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A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, E O ESTADO FASCISTA clfferson Cerrielle de Carme Resumo: © texto pretende fazer uma andlise da reforma educacional de Giovanni Gentile compreendidla como um complexo de decretos-Ieis e de normas que visam a contibuie para a efetivacio do Fstado fascsta. Mostra que 0 contetido dos decretos leis aponta para a autoridade da escola, com vistas 2 disciplina © & obediéncia, visando 2 submmissio ao Estado. Essa andlise ainda destaca a relacio da reforma com a corrente filoséfica idealista, como pega mestra da doutrina fascista Abstrate: This article intends to make an analysis of the educational reformation by Giovanni Gentile, understood as a. complex of law edicts and rules which aimed at contributing for the implementation of the fascism government. It shows that the edicts nd laws content points to the school authority in terms of discipline and compliance, fiming at the submission to government. The present analysis also points out the telation between the reformation and the idealist philosophical trends as an important clement of the fascist doctrine Palavras-chave: Giovanni Gentile; Idealismo; Reforma Educacional; Estado; Fascismo. Consideracées iniciais lum complexo de decretos-leis e de normas promulgadas por Giovanni Gentile, primeio ministro da instrucao piiblica, no perfodo fascista de 30 de outubro de 1922 a 26 de junho de 1924. E: texto toma como objeto de andlise a “Reforma de Gentile", entendida como "Professor do Centro de Ci Sociais Aphicadas & Fducagto, na Universidade de jas Humanas da Universidade de Sorocaha ~ UNISO. Doutorando em Ciencias ampinas (UNICAMP) ‘Quacstio — Revista de estudes de educagao, Ano 03, n. 1, maio de 2001 3 ESTUDOS Ressalta, ainda, a relacdo da reforma com os idealistas que foram colaboradores do fascismmo, ao proclamarem que o principal dever do homem 6 atuar na sua esséncia universal ¢ superar os limites da sua pessoa singular. Ao pronunciarem isso estavam identificando os valores universais com a Nagio © com o Estado ¢ restaurando a autoridade do Estado realizada pelo fascismo como meio de libertagao humana Veritica, ainda, 0 Estado como pega mestra da doutrina fascista nao s6 como forma da tradicao nacional, mas expressao juridica de uma vontade coletiva, como necessidade dialtica, isto é, uma representacao dla idéia da vontade coletiva que vem Constituir-se em Estado. A Reforma de Gentile e 0 Estado De forma geral, essa reforma foi fixada a um plano legislativo, mediante uma série de leis separadas, mas que idealmente estavam unidas em uma visio integral dos problemas da escola e da cultura.’ Essas leis foram acompanhadas por uma abundancia de circulares, contendo instrugdes para dirigir a conduta dos drgaos dependentes do Ministério da Educagao, no que se refere 3 interpretagao ¢ a aplicagao da reforma. Dentre essas circulares estava ade 25 de novembro de 1922, cujo contetido se refere & “autoridade na escola", que tinha por objetivo a ordem, a disciplina e a obediéncia da escola para com 0 Estado, garantidas por um conjunto de instrugdes que seriam 0 fundamento da convivéncia civil. (Bellucci e Ciliberto, 1978, p. 204) Nas palavras de Bellucci e Ciliberto, a escola era para o fascismo “o centro da uta politica, visando 0 fortalecimento do Estado toialitério, tendo como base a reforma de Gentile, que a fez convergir aos seus ideais” (p. 206). Esses objetivos foram detalhados quando, em entrevista dada a “U'kdea Nazionale", ‘em 29 de marco de 1923, Gentile apontava 0 que pretendia com a reforma educacio- nal, nas varias etapas do ensino. Sua pretensio era criar uma escola digna de um grande povo, que tinha tido o mérito de sair vitorioso de uma durissima guerra, mas que, naquele momento, nao tinha nem universidade nem escola elementar e popular nem escola média que respondessem as necessidades do pais (Gentile, 1923) Essa constatacao estava acompanhada pela critica ao Estado liberal, identificando rele o entrave & possibilidade de construir uma politica educacional adequada & nova situagdo do pafs. Sua proposta era de um novo Estado, que respondesse aos anseios politicos e sociais emergentes pds-guerra, juntamente com uma nova escola que cor respondesse as novas exigéncias educacionais do pais. A semelhanca do programa politico dos fascistas, na reforma, o Estado deveria configurar-se como a personificacao da vontade coletiva do povo (Ravaglioli, 1995, p. 225), Apoiado nessa concepeio, Gentile preconizava a reforma da escola média, enter dendo ser essa uma das instituig6es propulsoras mais “vitais” para a nova. situa Como, citamos te, por entende4mos serem as que est3o mais em conformidade com a nossa pesquisa R.D. maio de 1923, n.1054, Regulamentacao da insucao Média e dos Colegios Nacionas, R.D. 30 setem- bro de 1923, m. 2102, Regulamentagio da Insucso superior; D. 1° outubeo de 1923, n. 2185, Regulamento das grades excolares e dos programas diditicos de intro elementar ‘Quaestio — Revista de estudos de educagio, Ano 03, n. 1, maio de 2001 [A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, EO ESTADO FASCISTA, conjuntural do pais. Nas palavras de Giuseppe Ricuperati, a0 comentar Gentile, a escola média era 0 centro de toda a cultura italiana, Em seus aspectos administrativos, € didaticos, a reforma pretendia ser 0 ponto de partida para a selegao e preparacao de uma classe dirigente, criando uma estrutura escolar que fosse a produtora objetiva da separagao entre dirigentes ¢ dirigidos. (Ricuperati, 1995, p. 1712)° Para alcancar tal objetivo, a reforma foi construfda basicamente sobre as leis educacionais do pasado, principalmente a lei de Gabrio Casati, (Lei Casati, criada em 13 de novembro de 1859, que objetivava ser uma espécie de Carta Magna da escola italiana Essa lei criou um sistema nacional de escola publica, com base no Estado como, Linico gerenciador do ensino, desde o elementar até 0 superior. A lei, com seus 380 artigos, constituia um verdadcito cédigo de instrugao escolar, principalmente no que se refere aos aspectos da organizacao administrativa, fortemente centrada no Ministro da Educacao, que tinha amplos poderes de decisio, a nomear € controlar os principais funcionérios centrais e periféricos do Conselho Superior da “instrugio publica’. Tal centralismo buracratico seguia a seguinte hierarquia: 0 ministro, 0 Conselho Superior da “publica instrugao” e tres inspetores gerais, um para cada grau de ensino, eriando tum elo de transmissio, através do qual © Ministro da Educacao geria 0 ensino piblico € privado, colocando-o sob 0 controle do Estado (Borghi 1975, p. 9-17). No que se refere ao aspecto da estrutura curricular, a lei Casati criava uma sepa- ragio nitida entre a escola humanista e a escola técnica, delegando a responsabilidade dda segunda para 0 Ministério da Agricultura e Coméreio (Ragazzini, 1990, pp. 13-14), Utilizando-se do perfil da Lei de Casati, Gentile ira reformar a Escola Média‘, visando a adapté-la & nova realidade social do pés-guerra, de um lado, e, de outro, dar maior consisténcia ao regime fascista, fortalecendo a autoridade do Estado. Os caminhos que Gentile percorreu para efetivar tais objetivos deitam raizes em sua concepgio do papel do professor. Sob a ética de seu idealismo, o fil6sofo compre- ia que 0 professor nao era apenas alguém que s6 “instrui” seu aluno, dando-the informagées, fGrmulas, normas ou argumentos, mas que também se relacionava “inti- mamente” com 0 discipulo, no que se refere a esfera do pensamento e da vida coti~ diana, “Para entender a verdadeira indole, ou necessidade, da vida do seu escolar, 0 professor ndo deveria limitarse ao Ambito escolar e nem da classe, em que se supde 2 atitule de seguir um certo programa escolar” (Gentile, 1927a, p. 135). Gentile enten- dia que “um ato educativo nao & compreensivel se ndo a um pacto, que atravessasse e se realizasse na unidade dos espiritos |...) que se dissolvesse na individualidade dos educandos”. (p. 136) Tendo como principio norteador 0 idealismo, 0 seu programa pedagégico tem como objetivo formar 0 homem, enquanto reatidade espiritual (Gentile 1927b, p. 31 43), entendendo que 0 espirito se diferencia da natureza através do principio da exclu- » Ricuperal, G. La scuola nel lia ila In Stoda dHalia.V5, document, p. 1712 + exposicio que segue esti baceada em aspectox do Decreto de 6 de maio de 1923, 1° 1054, relativo 20 ‘ordenamento da insttugao dos colégios rgionais (A Reforma da Escola Miia, Publicado a Gazeta Ofc 129, de 2 de junho de 1923, (Qusestio — Revista de extudos de educaglo, Ano 03, n. 1, maio de 2001 ESTUDOS so €, por ser liberto, € infinito’, sendo que tal superagdo & operada pelo proceso, educative, que tem por fim 0 desenvolvimento do homem para a liberdade (p.42) Essa compreensio esté presente em seus textos, desde 1889, quando definiu “O conceito cientifico da pedagogia”. Apontando para o estreito relacionamento entre filosofia e pedagogia, define a filosofia como a ciéncia do espirito, e a educagio como © desenvolvimento do espirito A educagio, por isso, & a formagio do espitto segundo a lei do espirito, ou seja, © desenvolvimento do espirto segundo a sua natureza ,iuxta propria principa.(..) Mas, se a educagio, e 0 desenvolvimento do espiito si0 0 objeto proprio da filosotia do espitito, a pedagogia, enquanto ciéncia, nao € senao a filosoia do espirito (Gentile 1927b, pd). Gentile, ao afirmar que os individuos constituem a concreta realidade do espirito, & medida que a mente universal vive e se desenvolve através da sua aparente variedade, define a educacao como um proceso de unifica¢ao espiritual no qual 0 mestre ¢ 0 aluno desaparecem como seres particulares. (p. 41) Nessa ética, Gentile indica que a unidade e a intimidade espiritual entre © pro- fessor e 0 aluno se constroem na escola, efetuando-se quando © mestie entra no processo espiritual do aluno, realizando a unidade que subjaz & aparente variedade. Assim, a escola "é este processo aglutinador ¢ unificador dos individuos empfricos” (Gentile 1927, p. 135). (© que Gentile, na realidade, esté definindo € a relagao entre liberdade © autori- dade na educagao, uma discussio que ele iniciou ja no ano de 1899, quando sustentou que a autoridade do mestre deve dominar na escola e que os alunos sao libertos, porque seu espirito segue a liberdade do mest. ‘A autoridade do mestre domina na escola, ¢ entctanto os alunos sio liberts: porque o seu espirto segue o esptito do mestre; mas, seguindo esse esptito segun- do a propria natureza espirtual. E nao sio menos felizes que os mesites com a autoridade com que os domina; porque nesta autoridade eles otimizam aquela atualidade do espirito, que & a esséncia mesma da liberdade. (Gentile 1927b, p. 42). © conceito de liberdade no processo educativo de Gentile deriva de seu principio filoséfico de que a liberdade é infinita e universal apenas no espirito: conseqiientemen- te, em sua visa0, 0 “dominio” do mestre no processo educativo nao significa invalidagao da particularidade dos individuos, mas é a forma de superacdo do singular na unidade do espirito, Assim sendo, © papel da escola, nesse proceso, é atuar sobre os limites da 5 Gentile visa eselarecer que a pedagogia& a eiénca da formacio do esptito,e esta coincide inerentemente ‘com a ciencia ou filosoia do espnto, Wdentificanda a educagzo como formadora do es povle intervie ns fases autnomas prpris do esprit, Fara Tundamentar sua compreens Superioridade do homem, como expinto pensante faz uma distingao entie 2 natutezae © homem, pois reconhece que este & 0 dic que tem a capacidae de educarse. Para fundameniar essa compreensio, Cita Hegel: “O espiito tem para nos a natureza por sua pressuposigio, da qual ele & a verdade e, por isso seu Ipsincpio| absolutamente primeito. Nessa verdade, a atuteza desvancceu, © 0 espitito se proctuzis como iia que chegou ao seu ser para 5, cujo objeto, assim come o sueit, €0 conceto. Essa identidade & a negatvidade absolta, porque 0 conceita tem na natureza sua objetividade externa consumadla, porem e350 su exteusio ¢ supraassumida, eo conceto tornou se nela demic a i mesmo, Por isto 0 conceito 56 & es idealidade enquanto € retomar da natureza”. (Apud. HEGEL, 1996 [1830], p. 15-24-F 381-382) 36 ‘Quacstio — Revista de extudos de educagio, Ano 03, n. 1, maio de 2001 [A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, EO ESTADO FASCISTA expansio espiritual, proporcionando a unificacao entre os alunos © 0s professores, superando as possiveis particularidades dos individuos, € no conjunto constituido por aluno e professor realiza-se a liberdade no espirito. (Gentile 1928, p. 36-54), Nao podemos, porém, nos esquecer que o ceme da escola de Gentile esta no professor € no no aluno. Em suas préprias palavtas: "Da autoridade do educador & que advém a liberdade do aluno’. (Gentile 1927a, p. 198) E essa autoridade do professor que se incorpora no aluno, proporcionando a “liberdade” do educando, que sera o fundlamen- to da autoridade estatal. Na anélise de Gentile, o mestre 6, na verdade, a encarnagio © 0 elo de transmissio da autoridade universal do Estado, que se instala no interior dos individuos, constituindo-se como eterna e imanente encarnagio da consciéncia da rnacdo, exigindo disciplina e submissdo completa do individuo aos seus fins. (Gentile 1925, p. 363) Sendo assim, a escola seria 0 suporte ideoligico do Estado fascist: ‘Acescola era exatamente a consciéncia nacional do Estado, ou seja, um ds Srgi0s mais delicados, que deveria prontamente inculcar a pratica do respeita 3 lei, & corde, a disciplina e a obediéncia sem limites & autoridade estatal. A escola deveria ser a forma de adestramento e de canalizag3o moral dos jovens que seriam (05 futuros cimentos da vida futura do povo italiano (Nero Del, 1988, p.22 Na concepcio da relacao entre 0 Estado © o sistema escolar, 0 primeito & tbitro absoluto da organizacio educacional: é ele que vai direcionar os programas da escola, detendo (Gentile, 1908, p. 93) 0 seu poder de decisio nos “curtfculos’, afastando as entidades civis do processo educativo. Se o Estado ensina, deve saber 0 que ensina & rngo deve admitir que um rapaz ou pai de familia ou uma entidade privada qualquer se oponha ao seu saber ¢ aquilo que ensina. (p. 108.) Fssa forma de obediéncia hierérquica foi um dos aspectos mais importantes da reforma de Gentile, que reforca o autoritarismo do Estado em todos os niveis educativos, baseando-se na concepcao filosdfica de que o Estado & a mais alta manifestagao do “espirito”, incorporando todas as experiéncias, vontades dos seus governados e encar- nando a consciéncia e os fins supremos da vida nacional. (Gentile, 1927c, p. 44-47) A lei pressupde 0 espitito; e se a lei 6 do Estado, ele, 0 Estado, ¢ espirito. As ‘se a lei pressupse aquele grau de espiito que 6 a filosolia, o Estado organizador das escolas ou quem quer que seja por ele deve ser filésofo. A ele compete a fungao de fixar 0 programa das escolas, com os quais se refletem os interesses _gerais da nagio; porque nisso ha realidad e concretude a vontade ¢ todo espirito ‘enquanto vontade da mesma nagio (...) O Estado ensina porque &, © enquanto &, ‘espiito; mas nao pode ensinar outa coisa senao o espirito; aquele espirito que & absoluta universalidade, negagio de todo arbitrio e valor natural (individual) (Gen: tile, 1908, p.93) Gentile justifica 0 suposto cardter democratico € integrador de sua reforma edu- cacional, argumentando que todos, independentemente da classe social, irio participar dese processo educative, nio s6 porque a escola é acessivel a todos, mas, sobretudo, porque o processo pedagégico leva a constituir a vontade coletiva, Tal integragao cons- fitui a “esséncia” da educagio, em oposicao a promovida pelo Estado liberal, voltado, 1 propiciar a independéncia individual e a competig’o entre alunos. © Sobre a concepsio de Estado em Gentle, ver Gentile (1934, pasa?) ‘Quacstio — Revista de estudos de educagio, Ano OB, n. 1, mio de 2001 37 ESTUDOS (Os estudos, dizem alguns, devem ser democriticas, como se disséssemos lancar milho aos porcos. Os estudos secundstios sio, por sua propria natureza, aristocrati- cos, no sentido 6timo da palavra; estudos para poucos, para os melhores, porque preparam para uma formacdo desinteressadla, a qual nia podem ter acesso se. no aqueles poucos que estao destinados de fato, pela sua capacidade ou pela sua situa~ ‘¢20 social e familiar, a0 culto dos altos ideais humanos. (Apud Ponce, 1991, p.170). Mais adiante, ira dizer quem é 0 homem que é necessério formar em toda a sua extensao, © Homem nao & 0 animal bipede © implume que sempre vemos. Nem chega a Converterse, quando se transforma no autOmato que, inttoduzide em determinada tengrenagem hierirquica e social, cumpre mais ou menos mecanicamente a sua issio, como que para assegurar a ele e aos seus filhos uma vida opaca. A este animal nao imporiaré jamais o destino de Prometeu, ou 0 destino do homem. Para ele, nem a grego, nem a filosofia servirso para algo; pata ele, nio & a humanidade, ‘04, pelo menos, nao & desta humanidade que eu quero falar, O nosso homem © que possui aquilo que se chama Consciéncia, teata-se do homer, digamos clatamente, das classes dirigentes, sem o qual nem ao menos poderia existir 0 ‘outro homem, 0 da boa digestao, porque até as cigestées necessitam do apoio da sociedade, © nao podemos concebé-la sem classe dirigente, sem homens que ppensem por si e pelos outros. Penso que todas os que reclamam que a escola deve ser para a vida esto pensando nesse homem. Sim, para a vida do homem, da cconsciéncia humana (Apud Ponee, 1991, p.170). Gentile, ao fazer essa divisio, tendo como paradigma a concepgio idealista de educagaio, propée 0 contetido classico e humanista, para formar a elite dirigente, legiti- mando a divisaio entre os estudos superiores, “desinteressados”, ¢ as inferiores, técnicos, Nao & por acaso que, nos anos do pés-guerra, quando Gentile vai dedicarse de forma mais intensa ao problema da escola e da cultura, a sua limitagao a classe dirigente se torna a mais relevante € pertinente nas suas preocupagées em torno da educagao: A cultura superios (..) precisamente porque superior, nlo ¢, © no deve ser de todos, mas somente de um ndmerorelativamente exiguo (..).[O Estado} deve abrir uma porta em diego 3 alta cultura, porém mais estreita do que larga, a fim de que & multidio nao se precipite para dentro (Gentile 1920, p.78-79), © elitismo exposto por Gentile, ao atribuir a cultura escolar aos “melhores”, tem © seu apie, quando se reporta ao ensino religioso como o “fundamento e o coroamen- to dos estuclos elementares” (Ci. Bellucci e Ciliberto, 1978, p. 222) Essa concepgao do ensino religioso esta inerentemente relacionada 3 sua discus- so sobre a relacao entre educacao laica e educaca0 religiosa. O seu conceito de edlucagao laica, baseado na suposicao do desenvolvimento auténomo da mente sem alguma interferéncia externa, esti em oposicao a educacao religiosa ¢ confessional, como 0 préprio Gentile esclarece: “A escola, dominada pelo espitito religioso, é escola heteronama; é escola que tende a privar © espirito do senso da propria posse e da propria responsabilidade, nao s6 moral, mas também intelectual” (Gentile, 19274, p.93). [Todas as religides] educam os espiritos para esperar de fora ¢ do alto aquilo que ‘© homem apenas por si sé, com sua forea, pode adquirir, (...) por essa razio, sem ‘querer, s30 todas inimigas de toda espécie de liberdade, intema e externa; d 38 Quaestio — Revista de estudos de educacio, Ano 03, n. 1, maio de 2001 A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, EO ESTADO FASCISTA, ios aos regimes absolutes, a toda autoridade racionalmente injustificével (Gen= tile, 19274, p.93). Mais adiante, afirma que 0 fundamento da educacao leiga deve ser introduzide pela filosofia: Vocés tém de concordar comigo que & aquela filosofia que eu gostaria que gover= nasse a escola, a partir da escola forjada da cultura nacional, alimento do espitito das classes dirigentes, aquela flosofia verdadeitamente live ¢ lbertadora; se deve critica e libertar 0 esp jaso, ito no poderd ocorter se 0 espitito religioso nio for despertado (Gentile, 19274, p93) A filosofia possibilita a0 “estudante” assimilar © conceito de unidade, sem 0 qual a educacao é absolutamente ineficaz. No entanto, tal educagao racional para a “auto- nnomia” nao é para todos: sua reforma introduz a filosofia no nivel médio dos estudos clissicos, excluindo a escola técnica. Para_os pequenos a transmissao desse contetido filoséfico da realidade deve se fazer pela forma mitica e poética, isto é, pela religiao. (p. 125), Embora considere a religiio forma inferior & filosofia, entende que ela deve ser a base do programa educativo das crianicas, assim assegurando que a relagio entre as duas proporcione uma visio “geral” do mundo. ‘Onde nao entra © nao pode entrar a filosoia, deve entrar areligiio com as suas solugdes ficeis e atbitratias; de outra forma perde-se toda profunda convicgao {crenga) moral, e todo auténtico senso de humanidade (Gentile, 1927d, p.111) © autor explica que, mais tarde, a religido sera superada pela filosofia, ou melhor, seus elementos imperfeitos serio eliminados do conhecimento por elementos mais adequados. Eu que quero filosofia como elaboragao racional do prdprio contetido religioso, nao posso no querer a religiGo onde a flosofia no pode entrar, como na escola priméia. Até ai se deve ter uma visio de mundo (Gentile, 1927d, p. 125). Assim, apés ter declarado que a religido produz no homem a impossibilidade de tornar-se moral € intelectualmente responsével ¢ que todas as religides so o sustento dos regimes absolutos e de ilegitima autoridade, pede ao governo fascista que introduza ‘em todos 0s sistemas de escola elementar 0 ensino obrigatério da religito.” Sustenta, ainda, que, sem 0 ensino religioso, os alunos sio privados da condligao fundamental de desenvolvimento espiritual®. Ao tornar obrigat6rio 0 ensino religioso pata todas as cria as € a0 negar o estudo da filosofia aos que cursam a escola técnica, Gentile esta dividindo a sociedade em duas pastes. “Declarando” os jovens e os pobres incapazes de usar a razio autonomamente (Borghi, 1975, p. 194), impede o acesso das massas 2 cultura e aponta a religiio como uma espécie de limbo para o controle da plebe. > Para estudo mais especitico sobre 0 ensino eligioso na reforma educacional de Gentile, consltar Tomas, 1971, p. 128-190), La eligin en cuanto momento necesario del desaollo spiritual o sia, momento del objetvismo ingenuo, representa para ala masa una especie de philosophia inferior por la que se baruntan las verdade que slo Se captan plenamente en la sintesisfilosiica. En cambio, para quienes habran de llegar a esa sinesis, representa un grado de trnsito. Portal motivo, 1 eligi debe ocupar el lugar que le Coresponde a fensenanza inferior, AS! pus, solo unos pocos pueden aspirar ala visién histticorilosica de la realidad ‘como realidad espiritual por consiguiente, Gentile considera que la educacin histrico-cetica des escuela {isieas debe estar resting “los pcos a quienes el ingen destina de hecho, o bien el censo y ls familias pretenden destinay al culo de los mis altos ideales humanos”™.Abbagnano & Visaberghi, 1995, p. 00-601) ‘Quacstio — Revista de estudos de educagio, Ano 03, n. 1, maio de 2001 39 ESTUDOS, Fstou convencido de que, para formar um povo verdadelramente grande © uma nagao verdadeiramente forte, 6 necessirio que os cidados tenham uma concepca0. religiosa da vida. Para conseguir iso 6 necessirio ensinar religiio para as criangas, E, uma vez que estamos na tala, onde a catdlica 6 a dominant, as criangas dever ser instruidas nela, Mais tarde, quando jd forem homens, eles tratarso por si mes mos, por meio da critica e do pensamento, de superar essa fase pueril do ensino religioso (Apud Ponce, 1991, p. 170-171). A medida que, para Gentile, a religiao catélica é caracterizada por um pensamen- to subalterno; 0 que, na realidade, pretende formar, em sua reforma 6, por um lado, um povo manso, resignado e respeitoso e, por outro, uma classe de dirigentes capaz de resolver a crise deflagrada pela Grande Guerra. Para alicercar essa idéia de reforma educativa, Gentile encontra respaldo em um de seu colaboradores, Giuseppe Lombar- do-Radice’, que justifica a finalidade da escolas religiosas, dizendo: Eu desejo um povo gentil, meditativo, capaz de escutar 0 canto dos seus poetas ‘©0 concerto dos seus misicos, de encantarse diante de um quado, de um museu ‘4 dle uma igteja. N30 quero 6 povo torpe da taberna, mas um povo que saiba ‘omar-se com o respeito a si mesmo e aos outros (ainda que seja pobemente), que ‘do cuspa. em qualquer lugar, que nao destrua as plantas, que nio persiga os palssaros, que nao discuta demasiado, que nao bata em sua mulher e em seus ilhos (Apud Ponce, 1991, p. 170). Nas palavras de Borghi, Gentile esté objetivando, ao assumir a concep¢io idealista de educacio, legitimar a doutrina dos dois povos, revelada nao apenas nessa concep- {20 da eligido, como uma espécie de limbo para 0 controle do povo, mas também na divisao entre estudos humanistas e técnicos. (Borghi, 1975, p. 194) Ao frisar que a fé era necessétia para a educacao dos povos risticos, acrescentava que a experiénc religiosa deveria comecar por uma infancia piedosa no seio da religiao positiva, que & a do meio nacional; isto é, se se pretende que 0 povo italiano seja religioso, cumpre aceitar, como necessidade hist6rica, sendo por convicgao, que seja caldlico, que come- ce por ser catdlico. A religiso catdlica, supostamente destinada a ser ultrapassada, absorvida pela filosofia, ciéncia do espirito, em seu ato © em seu devit, acaba sendo a base do programa educativo do ensino elementar e dos estudos secundirios técnicos (Tomasi, 1975, p. 128-130). Aspectos da estrutura curricular do ensino médio Enfim, no que se refere a estrutura curricular, © ensino médlio foi dividido nos seguintes insttutos: Art, Insitutos médias de instrugio so de primeira e de segundo grau S30 de primeto grau: a escola complementay, © gins, 0 curso inferior do ins tuto técnico, © curso inferior do insttuto de magisério; sio de segundo grau: 0 " Giuseppe Lombardo-Radice,libera-socialista, de orienta flossica ntdamente idealists, que militow por tum largo tempo nas fileias socialists. Colaborou com’ relorma educacional de Gentile, mas com o asassinato de Matteo (der da eposicio socials morta pelo regime fascist, em 1924) rompeu com & fascismo. Sua proposta pedagigica foi caracterizada como eltsta pela rigovosa separagio ente excoas para 238 classes privilegiadas, com os estudos humanisticos,¢ escolas para as classes sabalternas,limitads 3 ‘apreniizados protissionals especializados. (Apud Ponce 1991, p. 170-171) 40 (Quacitio — Revita de extudos de educagao, Ano 03, a, 1, maio de 2001 [A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, € © ESTADO FASCISTA liceu, © curso superior do insttuto tecnico, o curso superior do instituto de magis- \ério, 0 licew cientitico € o liceu feminino (Bellucci; Ciliberto, 1978, p. 234-235), Como vemos, © ensino médio compreende quatro institutos, representados respec- tivamente pela escola complementar € instituto técnico, o Instituto Magistral, os gind- sios @ os liceus, as escolas profissionais. © tempo de duragao letiva do instituto técnico era de oito anos de estudos, divididos em dois ciclos de quatro. “Os primeiros quatro anos constituiam 0 curso inferior, os tlkimos quatro curso superior”. Cabe lembrar que os numerosos institutos de formagao de mao-de-obra, até enti organizadios pelos diferentes ministérios (agricultura, marinha, economia nacional, etc.) conservando estatuto e hierarquia préprios, foram objeto de reorganizacao e integragao nna educagao nacional, desde a reforma de Gentil. Essa reorganizagio teve por objetivo “renovar a educagao italiana”, a fim de atender as modificacoes oriundas da Grande Guerra, no que se refere, principalmente, {20 ensino técnico profissional, com vistas as transformac6es trazidas pela industrializa- 0 € urbanizacao do pats. Nos centros de grande concentracao industrial foram no- tivels as mudancas técnicas no Ambito da fabrica, gerando a necessidade de adequar 6s ensinamentos profissionais a essas mudancas, através da formacio profissional dos jovens. Esse ensino profissional deveria ser coordenado por um tnico Srgdio competen- te, 0 Ministério da Educacao Piblica, fazendo as modilicagdes oportunas do sistema tradicional de ensino. A proposta de escola profissional visava a formar habilidades meramente utilitérias nos seus destinatirios, ou seja, trabalhadores especializados para uma determinada tarefa. Sendo assim, © programa educacional proposto por Gentile nao s6 limita 0 acesso 8 educacao completa de todos como também mas divorcia a atividade manual da intelectual, reforcando a divisao social do trabalho, e com isso acentua a diferenga entre as classes sociais. © Instituto Magistral, cujo fim é a formagao dos professores primarios, tinha sete graus, em dois ciclos. Além disso, ts institutos superiores de magistério preparavam professores de filosofia para os institutos magistrais, professores de letras para as diver- sas escolas médias, diretores de escolas € inspetores do ensino primério. Por fim, 0s gindsios e 0s liceus, que representam verdadeiro ensino secundario; 0 primeiros tinham cinco anos de curso, com latim, grego, lingua e literatura nacio- nais, matematica, histéria, geografia e uma lingua estrangelra. Muitas criangas leveriam terminar os estudos no ginasio. As que vao além, passam trés anos no liceu, escolhendo enire classico e 0 liceu cientifico. As mogas tém liceus femininos. O liceu classico dé lugar destacado & histéria da arte, considerada como disciplina independente e de primeira ordem. Em compensagdo, nao tem linguas estrangeiras mociernas. Para limitar 0 afluxo de alunos ao ensino secundirio, insttui-se exame de admissio pelo Estado, limitando 0 niimero de instituicoes, de classes ¢ de alunos. A entrada nas universidades se faz s6 pelo exame de “maturiti” ou “licenza liceale”, coroamento dos estuclos feitos no liceu. O liceu clissico, preferido pela burguesia, era de cultura essencialmente literdria, artistica e historica, tendente, antes de tudo, & exaltagao da tradicao nacional, evidenciando 0 papel da latinidade romana no de- (Quaestio — Revista de extudos de educagio, Ano 03, m1, maio de 2001 “1 EsTUDOS senvolvimento da civilizagao humana, definida pelas trés épocas da Roma antiga, da Roma cristi e da Roma do “Risorgimento”. Esse também foi um aspecto relevante da reforma do ensino médio, pois, na concepgao de Gentile, n3o se podia formar um Estado nacional sem uma educagao nacional, sobretudo nos cursos destinados a formar a elite dirigente, como o liceu clissico € 0s colégios militares, que eram administrados pelo ministério da Educacao. Embora a instilagdo da ideologia nacionalista fosse particularmente importante nos eestuclos classicos, ela perpassa todos os cursos menores através de a “Opera Nazionale Balilla” (Hubert, 1976, p. 154-155), com o intuito de transformar a escola numa ins- tigao cultural capaz de socializar e difundir modelos de comportamento fascista (isnenghi, 1979, p. 172-173] Nos “Balilla Avanguardistas” os estudantes ainda enqu: dravam-se nas legides universitarias da disciplina militar fascista, voltadas a preparacao militar superior, tendo por finalidade substituir os “Fascios Juvenis de Combate”. O *sabado Fascista” tinha por finalidade a educacao fisica e 0 esporte, a preparagio militar, a formacao moral, através de cultos ao Duce, concentiagoes, desfiles, conferén- Cias e, sobretuclo, a participagao nas grandes festas do regime, das quais brotavam poderosas emocoes coletivas."" ‘A participagio nas festas do regime era incorporada & escola através do seu calendatio, objetivando enquadrar a jovern geragio no processo de ritualizacao da vida piblica, nas datas comemorativas, com desfiles militares e manifestacdes populares, que apelavam aos sentimentos patristicos da massa em favor da recuperacao do Estado em crise e da expansio do regime fascista, Essa estratégia da ritualizagio da vida publica", que esteve presente no movimento desde suas origens, teve 0 apogeu no fim da década de 20 e na metade da década de 30, um periodo fundamental para a construgao do Estado (Lenharo, 1991, p. 39-41) Assim, a escola, em todos os graus, do primario & universidade, tomnou-se cada vez mais instrumento de fascistizagao da juventude italiana, tendo por preocupa amoldar a consciéncia moral e formar os sentimentos politicos do italiano do século XX, fazendo dele um homem novo, todo integrado numa comunidade nacional crista~ lizada em tomo da grande idia histérica do primado juridico e espiritual de Roma soberana; donde os valores fundamentais que lhes sao inculcados: admiracao das gran- dezas nacionais, patriotismo, senso do Estado, respeito 4 autoridade, & hierarquia sob todas as formas, disciplina, devogao, espirito de saerificio e, acima de tudo, fidelidade total e obediéncia absoluta 3 pessoa do chefe supremo, 0 Duce. "0 Para ver como esse processo de fascistizagio fora realizado poles fascistas, tendo como ponto de partda a Reforma de Gentle, consular Bet (1984), "Os mweios de comunicagao, tis como: imprensa, cdo e cinema que diundiam os mitos & os esterestpos fascists. O controle dos meios de comunicacio de massas fl insrumento exsencal para a difusio da mitos € dos esterestiposlascstas. Esse contol foi exercido em primeito lugar sobre a imprenss, © nao se limitog 8 simples...) 0 edo também teria importa fundamental nas intencdes co regime, posers o instrament ‘deal para propagar junto as camadas populares iletradas efrequentemente anatabetas os avancos dla fascist. Os primeiros programas comecaram em 1924, e em 1928 a dius via rio tornow-se monoplio tstatal. (1 O cinema nao coahecey uma verdadeita lascstizacao, 2 nio ser pela auocensura em alguns ascuntas, mas foi, igualmente instaumento eficaz de propaganda, através da obrigatoriedade de se projet nas sala, antes do ime, os chamados cinejornais Trento, 1986 p. 47-19). Ver, anda, sole a propaganda fascist € 0s caminhos ullizados para a tomada do poder, Pala (1996) e Biondi © Borst (1996, 2 ‘Quacstio — Revista de estados de edacagio, Ano (3, n. 1, mao de 2001, [A REFORMA DO ENSINO MEDIO, DE GIOVANNI GENTILE, EO ESTADO FASCISTA, Consideragdes finais Como conclusio, porlemos dizer que a reforma revela alguns aspectos centri primeiro, o da aristocracia da cultura e © autoritarismo do Estado, visando a formagao dda classe dirigente e ao fortalecimento do Estado totalitério. Essa forma de compreentier 0 Estado veio a proporcionar essencialmente o antidemocrstico, vindo a prevalecer a vontade ¢ 0 interesse do Estado com base numa idéia moral, como regfas para todas as agbes, sendo estas norteadas pelo idealismo de Gentile. Neste sentido, a proposta ‘educativa da reforma devia seguir o desenvolvimento do espirito e adaptar-se a ele. O que propunha para sua reforma educacional em o desenvolvimento autonomo do es- pirito na pedagogia, em contrapartida a todo 0 intelectualismo e a métodos mecanizantes. tm segundo lugar a reforma educacional de Gentile é marcada por uma politica de ditadura antipopular ligada aos interesses de certos grupos agrérios e industriais visava a valorizar alguns interesses unilaterais da burguesia, enganando, mascarando demagogicamente com contradicoes ideolégicas em nivel estatal de forma autoritér © imperialista. Ao chegar & ocupacao de primeiro-ministro da educaco, no regime fascist, realiza a reiorma no sistema educacional italiano quando em parte mencionou aquelas tentativas expressas, sobretudo do Fascio di educacione nazionale do tipo de 1919, que fora constituido por um grupo de intelectuais e homens de varias correntes politicas tais como liberais ¢ socialistas que aspiravam a um sistema de ensino reno- vadlo. A postura de Gentile, no que € pertinente a sua reforma, é, também, marcada por proporcao hierirquica e autoritiria e uma incansével e rigida orientagio que vem promover um rastro entre “dois povos”. Por fim, 0 aprimoramento do processo de integracdo entre a emergente sociedade italiana do pés-guerta © os novos rumos econdmicos visavam a uniformizagdo © & adequacao aos intentos de “iascistizacdo” da juventude (Genovesi, 1994, p. 333). REFERENCIAS ABBAGNANO, N. ¥ Econdmica, 1995. VISALBERGHI, Historia de la pedagogia. 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