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CARREIRA ESPECIAL NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA EM ÁREAS DE


DIFÍCIL ACESSO E/OU PROVIMENTO

PROPOSTA PRELIMINAR

ELABORADA PELA COMISSÃO ESPECIAL PARA ELABORAÇÃO


DE PROPOSTA DE CARREIRA PARA O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

PORTARIA GM/MS Nº 2.169, DE 28 DE JULHO DE 2010

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Considerando os preceitos constitucionais e os princípios do Sistema Único de


Saúde - SUS, do direito à saúde, incluindo-se a equidade e o acesso universal
da população brasileira aos serviços de saúde pelo Estado;

Considerando a dificuldade apresentada por inúmeros Municípios brasileiros


em fixarem profissionais de saúde em seu território e que, em decorrência
disso, expressiva parcela da população brasileira não tem acesso aos serviços
de saúde, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste do País;

Considerando que a falta do acesso à saúde inviabiliza o exercício pleno por


parte do cidadão, dos conceitos de cidadania e dignidade, situação que dificulta
alcançar os objetivos fundamentais preconizados na Constituição de
construção de uma sociedade justa e solidária, entendendo que a garantia do
desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, e a
redução das desigualdades sociais e regionais passam todas,
necessariamente, pelo acesso à saúde; e

Considerando que cabe ao Estado envidar todos os esforços necessários para


garantir o acesso às ações e serviços de saúde por parte da população
brasileira, resolve instituir Carreira Especial no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) para profissionais de saúde da Atenção Básica em áreas de
difícil acesso e/ou provimento.
LEI Nº [...], DE [...] DE [...] DE 2010

Dispõe sobre Carreira Especial no


âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) para profissionais de
saúde da Atenção Básica em
áreas de difícil acesso e/ou
provimento.
O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte lei:

Capítulo I
Das disposições gerais

Art. 1º Esta Lei institui a Carreira Especial no âmbito do SUS para


profissionais de saúde da Atenção Básica em áreas de difícil acesso e/ou
provimento para médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas.

§ 1º A Carreira Especial viabilizará o provimento dos profissionais


referidos no artigo anterior, incentivando a qualificação da atenção básica em
áreas de difícil acesso e/ou provimento.

§ 2º Os servidores integrantes da Carreira Especial possuirão


vínculo de trabalho federal com o Ministério da Saúde e estarão sob a gestão
do SUS no município, onde desenvolverão suas atividades.

§ 3º Caberá ao Ministério da Saúde distribuir os servidores


integrantes da Carreira Especial mediante critérios de seleção e lotação
definidos nessa lei.

§ 4º O regime jurídico dos cargos definidos por esta Lei é o


instituído pela Lei N° 8.112/1990.

Art. 2º A Carreira Especial destina-se aos profissionais habilitados


nas seguintes áreas:
I. Médico: generalista, clínico-geral, saúde da família e comunidade.
II. Enfermeiro: generalista, saúde da família e comunidade.
III. Cirurgião-dentista: clínico-geral, saúde da família e saúde coletiva.

Parágrafo Único. De acordo com as necessidades e porte


populacional dos municípios e/ou da região, poderão ser contempladas outras
especialidades da clínica básica.

Art. 3º Para a definição das áreas de difícil acesso e/ou


provimento, com precários serviços de Atenção à Saúde, foram estabelecidos
os seguintes critérios de elegibilidade:
I. Indicadores de oferta de profissionais e pesos;
II. Medida/indicador de alta necessidade de saúde;
III. Medida/indicador de necessidades/carências sócio-econômicas;
IV. Características da população;
V. Indicadores de capacidade instalada;
VI. Indicadores de utilização de serviços por segmento populacional; e
VII. Medida de distância (física e em tempo) e localização como medida de
acessibilidade/barreiras geográficas.

Art. 4º A Carreira Especial será regida pelos seguintes princípios:


I. do concurso público de provas ou de provas e títulos, significando este a
única forma de acesso;
II. da flexibilidade, importando esta na garantia de permanente adequação
da Carreira Especial às necessidades e à dinâmica do SUS;
III. da gestão partilhada da carreira, entendida como garantia da
participação dos trabalhadores, por meio de mecanismos legitimamente
constituídos, na formulação e gestão da Carreira Especial;
IV. da carreira como instrumento de gestão, entendendo-se por isto que a
Carreira Especial deverá se constituir num instrumento de gestão do
trabalho;
V. da educação permanente, importando este o atendimento da
necessidade permanente de oferta de processos educativos aos
servidores dessa carreira;
VI. da avaliação de desempenho, entendida como um processo focado no
desenvolvimento profissional e institucional; e,
VII. do compromisso solidário, compreendendo isto que o plano de carreiras
é um ajuste firmado entre gestores e trabalhadores em prol da qualidade
dos serviços, do profissionalismo e da adequação técnica do profissional
às necessidades dos serviços de saúde.

Art. 5º Para efeito da aplicação desta Lei consideram-se


fundamentais os seguintes conceitos:

I. insegurança na atenção à saúde é a inadequada e descontínua


assistência à saúde da população, muitas vezes concomitante com a
insegurança pública, alimentar, econômica e social, que agravam a
situação de privação essencial a que essa população é submetida;
II. áreas de difícil acesso e/ou provimento são áreas carentes ou
desassistidas de profissionais de saúde, sem acesso a cuidados
básicos, em razão de barreiras econômicas, geográficas e culturais;
III. carreira é a trajetória do servidor desde o seu ingresso no cargo até o
seu desligamento, regida por regras específicas de ingresso,
desenvolvimento profissional, remuneração e avaliação de desempenho;
IV. cargo é o conjunto de atribuições assemelhadas quanto à natureza das
ações e às qualificações exigidas de seus ocupantes, com
responsabilidades previstas na estrutura organizacional e vínculo de
trabalho estatutário;
V. classes são divisões que agrupam, dentro de determinado cargo, as
atividades com níveis similares de complexidade;
VI. promoção é a passagem do servidor de uma classe para outra, no
mesmo cargo, mediante o cumprimento de interstício e atendimento de
requisitos de formação, qualificação ou experiência profissional;
VII. progressão é a passagem do servidor de um padrão de vencimento para
outro, na mesma classe, por mérito, mediante resultado satisfatório
obtido em avaliação de desempenho periódica, segundo o disposto no
programa de avaliação, e por tempo de serviço, mediante o
cumprimento de requisito de tempo de efetivo exercício no cargo;
VIII. vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de um cargo, com
valor fixado em lei;
IX. remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das vantagens
pecuniárias estabelecidas em lei;
X. padrão de vencimento é o conjunto formado pela referência numérica e
o seu respectivo grau; identifica a posição do servidor da Carreira
Especial na escala de vencimentos em função do seu cargo, classe e
nível de progressão; e
XI. remoção é o deslocamento do servidor após completado o interstício, a
pedido ou de ofício, no âmbito dessa Carreira Especial, com ou sem
mudança de município.

Capítulo II

Da organização das carreiras


Art. 6º A Carreira Especial é constituída de três cargos:
I. médico;
II. enfermeiro; e,
III. cirurgião-dentista.

§ 1º Os cargos de que trata este artigo compreendem as


categorias profissionais que exigem, para o seu exercício, nível de
escolaridade mínimo correspondente ao ensino superior.

§ 2º As atribuições dos cargos de que trata o caput deste artigo


são as estabelecidas na legislação que regulamentam estas profissões.

Art. 7º Os cargos de que trata o art. 6 deverão ser estruturados


em, no mínimo, 4 (quatro) classes, definidas a partir das seguintes exigências:

I. para a Classe A: ensino superior completo;


II. para a Classe B: ensino superior completo e especialização ou
qualificação ou experiência profissional fixada pelo plano de carreiras;
III. para a Classe C: ensino superior completo e programa de residência
médica, multiprofissional e em área profissional da saúde ou experiência
profissional fixada pelo plano de carreiras ou mestrado; e
IV. para a Classe D: ensino superior completo e experiência profissional
fixada pelo plano de carreiras ou doutorado.

Art. 8º A jornada de trabalho dos profissionais que compõem


Carreira Especial será de 40 horas.

Dedicação exclusiva - em discussão


Art. 9º O edital de convocação do concurso público de provas ou
de provas e títulos poderá prever a sua realização em etapas.

Art. 10° O ingresso na Carreira Especial deverá oco rrer na classe


inicial e no primeiro padrão de vencimento do cargo, após a aprovação em
concurso público de provas ou de provas e títulos.

Parágrafo único - O Ministério da Saúde será responsável pela


realização do concurso público para provimento dessas vagas, observadas,
para tanto, as disposições legais pertinentes e, especificamente, as normas
expedidas pela Comissão Nacional da Carreira Especial no âmbito do SUS
para profissionais de saúde da Atenção Básica em áreas de difícil acesso e/ou
provimento.

Capítulo III
Do desenvolvimento na carreira

Art. 11 O desenvolvimento do servidor da Carreira Especial dar-


se-á através da promoção e progressão.

Art. 12 O desenvolvimento do servidor nos cargos da Carreira


Especial obedecerá aos princípios:
I. da anualidade;
II. da competência e qualificação profissional e;
III. da avaliação de desempenho.

§ 1º O interstício mínimo para progressão será de doze meses,


permitindo ao servidor que ingresse na Carreira Especial alcançar o último
padrão de vencimento da classe do seu cargo.

§ 2º É vedada a progressão do ocupante do cargo efetivo da


Carreira Especial antes de completado o interstício mínimo de um ano de
efetivo exercício em cada padrão.

Art. 13 Serão concedidas gratificações em valores variáveis, de


acordo com os graus de insegurança na atenção à saúde e áreas de difícil
acesso e /ou provimento de acordo com o art. 5, incisos I e II.

Art. 14 A fixação dos valores dos padrões de vencimentos deverá


obedecer aos seguintes critérios:

a diferença percentual entre um padrão de vencimento e o seguinte será


constante
I. em toda a tabela;
II. a relação entre o primeiro e o último padrão de vencimento da carreira
será fixada visando assegurar a valorização social do trabalho e o
fortalecimento das equipes;
III. correspondência mínima do menor padrão de vencimento conforme
tabela anexa.

Art. 15 A remoção deverá seguir os seguintes critérios:


I. permanência mínima no local;
II. ocorrência de vaga;
III. mobilidade dos servidores de um município para outro de acordo com o
plano de carreira.

§ 1º Para a remoção de que trata o caput deste artigo deverá ser


garantida a substituição do profissional no município de origem, a fim de
assegurar a continuidade dos serviços prestados à população.

§ 2º A remoção para outro estado só será possível mediante


permuta e se dará entre os municípios de origem.

Art 16 A permuta poderá ocorrer entre os municípios de origem,


em estados/regiões diferentes.

Capítulo IV
Da Gestão da Carreira

Art. 17 Para garantir a efetivação da Carreira Especial serão


instituídas Comissões Nacional, Estaduais e Regionais compostas pelos
gestores das três esferas de governo e representantes de entidades sindicais
das três profissões.

Art. 18 Compete às Comissões do art. 15, em suas respectivas


áreas de abrangência:
I. garantir a gestão partilhada da Carreira Especial;
II. acompanhar e avaliar, periodicamente, a Carreira Especial; e,
III. propor ações para o aperfeiçoamento da Carreira Especial, bem como,
adequá-la à dinâmica própria do SUS.

Art. 19 A gestão dos servidores é competência exclusiva do


gestor municipal do SUS.

Art. 20 Os casos excepcionais serão resolvidos no âmbito das


Comissões, de acordo com as respectivas áreas de abrangência.

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