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Benefi cios da melhoria do controle de temperatura de reatores industriais de polimerizagao Fernanda Raquel Brand, Rodrigo Pereira Gosmann, Pedro Rafael Bolognese Fernandes TriSolutions Solugdes em Engenharia Resumo Neste trabalh, sau descrntay as etapay envolvidas te 1H Ihoria do sistema de controle de temperatura de reatores in- dustiais de polimerizayo de propeno do processo Spheripol tanto em fase liquida quanto em fase gasosa. Inicialmente, ‘partir de informagdes de processo e da andlise de dados, te planta, foi possivel obter-se um diagndstico do comporta- mento do sistema, identificando-se os objetivos do controle de temperatura de reator e as possiveis diregbes de melhorias. Uma vez determinadas tais linhas de atuagao, selecionou-se tum conjunto de medidas simples que poderiam coneretizar os beneficis previstos, sem, no entanto, implicar em mudangas radicals da filosofia de operagaio ¢ em custos adicionais. Ao final do artigo, sio apresentados alguns dos resultados, in clusive financeiros, conseguidos com melhorias propostas & implementadas. 1 Introdugao 0 controle de temperatura de um reatur de polimertza do Gum elemento critico na operagao de uma planta petro quimica, uma vez que esti atrelado as questbes de especiti- agto dos produtos, de manutengdo da taxa de produco da planta e de seguranca. Em termos de produtos, € bastante comum atualmente que unidades de polimerizagio apresen- ‘em um niimero clevado de grades em seu mix de producti, com transigSes praticamente dirias entre eles, os quais obe- docem a uma receita pré-determinada em termos de tempe ratura de operagao. ‘Além disso, uma vez que maiores taxas de produgio ovor- em em temperaturas mais elevadas, & de interesse econdmico {que se opere mais proximo do limite superior de temperatura ‘stabelecida, e que, por outro lado, se possa operar préximo dds restrigdes de carga térmica de resfriamento, o que implica em maior carga processada. Tendo essas diretrizes em vista, o prevente trabalho tem como objetivo ilustrar as etapas envolvidas para a melhoria Tiago da Silva Osorio, Gustav Alberto Neumann, Artur Toledo Martins Oliveira Braskem go controle de wmperatura de reatores de polimerizayae do processo Spheripo! e os beneficios resultantes das mesmas. ‘Na segio 2 do artigo, sao apresentadas a descrigo simpli ficada do processo ¢ as descrigdes das estruturas de controle de temperatura dos reatores de polimerizagio abordados nes- te trabalho, A segdo 3 apresenta as etapas envolvidas na ané- lise do problema e o diagndstico encontrado, enquanto que 1 segdo 4 apresenta as solugdes propostas. Na sogdo 5, so evantados alguns dos beneficios alcangados que puderam ser {quantificados apés as methorias serem implementadas. 2 Descricao do proceso 0 processo Spheripo! é atualmente un dos mais utilizados ‘na produgio industrial de polipropileno e seus copolimeros, envolvendo polimerizagao do tipo em massa em meio liquide ‘© copolimerizagao em leito fluidizado, O processo € compos- to por dois reatores tipo doop em série © um reator tipo fase zuas também em série, como pode ser visto na Figura 1 entre as vantagens do proceso Spheripol frente aos de- ais processos & possivel citar, de acordo com informagdes da detentora da tecnologia (Basell, 2003): - a possibilidade de operagdo vom altas concentragdes de mo- németo, jé que esse se encontra em fase liquida, gerando altas taxas de polimerizag2o: a tecnologia Spheripol apresenta caracteristicas que redu- zem tanto 0 consumo de matérias primas quanto as emis- ses provenientes do processo. Isso se deve principalmente ao alto rendimento do sistema reacional, 4 auséncia da eta- pa de recuperag%o de solvente, a recuperagdo ¢ posterior reciclo dos mondmeros nio reagidos © a inexisténcia de produtos indesejados provenientes da reaga0; 4 operagio em condigdes brandas de temperatura ¢ pressio; ‘a clevada taxa de transferéncia de calor provocada pela alta velocidade da mistura reacional ¢ pela boa relago volume’ rea do reator; a possibilidade de operayao com altas concentragdes de po- limero, podiendo chegar até a 60% em massa. amare igus 1. Diagrama simpilicado do processo Spheripo! © processo de polimerizagao inicia-se com a mistura dos ‘componentes do sistema catalitico em um vaso de pré-con- lato © uma subseqdente pré-polimerizagdo para ativagao do mesmo. Ambas as operagdes so necessirias para a obtengao de um melhor desempenho do catalisador em termos de ren- dimento, indice de taticidade durante a polimerizagao para a obiengio de uma adequada morfologia do polimero, "Naeetapa seguinte, a descarga do vaso de pré-polimerizagio & ‘executada por diferenga de pressio para o primeiro reator de po- limerizaao (loop). Do primeito reator /oop, 0 polimero suspen- 80 €m propeno liquido (mondmero) & continuamente transferido ao segundo reator Joop, Uma mistura de propeno fresco ¢ pro- peno reciclado proveniente do vaso de estocagem ¢ dividida em dois fluxos controlados separactamente,alimentando o primeiro 0 segundo reatores Joop. Fm cada fluxo de propeno é introdu- zido hidrogénio na proporyio necesséria para obter o indice de fluicez desejado, Também ¢ realizada a alimentagao de eteno ¢ buteno (quando pata produgdo de copolimero randémico) As particulas de polimero sto descarregadas do segundo, reator suspensas em propeno liguido, além de propano e hie drogénio, sendo entao conduzidas para um ciclone por meio de uma linha aquecida, onde ocorre a vaporizaglo (flash) dos ‘mondmeros mio reagidos por aquecimento © subseqtiente queda de presstio, Nesse ciclone, o propeno vapor ¢ separado para ser recuperado € a fase mais densa (polimero e propeno nao evaporado) pode ser conduzida para o sistema de desati- vvagao e secagem em caso de campanhas de homopolimero ou ccopolimero randémico, ou para o primeiro reator fase gas, em campanhas para produgao de copolimero heterofésico A partir deste ponte, o polimero esti pronto para ser arma- zenado na forma de esferas ou estrudado para formar os pelle. que a forma usual de comercializagdo do polipropileno. ‘a segdo seguinte, so detalhados o sistema de controle do 1° reator loop € do reator fase gas, focos desse estudo, ¢ os limites operacionais impostos a cada um dos sistemas. 2.1 Sistema de controle de temperatura 2.1.1 Reator loop Os reatores de polimerizago em fase liguida do processo Spheripol sio constituidos de duas segdes tubulares principais conectadas de tal forma que formam um oop, sendo que as 314 rexiWes tetas do mesmo slo encamisadas para a passayem de fluido de resfriamento (4gua desmineralizada - JW) sendo dessa forma feita a remogao do calor gerado na polimerizacao (Regi- nato, 2001).A agua desmineralizada é resfiada em um trocador de calor de placas com gua da torre de resfiiamento (CW). Os reatores devem operar a temperatura constante, de- finida pela receita do produto, e gradientes de temperatu- ra interna so despreziveis, Uma vez que a temperatura exerce influéneia direta sobre a cinética da reacdo, tem- se que uma diminuigao da temperatura diminui a taxa de produgdo no reator. No entanto, uma vez que a mesma é especificada por produto, esta ndo configura uma varidvel de otimizagio do processo. ‘A Figura 2 detalha a configuragao do sistema, sendo ilus- trados 0s equipamentos, as correntes envolvidas ¢ os medido- res de temperatura e vazao existentes no circuito térmico do reator de polimerizagio. Figura 2. Configuragao 0b sistema de roca térmica do reator loop. © controle da temperatura do reator € feito por um sistema ‘em cascata de dois controladores PID. Neste sistema, a tem- ‘peratura do reator (TIC-01 ~ controlador mestre) é controlad pela manipulago da temperatura do fluido de resfriamento de entrada da camisa (TIC-02 ~ controlador escravo) atuando sobre as vlvulas TV-2A/B em split-range. Uma vez que as vilvulas sio do tipo borboleta, a ftixa de operagdo deve ficar ‘entre 30% ¢ 70% de abertura para se ter um bom controle. O trocador de calot ndo possui indicagao de vazdo de CW, po- rém as vazdes de JW e as temperaturas de entrada e saida S80 conhecidas, tanto no trocador quanto nos foops. Pela criticidade do controle de temperatura, impuseram- se, por seguranga, condigdes limites para a carga na planta, ou seja, na iminéneia de se atingir um batente maximo espe- cificado para a abertura da TV-2A/B, o procedimento padrio cexige a redugo da carga da unidade, obviamente redundando ‘em perdas econémicas em prol de se evitar uma possivel per- 4a de controle da temperatura. Além disso, operava-se por longos periodes com o con- trole em manual devido a problemas de controle, Dessa for- ma, tem-se uma intervengio quase que constante do opera- dor sobre o processo de forma a tentar manter a temperatura | do reator proxima do valor do set-point, Tais intervengdes acabavam por afetar outras varidveis do processo e, por con- seguinte, a qualidade do produto final. Observava-se ainda que os problemas de controle deseritos so recorrentes em perfodos de verdo, uma vez que opera-se com Agua da torre de resfriamento em uma temperatura superior a recomendada «, portanto, mais préximo das restrigdes do proceso. 2.1.2 Reator fase gas No processo Spheripol tem-se a possibilidade de produ- go de materiais poliméricos com quantidades elevadas de comonémero (mais comumente eteno), como & 0 caso de ‘materiais altamente resistentes ao impacto (Reginato, 2001), Esses sto denominados de copolimeros de alto impacto (co- polimero heterofisico, ou mais comumente chamados de he- copolimeros) ¢ sto produzidos por meio de um reator a leito fuidizado, RFG, que opera em série com os reatores loop. Pela fluidizagio, as particulas de polimero so mantidas em suspensio no reator num tal nivel que existe uma cons- tante coliso entre as particulas de polimero, bem como entre as particulas de polimero e as paredes do reator. Nesse reator forma-se uma segunda camada de copolimero eteno prope- no amorfa e de caracteristica borrachosa, também conhecida como EPR (ethylene/propylene rubber) na parte interna da ‘matriz. polimérica produzida no primeiro estigio de reagao. A temperatura de operagao desse reatoré definida pela receita do produto, podendo-se ajustar esse valor conforme as condigdes cde operagio do reator no que diz tespeito & atividade do catalisa- «dor nos reatores loop ¢ ao valor do eteno ligado pretendio, Para tal, sua temperatura € controlada manipulando-se a vaziio de agua que alimenta 0 trocador de calor do sistema de reciclo. Este ¢ um trocador de calor vertical tipo casco-e-tubos, situado a montante do compressor e que utiliza égua da torre de resfriamento (CW) para resfriamento dos gases circulantes. A Figura 3 detalha a configuragao do sistema, sendo ilus- {rados 0s equipamentos, as correntes envolvidas ¢ os medido- res de temperatura ¢ vazio existentes no circuito térmico do reator de polimerizagaio. Figura 3. Configuragéo do sistema de roca térmica do reator fase gs artiésnica controle da temperatura do reator fase gas, semelhante 0 reator loop, & feito por um sistema em cascata de dois controladores PID, Neste sistema, a temperatura do reator (TIC-03 ~ controlador mestre) é controlada pela manipula- gio da temperatura do fluido de resfriamento dos gases de recirculagtio do reator fase gas (TIC-04 — controlador es- cravo) atuando sobre as valvulas TV-04A/B em split-range. Uma vez que as valvulas sao do tipo borboleta, tem-se que, até com 70% de abertura, elas trabalham satisfatoriamente, sendo que acima desse valor verifica-se que no hi mais ganhos em troca térmica, Em easo de aumento da temperatura, 0 TIC-03 automati- camente solicitard uma menor temperatura de CW e 0 TIC- 04, para atendé-lo desviard mais CW, através da TV-O4A (a TY-04B fecha concomitantemente). O calor de reagio é au- tomaticamente caleulado pelo QR-01 com base na vazio de CW (FR-09) e no seu delta de temperatura (TDR-0S). ‘Uma queda de temperatura significa redugao na taxa de polimerizagao, isto é, redugao no rendimento da reagdo,¢ tra- 4 como conseqiiéneia o aumento da pressio, pois é menor 0 consumo de gis. A operaedo com alto rendimento, ou seja, ‘com uma temperatura mais alta, melhora comprovadamente as propriedades finais do polimero (impacto e médulo de fle- xo especialmente). Porém um aumento excessivo de tempe- ratura poder causar a aglomeragdo e entupimento do fundo do reator fase gas. Este fato € decorrente de que a temperatura elevada provoca a migragio da “borracha” para a superficie da esfera, gerando produto pegajoso. Semelhante a problemas enfrentados no reator loop, ope- rava-se 0 reator fase gis por longos perfodos com o controle em manual devido a problemas de controle, As intervengdes do operador acabavam por afetar outras variéveis do processo ©, por conseguinte, a qualidade do produto final. Levando em conta os fatores acima citados, para am- bos os reatores, foram avaliadas as estratégias de controle utilizadas no sistema e foram propostas melhorias, segundo itens a seguir. 3 Avaliacao do controle Para um melhor entendimento do problema, a primeira etapa da avaliagdo dos sistemas de controle iniciou-se com a definigdio do caso base de desempenho da unidade, tanto para o sistema do reator Joop quanto para o sistema do reator fase gts, Para isso, a partir de informagdes da Engenharia de Processos/Produgdo ¢ da andlise de dados de planta, foram obtidos cenérios representativos da situagao-problema em momentos mais criticos, Apés essa andilise, um estudo mais aprofundado dos sistemas de controle foi realizado seguindo as seguintes linhas: revistio das estratégias de controle, auditoria de sensores ¢ atuadores, andlise e revisao de parametros e de praticas operacionais. Dessa forma tornou-se possivel a obtengdo de um diagndstico do comportamento do sistema, identifican- Aeke do-se 0s objetivos do controle de temperatura do reator & as possiveis diregdes de melhoramento. Pela similaridade de atuagio cos sistemas de controle, foi possivel estender @ andlise para ambos os reatores e, dessa forma, os diag- ndsticos e as solugdes propostas mostraram-se eficientes para ambos os casos, Convém ressaltar que as malhas mestre © servo foram analisadas separadamente, sendo que o respectivo diagnésti- co para cada uma serd descrito em maior detalhe a seguir. 3.1 Diagnéstico para as malhas servo Conforme as andlises foi possivel verificar que os con- tuoladores servo nao atuavam eficientemente em diferentes condigdes de operagao da planta (principalmente em cargas baixas ¢ situagdes de partida da planta). Diagnosticou-se que o problema consistia basicamente na nao-linearidade da relagdo entre a temperatura do fluido de resfriamento (CV) a abertura da valvula (MV), conforme pode ser visualizado na Figura 4. ‘eptr do ratianer9 |e saeaeagad o_ 0 © > m » w [Abortura da vaivula | Figura 4. Comparagio entre os dads da planta € 0 modelo obo para a ‘elago ene a aberura ci vata ea temperatura d fudo derstamento Esse efeito fazia com que a sintonia do controlador PID. na regidio usual de operagio (abertura na faixa de 40-50%) nijo fosse adequada nia regido de abertura entre 20-30%. Nes- sa faixa, 9 ganho do processo é mais elevado, gerando uma instabilidade na malha servo que acabava se propagando para a temperatura do reator, obrigando a abertura da cascata e retomada manual do controle da mesma, usualmente com re- dugio de carga, Esses efeitos ocorem normalmente devido a um corte ou redugdo da vaziio de catalisador, uma vez que este gera reducio da taxa de reagio com destocamento da ‘operacio para a faixa de menor abertura da TV. Outro problema recorrente no sistema de controle do rea tor fase gis, principalmente em periodos de verdo, era a ope- ragao da vilvula de controle préxima as condigdes de satura fo. Sea valvula de controle satura, 0 reator passa a operar come se o controle de temperatura estivesse em malha aberta, ocasionando assim maiotes variagdes na temperatura do rea- tore dificultando a ago de controle 3.2 Diagndstico para as malhas mestre De acordo com as andl 5 realizadas, podem-se distin- : ante x rome 14 uit duas linhas para estudo, casos em que ocorrem distirbios na temperatura, com conseqilente variabilidade na produgio: + Distirbios nao medidos; - Regime estacionatio. Os distirbios ndéo medidos que afetam a temperatura do reator envolvem a perda de vazio de catalisador citada acima, bem como presenga de venenos na carga e resutam na perda de reagio, com fechamento da valvula e instablizagdo das malhas servo © com ‘conscgliente dificuldade de retomada de produgdo. Além disso, ‘outras malhas de comtrole induzer variabilidade no controle de temperatura de ambos os reatores sendo que, para 0 projeto, nfo foram abordadas, por estarem fora do escopo de estudo. Em um segundo momento, procurou-se focar 0 estudo em sitwagdes em que a planta opere em regime permanente. Des- tw andlise observou-se que comportamento da planta depen- de do tipo de produto, prineipalmente devido as diferengas de reatividade do sistema. Desse modo, um conjunto de pardime- ‘ros de sintonia que resulta em um desempenho aceitével para um dado conjunto de grades, quando usado em grades mais, criticos, poderia conduzir inclusive instabilidade da malha. Com isso identificou-se dois casos distintos: + Situagio em que nao o sistema nao se encontra sob con- digdes criticas de operagiio, que aqui sero chamados de grades tipicos; + Situagio em que o sistema se encontra sob condigdes criticas| de operagao, que aqui serio chamados de grades criticos. Portanto, uma sintonia adequada para os grades criticos tende a ser mais lenta do que para os grades tipicos, resultan- do em maior variabilidade do controle de temperatura, que resulta na falta de confianga por parte do operador em elevar a carga da planta, 4. Solugdes ‘Tendo em vista 0 diagnéstico realizado, selecionou-se um conjunto de medidas simples que poderiam concretizar os beneficios previstos, sem, no entanto implicar em mudangas radicais da filosofia de operagao ¢ em custos adicionais. Tais medidas so descritas nas subsegdes seguintes. 4.1 Para as malhas servo A solugao proposta baseou-se em uma estratégia de adap- tagao do comportamento da malha de controle de temperatura do sistema de resftiamento dos reatores, de forma a permitic a operagtio adequada em amplas faixas de carga da planta Para isso, implementou-se um controlador de ganho varidvel, ceapaz de fazer com que as malhas servo sigam o sinal de re- feréncia de modo adequado nas diversas condigbes de opera- «20, principalmente em faixas de menor troca térmica, 4.2 Para as malhas mestre Visando a redugdio da variabilidade da temperatura de ambos os teatores, propés-se a utilizagdo de sintonias ajustadas as caracteristicas dos diversos grades do mix de produgdo, a fim de manter 0 desempenho otimizado na maior parte das situagdes. Essa etapa envolveu uma reconfigurago dos parimetros de sintonia dos controla- dores mestre de forma a atingir um melhor compromis- re robustez, redugdio de variabilidade na varidvel controlada e agressividade na ago de controle. Para isso foram consideradas duas situagdes distintas, conforme jé explicado no item anterior: + Para os grades tipicos: Para a resintonia do controlador de temperatura dos reato- res em situagdes tipicas, procurou-se utilizar um método que levasse em consideracaio as diferentes condigdes de opera- cio. O objetivo seria a obtengao de un desempenho otimiza- do para os sistemas de controle de temperatura numa ampla faixa de situagdes, uma vez que diferentes condig6es opera- cionais (tipo de produto, setpoint de temperatura de reagao, vazio de catalisador) causam diferengas no comportamento do sistema de troca térmica Para atingir tal propésito, optou-se pela utilizagao de uma técnica multi-modelo baseada na otimizagao no do- mninio da freqéncia, o método MMA (Multi-Mode! Ap- proach). Tal método capaz de projetar os parametros de um controlador com desempenho robusto para operar em diferentes pontos de operacao, sendo flexivel para a uti- lizagao de modelos de ordens e estruturas diferentes, vi- sando assim desempenho adequado mesmo no pior caso (Faccin, 2004). Os modelos necessérios foram obtidos através da linearizagao de um modelo ndo-linear fenome- nolégico do processo. Portanto, a partir da abordagem por tal método, pro- pOs-se um conjunto de pardmetros de sintonia que, para 98 grades com situagdes mais tipicas, apés implementa- sao mostraram-se eficientes no propésito de redugao de variabilidade. + Para os grades criticos Partindo-se dos pardmetros obtidos por meio do mé- todo MMA € por observiincia &s condigdes operacionais, chegou-se a outro conjunto de parimetros de sintonia adequado a esta situagdo. Cabe ressaltar-se que a técni- ca MMA nao péde set empregada para os grades mais criticos devido a falta de representatividade do modelo ndo-linear em tais eondigdes. Desse modo, chegou-se a uma proposta de sintonia varivel para ambas as mathas mestre, a qual busca adap- tar-se aos diversos pontos de operagdo da planta. Cada uma das sintonias foi associada a um conjunto de grades especificos ¢ a condigdes operacionais distintas, as quais cobservou-se influenciar 0 comportamento do sistema de troca térmica. A seguir sao listados alguns dos principais beneficios ve- rificados com a implementagdo das sugestdes acima, ArtigS¥ésnico 5 Beneficios alcancados Sob 0 ponto de vista operacional, os resultados envol- vem uma reduedo significativa na variabilidade da tempe- ratura, sendo assim possivel a operagao em valores mais préximos da restrigao. Sob 0 ponto de vista do negécio, com uma menor variabilidade, aleangam-se patamares mais elevados de seguranca e de produgio, garantindo maior retorno ao negécio. 5.1 Auditoria de desempenho e robustez Para avaliar 0 desempenho das mathas de controle, foi utilizado um add-in para planilhas Excel, o TriPerfX, softwa- re de monitoramento de desempenho de malhas de controle desenvolvido pela TriSolutions, que possui metodologias im- plementadas para quantificar o desempenho de controlado- res, de acordo com diversas técnicas. ‘As Tabelas | © 2 apresentam os resultados de alguns indi- ces de desempenho contabilizados para as malhas mestres do controle de temperatura dos reatores, sendo possivel verificar lum aumento na nota global da malha, que leva em conta di- versos fatores de desempenho, ¢ uma melhora no indice de Harris, além de uma melhora no indice baseado na integral do erro, Convém ressaltar que, devido & equagao utilizada para © céleulo do indice de Harris, quanto mais préximo o indice for da unidade, maior é a variancia real do processo € pior 0 desempenho do controlador. Além disso, pelo indice LAE (In- tegral do erro absoluto), tem-se que quanto maior seu valor, pior é o desempenho da malha. Tabela 1. Resultados comparatvos para os indices de desempenho antes e apés a sintonia da maha mestre do reator oop Malha Mestre - Reator Loop (TIC-01) Nota da Indice de Matha Harris B ‘Antes 83.0, 077 766 Depois A 0.60 23.2 Tabela 2. Resultados comparativo para os indices de desempenho antes 6 ap6s a sintonia ca maha meste do reator fase g&s ‘Malha Mestre - RFG (TIC-03) Notada indice de Matha Harris, bu Antes Ba 097 Depois 646 0.95 66,22 Outro beneficio avaliado refere-se a0 desempenho da ‘malha servo. Conforme pode ser observado na Figura 4, a ‘média de abertura se manteve num patamar constante, porém © desvio padrio diminuiu consideravelmente, indicando que foi possivel manter um compromisso entre diminuir a varia- bilidade da malha mestre sem repassé-la para a malha servo. , nesta: acm ‘om some oR es Figura 4. Histograms comparatvas em relagéo 0 % de abertura da TV2 5.2 Beneficios econémicos Diminuir a variabilidade do processo tomou-se 0 prin- cipal caminho para quantificar os beneficios potenciais da melhoria do controle de processos, ou seja, com maior con fiabitidade dos resultados € possivel trabalhar em uma regigio ‘mais proxima a restrigfo, o que se converte em ganho. Entre as formas de materializagio desse ganho est a redugao do ‘tempo de partida/teinicio de produgao. ‘Tomando-se como exemplo o reator loop & possivel ob- servar tal ganho. Nas figuras a sexuir, as linhas pretas verti- cais se referem ao momento da volta de catalisador (linha da esquerda) até a temperatura do reator entrar numa faixa de 0.1°C de erro em tomo do setpoint (linha da direita), Como se pode observar, apés a implementagao das melhorias foi pos- sivel atingir mais rapidamente uma situagdo estavel da tem- peratura de reagdo, permitindo, portanto uma elevagiio mais répida da carga dos reatores Figura 6, Retomada de produdo antes das melhores no controle de temperatura Figura 7. Retomada dls produgéo depois das melhorias no controle de temperatura ‘ et errr rmmmst ‘Além disso, conforme pode ser observado nas figuras a seguir, houve um aumento da capacidade de produgo da uni- dade, ou seja, a taxa de produgao conseguiu se manter em patamares maiores apés a implementagdo das methorias su- geridas pelo projeto, ape acca empl I. Figura 8, Histogramas comparatvos em rlacdo &produgéo total adiansionalizada, fees veged 6 Conclusdes Este trabalho apresentou os principais objetivos, resulta- dos e metodologia utilizados em um projeto de melhoria do controle de temperatura de reatores de polimerizagao de uma planta petroquimica. ‘As melhorias propostas focaram trés eixos principais: dimi- nuir a variabilidade da temperatura do reator, a fim de permitir ‘uma operagio mais préxima do limite superior de temperatura ¢ a restrigdo de troca térmica; permit transigao de grades com menores redupies de produgao; melhoraro controle em situagdes de operagiio com carga baixa da planta (por exemplo, apés cortes| na vaziio de catalisador). Apés a implementagdo das melhorias ‘nos loops, pode-se observar uma redugao de 15,0% na variabili- dade da abertura da valvula de resfiamento, possibilitando um aumento de até 1,6% na abertura média da mesma e um con sequente aumento de produgao de polipropileno na ordem de 0,8%, ponderado pelo mix de proxdutos do perfodo, Para o reator fase gis, a redugo de variabilidade do erro da temperatura do reator em relagao ao seqpoint foi de até 7,5%, possibilitando um ‘aumento de produgo de copolimero nesse reator de 5,0%, Referéncias Bibliograficas Reginato, A.S., Modelagem e Simulagio dos Reatores de Polimerizagiio em Fase Liquida do Processo Spheripol Dissertagtio de Mestrado, Programa de Pés-Graduagao em Engenharia Quimica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre (2001). ‘Spheripol Process and Services- Production of PP Homopol- ‘ymer, random copolymer, heterophasic impact copolymer www.basell.com. Ultimo acesso em 02/02/2008. Faccin, F, Abordagem Inovadora no Projeto de Controlado- res PID, Dissertagio de Mestrado, Programa de Pés-Gra- duago em Engenharia Quimica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre (2004) A contribuicgao da inovagao tecnologica para a integracao do refino/petroquimica Fabricia 8. Moreira PROMON Resumo A crescente integragao entre o refino € a indéstria petro- quimica, j4 observada em paises como india, Ardbia Sau- dita e China, agrega valor a cadeia produtiva de derivados, uma vez que utiliza o petréleo como matéria-prima de baixo custo para produgao de petroquimicos, derivados de maior valor agregado no mercado mundial. Dessa forma, com a implant petrdleo nacional, a integragio poderd representar um au- mento na participagao brasileira no mercado petroquimico mundial, contribuindo de maneira efetiva para o equacio- namento da balanga comercial entre a oferta e a demanda de petroquimicos no pais. Neste trabalho € abordada a in- tegragdo refino-petroquimica no Brasil, o impacto desta integragdo na balanga comercial de detivados ¢ as princi- pais inovagdes teenolégicas, que iro permitir o aumento da produgdo de petroquimicos a partir de petréleo pesado. De posse das projegdes para a demanda dos dois principais produtos petroquimicos (eteno e propeno). ¢ considerando a atual oferta desses produtos, & possivel fazer uma previsto dg cenirio da petroquimica (inclusive certos aspectos tec- nolégicos) para o ano de 2015, e a provavel influéncia do io do Comper} e com o aumento da produgao de Comper) neste censrio, 1. Introdugéo Com 0 crescimento da evonomia nacional ¢ mundial hi um aumento considerével na demanda por poliolefinas, exi- gindo assim uma elevagio na produgio de petroquimicos bi- sicos, principalmente eteno e propeno, a ponto de aumentar consideravelmente as perspectivas de investimentos tanto nas centrais petroquimicas quanto nas tecnologias utilizadas pe- Jas refinarias a fim de se maximizar a produgdo dessas olefi- nas. Segundo o mais recente panorama setorial da Abiquim, houve um aumento significativo no consumo de resinas ter- moplisticas em 2008 apesar da retrago nas vendas no tilti- ‘mo trimestre do ano passado. Especialistas acreditam que passado o periodo de ajuste na produgao e vendas a demanda voltard a crescer. Maria José O. C. Guimaraes, Peter R. Seidl Escola de Quimica-UFRJ Roberta A, Pereira Construtora N. Odebrecht perfil do petrdleo processado pelas refinarias nacionais tem sido bastante alterado nas diltimas décadas, com impacto na oferta de nafta brasileira. O aumento da disponibilidade de petrOleo pesado vem compensando 0 gradativo esgotamento de campos produtores de petrdleos leves. Desta forma, 0 par- que nacional de refino tem sido adaptado com novas tecnolo- agias para maximizar a utilizagao deste produto!'?! ‘A nafla petroquimica, fragao do pettleo obtida em refi- narias, tem sido a principal maléria-prima da industria petro- ‘quimica mundial. Sua produgao corresponde, em média, a 5% GB produgao total de derivados e, na cadcia energética, con- corre dirctamente com a produgao de gasolina. A Petrobras & «atinica produtora de nafta petroquimica no Brasil, atendendo parte da demanda nacional com produgao propria. A natta é um ligui as contrais pe ¢ a processam obtendo olefinas leves tais como propeno, ete- no ¢ correntes aromiaticas, No entanio, devido as limitagdes él A cio, muito pesado e em derivados leves, ha uma redugao na disponibilidade de ‘matérias-primas, mais especificamente da nafta petroquim- ca, criando assim um obstaculo para expansdo da produgao da insula petoquimics 20 Bra Diante deste cenario, surge a necessidade de investimento em fontes alternativas de ma- térias-primas, j4 que a nafta produzida atualmente no territ rio nacional ndo é suficiente para atender a demanda, sendo necessdrio importar uma parcela consideravel. A Petrobras, através do Cenpes, tem buscado constantemente alternativas tecnolégicas que propiciam um aumento da oferta de eteno © propeno, consequentemente das poliolefinas commodities (polietilenos e polipropileno), sendo a principal delas a pro- dugdo a partir do processamento de fragdes pesadas de petri Jeo com 0 uso do coqueamento retardado em conjunto com: craqueamento catalitico fluido (FCC) além de modificagdes operacionais no proprio FCC que visam a maximizagio da produgao de olefinas Atualmente, devido a0 aumento da produgao de petrole- os pesados no mundo, a qualidade e a disponibilidade (Fi- gura 1) da nafta produzida sio comprometidas, resultando ‘num aumento substancial no valor agregado deste derivado ’ mere g a © a subsequente elevagdo dos pregos dos produtos petroqui- micos finais. Este fato toma-se preocupante para a econo- ria brasileira, especialmente se contextualizado no cendrio mundial, que prevé uma dificuldade de fornecimento de nafta, devido tanto a qualidade dos 6leos processados quan- to ao crescimento da demanda por petroguimicos bisicos a nivel internacional, Disponibidade Mundial de Nata no “Coins ents » 0 raw IB se Manso —eLete = Guops = Atri Figura 1. Disponibiidade Mundial de Nafta A industria petroquimica que, tradicionalmente, utiliza a. hafta ¢ o gis natural (ciana) como matérias-primas, esté sen- do levada a buscar novas alternativas tecnolégicas_ yerar cessas alternativas pode ser citada a utilizagdo de fragdes pe- sadas de petrleo como matéria-prima petroquimica. A raza0 de ordem econémica reside no fato de que as cargas mais pesadas, por serem mais baratas, podem conduzir a margens operacionais maiores. Ocorre que, a medida que as cargas se tornam mais pesadas, 0 processamento sc torna mais restriti- vo devido ao aumento da formagao de coque ¢ outros com- postos poliaromaticos complexos. Com o intensivo desenvolvimento tecnoldgico, as fragdes pesadas passaram a constituir uma fonte alternativa de maté- ria-prima para a indastria petroquimica. No Brasil o Comper) ~ Complexo Petroquimico do Rio de Janeiro teré capacida- de para processar 150 mil bartis/dia de éteo pesado nacional (Marlim) produzindo 1,3 milhdo de toneladas anuais de eteno ¢ 881 mil toneladas anuais de propeno dentre outros deriva- dos. O Comper} tem como inovagéio tecnolégica a maximi- zagio de olefinas leves pela utilizagio de dois processos complementares, a tecnologia tradicional de pirélise a vapor (steam cracker) ¢ a tecnologia mais inovadora, 0 FCC Petro- quimico. A pirdlise processaré as correntes mais leves, que sio geradas no Complexo, maximizando eteno, enquanto 0 FCC Petroquimico se encarregaré das correntes mais pesa- das, produzindo predominantemente propeno. Ambos 0s pro- ‘cess0s siio essenciais para assegurar a viabilidade econdmica do Comperj, 0 primeiro empreendimento no mundo a utilizar petroleo pesado como matéria-prima para produgao de petro- ‘quimicos, garantindo também um maior equilibrio entre as produgoes de eteno € propeno. mee A tecnologia do FCC Petroquimico que sera utilizada no Comper) foi desenvolvida pelo CENPES ¢ sera a primeira | tecnologia do mundo a utilizar carga pesada proveniente de | petroleo com caracteristicas nafténico-aromaticas. A Petro- ‘bras também atuou no desenvolvimento do sistema catalitico, baseado em zeélita ZSM-5, juntamente com a Albemarle Ca- | talysts, ¢ a Fabrica Carioca de Catalisadores (50% Petrobras € 50% Albemarle). Outro aspecto inovador no Comper) é a construgao de uma unidade de Hidrocraqueamento Catalitieo (HCC) no Brasi © Comper poderi ser a primeira refinaria brasileira a ter uma unidade de HCC em seu esquema de refino, que devido as clevadas pressdes de H, ¢ ao sistema eatalitico apropriado, facilitard a hidrogenacio ¢ 0 fracionamento das cargas aro- ‘maticas do petréleo Matlim, reduzindo a produgao de cogue no processo de FCC"! 2. Cenario de demanda e oferta de produtos petroquimicos _Eteno e sho as olefin jor interesse comercial, utilizadas para produzir uma ampla gama de pro- dutos, entre lietileno ¢ poli jileno. 1s Tealiz: 1, demanda por eteno gu- mentard_ cer 5 milhdes de toneladas, enquant demanda por propena serd de 4,3 milhdes de toneladas, tendo F ‘ ; i base nessas projepdes para demanda ¢ oferta dos dois princi pais petroquimicos, & possivel prever 0 cenério nacional do ‘mercado de petroquimicos basicos para o ano de 2015, com 0 inicio das operagdes do Comper} (Tabela 1): Tabela 2, Cerro de Oferte x Demanda de Petroquimicos para 2015 ‘Mediante as estimativas de demanda e oferta, obscrva-se um déficit de cerca de 0.4 milhao de toneladas de propeno para 0 ano de 2015, jé considerando a produgao do Comper. ‘No entanto, estima-se um exeedente de aproximadamente 0.8 milhdio de toneladas em eteno, que poderd incentivar a entra- da de novos produtores no mercado. valor da oportunidade de negécio da integragao entre o refino € a Area petroquimica est4 na valorago das corren- tes do refino como petroquimicos basicos para a producdo de derivados petroquimicos (Figura 2). Como 0 petréleo ‘Marlim comercializado no mercado internacional com um desconto de USS 150/t em relagao ao Brent, a utilizagao deste petrbleo como matéria-prima petroquimica agrega va- lor a cadeia produtiva de derivados, uma vez que produziré produtos de maior valor no mercado. A petroquimica agrega tum valor unitério de duas a trinta vezes superior & de uma ‘matéria-prima petrolifera. Aproximadamente, pode-se dizer que esta agregagio é de duas vezes nos bisicos, de seis a oito vezes nos polimeros e de cinco a trinta vezes nos inter- mediirios. O sctor petroquimico € capital intensivo, isto é, os investimentos so elevados por unidade produzida. Dai a importincia de escala de produto, dando lugar ao concei- to de escala minima ¢ econdmica. O mais importante fator de produgao é a matéria-prima que muitas vezes representa mais de 50% do custo total Em menos de 50 anos, gragas a um intenso desenvolvi- mento teenolégico, 0s produtos petroquimicos se introdu- ziram na economia dos paises desenvolvidos substituindo 0s derivados do carvao e os produtos naturais tais como, madeira, vidro, ceramica, metais ¢ outros. Hoje os produ- tos petroquimicos esta inseridos na passaram a acompanhar os ciclos econdmivos dos paises in- dustrializados. Os materiais poliméricos constituem o prin cipal segmento do setor petroquimico, por demandar gran- des quantidades de matérias-primas basicas, mas também pela sua enorme penetragaio nos mais diversos setores da economia. A industria é considerada de 2" geragio dentro do contexto da industria petroquimica, pois obtém as maté- rias-primas principais (eteno e propeno) de 1* geragao, das, centrais de matérias-primas, ¢ fornece seus produtos para a 3° gerago ow indiistrias de transformagao, seguindo assim uma cadeia produtiva, A Figura 2 apresenta os produtos de 2* geragdo que podem ser obtidos dos intermedidrios basi- cos, eteno € propeno respectivamente. 3. Produgdo de olefinas leves e poliolefinas 3.1. Produgao de propeno © mercado de propeno no Brasil, assim como no resto do mundo, ¢ comandado pela forte demanda por polipropi- leno. Com maior parque petroquimico da América Latina, ‘ mercado brasileiro prevé o crescimento da demanda de PP 4 uma taxa de aproximadamente 5,0% a.a considerando um cendirio otimista de crescimento do PIB (Grifico 1), e de 3% considerando um cenério conservador. Grande parte do Propeno produzido tanto nas centrais petroquimicas como has refinarias & destinada a produsao de polipropileno, no entanto essa produsao precisa ser maximizada para atender © crescente consumo, Consumo Aparent (on) 8 8 cataizadsr, (fPolietileno = a 1996 1988 2000 2002 aos ain zine ano aia aa Oricloragie. ((Cloreto de Vinita —- (/ PVC Ano —E | a . es PS. Gréfico 1. Projegdo para consumo aparente de potropileno Ete —< — Blitz ica re © propeno produzido tem sua origem ous tileno glicol —+ i 5 ‘i foto, 3 Tammy —_ ‘ois provessos de caracteristicas muito dstinias: a ptdlise © ——— © craqueamento catalitico fluido (FFC), A pirdlise é basica- OyH,0 , Gheetato de vinila PvA mente um processo térmico de craqueamento que é limitado mmm | ENN om relaco 3 Mlexibilidade de materia-pri etroqui- fa) mica a * é um processo catalitico, gom maior flexibilidade em relagao as cargas passiveis de cates) Polipropleno processamento, relativamente mais pesadas e com especi- Epicloridring —.)/Resinas Epexidicas SEER Guide de prope Polidcteres EO a 2.080, pasonitite (aN o Figura 2, Produtos de 2a Geragéo Obtcos apart de (a) eteno @ (©) propeno ficagdo muito menos rigida, quando comparadas as cargas ilizadas em pirdlise !", Diante da indisponibilidade de produzir nafia a par- tit do petréleo brasileiro, a alternativa mais viavel seria implementagdo de modificagées operacionais no FCC de modo a obter um perfil de produgao mais voltado para a produce de propeno, o qual também pode ser ajustado pela alteracdio do sistema catalitico, utilizando aditivos a base de zedlitas. Uma outra alternativa seria a combina- 40 do proceso de coqueamento retardado com o FCC, uma vez que a corrente proveniente do coqueamento pode ser reciclada a unidade de FCC, aumentando assim 4 produgao de olefinas. romero Artigo T: fico 3.2, Produgao de eteno eteno, obtido pelo processamento s de refinaria nas centrais petroquimicas, a chamada primei- gi © principal insumo para os polictilenos ¢ ou- _tt9s produtos de segunda geragio, como as resinas plasticas. ‘Considerando uma taxa de crescimento para 0 consumo de polictilenos de 5% a.a, uma projegao para a demanda destas resinas pode ser realizada, conforme mostra 0 Grafico 2. Mundialmente, a exploragaio comercial de eteno produ- zido no refino é relativamente reduzida, Nas refinarias da Petrobras, 0 eteno, um dos componentes da corrente deno- minada gis de refinaria, constituido por gases oriundos de uma ou mais unidades de refino, é usado hoje apenas para a produgao de energia, nao havendo ainda recuperagio deste produto "” ‘As unidades de FCC sao as maiores produtoras deste gis que apresenta uma série de vantagens em relagio as maté- rias-primas petroquimicas tradicionais, a nafta ¢ 0 etano do és natural, No entanto, caso nfo sejam feitas modificagdes no hardware do FCC voltadas para a maximizago de petro- quimicos, a quantidade de gas de refinaria produzida pelos FCC's torna-se relativamente baixa em comparagio as capa- cidades das centrais petroquimicas. Dessa forma, através da adequagaio do sistema catalitico das unidades de FCC é pos- sivel aumentar o potencial de contribuigalo para a produgao de eteno. O mesmo sistema catalitico, contendo uma zedlita especifica, utilizado para produgao do propeno, pode ser uti- lizado, com algumas modificagdes para a produgdo de eteno, sem prejuizo da produgao de propeno!"”. = “ ttt ee wl +1958" 1960" 2000" 2002" ato’ ‘006 aooe" anno" a2 ante Ano yee ‘Consume Aparent (Ton) 8 Gratico 2, Projegéo para o consumo aparente de polietienos 4, Patenteamento de Inovagées Tecnolégicas estado da arte em relagdo aos processes criticos que serdo utilizados no Comper), tais como o FCC Petroquimi- £0, destilagao atmosférica e destilagao & vacuo, entre outros, pode ser monitorada através de estudos de patentes sobre melhorias nesses processos depositadas nos tltimos anos. A ‘ eel errr mai anilise da evolugdo desses indicadores foi realizada num pe- iodo compreendido entre os 1990 e 2008, empregando as bases de dados: USPTO, Espacenet, INPI e Delphion, além do SciFinder Scholar ¢ Science Direct Na literatura patentiria, por exemplo, foram encontrados ‘8 seguintes documentos relacionadas ao estudo em questo: patente US 6,059,938; intitulada “Process for the fluid ea- talytic cracking of heavy feedstocks”, cu titular é a Petrobras descreve 0 processo de craqueamento catalitico de cargas pesa- das, onde a invengio consiste na independéncia entre o controle regenerativo do catalisador e o equilfbrio tsrmico da unidade. A patente US 6,319,393; intitulada “Modified aluminas and the use thereof in FCC catalysts”, cujo titular é a Petro- bras, apresenta como invengo a modificagao da alumina, a fim de ser utilizada no craqueamento catalitico, melhorando 6 resultado final do processo. Apatente US 6,149,800; intitulada “Process for increased olefin yileds from heavy feedstocks”, cujo titular é a Exxon Chemical, cobre um processo inovador, onde hé um aumento considerdvel do rendimento de olefinas, devido ao hidropro- cessamento da carga de alimentagio. pedido Intemacional de patente WO 2007135043, inti tulado “Process for preparation of propylene from hydrocar- bon and industrial plant thereof”, cujo titular é a Shell, des- reve um processo inovador para a preparagio de propeno a partir da alimentagio de hidrocarbonetos com cinco ou mais carbonos. Além disso, a invengto também prevé um set-up industrial para esse processo. Observou-se a quase total auséncia de depésitos relati- vos a processos mais maduros, como os de destilagio, indi- cando que no devem ser esperados novos avangos nesses processos. Por outro lado, grandes empresas investiram no desenvolvimento teenoldgico nos processos criticos para 0 Comperj. Estas so a Petrobras, a Shell, @ Exxon Chemical Patents Inc, a Philips Petroleum Company, Fina Research, S.A € a Philips Petroleum Company, tendo a Petrobras se destacado entre as demais. A Figura 3 mostra como tem sido a evolugao do imero de patentes depositadas entre os anos de 1994 a 2008 ¢ o aumento considerivel do nimero de pa- tentes neste periodo!”, Esse aumento pode ser atribuido aos crescentes investimentos em tecnologia que a Petrobras tem feito dentro e fora do pais. Tereeeaeeeeeny Figura 3. DepSsitos de Patents da Petrobras Fonte: SciFinder 5, Conclusdes Com a implantagao do Complexo do Rio de Janeiro, © Brasil ampliard a atuagao na 1° ¢ 2" gerago, aumen- tando assim a produgdo de petroquimicos, agregando valor aos produtos das refinarias do sistema, eaptu- rando sinergias entre a produgdo de dleo, gis, refine A Petrobras conseguit. desenvolver novas tecnologias para a inddstria quimica com base na evolugao tecnoldgica de processos de craqueamento catalitico (FCC). Hoje a empresa ocupa uma lideranga internacional em FCC petroquimico. Este é 0 maior investimento jé feito pela Petrobras, e ter importantes desdobramentos para a inckistria quimica e para a economia em geral. Apesar de a refinaria petroquimica ser uma excelente opgao para expandit a capacidade nacional de refino, ela admite inovagdes tecnologicas para a maximi zagao das fragdes leves a partir de petréleos pesados. Logo, & de extrema importaneia dar atengdo aos gargalos tecnol6- gicos € monitorar as tecnologias disponiveis para uma ade- quada integragao refino-petroquimica num complexo petto- quimico como o Comper). e petroquimica. 6, Agradecimentos FSM(G,M), RAP(M) e PRS (PV) agradecem as bol- sas da Agéncia Nacional de Petrdleo. Gis Natural ¢ Bio- combustiveis - ANP — ¢ da Financiadora de Estudos © pss rseniee Projetos ~ FINEP através do Programa de Recursos Hu- ‘manos da Escola de Quimica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 7. Referencias 1. Mainenti, M. R. M., Pinho, A. R., Karam, J. E, C., Ramos, J.G.F, Dubois, A. M., Petro & Quimica, 106, 2006. . Moreira, FS., Seidl, PR., Guimaraes, M. 3.0.C., Petro & Quimica, 126, 2006, 3. Bosco, F., Petro & Quimica, 24, 2004. 4, Bosco, F., Petro & Quimica, 19, 2005. 5. Belato, D.A.S. et all, Petro & Quimica, 36, 2004, 6. Azevedo, J. G., Plano Estratégico Petrobras ¢ Plano de Ne- u6cios 2008-2012, RJ, Agosto, 2007, 7. Pinho, A.R., Ramos, J.G.F, 6° Encontro Sul- Americano de Craqueamento Catalitico, Rio Grande do Sul, 2008. 8. Associagtio Brasileira da Industria Quimica: Demanda de Matérias-Primas Petroquimicas ¢ Provavel Origem até 2015, 2007. 9. Pinho, A.R., Cabral, J.A.R., Maeshito, K., Mendes, F.L. In: NPRA Annual Meeting, San Diego, CA. Mar- go, 2008. 10. Seidl, PR., Moreira, FS., Guimaraes, M.J.0.C., Anais do 4 PDPETRO, Campinas, SP. Outubro, 2007. 11. Pereira, R.A., Seidl, PRR., Guimardes, M, J.0.C., Anais do Rio Oil & Gas 2008 Expo and Conference, Rio de Janei- 10, Rl, Setembro, 2008

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