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LAURO CAVALCANTI Moderno e Brasileiro A hist6ria de uma nova linguagem na arquitetura (1930-60) Inclui mais de 130 fotos e desenhos Jorge ZAHAR Editor Rio de Janeiro Hhtiites MINISTERIOS, 0 MINISTERIO ee C | = a (reine ttehey acer ti (oooh avec Re cea cect aarti ¢ Mentolidade do st: Artur'dé Souza Costa, ‘assi Rules Celie Caos e saaia etal Verney) ey capirvLo 1 Panorama Geral Sree ea Exposicdo do Estade tove, Rio {de Janeiro, 1936. 1m 1938, foi inaugurada a Exposigo Nacional do Es- 1do Novo, buscando realizar, “ao alcance do homem uma " e das realizagbes do Governo Federal efetuadas desde 1930. Dividida em varios setores, a mostra apresentava, como uma de suas maiores atracdes, as maquetes e plantas dos novos edificios que estavam sendo realizados "no progra- ma de construgao de grandes prédios piblicos destinados a centralizar as diferentes repartigbes de cada departamento de Estado” (Revista do Servico Priblico, outubro de 1938). ‘Tao forte quanto os motivos de ordem prética era 0 desejo governamental de uma atuagao arquiteténico-urbanistica ‘exemplar na capital da Repiblica paléciose monunentos que, plas caractriteas ar artsicas, pelo aspecto grandioso que possam apresentar, ¥e- nnhom a servi de exemplo ds iniciativas perticulares, atestem 0 ‘grau de cultura do povo e estejam, enfim, altura do renome ‘que tenham adquiido nossas cidades como centros de angio, de progresso e de riquera. (Revista do Servigo Palco, janeiro de 1939; grifos meus) Sto construfdas, & época, buscando “aliar as preocupa ‘des de ordem estética as do interesse administrativo”, as se- Edueagio e Saiide (1936/1943), Fazenda (1938/43), 0 da Marinha (1934/38) e © da Guerra (1938/42), além dos novos prédios da Central a Alfandega (1939/41), do Entreposto 36/39) ¢ © Palicio do Jornalista, sede da ABI (1936/38), edifcio que, embora pertencente & associagio de classe, foi todo realizado com erédito especial do Gaverno Estava sendo criado um “mercado de obras piblicas’, distinto da- quele da Repiblica Velha, restrito a teatros, bibliotecas e palacios (cf. Bruand: 1981), A prefeitura carloca se aliava as preocupagbes federais de remodelago da capital, convocando o urbanista Alfred Agache para cla- borar 6 novo plano da cidade. Multiplicavam-se propostas como a de José Mariano: “Uma série de belos monumentos, fachadas amplas (50 a 100 metros), plantados em blocos isolados por gramados. No centro da grande composigio ficaria 0 Palacio do Parlamento, e em torno os ministérios. Os grandes edificios piblicos voltados, em fachada, para a mais bela bafe do mundo." (Dirio de Noticias, 16 abr 1936) [As sedes ministeriais de Educagio, Trabalho e Fazenda foram edifi- cadas em terrenos vizinhos, na Esplanada do Castelo, a maior érea urbana criada, 8 época, pela prefeitura do Rio. Acompanhar as discussBes € exa- rinar os vinculos sociaise aliangas por ocasido de suas construgdes ajuda a mostrar como os modernos conseguiram impor seus cAnones estéticos, suplantando seus concorrentes e certa predisposigo contréria a esse estilo ~ expressa na orientacao da Diretoria do Patriménio da Unido de “evitar 0 moderno extremado, por néo ser préprio para repartigdes pablicas” (Revis- ta do Servigo Pablico, absimai 1938). Quais eram, afinal, tais concorrentes? Como se organizave o panorama das edificagdes? Até a virada do século XIX, 0 mercado de construcdes era dominado por mestres-de-obra, geralmente pedreiros de nacionalidade ou origem lusitana, que executavam “quase todas as casas do centro da cidade, com suas fachadas semelhantes alinhadas mas sem uma solugio de continuidade de ambos os lados da rua ...” (Bruand: 1981). Arquitetos, vindos da Europa ou, em minoria, formados pela Escola Nacional de Belas, prédios piiblicos e casas para as cama- Artes, dedicavam-se a consteu das dominantes em estilo “eclético” ~ referido aos mais variados estilos pretéritos: neogre; italiano, ao segundo império Frances e assim por diante, No infcfo do século XX, e disputa pelo campo da construgdo & objeto de maior empenho dos arquitetos, que logram estabelecer algumas regras para 0 seu funcionamento. A atividade é regulamentada através de registro obriga- {6rio para construir: a prefeitura carioca concede aos pedreiros portugueses licenga para edificar, sob titulo de arquiteto-construtor. E criado, por volta le 1900, no Rio de Janeiro, o Setor de Censura de Fachadas, ocupedo por arquitetos indicados diretamente pelo prefeito, através do qual & exercido 0 controle estético das novas edificagées (um setor similar foi, posteriormen- te, ctiado na prefeitura de Sao Paulo; a primeira casa moderna, construfda fem 1923 por Warchavchik para sie sua mulher, Mina Klabin, teve de ser neo-romano, neobarroco, alusées 20 renascimento eapacidade das ‘mesmas, estrutura, érea a construir ¢ composicdo arquitetonica. ... A segunda preliminar referiu-s & apreciagio ou nio dos tabalhos que exorbitaram a érea fixada no edital como sendo a méxima prevsta para construcSo. Por maioria dos ‘010s ficou deliberado que a comisséo concedia uma tolerancia de cineo por eento de excesso sobre o total fixado no edit (Ata da décima reunio do concurso de projetes para oedificio do Ministério da Fazends; Arquivo do MF) ‘A undécima reuniso da comissdo, para o julgamento ¢ classificagao final dos anteprojetos apresentados, teve lugar no dia seguinte, 17 de de- zembro de 1936: “Pelo engenheiro Magno de Carvalho foram lidas as ob- servagdes que a maioria da comissto havia concordado em anotar sobre cada tum dos trabalhos, as quais, veificou-se, coincidiam, salvo em ligeiros detalhes, com as de outros membros da comissio.” Segundo essas obser- vag6es, 0s projetos que "reuniam maior niimero de qualidades eram os de nimero 5, 6, 7 @ 8", dos quais passamos a transcrever as apreciasBes: Projeto 5 (Wladimir Alves de Souza ¢ Enéas Silva) Partido bom; érima circulagio no primeiro pavimento e boa nos demais; bos

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