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Tom Bottomore aditar Laurence Harris V. G. Kiernan Ralph Miliband eeediions ' Diciondrio do Pensamento Marxista | ‘Antonia Monteiro Guimaraes Pr enicader de bree | Maria da Conceicdo Tavares const de noms Miriam Limoeiro Cardoso one cnet sie Yedda Botelho Salles José América Motta Pessanha ‘onnaltons deflate Sérgio Tolipan alton de are ediersra Tose Patne Caz. lsticamente, que #¢ toynos 4 caracterstiea marcante do evolucionisma postivista (ver POsrrEviswa) di Se- funda Internacional ¢ & justifiacianisme historico (ou Sltavoluntarismo) da Terceiza [aternasional, Piekttanoy weatov, €m seu ifluente ensaio de 1898 sonte o papel co individvo na hisidsia, mostrar que 2 crenga no deesminiemo era compativel com um alte hivel de atividade politica, admitinds que ot individuos podiam “mooificar a8 caracteriticas individuals dos Teomecimentos ¢ algerasde fuas consequénciss expect feat, mas nao sua tendéocaa geral” (2969; 169). Em. bora Adler ¢ os sustromarristas tivessem centado, de Tins maneitas. consi Bmaliem e eausalidade, 180- Sando uma eaplicario cousativa da agéncla humana Tome coneepyie no-voluotarista das formas soins 2 rendéncia geval do MARXISMO OCIDENTAL ¢ antinat False anteataalista. bem come anfideterminista. EB tendznan atinghs $6 apogeu, talver, na tentativa de Sorte de fondamentara itelpibilidade da hitona nos projetos, livemente escolhidos, dosindividuos, ao mes fio tempo cm que insists mas Ordens e niveis maliplos Ge mediagaoa que as forashabitualmente considerndat neo matenalisms wsténco estia devidamente sujeitas: fm Sartre coma em Fite, & a determinagda, ¢ mio 4 iiberdade (ow a possibilidade de emanciparso}. que Term de ser explicida, (Ver tambérn DIALETICA: INDIV! DUD, TEORIA DO CONMECIMENT; MATERIALISHO; REA Lisht0; CIENCIA) a0 Moograftes Adit, Mes 1904, Heurhast wad Turologie im Snete TURE Minecrksf (W'S), "Casuey and Telesyn 7. Ban Soap "Geta fotp )s hasro mavicim @ althuber, Cou 1902 TEugtraicnoe ¢ trdtiemintion”, fepabscnaa eeu L- alivaact les Pour stars {a fovor ge Mart, HO9] @ Dhaest, Ray 187 The Poulcy oraraae @ ae. FTE, Ro Maras Theor A hlatory © Cardona, ME 175, a seciagi demmense, O 1973. i ana crams Cat, Any Ht Co SRUB‘(eedey Oa the Re atthe ndiuat an Mason Puunsnce, Fundament Prater of Marsiom |Quesses fuser found marauma. 17AV@ Sart, Jenn Paal 19600. Queston de mh UGetQuonder de ming. 178} @ Tenganaro. 5, 1713, Sul mates, tanec Onmaserlum @ Wear, Attach #1. "Catiger of Mar Pounvsnrs on 7 Bowamore (ort), Modera Inverpranens of Mer fe witless. Aaymand 19TH, "Desermaa, ow Bl Deutscher, Isaac (Chrzanov, nas proximidades de Cracowia, 3 de abril de 1907 — Roma, 19 de agosto de 1967.) Tena mazesdo em uma familia judaica muito: religiasa, estava destinada a ser umn estudiose oo T3l- hud, Mas renuncow a sua crenga religioss na juventwde ingress ng entio slegal Partido Comunista Palonés ei Varsavia 10 ano de 1927, Foi expube do partido fan 1932 por sua oposigéo a linha entdo.predominante em relagto ao FASCISMO, qual seja a de que ele mio constituia maiot ameaca para a classe trabalhadora do que a SOCIAL DEMOCRACIA. Deutscher ligou-se 8 post: Gio trorskista (ver TROTSKISMO} ao STALIMISHO, mas Torn aurse membea do Partido Socialists Potonés. Ops ve a formacie oa Quarta Intemacianal (ieotskista} em 1938, com 0 argument de que nio extsuam condigées para a5ua eficsoa. Err 1039, rans(eriu-se de Varsovia ppara Londres © servi no Exercita polonés de 1244 a. diaidtea 108 lsica, em pesigcicos como The Economure The Obser ver, corn 2 redagdo de ensaios c livros « eo palesttas { progiamias ridiofOneos ocasionais. Proferi as Treve Jynn Lectures na Vniversidade de Cambrigge no pestoco 1G6- 1967, a8 quais foram poblicadas (1967) com olla de The Unfinished Revolution: Ruse 1917-1967. ‘As principals. obras de Deutscher sf0 a sua ‘rafa pobeaP'd STALIN ¢ seu livro em tits volumes Sobre TROTSEY, exemplos destacados de Biografia 90 fatle muruista e também notaveis por sua qualidade iterara, Nesses¢ emoutfos exerts, Deutécher Duscou {aser uma aprecagic equilibrada da expenénsia 1ovie- tea, Foi unt eriga soerente © scvero de Stalin ¢ do Stalcismo, mas alow asus condenagso a uo zvaliagio positiva do que fot realizado pela “revolugéo vinds d= Sma” orquestrada por Stalin..Um temaimportante dos fSentos de Deviscicr ¢ 0 8 que uma classe opersria ‘1d nascendo na Urito Sovictica, que, com a tempo, poderd camprit a promezea da "zevotegdo inacabada {piciada em outubro de 1917 i [Mbdografe: Dewtcher, (ke 1949-1987, Sun: A Fotal Bore ROOTS) Sine [Stay » mdr dt me trom, (990) IRE Srophes Armed Troy: 180.1921 (Trooky: 2 pre mat, a8} O 19%, The Propeet Unarmed. Yroaky: 12/1028 [Tron pra tsarmedo, Thi © Was. The Proper Oukas, Tony. fabtveo(rouy 0 prciea bandon WPSE.G 1955 «198. “Merrcs tnd Hemera and Ocor Esayt Q AOA, lose of Hato irom To fir kt O17, Marcie m our Te © Howes, Divs 8th Ine Bewschers Te Man and fs or dlalética Possivelmente 9 topico mats eontovers0 pensamento marxisia, a dialtica susata as dust princi fais questées em termo das quais tern girado a andhise Floséfica marxista: a natureza da divida de Marx para com Hegel eosentidoem que omarsisino €uma cd ‘A dialétia € tematizada nia tradigéo-marxista mais co- Memente enquante (a) um metodo: ¢, mais habitualy mente, um métoda cientifico: a diakética cpistemolgice; {b) um canjunto ce leis ov princtpios que governam tum setor owa tatalidade da realidad: a dialeica.ontold- igico;¢ (6) 0 movimento da histdtia: dialética refacional. Todos os trés aspacios encontram.se em Marx. Mas seus patadigmas $40 0s comentifios melodaldgicss de Marr em Capiial, a filosofia da naturera exposia pot Engels no And-Ddhring, © 0 hegelianismo transli- furado do Lukdes da primeira fase, em Geschichte Und Klassen benussire’n (Hizidria 2 conseiéncia de classe) —tertos que podem ser consideradas coma os dacus pentos basicos da eincia social marxista, do materia- Tismo dialetica © do MARXISMO OCIDENTAL, respect Hd duas inflexdes da dialética em Hegel: (a) como processo ldgico, © (b) mais esteitamente, coma o dina- mo, o-motor desse procesto. (a) Em Hegel, o pringipio do ideatismo — oeenten: simento especularivo da realidade como espirito (abso ato} —une duas iendéncias antiga dadialética. a tia cledvea da dialéiea como razdo ea idcia jonica da Sialétiea come. processa, na nye da diaietiea como tum processo dé razdo que se autogera, aviodiferencia ese autoparticulariza. A primeira vertente comeca com NOt dlatesen oeritica.platonica e stistorélica , pela pratica medi Te S8 Sispota. chegando écraicn Lantiana. A tegunda 'éia de dialetica assume, tpicamente- uma forme dea hhuma dialetiea ascendeme, demonstrate a crits Gf Rta salidade superior (for cxemplo. as Formag ec Deus); e, numa dialstica descendente, explica se ras imymilestasa0 no mundo fenomenal, Os prototipos see Sdlalética ranscendente 4a maria doceticume unice a dialétca imanents da auto-tealitagao diving dence lologin neoptavinicae cst, 3 parti de Plotinae Eng, fa. A combinasio das (ares asccndente e deste Repoka em um padedo quasitemporsl de unidade orgy nal. perda au divisio e retormaos reunifcagio; oo ea tim padréo quasii6gico dchipdstacee eslizacion A coat Pinasio das vertentes ele aticae jSnica resulta ho bon, luto hegeliane — lopc0 ou dialgtice que se Zcaliza pela prépria alicnacao © estabelece sre utane Sarisiga mesmo reconhecendecssa alienagan coma nada ‘Pais Gue sua propsia livre expressio ov manilestan £ S95 $ fecapitula © se completa no pruprio Seteny (0) Omotordesse proceso dialtica, eonecbida de maneits mas resis, que Hegel chama de eee leentio doy contrésiosom rus yuulade 0 do eae fe negnivo” (IEIZIBI6" I5E50). fo naicae Oe fermi 20 pentadordaiico observa @ procera Soe wal § Categorias, nosdes mu forma We Sones Setgeot umas das outrss para format totsbdadee en spientc entre qualquer forma 0 que ela €noprocesso de vir a sex, ‘As fares mas importantes do desenvolvimento do Pemamenia de Marr sobre a dialétca hepeliana dg {i) a brithante andlise de ldcica “mistifieada' dese dia fusrada Fumi A ideolopia lend e Miser a fleac- fia. aenitica & Hegel € feita no quadto de un violeny HAGWE polkmico 4 flosofia espeeulativa enquanto ta, (Wil) a parur da epoca dos Grundrisse, quando hd ane SSnce dessa reavaliagda continua senda objeto de ani- mada controvérsia, Duss enisas, porém, parecem cares forade divida: Mara continuou a feruma posturseviina ante a dalética hegetians enquanto tale, nio obsiants, actecitava estar trabalhando com uma diaética lacie: pada & begctiana. Desta marcia, dit, a propdsito de Diheing “Ei sabe muita bem que mew mttoda de desenvolvimento is hepeliano. ja que sou motetialista e Hegel ¢ ecole A iibcsdo auc x ness soft nas mos de |Hepelnio bnpede que cle (cabs uo oprineite aapresenat ac oleey setaisde movimento de mascirasbrangente. Cot cles sie ea Std Ge eabers pars trina, Ela deve ser vernida, tae ‘We sc revele-© mdclew racional dentro da grape were Estas duas metiforas — da inversio e do neleo pr dkram objeto de uma especulagio quase teoldgice ‘A metatora do micleo parece indicar que Mar aches Persiyel conervar parte du dialética liegeians, contra 4 Simcepsso (1) dos 1oveNs weceLiangs ¢ de Engels fc, Infelizmente, Marx néo realizou nunca seu deseo de “tomar acensivel a inteligéneis utnana corum eo ‘duas ou trés paginas, aquilo quc é racional no mélode (Cioberto © 40 mesmo tempo misiliesde por Hegel” (Cama de Marx a Engels, 1$ de janeiro de 18539, Quatquer que sejs a civida de Mara para gom He- fel, hd Rotdvel cocréacia em suas eriticas a ele. de 1803 3 1873. (a) Formalmente, hi trés alvos principals de ataque —a3 inversées de Hegel, seu principio de identi: Gace ¢ seu misticismo lapis. (6) Substantivamcite, Mare centra sua enities ma incapacidade de Hegel se fustentar a autonomia da naturezae a historicidade day formas sociais Sid Pispria posicé0 como wma inversio da posigae de Hegel: a inversso da inversio. Assim, Margcontis. Poe Acntologia idealista absotuta, Aepistemalogis racio. halista cspeculativa e sosologia idealista substance Gc Hegel, uma conespeéo dos univeriais coma propre ales das comas particularss, do conhecimenis como [edutivelmente empfrico e da sociedade civil (was tee dos modos de produsio) como fundamenta de Estado. Mas ndo ficaclano se Marx e:td apenas afar, (a2 4 sontrario da posigio de Hegel ou se att transtor mando sua problemética. De (ato, ele hsbitualmente transforma: sua critica wmntantn vnc rooms a | | | Gespinto infinite uma peojegdo ilusdria dos seres fits [akenados) © # natureza como transcende talmente feal.e a telco lopi cspinitval imanente do espirito infin tw, peteificado € finito hegeliana ¢ substiuids por um Compromise metadaligiea eam a investigagso, contra fda empiricamente, das relagdes causais, qué 5¢ 030 no antenor e de forma fetfproca, entie a humanidade histoncamenis emergente, em permanente desenvale ymento — © a natereza ittedulivelmente eal. mae ‘aralormavel. Igualmente Marx ndo diferencia de ma- heira rita a5 tres inveriées sdentifiendas een Heel Avdistingces entre clas esto, poréma, implicitas 3 8¢- unde e na tereeita linhae de critica adotadas por Marx. Quando pée em evidencia as redugdes que Hegel faz te ser 29 conhecer (3 “falicia epistemoljgica”) ¢ 0 signeta & flosofia (3 “ilusio especulativa”). (2) A critica de Marx ao prineipo a3 wentitace de Hegel (a identidade do sereda pensamento na pensa- menta} ¢ dupla. Em sua eritica eroténiea, que segue 4 linha do métado transtormative de Feuerbach, Marx Faaslia como @ mua.do empirica surge coma consequén” Cia da hipstase da pensamento feita por Hegel, mas. fem sua eritica exotérica, Marx afirma que omunda empl feo € realmente sua condigdo secreta. Assim. Mart observa come Hegel apresenta sua propria atividade, fu 0 processa de pensamento em geral, transformada in um sujeito independente (a [2éia), como demiuigo 9 mundo experimentado, Argumenta, also, que © ronteuido do pensamento especulativa do fildsofo con: iste, na real@lade, em dados empitieos recebidas sem Critica, absorvides a partir do estado de coisas emstente jue, dessa maneita,e feificad eeternalizado. O diagra tha seawinte mosies a Kegiea ds objegso feita por Marx de Mare so prentipi se identdade de Heath pastas reaira ‘eancetuat — crundo-empirice —espirite fino — espirt® inti Tet Provo litte celeb teas stangarads coi eeeieene posativiema nie cero” deakamo ndo-citico”™ (momenta feverbactiarad A andlise de Mars implica (i) que 9 comservadorismo ‘ou a apologetica € intrinseca ag metoda hegchano, & nds) como os hegelianos de esquerda supunham, ¢n: (quanto resultado de alguma (raqueza ou concessio pes: Saal, © (al) que a teoria ldgica de Hegel € incocrente com sun pratiea efetiva, porque seus passos ‘Sao motivades por consideragses nio-dialétieas, irefe- Uidas, mais ou Menos grosseiramente empiric (3) Acrtica de Margao 'misticizmo ldgico"” hege= liana © 4 partenogénese de conceitos © enganos ideolo- ficostnvecativos que ele posubilita acaba por revelat-sc Como uma erica da nogdo de autonomia ou auro-su- ficiénexa final da filosofia {e das wéias em geralh, Mas também agul ngo ¢ claro se Marx exif defendendo (I) fia inwerean literal. stn 2s shenersn oe Etaoin C0 diaitica 109 sua suplantagdo posit) pela ci ncn talcomo susie W poldmica Go periodo se A ideoingia atema; ou (i) diam pritia trarsformada da Blosofa, ow 3efa, #90 heterbnoma io #, dependence da cencia ¢ de outras Drdtias soca malcom fanges propeasrelatvarente Tardmomes, tal come indicado por tus peepH praca (epeta de Engel ey a ertuenque Marc faz a Hegel nos Manuscrics scondmicor« filesificr locas dss lacunae coace {uals (1) 4 objemidede da patuteza c do sex em eral, Conecbides com radicalmentedistintor do pensamca- toy isto €, como dotados ce reabdade independente, deaprovidor de dependéness causal ¢ de mevessiade telcolopiea em relagdo a qualquer po de etic: © {G) 2 eatingio cate odjrvacdo alienagdo — 3. 2 iansfigurar moraine nte as formas atuais, histor amentedctermiaadase alienaslas da objevagdo hema. na em autealiergio Ge um sujeto absolvie, Hegel Civizia conceitalments 2 posiblidade de wm modo feolmmente humazo,nfovabenado, de objetivagso Bums tts Em oposieae a Hepel, para quer "0 dion trabalho (oj ea rabatho menalcburaio™ (Manuserito econo thicoseftousco, final do tereeiro mazuscrit0), © 3 Satho pare Mart Sempre (1) pressupoe "um sbstiato material C-) poporenado fem ajuda do bomen (0 Capual Ics. 1) © (2) envolve cransformagto re, cCrapizendendo ped ireparavel, finitade © posib wade de avtnsea iovagao © emergenea, Desa for to. qualquer caléticararxistaserd condicronada Obje Civomtente, serd abvoltamenns linitada © prospectiva- mente abers fio, iracabada) ‘Uma possisldade suscitada pela ete feta por Mare i ovote da identidade de Hegel é a es gue UGlaaten em Bare (e na sarxizme) pode nfo cipec: iscar um fendment cnkdria, mas sir vAtins Figuras © (pros ehferenter Asi, refentse a pads bu processos m filosofia, sa eénets ou no emundo; 20 ser’ ao pensomnto ow nasa relacio (alten ont ‘Sea. epatemoldgia e feluciona!). na naturera ou #4 Soeedade. no que esté-"deatro" ow "fora" do tempo {ehaldieaistcrca versus dalética estrteral) — 205 Civersaui ou fos parulare, rans-histricos oy tE- ‘sdentes etc, E dentro dessas categorias, outras divisocs poder srsignticatvas. Ass. qualquer daieies Proprio de de Marx niio se apiica apenay ae homem, mas a tudo 9 cect sseneia 6 que tenha a sua naturenn tort do si, E dado eC eREMBLL a relagko entre m pines sol é Bau potee08 entender melhor em qué sentine ¢ hemem Gado nolo préprio Mare. © que esti, pottanto, em jogo Siocletivo: seu ser sd € pelo objeto win tee do qual esta Pada menos que uma entologla do ser compreendido como situndo, pelo objeto que o condicera ce ibnite. Nesse con. reg, DA qual os temas classioos ia Mebuen encontra. Heo, els a afirmiaco esseneial de Mar: “Urns esstnola que Flam sua solugio na categoria do bist no tem sua naturezg fora de si nfo é uma esséncia Raturat, nin participa da essénela da naturega” 7. Justamente ‘or. Que o homem tem a sua naturesa fora de st, pode participar gm, natureza, © particlpando tornase objeto ne é objetive Borate 89 obleto, o problema que surge de imediato 6 9 fenseléneia © autoconseléncia, Bis a interpretagio que dé nena et "Uma esséricia”, acrescenta Mars, “que no tem, Marx para esso fato: “a eanscitncia, e autaconscitncla, Renhum objet fora de si, nao g uma esséacia objariva” um ser junto a st (bei sich Sein) emt seu ser outro como canting de 8! — entendase: que niio depenae ne Seu ser do cl”. nosso tliésoto repete, variande formuta: em “seu Porque Marx grifa o verbo ser: 6 sen? Como Lal ela ¢ unto a si”. Deseo modo, a cons- sithcla também se explica pel Alteridade, pelo process ce extertoriengio, “Aa conscltncla”, esclarece, “o saber como t opeeeayS josultaria ‘cin absurdo. (Bmwesens aes fosse Gun Tigo Densir como pensar, ato imediatiorca es Some 8 objetividade, a esséneia serin sé, fsolnds, ¢ nfo haverin gue Rdo eles mesmos”. Eo que 6 mae outro? Respostn. Participagao: ela paderia ser, na melhor ave hipéteses, um “senstbllidade, realidads, viga"i" Nesse particitlar, Mane se ente de razao, abstrato, meramente pensado. E 0 que possi. opie frontaimente a Hegel. Porque paca Hegel, a ‘consclén. Diva a participscto ¢ o tata de @ home. ser sensitiva, prince depends do objeto, mas este np teens um &* Déreo, ou seja, passivo: o tate de que ele sofre o outro, Princ{pio de allenagao da. sonseléncin, € @ calvarlo que a a inte: o homem é objetiva, © ele o€ poraur a gene i Ser agua ee etrbvessar para que cla propria teats 2 8 sl, encontra-se em face de objetos que Ihe Germitom ser, i Ser aquilo que de fato é: Espirito absoluto. E enquanto o A andlise de Marx poderia susciter 1 dmpressio de que Espirito nfo se realizar, n dicotomla, que deve ser superada, Se trata de ums problemiticn aplicével apevec Tealidade ! 6 Ped. p. 277, » Mnid, p. 29% 86 9 PROCESO DIALETICO @ principio de allenagao para o Espirito, Assim, em Hegel, a Elueridude sempre é allenante: é allenante paza o sujeto ue s¢ distrai no mundo dos objetos @ deve vencé1os para descobrir o fundo de absoluto que traz em si; ¢ é allenante harm 0 subjetividade absolute, enquanto esta niv resolver 2 digotomin em si. Em Marx, a allenagge presenta cardter totalmente eiferente, mesmo porque o objeto nho substitul aubjetividnde absotuta, ele nao passa @ desempenhar ss Tangoes atribuldas por Hegel no Espirito, Agora, j& nfo se husea superar o objeto, ou dizer que © objeto em si mesmo constitu um prineipio de alienacao; como também nfo se pretende que o sujeito seja em si mesmo allenado, jé que tncontra @ sea ser ne abjetividace. Destituido o AbsoLuto, faliengae nao pode mais exercer um papel cesencial ou Constitutive da realidads, Els passa a ser um fendmeno (lerivado, secundario, enrneteristico, de modo peculiar, dn lase capitalista dos meios de produgaa, ¢ que por Isso mes. ‘o deve ser superado: aqui esté a justifieativa ultima que suterizn a revolugo preconizada por Marx. A transmutacio co sentido da prdxis metafisica, JA snalisada por nés, prendese intimamente ao tema da destituigie dy teor pre tensamente constitutive da allensgio. Porque toda a Meta. @ wbienante desde n sua origem, desde a momento tm que surglu, com Plataa, 0 tema da particlpagao no sen- tido metafisico, Contudo, fol Hegel que lesou o problema da olfenagio As suns conseqiiéncias mais exaustivas, @, Pro Cisuinente esse {gto tornou possivel o surto do marxismo. Se Marx contindasse a emprestar A olienagio um lugar osseneinl no estudo da estrutura da realldade, entio ele teria escrito tdosomente um capitulo a mals na Historia da Me isica. Mas nfo: o ser mesmo da conscléncia est na obje- tividade, © nisso nfio hé allenaco, ¢ sim realizacho da cons- ciéneta — o que nfo impede, devido a outra ordem de ra- es, ‘que historicamente se possa verificar a allenacko, Ha umn frase de Marx que confirma o que dissemos: “A cons- sencia enqunnto Apenns canscléncin encontra o sex Impulso | na odjetividade como tal ¢ no na objetividade nlte- "38 Pereebese logo por qué: se a consciéncla encon- an razio de ser na objetividade allennds, entic © Tid, 207, AU TESE 187 a objetividade seria 0 negativo quo doveria ser transcen ido —- e volterinmos a Hegel; se a objetividade fossa om cttnesrea allenada no poderla constitulr o ser mesmo da conscléncia. Portanto, 0 préprio ser da consciéncia é objetlio., © por Ineo ela encontra © seu Impulso inicial na objetivideds Pera a questo agora é: como so explica esse Impulso Sal gal? Mare diz: “A razBo esté junto a sina nfovanio ch Guanto morazcio": a reflexdo, a razko, a conselencls Gkontra ass gonese 0 irrefiexlvo, na niorazko, no Jaco? Aquela génese apresenta sentido causal? Mare dotire fa consciéncla como um ser junto a tatte pela objeliridade? O tema pode ser discutido pela cmgiize do segundo Item a que nos referimos: a questio da origem. © problema da‘origem, tal como estantos eolocando, ¢ dos mais complexos da obra de Marg e dos menos elt: fianios por ole. Vimos que "ohomem é imediatamente cmdencia natural”, Entretanto, 9s0 est longe de esgoler ceciivade humana, porque Marx corrige ® sua asseztiy see no dizer; “Mas o homem nao é apenas esséncia Satural, ele é também essénela natural humana, isto 6, orm naturel “jue € para si propria, e que por isso ¢ esséncia condrica, que como tal deve confirmar-se e ser ativa erm so¥ gore em seu saber”. De certo modo, aparese-squl, ume sShotomia. Claro que néo no sentido substancialista, de res Copitans ¢ res eztensa; apenas No sentide de que & esséncin fawural se ngrega de alguma maneira o hurrono, Bo hus Thano quer dizer: um ser para si, ou um ser Junto a si, sto ¢, dotado de consoléncla © que exclusivaments por Isso pede ser chamado de esséncia genérica, Ou mals simplesmente: tuiste a natureza © existe o consciéncis. Cabe entao pergun: jar: qual a Telagdo que hd entre esses dois termos? Ou ain qual 0 ato de OFigem do especificamente humano da esséncin fatural humana? Qual @ historla desse propriamente Dw. mano? Marx fala também, em natureza objetiva ¢ natureza ® Iu. p. 8 fo Tbid, ps 215. 188 © PROCESO DiALETICO Hrcoske conslderadas em si mesmns sho atieane Disso 8 conhecenos uma rasto: tude ¢ pele proceso do exte. Horlzacdo. Essa primeira resposta, porém, se arosekg” & faturesa objetiva nem a mau subletiva ta pesentam imedistamente e de modo adequado & essén. pay fiumana."* Portanto, neninuma dae ate noturezes pode taco de tame Gar conta da origem. A onlgen Rdvém, nese fer fie leteelro terme: “B eome en natural deve 221 tua origens, assim também 0 heen tein © sett ato do Orlgem, a Afstdria”, «a Dizer gue o especiticamente humano da esséncla natur pumans esis na histéria também ae ‘asta para ellitiont orient POS — 9 que 6 a blstdrla? os dizemes que a origem estd na histéria, apenas transferlmos o problema dizer gatas: “conhecer”e “conscrenerat Tee ue quer nants, © ato de origem da histSrle ete do eerlo modo, Cold sa tnela. Ou melhor: o ato de Origa s da histérla nig esd na historia da orlgem c sim ne superncio pels cons: Aisne, °® histérla da origem, Enquanian eres orgem da —_ © Ibid. p. 295, Ibid, p27. A TESE 169 Plesmente porque a consoltncia, come yimos, nfo‘é ‘ele regina © vive da alteridade: “A histérla ¢ a yerdadelra‘his: tari natural do homem”,* De um lado, pols, nfo 80: pre {onde admittr que a histérla se justifiquc meramente Bela subletividede, ou de dizer que o proprianente humors 7adlea na subjetividade como tal, mas, de outro, tambins Q recurso h préhistoria, qualquer que sejao made cons Cho de ie 8 Pre", milo oferecs tmargem para uma explicn cio da histdria, (AO longo de sua obra, Marx acentua renovadas vezes poe satenga entre o homem @ o animal, N'A Ideologia Alem, ese: “Onde existe relagio, ela existe para mim, Paalmal nfo se relacions. com nada 9 sequer se ‘relacioms, Zazt 2 Snimal nfo existe sua relacio com outros eoirto selet a0"! No homem, postanto, constatase a vivineia ae pate $e ‘como selacio, enquanto tal; os homens se’ relaclonsm these peutfos, tim eonseléneis disso e conhecem a relagto shesse processo nio deve ser !gnorado o papel decisive ane Sgsempenam os meios de produgto, tema de que nos oeane STE eer te) E 6 sustamente desca conscléncta «i aa bef iustorin. A consclénota se dé, pois, na relagia, mae pumano do hemem reside nessa tninterrupta superagao, Pos isso, 0 ato de origem da historia nfo esid meraments rune se eeaste iniclal, cronologicamente primeira e que inaugira ria toda n historia; a superagio, nesse cnso, tera ncentenay Ge,uina ver por todas na orlgem — hipstesa que nso explice ® historin, além de marginalizar @ homem. Tonge disse a Tid. p. 275. at Td. Hite Deutsche Idect ;Fressupomos o trabalho sob forma’ ducheton ee Enus onic um Arqulleto ao eonstrulr tun colmela” Mas @ que dix Eineyo o plot arquitetD da melhor abetha € que cle figure nn nee FERRERO Antes de transforméin em renlidade. Ne fim do neces roatiabalho aparece um resultado qua jd existla antes ieaincone ne Imeginacio do trabalhador” (0 eapftal, © PROCESS, BIALETICO superagao acontece sempre, constantemente,, ou sea, ,6.,is-, itis éfelta, e-no fazer, na,préxds; é qua;ela enceniza.o seu, ito de origem, Pelo’ fazer, pela: préxis,,c, homempdquire Sua dimenséo especificamente humans. Sets Gonvérn nos determos um pouco:mais no assunto. Conno contender a Superagio pela conscléncia?;Voltemos aos pres. Supostes historicos negatives da, interpretagtio marzista da, Jo. Referindo-so- Hegel, assevers ‘Marx nos. RRAnus-, "Toda a Logica ¢, portanto, a prova de.que 0 pensamento abstrato para si no énada, de que a 1déia abso, ita para si no ¢ nada, de quo em primelzo lugar avnatureza (alguma eoisa”? A superagao nfo pode acontecer, pols, nos inoldes hegelianos da Cléncia da. Légien,: enquanto proceso imanente no proprio pensumnento, Se.e natureza 6, 6410 6 o ser, entho © processo, superante deve reslizar-se ; em: ter-, toe de natureza, Mas que natureza?-Porque ‘também. a, nafurera, toniada wbstratamente, para si, fizadanas5epars-, {a0 em relagiio so homem, para,o;homent-nao. é yada’.t*, ‘Assim, a natureza sé é para o homem ma medida em gue ela. fe relaciona ao homem, Entretanto, -n’A-Ideologia -Aléma,, Marx esclarece qua, a despeito disso, ha ume.prioridads da, naturesn exterior” #, sem embargo do: fato de que a sua Coneepgio da naturaza ‘nfo tem aplicagio sobre o homem brigindtie, crindo através dla generatlo aequivoca", Marx se retere, cvldentemente, no evoluctonismo, e recuse a idéla de ma criggia divina ou algo que Ihe seja equivalente, Contu- dp, mse o ¢rohuctonismo € sfastadg. pars tra ‘segundo plano. . Nese ponto § que surgo uma certa ambigilidede em Marx com respeito & nogiio de causalidade, fazenco com que la se situe como que em dois planos. Fxiste’ uma emusall- le bruta, linear, que preside @ prloridade da naturezo waterlor od 3 pereratio cequivoca;, mas’ essa causalldade para o homem nfo é nada”. E nao ¢ node justamente por fe hd um segundo tipo de causalidade, que ¢ a que: Inte fess 8 Mare: a da relagio ontre-naturega e homem>\na relagao a natures adquire realmente sor. A historia’ do marxiamo repousa freqllsitemente numn, confusio: entre, und Phitosophtes p. 263, Ble Pri “4 Told. p. 265, a. Die Deuitache 1deologie, p. 38%. . tem I, Metionalskonomt A TESE ign esses dois tipos de causalldede. Assim, todo o positivismo Gus invadia a es00lu 60 pode ser Justfleado em termos do Brimeiro tipo de cousslidade; a generatio aequivoca, pasts prime gptieadn 4 reflexologia, por exemplo, ou a wun tipo de Rajeologin que pretende explicar a conseléneln como prod; psicolOk Mobro, Evidentemente, Marg ecelta a generatio aequt tose, mas é iguaimente evidente que nao ¢ ai que ele poe toniga de seu pensamento, © bem verdade que toda esse tonlgtica nfo fol sufieientemente elucidada pelo proprio sarc (ammlto menos pelos seus sequazes), quer porque ele mes je omio co dedicou ao tema tanto quanto seria de deseJar, quer porque fosse demasiado cedo para isso. Seje como peer Ptattn do uma discussio mals ampla desse problema resultau em ambigitidade, e explice 0 positivismo que s¢ fall trou na escola marxista, Acontece que, se os dols coneeitos {ieridos da eausalidade forem radicalizados, revelarseo incompativels. E a dialdtica 6 se coaduna com o segundo coneelta, o que acentun a idéia do relagio entre homem © natureza. =" Que Marx niio empresta maior importincia a0 que chi: mamos de causalidade brute, 6 dbvio. Todo O Capital, por siemnplo, Tepouse sobre outro po de causnlidade, Isto é, fa relngéo propriamente dlaiétien, E que aqul se concentra Dempenho maior de Marx, percebe-se também pelo seguin- esa distingéo sé tem sentido na medida em que se consi: Gera o homem como distinto da natureza, Além disso, essa matureza que antecede 6 histérla humana, e no qual vive Feuerbach, mio é @ natureza que existe hoje, com excegio de algumas Ilhas corals ‘australlanas de origem recente, mas ama natureza que nko existe mals, @ quo nao existe mals {embem, portanto, para Feuerbach”./* Marx quer dizer que ‘0 que existe hoje ¢ @ natureza trabalhada pelo homem, 6 ‘nfo a natureza em. si, obstrata. O que lhe Interessa @ a natu- reza atual, trabalhada, industrializada, e com ¢la 0 segundo Toneelto de eausalidade, propriamente diniético. O racloct nlo poderia. ser aplicado também a Pavlov, que é 0 Peuer- ble. p em que se dA a genezatio aequipora. 159. 0 que eignifica quo Feuerbach estaria certo no plane 192 © PRecESso DiaLérico Fach da Psicologia. No mesmo tlvro referido, algumas Daigle Menthés © texto cltado, reportando-se nos povos primitives, Marx fala em “identidade da natureza e do hommemenc Ocon- fiite de Identidnde nio detxa da apreseniar os seas perlgos, Rerdeiro que ¢ de toda uma mitologin metafisioe De qual: sage forms, Marx sabe perteitamente que 0 qee importa dada tom a ver com a identidade iniclal, A realise 36 pode cr rag breblema na medida em que se tmpses @ifevenca centre 27d0 Bb Identidads, © & nessa diterends gue ce con. so totale Faeiocinio. G pensamento da diferonge fale infer tmente enquanto permancce norteado pels identidado sree, homem @ natttreza que pode surglr tatnisen Gon Bro- Biema gue faga realmente sentido. H entzo cole falar, com Paalt se ac, hoawele segundo tipo de relagao causal JA soe Ris se exptica 0 real a partir de uma orlgen anterior, nip Hains Propriamente causalicade linear, gciny relagiio dia. Ietica, pa alldade da rolagio dialética esta a orlgem da ists. sig; Entende-s0, por isso, que Marx diga que e histérla é “um ee ue Orlgem que se supera pela consciéncin, enquante ato Go gtigem”. E consclenela quer dizer ngut aug c homem faz a historia, que cle é ativo, e nessa atividado fa wea eonstante feo ae ap austSrta se constitut por essa superacme Mas isso nao significa que a conscidnela seja primeira, que se Ge Antegelderélascomo m causa da histdria, Nao'se toate Ge Antropologia, i manelra de Feuerbach; porque Feut Premise OREN abstrato: primeiro ¢ o hemem, depois Vimos que o homem 6 Passivo © ativo; ¢ passive porque sofre © objeto por ter necessidades, e é ativo porque traba- tha é transforma 9 mundo. Na relagiio SuJeitoobjeto, os dois mamas Sa Pressupoem @ formam uma totalidade; socio, mundo nao se acrescenta a9 homem: o homem ¢ desde sem Prt mundo, e um mundo em transformacao, Nesse sentido pont Mare afirma que "as sensacées, as paixses, ete ae hemem, no sio apenas determinagses antropoldgicas ("..) © Tid, p83, A TESE 193 ho sensivel, @ sim vardadelras atirmagses (naturais) essen Cials de carter ontoldgica”." Desse modo, 0 tone do reat jauas coisas separadas uma da’ outra”s Longe disso, 0 homem sempre tem “dinnte de sl ume Ratureza histérica ¢ don 2isteria natural”. as implicagcos la tose de ‘Marx esten- @ totalldade: que se explicite o fvel, pois pelo sens{vel o homem ens objeto sensivel, Cu que esse te atividade senstvel, porque sd sr 2 torha possivel harmonizar natures « histérie, ati. {dade pratica @ atlvidade teordtica, O deferie maior da fito- HIG. Notionaitkonomte und PRMesophle. p. 296, 8 Told, p, 2as, 1d Die Deutsche ideotogie, p. 349 # Ibid. p. 352, 4 bid. p. 284 19 0 FROCESSO DIALETICU Interroguemos mals uma ves aquele ato de superagio ga historia pel conseléncia, Como entender de modo mais vonereto a superacio? Qu por outra: o que € superado? Nao te ullrpassn n objetividade em si mesina, porguanto so tal fasse 9 caso suspenderseia 4 propria realidade, ja que esta (objeto em seu proprio ser, Em Hegel, sim, superase o nbjelividade porque © ser do real é Sujeita absoluto, @ a Sblevridede ern si mesma Se torna prinespio de alfenngio. rr Marx, o que sé supera € tdosomente um modo de ser Ga objetividnde, sem abandonar Jamols a objetividade como tal, compreendida mela o fato da que tudo est em cons- tante transformacho, Com a transformagio da objetividade tennsformage também o ser da consciéncia, visto que esta -ncouitta 0 sou ser na objetividade, Compreende-se, par isso, que Mam se preocupe em enracterizar em primeiro lugar & Objetividade, e nfio a conscléncia: é que ele quer estabelecer ( existéncla humaih ¢ 6 histdria em bases terrenns. Ora, isso se verlfica através de eertos pressupostos, ¢ » primelro é que 05 Momens estejam em condigies de poder viver, pols #6 entfia podem “fazer histdria”, E “A vida per- tenes antes de tudo o comer e & beber, o morar ¢ a indumen: liérla, além de mals algumns colsas. A primefra ago histé- cn é portanto, a erlagio de mefos para salisfaer essns necessidades, a produgio da préptia vida material, @ esta Yuma agio histérica, uma condigho fundamental de toda histérin”.* A produgio de melos jé constitui um processo de superagic. Mus a esse primelro pressuposte nrreseenta- fo ami segundo: “Os instrumentos de sttisfagio jd adquiri- ‘los levar a novas necessidades”# Este segunde momento petmances tio estreitamente ligado ao primeiro,.que aqul também Marx pode repetir que se trata da “primeira ago histérica”. @ terceiza pressuposto esté na procriacio, ou soja, na familia, Claro que esses pressupostos todos consti tiem apenas momentos ou lados de um mesmo processo, aro por que scgliese, em quarto lugar, que “um tipo deter: 0 ou de grau industrial pernancce unido sniniade de produ n modo determinado de caoperagio Om gruu social”, E Cntfio conclul Mans: "apenns agora, depois de termos consl- A TESE 195 dorado quatro momentos, quatro lados das relagdes orkgint- Shas, historicas, depara-senos o fato de que o homem também fem ‘conseléncia’ “#1 Esse “também” parace carregado de um tom um tanto depreciatlve. De qualquer forma, ¢ ébvio que ‘Mansciénela acompanha todo o pracesso histérico desde sun origem, precisamente porque o homem, come 4 vimos, 0 unico animal que apreends o relagio enquanto relaciio, sem a concomiténcla da consclénela nfo se poderia verit\: car a eriagio de melos para satlsfacer as necessidades. © tom depreciativo de Marx so Justifiea porque ele esta pre oeupado em descartar 0 idéia de conscléncia pura; tanto, que o texto continua da seguinte maneira: “Mas 1880 1140 de saida, como conseléncia ‘pura’. O ‘espirito’ traz consigo @e saida a meldicho de estar ‘preso’ & matérla, que aqtll aparece na forma de ecamndas de ar mévels, sons, enfin como linguagem. A linguagem ¢, portanto, tho velha quanto ‘9 consciencia — a linguagem ¢ 0 pratico (...) a linguagent Surge, como a conselénela, da necessidade da relagio com os outros homens" Assim, a consciéneia ¢ terrena, é um produto social, ela é originarlamente sensivel e é consclén. Cla da natureza, S6 bem mais tarde, em etapas avangadas dn civilizagio, pode aparecer qualquer colsa como uma cons: clencla pura, Podemos agora voltar ao nosso ponto de partida, Aflr. mamos que hé em Marx, emborn estassamente explicltada, uma ontelogia do ger compreondido como objeto. E permun- tamos: até que ponto se verifica em seu pensamento 0 iransposigao do reino do sujeit para o do objeto? Vimos que 8 transposigo se pretende radical, no sentido de que todas ns respostas de Marx se movem dentro da categoria da objetividade. A questio esté em saber 16 onde val essa Objetividade, so ln ¢ medida do real ou se termina elegendo sua medida no sujelto; tal 6a tese de Heldcgger: a inversio Go hegellanismo continua hegellana e fz com que, em wll mn instincia, o objeto enicontre sua medida no sujelto. Além disso, a precipuidade que Marx empresta ao objeto perms. nece ligada so tema da causalidode, Sallentamos que h4 ¥ Ibid, p. 386. 3 Ibid. p. 2567. 196 © PROCESO DIALETIco melro ting gate smblgtuideds em seu pensamento; ne prt metro tipa do causaltdade explicaso 4 orgem da’ histéria or da mals énfase 20 segundo tipo da chusmidaqe que © Tie obstante autorizar também, 6 propriamente dialétic: de eerto modo, o primero todo esse complexo do questies, ‘ipo. ‘Tentemos problematizat Gaineeetos pelo prinielro pa de causalidade: a orlgem da histérla coineidiria com f histéria da origem, A orlgem Gilaria no objeto em estado puro, @ a realidaie ire coin que se wutodeduzis serla a ease inlcial, feo tal tipo de abordagemn pode ser a partir desse objeto, Assim, o objeto } 4 © © homer se expilesria' por tuma feo tat ee tiPeea. Sem aivida, do ponio de vishe lenif. sempre preso 40 partleulnr, observa, ; Sem que em seus procedimentos abandons e sbstrato, na n Por qué? A explicacio glentifica estabelecess boca ela ¢ ontogenética, ea “equivaci. caso da generatio tegui sorreto; o clentista, » experimenta, ’ induz, ¢ no plano dntico, No € precisamente essa maneira de pro. ise com Hegel, Blea 86 Ou por outra: Por razdes ja aventa. 50 manifesta a partly na Ontologia niio se A TEE 197 considera 0 ente enguanto ele decorre de uma causa, ante. ror, © sim 9 ente na sua diferenca, enqunnto ¢ diferente e temo seu ser ou modo de ser préprio, Pols, de fato, affine fue. Mctatisica termina sempre claudicante em gelagio ao Feal; em verdade, ela esconde tm outro problema: a yoniade Zadical de dominio, Se dizemos que o8 entes se justifies ‘partir de tal ente determinado, o Principio de determinagio fe tom “domindvel” pelo hathem. E isso nia vale aoe para a matéria originéria, vale também para o Deus metafi- sico: Deus 6 uma, invengio da Subjetividnde, nasce da von- rade jtumana de dominar o reat. Por isso mesino, © Dees aleancar o ente naquilo que ele 6. Assim, explicagio meta. (eich, fein por Deus ou pela matéria, de fato ¢ ums peonie, gxpllcagiio que encobte a vontade de poder. Quando ve aire tareig {udo se explica pela matéria origindrla, alcunge vo Gage conheclmento desta matérin orlgindrta, maguile sas wg. Cem suns virtunlidades; mas quando s¢ pretends vette Conneeimento ndqultido em relaeao ‘h matérier aiustifiear” todos os entes porque se constata a gencraiin Geauivoca J4 mfio se dis mols nadn. A matéria pasea a ture ¢lonar simplesmente coma um ersatz do Deus metsfisien E presenta as mesmas deticltncias deste. Nesse tipo de expliengio instaura-se a ihusdria certeza de que tudo be ox piica, de que homem detém a chave que Ihe permite ine forse comodamente, “humahamente”, na renildade, De fate, porém, esso tipo de expllengao io val além, pavatne: feando Hegel, da noite escura em que todas as vane co tornnin pardas: Jd no se distingue um ente de outro. Pode, mos fazer valer aqui o raciocinio de Sartre: se Hegel re es Guece, por tudo neutrallzar no Espirito aksolute, nde nilo podomos esquecer Hegel — Hegel enquanto este tnte part!. Culnr, finita. Realmente: a explicagia ontogendiica do Teal nfo Teva a ignorer a finitude radical desse mesmo real? Ditamos que a generatio aequtvoca pée a tontea na genera. fo, quando o pensamenta ontolgico do real deve acentuny © Fato da equivocidade, porque 86 assim pode Tespelinr 0 3 0 PROCESSO DIALETICO conte em sue finitude. O descompremisso em relagio & fink tude define a Metafislca, mas define também as clénclas particulares sempre que do)as se pretenda fazer uma coneep- Fho gern) des entes, de tpo ontoldgico ou que ocupe o lugar ga perisnmento ontoléglco. Poder-se-in diver que & mentsidade monista caracteriza tiosamente o margsmo vulgar, e que nao corresponds & fadore ao pensamento do préprio Marx, Até certo ponto a reserva nfo deixa de ser correta, Mas sd até certo ponto: porque ba em Mare aquela ambigilidade na necio de causa lave, Talver porque fosse cedo para fazé-lo, Marx mio che- gota sabmeter a negho de causalldade a uma critica radical, De qualquer imaneira, © resultado disso fol que a ambleli- diade gerou 0 pior, o mais descarade compromisso com a Metatisica. As conseqiéncias se revelam, de modo especial. monte evidente, em dols problemas jé apontados por nds. © primetro busca explicar o pensamento pelo rérebro, Disse- mos entio que, mesmo na hipdtese de que a cléncia viesse ‘a provar a vedutibilidade do pensamento ao cérebro, 0 explt cagio detxaria o ser do pensamento incdlume; a explieagio ontogendticn do pensamento passa por cima da diferencs, quando ¢ Justamente 0 pensamento na sua condicho de pen- samento, enquanto ¢ o diferente, 0 que importa ser pensado; porque €m caso contrdrlo, a explicagio nfo alcanca mais o humano em tudo aquilo que ele & Nao se trata de dizer, entificando © ser,que 0 homem 6 corpo ou que ele € pensa- mento; tude isso" metalisiea, Mas também nfio se trata de afirmar que o homem 6 as duas coisas: animal racional. A definigad do homem como animal racional acoberta wma Cliuta, porque, desde que admitida, torna-se fatal emprestar preeminéncla a um dos dois termes, 6 entio 0 autro acaba inferiarizado € mesmo dilufdo; onde quer que se ponha a iGnica, o animal raclonal sempre nearreta n volta a um com: promisso de tipo metatisico, tas examinemos mals de perto, a fim de melhor discutiz 1h causalldade ontogenetica, o segundo problema: 0 economls- mo. Costumase dizer que o monisme econdmico define antes © marxismo vulgar do que 0 marxismo propriamente dito. ‘Tudo Se explicaria pelo econdmico, entendido como n catiss absoluta do que acentece na sociedade humans; desse modo, o cconémico seria 0 ser, o fundamento, Até que ponto A TESE 199 Marx sbonacin tal posigfio? 2 frealiente sehar autores que Drocuram resguerddto 2o menos dos extremos cesse mons pre economico. A questid, contudo, nio 4 nada simples. Aguels ambigbidade da noglio de causalidade se revela de Ant singular justamente neste ponto, B claro que a critica iique Marx submete o idealism se Justifica (embora, came fovemos, nfo seja suficientemente radical). Do ponto de Meta da praxis, em especial, a critica é correta; nfo se trate Ge partir do egu para chegat h terra, simplesmente poraue haces perspective idealista nunca. se chega realmente B terra: Dotentamenes num-treeho d'd Ideolagta Alema, que discute © problema, ‘Marx comega dizendo: “Nio se pa.e daquilo que 0s homens dizem, imaglnam, representam, e também nao Ge Hin homem dita, pensado, imaginado, representndo, Para, partindo dal, chegar ao homem corpdred, ge carne € ose: Farte-se do homem realmente ativo (,..?".1? Isso se aplice Pino uma lava as exigencias da prixls; nesta, 0 quo est fm jogo € a transformagio do ser do homem, transforma. ho que nio pode collmar seus objetivos stmplesmente pelg fensamento humano ou pelo homem enquanto realidede Epenas pensada — sem embargo do fata de quo s translor- tragie do homer no sentido Ideallsta encontre sua justitL Tativa, do ponto de vista histérico, na medida em que velo propidlar 9 reconheclmento do ser da priikls. Visto que, se Pinta do ser mesmo do homem, fazse Indispensdvel 0 reco” Hheclmento da densidade ontoldgica da praxis, ou sel, 9 ‘agio humana participa efetivamenta da histéria do ser. ou, fomo diz Marg, do "processo” dit realidade. Mas a texto de Marx continua nos seguintes termos: “a ¢ a partir de sell pracesso de vida zeal que se manifesta igualmente 0 desen Piirimento dos reflexos ideoldgicos e dos ecos deste Prov tesso de ida”, Assim, a ideologia nfio passa de reflexo —— palavra infellz +, e que se tornou ainda mals Infellz para 0 Jeitor do século atual. Fundamentalmente, existem 08 "pre: cesses de vida", ¢ 0 resto, 0 que vem a se sobrepor processos, constitu um mero eco. Marx coloca aqul o debe Tido problema da relacio entre a supraestrutura © @ infra estrutura, cendo que aquela nfo passa de simples Toflexo W Ibid, p. 349. 200 © PROCESO DIALETICO A TESE, 201 festa. “Zambém as formagées nuvlosas no eérebro dos G Aue est em causa ¢, portanto, uma compreensio do homens”, continua dizondo 0 mesmo texto, “sho necessaric, Set. E Marx sabe disso muito bem, porque, ainda nd 1dcone mente suplementos de seus processos de vida material, gia Alems, estd escrito: “A conseitirela jamais pode ser outra cmplricaments constalévels @ lgados n pressupostos mato coisa que © ser consclente, ¢ o ser do homem é seu pro- rials". A expressio pelorativa “formagées Huviosas” parece eesso de vida real” 4. consciéncia, por si mesma, nie é, Teferir-se ao Idealismo em ‘YOga nos tempos de Marz, Con. ein ¢ apenas aquilo de que tem consciéncia: eorreto. Mas tudo, tal modo de falar so se Justifica do ponto de vista. daqui se infere que o ser € o processo vital, ou soja, a maté bolémico; tomado ao é da letra revela-so antihistdrico, ji re, que sé a matéria é, Tal concepefio do ser Permanece gue G Ideatismo ¢ um momento essencial da evolugio da integralmente caudatdrin da Metafisica. E convém observar Humanidade, ¢ é necessario pensdlo. A maneira como Marx que pio ¢ apenas o ser da conscléncia que esté em jogo, S@ expressa aqui nfo leva muito Jonge. A questio é: até onde como poderia sugerir a dicotomin ‘materia e conscléncia, ¢ Tho esas formagces nuviosas? Tudo @ quo o homon rey Feat ida, Ate nao 6 matérias a densicade ontoltglen ae em ‘sua cabeca é simplesmente nuvioso? Para o chamado Teal 6 reduzida ao Sermatéria, passando a mover. ‘se dentro. marxismo vulgar nio hd. diivida: entre os dois Planos ha dos limites da causalidsde metafisica. uma rigorosa correspondéncla de enusa ¢ efelto, que Ignora | totalmente a dialétien, Aconteco quo em Mane também tudo te lenin cae, economIsmo mais larval estd plea i eertieeitimade em Marx. E entio se justitica tainben fundinenta 2artlx de um pressuposto, que é a matérla: © Sue Mgt Gue Kostas Aselos faz a essas ldéins. Dig anne speatale: ont erent baie) eee Gio Grins 2Esa © Opera com a distineac, ecm a diference z ; 0, 0. Metatis! io oa : ‘ I aquilo que é ver ideologia as suas formas correspondentes ‘de consclincia Mente oe qntalisteamenta entre guilo que ¢ verdadeira. = mente @ 0 ate 80 é secundarlamente, para ele $ verdedaren Hh ake conserva mais a egetncls da independencta”. ; Soncioete findamentaimente nfo o suprasensticl 6 eines Enquanto as formagées “Ideoldgicns™ sp bretendem indepen- sensivel; conttdo, isso. acontese no Interior da opasicio Gantes 6 clazo que Mare tem raziio, ja quo nada & indepen. metafisica, © Mundo, a totalidade do ser, Permanece duplo: Gant, nem mesmo o Deus aristotelige, Mas o que Mane quer Mare an pcapiritual”.st Nesta medida, na medida cm yco clize: ¢ qua todas aquelas formagtes sia dependentes asa, 0 comenkn ia 8 um concelto ontogenético de causalldnts Brocessos materigis, do econéinico. Cabe entio perguntar: i Sbfrentitlo de Heldegger alcanca Integralmente os rere F,Seendmico ¢ independents? A pergunta so justitien porque i Ou seje, 0 que Marx faz nfo val além de uma Marx aflrma a seguir que as formagées {deoldgleas “nao tam, | Platenismo, sem abnndanar a dicotomia plato. Denfuma histérla, néo tém nenhum desenvolvimento, pols | "causa Jé nfo esté na Tdéin o sim na produgto Mate os homens, desenvolvendo a sua produgio material » seu | Pak Rudo © que néo 6 producéo material resulta, Slstonice, coméreio material, modificam esta sua realidade, @ modifi. fam também o sew pensamento © os produtos de sett pense mento”. Est claro: a supra-strutura nfo tem propriamen. f fo BMst6ria, ela nfio se desenvolve, De mado préprio, o que | Taine. oe Patio n dialétien 4 privilégio do mundo des tem historia @ se desenvolve 4 n produgio material eo | pitas. Por isso, © cardter antimelafisieo da inversho ae 1 6 preahaeg menos ser. Entende'se, assim, que tudo o que the comércio material. Todo 6 resto nfo passa do aparincia do Metatisica continua sendo metafisico, historia; o ser ¢ a histéHa da produgto material, 0 que {al além dela é menos histéria porque é mero reflexo, eno, Gist e, ‘Todo o resto, portanto, é menos ser, é nio-ser, ou ¢ manifes- coat 7 » a oe EOS, Kostas. Marz, pensenr do ta tethnigte. Parla, tes tngio daquilo que propriamente 6, aon ee aa Meta Pe hg , ‘OUTROS LIVROS : PUBLICADOS 1 —Atarsison # Aticnagio, ed. Civilirarao Weasieira, Rin 2 — Kafke. Virla © ¢Pbra.ed, José Alvaro. Riv. 18166 (dlep Fw 0 Trea) 8 Os Marxisins 0 @ Arte. er, lelea, Ria, 19 S— AMury, Vida e tha, ed. Joss Kin. 19m Glee, elite Paz ascisma, ed. Grant, Ria, 1927, Ps Comunistas to Brasil. ed. Graal. Rio, 19%, FM, Poste Alege sd. Hrasiliens I= G Boro de Marard. ed. Brasilien, WO Marsismo no Batatha dos ldo A DERROTA DA DIALETICA ETT A RECEPCAO DAS IDEIAS DE MARX NO BRASIL, ATE O COMECO DOS ANOS TRINTA LEANDRO KONDER Editara rea Edtora da Elsner, um nome com 400 anos da odigdy, NOTA PRELIMINAR SOBRE A DIALETICA f A palavra dialélica suscita diividas e alimenta poléinicas Paul Foulquié chama a atengie para o fato de que as ambi: dlades do termo vém de longe e aparecem jd na sua origem gre- ga: dialética 6 um vocabulo formado pelo prefixo die (que in diva reciprocidade ou intercambio) e pelo verbo legein au pelo substantive logas (a que significa que a palavra dialética tema imesma origem que a palavra didlogo}, Como nota Foulquié,o terme logos tanto significa "palavea” ou “discurso” como sig- nifica “razo”." Na época em qué a palayra foi eriada, ao que tudo indica, os gregos se recusavam a dissociar 0 discurso do seu sentido, a forma do contetido. A historia subseqitente Ihes imp6so reconhecimento dos problemas derivados da dissocia- so. Werner Jaeger mostra come o cidadéa, na polis, precisou aprender a distinguir entre 0 que Ihe era proprio, coma indivi- duo, ser singular (idfon), eo que sc referia a coletividade, o que ‘ra comum (khoinan). Cada cidadao era, ao mesmo tempo, uma pessoa, com suas peculiaridades, e um representante ila comunidade, da polis-* Com a desenvolvimento das atividades mercantis, enfra aqueciom.-se os velhos padrdes de conduta, os valores tradi ais: as relagdes entre as pessoas se tornavam mais complica das. mais contraditétlas, isso aumentava a contraditoriedade lerna de cada cidadao, O sujeita humans, dividido, jé niose punha, inteiramente, nas suas crengas ou nas suns descrengas.” A experiéncia vivida pelo cldadéo no lhe abria espontanea: monteas portas de uma integragao na comunidade. Alids, a ex- pressio mais cvidente na comunidade —0 Estado —assumia. na expressio de Marx, o caréter de uma “comunidade ilusdria''* Em decorréncla de semelhante situagio, 0 logos fi indidy, internamente, parque tanto pedia designar a "ca ‘le um processo social, objetivo, como também podia es- Plot é porque nao tinka tido formacio cultura, suficiente,”s Esta cisio operada no intatior do terma lon deixar de influenciar decisivamente lodes evolurao do temo (lalética €, de ato, a palavra dialétien assuman epaties bas. {alo diferenciadas. Nicola Abbagnano idenGne . entre 05 Heticae pumente utilizados, quatro conceitos distictos de din lética: 1) método da divistio: 2} lagtea de Provavel: 3) ligiea: 4) No Cratilo, Platao nas apresonta Sécrates intervindo numa discussao entre Hermogénio ¢ Cratilo; e pe na boea do o sabe paitcla de quea “dialético" éaquele que sale Perguntar o sabe responder: “Quem sabe porgumtar 0 responder deve sor thamado por autra nome que nto o de digi “0?” (390 ¢). No freligaras, a idéia teaparece, no momento em que o mesmo Sécrates distingue entre os livros, que “nae sabom perguntar ¢ Asbondes", @ os homens, que passitem a talonie dialética de fazer perguntas ¢ ouvir atontamente asrespostas do tor (929 a, b).’ Outro didlogo platanico Fedro, caractoriza o provedimento dialético pela combinagio desinteses odivisaes, clesetine numa s6 iddia Hagaos dispersas, definindoa tema que pretend examinas, e ein seguida divide a iddgin oe seus ale- mnalos, “evitando deformé-la no corte, cana fart um carni- ceiro inconipelente™ (265 bec & d). Aristételes, por sua vez, dedicou a dialetica oito dos livros ue integram as suas Tépicas. Comele, noes nto, a impartins Sia da dialética diminuia senst velmente: © proprio fato dle Arise {Oleles, nos seus escritos, ter abandonadea ferme «lo didlogo, de que Platia havia se servido, pode ser considerada umn falo sintomético. Aristoteles reduz.a dialética a uma aspéuic de "ld. Bicamenor”.* A dialética sé atil porquena vider, ilas vezes, 2 somas obri provavei 1 é preciso abordar as coi coma verdade; na dialética, contuda, basta s U1, 14)" Por isso,a estagirita compara a dialética com “habilida- des" como a ret6rica e a medicina (I, 9), Osestéicas, mais tarde, tenderam a ddentificar a dialéticn com a l6gica, em geral. E Cicero. que adotava » panto de vista estdi¢a, mas eventualmente tratava de combiné-la, de maneira eclética,comoutros pontosde vista, efiniu ¢ dialéticacomaa pop atte ensina a dividir em partes totins as coisas, explicar pektena? Ce definigies 0 que esta oculto, a explicar Bor ister. Protacao o que abscuro; e a primeira o é uo para depois distinguire, afinal, ex julgaro verdadeiro eo falso, bom com sig6es s20 au nao sao consegtientes"" Nos séculos que precedoram a Renascimentions dialética escilava, sem encontrar um espago prépria, Eu genio Garin es. parere cmesbaito do que se passava nessa épaca:""A dialites barece constantemente exposta a tentagio de se confundir, is nent ta 16gica, outeas vezes com a retérica™. No Rennie Teo: Manifesta-se uma nova sensibilidade, tirgem texting lialogadas nos quaisos intorlocutares buscam juntos uma me. jhor compreensao das mudangase dos contrastee sda realidade, riaue Tierno Galvan, estudando as exprossies dency sensi- bilidade em Nicolau de Cusa e em Erasmia, chamou, teligéneia dialética”, para distingui-la da "asic na at 56 vitin a se desonvolver mais tarde."* Ein todo caso, perindo renascentista, mas também nos séculos se nem do século XVI para o século XIX. a i »chega a inauguiar para a dial Hcp So substancialmente diversa das irés ja thencion, clase ligadas a Plalio, a A¥iet6teles ¢ aos estdicos: a dinlélicn conlimuy ‘mar. cada por critérias que se referem mais A farms que ac con- tetido, Foicom Hegel que o quadro se modificou: um apvo co Ho de dialética foi claborado. Para pensador alent a questio da dlalética nio se limitava aa campo estrito da mete, dologia e nem cabia ne ambito das discussdes sobre atearia do conhecimento; e'a pressupunha toda uma nova teoria de ane 2 Segunalo Hegel, 0 realidade é intrinsecamente contraditéria caiste ens permanente transformagao; mode de pensar que hag permite conhecé-la nfo pode deixar de ser, ele mesmo, di- namico, Nosso modode existir consiste em plasmar o mundo & nossa feigao, © modo de existir do mundo consiste, por sua swe, em mudar, sob o efeite da nossa intervencaa, E nds nos transformamos, 20 9; into, & instavel,"* Para sustentar seu ponto de voca um prece- dente ilustee: o de Herdclito de Bfeso, Cerca de 500 anos antes do comeco da era cristé, Herdclita— na interpretagao de Hegel — teria lancada os fundamentos de uma visdo dialética do mundo, com o recanhecimento de que tudo existe em cons. jante mudanga ecom a compreensao de que o conflito esti na origem de todas as eaisas."* ‘Aristételes, na Metafisica, se refere a tese de Herdclito — por ele rejeitada — segundo a qual as coisas “so e nfo sio"."* Hegel acollie com entusiasmo a tese beraclitiana e a submete a ‘umn intorpretagio modema, vendo nels a expressio da convic- io de que a existéneia efetiva do ser, em sua contraposigao a0 nio-ser, se resolve no vir-a-ser. "A verdade” — sustenla 9 pen- sadar alemfo <6 0 viraser, ¢ néo o set: e. em seguida, es- crove: “E uma grande idéfo essa de passar de ser ao vir-a-ser: embora ainda seja uma coisa abstrata, jé é, aa mesmo tempo, pioneitamente, algo concreto; jé é a primeira unidade dedeter: ininagdes coutraditérias." 10 novo conceit de dialética deseavalvido por Hegel & mais do que a mera “sintese de apostos" prapasta par Abbag- nano para caracteriza-lo:¢ todo ums complexo sistema, baseado numa original cancepgaa do absolute. O absoluta, na Glosofia de Hegel, procisa incarporar todos as momentos signilicativos slo movimento peto qual se realiza, assimailande tanto © posi- livo coma o nogativo, superando-os numa sintese viva, para joder se estruturar, rigorosamente, como “sistema cientifica”: ‘A verdadeira figura em quea verdade existe —afirma Hegel “56 pale ser a sistema cientifico dela'’” O sentido do movi. mento realizado — a “sistema” — s6 pode ser campreendido «do Angulo do resuliado aleangado. Na Fenamenologia do Es pirito, o “saber alsse]uto” pressupde—e simultaneamente elu vida — a “experiéncia da consci ‘em todas ag suas * quras” desdea"certeza sensivel” eda“ percepgio" atéa ponte te chegada proporcionado pelo “espirito”. que ad quire a ple- naconsciéncia desi mesmo, depois de superaras limitagies do “discernimento” ("Verstand”}, da "consciéncia desi” eda zai” ("Vernuntt") Eo "saber absoluto” que serve de base a Hegel para tecer cam os conceitos da Ciencia da Légica, uma rede capaz de re sistir A erosio do ceticismo, aos rasgose dilaceracbes causados pola forrugemda imprecisao, Mas o custo dessa vaste operagio alto: o “sistema” se crispa ese enrijece. A “'certeza sul jetiva” ['Gewissheit) coincide com a compreensie global do mo monto da realidade objetiva, quer dizer. coincide com a v dade ("Wahrheit"). A verdade. nesse caso. para ser plenamente verdadeira, isto é, universal e necesséria, precisa revelar — como nola Kojéve — uma realidady inteiramente avabaila, 09 qual “tudo que era possivel efetivamente se realizeu”. de tal mode que se trata de uma realidade “perfeila’'. “seit possibili dade de extensio ou de mudanga™.'* Hegel se empenhou em “aprender e expressar o verda deiro nao como substéncia, mas também, na mesma medic como sujeito”."" Para Marx, contudo, 0 autor da Fenomenofo gindo Espirito niu se deu plenamente canta da quanta era con- crela aatividade desse sujeito, “O Ginico trabalho que Hegel co- nhece ¢ reconhece" — escreve Marx—'""6 o trabalho espirilual abstrato"." Hegel ndo enxerga o trabalho em toda a sua contra- dilaria materialidade e por isso o idealizae 0 vé de manciro umilateralmente positiva, minimizando a forgada sua negalivi- dade."*A esséucia huiaana, 0 ser humano, equivale para Hoye! av consciéncia de si," Essa critica, formulada nos Manuscritos de 1844, 6 retomada na Sagrada Familia: “Hegel transforma o homem em homem da conscitncia de si,em verde reconhecer na consciéncia dé sia consciéneia de si do homem. quer dizer, de um homem real, que vive num mundo real, objetivo, eécon- dicionade por ele."* ‘Aa assumir, ento, o conceita hegeliano de dialética (o tl timu dos quatro conceitos de que se compée o esquema pro- posto por Abbagnana), Marx fot levado a modificé-lo, tornan- do-o ainda mais complexo do que j4 era no pensamento de He- pel. A perspectiva de Marx implicava nao s6 uma reavaliagio $i 1 autotrans- mo também exigia uima reavalia. Go do papel dos trabalhadores como forga materiel ca paz dv, tas condigdes atuais, dar prosseguimento 4 autotransformacaa histérica da humanidade. 0 sujeito que pode. ne quadro-da re. slidade aiual, enxergar a “rosa da razio™ na “erg do Presonte” =. 0 sujeito que pode aprechder teorica mentea vere dade da bistéria, porque pode fazer hisiéria na prices oo ° Proletariado, Por sofrerem na prépria carne + exploracio do trabalho que cara dade atual, porserem os malo (eaainGressados em revolucionar a estrutura dessa nociatngy Ubaseada na propriedade privads), os opericias ce en rare combaté-Ia e. a0 se mobilizarem, passama comproenaa, soni gamensdo histOrica, em sun transitatiedade: eesimilany cone, Conquistas mais profundas da filosofia, ulilizande y conhecimento na agao, Eles tém acesso ao sab, salidade porque estio vitalmente empenhados em cries condi« Ges sociais mais u i Em Hegel, postura ainda pode set considerada predomi- Ranlemente constataliva au descritivazem Mars, no enlanto, se feconhece uma alitude diferente, de conclamacay a nen Ale pare poder coniecer cortos aspectos da realidade hws a dos. homens, 6 preciso morgulhar alivamonte na movimento que Ihe da vida. A décima primoiea das Teses sabe Feuerbach Pont dat Mez* plenamente cdnscia da originalidade deo Ponto de vista: “Os fildsofos tém se limilade « interpretae o mu" Jo de maneiras diversas; tratn.se de transforméd-[o,"% {Merx promoveu a mediticagaa de canceila hegeltano de dielética na medica em que promoveu a casameatedae com jina perspectiva revoluciondria, comprometida com uaa pro- {elo Politico de transformagia prética do munca, Esse ce, menio constilui uma grande novidade. Alguns utitices tay spaniada, em determinados fildsofos do pasado, elemencn ue, de certo modo, antecipariam aspecios assenciais do eon rite hegeliano da dialéica, isto 6, da dialética come recone, 6 Fagen da insiobilidade o da contraditoriedade intrinsecas do real. Nesses precursores, contudo, prevaleci . freqiientemente pode rete de vista que, no plano sécio-politica. diffelimens Boderia ser considerada o mais “avangada" ou 9 mais “pro: gressisia”, AER Herdclito, por exemplo, r condia de Androklos, funcador de Eleso, tinh side rei de Atenas, Do dngulo da aristocracia tradicional Herdclita se inclinaria a ver com consteenagia ¢ revolta as coin Gessins cemagogicas e paternalistas quc os "tiranoes faziam ae lames. Ao que tudo indica, portanto, ole era um comen ‘tor, desalado com a panazama que vie sua vole Paul Sendor lembra 0 neoplaténice Proclus (410-405) dretor da Academia Je Atenas, forcado n se exilar BOF presi ‘ts corte imperial cristd de Bizancio, Prockus detonate legato da Mlosofin grega contra o cristianisme, instalation poder. no 0 fazia em ligagio com qualquer mo. vimento politico que almejasse transcender historicamonte oO nova estado de coisas 2" Ha também o casode Blaise Pascal (1623-1662), estudade por Lucien Goldmann ein Le Dieu Cache. O ponte de Fascal carrespondia a situacao historica da noblace de robe, {a Robreza togada, préxima ao rel: eram coctesdas que dispu- nham de certa influéncia inegével junto no monarea, ajuda: vant-no a subjugar os senhores feudais, porém pressentiam a Ghegada intinente do uma época na qualo seu pacer fagaz se desvaneceria. Sua visde do mundo, Por conseguinte, tendia o ity trigica. Pascal era um pensador mistico, inquisto, mec. tada coma instabilidade do mundo e convenciia de que Deus na Hone soe nao dé garantia algumaaos homens, para que os homens sojam desafiados a acreditar n'Ele livremente ey pany ue o¢ homens assumam o risco — razodvel — da (é, Em sua busea do absoluto,do un versal, 0 ser humano & chamadoa fdncia tt existéneia de Deus, & Goldmann insiste na inpor- lincia do peri pascalien — da “aposta” — para a pensamento Cialético em geral: a idia de que “é preciso apostar" ¢ funda, r mental para a diabdtica2* Por mais fun ia, essa contribuigio nao faz de Pascal um espirito politica Tnente “progrossista”. O préprio Hegel, embora niiodova ser sumariamentecon- siderado ums conservador}* esté longe de ter sido um revolu- ciondrio, no plano de suas posigées politicas: Houve, ¢ certo, pensadores que podemos considerar de “asquerda'’ nos quais se encontramelementos de umaconcep- ao dialética do mundo, de tipo hegeliano. Podemos lemmbrar, jorexemplo, o ilumipista Denis Diderat (1713-1784) e 0 socla fsta utopico Charles-Frangois Fouriet (1772-1637). Diderot re- Herdclito, quando escrevia “tout est en un flux pee étuel”2 E desbravava noves continentes quando reduzia | ilimensbes irrisérias 08 preconceitos morais de sua épaca, ubmetendo-os 1 uma critica dialética.” que se sealizava atra- vés do didlogo do filésofo com o pandego, em Lc Neveu de Ha- meau, Fourier, por sta vez, punha a nt a gritante incoeré: qjuo se disfargava sab a eapa da imponente disciplina exibida ela organizagao industrial (capitalista) do trabalho; apontava pera as “imundicies morais” subjacentes As condutas comer ciais tidas por“normais”; denunciava a “escravidao conjugal’ imposta as mulheres pela circunspecta instituigao do casa- mento; e conferia, polemicamento, & palavra “civilizagio” um significade pejorative.” Antes de Marx, contudo, os encontros da dialétiea com o jonsamento politico de“‘esquerda" eram fortuitous, oeasionais. Marx modificou esse quadro, porque tratou de entrelagar, d modo sistemitico, uma concepcio materialista da historia (o reconhecimento do processo material que cria as condigdes nas quais amadurecem e se organizam aé forcas capazes de jpromover a mudanga) com uma concopgae dialética dazevolu- cio (o reconhecimento da importancia da intervengao ativa dos homens no mundo, fazendo politica, fazendo histéria). Es- sa combinagéa original, evidentemente, nao se concretizou com facilidade; e, na medida em que se concretizou, nao dissi- pou as tensdes internas do pensamento do autor d'O Capital.” O materialismo correspondia, tandencialmente, & necessi- dade queas trabalhadores explorados sentian de reconhecera centralidade das questdes materiais que se aprescalam nas duras condiges desua existéncia cotidianae nos arduos cami nhos da luta para transformar tais condigdes.> A dialética, em principio, também deveria atender as exigéncias das forges snais radical mente empenhadas em transformar a realidade, |é que representa a realidade em transforniagae @ acirra a dispo- sigio do sujeita para modificar o objeto e modificar-se a si mesmo. Noerttanto, na prética,a dialética tem um efetto pertur- bador, que pode “atrapalhar’ o engajamento na agio transfe madora. O modo de pensar dialétice—atento a infinitude do real « irredutibilidade do real ao saber — implica um esforgo cons- tante da consciéncia no sentido deela se abrir para o reconheci- ntento do novo, de inédito, das contradigdes que irrampem no campo visual da sujeito e Ihe revolam a existéncia de prable- mas queele nig estar enxergando. A exigéncia do reconheci- mento do todas as contradigées pade entrar em choque (e, de fato, com freqliéneia entra) com exigéocias de outro tipo, que sé as exigéncias ligadas as tarefas praticas urgentes quea ula politica apresenta avs revaluciondtios. Em determinadas cunsténcias, 0 reconhecimento da complexidade e da contradi- toriedade do quadre da agao pode paralisar—ou ao menosen- torpecer —a intervengio eficaz do sujeito no combate; em tais circunstncias, os dirigentes politicos das forcas pragmatica- mente comprometidas com a mudanca tendem # mobilizé-las através de formulas ndo dialéticas, cujo feito Ihes parece ser mais direto e imediato. Além disso, nao podemos esquecer o fato dé que os re- volucionérias so seres formados pela propria saciedade que estio negando, de modo que esto sempre marcadas pelo mundo que desejam medificar, Com a divisio social do traba- Iho, coin a hipercompetitividade estimulada pelo mercado ca- pitalista, a insoguranga se generaliza ¢ alinge todas as pessoas: ndo s6 aquelas que temem as mudangas histéricas como aque: las que, em principio, estiio empenhadas em promové-las. A inscguranga penetra na “alma” do combatente ¢ o leva a se apolar om certezas, a procurar fundamentar suas opgdus em valores inquestiondvels. O italiano Antonio Gramsci, palemi- zandocotn o russ Bukhdrin, sugeriu queeste dllimo houvesse deixada de lado a questéo da dialética, em seu Manual Popular 9 Sociologia Merxista por forca de um “freio psicolégico" que dorpptilia de questionar idéias sistematizadas, iranqullisa. dotas, “Sente-se que dialética 6 coisa muito étduaedifell” escreveu Gramsci — “na medida em que o pensar dialetica- Mente colide com o vulgar senso comum, que é dogmiatico, ‘vido de cortezas peremptériag”.™ Gramsei ehegou a admitir, na época da conquista do pros ler na Russia pelo partido leninista, que no Pensamento de Macx existiam “incrustagdas positivistas © naturaligtes™ o lima espiritual da segunda metade da stculo XIX nee deixou eélume a reflexio desenvolvida pelo autor d:0 Capital. Hé de om nos: inclusive, nas quais Marx ndo escapa a estreitera de um certo “eurocentrisma”’, que no Ihe permite aprofundar uniearastmento antropologicamente ¢ prejudica a amplitude universalizadora da sua perspectiva. Um exemplo di acha no juizo ceficionte farmulado a respeito da agao h de um personagem importante da histéria extra-eure como Simon Bolivar, cujo papel nas lutas cortra a Espanha fui muita mal avaliado por Marx." De qualquer maneira, a reconhecimento da presonga das- 535 liniitagdes nao descaracleriza a importanel crucial assu mida pela dialética na filosafin de Marx, Une exegeta parti- culurmenteentusiasmado —o romeno Zevedei Barbu—chega a dizer que, na porspectiva dialética de Mars, “a Mllasofia dei xou 9 mundo dos fantasmas e, tal como Anteu, tacou a lang Para retomar noves forgas”.* No posfacio que escreveu paraa sBunda edicao alema do primeiro volume d'O Capital Mace afirma que, nas maos de Hegel, a dialética tinha soils uma distorgia mistificadora. “Nele, cla esta de eabega para baixo. E preciso Fecolocé-la sobre seus préprios pés para descobrin Ihe © nucleo racional, sab o invélucro mistico,™» O esforgo no sentido de “racolocar a dialética sobre sous Proprios pés" leva Marx, em seu pensamenta.a seapoiar sobre g canceito de praxis. Ble procura exteair todas as canseq in, clas da sua conviecao de que o ser humano se transforinta na fue € com base nuina atividadle pratica vital, material, que ¢ trabatho. Para Marx, “o trabalho 6 umm processo que petmeis todo a ser do homem’e constitu a sta especificidacle!'« Aur ¥é5 lo trabalho, o ser do homem se distingue du ser dos ani. 10 mals edo ser das coisas: o sujeito humana passa a poder seas. sumircamo sujeito em contraposicio.ao objeto. Através do tra. balho, 6 homem néos6 se aprapria da natureza cone a, airma G cxPande, sedesenvalve, se transforma, se-cria asitneeme O ser que jd Iniciow a apropriacio da naturera por meto do Sabalho de suas mos, do intelecto @ da fantasia jarani, xard de fazé-lo, ¢, apds cada conquista, vi lumbra jé seu prd- ximo passo.” Otrabalho, como Processo, 40 mesmo tempo se reafirmae sosuperaa si mesmo:elesd é possivel modiantoa repetigio me- as ages, porém simultaneamenté leva 6 soleite a enfrenter problemas novos eo incita a inventer eel $ para tais problemas. Com isso, 0 trabalho abre caminho ‘para. o sujcito humane refletir, no plano teérico, sobrea dimen- so criativa da sua atividade, quer dizer, sobre a praxis! No tra- balha se encontra, por assim dizer, o “earogo” da praxis: mas a Praxis vai além do trabalho. E Marx reconheceu issa muito cla- ramente numa passagem do terceira volume d'o Capital. quando escreveu sobre a necessidade de vir a Ser sempre en- Curlada a jornada de trabalho, jé que a plena liberdade, para o homem, nunca poderia se realizar inteiramente tia ambito da sua atividade laborat 6 Kasik, interprelanda Marx, vé na praxis "a revalacdo da Seeitida do homem coma ser ontocrlative, coma ser quecrics {palidade (humano-social) e que, portanto, compreende ara lode (humana e néo-hurnana. a realidade na sue totalidadey Na priixis, assim, se verifica alga essencial, alge que ann signa verdade, que"*n3o é mero simbolo de qualquer outra cel, 88, mats possui uma importincla ontolégica”,": r Essa concepedo da dialética implica toda unia reform Gio do problema do sor. E¢ exatamente em funcao desea conn. falagiio que Gerd Bornheim escreve que-a.questio dadialéties nao pade ser considerada um problema entre outros: “Com 4 dialética €-2 inteiteza da problernstica filosétiea que entra em jugo."« A dialética fundada sobse a praxis se tormou, com Marx, ut muito mais uma suseitadora de problemas do que uma el cliente fornecedora de respastas &s-perguntas que os marxistas tinham de so fazer, no plano files6fico. Isso nao ficou suficlen- lemente evidenciado parque 08 marxistas, face is preméncias de seus combates, obrigaram a dialética de Marx a vestir a ca- inisa-de-forga de um sistema acabado, encerrando-a em um conjuntte de formulas nitidamente articuladas umasasoutrase, paradoxalmente, “estabilizadas". Certo nivel de formalizagéo era, certame le, ssirio para qué a dialdtica — tal como Marxa propunha— viessea ler vulor uperatorio, Mas a formalizagio assumitt proporgdes exa- jeradas, £ fnia maior amiga de Marx, Engels, quem primeiro ce empenhou em formalizar além da conta o “metodo dialé- ico", retomando formulagdes de Hegel. ‘A grande proocupagio de Engels consistia em defender © cardter materialista da dialética de Manx: era preciso evitarque ester da acao humana fosse observada como se nao livesse absolutamente nada de essencial a ver coma natureza,como se seer hummano nao tivesse uma dimensao insuprimivelmente natural. como se nao tivesse um corpo com exigéncias pro- prias, comese nio livesse comegado sua trajeléria na natureza. Engels so dispés, entdo, a examinar os principios daquilo que chamou de “dialética da natureza”; @ formulou trés leis gerais da dinlétics, vilidas tanto para a bistéria humana como para a naturezs: | — a lei da tronsformagao da quantidade em qual dade ¢ viee-versa; 2 — a lei da interpenetragéo dos contririos ("Durchdringung der Gegensiitze"}; e 3 —a lei da negagio da negagiio.** Scuriosn que, em seu esforgo de fundamentagio materi lista da dinldlica, Engels tena ido buscar tais leis no idealista Hegel. Ue fato, as trés leis fi se acham na Ciéncia da Légic Engels ce da conta da delicadeza da situagie#em quesecolocou hrescalva que Hegel havia eoncebide as referidas leis exclusi- amente como leis do pensamento (0 nisso estaria a distorgio provocada pelos as tr u idealismo). Hegel, no entanto, cra coerente: lois perais, para ele, valiam tanto para a natureza como para y homem porque natureza ¢ homem,, em seus respectivos movimento, tinkam exit comum o fato de constituirem desdo- bramentos de umm mesmo prin Absolute, ‘Se niio acreditamos na Idéia Absolula, se nao subordina- mos os movimentos da natureza ¢ os movimentos humanos a m prinejpio maior, torna-se bom mais dificil, para nés, definic leis gerais vélidas para as duas esforas. Por isso, na defesa das Irés leis gerais hegelianas, reformuladas em bases materialis- ins, Engels foi levado a misturar Broblemas de natureza essen cialmente diversa, minimizando algumas vezes a importancia da dimensio leleoldgica da atividade humans, assimilendo.a om algumas imagens a processos naturais e abrindo caminho- para uma “‘naturalizagio” da dialética. Uma dessas imagens. porexemplo, esté na anolagio que aproxima a polarizagio pro- tessada pelo pensamento humang de lidar com idéias contra- ditdriasa polarizagio que se verifica na eletricidade enos feni- menos de magnetismo.# terreno em que 0 modo de pensar dialético proposte por Marx é capaz de demonstrar toda asua forga é,cerlamente, oda histéria, o da atividade dos sujeitos humanos. Insistindo em proporcionar uma base “natural” para adialético marxista, En gels acaba por identificar 0 “dialética objetiva” & “dialética da fatureza” eacalsa por reduzir a “dialética subjetiva” a mero re- Jlexo da outra no peasamento, “A dialética” — escreve ele — “a chamada dialétice.objetiva prevalece em toda anaturezai ca chamada dialética subjetiva, 0 pensamento dialético, 6 apenas ‘o reflexo do movimento que prevalece por toda parte, através da oposigao dos contrarios, que, por seu conflilo constante pela conversio final de cada um no outro, ou gerando formas superiares, condicionam, exalamente, a vida da natureza’™." Outro aspecto probleindtico da concepgio de dialética de- dida por Engels pode ser enxergado na propria fixagio do nero de leis gerais. Por que fixé-lo, precisamento, em trés? Como poderia ser estabelecido conclusivamente a mimero das leis gerais de uma realidade vista do.dngulode uma filosofia da mudanga, que pressupde a convicgio (contraria & do Eclesias- ‘hiblico) de que hé sempre algo de novo sob o sol? A diolé: , como moda de pensar, no sentido proposto por Marx, pre- ccisa estar sempre disposta a se questionar a si m¢sma, nse re- formular em seus proprios fundamentos, para nio se desligar do fluxo da histéria, Sea dialética nos ensina que asleis da rea- lidade so contemporaneas das coisas por ela regidas — escre- a ve Alvaro Vieira Pinto —, “isto significa tanto a Possibilidade de virem a existir leis atualmente ignoradas, quando a reali- dade social tiver alcangads etapas futuras ing Ss, quanto a Celera deter havido leis agora oxtinias, em conseqiidnela desc acharem supctadas as fases do processa objetive que as monifestavim." ;\ brecipitacao na dofinigio das leis acaba por sufecar a inquietacao que deveria estar na discussao snbte o préprio es- ‘aiuto ontolégico da dialética, Como observa.Gerd Bornheim, “quando se postula, de saida, que a dialética & lei, barra-se 9 Patgaeatidade do pensar a questo ontologicamentu; peneaca entdo a partir da dialética, como se ola fesse algo de jd asse- Surado, um positam, um posto a partir do qual se pensa’’." Em. ‘als condigGes, o sujeito perde a capacidade dese perguntar a Aue 2 raclonalidade dialética, quais sie os seus limites seu fundainento?" A exogerada formalizagio da dialélica, intoiada Por En. els, foi comptotada por marxistas de geragdes Posteriares. "A ‘gia da dialética, enquanto discurso tigoroso, cai cob as gol. pes do que paralelamente ao ‘marxismo vulgar" doverfamas chamar de ‘dialetica vulgar’ ou “dialéticas vulgaves’ ee Preocu- ‘iran numa situacdo vital muite diversa da de Marx, Devemos lembrar queo profttariado cuja perspectiva Manag empenha- oom assumir no Manifesto Comunista nau tinha nade a per. der “exceto seus grilhdes”.*? Marx, entio, padia permanecor Gel ag ideal por ele mesmo proclamado em sciemlra 1043, ings Deulsch-Fronzdsischen Jahrbifcher, quando preconizen "critica j iw do que existe”, Os marxistas poster tg 2t Yitam postas diante de um quadro bastante diferenta Seren preservadas: a critica que passaram a fazer jd nho pedia Ser tio generalizadamente implacdrel como a de Marx, Ea ‘arxismna foi senda “adaptado” as suas novas fungdes Na linha de pensomento inaugurada por Hegel, Marx se empenhou om desenvolver um modo de ponsarcapaz datrabs Ihar com canceitos “luidos”, para dar conta da instabilidnd: do real, de sua vertiginosa transformagao conlinua o de Sas inumerdveis contradig6es, Afastando-se da linha de pensa. mento de Hegel, entrotanto, Marx ligou a “fluidifinagiv” dec Conceitos a um projeto revoluciondrlo, 8 disposicie para intex rit concretamente na transformagao da sociedade. Lukas, sx Histéria e Consciéncia de Classe, sublinhoy significagdo ven, traf desse tema na dialélica de Marx: “Nogligenciada een fun. Gio central da teoria, a vantagem da conceltuagio ‘Hurle se {orn completamente problemstica."™ Essa caracteri perspectiva de Marx tornava-a apta para dospertar urn fork teresse @ uinia imonsa simpatia nos espititos mais agudameri: rebelides, no mundo Intelro: fais espiritos se aproximavam de Perisamento de Marx na oxpectativa de o utilizarem, tsforgos para uma concrelizacia revolucicnéria efieas no im eto rebelde. Contudo, na medida em que manecia vaga e se apaiava em idéias insufici sidas ou deficientemente aprofundadas, eles nio podiam dei. xar de se defrontar com miltiplas dificuldades , Algumas dessas difieuldades — as que tém a ver tom a Sormpreensio da couceilo de dialética proposio por Mare Serao objeto de exame nas paginas que se segueoe NOTAS 1 FOULQUIE, Paul. Lo Dislectique. ed, Presses Universiained de France, Paris, 1966, p. 7. 2 JAEGER, Werner, Paidefa: los Mdeates de ta Cultura Grieg rag, Jonguin Xirau-2 Wenceslao Roves, ed, Fondo de Cal Econamica. México e Buenas Aires, 1952, Acreditavam os Gregos em sous Mitos?. trad, Mo- ticio Gonzalez, ed. Brasiliense, Sia Paulo, 1985, 47 Mare-Engels-Werke, ed, Dietz, Barlim, vol. 3, p. 7a 5 BGEL. Coorg W.Fu Vorlesungen Ober dle Geschichte der Phi losop hie, ed. Reclam, Leipzig, vol. 1, p, 541, ARBAGNANO. Nicola, £0 Bvolucién de la Diotéetica, e/outros autores. ed. Martinez Raca, Barcelona, 1971. p. 11 7— Ocuvses Complites, tradugio francesa de Fre Chambry. ed. Samier, b= VIANO, Carlo Augusto, “La Dialéctica en Aristételes”, in La Bvolacién de la Dialéetien (org. Abbugnano), ed. cil. p. 49. 9 — Topiques, traducio francesa de J. Tricot, em Organon, ed. J. Vrin, Paris, 1939, val. 2. 10 — Em lation: “Dialectica est ars quae docet rem universam distr buece in partes, lateatem explicare definiendo, abscuram £x- plonare interpretando, ambiguam primo videre, deinde distin- Eucre, postremo habere regulam qua vera et falsa judicantur, et quae quibus propositis sint, queque non sint, consequentia.” }1— GARIN, Eugenio, “La Dialéctica desde el siglo X11 a principios dela Edad Modern”, in La Bvolucién de la Dialéctica (org, Ab- bagnano},ed. cit, p. 134. TIERNO GALVAN, Enrique, Razén Mecanica y Hazdn Diatéc- ica, ed. Tecnos, Madrid, 1969. 19 Oargentino Carlos Astrada, ag se referir a essa instabilidade ea Inquictagio dela decorrente, definiua diaKities hegeliana como a que se plensa a sf inisma" (Ear Djaléetica on tu Filasofio iegel. ed, Kairés, Buenos Aires, 1970. p. 58). 14 —Fragmentos 49a©53, em Os Fildsofos Pri-Socriticas (org. Gerd. Bombeim), ed. Cultrix, Sio Paula, 1977, p. 39 16 — Metafisica, trad. castethana de Rosario Blanquez Augicr © Juan Torres Samsé, ed. Iberia, Barcelona, 1964, livro IV, se- 5p. 70. |i) —Em alemio: “Es istein grosser Gedanke, vom Sein zum Werden liberaugeben; es ist noch abstrakt, aber zuglcich istes auch das ersic Konkrete, die erste Einheit entgegengeselzer Hestimmun- xen" (Vorlesyngen dber dic Geschichte der Philosophie, ed. FIL. pp. 428, 429). 12 17 — Phiinomenologie des Geistes, ed. Ullstein, FrankfurtiMain, 1970, p. 18. 1a — ROJEVE, Alexandre, Introduction ala lecture dee Hegel, ed. Gale limard, 1968, p. 145, 19 — Phanomenologie des Geistes, ed. cit., p. 21. En [..)das, Wahvre nicht als Substanz, sondern eben so sehr als Subjeki auf- rufossen und auszudriicken.” 20 — Ockunonuiseh-philosophische Manusksipte, ed. Reclam, Leip- 1974, p. 235, Em alemio: "Die Arbeil, welche Hegel allein konnt and anerkennt, ist die abstrakt Nige.” Li = Idem, p. 287, Emm alemfo: “Das menschliche Wesen, der Mensch, gilt fiir Hegel = Selbstbewusstsein. 22 — Morx-Engels-Werke, ed. cit., vol. 2, p.204. Em aleméo: “Hegel macht den Menschen zum Menschen des Selbstbewusslscin, statt das Selbstbewusstsein zum Selstbewusstseia des, Mens- chen, dea witklichen, daber auch in einer wirklichen, gegens- ‘tindlichen Welt Iebenden und von thr bedingten Mensehen zu machen.” 23—As expressdes siode Hegel: "dic Vernuni als die Rose im Krou- ze dor Gegenwart zu erkennen" (Grindlinien der Philasophic des Rechts, ed. Subrkamp, 1970, p. 26). 24—Marx-Engels-Werke,ed.cit,, vol.1, p.391.Emalemao:"Die Phi losophie kann sich nicht verwirklichen ohne die Aufhebung des Proletariats, uas Proletariat kann sich nicht oufheben ohne die Verwirklichung der Philosophie.” 25 — Marx-Engels-erke, ed. cil.. vol. 3. p. 7. 26 — Para uma apinido contriria, ver KESSIDI, ‘Théohar, Les Origi- nes de la Dialectique Matérialiste (Héraclile}, ed. de Mascou, 1973, p. 68. 27-— SANDOR, Paul, Histoire de Jo Dialectique. ed. Nagel, Paris, 1947, pp. 57 e ss. 28 — GOLDMANN, Lucien, Le Dieu Cochd, ed. Gallimard, Paris 1956, p. 391 29— A defesa de Hogel contra a acusagio de "reacianarisma" esta feita em Hegel et son Temps, de Jacques D'Hondt, ed. Sociales, 1968: Hegel und die franzisische Revolution, de Joachin Ritte ed, Suhrkamp, 1937: Hegel et /'Btat, de Eric Well, ed. Veil 1974: Derjunge Hegel, de G. Lukécs, ed. Europa, 2iirich, 1948; e Politica e Liberdade em Hegel, de Denis Rosenfield, ed. Bra- siliense, 1983, 30 — Le Héve de D'Allembert, Editions Sociales, Paris, 1988. 31 —Néo por acaso, éscrita em forma de didlogo. 32— ARMAND, Félix, proficie a Textes Chaisis, de Fourier, Editions Sociales, Paris, 1953. 33—Uma abordagem dessas tensbes pode ser encontrada, por exem- plo, em CLAUDIN, Fernando, Marx, Engels y fa Revolucion de 1448, ed. Siglo Veintiuno, 1975, 34—Cf. SARTRE, Jean-Paul, Situations [If, ed. Gallimard, 1949, p.174: “ily 2 un rapport profond enire la situation @une classe opprimée et lexpression malérialiste de cette situa: tian.” Finaudi, Torino, 1952, p. 132. Emitaliano: “Si sente che la dia " {ica cosa molto arduae difcie, in quento il pensare diafete Bei aCe onto il volgare senso eemuine cho t dogeadtige, avido di certezze-perentarie," JEL SOUTINHO, Carlos Nelson, Gramsci ed Lte PM, 1901, e198, 37— Marx-Engels-Warke, vol. 14, pp, 217-231 50 — BARBU, Zovedei, Le Développement dela Fensée Dialectique, ed. Costes, Paris, 1947, p. 437, 19 Marx-Engels-Werke, vol. 23, p.27. Em alemio: ‘Sle stoht bel Teal dom Kopf. Man muss sic ummelilpen, um den sake ten Kern in der mystischen Hille zu emaecken 40—KOSIK, Karel, Dfalétiea do Concreto, ed. Paz e Terra, i96y. p. 189, ‘41 — FISCHER, Ernst. O que More realmente disse. ed Civillzagio Brasileira, 1974, Rio de Janeiro, p.22. SP= Morx-Engols-Werke, vol. 25, p, 82: “Das Reich der Freihott bee ginal iu der Tat erst da, wo das Arheiten, das durch Net weal uisare Zweckmiissigheit bestimmt ft, quthtrtces leat ects ronan ea, Sache nach jenseits der Sphire der eigentlichen nat teriellen Produktion." 43.— KOSIK, Karel, op. eit, p, 202, “A~HORRHEIM, Gord, Diolética— Teoria, Prdxis, ed.Clobo, Porto Alogro e Rio de Janeiro, 1983, p. 190. Marx-Engels-Werke, vol. 20. p. 348, 46 — Mare-Engels-Werke, vol. 20, p. 483: 47 — Marx-Engels-Weske, val, 20, p. 401. 48— VIEIRA PINTO, Alvaro, Gonsciéneiae Reolidade Nacional, ed ISEB, 1951, vol, p, 103, 49— RORNHEIM, Getd, op. cit. p. 6. SO— SARTRE, Jean-Paul, Critique de la Naison Dialectique.ed, Gale limard. Paris, 1960, p. 135. 51—FAUSTO, Ruy, More, Légice& Polftica.ed. Brasil pois. 52 — Morx-Engels-Werke, vol. 4, p. 499. 53 — Morx-Engels-WWorke, vol. 1, p. 34a S4— LUKACS, Georg, Geschichte und Klassenbewusstscin, chtorhand, Newwied, 1968, p. 62. [MPETO REBELDE E PROJETO REVOLUCIONARIO A humanidade sé tem que felicitar-se, quando um persamento de revolta passa pelo eérebro dos oprimidos. Raul Pompéia © nossa 6, notoriamente, um tempo de insatisfagao, de ine conformisma. A produgio artistica mais significative do sé. culo XX tem se feito e continua se fazendo em oposicaaa socie- dlade, tal come ela esté organizada, O mosmo voor, com os ico da inteligéncia: s4o cada vez mais ra. 0s @ inexpressives os apolagistas do status quo. Preci pitam-sa 24 mudangas, a tecnolagia avanga em quase tados o terrenos, porém a humanidade, dividida, se sente inscgura, Paira soley todos nds a ameaga de uma guerra termonuclear ¢. ao hos em Penharmos em nautralizé-la, temos a impressio de que nos fal- (ht instrumentos adequados. O mal-estar, enti, se generalize, Queremos inudar o mundo, forjar institwigges anate ‘compati- {eiscom nossas exigéncins, reorganizara vida em bases novas, mas percobemos quie o quiadro em que nos encontramos ¢ the Profundamente defarmade e nas envolve com tania forga que Pode corromper até nossas iniciativas mais generosas, Essa.constatngio, contudo, nao nos paralisa, Mais do que qualquer outra época, a nossa esti marcada pela rebeldia epela busca de solugGes revolucionarias, radi cais, para seus proble- mas. Eé sobre rebeldes e revolucionirios que falam as paginas que se seguem. 9 Friedrich Engels , 4 DIALETICA DA MATUREZA Fisha catalogrAfica (Rreparada pelo Centro de Catalogacdo-nasfonte do SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVRO: EET NAG Engels, Friedrich, 1820-1895 AE RJ) Bava clética da naturena: prélaga de J.B.S. Haldane. Rio de Janeizo, Paz e Terva, 176 240 p. 21cm (Psnsamenta ctlica, v, 8) Sa a Aptadices: 1. Humanizagdo do macaco pel 28 edligdo ‘A investigacio cieatition no mundo dos exphtiios, 1. Fitoso fis td 2. Matertalismo dialéticn 1. Thule 1), Strie CDD ~ 146.3 & 193 7 CDU - 141.8 1430) Jo-0808 Engels ; EDITORA PAZ E TERRA s Conctho Editorial Antonio Candido Fernanda Henrique Curdoso. a 4 Celso Furtude PAZ E TERRA | tugués: Editora Leltura S.A. EDITORA PAZ E TERRA te Grete | THTVERSIDADE FEOBRAL DO PARAN: BINLIOTEGA CONTAAL | fer gee] [Pxe4 gel Cebics @ ANTES z= SeTOR Dh EBUCACAO ag adguiridos pela DITORA PAZ E TERRA can Ande Cavaleant, 86 = Bairto de Fatima de daneito = RJ se reseeva a propriedade 4 esta traducto | Trapresso: no Brasil pried i rast PROLOGO BIBLIOTECA ‘via te Citaclas Homat, anes J. B, §. Haldane morsisso tex, com 0 siénola, uma dupla conecio. Po pristiro Tague on mersisay a evtudarn. com® pate de oot atividades bw Lager oF retram mostrar come an atiidades eentioas Se qualqutt rapa Pyeter gern de thus veridvei, arceuldnden cy aut toy £2 sea so ais amplo, de seus meétodos do produgins fiaalmente, Uae ae anaforman den mbtodes de produgto ©) dee forms, comme odifear a aociedade no ars ceajunto. Esse anilise 6 ceceasatis, Wraer que aaj 0 Sato isGrico «ste lentllcomeris nado, be gualguer Ge wit yestigadores nso maraistas que seekam hole Eau: Po Tene Uinbova em parte. Em segundo lugar, pore Mars © “Engels nfo cone, em cg com, anata irannformaréen scetle, Vim. 28 Senet gacie das Tein gersis du teansformegio, mio opeee Sabon, & Coaeosamnento uciane, ma twrblan ao youndo exerioe were aldo pela mente burmese, Toso quer der que « Pome pode 18 friendn fo aBrvente aoa problemas da cléncln pars erme também Je relagies eocisis du ciéncia, Coshemens de ciéocin j& a2 eto fenilierizands com « al oan ee eettiees & peslgto du cléncin na secledade, Algune sceit da fn ara parte, coroa combalemnas vigroaarete 6 Aer te precurem o conhecimeme puto pots, rete ‘Muftes déles, ne gue Pron Tam ‘coneléncn de que © marzo tenba elguroe 182040 atari Probleeaas eierlficon igslades de sen vinculo com tocledade, Corn a ae exemple, 04 problemas do tautomerism em qulnice °o Lan impulso, como velacidade, ¢ m forgn wetie eee, cresgitt) auendo no considersmos « tranefarangio di uae hime ee Tabs touts: Mas quando a energia te transforma any care (oa ‘eabstho), 0 exato valor é abtido clevanie aq quidredo e ted ee 9 srenle, "De mancira que #6 trata de urna lei getal do movimento que ful eu 9 a formulae’, Podemos agora ver por que tal ee vette, 0. impulse € 8 {Orga eletomotris, pelo fate de terem uma “itermaineds divegio, invertem-se quande #Ko invertides « velocidade cartente, Mast energie aio a¢ modifica. Por conseguinte, 1 relo- de ou a corvents devem entrar, nx {6rmula, elevadss 20 quadrado ya outta poténcia par) uma yer que (— X)! == X?- Jos Marés, Engels eometeu um strio eto, ou saan exmtamente, um 2880 gue teria sido eério caso @ houreste Nlicado, Mas duvide muito de que o tivease feito, Nas astas manus ites a2 -Anée-Dihring, sustentou a opiniie, muito c no sécula Gemnowe, de que consideramet evidentes verdades tals como o# axlo rites, porque nosos antepassades estavers convercidos de pareceriera evidentes a um bosqlmane nea em, essa opiniae & quase segoremente tee, possivelment ‘un falicia ¢ no a publicou, ip ngenas de qu éle ew alguna de teu» amigos eieetitan, tals erma “hice, Fouvessem descoberto o irre exiatente no ensaia sobre A Friecie (lis Marca, Mas inclusive como érro & Interessante, porque 4 um disses nc qhe rendurem 2 um reauliade petitive ( saber, que o dis se vrleria greerno quande nie existiseem ocesnas) através de um racis- Finke. equivsend. Eps outeas partes exittem aflrmacies ingorretas, como por exermplo, sobre au eatr7lat-e os proterodzios, Maa neste caso’ nio se pode calpat . Engels par suguls a dovtsina de alguns doo melhores astrOnomes secu tempo. O aptileigoaments. téenica do teleschpio © de Ccndusiras, logo depois, m grandes ptogeeeens em ssssox ih tech reepeitoe, durante oa tltimos sementn anos. contraposigfa, es observagdcs de Engels adbre o cfleulo dite. reneial, conquanta inapligdveis m @ise ramo da matemitica tal como & hoje ersinado, erarn comvetes no seu tempo ¢ conlinuaram a sélo durante faut tempo depois, Engels observe qus aquela ss deaenvolveu por com radigée 2 gue nem por isso deixou de dar bens rosultodss, Fie em fe so dadas provas rigercuai de mail teoremas a que se relere © alguns matematices tuntentam hayer climinado as potalveis eontradi- Ste Ne realidad, porn » que flteen fol apenas traneferis 1 com ules’ Gren, para © dominio da légica metemélica, onde fin a exisir. Néo admente frecassaram todes o1 eaforyos des- on n dedusie a matersiticn, na sua totatidade, de um conjunto de axiomss (2 dz algumas regres. para aplicilos) como também Codel Jemorstsou que semelhente tentativa estaya destinads a fracsssn:, Em vomeqigncia, o foto de que @ spélise ma tem conter as contradigies psticuleres mencionadas por Engels, de me- treicn neriurna impugna a validado da ceu argemento disbtion, ‘Uma ver deltas todas estas criticns, & surpreendente a manneira pels qual Engels entecipon o progreto das cifncios durante od stents 220s censconsidos deeds que exreven, B prardvel que mio concordase com fy weoris. alémica da cletzicidade, # qual ae alirmou entre op anos de Jo00 ¢ 1936; « sabendo-re que o elétron comportareo nao apnns como ima particule, suas também como um sisteme de ondss em torimento, ‘jem poderia er ponsado haver tomedo um caminho errade, Sun ints Htocke no [ato de que a vida € 0 modo caractetistigo de eompartumento das proteines, parecin molto unilateral 2 maior parte dos bloquimicos, ae Preteoo cada cédula contd multas outres aubstincias orgéntess Complicadts, alémo das proteloas. SSments nos wlkiios quatre ano Sifeou-es que cerias proteines pUEMS spresentem um dos sspectos munis importantes dos séres vives: o de reprodusirac em diversos melo Se bem que, em tedes os ramos possmmos estudar corm vantager @ mfiade de pensomento de Engch, ereio que as partes do livre que tray teow de blologia, sejam an de mais valot imediato pare os homens de Hiincia da gpors tual, Naturslmecte que isso pode ser devido a que, como Biélogo, posto descobrir sutilenss da pensamento de Engels que ire poderio tor excapede nas segGes que tratam de fisica; pode tet fembtin devide a que a biologin sofrea, maa dltimar geragdes, menos mudangas espeteculares do qué a Sinica. ‘A fim de ajudar os leirores a acomperher o devenvohtimento dt citncla deade a Zpoct de Engels, acrescentel & obra algurnss natas, Cer- fs leltores poderio refutar minha afirmagso de que, em alguns casos, Engels s2 cquiveceu, Ele, estretanto, no me teria contestede, Tinks perfeita caneciencla de que aio era infalivel c de que © movimente ope: Titio néo deseja Papas ou cecritutas reveladas, 4 Situogo da Classe Operdein na Inglaterra em 1844 (da quel havia aparecide, nes Estados Unidos, uma tradogio er. 1845) foi publiceds pela primeira ver, no Inglaterra, em 1892. Em teu preficio, escrito quareste © lto ance depois, diz Engels 0 segu! rinde eutdado em nfo suprimic do texto siultas profecias, entre outros a de uma iiminente revelugia sociel na Inglaterra, aventu~ wut ful induzide pelo meu ardor juvenil, O surpreendente, nfo & que fldo_desmentidas, raas simque algumes ae tenbar, Ge {alo, realizads.” Creio que on leftares de Dialéticn de Natu aeabario chegando # uma conclusia semelhante & e884, No menclonei, entretasto, as anges relativas & hlstérin da cléncia, Fosse figurstn entre ns patstgens mais brilhantes do toda 9° Livro, rats representa uma linha de pensamento stguida por Marx ¢ Engels ul

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