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Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas Ferramentas de corte As ferramentas de corte séio empregadas para cortar materiais metélicos e no metalicos por desprendimento de cavaco. Sao constituidas de materiais com elevada dureza, o que Ihes permite cortar materiais de dureza inferior, Existem dois fatores de influéncia nas ferramentas de corte: a dureza dos materiais de que so feitas e 0 2ngulo da geometria de corte da ferramenta. Materiais das ferramentas Normalmente os materiais das ferramentas de corte so aco carbono, ago rapido, ‘metal duro e cerdmica Ago carbono © ago carbono utiizado para ferrementas de corte tem teores de carbono que variam entre 0,7 @ 1,5%; é utllzado em ferramentas para usinagem manual ou em maquinas-ferramenta como, por exemplo, limas, talhadeiras, raspadores e serras. AS ferramentas de ago carbono sao utlizades para pequenas quantidades de pecas e néo se prestam a altas producSes; s4o pouco resistentes a temperaturas de corte superiores a 250° C, dai a desvantagem de usar baixas velocidades de corte. Tecnoogia Aplicada 15 Tecnologia dos Materia, Maquinas ¢ Fetramentas Aco rapido AAs ferramentas de ago rapido possuem, além do carbono, varios elementos de liga, tais como tungsténio (W), cobalto (Co), cromo (Cr), vanadio (Va), molibdénio (Mo) @ boro (B), que so responsaveis pelas propriedades de resisténcia ao desgaste € aumentam a resistencia de corte a quente até 850°C, possibiltando maior velocidade de corte em relagao as ferramentas de ago carbono. Outta vantagem das ferramentas de ago rapido € que sao reafidveis, além de que uum grande niimaro de arastas de enrta pada sar pradirvide niuma mesma ferramenta. As ferramentas de ago rapido so comercializadas em forma de bastées de perfis quadrados, redondos ou laminas, conhecidos como bites. Metal duro Metal duro ou carbeto metélico, conhecido popularmente como carboneto metélico, compde as ferramentas de corte mais utilizadas na usinagem dos materiais, na mecénica ‘© metal duro difere totalmente doo materiais fundides, como 0 ago; aprescnta-oc em forma de p6 metalico de tungsténio (W) tantalo (Ta), cobalto (Co) e titénio (Ti), misturados € compactados na forma desejada, recebendo o nome de briquete. Lltimo estagio de fabricagdo do metal duro é a sinterizagdo, em que os briquetes se tomam uma pega acabada de metal duro em forma de pastiina, sob uma temperatura entre 1 300 e 1 600°C. Todo esse processo garante ao metal duro grande resisténcia ao desgaste, com as vantagens de alta resisténcia ao corte a quente, pois até uma temperatura de 800°C. @ dureza mantém-se inalterada: possibilidade de velocidades de corte de 50 a 200mimin, até vinte vezes superior a velocidade do aco rapido. “Tecnologia Aplicada: 16 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas Devido alta dureza, os carbetos possuem pouca tenacidade e necessitam de suportes robustos para evitar vibragdes. As pastithas de metal duro podem ser fixadas por soldagem, sendo afiaveis, ou mecanicamente, por meio de suportes especiais que permitem intercdmbio entre elas neste caso nao so reafiéveis; so apresentadas em diversas formas e classes, adequadas a cada operagao; a escolha das pastihas ¢ feita por ‘meio de consulta a tabelas especificas dos catélogos de fabricantes, Ceramica As ferramentas de cerémica séo pastilhas sinterizadas, com uma quantidade aproximada de 98 a 100% de éxido de aluminio; possuem dureza superior 4 do metal duro e admitem velocidade de corte cinco a dez vezes maior. Sao utilizadas nas operagoes de acabamento de materials tals como ferro Tundido e ligas de ago; sua aresta de corte resiste a0 desgaste sob temperatura de 1 200'C. Angulos da ferramenta de corte (© fenémeno de corte € realizado pelo ataque da cunha da ferramenta; 0 rendimento desse ataque depende dos valores dos angulos da cunha, pois ¢ esta que rompe as forgas de coesdo do material da pega. Os angulos e superficies na geometria de corte das ferramentas so elementos fundamentals para o rendimento ¢ a durabilidade delas. Tecnoogia Aplicada 7 Tecnologia dos Materia, Maquinas ¢ Fetramentas ‘A denominagao das superficies da ferramenta, dos angulos e das arestas é normalizada pela norma brasileira NBR 6163/90 supericies, arostas e ponta de corte de uma ferramenta de barra Vind nant do womtie ‘oer ae toe prtial tone praca Soe Para a compreensdo dos angulos das ferramentas, é necessario estabelecer um sistema de referencia que taciita consultas mais rapidas a catalogos tecnicos. Esse sistema de referéncia é constituido por trés planos ortogonais perpendiculares entre si, e que so: quer dizer, ‘+ plano de referéncia - PR - & 0 plano que contém o eixo de rotagao da pega e passa pelo ponto de referéncia sobre a aresta principal de corte: ¢ um plano perpendicular & diregdo efetiva de corte dirogao de corte plano de referéncia 3 ponto de roferéncia - plano de base “Tecnologia Aplicada: 18 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas * plano de corte - PC - é 0 plano que passa pela aresta de corte e & perpendicular ao plano de referéncia, tie * plano de meaiaa - PM - é 0 pleno perpenaicular ao plano de corte e ao plano de referéncia; passa pelo ponto de referéncia sobre a aresta principal de corte. Os angulos da ferramenta de corte séo clasificados em: de folga o (alfa), de cunha B (beta), de saida y (gama), de ponta e (epsilon), de posi¢éo x (chi) e de inclinagdo de aresta cortante 2. (lambda) Tecnoogia Aplicada 19 Tecnologia dos Matoriis, Maquias ¢ Ferramontas Angulo de folga o. E 0 Angulo formado entre a superficie de folga e 0 plano de corte medido no plano de medida da cunha cortante; influencia na diminuig&o do atrito entre a pega e a superficie principal de folga. Para tornear materials duros, 0 Angulo a deve ser pequeno; para materials moles, o. deve ser maior. Geralmente, nas ferramentas de ago rapido o esta entre 6 € 12° e em ferramentas de metal duro, « esta entre 2€ 8° Bite de corte J aie pon se! fray Siperte de ton Angulo de cunha B Formado pelas superticies de folga e de saida; ¢ medido no plano de medida da cunha cortante, Para tornear materials moles i = 40 a 50°; materiais tenazes, como aco, P- 55a 75", materiais duros e tragets, como fer fundide e bronze, P75 a 85 ago do piano de” rane 8 — saga da canna 4H plane da mesise “Tecnologia Aplicada: 20 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas Angulo de saida Formado pela superficie de saida da ferramenta e pelo plano de referéncia ‘medio no plano de medida; é determinado em fungéo do material, uma vez que tem influéncia sobre a formag&o do cavaco e sobre a forca de corte. Para tornear materiais, moles, y = 15 a 40° ; materiais tenazes, y = 14° ; materiais duros, y = 0a 8 Geraimente, nas ferramentas de ago rapido, y esté entre 8 e 18° ; nas ferramentas de metal duro, entre -2¢ 0" trago do plano de corte trago da superficie Y Lo de saida trago do plano de’ referéncia trago da # plano de medida superficie de folga ‘Asoma dos Angulos a, f e y, medidos no plano de medida, é igual a 90° a+ psy=90" trago do | plano de corte + trago do plano de referéncia # plano de medida Tecnoogia Aplicada 24 Tecnologia dos Materia, Maquinas ¢ Fetramentas Angulo da ponta ¢ E formado pela projecao das arestas lateral e principal de corte sobre o plano de referéncia e medido no plano de referéncia; € determinado conforme 0 avango. O campo de variagdo situa-se entre 55 € 120° e 0 valor usual € 90". A [siregio do avango _4trage do plano de corte _ reste lateral de core suporfclo do sada areata pinlpal | — > 74 sngula ge posicso someone — 7 tease Angulo a xX KL _— two 40 pane o aul de 5a — taj go tno ce So cia 7 Wee / “angle de ponta # plano de referancia catia Angulo de posicso principal x Formado pela projego da aresta principal de corte sobre o plano de referéncia & pela diregao do avango medido no plano de referencia, Direcona a salda do cavaco & influencia na forga de corte. A fungao do ngulo & controlar 0 choque de entrada da ferramenta. O campo de variago deste Angulo esta entre 30 € 90" ; 0 valor usual é 75° ene or deat scx pcpat sented ids aoe eg to, 7 {can derteie “Tecnologia Aplicada: 22 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas Angulo z, - 6 0 angulo formado entre a projecao da aresta lateral de corte sobre © plano de referéncia e a diregdo de avango medido no plano de referéncia; sua Principal fung&io @ controlar 0 acabamento; no entanto, deve-se lembrar que o acabamento superficial também depende do raio da ferramenta. Wiregio da avengo 4 tvagodo plano de conte superneie sade. FA angle de posicso ~ cesta principal — traco do plano de ecida {erramenta de barra # plano de referéncia ‘Asoma dos angulos x , ¢ € zs, meddos no plano de referéncia, é igual a 180" # plano de referencia Tecnoogia Aplicada 23 Tecnologia dos Materia, Maquinas ¢ Fetramentas Angulo de inclinacao da aresta cortante 2, E 0 Angulo formado entre a aresta principal de corte e sua projecdo sobre o plano de referéncia medido no plano de corte. Tem por finalidade controlar a diregao do escoamento do cavaco e 0 consumo de poténcia, além de proteger a ponta da ferramenta e aumentar seu tempo de vida uti: o Angulo de inclinagao pode variar de - 40a + 10°; emgeral, A= Angulo 2 negativo - 6 usado nos trabalhos de desbaste e em cortes interrompidos de pegas quadradas, com rasgos ou com ressaltos, em materials duros, quando a ponta da ferramenta for a parte mais baixa em relagao @ aresta de corte. Nesta situago, o cavaco se apresenta sob forma helicoidal a continua angulo de inclinacso trago do plano de agate rotons \ | = NE i. ™S aresta principal de corte # plano de corte “Tecnologia Aplicada: 24 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas Angulo 4 positivo - diz-se que 2 positivo quando a ponta da ferramenta em relacéo & aresta de corte for a parte mais alta; é usado na usinagem de materiais macios, de baixa dureza. Nesta situagdo, 0 cavaco se apresenta sob forma helicoidal continua Angulo go indneess tag do plano de poste, “ren ey { aresta principal ‘decor 1 plane de corte Angulo 2 neutro - diz-se que 4 € neutro quando a ponta da ferramenta esté na mesma altura da aresta de corte; € usado na usinagem de materiais duros e exige menor poténcia do que 2. positive ou negativo. © cavaco se apresenta espiralado & continuo, situagao em que um grande volume pode ocasionar acidentes. aresta principal decorte # plany de cote Angulos em fungto do material Experimentalmente, determinaram-se os valores dos angulos para cada tipo de material das pegas; os valores de angulo para os materiais mals comuns encontram-se na tabela Tecnoogia Aplicada 25 Tecnologia dos Materia, Maquinas ¢ Fetramentas Angulos recomendados em fungalo do material Material Anguios o B xv Ago 1020 até 450N/mm* 8 56 7 ‘Ago 1045 420 a 700Nimm? 8 62 20 Ago 1060 acima de 700N/mm? 8 68 14 Ago ferramenta 0,9%C_ 72a78 14018 Ago Inox 62468 14ate Fore brine até 220110 o | roace | one FoFo maledvelperitico brinell de 160HB a 240H8 8 2 10 Cobre, ati, bronze (macio) 8 55 a Latio bronze (quebradigo) s | roas2 | ons Bronze para bucha 8 8 7 Aluminio toarz | soass | asace Durstuinio soto | asa4s | sraas Duroplastico Celeron, baquelite 10 | soa] 5 Ebonite 15 8 ° ‘Termopiastico pve 10 8 5 perio 10 | soaso| 0 Tefton 8 2 ° Nyon 2 8 3 “Tecnologia Aplicada: 26 Tecnologia dos Materas, Miquinas ¢ Frramentas ‘Além dos Angulo, também as portas de corte so arredondadas em fungao do acabamento superficial da pega; o raio & medido no plano de referéncia da ferramenta. ‘Alguns valores, em fungao do material de ferramenta, so: ago rapido: ee 4xs; our.2 2; 4 F_ => raio da ponta da ferramenta metal duro: s < 4,0mmir => 1mm s = avango P = profundidade s21,0mmir => r,=s mmr => unidade de avanco Solano dereteéncie \ A posi¢éo da aresta principal de corte indica a dire¢do do avango; segundo a norma ISO 1832/86, a ferramenta pode ser direita, representada pela letra R (do inglés “right'), esquerda, representada pela letra L (do inglés “left’), ou neutra, representada pela letra N. itog do avang0 fecromentaesquerd IL) feramentaseureN}_ferament dete} Tecnoogia Aplicada ar

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