retomando 0 exemplo ji citado,terfamos: ae ennador | dereubou | 9 dvore = ou ainda Cpissare_| constr | Su nine a nal “4 ‘complemento. 2 Complemento do verbo CChamamos de complemento do verbo uma pa- lavra ou expresso que, além do suelto, precisa ser acrescentada & oragao para que ela seja mini mamente compreensivel ‘Um eritério que pode definir se a frase ne- cessita ou néo de complemento para ser enten- ddida €este: posta na forma interrogativa a frase ‘compreensivel admite como resposta sim ou indo, sem necessidade de nenhum esclarecimento adicion: Exemplos de verbos que, além do sujelto, nao precisam de complementos, ‘Péssar0 Vou. ‘Teste: ~ Pissaro vou? Dreensivel. Oprefixo grego a, de avaléncia,sig- hifia “auséncia". Esses verbos ndo vem, portanto, rodeados de nenhuma casa vaza Exemplos: Choveu, Trevejou. 8 Verbos monovalentes ‘io assim chamados os verbos que exigem @ ‘complementacio de apenas uma casa vazia 20 Seu redor {mono-, do grego, significa “um, “tinico”). 0 preenchimento dessa casa 6 foto por um termo ‘como qual o verbo entra em concordncia, Como vimos, trata-se do sujeito, aN © pissaro | voa, — 4 ‘A arvore | cai ‘Tanto 0s verbos avalentes como os monovalen- tes se enquatram dentro do conceto trad verbos intransitivos. 6 Verbos bivalentes ‘io assim chamados os verbos que vm rodea- dos de duas casas varias (bi-, do latim, significa “dois”, “duas vezes". O exemplo mats comum & dado por aqueles que exigem a presenga de um sujeto (com 0 qual sempre concordam) e de um objeto (normalmence um alvo afetado pela aco ‘ou um efeito resultante dela) ou ainda tum dest- nnatério da agdo, Exemplos: fo enlanie a alo (oonjeo eeusd) Tals verbos, na gramética tradicional, si chamados de transitivos diretos. 5 aaa eeceeg ‘enrio d io Na gramética tradicional, esses verbos so cchamados de transitivos indiretos. 1 Verbos trivalentes ‘Assim se chamam os que vem rodeados de trés ‘casas vazias (te, do latim, significa “irés", “trés veres"), normalmente preenchidas por um sujeto, uum objeto afetado e um destinatério, Exemplo 2 CLASSIFICACAO DOS TERMOS ASSOCIADOS AO VERBO ‘Apés as nogoes preliminares relativas aos com- pplementos do verbo, podemos considerar essa ‘lasse de palavras como uma estrela, ao redor da ‘qual orbitam 0 que podemas chamar ee satélitos {do verbo ou, simplesmente, de termos associados 0 verbo, que so os seguintes: objeto direto| va -objeto indireto salto -@ tie pomnanem {A posiedo em qué se encontram os termos & significative: lugar mais usual do suelto € a es- {querda (ou antes} do verbo; 0 dos demals satélites € 4 direta (ou depois) ‘Do sujeito jé tratamos no Capitulo 1, ¢ nlo & preciso aerescentar mais nada. Para definir os demals termos, vamos usar sempre trés crtérios: + "relacdo ~6 a indicacdo do termo a que se refe- re a palavra colocada sob andlise; + forma ~6. indicacio de alguma marca grama- tical que se revele util para distinguir 0 termo analisado de todos os demais: -adjunto adverbial + valor ~ é 0 significado decorrente da relagdo estabelecida entre uma palavra e outra, ‘Tomemos como exemplo @ andlise do termo 0 pneu na frase que segue, adotando os tréscritérios expostos: rela: svoando au ‘ero transi “forma som propos ‘ale nesa ego: peu ‘St inicando o objeo Setado pea ago ined pa verbo. ‘Vamos operar com cinco nogbes bisicas: ‘+ Agente ~ aquele que toma a iniclativa da ago, fo que a desencadeia, Exemplo: A chuva mothou o solo + Paciente afetado~ 0 termo que sofre modifi fo fisica ou psiquica por influéncia de uma acto. Exemplo: O jardineiro podou as plantas + Paciente efetuado ~ 0 termo que ocorre como feito de uma acio, Exempl: O pintor desenhou um quadro. ‘+ Beneficlério ~ aquele em beneficio do qual se faz uma ago, ou aquele ao qual se transfere um objeto. Exemplo: Eles deram um presente ao aniversariante ‘+ Destinatario - aquele para o qual se endere- (ga agdo, sem que elé entre na posse do ob- Jeto enderevado, Exemplo: (O mordomo deu 2 noticia aos convidados. ‘+ Clrcunstanciador ~ nome genérico que se da ‘08 satdlites do verbo que, em geral, nio so fexigidos como complementos e servem para Indicar nogdes que rodelam 0 verbo, tais como: ‘lugar em que se deu a agdo, 0 tempo, o modo, ‘8 causa, a condigo ete Exemplo: aullo faz 450 anos em 2004 ‘6. CIE Prototpo & 0 elemento que possu todas a ca- ractristcas da maioria dos outros pertencentes 30 mesma conunto, ‘Um automivel prototipco, por exempl,¢ ass: ‘+ tem cambio de virias marchas Essas caracteristicas so prototiicas porque «esto presentes na maiora dos engentios chamados 4c automovel 0 fat, porém, de um engenho ndo wsar combus- tive! liquid, mas gs, por exemplo,ndo faz com que cle deixe de ser autemével, Passa 'a ser umn modelo esviante, mas no debea de serautomvel. ‘AS defnigbes, como nunes podem ser compltas, fem geral evar em conta apenas as caacteristicas prottipicas,sendo acabam sendo tdo detalhadas, Aue perdem a funcionaliade. Todas as definigdes que daremos a partie daqui serdo prototpicas 0 que equivale @ diver que sto ‘valdas para a grande maioia dos casos (a verdad, ‘so esses 05 casos de interese para os eames vestibulres) TERMOS DETERMINANTES DO VERBO 10 Objeto direto Observe a oragdo que segue: aN Ostratores | derrubaram (© verbs do exo A é transitive, O terme do cixo B: ‘vem assoctado ao verbo do eixo A: std assoclado a esse verbo sem preposi¢éo; std indicando o alvo, o paciente afetado pela ado de derrubar. Essas caractersticas nos permitem chamar 0 termo do elxo B de objeto direto, 7 Entdo, por definicio, o objeto direto: quanto 2 relatos vem sempre associado a site meee aaa ‘quanto & forma: liga ‘Sis | 7 posite exgida por este pela aco, ou o resulta Observacses 8) O objeto direto pode, sem que o verbo exija, vir precedido de preposigio. Quando isso acon- tece, damos a ele a designacao de objeto dire- to preposicionado. Normalmente, nesse ¢a80, la pode ser excluida sem prejuizo da correga0 ‘04 do sentido da frase Exemplo: Observe que a preposigio de poderia ser ex- cluida sem erro e sem alterar o sentido bésico aa frase: les comeram o pao » Hi catos em que a preposigSo que precede ‘objeto direto nao pode ser excluida, como num ‘exemplo como este; (Os meninos procuraram a mim, frase: 0 & gramatics *0s meninos procuraram mim. Deve-se observar,entretanto, que a preposi¢io ‘a esté presente por causa da forma obliqua do pronome e no por ser obrigatoriamente exigi- da pelo verbo. Prova disso é que, permutando o pronome por um substantivo, a preposigao desaparece: (Os meninos procuraram 0 pa Entio, @ mim deve ser analisado como objeto dlireto preposicionado. Em sintese, $6 se considera como preposica0 obrigatoriamente exigida pelo verbo aquela que ndo pode detxar de ocorrer em nenhum context. 11 Objeto indireto Observe (© verbo do eixo A, como no caso anterior, é transitivo, O termo do eixo B: + est associado a0 verbo do ebxo A: ‘vem associado a0 verbo por uma preposicao (de 1 Getdindicando.oalvo os o elemento sobre 0 qual recal a ago do verbo gostar. Observagdes 8) Como se pode nota, o objeto indireto, assim denido,cstingue-se do objeto direto apenas pela forme: 2 Dlobjeto indireto se associa a verbos que exigem obrigatoriamente preposigio; 1 O.objeto direto se associa a Verbos que nao exigem, necessariamente, preposicto. ) O objeto indireto pode ter outro valor: indiar néo o alvo sobre o qual recal ago, mas o destinatirio ‘ou ainda o benefleléio. Observe {dap Enviei | 0 recado | ao proprietario, serbo | objeo | bet nen, elemento para : deco | equal sedeninas apo (estnatino) © objeto indireto com este valor ocorre principalmente com verbos que exigem duplo complemento {teansitivo direto e indireto), mas pode ocorrer com verbostransitivos indiretos apenas. Exemplos: 0 convidados. bona (bene) Este direito | cabe ‘20 aluno. Saye ‘Serbo wansne | abet narlo ino ‘Generar! ‘teen RQ 12 Agente da voz passiva Observe: Dizemos que essa oracio,esté na vor ativa, pois o sujelto 6 o executor da acto verbal sujeto agente). ‘Ao lado da construgdo ativa, ocorre, com os ver ‘bos transitivos diretos ou transiivos direts e indi ‘elos, a construcdo passiva com 0 mesmo sentido ‘sic, mas com uma estrutura diferente. Compare: Dizemos que essa oragio esté na vor passiva, pois * 0 sujeito 6 0 paciente (elemento sobre 0 qual ‘ocala egdo verbal) © corresponde a0 objeto lireto na oragao aliva; + aquilo que funcionava como sujeito na vor ati- vva passa a desempenhar outra fungio na voz ppassiva. Para conceitus-o, vamos observar ‘melhor suas caracteristcas 0 termo do eixo B: + estd associado 20 verbo do elxo A, que est na vz passiva: + estd ligado ao verbo por uma preposiczo (pelos = per + os); + estd indicando o executor (ou agente) do pro- ‘eess0 expresso pelo verbo. | Renmacscame Por causa dessas caracterstcas,chamamos esse termo de agente da vor passiva 18 Adjunto adverbial Observer fa orem Ofrato _caiu_| da drvore, Em ambas as frases, os elementos que ocor- rem no elxo B estdo associados ao verbo do elxo ‘A. Na primeira oragdo, B se associa a0 verb ‘com preposicio; na. segunda, sem prepasiglo (que, equi, ndo é um diferenciador) [Em nenhum dos casos, os elementos do eixo B estZo funcionando como objeto dos respecti- ‘vos verbos, mas indicando uma clrcunstanci: de lugar na primeira frase e de tempo na segun- da, Os elementos do eixo 8 classificam-se como ladjuntos adverbials, 9 ami Observacses 4) H34 casos em que o adjunto adverbial se refere ‘a nomes. Isso ocorre quando ele serve de mo- Alifcador de adjetivos ou de adverbios. i o. ieram um trabalho | muito_| bom, unto] none aera | (ato) z™ bem, moyen ‘Teabatham | mut (eave) ') Muitas vezes 0 adjunto adverbial nio se refere espeeificamente a um verbo, mas @ um campo de significado mais amplo, que pode abranger © contexto da frase toda, Exemplo aera Felizmente, ‘9s reféns foram Iibertos a tempo, S30 muitas aa circunstincias expresons por um adjunto adverbial, Eis as principals; Lugar ‘Tudo aconteceu na sala + Tempo: ‘Chegamos ao local &s dez horas. + Causa: liserel (verrall Ocandrio morreu de fome. + Fim: Decree aceon Estudou muito para o exame. Biaamaovi owe 20 Assunto Nao discutiamos sobre este tema. Instrumento ou melo: Fizeram barba a navalha Modo: Pan Nao consegui falar com calma Intensidade: TTalvez cheguemos as dez horas. Companhia: fcc ieee Jodo fol passear com Maria, Negaci ee te Nunca se falou tanto disso. Afirmacéo: —— De fato, tude ocorreu. como num sono. Concessio: aaeaacecceeel (ee ‘Apesar do tamanho, valia pouco. 14 Adjuntos adverbiais atipicos Ha certos adjuntos adverbials que, sob a forma de palavras invaridveis, encaixam-se em vvirios lugares da cadeia da oragao para mar- ‘car a intencao ou © ponto de vista do enuncia- ddor no interior do enunciado, Trata-se de pala- vyras ou expressdes que fogem da definicio prototipica do adjunto adverbial (alguns se re- ferem a substantivos), mas tém duas marcas dessa fungao sintética: uma liberdade de posi- ‘gio muito grande e, quando constituidos de ‘uma 36 palavra, sio sempre Invariévels, como 6 proprio dos advérbios. ‘Sdo vras as fungbes dessesadjuntos adverbias + Marcadores de progressio textual (ai, entio, pobteriormente etc) Exemplo: Comecou a chover pesado, e as janelas estavam abertas, Entio ew acordel, fechebas uma por uma e ful dormir. Af eu lembrei que o cio esta- val fora ‘+ Indicadores de pontos de vista do enunciador. Exemplo: Francamente, eu nio crelo numa palavra do que ela me disse ‘+ Termos que colocam em foco determinada pa- lavra da frase e so chamados, por isso mesmo, de focallzadores. Exemplos: ‘Até 08 melhores cantores foram vaiados durante o espeticulo. (Os melhores cantores foram até valados durante o espeticulo. (0s melhores cantores foram vaiados até durante o espeticulo. CLASSIFICACAO DOS VERBOS QUANTO A PREDICACAO Classiicar um verbo quanto a predicagio & ‘mesmo que classifici-lo pelos complementos que fexige. Apesar das ressalvas feltas & classiicagio proposta pela gramstica tradicional, convém co- ‘hecé-la para compreender explcagies em que se 18 Verbo transitivo # aquele que exige um complemento ‘gatoriamente precedido de preposicio, ireto obri- Exemplo: 16 Verbo transitivo iridireto B aquele que exige um complemento obrigato- rlamente precedido de preposicio. Exemplo: 17 Verbo transitivo direto e indireto Eo que exige simultaneamente um complemen- to nio precedido de preposiga0 (objeto direto) fe um complemento precedido de preposi¢ao (objeto inatreto} Exemplo: Entreguel__| 0 recado | ao secretirio. Graoctdias | deo | Indewo 18 Verbo intransitive E aquele que nio exige complement sob forma de objeto direto ou indireto. on 44s rea ag ae Trustive | saver 12 Verbo de ligaséio ‘Além do verbo intransitive € do transitive, hi uma terceira classe de verbos. Observe: sjeno Ta [No eixo A, ocorre um tipo de verbo que nio dé dela de agdo. Trata-se de um verbo sem conteddo definido, que serve como ponte entre um modif- cador do sujeito(eixo 8) e 0 sujeto. A essa classe de verbos chamamos de verbo de ligagao, Verbo de ligago é aquele que, sem ter conted- 4do proprio e sem indicar ago, esiabelece uma re- lagdo entre um modificadar e um sujeto. (0 verbo de ligacio possui irés marcas tpicas: ‘+ liga um modificador ao sujeto; + designa sempre um estado (nunca um: ‘+ Esindnimo aproximado de ser ou estar. ok Exemplos #0 ANALISE DOS PRONOMES OBLIQUOS A anilise dos pronomes obliquos apresenta cer- {as particularidades que merecem aten¢ao especial Ospronomes obiquos (0, aos) como comple- ‘mento verbal uncionam sempre como objeto dlreto. Exemplo: Convidei-o para a ceia de Natal (ooh aire) Ospronomes obiquosthe lhe) como complemen: to verbal, funcionam sempre como objeto indlieto. Exemplo: Bastotthe @ minha palavrs, Ine = abet fez) Os demais pronomes obliquos, tanto as formas ftonas. ~ me, t, se, nos, vos (nunca precedidos de Dreposigo) quanto as formas tOnices a mim at 45, a ee, ands, a vés Sempre precedios de prepo- sigdo) podem funcionar tanto como objeto direto {quanto como objeto indireto. Para analisé-los, po- de-se langar mio do seguintearificio: permuta-se 0 2 ‘pronome por um substantive masculino. Se © pro- rome é permutivel por um substantivo nao prece- dio obrigatoriamente de preposigo, deve ser ana- lisado como objeto dirto, Se & permutivel por um substantivo precedido de preposi¢ao obrigatsria, ‘dove ser analisado como abjeto indreto. Exomplos: fiasco el © presidente | demitiu- | me. ‘verbo | complemented verbo Permutando o pronome por um substantive: aS presidente | demitiu | o ministro. Complements do verbo ‘io precede de Prepon obigtia ‘No caso, 6 pronome me estéfuncionando como objeto direto, feeeemle | tel © presidente | escreveu- | me. Permutando 0 pronome por um substantivo pe O presidente | escreveu | a0 ministro. verbo complemento do ‘Serbo, peed de Deepentoebigateta [No caso, 0 pronome me estéfuncionando como objeto indireto. 21 Anélise do pronome relative CChama-se relative 0 pronome que retoma um nome de uma oracio antecedente eo projeta den- tro de uma oragio consequente, estabelecendo luma relagdo entre as duas oragbes, Para entender fesse mecanismo, observe o que vem a seguir: D Compre! uma casa. | A casa | foi inundads. 19 Comprei uma casa [que | fol inundads. [Na frase I, o pronome relativo que esté substi tuindo a palavra casa e relacionando duas oragdes entre si. O termo substituido pelo pronome relat vo recebe o nome de antecedente. senuek Comprei uma | casa amecedete | pronae wwe _| fol inundada. Para analisar 0 pronome relativo, pode-se usar o seguinte artifcio: permuta-se 0 pronome por seu antecedente. A fungio que cabe a0 termo permutado caberd ao pronome relative, Exemplo Eu compre | ojornal_| que | noticiou ofato tnacedenie | pronane Permutando-se o pronome reativo que pelo antecedente, temos: Qjornal | noticiou o ato Entdo, que esté funcionanda camo sujeita de noticou. 22 OBJETOS PLEONASTICOS xa entender esse caso, lembre-se de que pleonasmo consiste na repetilo de uma palavra fu de uma informagio ja contida na frase. Por razbes de esto, podem os objets repetir-se esse c280, so analisados como objetos pleondsti- Exemplos Eu | 0 | convidel | ale | ¢ a0s outros. O elemento do eixo A é objeto direto.O elemen- todo eixo B 6 objeto direto pleondstic, pois repe- te0 objeto direto a titulo de reforgo, de énfase Nao | me | cabe | a mim [0 direito de julgar © elemento do elxo A € objeto ndreto. 0 ele- ‘mento do eixo B & objeto indreto pleonsstico. 25 VOZES VERBAIS ‘Vor.6 uma categoria verbal que, nos verbos do- tados de sujelto e objeto direto, serve para indicar se 0 sujeito participa da aco verbal como agente (oz ativa) ou como paciente (vor passive) ‘Quando 0 sujeito & 0 agente, eo abjetodireto & © paciente, diz-se que a frase estén vor allva, xem sot derreteu aneve. ‘isto [verbo na ora | obo deo 23 ‘Quando se opera uma transformacdo em que o objeto direto da voz ativa se torna sujlto pacien- te de uma frase com sentido correspondente,diz- se que a frase originada esté na voz passiva Exemplo Aneve Sale | foi derretida verbo 8 or PARTS Jo sol. Note-se que, na passagem para a vor passiva, ‘correm algumas transforma so sujeto da voz auiva passa a ser o agente da yor passvay +o objeto direto da vor ativa passa a ser 0 suei- toda vor passiva; +o verbo sai da forma simples e se transforma numa locugio verbal constituida pelo verbo auxlliar ser (que mantém sempre © mesmo tempo eo mesmo modo do verbo da frase at- vva) mais © participio do verbo que estava nz vor ativa A vor passiva deve ser entendida como transformagio de uma frase ativa. Se um verbo festé na voz passiva, obviamente existe uma fra- se ativa correspondente, Mas 6 preciso notar que a correspondéncia en- ‘to vor ativae vor passva 6 semantica e no sin- titica. Em outros termos, uma frase passiva cor- responde a uma ativa apenas sob o ponto de vista ue, do ponto de vista sinttico, 2 ent. ona Exempios 1) Pissaros comem insetos. 1) Insetos sao comidos por passaros. "Note que, semanticamente (quanto ao sentido), Je sdo equivalentes. “Mas em frase ativa, ocorre: + sujelto agente: péssaros; + verbo transitive na vor ativa: comem; + objeto direto(pacientey insetos. ‘agente da vor passiva: pelos passaros. ‘Como 0 objeto direto da vor ativa se transfor- ‘ma em sujelto da passiva, obviamente nunca ocor- rerd objeto dieto em frases passivas. 4 Conjugaséio do verbo passive ‘vor passiva analtica 6formada peo verbo a- ilar ser mei verbo principal no parpo, Pode {amber corre a pessiva com osiliar estar Exempla: (Opargue 6 frequentado por inimeroscidadfos. ( fontrio est cerca por topas nimiges Para conjugar qualquer verbo na voz passiva, basta lembrar que, nas locugdes verbais, € verbo auniliar que se flexiona para marcar 0 tempo, 0 modo, a pessoa e o numero. O verbo principal, due vem em ultimo lugar, corre sempre no pati- cipio, regular (terminado em ~ado ou ~ido, fle xionado ou ndo) ou irregular ‘Assim, para obter a conjugagao passiva de qual- quer verbo, basta adtar suite procdimenta ‘conjuga'se o verbo auxiliar no tempo (modo, pessoa e niimero) desejado; + Coloca-se 0 verbo principal no participio, sem- pre concordando com 0 sujelto. ‘Veja-se, por exemplo, 0 verbo.convidar no pre- sente do indicative passivo: ina sorno presente ‘do indicative 24 ‘Se verbo principal tem participlo apengs irre- ‘gular, na vor passiva & ela que sera sada. £ 0 c3- $0, por exemplo, do verbo descobrir, que s6 tem 0 Participio irregular (descobert). ‘Vamos conjugar na voz passiva o verbo que ‘corre nesta frase: (Os homens descobririo novas solugées. © verbo descobrinio esti na 34 pessoa do plural do futuro do presente. Para transformé-o em passivo, devemos: * conjugar o verbo auxiliar (ser) no mesmo tempo e modo em que esté 0 verbo atv. ‘O niimero e a pessoa sero determinados ‘pelo sujelto paciente: ‘= olocar 0 verbo ativo (descobrinio) no participio. va, 0 objeto direto da ativa vira sujeito e esta ‘no feminino plural, 0 partcipfo do verbo prin- ‘ipal, por imposiedo da concordancia, deve Ir para o feminino plural. Eis o confronto entre a frase ativa (f) ea fra- ‘se passiva correspondente{l) 1) Os homens descobrirdo novas solugdes. I) Novas solugdes serao descobertas pelos ‘homens. A conjugacio completa do verbo descobrir no futuro do presente seria assim: \Verbo principal Quando 0 verbo tier partcpio dup, um reqular (terminado em -ado ou ~ido) e outro regular, serd usada, na voz passiva, sempre @ forma irregular, Suponhames, por exemplo, 0 verbo saivar no presente do subjuntivo da voz passiva, ‘Como se trata de um verbo com duplo parti io (salvado e salvo), usa-se o partleiplo regular (salvo) para conjugé-lo na vor passiva. a A vor ativa tem o mesmo sentido que a vor passiva, mas nlo o mesmo efeto de sentido. Ao confron- ‘Wslas, ndo se pode esquecer que o tetmo que aparece no topo da frase ganha 0 foco central 1D O cio persegue a lebre, I) A lebreé perseguida pelo cio Em I, 0 foco recal sobre 0 cdo; em Il sobre a lebre, #8 Voz passiva sintética x vox passiva analitica Ha dois tipos de voz passiva no portugues: + Vor passiva sintética formada por um verbo transitive direto ou transitivo direto ¢ indereto na ‘3 pessoa (singular ou plural) mals 0 pronome se (apassivador). Como este 6 obrigatérlo nessa vor ‘passa, ela também pade ser chamada de pronominal. Exemplo: Contaram-se | histérias estranhas. Basia since | sujeto(pecene) fseprononina + Vor passiva analitica ~formada pelo verbo auxillar (ser) mals 0 partcfpio de um verbo transitive dineta on transitive direte indirete Exemplo: Histériasestranhas | foram contadas. ‘net pacte) 1 pss nalten 48 Converse de vor passiva sintética em anclitiea Nio | se destrulu___| oprédio. (vor passva siméien) Nio [tot estruldo | oprédio. (Wor pasiva analtca) “Tusseoprommese pao | Paseo verbo] Em qlee ‘se aaron evar punta” | dor cont re ‘Driagdo ds mena Statterpu'o | Senet cnn fermen ete arse veto | pana | Soma suet. ‘pee ste cara 21 Converséo de vor ativa em passiva analitica Para converter um verbo da vor ativa para a voz passiva analitica, coloca-se o verbo ativa no par- ticiplo e conjuga-se 0 verbo auxiliar na mesma forma em que estava verbo ativo, fazendo a devida, cconcordincia com 0 sujeto, Exemplos 3 socidlogos recusaram os projetos. (02 ativa) 0s projetos foram recusados pelos socislogos: (vox passiva) 03 socidlogos recusardo os projtos. (voz ativa) Os projetos serio recusados pelos socidlagos. (vor passiva) 6 ‘Quando o verbo ativo vem precedido de um verbo aunilia, este ndo sofre transformagdo na passagem para a vor passiva(exceto a exigida pela concordancia). Exemplo: Os téenicos estfo procurando uma solu. (vor ativa) Uma solugao estd Sendo procurada pelos técnicos. (vor passiva) %8 Voz reflexiva ‘Vor reflexiva (ou média) ocorre quando o sujeito €0 agente e também o paciente, Exemplo: Pedro | fer se. iio [verbo warrabavay | oboe Esquomaticamente: sujeito = objeto << Fungées do pronome “se” INTRODUCAO © pronome se, dependendo do contexto em que est insrito, pode assumir fungdes diferentes, co 'mo ocorre com tantas outras palavras. No entanto, por causa das implicacbes desse dado para a com- preensio da estrutura e do sentido de certos enunciados, ele merece consideragao & parte. ‘Neste Capitulo, interessam-nos tr fungaes do pronome se ‘+ particula apassivador + Indice de indeterminacao do sujeito: + pronome refiexivo (objeto direito ou objeto indireto) 1 PARTICULA APASSIVADORA © pronome se pode ser usado para transpor um verbo da vor ativa para a voz passiva, mas esse papel rio & mais percebido intuitivamente pelos falantes do portugues contemporineo. "Hd certas frases, porém, em que se pereebe com nitidez 6 pronome se como particula spassivadora F 0 caso do exemplo que vem a segule: Esta clase se formou de bons alunos. ‘Mesmo um falante do portugues contemporaneo nao tera diiculdade em perceber que essa frase tem o mesmo sentido e a mesma estrutura que esta outra Esta classe fo formada por bons alunos. Essa perceppio € verdadetra,jé qu: + cur ainbas ws trases confruntads, 0 sulelto 6 esta classe, Prova aso € que o verbo est& concordan- {do.com esse termo: esta classe se formou / estas classes se formaram, esta classe fo formade / estas classes foram formadss. + em ambas, 0 sujeito 6 0 pacionte afetado pela aco verbal; em ambas 0 agente & a expressio de (por) bons alunos. + ambas admitem a seguinte transformagio: Bons alunos formaram esta classe. ‘Nessa transformagdo,o agente transformou-se em sult, e o sult transformou-se em abjetodireto (Ora, essa éa propria transformagéo da voz passiva para a voz ativa, sinal de que amabas as frases ini cialmente confrontadas estio na voz passiva, com uma diferenca: "mum caso, a voz passiva é formads pelo pronome se apassivador mais a terceira pessoa do verbo (Esta classe se formou de bons alunos). Trata-se da vor passiva sintética ou pronominal ~ no outro, a voz passva 6 formada pelo verbo ser mais 0 participio terminagao -ado, 00 -ido) do verbo principal. Trata-se da vor passiva analitica, Esquematicamente, temos: Esta classe | se formou | de bons alunos. (vox passiva sintética) Esta classe | fol formada | por bons alunos. (vox passiva analtica) leo ‘verbo pasvo | agente da vor passive a | Cs ‘Transformadas na vor ativa, as duas frases ‘equivalem ST PINS ‘Bons alunos | formaram | esta classe, ‘alto agene | verbo avo. T objets deta No portugues cléssico, @ voz passiva sintética coexistla com a vor passiva analitca quaseindife- Fentemente. Em Camdes, encontram-se frases €O- mo estas, que vém parafraseadas para facltar & compreensio Eta terra se habita dessa gente sem le (= Esta torra 6 habitada por essa gente sem le. Este mar se navega de crus mariheiros (= Este mar & navegado por crus marinhelros. Em Vieira encontramos: ‘Avietude ama-se dos bs, (CA virnude amada pelos bond. No portugués contemporineo, porém, quando se usa a vor passva sinttica, qeralmente se om|- {eo agente da vor passiva e inverte-se a posigao do sujeito, que vem posposto ao verbo. Por exemplo: Esta terra | se habita | dessa gente sem le ‘Apagando 0 agente einvertendo a posicio do sujeto, temos: Habita-se esta terra (Worpacave sti | (pepost) Essa transformacdo, com a inversio da posigdo {do sujeito,afetou a intuigao dos falantes do por- ‘ugués contempordneo, induzindo-os a pressupor «que, em frases desse tip, o sujelto sejaindetermi- nado, 0 se, indice de indeterminacdo do sujeto, © esta ferra, 0 objeto direto. Tanto é verdade que, na fala popular, nao se faz mals a concordéncia do verbo com 0 suelto ‘Sto comuns frases como estas: “Aluga-se quartos” “Vende-se apartamentos”. “Conserta-serelégios” A lingua culta, porém, sobretudo na’ sua ex: pressio escrita, ainda conserva a no¢do da estru {ura original e faz a concordancia do verbo com s0u sujeto. Em visia disso, temos em frases des- se tipo duas variantes: uma, popular; outra, culta (Gobretudo escrta 2B Exemplos: ‘Como o reconhecimento do pronome se como particula apassivadora néo & mais, na maioria dos fasos, uma percepgao Intuitiva, convém levar em Conta os sequintes dados:o se apassivador ocorre exclusivamente em frases em que se dao simul- taneamente as sequintes condigdes: ‘verbo na 3# pessoa (singular ou plurals ‘+ um nome nao precedido de preposicio. Presentes essas condigdes e, sendo possivel passar a mesma frase para a voz passiva analitica (verbo ser + participio), temos, entdo, a seguinte analise: +0 se & particula apassivador + nome é 0 sujeito paciente: + a frase estd na vor passiva (sintética ou pro- ‘ominal). Nesse caso, o verbo estard sempre em concor- fncia com 0 sult, Exemple: io se apanham moscas com vinagre. [Nessa frase hi ‘um verbo na tercelra pessoa (apanham); + 9 pronome se; + umnome nao precedido de preposicio (moscas ‘A mesma frase pode ser parafraseada assim: ‘Moscas nio sio apanhadas com vinagre. Entio: 0 se é paricula apassivadore, moscas 6 0 sujeltopaciente, ea frase esta na vor passva sin- ‘ética ou pronominal 2 INDICE DE INDETERMINACAO DO SUJEITO: Observe o trecho que segue: Um famoso jogador do Santos Futebol Clube disse que, naquele momento, recusaria qualquer ‘proposta para Ir Jogar na Europa, alegando que ‘ho se sal de um clube no meio do campeonato, Note que o sujeito dos verbos recusaria ir jo- ‘gare slegando é determinado: nos trés casos, esté eliptico (ou apagado); nos trés casos, poderia vir ‘explicitado por ele (o famoso jogador do Santos Futebol Clube). (0 mesmo ni se dé com o sujeito de sai, que no pode ser explicitado pelo mesmo pronome (ele) dos casos anteriores. Se, entretanto,retra mos o se de junto do verbo, o sujelto passa a ser determinadoeliptico (ele) como os outros. Como se nota, o pronome se nesse trecho cumn- pre a fungio de indicar que o suleito do verbo 20 qual se liga esté indeterminado: no pode ser preenchide por nenhuma palavra do contexto. Por Isso, em cas0s como esses, o pronome se é anali- ‘sado como indice de indeterminagao do sujelto ‘Analisando as frases apenas sob 0 ponto de vista do significado, o pronome se apassivador © 0 Indice de indeterminagao do sujito produzem 0 ‘mesmo ofeito: indeterminam a agente responsével pela ago verbal. Mas, do ponto de vista da estru- tua sintitlca, as frases sao diferentes, ‘Quando o se funciona como indice de indeter- rminacdo do sujeto, nlo ocorrem na frase as tes condigées que se do quando se trata de partcula apassivadora, e no & possivel converter a frase para a voz passiva com 0 verbo ser. Exemplo: Duvidouse dos dads apresentados. Nessa frase hé um verbo na terceira pessoa, hi ‘© pronome se, mas néo i um nome sem prepo- sigfo. Além disso, nao é possivel converter a fra se para a voz passiva analtica. O sujeito do verbo ho pode vir explicitado pelo pronome ele. Enter + ose é indice de indeterminagao do sujelto; + 0 sulelto ¢ indeterminado: + alfrase esté na vor atva Note-se ainda que, quando o se funciona como Indice de indeterminagdo do sujelto, 0 verbo a que se liga fca sempre na terceira pessoa do singular. 5 PRONOME SE REFLEXIVO (OBJETO DIRETO OU INDIRETO) Observe a frase que segue: Crianga fere-se gravemente com 0 revélver do pal Nesse caso, 0 pronome se é um anaférico, ito retoma outra palavra que jé apareceu anterior~ ‘mente no enunciado (crianga) Griangafere-se tem 0 mesmo sentido que: (Criangafere a ela mesma. (Ceianga fere a Si propria 23 [Note que o se, na ase inicial, esta retomando ‘sujet, projetando-o como objeto do mesmo verbo. E por isso que se classifica como pronome reflexl- 0, numa alusio ao fato de que a ago verbal afeta um objeto que &igual ao sueto, como sea ago par- tisse do sujet evoltase sabre ele mesma (eet. © pronome se reflexivo ndo se confunde com a Particula apassivadora porque esta nunca € um anaférico, e aquele, sempre 6, Ngo se confunde também com o indice de indeterminacio do sujet {0 porque o pronome reflexivo supde sempre um sujeltodeterminado, (0 pronome se reflexive pode funclonar come: + Objeto direto (quando vem no lugar de um ‘omplemento no precedido de preposigdo obrigatéria} (© menino se oihava no espelho. Note que 0 complemento do verbo olhar no cexige preposigdo, © que se percebe por frases do tio: © menino othava 0 amigo. © menino olhava 0 movimento (© menino olhava 0 reldglo, + Objeto Inaireto (quando vem no lugar de tum complemento precedide de preposicéo obrigatéria): Sem desinimo com a reprovagio, 0 aluno resol veu dar-se uma nova chance, [No caso, 0 se estd ocupando o lugar de um ob- jeto obrigatoriamente precedido de preposi- ‘0,0 que se nota por permutacses do tipo: aluno resolve dar ao colega uma nova chance. ( aluno resoiveu darao amigo uma nova chance. Quando 0 pronome se é um anaférico que re- ‘mete a um sujelto composto ou plural, costuma ser classiicado como reflexive reciproco se indicar (que, a0 praticar a agio verbal, um componente do Sujeto feta 0 outro e, a0 mesina tempo, ¢ afetado por ele. Exemplo: Com & troca de socos, os dois boxeadores feriram-se. No caso, o se indica que um boxeador Feriu 0 ‘outro fol feride por ele, Hi sltuagdes em quea frase fca ambigua, admi- tindo para o se duzs versdes: pronome reflexiva ot reflexivo reciproco. £ 6 caso de uma expresso co- les se ferram. Assim, fora de contexto,ndo é possivel saber se nessa frase 0 se é indicador de que ambos se fe- riram sozinhos(reflexivo) ou se um feriu a0 outro (refiexivo recipraco). sta em contexto, a frase perde a ambiguida- de, fieando clara ume das duas versoes possives. Exomplos: Caminhando entre espinhos, eles se feria. esse caso, 0 $e ¢ reflexivo, pois indica que os componentes do Sujeto sofreram ferimentos in- ‘dependentomente,e ndo que um feriu ao outro. ‘Num choque violento durante a partida de fute- bol les se feriram. © se, no caso, 6 reflexive reciprocee indica que um feri 20 outro. também situagBes em que o pronome se po- ‘de funcionar como apassivador ou como reflexivo, fassociado a um mesmo verbo. Nesses casos, a po- Sido do sujeito & que desfaz a dvds, Observe as duas frases que sequer: 1) Sempre se critica o professor. I) O professor sempre se critica, smmamaowoee ————SSSS~« Em |, com 0 sujeito (0 professor) posposto 20 ‘verbo, interpreta-se se como particula apassi dora, A frase equivale& seguinte pardfrase: professor sempre é criticado. Em Il, com osujito (0 professor) anteposto in- terpreta-se 0 se como reflexivo. A frase pode ser assim parafraseads: 0 professor sempre critica a si mesmo. [Nos casos em que o sujlto 6 um ser inanimado, ‘aincompatibiidade semantca dissolve « ambi ‘dade mesmo que o sujelto venta antes do verbo. Exemplo: ‘A drvore se conhece pelos frutos. Por incompatbilidade seméntica (a érvore nfo pode “conhecer” a si propria), nio se interpreta 0 Se como reflexivo, mas como particula apassiva- dora, isto &, a drvore é conhecida pelos frutos. Capitulo Termos associados ao nome INTRODUCAO Como ja vimos, se um termo esta associado a ‘um nome, pode desempenhar uma das quatro fun- (bes sintticas: + adjunto adnominal: + predicativo, + complemento nominal; + sposto. 1 ADJUNTO ADNOMINAL E PREDICATIVO Como ha caracterstcas comuns entre o adjun- to adnominal eo predicatwvo, vamos confronts-los antes de defin-los. Observe as sequintes frases: oN 0 O| professor | bébado | dew aula hoi. “7h ,/ — 1 O | professor | dels aula hoje | bebado, [Em ambas as frases, a palavra bébado esti + assoclada a um nome (professor), + qualificando-o. Hi, contudo, uma diferenga: Na frase La palavra bébado qualifica 0 nome sem verbo intermediario; na frase IL ela qualifica ‘nome por meio de um verbo, Em I, bébado classifica-se como adjunto ‘adnominal; em Il, como predicativo, Definindo cada um desses termos, podemos dizer qui Sem maace ano 3 Observacses 4) Tanto 6 adjunto adnominal quanta o predicativo podem vir precedidos de preposigo Exemplos: aan fs invers | sto as As | notes oe eee eae ee eee 4s | notes | sio_| de inverno, tome | wrt | preiativ ) Na frase s ventos sopravam furiosos,o terme furiosos std funcionando como predicativo do sujlto e rio como adjunto adverbial de modo, como pode parecer & primeira vista, Na verdade, 0 termo furiosos esta caracterizando 0 sujeito (wentos) endo 0 verbo (sopravam), 0 que se po- de notar pelo proprio mecanismo de concor- ‘incia: se furiososestivesse associado a sopra- ‘vam, funcionaria como advérbio eficaria inva vel. Confront: Misra] aes renal (Qs ventos | sopravam |, furiosos, rraesive [Nesse caso, furiosos esta indicando um estado do sujeito(ventos) a0 realizar a acio de soprar. fecoeal | Ceceeeeed Os ventas | sopravam | furiosamente. ant adverbial [esse caso, furiosamente est indicando 0 modo como se dave a ago de soprar. 2 Predicativo do sujeito e predicative do objeto O prediatvo pode referir-e tanto a sueto da oragSo quanto a objeto, podendo, portant, se as i asa Pa vo do aelto ou predcaivo do objeto. ambos os casos, porém, vale tudo acre reo predicave€ um trmo que caracterizao nome por melo do verbo. Exemplos i: s alunos iano [Note-se que furioso & uma qualidade que passou a exstr no objeto s6apés a realizacao da agdo verbal eaael 7 0s_homens | chegaram | cansados. sale ‘icin dae Cansados é um estado do sujelto spenas no momento em que se deu a ago verbal © adjunto adnominal, por sua vee, pode-se referir 20 ndleo ae varias Tungoes sinless. Exemplos: a eseodnes Ce [oo | Noa | Saat | dram | St__| bow | fagueane sae Fees a | Seao| na | | Semin | Seen | hon oo Fat oto 7. io. foe_—_| Sea | foram | Roxsot_| Setersore a ote [ mane ie oe od Herommaioceaano 32 ae Assim, nfo se deve confundit, por exemplo, 0 adjunto adnominal que modifica 0 objeto com 0 ‘htoe Eu ‘enc com a ‘pedagb do verbo. pala nem Para distingulr0 predicativo do objeto de um adjunto adnominal, pode-se langar mo do sequinte ar Lffio: passar a frase para a vor passiva, Na frase transformada, o que era adjunto adnominal continu ‘como adjunto, ao passo que o predicativa do objeto se torna predicativ do sujeit, ;Passando a frase para a voz passiva,temos: 3 COMPLEMENTO NOMINAL Observe a frase: _ _ O termo do eixo B estd associado'a0 nome A, que indica uma aco transitva, isto €, uma ago que se projeta sobre um alo. B esta associado a A por melo de preposigo (de). 0 termo do eixo B est indicando 0 alvo au1o ponto sobre o qual reciu a agdo do nome (destruigdo). Chamamos B de complemento nominal Sevan mne.e BeBe ack © complemento nominal esté para o nome as- sim como o complemento verbal esti para o verbo. Exemplos Observagdes 8) Quando 0 adjunto adnominal vem precedido de preposicio, quanto a forma ele se torna igual fo complemento nominal, Nesse caso, temos de distingu-to pelo valor. Exemplos © elemento do cixo B + esté associado a um nome (resposta) + vem precedido de preposicao (a) + estd Indicando 0 alvo para o qual se dirige a ‘ado do nome. (eee | epee A | resposta | do aluno. Assim: +o complemento nominal sempre funciona co- ‘mo 0 alvo, 0 destino da aco nominal + o.adjunto adnominal nunca funciona como al- vo ow endereco da agio de um nome. Ele sim- plesmente caracteriza 9 nome a que se associa Slo varias as caracterizagdes que 0 adjunto ‘adnominal projeta sobre o nome: + qualidade / estado: i Cece ci + matéri: eee a, O fazendelro morava numa casa de madeira + lugar: ~~ 0s coqueiros da praia so menores. + tempo: ~~ ——— Ohomem do século XX é irrequleto, + posse: a + A bnen Wa Pediat A vonda + agente: paca —~_—>_, ‘A invasie dos bérbaros sacudiu o império. ’) Quando o complemento nominal vem associado ‘8 adjetivos ou advérblos, nao pode haver con- usio com o adjunto adnominal pois este nunca vem assoctado aquelas duas classes, Exemplos: Ss wees | Spr | far otrbato {i correta. none a © elemento do eixo A: ‘+ estd associado a um nome (resposta); + Vem precedido de preposigao (de + esti indicando.o efetuador da aco do nome e o alvo. transitive direto; transtivo indireto; + eransitivo diretoe indiret, Resumindo [No predicado verbal. o verbo 6 sempre intran- sitivo ou transitive e nfo ocorre predicativo, Exemplos: ‘preicad verbal smarchvan ices ao prediato

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