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Carls EduandoNewass | VilmarRodrisus || CAPITALISMO para prncpianes asil, Catalogagio-na-Publicagaéo Camara Brasileira do Livro, SP Novais, Carlos Eduardo, 1940- Capitalismo para principiantes / Carlos Eduardo Novaes, Vilmar Rodrigues. — 6. ed. —- So Paulo Atica, 1984, (Colegao de autores brasileiros ; 86) Inclui 435 ilustragdes. |. Capitalismo — Obras de divulgagéo I. Rodri- guer, Vilmar, 1930- LL. Titulo. 17. CDD—330.15 18. —330.122 indice para catdlogo sistematico: Capitalismo : Economia 330.15 (17.) 330.122 (18.) 1984 Todos os direitos reservados Editora Atica S.A./Rua Baréo de Iguape, 110 Telefone: PABX 278-9322/Caixa Postal 8656 End. Telegrafico: “Bomlivro”/Sao Paulo. ference titulo original deste livro era Capitalismo para principiantes — criangas e militares. Reduzi o ti- tulo, mas mantenho o livro dedi- cado as nossas criangas e aos nos- sos militares. Sou filho de militar, um velho lobo do mar, que chegou a almi- rante, acreditando que o mundo se dividia em “democracia” e comu- nismo. Durante todos estes anos em que estamos juntos — mais de 40 —, ouvi meu pai falar de pdtria, seguranga nacional, demo- cracia, psicossocial, mas jamais es- cutei da sua boca a palavra “ca- pitalismo”. Precisei crescer mais um pouquinho para entender seu alheamento. Os militares, afinal, ndo estdo sujeitos as leis do mer- cado: nao tém patrao, nado preci- sam ir @ greve, nao sofrem o de- semprego, ndo discutem, aumento salarial, ndo trabalham para o en- riquecimento de outros homens. As Forgas Armadas néo séio, en- fim, um negocio em busca do lu- cro. Talvez por isso meu pai nunca enxergou o lobo do capitalismo sob a pele de cordeiro da “demo- cracia’. Nunca suspeitou que a “democracia’, cantada em prosa e verso, ndo anda sobre as proéprias pernas. Ela, como qualquer regime politico, precisa de um _ sistema econémico que lhe dé um sopro de vida. No mundo occidental, o sistema que movimenta as ditas de- mocracias é o capitalismo. Curio- samente o capitalismo é o mais desumano, injusto, perverso e anti- democrdtico de todos os sistemas econémicos. Os militares que co- nheco nunca souberam disso; as criangas também nao. Dai dedi- car-lhes este livro. As criangas, na esperanca de que cresg¢am interes- sadas em entender o capitalismo. Aos militares, para que reflitam duas vezes antes do préximo golpe. CEN. Cerca de 28,7% das informagGes hist6ricas deste livro foram recolhidas do livro La trukulenta historia del capitalismo, do mexicano Rius, que reco- Iheu 50,6% do seu material do livro Historie Bogen, dos suecos Annika Elmqvist, Gittan Jonsson, Ann Mari Langemar e Pal Rydberg, que, por sua vez, recolheram 67,3% do seu texto da prépria histéria do capitalismo. Jo principio, 5 Qo mercador, 17 g° novo mundo, 28 A comércio exterior, 39 Bo capitalismo em campo, 50 64 concorréncia, 63 ra monopélio, 70 84 colonizagao, 86 . 104 antitese, 109 1 Le 0 patropi?, 116 12: veio a guerra, 124 130 mibegre, 135 14s multi, 161 [Nova sociedade, 172 16 ideologia, 181 I ‘A competicao, 193 1B te errado, 202 9o imperialismo, 103 ilo PRINCIPIO No principio era o verbo. Gl 1U TRABALUAS ELE TRABALHA. 6 RECA, CLE NFLAGAO, My SS & sy mG ty Mas voltemos ao ponto de partida. Depois do sujeito e do verbo, veio o cla, a primeira forma de organizag&o social, onde os homens sobreviviam na base do slogan dos Trés Mosqueteiros. Todos trabalhavam na medida de suas capacidades, voltados para o bem comum (bem comum? o que é isso?). Um trabalho duro, realizado com instrumentos primitivos. A barra era tao pesada que a duracHo média de vida era de 18 anos. a Era uma época em que, na luta contra a Natureza, o Homem andava levando de goleada. A dificuldade para se conseguir alimento era enorme, maior que um cantossauro. Ainda nao havia o programa Alimentos para a Paz. Também nao havia excedentes de produgdo, e 0 espectro da fome rondava o cla como aos nossos nordestinos. Nessas condigées, tudo era rachado entre todos. TROYE UNA NOZ MEGREME MEU CARE. Hole, ENE VAMOS COMER ° FONG DUDIRMOL: Foi mesmo uma sorte os nossos ancestrais nio terem morrido de fome. Se assim fosse, a Histéria do Homem teria terminado ali e hoje certamente haveria um dinossauro morando no meu apartamento. Zs ZA E, afinal, como foi que o homem saiu dessa? Transando com a Natureza. Naquela de horror (ou da ou desce), o Homem tratou de inventar armas e ferramentas. POR ENQUANTO PKA NADA, MAS CSPERA SO ATES (NWVENTARENM ‘SOAS, KRWVAZ, VE/A OQUE IWVENTETL, Ny ARCOS Munido dc arco e flecha, o Homem ja nao precisava mais encarar um brontossauro. Aumentaram os meios de obtengéo dos alimentos. O Homem comegou a produzir entao mais do que era preciso para o consumo imediato. Foi inventada a dispensa. COMO ESTAMOS LE NOLES E TEMOS YPLT NOLES, MS ST DUAS LASTANS, MWe Ai a y 2 S ii) SS (EEO GY \( DS SZ SC". Com a aparigéo dos excedentes, desenvolveu-se um intercam- bio entre as tribos. Comecou um troca-troca infernal. DSS Te << Yy\ I): Ry aN NSS NS oa SN QUER TROARTS , FIGURINHAS FELD ™ SEU SRONTORSAUR OF Ai a vaca (o mamute, melhor dizendo) comegou a ir pro brejo: surgiu, no horizonte da Histéria, a possibilidade da apropriacao do resultado do trabalho alheio. DAQU! PRA. AE NOSSO E MINGLE TASCA DAQU/ ~RA LA E LELES € AES VAMOS TOMAR YO AEIZO. ———" Os grupos (clas, tribos) mais fortes, mais produtivos, mais bem armados comegaram a dominar os mais fracos. Instituiu- -se a lei da selva, e, como Tarz& ainda nao havia nascido, © pau comeu. Como resultado... Apareceu, entao, a propriedade privada dos meios-de produ- gao; num momento, eu creio, em que o Criador estava dis- traido. Séculos mais tarde, um cidadéo com idéias socialistas, chamado Proudhon, afirmou: “a propriedade é um roubo”, mas ninguém lhe deu atengao. ( ' iY i = — SS e AOPREDADE Coe PRIADA NAO ENTRAR i B A Escravatura foi chegando e fazendo suas reformas: trans- formou a antiga sociedade sem classe (classe nenhuma, as pessoas comiam com as m4os) numa outra com duas classes. - <3 PARTIR DE HOVE NESTA CLASSE FICARAO KB 4 OR iakéS € NAQUEIA IS ESCRAVOS. \\ \y 7 ys We ih O escravo era apenas um homem que ja nao pertencia mais a ele mesmo. Ou melhor, nem era um homem. Tratava-se de um animal que falava pouco mais que um papagaio. Ve S= FAIA MENOS ZRODUE MBS. Tudo que o escravo produzia pertencia ao senhor. Algo muito parecido com o que acontece ainda hoje no Nordeste. A pro- dugéo, contudo, aumentava. A produgao do senhor, bem entendido. GUE A ESCRAVATCRA- EO REGIME Os escravos, porém, nao concordavam muito com a tese dos senhores. Um dia... ° A Wiig. € 0 BERGO DA CHULIAGAOL Ta eas Mais uma vez, os alto-falantes da Histéria anunciam: Atencio, sai Escravatura e entra Feudalismo. Mas que diabo é o Feudalismo? Um regime que se apoiava na propriedade da terra e marcou a sociedade medieval na Europa. Foi a base da exploragao dos camponeses (parece que foi ontem!). (MAS [POE INGE =o — ] SSS HSS SESE SET Ss S oS i SSS SSS oS ISS SS SQ Se TS SPSS =e i S$ SS EB \ | 24 } : 25 i Vocé duvida? Pois saiba que um pequeno banquciro alemao, Jacob Fugger, em seu balancete de 1546, mostra débitos do Imperador alemao, dos reis da Inglaterra, de Portugal, da rainha da Holanda e — pasmem — até do Papa. \Q MAS FIQUE TRANQUILO. EU \ DED CHE dos até os dentes? Estariam pensando em pescar sardinha 08 RIMES CONTANDD NINGUEM ACREDITA E> _—— Os portugueses desembarcaram nos centros comerciais da Costa africana e foram se apoderando das cidades, na base da porrada: matando, dominando, saqueando. Invadiam as casas dos mercadores arabes e roubavam tudo ante a estu- pefacao geral. Voce NAO SABE =. CHEGOY, A CUILERO OCCIDENTAL. Na América, nao foi muito diferente. Os espanhdis, chegando com soldados, canhdes, armas de fogo, mas sempre com a cruz na frente, que ninguém é besta. Invadiram os impérios inca, maia, asteca, as ilhas do Caribe e deixaram as regides habitadas por indios menos dotados, como por exemplo o Brasil, para Portugal. Os “conquistadores” tiraram os indios de suas terras, ma- taram seus chefes, violaram suas mulheres, destruiram sua cultura e fizeram a todos escravos. Mas em compensacao... S10 ere INR Nome 20, WeRpADE a> wie bevy SN JB - MBSA 2 AFIT HA WS SSS Gragas ao ouro roubado no México, no Peru e em outras regides dominadas, os conquistadores espanhdis e portugueses ergueram suntuosos palacios e igrejas em seus reinos. Ss € DESQE ENTAO A AMEKIC4 — LATIVA FASSOU A SER UM CONTINENTE SAQUEADO 7 UMA VERDADEIRA CASA DE NOXA ONDE TOLD SQ MUNDO METE A MAG ao NOVO MUNDO Mas voltemos 4 Europa. Peguemos um navio e voltemos a Europa, porque a histéria da América Latina (de saques e exploracdo) continua a mesma até hoje. A Europa, bem, a Europa vivia um periodo de grande esplendor, luxo, pompa, riqueza... VANE PARAR COM EBA DEMAGOGIA E COM ESES ABIENVOS RETUNBANTES € 7200 MUNDO SABE ERA SO” M4 PANELINHA QUE Vila yt aptenate E> WEE LAO, Ween ELF a Realmente, nunca houve tanta miséria na Europa. Basta dizer que, por volta de 1630, um quarto da populagio de Paris. era constituida de mendigos. Os nobres tinham até seus mendigos de estimagéo. “OLE ACHA- QUE JE BL SOUREISE ESTARIA AQU F EUV TAMBEM QUERO PARTICIPAR. LESSE ESHENDOR, DESSIE LUO, LESSA POMPA 000 ONDE & QUE ESCONLERAM = O DINMEROE. Agora quero que alguém me explique: por que numa época de tanta prosperidade havia tanta miséria? Os espanhois inundaram a Europa com ouro e prata roubados do romanticamente chamado Novo Mundo e¢ com isso provo- caram uma alta espetacular nos pregos. Alias, essa época ficou conhecida como a da Revolugdéo dos Pregos. Todos quase tao altos quanto os nossos, atuais, e com uma desvantagem: nao vendiam a prazo nem no cartao de crédito. Um leitor um pouco mais apressadinho dira: MAS SE HOWE ELEYAGAD LE PREG, DEVE TER HAVIPO TANBEM ELEWVAG4AO DE SAMARAS» 2 Nao. Ainda hoje a gente sabe que os salarios nunca aumen- tam na mesma proporgdo dos pregos. Naquela época, como hoje, os salarios so conquistados com sangue, suor e lagrimas. Acontece que ainda nao tinham inventado o sindicato, nem as greves, nem os piquetes. Sim, e ha um outro dado: os senhores feudais, donos das terras, também estavam numa merda de dar gosto: continua- vam a receber os antigos arrendamentos, baixos, e tinham que pagar novos pregos, altos. E tem mais: o Estado, que despontava, também suava para equilibrar o seu orgamento. BD Foi uma época em que embolou todo o meio do campo. S6 se beneficiaram mesmo os mercadores, os negociantes, a bur- guesia, enfim, que comegava a botar suas manguinhas de fora. Os senhores feudais, j4 nao téo ricos como no passado, se apa- voravam com a possibilidade de perderem seu status. FICAR. SEM MEUS. CARRS, MEWS TV. A CORES, ME SOM, NONCA f VOU TRATAR. DE ELEVAR_ Os camponeses, que permaneciam num estado pouquinha coisa melhor que os nossos camponeses nordestinos, nao podiam pagar. Os senhores feudais entao... Aldeias inteiras foram postas na rua. Muita gente morreu de fome. Os camponeses nao tinham muita escolha: ou viravam mendigos ou assaltantes de estrada. ES7OU IMPRESSIQNADO, COM O INDICE DE _CRININALIDADE, POR QUE SERA'E NAO TENHO A MEHOR (OETA, , MAS PRECISAMOS CRIAR CES ZARA NOS ~ROTEGER. we LESIES ASCALTANTESe = Como acontece até hoje, as leis eram feitas pelos poderosos: os senhores feudais eram os. prdéprios juizes. Assim até eu! f 7OD0 HOMEM E 16uAl, PERANTE Alél, A let E QUE NSO © (UAL PERANTE O despovoamento das aldeias, porém, deixou os reis embana- nados. Os camponeses, ficando sem terras, ja nado lhes paga- vam mais impostos, NAO TENHO MEN [RO CAFE, ACHO QUE VOU TER QUE VEKLER O MED TROMs EEU QUE NAD TENHO NAD4 PRA VENOER EE \ aa ‘4 (Sy Os donos da terra —- senhores feudais —, contudo, sobreviviam porque nesse periodo océrreu uma importante modificagao: desapareceu a velha idéia de que a terra era importante em telagio ao total do trabalho sobre ela executado. O desenvol- vimento do comércio, da indistria e a Revolucéo dos Precos tornaram o dinheiro mais importante do que os homens. A terra virou fonte de renda. ee _ SABE O QUE MAIS G SAG (NAO VOU PLATAR MAIS NADA» CMYTO MUS NECICIO. COBGRAR. ve PEDACIOn Wes a RA KAW (Chi ® \\ Yh: \ KS ESSSROM = = SS z ee Antes que fosse tarde, os nobres, que j4 estavam empenhando seus brasGes e suas coroas, trataram de investir contra os donos da terra, para tentar restabelecer os impostos. RETABELECER OS [MPOSTOS, € SE fOSSWE ne TOMAR OMAS TERR/NHAS, E CLAROS A sucessao de crises de poder e de riqueza tinha que acabar desembocando numa guerra. PRECISAMOS LE ARMAS, MUNICCES CANGAS. COM AT/RACEIRAS JANAIS GANHAREMOS UMA GUERRA. Os nobres estavam com problemas: precisavam de dinheiro para formar e equipar seus exércitos. Onde conseguir? Ponto para quem disse com os comerciantes e negociantes. WAO Se PREOCOPE COM DINHELRO, | MEU KE/o DEIKA CONMIGO, VOCE _ \ QUER PINHETRO. PARA QUANTAS GUERRAS & OYTO LEZP VITEE 4 E os comerciantes patrocinavam os exércitos dos reis. & ONDE € AQU MESNO. QUE EUV COMPRO COMGO> AS ARMAS Z QUANTAS Wo QYER 2 Os comerciantes, como devem ser os bons comerciantes, ganha- vam pelos dois lados com a guerra. Emprestavam dinheiro aos nobres — criando uma dependéncia —, que por sua vez compravam as armas nas suas miaos. SABE QUE A GUERRA E cd FEES 7 OTIMO NEGOYO € WAS re DEV/A PARA NUYLA- ‘> Ney > Ss a. [SSO NOS POUWAA- TEMPO &€ ACELERA P A ~RODLCAI A indistria dava, entéo, os seus primeitos passos. Surgiram, no palco da Hist6ria, os primeiros operdrios assalariados. Dai para a frente, 0 caldo vai engrorsar... pro lado dos operarios, naturalmente. WhO AGUENTO MALS TANTOS. (RIKOES. € VOCE PRIMERO, OS NOBRES, LPS A 16KkEl4; || AIWOA NAO ‘DEPOIS QS SEMUOKRES FEUDAIS, _ o Vie NADAL AGORA OF COMERCIANTES cco EL NAO fen ACENO MAIS. i a 3 i, COMERCIO No inicio do século XVII, na Europa, os pequenos reinos inchavam e transformavam-se em novos Estados. A pergunta que corria de boca em boca era a seguinte: como transferir para o Estado os mesmos principios que tornaram varias cidades-reinos ricas e importantes? NS BEM, EM PRIMGKO LUEAR PREISANAS TCE | SABER 0 QUE TORNS Lig PAS L100. ASISR ORO E PRATA, FALAKAM OS MERCANTIUSTAS E SE OS MERCANTILISTAS FACARAN TA’ FACALO. Quanto mais ouro € prata o pais acumulasse, mais rico seria. Imediatamente, varios paises baixaram leis proibindo a saida desses metais. Paises como a Espanha — o mais rico do mundo no século XVI, gragas as colénias nas Américas —, que nao tinham mais onde botar ouro e prata, podiam aumentar suas reservas. Mas e os que nao dispunham nem de bronze? Como fazer? Vamos ver o que dizem os mercantilistas. BM, A SHDA EO COMBE EATERR, TRATEM DE COGTRUIC. CMA Sim,-sim, até ai tudo bem, mas como manté-la favoravel? Aumentem a produgio dos seus artigos e vendam além-mar. Mas se cuidem para que as exportacdes sejam sempre maiores que as importa¢des. A diferenga recebam em moeda de ouro. Dou minha cara a tapa se nao der certo. Para aumentar a produgdo e o lucro, nada melhor do que conseguir matéria-prima barata no além-mar. Matéria-prima e — nao esquegam —- mfo-de-obra. 4 f oS gL LA —— HRN SANG ae . y OA COX x 7 ye j ct 8 SW \W - i WAG : WV/AX seanetias stome E foi dada a partida para uma nova corrida a Africa. Varios negociantes ficaram milionarios apanhando negros africanos é vendendo-os na Europa, América do Norte, América do Sul... Nasceu ai a expresso “mercado negro”. O maior negociante nesse mercado foi um cidadio inglés de nome John Hawkins, que, vendendo seres humanos, chegou a ser nomeado pela rainha “Cavalheiro do Reino”. ESHWO JO AY We Hak Ws A rainha ficou tao impressionada com os lucros de Hawkins que rapidinho perguntou se ele nao precisava de uma sécia nesse nobre empreendimento. Na segunda expedigio de Hawkins, a rainha emprestou-lhe um navio. O detalhe mais curioso era o nome do navio. Onde estes cagadores de escravos punham os pés, creiam, nao crescia mais grama. Os portugueses no inicio, depois os ingle- ses e holandeses, sé causavam devastacio e despovoamento. Uma idéia dos métodos holandeses para acumular capital: em 1750, Bawjuwangi, provincia de Java, tinha 80 mil habitantes; em 1811, sua populagéo era de apenas 18 mil. SE CONTINUAR ASSIM LAQU/ A POYCO EU ESTARE/ ( PESEMPREGALO» ee nmi, Mas o filé mignon era mesmo a Africa. No Congo, como.a populagéo também diminuia, o rei (Afonso) resolveu tomar uma providéncia. Chamou os mercadores negros que nego- ciavam escravos com brancos europeus. (PROIBO QUE VOES ENTREBUM A NEA GEMIE AOS EUROPE, g LMS; Me REI, DELKEMOS Le Sexe ANTTAUMOS, E884 EA ULTIMA MODS NA EUROPA, ESE \, NEGIOO V4 NE DEAR. RICO TEM GENTE ( DEMALB AGU NO Ghia. MINECEM WAY NOAR Sé SSS VDA ALGUNS UYOULES ALEN 00 MIS eS ‘ VAO WASNG, CONHIECER. ES = MUNDO, VA SER. ss : OTH) PACE. = O comércio de escravos tinha suas regras fixas: os africanos s6 recebiam coisas em troca dos escravos. Ja os negociantes euro- peus vendiam-nos a dinheiro, obtendo lucro e acumulando capital. Foi assim que a Holanda se tornou a principal na¢gZo capitalista do século XVIE (0 primeiro escravo negro levado para os Estados Unidos, em 1619, desembarcou de um navio holandés). AP ROVETEM, APROVETTNS, GOOLE xan et ga y lk Me Od LEA TREC, QUEM COMPRAR QUATKO Le Uy COUUO Le BON OAHOL Os livros oficiais de Historia fingem que nao sabem, mas foram mais de 100 milhdes de pessoas convertidas em escravos. Cem milhdes de pessoas vendidas como animais. E ainda hoje as grandes poténcias ocidentais reclamam por que a Africa nao segue a via capitalista (???). HA OM CERTO EXAGERA KECBEC § SHEIL/S ove © comércio escravo trouxe riquezas para as grandes metré- poles. No Brasil, Estados Unidos, Jamaica, os negros traba- lhavam nas plantagdes das cinco da matina as sete da noite sem direito a férias, feriados, fins de semana, décimo-terceiro, inps, aviso prévio. Viviam sob a lei do chicote. , SAO FH OSMIM. HEFE, COM OM ATRASO LESIES DESOULPE O ATRASO. SANGO CORTAMOS. MALS OS SENHOKES UD ME O PONTO ove CORTAMOS CORTAR O fONTO ES N Bac 44 A Igreja, que durante séculos bajulou o Poder, acobertava as praticas dos senhores. Ao invés de ajudar os negros, ameaca- vam-nos ainda mais. 7 O POKE MISE QUE SE NAO CE vce OBELDEORMOS VAMOS PARA. \f EU ESTHWA CERTO AME LY ESTAUANOS NO /NPERMO O WNFERNOs E assim os capitalistas fechavam o circulo: vendiam escravos na América para trabalharem de graca, produzindo bens nas plantagoes. Esses bens eram industrializados na Europa e leva- dos para a Africa, onde eram trocados por escravos, que eram vendidos na América, para trabalharem de graga, produzindo bens nas plantagGes. Esses bens eram industrializados na Euro- pa e levados para a Africa, onde eram trocados etc. etc. . -- = Pe SEN ti Em meados do século XVII, porém, o Feudalismo ja estava A burguesia francesa, que j4 dispunha do poder econémico com seus dias contados. mas nao do poder politico, que ja era dona do capital mas nao das terras, tratou de promover uma revolugao. Nao sem antes, é claro, formar a indefectivel frente ampla com artesdos, camponeses, plebeus e pequenos comerciantes, MINTO BEM, AGORA QUE ACABAMOS COM O CLEXO Se EA NOGRZA VAMOS DMIDIR O BAD» OBAL LEGALL eal Io ROD NN WW x O Feudalismo dava sinais de cansago. Na Inglaterra, que con- trolava. todo 0 comércio entre a Europa e os outros continen- tes, o Feudalismo fazia sinal para o banco, pedindo para sair de campo. A sua substituigéo, porém, sd veio com a Revo- lugdo Francesa. O grito de Liberdade, Igualdade, Fraternidade ecoava demo- craticamente por toda a Franga. OLUGAR QUE VOCES BSTAO PROGURAIIDO © CHAMA-SE AFRICA. Morton era um jornalista americano que tinha ido 4 Africa procurar o explorador David Livingstone. Voltou com Living- stone e com a férmula de sucesso do Capitalismo. A Africa, dizia ele, é 0 local ideal para o capital: muito verde, muito mato, passarinhos cantando, rios e riachos, muita ma- téria-prima e grandes clientes em potencial. JARUUUGUUUG, ESTANOS SALVOS £ _ WAL VIVAL O ULTIMO A CHEGAR LA C MULHR LO PADREL, No inicio foram apenas as empresas. Mais uma vez, os afticanos tentaram resistir com pedras ¢ atiradeiras. As grandes empresas deram um assobio (desses de chamar cachorro), seus exércitos se apresentaram e fincaram Assim nasceram as colénias. Mas 0 processo de colonizagao e de divisio do chamado mu livre nao se limitou a Africa. Estendeu-se por todo o plancta. Equem FICO COM 4 CAE 0 GUezEe A CHiN TAMBEM EENTROU NA DMO FS FUR QUE NAO [SRM ANRES Z. Vans ER Como CQUEA GME LIVE (S500 ae sis EUS C COMQE QUE EY F/O s Cy. NESBA DMSO TODA As poténcias européias dividiram a Africa sem a menor ceri- EF (ay y ménia. E o que é mais grave: sem perguntar aos africanos 0 | a ( que eles pensavam disso. LY <({\ FLV WS Se ag 5 . . NOK.) - Ne eau erences SIZZZo ONS RAH BY _.. VINE PORTUGAL As grandes poténcias consideravam os nossos irmaozinhos do Norte muito criangas ainda para fazer parte daquela partilha capitalista, coisa de gente grande. Para Tio Sam parar de chorar deram-lhe algumas migalhas. . . ESSANH4 t SELGICA O QUE HAVAL [HAS VIRGEN, PORTO R100 008 $0 [S808 , FOKA, SUSE/ Are : VOCES NAO FORAM CEGH( Se SSS MAS WOES VAO VER vc SS) EV AINA DOMINAREY OMUNDD 000 E YOU A. FORA» a, LIBERIA 1914 88 89 Ninguém acreditou. As grandes poténcias nao deram muita Pedro I deu o grito errado, as margens do Ipiranga. bola para os Estados Unidos. Tinham mais o que fazer. O Capitalismo acabava de dar mais um passo a frente. Tinha que se estabelecer nas coldnias. DAC TEMPO DE CORRIGR 2 ENTAO ME EMFPRESTA UM CAIALO, FECIZIENTE O BRASIL NAO ENTROY NESE KATEI QO 0+ JA TINHA FICADO /NPEPREMPENTE DEDE SOLE D DEPENDENCIA OU MORTEL O Brasil, como toda a América Latina, neste final do século XIX, estava nas maos da Inglaterra. O Brasil, na verdade, como disse 0 padre Vito, jamais foi independente. Querem saber por qué? Porque toda a estrutura econdmica do nosso pais estava voltada para a exportagdo. No inicio do século XIX, apesar de continuarmos oficialmente como colénia portuguesa, j4 estavamos, digamos, “economica- mente disponiveis”. A invasdo de Portugal, em 1808, por Na- poledo foi o golpe final no poderio dos nossos colonizadores. VDE O CAFE QUE NOS SUSTENTOU FOR MAIS DLE UM SELHO, _- - LESLE 7870. on o1 E o Brasil ficou para a Inglaterra, é claro, que na época era uma espécie de Rainha do Mundo. D. Joao VI e sua corte j4 haviam fugido para o Brasil, em navios ingleses. Quando nos deixou, em 1820, Portugal ja nao era mais aquele. VOLES, BRASH ROS, TERR UM BELO FUTURO NAS MAOS DOS /NGLESES,, Quando em 1822 a aristocracia portuguesa deseja retomar o seu dominio, os portugueses que haviam permanecido no Brasil, apoiados pelos grandes plantadores brasileiros, fazem o qué? Proclamam a Independéncia do Brasil! POUAS VES NA iS ropa uM PAS PROWAMO SUA (NDEPEMLENCA DE FORMA TAO TXANQULA 92 Nao podia ser de outra forma: nfo houve nenhuma transfor- magao importante nas estruturas econdémicas internas. WO8) CONTI NUANMOS MYDD NO PE 0 Ao estabelecer sua dominacao aqui, a Inglaterra nao precisou fazer como na Africa, ou seja: impor-se economicamente pela via politica. Isso s6 6 necess4rio para implantar estruturas financeiras e mecanismos econdmicos de exploragéo. No Bra- sil, j4 estava tudo pronto; a economia j4 fora constituida em funcdo das necessidades externas. A classe dominante dependia das exportagdes para prosperar. /NGATERRA. QUERIDA- WAO NOS LEME INCA MALS NAO SE/ SE SEREMOS CAPAZES DEWVER SEM SUA GUARIOA,

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