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Drove Introdacda ao Lstudo do AMovel em Geral Elementos Teenicos Esteicos O Mobiliario Antigo na re Orla da Paks wt be bewa. 4% i War derliy Prk, JTS O mével arcistico & assunto de interesse crescente nos ae tempos, cabendo-Ihe lugar de destaque nos tratados de Histdria da Arce mait atvalizados, As intormagOce ais reuiidas passa a ter, por cone Keauinte, tima destinagio mais ampla, dela nao se excluindo o escudan- te de arte, razio por que nao se podem omitir do scu context Ce nogics elementares ¢ de cariter diditico. Acreditamos que ao Ieitor de qualquer grau de conhecimento muito ajudario as tentativas de clase sificagio, as linhas metodoldgicas © os conceitos gerais que a seguir enfeixaremos ao modo de breve introdugao, antes que o mével anno brasileiro ¢ baiano, éom 0 scu modelo fixado em Portugal, passe a ob- jeto exclusive deste ensaio, | Para que se compreenda melhor o mobiliério antigo na Bahia é conveniente desde logo deixar definidos os principais elementos cons- tiutivos do mével em geral. Duas crdens de elementos 0 con.pocm: os técnicos ¢ os estéricos. Aqueles, por sua vez, estio divididos tam- bém em duas ordens: 1) elementos construtivos, ou procedentes da falricagio, tais como 0 material empregado na construgio, 0 proces- so de fabricag3o ¢ montagem, etc; 2) os elementos utilitirios, que en cerram a comodidade de uso, finalidade e condicécs priticas. Os elementos de ordem estétiva compreendem a forma do mével € a sua decoragio, A forma no & completamente independente dos 7 Conve pe gadla Viiva dle alta te mamente Ii «ost Inte ‘ ais coUh a de una s ut livirios, ] . a forma ¢ Assim, por sJementos wth “eC envolve clement iMbrio € ofere) modidad yerfeito uso H cade aos ¢ clemente nigncias de USO. juualidade artistica 00° gue seja usacia COND a ig recs iri no scu Jigses neces irins 6 flv Us : linha de pensamentoy cin dia a we 2 jnnta rtork a Frama ccessarinment subordinne Uma cadeira pare jag or em roe 60M 8 MN gla eR) eT Me ; midi c i i ce da harmon eae ord por forga uma £0 ova descanso 1 a e i: bretudo as imposiyGes da a Co ae a estéticn ¢ com 0 corpo humane, Outro clemen i ‘jyel artistico € # deco- mental importincia para comprecnsio do a a te aque langa mio 0 ragho, Esta pode ser definida como os De e ans cagio es! artista para cmbelezi-lo, tornando-o capaa ide desperta eooeee ieenrat is i 1 de contemplagio, satisfa Os processos ¢” ara zados no mobilidrio sio os tradicionais: a escultura, a grav ff , a pintura, inscrustagécs, aplicagécs de matcriais diversos. RiieNio) dos ee a evélugio da forma ¢ da deco oO se constitui na propria historia do estilo, no mobilifrio, ee Cada estilo apresenta particularidades de ordem técnica © cte- tica que cxigcm o conhecimento dos principios construtivos emprega- » dos na fabricazio do mével, como também a informagio sobre o gosto, as idéias predominantes na época da criagio ¢ até mesmo proccssos rtisticos, tais como a politica, a religijo ¢ a economia. E conveniente acentuar que a decoragio do mével nao € 0 Gnico fator para a caracterizagio do cstilo, embora os elementos ornamen- ‘ais scjam muito significativos para determind-lo. dos, os quads ee ea ee volumes distribui- pitito. f nglobarem-sc, dio ao mével o scu cs- 1d i wo, cour oi i para extras 7 Conhece-se perfeitamente o tipo de ornatos preferidos ¢ ree ae na decoragio dos méveis do século XVII: a concha chissica, na » dos : : a chissica, a a de acanty, as cartclas, os festdcr. Mas, para definir 0 mével dessa | | 8 | & ani ue ele época nio basta a decoragins ¢ fed aie le as J, con a predomindncia ds en Iagan com os capagins. aque ve des i augerido, a forma do mnivel obvdece ain icia ¢ utilidade € também a outros ee rac is qualidades positivamente arcls ao pode ser confundic "4 ¢n ra, de emogio cs roads, 9% propergt do perfor que variam em re Come jé fo cipios da convenitncis que asseguram aos méve ] A forma do mével artistico nao p volvida naquela atmosfera de 070 artistico, de beld rnin i icadeza, perfcigio, equil! prio © ae pode servir de Icito, destinam, 6 equiliria. rética que se impoe de logo pela de hamento. Us simples estrado, por cxemplo, po raahia ten ceeit mesa de trabalho, pode ter muitay outras finalidades cin sud ee gio, como aqueles ainda hoje existentes em certas regiocs do Rio : Francisco, em casas de fazenda; nas nunca seria um moével de arte, pois Ihe falta qualquer preocupagio nese sentido, Entrctanto, s¢ urna + cana, uma mesa, uM banco apresentam formas proporcionais as suas dimenides, se tém linhas agradaveis e equilibradas © ostentam deco- nte com o scu espfrito, so considerados de qualidade io cond artistica, P; . P ene) Os méveis, de acordo com a sua destinagio, podem ser ainda Guardar ¢ clasificados em duas outras grandes catcgorias: 64 moveis de guardar fe Kerem eos mévcis de repouso. Os primeiros sia os cofres ¢ scus derivados: arcas, batis, ialas, armarios, estantes, comodas, aparadores, credéncias; © os segundos, os moveis de assento ¢ seus derivados; bancos, cadeiras, sofas, ranias, ete. O cofre com a sua caixa 4 assentar dirctamente sobre o solo, € 0 mével primitive — protétipo de todos os méveiy utilitérios, are Usticos, de guardar ¢ repousar, O mével primitive, nascido das necessidades mais rudimentares do homem — aquelas de guardar, de preservar, de proteger das intem- péries ¢ de defesa dos bens humanos, dew origem a todos os” ou- tros, num ciclo de evoligio que apresenta aspectos curiosos, & fAcil Rea si xa a purnrdar, cam 9 scl tampo protetor, servindo tam- assento, de Icito ¢ até de mesa, Na Bahia, ainda se pode en- ‘ 1 1 . reunidos, o mével de guardar ¢ o de repousar, dos séculos XVI ¢ XVIII, ¢ até mesmo em interpretagécs populares, Acrescente-se 0 cncosto a estrutura da caixa, do cofre, da area, ¢ toremos a sua utilizagio como bance, Sabe Se através das idades, desde o homem primitive, da pré-histéria, dos diversos materiais utilizados na indistria, Os séculos legaram 20 pre~ sente os instrum(ntos Iiticos, os méveis de metais, os bronzes dos os tronos de Creta. Mesmo entre os primitivos contempora~ sua cultura ma- contrar com freqiiéncia, nos bancos mistos de arcas, egipcios, . ncos encontram-se mdveis com tragos importantes de terial, ou mesmo espiritual . . Entre os nossos indfgenas, os tupis tinham = scus giraus para guardar utensflios de cozinha, armas ¢ outros haveres, como redes ¢ macas de reponso. Outros grupos construfam suas camas de varas, tao comuns ainda hoje cm certas regides do Brasil . . No chamado “ciclo do couro”, apontado por Capistrano de Abreu, utilizou-se aquele material cm grande profusio na construgao de méveis, lastros de cama (couro de boi), mencionados por Jorge Amado nos scus romances de regido Sul da Bahia. E até na arquitetura, na construgao de portas ¢ janclas. Tribos do Xingu ainda fabricam pequenos bancos de madeira de formas zoomérficas. No Alto Amazonas, na regiio do Rio Negro, banquinhos sao ricamente decorados com desenhos abstratos. As mulheres sudanesas possuem pequenos bancos como objctos de uso pessoal, conduzindo-os por todas as partes para onde se des- Toquem, no seu, trabalho, comércio ¢ obrigagées de ordem social. O habito de carregar o scu préprio banco foi conservado na Bahia, como pratica dos escravos que nao tinham assento nas igrejas c, j4 cm nos sos dias, em caidter popular, pclas baianas véndedoras de iguarias em tabulciros. | Nao obstante a varicdade na escolha, o material preferido na are inrgrey : : fabricagio do mobiliirio vem sendo a madcira, por forga da sua imen- sa riqueza organica, facilidade de mancjo na fabricagio ¢ durabili« dade. 10 A Tradigao do Lar Imptanta-se no. Brasit A Auther ea Cultura “Na obmy de arte, do material utlizada dependem quese sempre halignde onistien a decoragio, form © até mesmo a utilidade. Ruliitwops, sem a existénela de mideiras preciosas, apropriadas para fabricagio, tho, a nogueira, ‘no teria sido pos- icaga irval a fabricagio, como o ébano, 0 ca 04 : pos: sivel o desenvolvimento de’ uma arte ¢ técnicas reconhecidamente su periores, como a dos ebanistas franceses ¢ ingleses ¢ a dos toreutas de Portugal. i : . Sem 0 nosso jacarand4, a grande arte de talhar a madeira, de inicio portuguesa, nio teria continuado no Brasil ¢, principalmente, na Bahia, to rica em mobiliério, em imagindria, em retabulos ¢ talhas que recobrem as suas muitas igrejas. Desde 0 primeiro século, a Cidade do Salvador surpreendcu os visitantes, cronistas ¢ informantes, pelo csplendor das suas igrcjas, a riqueza de scus habitantes e o luxd de suas casas nobres, comparadas as da propria metrépole. { +As memérias do visitador di Companhia de Jesus que, héspede da Casa da Torre, descreveu a cama de jacaranda em que dormira, a alvura dos Iengéis de fino linho eo perfume que dela se desprendia, sio das primeiras noticias registralas sobre o mobilidrio na Bahia ¢ bem atestam, jd nos primeiros tempos, os requintes de bom-gosto ¢ os cuidados com os ambientes interiores, Tais preocupagées nao se deviam, naturalinente, a vario, aventurciro, guerrciro, conquistador, marinhciro ¢ soldado. Pareiram, sobretudo, da mulher de origem’ européia, a nica respon- sivel. pela continuidade e transmissio desses elementos da cultura do velho mundo. Mesmo no exotismo do trépico nao esquecia os tragos da sua cultura e, aqui, sob as condigdes mais dificeis, impunha a con. tinuagio dos habitos ¢ costumes peninsulares, transmitindo-os aos fin 10 colonizador 11

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