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MICHEL FOUCAULT [BIBLIOTECA DE FILOSOFIA E'MISTORIA DAS CIENCIAS 1.4 Galan de Alboquergue obero Machads MICROFISICA DO PODER Organizacao, Introducao e Revisao Técnica de Roberto Machado 13° Edigdo Ei copyrigt ty Michel Foul dicho com bseem ets de Foucalorganzada por Robert Machado Capa: ceo Wilmer ‘Cisina Grmert Producdo Grae: (Orlando Fernandes 17 eit: 1979 cW-rasi, Catlogagio-asfome Sindcalo Nacional dos Eatores de Livos, RJ. Foucault, Michel ‘Fi6m "" Micofises do pode / Michel Foucault ‘gama eadiia de Roberto Nach Ro de Jane: Eades Graal, 1979 (Biota de fos hitdria das itn. 7). Bibogaf 1. Poder (Citas soci) — Teoria 1 Machado, Roberto Tl Tu it. Sie ‘cop — 320.101 ro08s Sou — aa Difiosadauirdes por EDICOES GRAAL LDA, Tel (1) 224582 ipso 20 Bia Printed no Bret 1998, Indice Introducio: Por uma genealogia do poder 1. Verdade ¢ poder I. Nietzsche, a genealogia e a historia ML, Sobre a justica popular 1. Os intelectuais 0 poder Y. O nascimento da medicina social VL. 0 nascimento do hospital VIL 4 easados loucos VIL. Sobre a prisdo IX. Poder-corpo X. Sobre a geografia XI. Genealogia e Poder XL. Soberanta e Disciplina XII. A politica da saide no séewo XVIII XIV. 0 lho do poder XV. Nao ao sexo rei XVI Sabre a histéria da sexualidade XVII. 4 governamentalidade v0 Is o 99 13 ry as 153 167 1 193 29 INTRODUCAO. Por uma genealogia do poder Roberto Machado ‘A questo do poder nlo &0 mais veho desi formulado plas analises de Foucault. Surpu em determinado momento de suas ps ‘Quist, assnalando uma teformulagdo de objtivos tebrvose poi os que seo estavam ausentes dos primeits livros, ao menes no ‘ram expictamentecolocados, complementando oexercico de uma “rqueologia do saber pelo projeto de uma geneslogia do poder ‘Qual a grande inovacdo metodologicaasinlada, em 196, pela Histina da Loucurd A tesolugio de estudat~ em diferente Epocas€ Sem selmitar a nenhuma dscplina~ossaberes sobre a loucuta para ‘Stabeleer o momento exato eas condiGes de possbiidade do mas- ‘mento da psiguiatra, Projeto este que dexou de considera aist6- ‘ha de uma cgnca somo 0 desenvolvimento linear e continuo a partir ‘ealipic. Agora. obietve ¢explisiar,aguem do ve ox cone 2 Sunt Poi, p 1943. Xx tox, dos objets terisos« dos métodos, 0 que pode explicar no 46 ‘Smo, que ao prosurado no primer camino. mas fundamental teens forge ee Cencan humanas apareeram. ‘Uma grande novidade que esa pesquisa ata endo procrat ax condies de possbilidade bi ‘Eas humanas nas reaps de producto, na infaestrut Standoras como na realm supereutura. um epeadmena, Sim ceo idotogico A Quetio ndo€s de laionr o saber = cons Arado come iia, pensumento, fendmeno de conscitncia - dreta- mente com a economia, situando «conscincia Jos homens como r= Meco eure dar condigesecondmicasO que fas genesloia€ Comidr aberomprendid como materi, como Pity {2como scontesiment= como pia de um dispositive polio que, craven dpestiv. atl com a eartra ceonomica, Os, nas epesficamente » queso tem sido a de como se formaram dominios de saber ~ Geen ‘chamados de ciéncias humanas - a ir de pris pleas dsipinares erOatetimporume novidade dese invetgaSes€ no conside- tar perinene prs as andlaes a dstingdo eae cecia delogia Fai ostamente a opeio de nfo etabelecer ou procurar ei emarcgio ene uma eoutra gue fer Foucault desde sua fas investigagoes situa a arqueoogia como ume istéria do saber. Gobjeive ¢neurlza ade que far du cine um conhesimento, fn que sujet vnce as limiages de suas condiespurtclares de isténc inalando-se na netraldede obeiva do unveral eG ideologia um conbecment0 em que o sujet tem sua tlagdo com a ‘rade prturbads, bsewecida velada peas condgdes de extn Sir Todo conhecimento, sj ele entific ov tecgicn, 6 pode ‘Sur prude sondigds plas que slo axcondgbes para gue SE former tanto o sujet quanto os dominios de saber A invesia- io do saber no deve meter sum sujet de conhecimento ques fi un orgem, mass rlages de pode qu he constituem. No M ‘ber nett. Todo saber politico. Eso ndo porque cl ras malhas ‘Go Estado, Capropriag por de, que dee seserve como imtruments ‘Ge dominsco, devcaractrzand seu ncleoesencal. Mas porque to taber tern ta gonese om rapes de pode. ‘OTondamental Sa snl ster poder se pli mu tuamerte no ha elago de poet sem constigao de um campo de Saber como também, reciprocamente, todo saber constitu novas = ingdes de poder. Todo pono e exerci do pode, foam lugar de frmagio de ser assim que oop dp €ape- xx nas local de cura, “miquina de cura”, mas também insirumento de Produrdo, acumuloe transmissio do saber. Do mesmo modo que & ‘scola esti na ocigem da pedagogia, x prislo da criminologia, © hospicio da psiquiatria. E, em contrapartda, odo saber assepura 0 cricio de um poder. Cada vee mi especficamente, a partir do stculo XIX, todo agente do Poder va ser um agente de consituiclo de saber, devendo enviar 408 ‘gue Ihe delegaram um poder, um determinado saber correlative 40 Poder que exerce. E assim que se forma um saber experimental 8 ‘Sbservacional. Masa rlagio ainda € mals inrinseca:€ saber en- ‘quanto la que se encontra dotado estatutaramente, insttucional- mente, de determinado poder. saber funciona na sociedade dotado dd pour. € enguanto € saber que tem poder Estes so, gfss0 modo, alguns resultados provsirios da genes logia dos poderes que Michel Fourault tem realizado nestes de ‘mos anos” Pento ter bastante insistido no caster potetico, expec 69 €transformdvel da andlise, para que no se tome esas investiga ‘Bes como palavea final, um caminho definitive, um método unives at De fato andlise genealogicajéencontra novos rummos, Mudan- ‘ou complementagdo que tveram ifeo com a propria hstéra da Senualidadee que foram tematizadas no dkimo capitulo de A ont: desde Saber & que 0 dinpostivos de sewlidade nfo so apenas de Tipo discipinar, ito , mio atuam soicamente para format © trans formar o indivi, plo controle do tempo, do espag, da sividade «pela llizacio de istrumentos como a vgilinciae 0 exame, Els {também se realizam pela regulagio das populagies, por um bio oder que age sabre a especie humana, que considera 0 conjunto, om o objetivo de assegurar sua existncia, Quesides como a8 do na ‘mento ¢ ds mortaidade, do nivel de vida, da duragdo de vida estho ligadas edo apenas a um poder discipinar, mas a um tipo de poder deterinade que se exese wo nivel da especie, du populagdo com 0 ‘objetivo de ger vida do corpo socal, O quendo aignfica que ase tralegase tticas de poder substtvam 0 indviduo pela populagio, ‘Mais ou menos na mesma época, ada um fo alvo\de mecanismos heterogéneos, mas complementares, que os iesituiram como objeto de saber e de poder. Neste sentido, as ciéncias humanas tem como ‘eandiqao de possibildade politica a diciplina, 0 momento atval da 'analise parece sugerir que 0 "bio-poder”, a "repulagio” 05 “dispost- x tivos de seguranga” estdo na origem de cigncas scits como a e esografia, ee ub grnde imp Srojeto de exper gene do Estado ap ova pesto goveramental, ou ‘papi Sex shen conor sae ma pore © ov dapontves de eparang seus mecaismos bios, Nest sen {nso uumo texto deta coeinen, segundo ume deco diferente ove far vslumbrar ex novos herzntes da feneslogl poder xxl ‘oui DESHoHEITO00 ky BIBLIOTECA VERDADE E PODER “Alexandre Fontana: Voct poderiaexdogat breverente otrjeto que © levou de seu trabalho sobre a foucura a idadeelissca 40 estudo ‘da criminalidade e da dlingbénc reenter eee teeter eee es eae eee re ere tee See eaten eee rere eee eet es Sater eee er eee eae peneceea ee aeccmrn ners ieee ier nmmeen cet Ui ater como a paiulari, nfo serd a questdo muito mais fall de ser resoivida poraue o pei epistemolipio da psiquatria € pouco efnid, e porque a praca psiquitrica esti igada a uma strie de Insituiges, de exigencias econdmicas imediatas e de urgéncias pol teas, de regulamentagbessocais? No caso de uma ciénea tio "duvi- ‘dosa como a psiguatria, nfo poderiamos apreender de forma mals preciso enrelacamento dos estos de poder ede abe? No Nas ‘ment da line, 0a esta queso de qu cola a ropeto da ‘edicing Ha eramente pos uma eruiuramuto mas oso ‘wear es un ocean rotamer inure sc ° um pou, a oc, 10 fet de que esta questi que cu me coloiva nfo niece et It agueles pars quem eu 8 olocara Congest gus easy prcbis police sem impordnc, ¢epacmolicens evo qc havi ts rants par isto. A primeira é que oproble tna dos intlectuas mrss na Panga - eso doepnkvam Papel ques era preset plo PCE, ea dew net reconheos Felsina untertitel enalsbmen porante feo Coloar as mesnasquetes qu len tetas memos probes dos memos dominos. "Apear de sermon martina, Ho eames Alcor ao qe vor preocops; prem, somos on tics ‘elas preocupacten slur moves O marnione gueta eet deer como rover da trait liberal, universities de ‘Bodo mais amplo, na mesma fpoce,or comune se wpa imo os inieos soos derma eregur tadeionecon lista). Da no dominio qu atamos, o at de rem que ee. ‘mar o prabemas mas académione mals “obra de str dat Glncian A medica pig no cram mem mute nobes at Imi sérias nf tava tara as grande formas So coal mm stint, ‘A segunda arto ¢ que o ela it, ecuindo ‘do discurso marxista tudo 0 que néo fosse oatenend ‘ue i nha oto. lo permit a sbodage Se caminos sade Petcortdos No haa oncstos formation voesulae vat ado par ata de questbes como # dos eftion de poder da pig ‘cnt nsnamena pli da medina Engen ake mame vi oss daham ori dene Mart até a poco, pasa so por Enges Linn ne or univers em marty eae ‘mentando ods umn tai Je docu sobre a ene he Sat ogc he ere dado no soulo XIX,» mars agora sa fie ide 20 vino pstvamn som ma ures adel som losis a Seat dean pe: Pn en mer pr a ve, «pigs como pees, ‘ndo eram coisas hones. “Aula que eu havin tentado fazer neste dominio fi rectida com um grande siénco por prt da enue iter fran 2 {oi somente por vo de 68, apesar da tradigto marxntaeapesr do FC ae to a gue agian Uae poles Scena easels aos watarslepaterde ees meses Some Seater asia Sas viedcueaeretentatereemter {ora politic reaizada nagucls anor, am divide eu no teria bd ‘oragem para retomar oo dstes problema continuar mia pes «usa no dominio da penaldade, des prisdes «das cicpinas. "Eni, lve haje uma teria azo, mas no etou em abso to seguro de qu tenha deerpenbado um papel Eniteanto me per trunte se nlo hava por pare dos inteletuis do PC, ou des gus In exaram promos, uma recut em colocar © problema dared so da uta polica da psiquitia ou, deforma mais geal, do ‘squidrnhamento discipina da socedads. Sem divide, por vote dot anos 5840, poucostinham sonhecimente de ample real Jo Ging, mas creio que muitos a presentam, miitortaham a ene. ‘ho de que sobre ete coisas methor era nko falar: 2 prigona tal vemetho, & claro que ¢ del avalarreospectivamente 0 eu frau de conscinca. Mas de qualguer forma voes bem sabem com fue facade a dieqzo do Pari, que no ignorava ad, posta linear palaces de ordem, impair gue se flase ist ou dag, esquiar os que falavam. ‘Uma eigto do Pet Laroute que acaba de sir dx: “Foucault: fidsoto que funda sa tora da hari na descontineiade” ato tee dea pasmede, Som, Ghvida ce expligest de fore insoicome fm di Palaras ear Cost se bem que tena falado muito serea ‘li. Pareceosme que em certs formas de saber emplrico como bioloia, a economia police, «piquara, a medicina et rtm ‘Gas triniformagtesndo obedeca aos equeras suave © contnusas de desenvolvimento que aormalmene se sdmte. A prande imagem bola de uma maturagdo da cénca sind alimenta mata an ses hsricas ela nfo te parece historcamente pertinent. Numa Siena como a medicina, por exemplo, ate o fim de scslo RVI, te ‘mos un cero tip de daturo cj lena transormagdes~ 25,30 Ws tmmpersmni somente com ns proposer verdad ae IMG entde puderam ser formslads, max, ai profendamente, com fst mance de falar ede ver, com todo conjunto des prices que ‘erviam de wuporte & medicina, Nio so simplesmente novasdeo- ‘tag Cum nv regime no duno no tbr, io cre on Poucos ans algo que noe pode negara part do momento em {selon extor sm seni, he prblens oe scams: tee dizer viva a dscontmidade estamos nelae nla camos tas 3 de colocar a questio: como posivel que etenha em certor momen- tos €em eeras ordens de saber, estas mudangas brcas estas preci pitagdes de evoluglo estas transformagBes que no correspondem Imagem tangUila e continusta que normalmente se faz? Mas oim- Dortantc em ais mudanyas nose serdo r4pidas ou de grande am plitude, ou melhor, esta rapide esta amplitude s8o apenas osinal Se outras coisas uma modifcagto nas regrat de formagio dos enun- ‘iados que sto acetos como cientificamente verdadeiros, N4o € por tanto uma mudanga de conteddo (refvtago de eros antigo, nasci- ‘mento de novas verdades), nem tampouso uma alteragao ds forma {circa (renovago do paradigma, modificaglo dos conjuntos siste- titios). O queestd em questi € que rege os enunciado e forma, ‘Como estes se regem ent s para consituir um conjunto de proposi- (es accitves cenifcamentee, consegdentemente, susceptives de se- ‘em Veriicadas ou infirmadas por proelimenton cntiion, Em aie ‘a, problema de regime, de politica do enunciado centifice. Neste nivel nio se tata de saber qual 60 poder que age do exterior sobre & Gfcit.mas que fos de pode cela entre on nunca cnt cos, qua é seu regime interior de poder, como ¢ por que em certos ‘momentos ele se modifica de forma global Sto estes regimes diferentes que tentel delimiter e desrever em At Palavas¢ as Cosas, escarecendo que n0 momento no tentava fxplciclose que seria preciso tetarfazé-Lo num trabalho posterior Mas que faltava no meu trabalho era este problema do “regime dis cursive", dos efeitos de poder préprios do Jogo enunciativo. Eu o confundia demas com a sistematiidade, « forma tecrica ou algo ‘como o paradigma. No ponto de confluéncia da Hisdria da Lowewra ©s Palavras eas Coisas, hava, sob dois aspectos muito diverson, ‘te problema central do poder que eu hava wolade de urna forma finds muito deficient A.F: Devese entio recolocar 0 conceito de descontinuidade no seu ‘devido lugar. Talvez baja um outro conceito mas importame, mais ‘central no seu pensamento: 0 concito de acontecimentn, Ora, tod acontsimeio, une seat feou duane mito tengo ‘Bum impasse, pos, depois dos trabalho dos etnélogos e mesmo dos ‘andes etndlogos,estabelecev-se uma dicotomia ene as estuturas (Gullo que ¢ pense) € 0 acontecimento, que seria o lugar do itra- sional, do impensavel, aquilo que nlo entra e lo pode entrar na ‘ecinica e no jogo da andise, pelo menos na forma que tomaram 0 interior do estrutralismo. z AcE: Namie eo mtn ei nid o froma i tenitio pars cnr, to apenas da talaga mas Se una Ocrrscnciest aito canna decotees. Bano ‘jo quem pss ser ma antretturalita do que eu. Mas oinpo Tint niu fazer com lao ao acortcmentoo ues fe com {Glacio ft estrturs, Nao strata de colocr tudo num certo plano, {ursera odo acontedimenta, mas J consdcar que exe todo un Eicoramento de tipo de acontesimentos diferentes que nfo tm 0 ‘Besmo cance mexa amplitadecronolgiea nem s mesma capa Sade de produc tos ( problema ¢ so mesmo tempo ditingur os acontecimentos, de fit are ¢ sven ge prc cts ons oc gam ¢ que fazom som que seengendren, uns a partir dos ob {for Das recon das ands ques eferem a0 campo simbolico ou fo campo das ertrtaras significance o recurso as andes que se fizem em termos de geealoga das relies de fra, de deseavobi- mentor estratgicos ¢ de ites. Creo que aqulo que se deve ter Como referencia no grande model da lingua © dos sgios, mas im daguetrae da betas. A hitoredade que nos domina «nos de- tering ébelcosa eno linghstica Relagho de poder. ne racto de sentido. A histérs nfo tem "sentido", o que nfo quer dizer que sei Sheurds ou incorene- Ao contro, €intligive «deve poder ser Snalsada em seus menores detahes, mas segundo a iateligibiidade as latas, das etratepias, das Utica. Nem a daltca (como logica {de coniradigd), nem a semidtica (Como estrutura da comunicagio) ‘io poderiam dar conta do que ¢ a intelgibiidageinrinseca dos ‘ontonton, Ailes” ¢ uma mancradecvitaeareaigad lato ‘Sr bert desta ntlgbiidae redusndo-s so eaueletehegelan; a “uemiologa”& uma mancia de evar seu cardi violet sa srentove mort redurindo-sh forma apaiguadnepatGnica de ln- fuapem ¢ do dialogs A. F: Creo que se pode dizer tranguilamente que voc foo primero ‘clos no ncnge» questi do poder colon no momento em {Qe reinava um tipo deandlise que pastava pelo concito de texto, eo texto com a melodolois que oacompanka, isto 6a semiologa, Destrtualismo ete [M. F: No acho que ful o primero a colocar esta queso, Pelocon- ttirio, me espanta a difesldade que tive para formuld-la: Quando ‘agora penso nsto,pergunto-me de que posi ter flado, na Histria s ss Loucara ou n0 asim da Clinica, eno do poet. Or, = ‘heer conssénc dent er pratcamente vss pias e de no fer eo ewe campo de anise h minbn Sapondo. Pomo Suet {oe cenamente hou una neapacdage qe ena sem Soi is 20, Sango pots em gue non achavamon Nao nga quem —ee {iret on me querda~ poser er clocado ee probleme dopo. des us cra twtova sent colocade orn consti, ds soterann sas porano en eran jurices seo marta fm terme dh aparco do Eta, Ning preosapars cou © {rm como ot oo exten conccmente «om tube com sun somone, us encase sa aca. Conlentavase enn. adverse uma manera so mesmo frp pols «i per ewan ov aaa ot ‘ean aversion de fotaliarames no captatsmo cent er -nunciado pelos ma rae oil eid poser nan Sttho depo de 196 nto part et ate cones eresliadan ‘aba com agules gue iam qc ve debaters albus mai ‘mental dos indivduos, as institugdes penas ifm, em duvida, uma ‘importincia muito limitada se se procura somenie sua sgnificaglo condmica. Em contrapartida, no funcionamento gral das engrena- tens do poder, cles sho sem divida ewenciis. Enquunto se colocara ‘questo do poder subordinando-o dinstincia econdmica cao siste- mma de interesse que garantia, se dava pouca importincia estes problemas AF: Serk que um cero marnismo ¢ uma ceria fenomenologia nto sm um obsticulo objetivo & formulagio desta problemi CF Sim, & pose na medi om que verdad qe st peous de iit geracto foram almentadn,guando exodsie, por eat dons formas de and: una que femeia a0 sujet conus en ‘ura que remetn ao econdmico mim stn: tiesloga 80 Jono das speresatras eda raestuturs A. Sempre neste quadro metodolbgico, como voc situaria enthon ‘ sordgem snelne? Qua 4 nei como anions stent ea je pda dar moat ens me ds Schone dor dmn gue vo! em aad ACE: Queria ver como estes problemas de constitu podiam ser ‘holvidos no interior de uma trama hstrica, em vez deremeit-iosa ‘Gm sujeto constitute, € preciso se livrar do suet consttuint, I rare do proprio sjlt, isto chegar a uma anise que ssa Zonta de constituigdo do sujeito na trama histric, f fsto que ev ‘Rimaria de geneslogia isto & uma forma de histria que dé conta ‘Gconstivigto dos sberes, dos discursos, dos dominios de objeto, (de, em ter que se referr a um sujlto, sei ele ranscendente com re- {ldo wo campo de acontecimento, sea perseguindo sua identidade ‘aria ao longo da histria, ALE! A fenomenologia marxst um certo marxismo, representaramn Suammente um obstdlo; ha dots conceitos que hoje continuam a ser tim obrtculo:ideologia repressio AGE: posto deideologia me parece difcilmenteuizivel por tts ‘tebes, A’primeta que, querese ou ado, ela etl sempreem opos (ho virtual slguma coisa que seria a verdade. Ora, erio ave 0 [problema nda é dese fazer a partha entre o que num discurso releva 1G cientfiidade e da verdade eo que relevarit de outra coisa; mas de ‘ec historicamente como se produzem efeitos de verdade no interior {Ge iseursos que. lo sfo em si nem verdadeiros nem falsos.Segur- do momen relat ncearamen ig oe oo ‘Sjato. Enfim, a ieologia etd em posilo vcundéria com relasdo a “iguma coisa que deve funciona pera cla como infra-estruturs ou de- ‘Ghminagio econdmisa, material ee. Por estas rts razSexerio que € lima nogio que no deve ser uilzada sem precaucbes, ‘A nosto de represito por sua ver mais pérfida; em todo caso, tive mais difiuldade em me livra dela na medida em que parece se !daptar bem a uma sire de fendmenos que dizem respeito nos efeitos do poder, Quando escrevi a Histria da Lowcura use, pelo menos in plictamente, esta nogdo de - Acredito que entio supunha Uma espete de loucura viva, vollvel eansiosa que a mecnica do po- ‘der tinha consepuido reprimir reduit uo silnci. Ora, me parese ‘que 4 nogdo de Fepress¥o¢ totalmente inadequads para dar conta do {Gus eniste justamente de produtor 10 poder. Quando se define 08 tfeitos do poder pela repress, tem-se uma concepeio puramente 7 jmidica dete mesmo pote, atiienes » por 8 wn gue ‘ic, © fundamental si fread probit, Or, cele sr eta flee extra cin “dO ue far com que poder e manteahse que areata sim: Plesmente ue ele nfo pes como ume forea queda mio, mas que Aefato ele perma produz cosa indus uo przt, forma ser, ro: dz dscuro, Devese conidertio como ta rede produtiva que Stravess todo o corp stl mito mai do que uma nsdn nega: tiva que tem por fungi reprmi. Em Viglar¢ Puro que eu quis ona ca ar eve XV mente um desblouet teeaoighc da progutvdade do poder. At carguas Epos Canes nfo o donavoleram grant ape Thos de Estado ~exrcto, pola, admintragdo local = mas insta. sma ques poderiachamar uma nova “economia do pode, ato ents qu permite fae circular os ets de poder de forma ao mesmo tempo continu, ninterruta,adaptada¢ "indivi Aaland” em todo Soro sca. Estas nova eicas 80 ao me mo tempo mut mais efeazs e mito menos dpendions (menos ais cogncmicameate, ewes elie en st esalieds eee Sosceiets de escapaterias ou de rensténcas) do ue a tenis até tio ursdes © que repoanevam sobre uma matara de tlerncias tas ou menos fread (desde oprivlporeconheido ate rim ‘alia endemica) de car otemardo intervengbes expetacalres ‘deacontiniat do poder cia forma mais violent ea © castign "e emplar” plo fat de ser exepcoaal, 4.F: Para termina, uma pergunte que Ihe Ream: eu trabal ‘us prescupasBe, oe etadoe soe quae vee chegn, come ul ‘or nor lar cotidanar? Qual € hoje o pape do ntectual? MF: Durante muito tempo o intelectual dito "de esquerds” tomou ‘a palara evi reconbecido o seu dteito de falar enquanto dono de Verdade ede justge. As pestous o ouviam, ou ele pretendia se fazer {elettal, pea sua escotha moral, tebricee politica, que ser portador ‘esta universalidade, masem sua forma consciente e elaborada. Oin- ® wg cn ec inte sian eaten ont inne no mr oe aerate etrntcertment a Frees icone oe ea Srcer egomarc sors deme Pl rn Senmora enn ee ean et Se Sha otra mg on Coma stcneoa imac nn psn ose, ne ca P Soe ae sin saa sae ans Se —— ian pene ae sean erie em ets pernecioncenn tere cetera mee ante te sous ance a Seeaneteast eee seer Stes pet a cece ag Fe se aon Ge ero: Domne Ts teat ae er ae nc ar a ae Si cn inerees ae ona en ne eer sito ua eo ooo pe lene in ce ta eet mente Blt eee ar 4 = See reg Aeon omnes rena eather a Eero metartooe apes aera nae fam anole on manatee Seaman eee rare ‘eferem. Toda a teorizago exasperada da escritura que se assis no ‘ecénio 60, sem davida ndo pastava de canto do cise: o exeritornela se debatia pela manutencdo de seu privilégio politico, Mas 0 fato de {Que tena se tratado ustamente de uma “teoria™, que ele tena presi Sado de caugdes cientifias, apoiadas na inghiia, na semiolog a pscandise, que esta tora tenha tido suas referencias em Saussu- ou Chomski, et. que tenha produzido obrs terdrias tho medio- ‘re, tudo ito prova que «aividade do ecritor nora mais o lugar de acho, Pareceme que esta figura do intelectual “expecfico” se dsen- volveu a partir da Segunda Grande Guerra. Tver fico atOmico — digamos em uma palavra, ou melhor, com um nome: Oppeahemet {ena sido quem fra artiulagio entre intelectual universal intel ‘wal especiio. & porque taka uma relagde dirt elocalzada com a institute ¢o saber cieatfico queo fsicoat6mico intervinha; mas ja {que #ameaga atdmica concrnia todo 0 ginero humano e o destino 440 mundo, sev discurso podia ser 20 mesmo tempo 0 dscurso do “universal. Sob a protego deste protesto que dizi respeito a todos, 0 Cientistaatémico desenvolveu uma poscio especifica na ordem do iter Eee prinea vezi fo peeuio plop polico, nio mals em. seu disurso eral mas por cau- ‘a do saber que detinha ¢ neste nivel que ele se consul como um Derg police, Ni lo au somes don inertan otras. © ‘gue Se assou na Unido Sovitica foi certamente andlogo em alguns fontaine dire enone Heese ee aa Feta sobre 0 Dien ciemtifico no Ocidente eos paises socialists desde 1985, Pode-s supor que intelectual “universal, tal come funcionou no steulo XIX e no comego do séeulo XX. detivou de ato de uma {ura histérica bem particular 0 homem da justica,o homem da lei, faguete que opde a universidade da justiga a eqlidade de uma lei ideal ao poder, ao despouismo, ao abuso, aarrogincia da riqueza. AS trandes lutas polias no século XVIII se asram em toro da lel, do io, da consttuigdo,daquilo que € justo por taro pot nature, Saquilo que pode e deve valer universalmeate. O que hoje se cham: intelectual” (quero dizer 0 intelectual no tentido poi, © no socioldgico ou profssional da palavra ou sje, aguele que faz uso de seu saber, de sua competénia, de sua relaclo com a verdade nas lu- 'as politicas)nasceu, ero, do jurist; ou em todo caso, do homem {que revindicava a universilidade da ll justa,eventualmente contra (9s profisionas do direito (na Franga, Voltie ¢ 0 prottipo destes 10 sin, © intel “iver dria do juin ¢ inten tei empleta ne sco, portador de ugnie er oe ae poker nel Soc Et OT coe durmue ese ee Sei’ St tt pc ur oncom ete gs comeou caro posto, De a es rite Sa i es mee foto IX Eve Sin elcome tan erinmgerdematn A ie emp nee So ae aro ovals setts bastante ambiguos do «v0 Sa ee lag sincogn te inane or emp van o moma tmponan em ei, emer) a et porinponane xs Sa ee cepa sli ano erate ear teat tin pata ope ee, ae tect saan ene poms ge Seige Fo po tcc unreal par Se a ats simran comune eae ae mca cach Ts er acon ores poe Se a etc, See code no pr mr ee a Se Sci meriniaee 1 ee sence oe Pile tirana mn tor rf pn toga ficafonm, emer oa en ce ame ea ans eiorcenc arm trometer errata 6c Sat ors po ee Dro Serra ata cadre dcenenu snl le mae de. ua ein ers eon get ote Se cre eee SEGRE TSS ere aes sda oe sourt ie ve gus dom nore ou a hanson Nip ascae decease men eae Sota eS Ycoos tame 9 doves Soames sue Te a man peri iment ere ‘mento das estruturas conto cientifiess na sociedade contemport- rane pin spn cyto lg 7 rap ean cert ete movin ed 1.0 ictal pects cacontr Saco weap peripon Pogo juts deconuntrs, evindeayoe otras, Rico dese Sar por pets poticor os for spars ats Soe eae Timitados. 25 rola ree oe eae Saeco eee eee Sarees moet ees Soccer eee eas iene emeecen ra eater nanan Polenta oa eeeeaee Sassen See elena Suse ceaeemecemnieas Seema cemmerer eee era Soecenaeneneemaeers eee ee eee Sraaeamonmeaey aie iorenrcneenemeenote eonareeee ‘important, rio, ¢ ques verdade nko exitefrs do poder ou sem poe (nto €~ no oblate un mit, de Gu seria exe ex tlarecer astra ca fangbes = recompenss dos expr ives 0 Tih des ones sides o priv daqules que souberam bet {an A verde dete nd; ela progsion ne grasa «ma ls coegie ele produ econ reulamentadon ce pode. Cada ‘Schndctem sen ropme de verdad va “pllca gra” de verde ia tipo de cra au ase a union oo ‘erdadeire; or mecanimon¢ at nstdncies qo permite ‘coun verdes os fos met Cant ence Uns outon a tsniea eo procedmenton qu ato vlorizadon {obi verde’ 9 ensato daqeles qe tém oncargo ded ze'0 que funciona como verdadero 2 nas soxeaen “cman otic” fn nt en npren 4c a sng arin ie cor mnmmintir u0a so a icc Pin tee nai eae pn trode corona ne ie ar rmuduceeS Pane ryee tn cnn iel on peas de nes Fae eo nc sn oe sal senna se ter on ane eo ee, Fa ear sence ened, Fan hh eno Se cl a te “ee oer ane cite Ss E ent a A a petite ane oati dee rere mre Pena eu enc doprcaraay Sm oP gta conto eo an na abort Rea ear no co Bi pts oe ce tne Serre ne hp npn eng a PBioans ou setorais. Ele funciona os Tuta wo nivel gral deste rege peegeterdade, que ido extencial para a estrturas © pars 0 fencic, famento de nossa socedade. Hum combate“ ancl i nie etengendose al um VO en ere rg’ "o conn ds coma vrai See eer mano ceoninto reas seunde a eh aera tae unc renee Soha nse poarentendend-e moe gun ain ene cre rd rend muscmrmo do sat Ter erdeicopoce qc core EDS Tale tpt nanos tal etre ta dcacomaratyae: re tas = Serer cence al ee Seance ciara eee 1 eee ede 1 produzem ¢ apdlam, ea eletios de poder que ela induz € que a Saracen ae opener creme seca ae ere SEmieoac eae timate nee oti Sore Sapa eetarion oe SS Ghai gee compas cute neat maior simone anid aoe eee mnenon ae Sao ene e Se Em suma, a questio politica no ¢o ero, ailusdo, aconsiéncia sed Ag a 1 NIETZSCHE, ‘A GENEALOGIA E A HISTORIA 1 ‘A genenogia & cinz; el €mtiulsa¢ pasentemente doc snendr gis ath com pergamishos erbaralnados, reno, Vir exes reesenito. eRe angana, como os iglns, no decrver beet I neat rien por eempo, tobe asia Ga mora nrg rans acm paws reser ard 3 St dpa ys ue eS ‘undo e eas cave queria nfo tive conbecio inv sac dtrce, estan, Dal para a eneloga, un inden: ‘Gravorarae marca a snglardude do acontecinento, 00g Bln montana peti nde neon he nagllo que ido como ano possundobstria os etine TES Smmrs Soasctncn os insuos, aprender seu retomo n8o to aa cores lena duns evolugl, mas para reencOnr 88 Bier raat ce onde les desempenharam papeis distintos: att Je fint erponte de sua lacuna, © momento em que eles sho aconteceram (Patio em fo se tranaformou em Maomé). "A genealogia exge, portanto, a minGcia do saber, um grande rimero de materats acumulados, exige pacienia. Ela deve costro- 1s i ses "mona. {nos moments So cin race nes ds vuln mora do aterm, do cor Fee ee eis ods oe pts Sa tr: rk areo, te Semorar nar meticiondnds no acts dos cOMe- Sesriem engi ctruplom is erorn maida, pe oP low surg, maiare efit retradas, com o fosto do outo; Mio terpusor vir procures onde es esto, xavando os bas Jondsdaatihes © tengo de cevarse do bint onde nexhutne ‘dade as manieve jas 308 sua guréa,O peesiga necesita Ar hina para coajrar«guimer 6 orig, um povco como ¢ omnes do to pn ona obras reso saber reconhecr ov aconecimentos da hstria, sus abot, mamas dria a derotas mal digeridan. que 15 ace cnr ager, eons 6 Ieee piseq ie " TO Gentes bt Mla, “Como 0 nee i” c © que é um discuso Mlosbfco. A bistbra, com suas inens Sus desfalecimentos, seus furore secrets, suas grandes a {ebris como suas sincopes, €0 prépri corpo do devr. E precio melaisico para The procurar uma lia na idalidade longingua, origem: suai dn gui ris gn contro gus eet 6 a oe ja no pretende recuar no tempo part A Ber continuidade para além da dispersio do esquecimen- Aa te mona Que o asso ands eth, bem a rl nando nda em aed depot dee Ro no ee euloe do peraro ume forma, lead 8 totga. Nada que se assemcthasse & evolucto de uma expicie ite aoc: Segiro ido complexo da proventncia ein oe Eero ee pasou na sere gue Ihe &pro- iti dete ones devin — 0420 Oni at compete mas Al Td Tes como Emsthng ob Hera marca tor do. Langa oo propi ar neg te osarmente Sao pense ee poeta rrertantae hoa oe fenah ae Stic can War yt'vs painted Sora pertencimento a um grupo do vangue, da tedilo, de figacho Gp enectatie reese vga ise He pee ono rian" ov op eal ions Una bots spas deferral Sere ees eer ee pal ‘tem assimild-los a outros - e de dizer: isto ¢ grego ou isto ¢ inglés; thas ae ecru ues sh gist, bina ‘tem oan smal se demi ‘re iugs er eee go de cetera Dea rea fost pry tars mses le ‘ ee ertap toeresieasenncaapipaas all moet Soe ora ean seperate seh de profunsiace de cos dau ts umole testa como podem doar confnlo dae rea ponents: caren ‘move ela que sao constituidos *. La or alma pretende se a an ae Ra rorencidade sadbe Botrpan pet inns Gatndoes Unsconc all Le shamans sheen ma pre ent oe = nots ger ‘ane supa crag age ha f Fomeorgorat oan ‘ria enganar um ‘ole, por pouee hstrico que sgt; s enlise da dos cientistas - daquele que jonae elo as ltimas roveniéncia permite dissociar o Eu e fazer pulular nos lugares € fe 08 fats, ou daquele que demonstra ou ref: S04 autca do soa sata Yana, mail aoostaieeates agora petdns rer papel ded oss, oEND A proveniéncia permite também reencontrar sob o aspecto dni igncto 4 obye ie code um erie ov Ge um conoae« prokferago ov scoiesom ane. 43m, 20,204 ML a Enfim,a proveniéncia diz respeito ao corpo *. Ela se inscreve no sistema nervoso, no humor, no aparelho Ma smi respiragd, corpo debilevergado daqueles cujos ancestras come ‘eram eros que os pas tomem os efits por caus, acreditem a. ‘ealidade do alem, ou cologuem o valor eterno, € corpo das crane {a8 que sofreri com isto. A covardia, a hipocrisi, simples rebentos {do ero; no no sentido socritic, nto porque sea precso se para ser malvado, nem também porque alguém se desviou da 4e origindri, mas porque corpo trazconsigo, em sua vida eem sua ‘morte, em sua forga © em sua fraquera, a sangio de todo erro © de. ‘oda verdade como ele traz consgo também einvertamente su of fem ~ proveniencia, Por que os homens inventaram a vida contem= Dlativa? Por que ees aciburam a eae genero de exstécia um valor fupremo? Por que atribuiram verdade abscluta bs imaginagdes que nla se formar “Durante as épocr barbers wo vigor Gone ue dinate ele tent canta ou doers meando tact joe, por conseqléncia, de uma maneta temporiis, sem deseo € sem apetites, cl torna um homem relativamente methor, quer di 12, menos pergoso ¢ sus idas pesimistas se formulam apenas por Dalavease reflexes. Neste estado de espn ele se tornard um pens ‘dor anuncador ou ento su imaginagdo devenvolverd suas super tigdes"'™ O.corpo = © tudo o que dz respeto ao corpo, a liment ‘ilo, o lima, o solo - ¢0 lugar da Herkun/: sobre o corpo se encon tra o stigma dos acontecientos passdos do mesmo modo que dele ‘ascem os desjos, os desflecimentos eos eros; nele também eles ve stam e de repente se exprimem, mas ale também els se desatam, en {ram em ita, se apagam uns 40s outros e continua seu insuperdvel confito. ‘0 corpo: superficie de inscrigdo dos acontecimentos (enquanto que a inguager os marca eas iia os dasolvem) lugar de dinsoc ‘lo do Eu (que supde a quimera de uma unidadesubstancial}, volu- ‘me em perpétua pulvercagio. A geneslogia, como anlise da prove nigecia, xt portanto mo ponto de articlagio do corpo com a histé- fia. Ela deve mostrar o corpo interamente marcado de hstrie © & Istria arvuinando 0 corp. w nag ae let Seen grr sh a gee es cancion ecient tenet aston capa du dogenersccin erecobraro gor a parr de sea prt Semen peer ape peered Shu humana)e sua solider sfoasseguradas “por ul log Samba contr Condes contantes ¢ escent desavor- Jers De mo “a espe tem neeidade du espcienquasto espe “Scam de gualgr cise qe, gros 8 us dre, bua uniform “Gade 1 smplcdade ce sn forma, pode e impor ee orn ur Stuluca prpéta com ov vznhos ou os oprimids em revo”, Em ‘ompenaro, a cmerpnca das variagBeyinaviduis produ em “Smoutro edo ds fren, quando «epi unfou quando ope. “Sgoestrna nies ameaa mae quando “ox egoismosvoliadot ‘ona oy cutos qu Biham de algun modo uta juntos pel ol ¢ Pela luz”. Acontece também que a forga luta contra si mesma: ¢ Mio somenie a cmbrigucr dem excess que he permite SV, 2S Ii: “Der Mane een A edi etal ier ‘tinge enon Use 3 26 faves 2 Pham, 420. ‘mas no momento em que ela se enfrauece. Contra sua lasso ela Lnehdeeregettbanreriptnpeetnha Frage, extraindo sua fore desta lasiddo que ndo deta enti deere ‘ere se volando em sua dreedo para batt, ela va The impor ie Is fui macerated eu ao ior mere ea ‘sim por sua vez se revigora. Este ¢0 movimento pelo qual n ideal eon "no innate de wea ie on epee ge uta por sua exinticia"™. Ene também & 0 movimento pelo geal a Reforma nsces, onde previamente 4 Ipria se encontava tenoe ge nace ae re nsec para vie, ces hev mem oma se ovens tami plore €0 ach Wyn om a reso de dominates ua ee inden eee ém gar E€ por no pre ere oda momeato dst a Gominao aia em ih Me Upon edt comnts cad Po, sua leh eta mar, grav kmbrangs nas cls “i Storea responsive pls Givens, Universo de gras corrompida"; na Alemana do sé. XV o eatolcsmo tinha ainda corpos: ‘muita forga para se voltar contra s préprio casigr seu proprio cor eee destinad a adogar, mas ao conréro a stisfacr a violén- oe sua propria historia ese espritualizar em uma religito pura da Be et ceo screitar, xegundo o esquema tradicional, que & oe etree eters octet ose org renee Fe ne en Se a nc ee Sa ceo sacs an ee get acee Sotiris tfecaioneiet wane serene a cco ee Se ee enienteerree and Secon ence fei is Soptcane: iene mefer, g her saren ee ei eeeeeenrgenr ey Sree iaren aera eernceat mamteiome een: : ; Se Sep uaa ii i LS ree cient falter lets pris ino gc den er dan See in ‘A emerstca& portant x entrada em cnn das frcs €un- sen ei nc sur pr et. ‘eda oma com seu vigor sua rps avetade. O ue Nitnch ‘Shuma Entchongser® do concerto de bom aio €exstamente nem Sener dos fre em a reo os ron asia cena onde ‘esse sribuem ans ent aos tos, us zm do Uon ee as ‘sc capotando em suas propras conradigBes, acaba pot ‘a marea que ele deta em um corpo, a emergéncia dsigna um lugar 4e afrontamento; € preciso ainda se impedir de imagini-ia como um ‘campo fechado onde ve deseneadearig uma lui, um plano onde 08 adversirosestariam em igualdade;¢ de preferéncia ~ 0 exemplo dos ‘bons e dos malvados o prova ~ um “ndo-iugar, uma pura distdnci, ‘fato que os adversrios do pertencem ao mesmo espaco. Ninguem €portanto responsive por uma emergencia;ninguém pode se auto _Blonicar por ea; ela sempre se produz n0 intertco. Em certo sentido, a peca representada nese teatro sem lugar Sempre a mesma: € aque que repetem indefinidamente os dominae ores ¢ 0s dominados. Homens dominam outros homens « ¢ asim ‘que nase a difeenga dos valores"; clases dominam classes € a+ sds regras, de quem tomar o ugar daqueles que uilzart, de quem se disfarar para perverts, utlizalas ao in- ‘wolf-as contra aquels que as tinham imposto, de quer, s€ indo no aparelho complexo, 0 fizer funciona de tal modo et & 8 i ieniailmiariotninbas paiva Sine ay epleteterty pcr En competuagio 0nd itn cap Bees reetonans un nacueno pga te poe aL ste ah tit Ee teen ‘is large dvigureparpen eas opert ‘uivacbs cus marge - um expe dealer qu aca C6 Seeateredissieriyperwctaecsevetie 8 0 dominadores encontrar sed dominados por suas ‘eas, As diferentes emerges ques podem demerc ha sto {uta Soest de uma mera sgnfeaiorsfo fete {o,eponeoedesloamento, congas dara, nveaten ‘ces Sinarear uc ramentee oo uaa ca a orig, apenas a mtafisen poser interpreta ‘irda humanidde: Messe trea afodrar por ole ‘ub-repeto. de um seme deropran ge ne en ea ‘mcm Cremos na perenidade dos sentiment? Mas todos, «wbre- ado auces que no parece os mas nobres¢ os mas oid hr Cremosencntnc or nston cima esesilo sempre tuanes aqui eal, agora como antes. Mas ‘Sear hse ado om iclnde em clo lox em pedagon frenes, Trata-se de ‘parecer como acontevimentos no teatro dos procedimenton. Hi za, ientificar seus reinos alternantes,apreender sua enta elaboracio 0s movimentos pelos quas, se voltando contra eles mesmos, podem obstinar-s em sua prépria destruicio ®. Pensamos em todo caso que tem apenas leis de sua fisiologia, e que ele escapa bhist6- ‘erro; ele € formado por uma série de regimes que o cons. ‘nbem; ele destrorado por ritmos de trabalho, repouso e festa; ele € por venenos alimentos ou valores, habitos alimentares ‘eis moraissimultaneamente; ele cra resisténcias "A historia “eet Ya" se distingue daquela dos historiadores pelo fato de que ela nose -apbia em nenhuma constincia; nada no homem ~ nem mesmo seu ‘corpo ~@ bastante fio para compreender outros homens © se reco- ‘nels. Tudo em que o homem se anda para se voltar em dire- eapreendé-la em sua totalidade, tudo 0 que permite re- como um paciente movimento continuo: tratase de destruir te tudo isto. E preciso despedacar 0 que permitia 0 ‘Jogo consolante dos reconhecimentos, Saber, mesmo na ordem histé- Tica, ndo significa “reencontrar” sobretudo nto significa “reencon- _Marsos”- hisria sed “efetiva" na medida em que ela entrodu- ‘odescontinuo em nosso préprio ser. Ela dvidiré nossoxsentimen- ‘Sree agora. Cons, agenlopaé degrada ‘eimcomg "Witch Matone am vstaceates see ‘ade plo “opt ou send sitnots De ov oget ae hen pao ders Sede spun det Consoes e Forint sa forma ite gue rene (ep emp Ponta de ia spre hist eta str ue ese per fp ats dla um olhar defi de mundo, Esa histo dos ‘constr um ponto de apoio fora do tempo; ea pretende tsa, ‘Segundo uma objetividade spocalipticn; mas dade eterna, uma alma que io morre, ums consiéncia sempre dtm tica' si mesma Se sentido istrico se dita envolver pelo pont. 35 GM. ~ Price 5751.2. PLM, $224 4 i n tos; dramatizard nososinstinos; maltiplicaré nosto corpo eo 8151 mesmo, Ela ado dexaré nada abaixo des que tra a “eoecimenons apagaram praise mosren Yous 874s ‘sequradora da vida ou da naturezs; ela ado se denard evar por efter cmc oi ial ovalor ge ilies. contr tavilhosumente colorido © confuso, profundo, replete Seis é que uma "molidio de eros efantasmas” Ihe deu mo- bso povoa em segredo", Cremos que noso presente st fm intengBes profundas, necessidades estiveis;exgimos res que nos convengam disto. Mas overdadeiro sent sant reconhece que nde vivemos sem referencias Ou sem coOr- ‘Sigindras, em miriades de aconterimentos perdidos. 1s ten tambem 0 poder de iteverier a rlagho entre o proxi Pe Saetnguo tal como fot estabeecido pela histria tradicional sua, dark aquilo sobre o que se gosta de fanbla repousar ese contra sua pretensa continuldade. E que 0 saber nlo & feito lore” bara tradhional, Aguel invete a habituaimenteetabelecia entre erapgo Go scontesimento ‘dade continua, Hi toda uma tradiao de historia eeolgien, ‘cionalista) que tende a dover oscootecimente singular em ‘ontinaide ideal movimento teleolico ou encadeumento TIA histria “eleva fe rentrgie 0 aconteimento no gue Pode te de nico ngado.£ press entender por acontesmenta {ima deiso, um tatado, um sino, ou uma batafha, mas ma G0 de foreas que se inverte, um poder confsado, um ve {etomado ¢volado conta seus ulzadores, uma domino que ‘hfraquece, se istende, eeavenena uma outa que faz un obedidacia metalic, Eats de fato se comprar tocar um olbarparaolonginguo, para as alturas: a épocas mai ws Tormas mais clevadas, as isias mais absratas, as indivi ‘nis paras. E para fazer isto ea procura se aproximar Colts ao maximo, colocar-se aos pésdestes eames em condi tb tet com rlagio 4 lass famosa perspective das ris. A histé- "teva em eontrapartda,langa seus olhares ao que etd prox ‘ corpo, o sistema nevoso, os alimentos ea digestio, as ener- tla peretuta as decadencias; ese aonta outasépocas ¢ com a ia nfo rancorosa, mas alegre ~ de ma agitaclo barbara ei- Sofessvel Ele nio tome olhar embaixo. Mas ol do allo, mergu- Thando para apreender as perspectivas,desdobrar as disperses © as ‘Gerengns, dia a cada cosa sua medida e sua intensidade, Seu mo- ‘imento€0 invero daquele que os historiadores operam sub-eptici Thente cles fingem olnar para mais longe de si mesmos, mas de ma- ‘pata, asiejando, cles aproximam deste longinguo promete- io que ces slo como of metafscos que véem, bem acima do “auindo, um alem apenas pura promeit-lo a si mesmos titulo de e- oan Fra hatoea“efuve™ olka pars mais réximo, mas pars a= ‘ruseament es apodere fines (oar sme issmens tumor irre damesateestnotse seo oe precio ala comprecner cs s0s0 Soe ee ‘ontade de ottacia qu todo surgimento do acao opie, para com taka dinaga oe teeeetetameetael cae ieeyaSeciateteecae renripes jer a mante ao do médico que mergulha para diagnostcar¢ dize a dife- (0 sentido histdrco etd muito mais préximo da medicina do aa floss. “Historicamente efisoiopeamente™ costuma dizer ‘Su Nada espantoso, uma ver que naidossncrasa do fil- HoH.5i6 1, "Biogas de um natal” § 4. solos nconra a eget tema do compo “sa ‘gio “em colocar no com non ras Finalmente, hima caracterstia desta hstriaefetva: ela teme serum saber perspetivo, Os historiadores procuram®,n dado possivel,apapar o que pode revela, em seu saber, o lugar nde cles aha, o omens eau le eth, 0 partido aie ‘am - 0 incontrolivel de sua pac. O sentido hstrico, tal [Nietzsche o entende, sabe que perspectivo, e nfo recuss ‘de sua propria injustga. Ele olha de um determinado ‘ropésto dliberado de apreciar, de dizer tim ou no, de seguir os os tragos do veneno, de encontrar o melhor antioto, Em ver fingir um disretoaniqulamento dante do que ele ob, em ren procurar sua lee a isto submeter cada um de seus movimentos 6 thar que sabe tanto de onde otha quanto o que ola, sent histrico dao saber a possbilidade de fazer, no movimento des ‘conhecimento, sua genealogia. A “Wirkliche Historie” efetua, salmente a0 lagar em que s¢ encont we [Nesta genealogia da histria que exboca em vitios mo [Nietzsche liga 0 sentido hstice 4 hatria dor hstoriadores, ‘outro possuem um Unico comego, impuro e misturado. Els 0 memo tempo, de um mesmo avo em ques pode 100 sistema de uma daensa quanto o germe de uma flor Thosa~ ¢ € em seguida que eles terdo que se dstribur. Sigamos, ‘anto, sem diferencias ainda, sua somum . ‘A proveniéneia (Herkuaft) do ‘do. dé mar equivoce: ela éde bits extra, Uma de caractriaticns da i A ro me ne 1 644 pia 1 ester: acolo no deve etude compreende am et tos: de to tsar, sm fae iene Nada The so de aha tambo nada deve er excllde, Os hsoradore sores uma prov de toe rede om que dito fe se eMac quando sea dag ube psu tea jc cua oa seni ge gost uma eta gre {Sine com o que mus lvedo, te de famiaie- scans cn encontrar o que bite.O hitra- “Spans earosiace” . Me dings! A pice, Eo dacuroo que ele Ine faz paste mito do Sesaoye ingle aor do gu oxi x "> presume de queer se superior « com nad" c ornr, or tap elo it ‘pedo ¢ maior do que seu presente e tudo o que nahist- ig apresatar com ar Ge granders, meu saber metculoso hes Ss poaucner acrcldade, ea inciade"-O paenteco do “adquii ima quageexatncia sem rosoe sem nome. ‘mundo em que ee ter retreado sua vontade individual dle ‘mostrar sos Ouros ale inevitavel de uma vontade superior. ber todos os tragos do 3 familia dos aseetas, “Eu nfo posto mais suporta estes eunucos cupiscentes da histra, todos os parasitas do ideal asctico; eu ‘sso mais suportar estes sepulroscaiados que produzem ‘Blo poo suportar tere fatigador «enfraquecdos que te cob Sabedoria e apresentam um olhar objetivo". Pascmos Entehg dhs; eu ugar € Eu 2X: ptt anomie faba Spock do honetr {uras que apagaram todas as suas caracteritcas produzem 0: cleito que as maceragSes do ascetismo; a impossibildade em que ‘de ria, sua auséncia de obra, a obrgaclo em que ee tronam, em sue podem tote ucsden, Certo da main fs denagoi scene sor Bi Sécrates, sua renga na imorialdade. Mas Patio tera podido stisgdesia filoofa soeratica, teria podido volta contra cla at om divide mais de uma ver ele fl tentado a faztlo, Sua Ti ter conseguido fundé-la. O problema do sée. XIX éndo clo asetxmo popular ds hstoriadoreso que Platho fez pelo 'E precise despedagivo a partir daquilo que ee produzin dbo fondi-lo em uma flosofia da hist; tornar-se mesire da his- Sour dela fazet um uso genealogico, isto 6, un uso rigorosamen- Patatico, E endo que o senldo histéricolibertar-ae-4da ise vi (0 sentido histérico comport is uss que se opdem, palavra fs tres modalidadesplataicas da historia. Um &0 uso de destruidor da ealldade que s opOe a0 tema da histria~ Teconbecimento, outro € uso dssocativo e desu ie ienthdade que ve ope &hstria-continuidade ou tradigHo; © “£0 uso sacrificial edetruido da verdade que se ope his: ‘De qualquer modo se trata de fazer da hist6ria so que a liberte para sempre do modelo, 20 mesmo tempo, me- ‘antropoldgico da memoria. Trata-se de fazer da historia scentramemdria «de desdobrarconseqUentemente toda uma ou- Pandnimo que é 0 europet «que alo sabe mais quem cle € nome deve usa ~chstriadorofereceidemtidadessobresalen- ‘melhor indidualizadase mais reais do que a su. peers morphea ESS ere oan see ees re eee ‘tempo em que as miscaras reaparecem incessantemente, Em > pelsciesaum sees eee tee do Deus que tapos, “talver nn ‘obriremos aqui o dominio em que a originalidade nos ¢ ainda tel, tlver como parodisiat ds histor Deus" *Reconhecese aqui o duplicador parddico daquilo que tgunda Extemporinea chamava de “histéria monumental” ‘Que se dava como tare restiui ox grandes cumes do devi, los em presenga perptva, eencontrar as obras, as aes, a segundo omonograma de sua essncia intima. Mas, em 1874, che ertcava essa historia interamente devotada & veneragdo ‘obstruir as intensdades atuals da vida © suas criagdes.T ‘ontririo, nos dltimos textos, de parodidla para deixa claro apenas parédia. A genealogia ¢«histéria como um carnay nizado. Outro uso da histri: a dissociagtosistematica de nosai dade, Pis esta identidade, bastante fracacontudo, que nos "assegurar e reunit sob ume mascara, € apenas uma parddia: 0 ‘habia, almas inumerives nla disputam; os sistemas se 2am e se dominam uns aos outros. Quando estudamos « Sentimos “felzes, uo contirio dos metalsicos, de abriga em s tama alma imortal mas multas almas mortals”. E, em cada ‘estas almas, a histéria ndo descobrird uma identidade ‘Sempre pronta a renascer, mas um sistema compleso de ‘multiples, distintos,e que neahum poder de sintese doming: Signo de clturs superior manter em toda consciciaceta ‘evolu que os homens menoresatravessam sem pensar... Fo resultado que nds ompreendemos nosiossemelhantes temas inteiramentedeterminados e como representantes de diversas, quer det, como necessirios ¢ modiicdvels. E em’ parti: que em nossa propria evlugdo nds somos capazes de ‘ar pedagose considers-os & parte” historia, enelo se pas gm, SLES (tle ct itn $17 » sda, nio tem por fim reencontaras rales de nossa identidade, i. irri, veObstinar em dssipéla, la ndo pretende demar- eco unico de onde 90% Viemos, essa primeira pri 8 qual prometem que nbs felornaremos; cla pretende fazer oasis deconnuhade gue os wvavosam, Ea fargo rerio daquela que queria execer, segundo as Contideropder 2 whistoia-antiquéro” ontinuidedes nas quais se enraiza nosso ‘Jo solo, da lg, da idade;tratavase, “cultivando-se com Too delicads © que sempre exis, de conservar, para aqueles ‘Toto, ss condighes sob as quais se nasceu”." A segunda das ‘Exiempordnea! Ihe objetava que ea corre o isco de ie toda criagdo em nome dale de idelidae. Um pouco mais dem Mumano, Demasladamente Humano ~ Nictzche etoma Mantiquira, mas em diepdo inteiramenteoposta Sea genes- coloca, por su vez, 2 questo do solo que nos viv nascer, da ve flumos ou das es que nos regem, para clarifier os ss- ‘eterogéneos que, 100 a miacara de aonso eu, nos profbem “deridade om a verdade. Mat se ela ve interroga ese de isa maneira mais inerrogs toda conscgncis ienlfca em sua historia, ea des oy as formas e tanaformagBes da vontade de saber que € ‘pando, obstinagio inquisidors, refinamento cruel, malda- els descobre a violencia dat opiniSe preconcebidas: contra a fel- ignorant, contra as ilsbesvigoross através das quas a hu- te protege, opinies preconcebidas com relagio a tudo ‘be ha de perigoro na penquisa€ de inquietante na descober- ‘A-andlise hstrica dese grande querersaber que pereorre a de az portanto aparece anto que todo. conhecimento e- injutia (que alo h, pos, no conhecimento mesmo 1 verdade ov umn fundamesto do verdadeio), quanto que “de conhecimento¢ mau (que hé nel alga coisa de asas- ele nfo pode, que ele nde quer fazer nada para afelicidade ar A ST Sas i 93; PAM. 42,20. 3s ‘dos homens). Tomando, como ele o faz hoje, suas maiores di “As Comideracdes Exteporinas ava do 80 i ecb coco pandas justia, cra i rau veneer conan a om deihear oe tne der oun origem seni agula em que le gle ee Nietzsche criticava esta ae, itica por nos. oo a nous fonts reas etaciiar 9 proprio movimento a vcscupuce cam vate, Vee Qe, um pou mas Fcc teams por va conta propria o gue ee nid ree irc, mas com uma fiaidae ntitemene diferent: Sata mas de lgar oxo panado em noe de una verdade Stu presen seo cos deter Tres de arcade sje de conhecimento ma vot we ter Em certo sentido a genealogia retorna is trtswaodaldades dx jue Nietusche reconhecia em 1874. Retorna a eches que ele es fazia entdo em nome da vids, de seu poder fel Gaeene gure temneldadesesnteso.igs ou! nos primeios anos de ocupacto para jusiicar a pithagem das lojas, em particular na rua de Buc: "donas de casa, fzemos bem em ‘oubar os que nos roubam”. Perteito. Ora, vost vé como funciona & fusto: hd uma demoligdo do sistema de valores burgueses (o adres ‘cas pessoas honestas), mas uma demoligdo de um tipo particular, PPoraue neste caso coatinuam a ex ladrOcs,£ uma nova spare: ‘Go. Toda a plebe se reunfica: slo.08 do ladrBex eo inimigo de clase que add Por iso e digo sem best. “Psd para Rives lenny ‘Analisando as coisas com profundidade, 0 proceso revolucio- nrio é sempre a fuslo da sedilo das clases constituidas com & das classes decompostas, Mas esta fusio se faz em uma direedo precisa. Os "vagabundos”, que eram milhdes e milhdes na Ching ‘ericoonal¢eml-eudal foram abate do primero Exec Ver problemas ideldgicos deste execito estavam ligados & ‘deologin merceniia dstes"vagabundos", E Mao, da base verme s {ha onde estava cercado,enviava apelos 10 Comité Central do Parti- {do que dziam mais ou menos! mandem-me rts quadros vindos de ‘uma fibrica para contrabalangar um pouco a ideologia de todes os ee tre eine gra com ining do basta € preciso contrabalangar a ‘merceniria com a gia que vem da fabrica.O Exército Vermelho sob a directo do Part- 4o, quer dizer, a guerra eamponesa sob a diego do proletatiado, foi ‘© cadinho que permitiu a fusdo entre as clashes camponesas em de- ‘omposigio ea clase proleéria, Para que haja endo subversio mo- ‘ena, que dizer, uma revolta que seja a primera etapa de um pro ‘exo de revolugdo continua, ¢ preciso que haj fusdo dos elementos 4 sedigdo que vim da plebe nlo proletiria« da plebe proltiria, ‘ab'a direqdo do proleariado da fabric, de sua ideologi. Ha uma {ntens uta de clase entre a ideas que vem da pebe no proltar- ‘ada eas que vim do proetariado: as segundas devem tomar a dire- 0, Olaripio quese tomou membro do Exerio Vermelho nlo ot ‘armais. No principio se ele roubava a mals insignificant agutha pertenceniea'um camponés, era imediatamente executado, Em ov tras palavras, a fusio s6 se desenvolve pelo estabelesimento de uma ‘norma, de uma ditadura, Volto 20 meu primelro exempo: os ates Ge justia popular vindos de todas as camadas populares que sofreram ‘danos materials ou expiritaiseausados pelos inimigos de clase nfo ‘ tornam um amplo moviment, favorecendo a revolugio nos epi Fos e na prtica, se no forem normalizados,forma-se entfo um Aaparelho de Estado, aparelho saido das massas pupulares mas que, ‘e certo modo, se separa delas (sem no etanto se solar) este apare- tho tem, de eetio modo, um papel de drbitr, nio entre as mass eo inimigo de cass, mas entre ideas opostas nas massas, para a solu- ‘ho das contradgdes no seio das massa, para qUe 0 combate geta ‘onirao inimigo de classe eja o mas eficaz, 0 mais dieto posivel Logo, chega-se sempre, na época das revolugBes proletérias, 10 ‘extabelecimento de um aparelho de Estado de tipo revolucionéro en- tue as mastas¢ o inimigo de clase, com a posibilidade, evident ‘enic, de que 0 aparelto se torne repressiva em relagto is mass. ‘Também nto haved tribunais populares sem controle popular, logo, posiblidade de as maseas os recusarem. Foucait: Gostaria de Ihe responder brevemente. Voct diz que 0 ‘©.contoie do proleariado que a plebe nio proltarizada entrard no ‘combate revolusiondri, Absolutamente de scordo, Mas quando vo- cf diz que € sob 0 controle da ideologia do proltariado, ex the per {unto 0 que voct entende por ideologia do proletaiado Victor or idesiogin do proletarads eu entendo © pensamento de Mao-Tsé-Tung.. ea Fouceult, Certo, Mas voc hd de concordat que 0 que pensa a massa os proletris ranceses nfo € 0 pensamento de Mao-Tsé-Tung nem forgosamente uma ideologiarevoluciondra. Alem disso voce diz que {sso om peo Ge bud rrencentio pr tora ee lnidade nova consituia pelo proletariado ea plebe marginalzads De acordo, mas vot hd também de concordar que as formas de apa relho de Estado que oaparelho burguts nos legou alo podem em fe ‘nhum caso servi de modelo ds novas formas de orzanizagdo.O ti- ‘buna srrastando consigo a ideologia da justga burguesa eas formas {de relacio entre ji ulgado, jie e parte, juizepeteante, que sfo aplicadas pla justga burgues, parece-me ir desempenhado um pa ‘el muito importante na dominagio da classe burguess. Quem diz {ribunal, diz que lus entre as forgas em presengs est quer quei- ‘am quer mio, suspense; que, em todo caso, a decsio toma nlose- ‘ho resultado deste combate, mas o da intervengdo de um poder que hes serd a uns aos outros, esranbo e superior: que este poder est fm porto de neutralidade entre els e, por consegunte, pode, 04 fem fodo caso deveria,reconbece, na propria causa, de que lad est ‘2 justiga. © tribunal implica também a existenia de categorias co- "uns is partes em presen (categorias penis como o roubo.avies- oe eategorias morais como o honesto €o desonesto) e que as pares fm presengn aoetem submetr-e elas. tudo isto que a burguesia. (quer faze rer sobre a justia, a sua justia. Todas esas iia 0 a- ‘as de que a burguesia se tem servido no execiio do poder. E por {sho que me incomoda aida de um tribunel popular. Sobretudo se (ot intelectual deseipenham nele os paptis do procursdor ou do {ui porgue ¢ pressamente por intermédio dos intelectuais que a bburguesis tem espalhadoe imposto os temas ideolgicos de que falo. Por isso. esta justia deve sr o avo da lua ideolopica do prole- tariadoe da plebenio proetri: por isso as formas desta justia de- vem ser objeto da maior desconflanga para o novo apareho de Es {ado revolucionéri. Ha duas formas as quais exe apaeiho revoli- ‘nino ndo devea obedecet em nenhum caso: a buroeracia¢ 6 apa- Fel jadicitrio; assim como ndo deve haver burocracia no deve ha- © ‘ver wribunal:o tibunal éa burocraca da justiga. Se voce burocratiza {usigs popular, vost Ihe daa forma do tribunal Victor: Como normalizi-a? acai: Respond com um gras: deve invent As massa = rola oe plebéas soem demasiago com eta juss, Sing culon pra qu se continues impor ier sa sla forma ‘nes com im rowo conto. Eis tram dese os contin {Unde Mea contr es js. Afial de conta, Revoluto Fran- ‘ester uma revolts atudii A primeira cis que ca explo {Ga'Sro uparch judi. A Comoro tambem prounamente Snider ‘Re mass encontarto una mncira. de regular o problema dos seus hmigo daqcks qe: indo coletbvament pei [Emmdoon de eid uci do castigo &rectocato se as St pl forma do anal ge = nanos cede, sem david, me Gi no wi w dove evar or fw gu es con otibunal poplar como forma sles situ, desde a etomar tons foras de ota ajuda. Sta ein ama forma por sem carega eel {pets borgvsin com a vibes que ea aeareta ete polar {febe ale proisarcads, Eom tstromento peigoseatualmente poraus val funciona como movlo perigos mat ae Ut ith de Ena revoluciondro porgue strats dew fle ‘Boorman de jes que corenam 0 ro de restabeket as ve oe Victor. Vou responder de modo provocador: & provivel que o socia smo inventé ma outra coisa que no a eadeia Portanto, quando se iz" "Cadeia pura Dreyfus” se faz uma invenedo, porque Dreyfus ‘lo ests na eadela, mas uma invenciofortemente marcads pelo pase ‘ido (a cadeia). A ligho Ca velha ida de Marx: novo nasce partir ‘So smiigo. Vace dz ue “as matsas inventardo”. Mas fica por resol Serums guestio pritica no momento tual. Eu estou de acordo {want ao fato de que as formas da norma da justica popular jam Fenovadas, que se acabe com a mesa a toga, Mas que permaneca Srna denomalzato. sto gue se chuma Gebel pe pula. Fowaul: Se voot define o tribunal popular come instincia de nor a Ardila opi podem ons da qual ay apes dunia poplar podem se mtr ne conus sins pls do poker, eto Se acordo, Mos acho if hamar uma tl natin de “rbuna™. Peto como voc qu 0 a0 Se junta nraves do quale responde ao nimigodeclase nfo pose ‘ei vonfedo sua expec de opontanedade istanties, no rele {a.nd itgra sums Ita ge conunto.Eprecso encontrar sb Tovmas declaborar, pels ducurso «pla nformacko, ta cei. de de revide que ete, com fet as mata Em iodo cao, 0 ‘nal com asa arid entre as dsat partes ea isting ests, Aecdindo em fngto de uma juniga gue exe em 8 pate Sk me Dare um modelo parcularmente nla pars aeluidato, pera aboracto poli da justin popula. Victor: Se amanhi se convocassem “Estados Gerais” em que estiver: ‘em representados todos os grupos de cidadios que tam: comités 4e lta, comitésantiracstay, omits de controle das prisBes, ete, fem suma,o povo.em sua representacdo atual,opovo no sentido mar- sta do termo, voc€ seria contra porque isto remetera a um modelo antigo? Foucault: Os Estados Gerais muitas vzes foram a0 menos um instrv- ‘mento, nfo certamente da revolugio proletria, mas da burguesa © Stbe-s que ttm havido processosrevoluciondrios no rasiro desta re- ‘olugio burguesa, Depois dos Estados Gerais de 1357, hue &jac- “querie; depots de 1789, howve 1793, Por consegunte iso poderia ser ‘im bom modelo. Plo contri, pareceme que a justica burguesa Sempre funcionou para multplicar as oposicdes entre proetinos © plebe nfo proletarizada. & por isso que ela € um mau instrumento, ‘do por ser velha ld na propria forma do tribunal, apesar de tudo, o seguinte: ‘dase is duas pates"em principio, a vossa causa no €justa ou in- Justa, $6 oserdno dia em que evo diser, porque eu teri consultado ‘as leis ou 08 registros da equidade eterna”. Ex propria exéncia do. ‘ribunal e, do posto de vista da justia popula, sto ¢ completamente contradiiro. Gilles: © tribunal diz duas coisas: “exist problema" e depois: “sobre ‘ite problema, enquanto tereir termo, ex deido, ete". proble- faa capaci’ do poser dear uta pea ant uniéade popular ‘dala necessidade de represent esta unidade popular que fa justi, e ‘cand; Voot quer dizer que a unidade popular deve represeatar © Inanifetar que se apoderou ~ provisiria ou definitivamente ~ do po: ‘ber de jugar? Giles; © que eu quero dizer que a questi do tribunal de Lens lo Se podia resolver exclusivamente ene os minciros e as Houle. Isto diziatespeito a0 conjunto das classes populares. Faucet: necessdade de afrmar a unidade dispensa s forma do ‘ribundl Eu dria mesmo ~forcando ur pouco ~ que através do ti buna se reconsitul uma espéie de divisdo do trabalho. Hi os que julgam ~ ou que dio s impress de ular ~ com toda a serenidade, sem estarem implicados.O que refrga aida de que uma justiga 38 € Justa se for exeteida por alguém exterior & questo, por um intelec- "Wal, Um especilista da ideaidade. Se, ainda por cima, ese tribunal popula é presiido ou organizado por intelectuais que vém eseatar © fr dizem 05 opeirios de um lado'eo patronato do outro eafrmar ‘Som & inocente, 0 outso & culpado”, ha uma infiltragio de idealism nisto! Ao fazer dele um modelo geral para mostrar o que € a justiea popula, temo que se escolha o pior model, Victor: Gostatia que fiéssemos o balango da discussio. Primeira concusio: & ato de justia popular uma agio feta pelas massas ~ lima parte homogénea do povo~ contra o seu inimigo dretoconsie- ido somo tal Foucoult: em revide a um dano preciso. Victor registro atual dos aos de justica popula &« conjunto dos tos de subversio conduzides no momento plas dierenes camadas Populares. Segunda conclusio: a passagem da justiga popular para uma forma Superior supbeo estabelecimento de uma norma que vse are- solver as contradigdes no seio do povo, a distnguiro que € autntia- mente juste do que ¢ajuste de contas manipulavel pelo inimigo para ‘manchar a jusiga popula, para introducir uma ruptura no seo das ‘masse, portanto, para contrriar © movimento revoluciondrio. Es amos de acorda? Foucault: Nao completamente sobre o trmo norma Prefiiia der ‘ue um ato de jstiga popular ndo pode atingir a plenitude da sua 6 significagio se no for politiamente elucidado, controlado plas proprias masas. Victor: As ages de justica popular permitem ao povo comecat a to- ‘mar 0 poder, quando elas se inscrevem em um conjunto coerente, (quer dizer, quando slo drigidas poiticamente, & condicio de que hs dzegdo nfo sea externa'ao movimento de massa, que as mastas Populares se unifiquem em torno dela Eo que eu chamo de este Jeaimento de norms, ttabelecimento de novos apurehos de Estado. ‘Foucault: Suponhamos que em umn fbrica qualquer exsta um con- Mito entre um operirio eum chef e que este operirio proponha 20s seus camaradas uma agdo de reve. Iss0 80 Sed verdaderamente um lato de Justen popular se seu objetivo, se os seus resultados post- ‘els forem Integrads uta politica do conjunte dos operaros dessa fibriea Victor: Sen, mas anes presto que esta ago sj usta: 0 que supe {que todos os operdriestejam de acordo em corsiderse que o chefe Um sarado, ‘Foucault: Ito supbe discussio dos operirlos ¢ decsto tomada em conjunto antes de se passa? agio. Nio ha al nenhum embride de lum aparelho de Estado; e, no entano, se transformou uma neces ‘dade individual de revide em ato de justia popular. Victor & uma questo de estigio. Primeito hi a revota, depois = sulbverslo, por fim a revolugio. No primeiro estipiow que voce diz & justo Foucout:Tinha-me parecido que, para voc, 6 a exstncia de umm aparelho de Estado podiatansformar um descjo de revideem ato de justia popular. Victor No segundo extigo. No primeiro estigo da revolugtoideo- logic, sou pele pilagem, sou pelos "exces. E precio inverter ¢ dominacio, nfo'se pode destrir 0 mundo delicadamente Foucault € preciso sobretudo acabar com a dominaso. Victor: isso ver depois. No principio, diz “Cadeia para Dreyfus ry depois desirdi-se a cadeia. No primero estigio, pode haver um ato Sderevide contra um chefe que seja um ato de usta popular, mesmo {que nem toda a oficna estja de acordo, porque hi os delatores, 08 casas” e alé mesmo um pequeno nimero de operirios traumatiza- ds pela ikia de que "apesar de tudo €0 chefe™. Mesmo se houver exces, se 0 mandarem tls meses para 0 hospi e ele 2b meroer ‘Soins € Um ato de jastiga popular. Mas quando todas estas ages to ‘mama forms de um movimento de justica popular em marche - 0 ‘que para mim sé tem sentido pela consituicdo de um exército popu lar ~surgeoestabelecimento de uma norma, de um aparelho de Esta do revolucionario. Foucault: Eu compreendo isso no estigio da uta armada, mas nio ‘me parece que em seguida sea absolutamente necessiia, para que o ‘ovo faga jusiga, a esaténia de um aparelho de Esado judicrio, {pergo & que um apareho de Estado judicirio assuma o encargo dof atos de justia popu Victor: Cologuemos sas questde a serem resolvidas agora. Nao fa lemos dos tibunais populares na Franga durante a lua armada, mas dda clapa em que estamos, a da revolugdo ideologica. Uma das suas ‘araceistias€ofato de multpicar os contra-poderes reals, através, as revolias, dos alos de subversioe de jusga. Contra-poderes no Stidoesrio,ist0, que colocam o direito pelo avesso, com a signi Ficagdo profundamente subversiva de que somos nés 0 verdadeiro poder, que somos n6s que repomos as cous no seu lugar, que & 9 ‘undo tal como est constituide que estd pelo avesso, ‘Uma das operacdes de contrapoder. entre todas as outras, € formagio de tribunals populares, contra os tribunais burguess, Em {ue contexto iso se justifies? Nao no de uma operagio dejustiga no Imeror de uma oficina, onde ha oposiio entre massa €oinimigo de ‘ase dieo; &condigdo de que as mass sejam mmoblzadas para lutar ‘sonta exe nimig, a justia pode eereredretamente, HA entdooju ‘mento do chefe¢ nfo um tabunal HAs dus pares, es caaa eaok ‘em-e entre elas, mas com uma norma eos: nbs estamos eos, cle€ um sido. Die que ele um sfado €estabeecer uma norma que, ‘de ceria forma, eioma, mas para subvert, sistema de valores burpie- 5 os ads as pesoushonesas. E asim qu io € pid 20 No contexto da cidade, onde hi massus heterogtneas e onde & recto que uma iia ~ por exempl, jugar a poliia~ as unifique, 6 ‘onde se deve portuntoatingir a verdade,conguistar a unidade dopo: ‘0, pode ser uma excelente operagdo de conta-poder o extabelei- ‘mento de-um wibunal popular contra o conluio constant entre a poliia © os tribunais que legalizam as manobras baitas. Foucault, Voce diz que € uma vibra exerer um contra-poder frente 4.00 no lugar de um poder existente. Quando os operrios da Re- ‘aultagarram um contramestre, © metem debaito de um carro di- ~endo: “agora € voeé que vai apetarparafusos”, perfeit. Elesexer- ‘em efeivamente um contra-poder. No caso do tnbunal,¢ precio le- ‘anlar duas questdes:o que serd exatimente exetcer um conta der em relagio justiga” E qual poder real ue seexerce em un {tribunal popular como 9 de Lens? Em relagdo 4 justica lta pode tomar viras formas. Em pri- imeiro lugar, pode se usar contra ela suas peOprias armas, por exem- plo apresentar queixa contra a poli. Iso nfo ¢evidentemente um sto de jusica popular a justiga burguesa apankada em uma a ‘ha. Em segundo lugar, pode-se fazer guerrihas contra 0 poder de Justia e impedilo dese exercer. Por exemplo, esapar da poli, r= Gicularizar 9 tribunal, i pedi saisagbes a um ju. Tudo iso & ger ‘ha antijudiciria,¢ no € ainda contra-jusic. A contrajustipase- fia poder de evercer, com relagdo a uma pessoa passivel dese jul- ne que habitualmente esapa &justga, om ato.de po judi. sto, apoderar-se de sua pessoa, filo comparecer perante um i> buna, fazer um juiz judo referindo-sa eras formas de eqUidade condeni-lo realmente a uma pena que seria obrigado a cumpri. Isto.€ tomar exatemente 0 gar da justign. Em um tribunal eomo o de Lens, no se exerce um poder de con- trajustica mas antes de tudo um poder de informacto:extrairam da classe Burguesa, da diresio das Houllres,dosengenheios,informa- fev que recsava is mass, Em segundo par, o pa popular Permitiu quebrat 0 monopOlio dos meios de transmissto das infor- ‘magOes detido pelo poder. Exerceramse, asi, dis podees impor- Unies, 0 de conhecer e o de difundr a verdade Isto € multe impor. lante mas no € um poder de julgar. A forma ritual do tribunal no lum outro poder que no é realmente ctercido nesse momento Victor. © seu exemplo de contrajustca € completamente idea 6 Foucoul Precisamente. Eu penso que nio pode havercontajusic, fm sentido estrito, Porque a justia, tal como funciona enguants Aapareiho de Estado, sb pode tr por funcio diviirinternamente #8 ‘massas. Portanto,aidia de uma eontrajustia proledra écontrad- (ria esta no pode exis. Victor: Se oct reparar bem. no tribunal de Lens 0 mal na pi 9 ue ela substitu ala “os que langaram as bombs slo culpe- 406". Afro que este poder de promunctar wna sentenga inenecurel ‘am poder ral que se iadis materialmente por uma versio weal 6p to espirto das pessoas ds ques dirige. Erevidente que ndo€ um po er judicéio. & absurdo imaginar uma contra-justica, porque nfo poder haver um contra-poder judicério. Mas hi um contra-tibunal {que funciona ao nivel da revolugdo nes e Foucault: Recon que 0 ibaa de Les representa um ds for- mas de lutaant-judicdria, Ele desempenhou um papel importante, ‘Com efit, desenrolou-sesimultaneamente a um oulfo proceso, em ‘que a burguesiaexereis, como ela pode exerce, 0 seu poder de ul tar. Neste meumo momento, pide-s retormar,palava por palavra, fato por fato, tudo o que era dito neste tdbunal para fazer 0 O40 Lido aparccer.O tribunal de Lens era oinverso do que era feito no ‘eibunal burguds: um revelava o que o outro excondia Ito parece-me tama forma pereitamente adequada de saber e de propager 0 que realmente se passa nas ricas enostribunais. Excelente mei dene formagio sobre o modo como a justi se exrce com rela & classe operivia. Vor: Estamos ented acord ote um teeio pont: une ope ‘act de contra-ros, e banal popular € ue pare de

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