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Maria da Graga Costa Val Gladys Rocha REFLEXOES SOBRE PRATICAS ESCOLARES DE PRODUCAO DE TEXTO? 0 Syerro-Auror 1 edigio 2 reimpressio auténtica | t ‘yogne © 2003 by Os autor CCoNseaHo eorronAL ores iss da Sha, ntine Augusta Gomes aati erie! Lome Brito EDITORAGKO ELETROMICA Walénie Abarenga Sees Atade Resko Posemace bis Santos Incas, lene pa eine ok [AuTENTIA EoroRA LDA, ua Aimee, 98, and -Frionsis Sono? seo orsone. Me Texmov’ 0800 2831922 vias Melos re pais eae pe de tra io alanis Sena conn 203) Cleo nang edi, 10 Lag 2Atabins ed, Ss fnpice Introdugae ‘Mario do Groca Casta Vale Glas Rocha. 7 A linguagem nos processos socials de constituiglo da subjetividade Joo Wand Geren Modos de lembrar, de narrar de escrever: lum estudo sobre as condigBes © possibilidades do elaborago coletiva da mernéria ‘Ano Lutza Bustamante Smalka, Adriana Lia Friszman de Laplan,Ekzabeth dos Sorts Bron encnenrn 2 A formacio do produtor de texto escrito na ‘escola: urna andlise das relagies entre os processos interlocutivos e o& procestos de ensino leon ne Fevemeno Ve Le... Sceeemanne gy (© papel da revisio na apropriagio de habilidades toxtuals pela erianga Glos Rocha. a) A producio de textos escritos narrativos, descritivos e argumentativor na alfabetizagio: cevidéncias do sujelto naida linguagem Cee Gone 8S ALINGUAGEM NOS PROCESSOS SOCIAIS DE CONSTITUIGAO DA SUBJETIVIDADE' Joi Wanderley Geraldi devemos comprocader que esas neste pe {queno planets, ass comin, poids no oars que, efecuvamente, temo ‘uma missio que ¢ civllaras relacbes humanas nesta Terr, rele des da salvagio, ax poles ca salva drt Sejam iemaos pomyoe seremos slvr, Cela ie hoje sera necesito dierios: eejmos ausios porqe estamos pedidos, perdilos mum pectic no planeta dos aredores dem sol suber de uma gala penferea de wm mundo privado de ‘ent. Estar al, mas fmos s plant, of pe Sos, a8 flores, temas dveridade dvds, = ‘mos as posibildades do spit hums. Est a Soeavaate, © nos nen fundamenta © 0 eSS0 Unico eeuso possivel Edgar Mosin. Amor Poesia, Sabdoria, p44 "Team wpremanda, cao confine inl “Quotes prs pena 2 lo cid, preodo &sSeels Muna de Ein de et Negre 16 ase oan dep de et Apresentagiio 0 objetivo deste trabalho ¢ corre 0 isco de trazer para 2 reflexdo sobre a eidadania um conjunto de conceitos formu ldos nos contextos de eeflexto sobre a aividade constiuth va da ingagem. Mais especiicamente ainda, 0 dilogo que pretendo estabelecer toma como fonteprivilegiada,polifont feamente mediaca por cantrapalavras procedentes de outros lugares, o pensamenta de Bakhtin tal como formulado no seu etudo sobre as relagdes enue “o autor & 0 herd" Sem dvida alguma, os riscos maiores desta aproximaglo dlizem respeito a. nogao de sujeito que resulta [ou se const6i parte] da concepeo de linguagem como atividade const tutva, jf que o exercicio da cdadania freqientemente pres supde um sujet racional, etico © conseiente, al como coneebide pelo pensamento humanista (e catesiano?) Uma criica atl concep, certamente sem ainda ter conseuido ulrapassar o pensamento humanisa, nao implica a recusa 3 consttugio de formas de convivio capazes de ‘omprecnder que ot sens bums sto Inve, nos que ‘Sites postbiidade do mela edo pl algans tend metic fer posnhades que css, deverns compreenie, abe, {qe ov sree tm mkiplae personalidades potnchis © qve Mo depends dos acontecnentes, dos aidentes que Thes So evn que podem Here algunas dea. (Mons, 1957, p. 6 Eshogados os scos,olirealizvell deseo sera ode cons ‘nuit um lugar capa de escape a0s questionamentos recen- es. “pedagogia rica”, para nela perrmanecer,contribuinda com alguns elementos de construcio de una concepeto de sujeito que mio aceite qualquer essencialidade intocivel, ‘qualquer ‘alma govemante, qualquer principio ou origem a mo ser sua constante mobilidade e mutabilidade, Aempm mpm ehtonanttat IT Movendo-se entre o mundo ético ¢ 0 mundo estético Debrugid sobre a elagio entre o autor eo her, Bakiin move-se entre as mundas étco e esétco ¢ elbora urs con: juno de categorias com que os aproxima, diferenciando-os. JNa arquitetura do pensamenta bakbtiniano, a relacio com a lieridade é fundamental ¢ €a partir desta relagao, em que © hherdi€ © outro do autor, 0 autor & 6 outro do herd, que 0 pensador russo estatui © principio basico que diferencia a Felicto extética da retagfo etic: (um autor modifica todas as parcldades cle um hei ‘seu gos cacteritcon os eplsiios de mn vids us 38, pesameaton, setimenton, da tee sted que, naa, re Simos com un jizo de valor 9 toder a5 manifeaagoes da ‘gctes que nos rodein na vids, ods, nos reaps Slo ATepare aio neagies a maneatagts holds © no 30 tao td bomer,¢ mest quand o determines enquaeto tod, Aefnindra como bom, au, ogo, ec, expresimes Un fcmente paris que adctamor 2 respeio dele aa pric. ‘tilians, ¢ ee uso © determina menos do que wiz @ (qo espermos dele. (un, 199 p25) esta reagio ao feo, segundo 0 aur, especiica da ea lo exética, porque baseada na suposigio de acabamento lo objeto —hex6i ou obra ~ que fundamentara a diferena tenire os dois mundos postes em parallo neste seu estudo. 4 posigto produtiva ¢ criativa do autor & que Ihe permite 0 collar pasa 0 todo da obra, o lhar para cada heréi como um syjeto acabado, produzido, com tempo de exisiéncia delim taco pela estrutura da obra’, A energia cadora esubiliza-se tho produto cultwal sgnificante que & a obra. FT necensc rio confundr°o tempo de exitocia" co hexéi na obra com 18a nt te pret eter Derivam desse principio os concoltos com os quais Bakh- tin dstingue os mundes ético e estético. Extrao dessa refle- 2xdo aqueles conceitos que me parecem mais viteis para ddesenfar urna concepezo de ingiagem como atvidade cons rtutiva da subjetvidade, Quando se admite que um sujeto se consti, © que se admit junto com isso? Que enesgia poe em movimento este [Processo? Com que “insirumentos” ou *mediacbes" tabalha este processo? Obviamente, este conjunto de questoes, a que fourras podem ser somaclas, pe em foc o fenmene huma- ‘no € sua compreensio. Habituados 8 higiene da racionalida- de, a0 ineseapivel método de pensar as partes para nos aproximarmos de respostas proviséias,temos eaminhado dfinido as partes, 08 recortes, as passagens, a pati da su- posigio de que 0 todo seri um dia compreendido e, pior ainda, de que esse todo tem uma existéncia rea Aceitando que nossas compreensdes sto sempre limita das, companhenios Bakhtin em sew estudo da relagio autor here. Para cle A conscinca do ae € ensigns de um conse, fc, € um consi que engobu © aca 3 concn do hei dp snd, go ena © ala cers do Jp por eed do qe, por peso, cancun 3 ext craclania eur, cumere 2 far © aor ro ob vee sae {edo quino wee be o her em pain eo x ei et Ccrfunn, mas tmbem v8 ese ms do ie eka, vendo a er até 0 qu po pip nace a his € pecs ome se ead sees erin © cnatnte de bes Depa a yao o aber do aatrem compara cam cx tam cos hei, ue Krnoe © prio de sesame de un todo =o des herds e¢ do acorecinenta dente le, Go td di oles Citi op op 2238) ‘pee pe i «pr te Aeon enpenesettnet ttt 9 Transportemos o conceito de “excedente de visio" para © mundo da sida, Da vida no hd um autor‘ ¢, se esiou viven- lo, tenho um porwr e porno sou inacabado. © todo ace pad de mint vid, eu nto © domina, Por iso 0 mundo da vida & um mando ético, embora a via possa ser vivida este- ticamente. Consideremo-nos dentio deste mundo: estamos lexpostos, e quem nos v8, nos vé com o "furdo" da paisager fmgque estamos, A visto do outro nos v8 como um todo com. lum fundo que no damninamos. Ble tem, relativamente a ns, lum excefonte de r¥sao. Ele tem, portanto, uma experiencia de mim que eu préprio no tenho, aus que posso, por meu tuo, tera respi dele, Este “acontecimento” nes mostra a nossa incomplesude e consitsi 0 outro como o tnico lugar possivel de uma complewude impossivel. Olhamo-nos com (9 olhos do outro, mas regressamos sempre a nés mesos & 41 nossa incompletude, pois “sudo quanto pode nas assegu rar um acabamento na conaciéncia de outem, logo presumi- do na nossa autoconsciéncia, perde a fuculdade de efewar hose acabamento’, porque a experiénca do outro, mesmo send de mie, me € inacessivel. ‘Sea experiencia de mim vivida pelo outro me € inacess vel, esa inacessbiidade, 2 mostrar sempre a incompletude furndante do homem, mobiliza o desefo de completude. Apro imo-me do outro, também incompletude por definicio, com fsperanca de encontrar a fonte restauradora da cotlidade perdi, € na tenso do encontro/desencontro do eu e do tu fque ambos se constinuem, E, nessa atividade, consrotse a linguagem enquanto medingio signica necessiria, Por iso a Ns pron gin, ra cnr omg ee {os hoot enh am pcp, wade plo en pi Tremp po dean pcb: por mis ie sgn cin. ro con sep ster set do cao “0 afar do our ge vier ferme mi onc se ingue, por Poo, do eo sue © oxo aol linguagem é trabalho ¢ produto do wabalho. Enquanto tl eda expressio currega a hiséria de sua construgio e de SeUs usos, Nascidos nos universos de discursos que nos pre coderam, internalizamos dos discursos de que paicipamos expressdes/comproensoes préconstruidss, rim pracesto con tinuo de tornae intrindividual o que ¢ interindividual. Mas 4 cada nova expressio/compreenso pré-construida zeros ‘comresponder nossas contrapalavias,anticulando ¢ rearticu Indo dialogicamente 0 que agora se apreendle com as media ‘es proprias do que antes i ora apeeendido. Como ensina Bakhtin (1992, p. 405-106) Asinlugnclas exrateruts tf uma importa mio spc ‘hu primeine eapas do desenvolvimento do homer. Ets Influgncas esto teveadas de palaras (ou ou sigma), « ‘Gta plains petencem our pesos ann de at al, ‘ease das paras da mae, Depo cus paras” se ‘eeabora dilgscamente em palavas prepara cm 2 ojuda de oxras palo alas (ecundaraneroment) © logo 2 loam paar peoprias om 8 per dit ap, fe land metfrcaments) quo sposssom um carter isin sci na incomplende a energla geradora da busca da com plete etemnamente inconclusa. F como incomplenide ein conclusio andam juntas, as mediag6es signieas, ou as linguagens, constridas neste trabalho continuo de consti tuigto nao podem ser compreendidas como um sistema fe- chado e acabado de signos para sempre disponives, prontos € reconheciveis. A linguagem, enquanta atid, implica ue até mesmo as liaguas (no sentido sociolingistico da termo) no esto de antemdo prontas, dadas como um site rma de que 0 sujckto se apropria para usélas segundo suas necessidades, Sua indeterminagio milo resulta apenas de sua ependéncia dos diferentes contextos de producto ou re- ‘cepedo, Enquanto “insimentos” préprios canstrudos nes te processo continuo de interocugio com o out, carregam consigo as precariedades do singular, do inepetive, do in solivel, mostrando sua vocagio estutural para a mudangs, Aingnpenonpmnan cites Na sintese de Kramer (1994, p. 107) A lingugem LJ rule aiidade paige, constiuindo & Contents, porque © expeasio de signs que ener Sento como elemento dt clare, Seno ae exprime 3 ex Pevéncla vivida nas felaes soils, crnendidas estas como pig de imposies, confontes, doses, pades, roman, lmaginago consustes Se neste movimento que se consttuia consciénca,tam- bem esta nto pode ser considerada sento em sua constante mutaao. Elege'se, portant, 0 fluxo do movimento como terit6- rio. Lugar de passagem e na passagem, a interagio do ho- mem com os outros homens no desafio de constrvir ompreensoes do mundo vvido. Pas histriascontidas e 0 tontadas, Dos intereseesconteadiérioe, das incoeréncias, De lum presente que, em se fizendo, nos escapa, porque sua materiale “inefivel” contém no aque agors as memerias do passado e os horizontes de possibllidades, calculados fom base numa meméria de futuro, Do ponto de visa bakhkindano, no mundo da vida “calew Jumos", a todo instante, com base ha memria do futuro dese fico, ss possbildades de ago no presente. Nio se tata de feintocluzis, a partir da idéa de meméria do futur, a idéia de salvagdo teste, O “devi esti problematzada e assim Hari para sempre”, pos vivemas um ‘contexto no qual as metanar fativas de qualquer género sto olhadas com profunda des fonanca” Suva, op. cit, p14), Taa-se de pensar que a toda momento, a todo acontecimento, o Futuro é repensido, rele lo, 6, nesse lugar desterstoralzado, sempre mutive, 0 sujet lo se situa para analisar 0 presente vivido e, nos limites de Sas condigbes dos instrumentos disponiveis, consruides pela Hheranca cultural e reconsirusdos, maxificades, sbandonados, fu recriados pelo present, seleconar uma das possible Hes de ago, Somos movides peas utopias, pelos sonhos, pois Shuaca é mais pobre que uma verdade sem o sentimento de Yerdade” (Mons, ep. cit, p. 33). 22 nes Assumindo que a relagio com a singularidade & da natu- 22a do processo consiutivo das sujetos ¢ da linguager, com a precariedade propria da temporlidade que o expec fico do momento implica, insabilidade dos sujetos ~¢ da histéria do ¢ um problema a ser afastado, mas, 20 conte- Fio, € inspiasao. para cecomprcender a vida, assumindo a ineversblidade de seus processos.* Como temos distintas hhisrias de relagoes com o8 outros ~ cxjas “excodentes de visto" buscamos em nossos processos de constiuigio ~ va sos construindo nossas consciéncias com diferentes pala ‘as que interalizamos e que funcionam como conteapalavas| na construgio dos sentidos do que vivemas, vemos, ove mos, lemos. So esta hiss que nos fazer Ginicos e “re petivels’. Unicdade incerta, pois se compreendo com palavras| ue, antes de serem minhas, foram ¢ so também do outro, nunca terel ceteza se estou falando ou se algo fala por mim, A singularidade de cada sujeto coloca, portant, a ques- ‘0 das relagdes com 0s outros e com a organizagio soca, ‘espago em que nas inserimos instéveise “divididos entre 0 cegoismo eo altruismo" (ous, 1986, p. 58). Este 0 espago, fem que exercemos © que convencionalmente tems chama- do de cidadania. B como na “cidade, lugar do convivio conflituoso com 0 outro, que se process a educagdo, sobre sas priticas, com base nos conceitos bakhtinianas aqui ta ‘dos 3 baila, formulemos algumas perguntas Entrea transmissio do conhecido eaatengio ao acontecimento fa partic da perspecth dla istria, da natureza — que os processos educacionais po- a instabilkdade ~ dos sujetos, dem ser revistados. Parece ser um pressuposto indiscutivel {que a edueago tem por objetivo wansmtrs novas geragBes| Anemone tenons] 23 feonjunto das experitncis do pasado da humanidade,sis- Aematiado na forma de valores, saberes e conhecimentos. este sentido, a atividade pedagogica teria uma caracteristica UAparentemente paradoxal: enquanto pritica social, ola so Inente existe porque a sociedade atu projeta uma Soci ile Forera, mas ao mesmo tempo 0 projeto que a sustenta tera ses fondamentos no passido, Em ovtrs palvras, ¢ socieda ide atwal que imagina um Faruro e com base nesta *meméria Wo furwr0" seleciona do passado os valores, saberes €

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