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AMADORA (DAMAIA-BURACA)
Para além da apreciação qualitativa ao desempenho de alguns projectos, numa segunda parte abordar-se-á
o envolvimento dos parceiros e a evolução do relacionamento com a Administração local.
No que respeita aos projectos de requalificação urbana, que contribuem para a concretização do primeiro
objectivo estratégico, salientam-se – Jardim Central da Buraca (Jardim dos Aromas) e Jardim 25 de Abril.
O Jardim Central da Buraca (Jardim dos Aromas), composto por diferentes espaços dirigidos aos vários
grupos etários, localiza-se numa área de contacto entre a Buraca e o Bairro da Cova da Moura, num espaço
anteriormente desocupado e propício a actividades marginais.
A localização geográfica deste Jardim confere-lhe um papel integrador de grande importância, pelos
diferentes espaços e equipamentos que interliga:
9 Cova da Moura / Buraca – a criação de um espaço de qualidade numa área de vizinhança entre
dois bairros com características sócio-urbanísticas distintas, para além de contribuir para a
requalificação urbana poderá também potenciar a aproximação entre diferentes comunidades a
partir da partilha de espaços comuns;
9 Centro da 3ª Idade / Parque Infantil / Escola Básica Alice Vieira – estes três equipamentos
dirigem-se dois estratos etários distintos – idosos e infância. A existência de espaços que
proporcionem o convívio entre grupos da população com experiência, e experiências, distintas,
fomentam uma partilha de saberes e o respeito pelas diferenças.
A estes equipamentos juntam-se ainda, na periferia imediata, uma piscina, uma igreja e um mercado, o que
reforça as características de centralidade desta área e, consequentemente, do potencial de convívio entre
diferentes comunidades.
O Jardim 25 de Abril localiza-se junto à antiga estação da Damaia, repartindo-se por duas áreas – uma no
antigo largo da estação e outra junto a um dos acessos à estação de Santa Cruz.
A criação deste Jardim para além de recuperar espaços desqualificados e de fazer o remate urbano,
incrementa a área de espaços verdes tratados e introduz novos locais para o convívio inter-geracional e
inter-comunitário.
O projecto “Mães Adolescentes”, desenvolvido por duas associações locais – Associação Cultural Moinho
da Juventude e Associação de Solidariedade Social Vencer Casal Popular da Damaia -, visa garantir o
acompanhamento psicossocial de grávidas e mães adolescentes da Zona URBAN II. O projecto
desenvolve-se em duas fases:
a) Motivação e Contacto, na qual se realizam acções de formação com temáticas ligadas à
gravidez, maternidade na adolescência, cuidados materno-infantis, …;
b) Contrato Familiar, este projecto de vida resulta de um acompanhamento social regular, que tem
por objectivo encaminhar as mães para prosseguimento de estudos, estágio, formação
profissional ou/e integração em contexto de trabalho. A Câmara Municipal da Amadora criou um
incentivo financeiro para o empregador, mas que apenas será concedido após a criação efectiva
do posto de trabalho.
A figura seguinte reflecte o sucesso deste projecto pelo número de jovens (re)integradas no sistema de
ensino/formação e no mercado de trabalho. Estas alterações no quadro de vida das jovens envolvidas
implicam uma nova perspectiva de vida, sendo de salientar as três jovens mulheres que conseguiram um
contrato de trabalho.
O projecto “Pareceria com os Agentes Locais para o Emprego e Formação” foi desenvolvido por duas
instituições locais – Moinho da Juventude (Curso de Assistentes Familiares e Apoio à Comunidade e Curso
de Formação para Mediadores Sócio-Culturais) e Associação de Solidariedade Vencer Casal Popular da
Damaia (Curso de Formação de Formadores)
Estas acções de formação, para além de dotarem os formandos com novas capacidades para integrarem o
mercado de trabalho, confere o 9º ano de escolaridade àqueles que não o possuem.
O projecto “Escola Intercultural e das Profissões” visa conferir formação habilitante e facilitadora da
inserção no mercado de trabalho, como por exemplo: Manutenção de Espaços Verdes e Equipamentos
Urbanos, Operador de Armazém, Repositor e Ajudante de Distribuição, Cabeleireiro, …
A definição das áreas de formação e duração das acções ajusta-se às características do público-alvo e às
necessidades do mercado. A adequação desta oferta resulta, essencialmente, da articulação entre a
Câmara Municipal da Amadora e o Instituto de Emprego e Formação Profissional.
A Escola Intercultural e das Profissões, parceiro responsável pela concretização deste projecto, desenvolve
um importante trabalho de contacto junto dos potenciais empregadores, tanto na fase de identificação das
O gráfico da figura anterior representa as principais razões que os formandos apontavam para a sua
situação de “exclusão”, sendo que os Homens as situam ao nível do seu próprio comportamento e de
problemas de saúde ao passo que as Mulheres avançam com razões verdadeiramente estruturais:
• Legalização;
• Fraco apoio familiar;
• Baixa escolaridade.
Em face destas razões, a (re)integração de uma única mulher no percurso formativo ou profissional tem uma
grande repercussão não só em termos individuais, como familiares, como da própria comunidade onde se
integra.
Quanto ao nível de escolaridade dos formandos a maior parte possui entre o sexto e o nono ano, com uma
maior representatividade das mulheres. Nos níveis mais elevados dá-se uma inversão desta situação,
passando os homens a deter uma representatividade ligeiramente superior.
Quadro 18 – Perfis à partida e à chegada dos formandos abrangidos por acções de formação
De entre os vários projectos em curso saliente-se o “Net-Rodas”, composto por Unidades Móveis
equipadas com Biblioteca e com acesso à Internet. Numa comunidade carenciada, o alargamento e a
aproximação da oferta cultural é fundamental para a redução dos riscos da exclusão.
Nos locais onde estas Unidades Móveis aparcam são realizadas acções de animação do espaço público,
que pretendem estimular o convívio entre gerações e entre culturas.
As carrinhas circulam todos os dias e definem os seus pontos de paragem em articulação com os parceiros,
que cobrem a totalidade da Zona URBAN II – Associação Amigos da Damaia; ATL da Junta de Freguesia
da Buraca, de S. Gerardo e “Sol de Abril”; EBI Alice Vieira; Associação, Clube Desportivo Alto da Cova da
Moura, …
Por último, destaque-se a requalificação do “Polidesportivo da Cova da Moura” que permitiu transformar
um ringue em mau estado num local adequado à prática desportiva, com iluminação, balneários, vedação,
pavimento e todo o equipamento.
Esta intervenção reveste-se de uma grande importância, dada a proximidade a um Bairro com uma forte
incidência de população jovem, prevendo-se que venha a ser utilizado regularmente por cerca de 1.560
jovens.
Principais aspectos a salientar dos projectos já concluídos ou em curso, sendo que alguns não resultam da
análise realizada mas da experiência da CCDR-LVT no acompanhamento do Programa:
• Importante trabalho de parceria entre a Câmara Municipal da Amadora e as associações locais;
• Difusão da imagem do Programa URBAN II;
• Acções de formação e de empregabilidade bem dirigidas e com resultados práticos, abrangendo
faixas da população em risco ou em situação de exclusão;
• Importância da existência de uma liderança e de uma equipa local da Câmara Municipal da
Amadora;
• Transferência de conhecimento e de experiência para outros Programas em curso ou em
preparação;
• Trabalho importante ao nível da população escolar, com acções de apoio a decorrer nas Escolas
da Zona de URBAN II.
Fruto da desconfiança que marca as relações entre a Administração Pública e as associações locais, os
trabalhos do Programa iniciaram-se sob um clima de alguma conflitualidade. Reconhecendo as fragilidades
do primeiro Programa de Acção apresentado, a Câmara Municipal da Amadora reformula a sua proposta e
abre verdadeiramente o PIC URBAN II Amadora às associações locais, envolvendo-as na programação e
na concretização de alguns projectos, devidamente enquadrados numa estratégia global.
O contacto Câmara Municipal – Associações Locais, também foi importante para estas últimas pela
aprendizagem ao nível da gestão de projectos, incutindo uma cultura de rigor na utilização de
financiamentos públicos.