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INSTITUTO == = UNIVERSAL = == BRASILEIRO DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS CURSO DE RADIO 39.8 LICAO TEORICA O TRANSISTOR EM FREQUENCIAS ELEVADAS Com o transistor, como é natural, dadas as analogias amplamente conhecidas, verifica-se fendmeno semelhante ao dos triodos, no que tange & amplificacdio de freqiiéncias altas. Assim, sabemos que, para sinais de freqiiéncias superiores as audiveis, a amplificagao cai. Definiremos a freqiiéncia de corte (f.) de um transistor como sendo aquela em que a amplificagéo cai de 3 db. Diga-se de passagem que 3 db correspondem, aproximadamente, a 30% do valor de refe- réncia. Claro estd que, & medida que se vai aumentando a freqiiéncia, maior ira se tornando a queda de amplificagao. Esse efeito é causado principalmente pelo tempo de transito e pela reatancia capacitiva do circuito de entrada. Chama-se tempo de transito o intervalo de tempo que os portadores de corrente (elétrons e buracos) demoram para se deslocar do emissor para o coletor. Se consideramos os elétrons que se deslocam do emissor para 0 coletor, podemos afirmar que o tempo de transito nado é€ 0 mesmo para todos os elétrons, pois, como sabemos, 0 caminho dos elétrons nao é livre e desimpedido. Se o tempo de transito fésse igual para todos os elétrons, é evidente que seu efeito seria simplesmente um retardo do sinal de saida, em relac&o ao de entrada. Como o tempo de transito nao é igual para todos os elétrons, teremos o retardo, e, como o caminho dos elétrons nfo é livre, teremos 0 cancelamento de alguns portadores, com a conseqiiente diminuigaéo da amplificacao. O fenémeno do cancelamento também recebe 0 nome de dispersao. Na figura 1, mostramos qualitativamente 0 fendmeno da dispersao. Note que, se aplicdssemos ao emissor um impulso retangular de SS ‘ ———" F . Tee se ee = CURSO DE RADIO — 39.* LICAO TEORICA — 2 - baixa freqiiéncia, teriamos no coletor um impulso semelhante, como esté indicado na figura, em linhas pontilhadas. Em se tratando de freaiiéncias altas, teriamos a dispersdo, e o sinal teria 0 aspecto mos- trado em linhas cheias. Como dissemos, 0 outro fator importante que restringe a resposta dos transistores em freqiiéncia elevada é a reatancia capacitiva da entrada. Assim, a entrada se comporta como se, em paralelo com a resls- téncia do emissor, houvesse um capacitor. Ora, sabemos que a r tancia capacitiva diminui com o aumento da freqiiéncia, pois 0 capa- citor se comporta como um curto-circuito para as freqtiéncias altas Em face das limitagdes expostas, resulta que a amplificagao deve ser tratada como funcao da freqiiéncia. O ndévo ganho de corrente pode entao ser expresso, de modo aproximado, pela relagao: onde « é o ganho de corrente na freqiiéncia f de funcionamento, «, é © ganho de corrente em baixa freqiiéncia, e f. é a freqiiéncia de corte. Por exemplo, suponhamos que se queira avaliar 0 ganho de cor- rente do transistor OC44, na freqiiéncia de 2 Mc/s. Consultando suas caracteristicas, ficamos sabendo que a freqiiéncia de corte désse tran- sistor 6 de 3 Mc/s e o ganho de corrente em baixa freqiiéncia é 40. Aplicando ésses valores na formula acima, teremos: 40) 40 40 40 120 o= = = = = 2\2 4 13 13 y 2 Vv: ae /— Vv vis 3 5 9 3 120 7 = 33,3 3,6 Como se percebe, entao, a amplificagaio cai com a freqiiéncia. Isto, como o aluno sabe, nao é peculiar ao transistor, pois os triodos apre- sentam o mesmo inconveniente. Todavia, nas valvulas a situacao é contornada, agregando-se novos elétrodos, que, diminuindo a capaci- dade entre placa e catodo, aumentam a freqiiéncia de corte. Com os transistores dé-se 0 mesmo, ou seja, através da introdu- cao de um quarto elétrodo (transistor tétrodo, do qual tratamos na 35.8 Licéo Pratica) e de outros artificios, que diminuem a resis- * 5 ey ee ee a a > eee CURSO DE RADIO — 39.2 LIGAO TEORICA — 3 ia téncia de base e a capacitancia de entrada, consegue-se elevar sensi- — velmente sua freqiiéncia de corte. , O desenvolvimento nesse sentido foi tao grande, nos ultimos anos, que atualmente ja Se usam transistores para recepgao de FM (fre- qiiéncia modutada), cuja faixa € de 88 a 108 Mc/s, e também em receptores de TV, onde a freqiténcia é mais elevada ainda. Os processos de amplificagao de RF, amplificacao de FI e oscila- cao, usando transistores, sao semelhantes aos empregados com 0s iriodos. Passaremos a estudd-los sucintamente, atentando mais para © aspecto qualitativo do problema. a) Osciladores . Os circuites osciladores podem, de um modo geral, ser agrupados em dois tipos: 1) de realimentacgao 2) de resisténcia negativa c,. 1) Oseilador de realimentacdo O principio de funcionamento dos osciladores de realimentacao ja é do conhecimento do aluno, pois déles tratamos nas ligdes do Curso que versam sobre osciladores a valvulas. Na fig. 2a, apresentamos um tipo de oscilador de realimentacao, denominado de coletor sintonizado. Na fig. 2b, temos seu equivalente, a valvula de placa sintonizada, Seu funcionamento é o seguinte: O circuito L,C,, formado pelo ca- pacitor ‘varidvel C, e o primario do transformador de realimentacao, define a freqiiéncia de trabalho. Por outro lado, ha uma realimenta- ' co de energia, através do secundario do transformador, que mantém a oscilacdo. A resisténcia Rp é para polarizar a base de maneira fixa. Costu- ma-se também usar a polarizacaio automatica, introduzindo-se um cir- ~ cuito RC no emissor. Contudo, o valor da .constante de tempo désse circuito é critico e, se seu valor é muito alto, torna-se auto-amortecido. ] Na fig. 3, a e b, mostramos um oscilador Hartley a transistor e a valvula, respectivamente. A realimentacao positiva é conseguida através de um circuito- : -tanque ressonante, comum a base e ao coletor. Naturalmente, é possivel um circuito com base & massa, como mostramos na fig. 36: 4 O choque de radiofreqiiéncia RFC é para desacoplamento, ou seja, pare, evitar que o sinal gerado passe através da bateria. Na fig. 4, a e b, mostramos o oscilador Clapp a transistor e seu equivalente a valvula, respectivamente. Nesse oscilador, a freqiiéncia de funcionamento é determinada pelo circuito LC,, inserido no gircuito do coletor. A realimentacao.é obtida CURSO DE RADIO — 39.* LICAO TEORICA — 4 através dos condensadores Cg e C. Nesse circuito, pode-se obter melhor estabilidade de freqiiéncia, substituindo o circuito ressonante LC., do coletor,-por um cristal. A figura 5 mostra o diagrama de um circuito oscilador Colpitts a transistor. Como se pode observar, ésse oscilador é semelhante a0 Clapp, com a diferenga de que o circuito ressonante do coletor é paralelo. Desta maneira, 6 controlado por tensdo, ao invés de o ser por corrente, como o Clapp. A realimentacao é tomada no ponto situado entre os dois capaci- tores em série, que levam o coletor & massa. Esse ponto, evidente- mente, € 0 indicado com P, e os capacitores séo C e Cr. A figura 6 mostra um circuito multivibrador tipico. Como sabe © aluno, ésse “oscilador” € utilizado em freqiiéncias relativamente baixas (até 1 Me/s). A freqiiéncia de funcionamento é determinada pela constante de tempo Ry Cy e também pelas impedancias de entrada e saida do transistor. : O funcionamento do multivibrador pode ser explicado do seguinte modo: Ao ligar a bateria, a corrente do 1° transistor aumenta. Aumenta a corrente do coletor e a tens&éo torna-se menos negativa. Desta forma, Cp carrega-se de tal modo que a tensao de base do 2° tran- sistor atinge o valor de corte. Assim, diminui-se a corfente do cole- tor de T; e seu potencial torna-se mais negativo. A carga de Cp; re- forga o aumento inicial da corrente e faz com que a corrente do co- letor do 1.° transistor aumente rapidamente. Quando a queda de tensio em Rc atinge valor igual a tensdo da bateria, a tensaéo entre emissor e coletor é nula. Em conseqiiéncia da diminuicio da resisténcia de saida do 1.° transistor, Cp, descar- rega-se. Gera-se entéo metade do sinal. A outra metade é gerada quando o 2.° transistor comeca a conduzir. Um multivibrador désse tipo tem a desvantagem de apresentar ma estabilidade de freqiiéncia. . 2) Oscilador de resisténcia negativa Além dos osciladores semelhantes aos que utilizam valvulas, os transistores dao oportunidade a que se projetem muitos outros, dentre es quais 0 chamado de resisténcia negativa. Como se sabe, o transistor de ponta tem o caracteristico de apre- sentar resisténcias de entrada e de saida negativas, em parte de sua regiao de funcionamento. Pode-se entaéo aproveitar essa propriedade, para fazer o transistor oscilar, sem necessidade de circuito exterao de realimentacao. Na figura 7, mostramos um circuito tipico de oscilador de resis- téncia negativa. Observe-se que o circuito ressonante payalelo incluido na base é que determinara a freqiiéncia de funcionamento. CURSO DE RADIO — 39.* LIGAO TEORICA — 5 b) Amplificadores de radiofreqiiéncia Sabe o aluno que, sempre que se deseja melhorar 0 ganho (ampli- ficar 0 sinal de RF relativamente fraco), a seletividade, ou, mesmo, a relacao sinal-ruido, usam-se os amplificadores de RF. Fundamentalmente, nao ha dificuldade em projetos de tais ampli- ficadores, bastando apenas atentar para o fato de que a amplificacao (ganho) diminui com o aumento da freqiiéncia, como expusemos em linhas acima. Conseqiientemente, devem-se escolher transistores de « elevado. ; Na figura 8, mostramos um circuito tipico de amplificador de RF. c) Amplificadores de FI Para encerrarmos estas notas sobre o uso de transistores em fre- qiiéncia elevada, mostramos, na figura 9, alguns dos circuitos tipicos de amplificadores de FI de uso mais freqiiente. Nada temos a comen- tar sObre os amplificadores de FI, pois, nas ligdes de radio que tratam do assunto, j4 0 fizemos de maneira ¢abal. Na figura 9a, damos um amplificador comum e, na 9b, um de dupla sintonia. Este Ultimo tipo tem sido preferido. O condensa- dor C; é destinado a realimentar uma parte do sinal. CURSO DE RADIO — 39.2 LICAO TEOR: IMPULSO DE ENTRADA i IMPULSO DE SAIDA DE BAIKA FREQUENCIA ea 7 N___inlguLso ve salon 0€ ALTA FREQUENCIA ea a ase Fle. 4 CURSO DE RADIO — 39.4 LIGAO TEORICA — 8 INSTITUTO = = UNIVERSAL = == BRASILEIRO DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS | CURSO DE RADIO 39.8 LIGAO PRATICA OSCILADOR DE PONTOS FIXOS Em seguida, como aplicacdo do tema de circuitos osciladores, que tratamos na Licéio Teorica, descreveremos um gerador de sinais de pontos fixos. O nome deriva do fato de que a freqiiéncia nao pode ser variada continuamente, como acontece com a maioria dos geradores comerciais. Naturalmente, escolhemos as freqiiéncias de 455 kc/s, 500 kc/s, 1 Me/s e 1,4 Mc/s, por serem estas as freqiiéncias-base para o ajuste de um receptor. Entretanto, se o aluno assim o desejar, podera agre- og gar maior numero de circuitos LC. As aplicacdes do gerador que descreveremos sao aquelas préprias de um oscilador, ou seja, ajustes de receptores, pesquisas de defeitos por injecao de sinais, etc. © circuito completo mostramos na figura 1. Compée-se essencial- mente de um circuito oscilador, integrado pelo transformador resso- nante Lyle, onde a bobina sintonizada € a do coletor (In). A bobina L, esta ligada & chave Chi, que permite selecionar 0 capacitor conveniente para as freqiiéncias desejadas. A saida de RF é obtida através do condensador Cio, inserido no emissor. Os componentes do circuito sao: = transistor CK722 chave de 2 polos, 5 posicdes (2x5) chave de 1 polo, 2 posigdes (1x2) = 8 200 9, 1/2 W 100 k 9, 1/2 W 2k9,1/2 W 4-80 pF (“trimmer”) 4-80 pF (“trimmer”) 480 pF (“trimmer”) 350 pF 45 — 380 pF (“padder”) 300 pF 01 pF x 50 V 750 pF 25 x 50 V (eletrolitico) 01 pF x 50 V 25 x 50 V (eletrolitico) 01 uF x 50 V L, e Is = (Ver texto.) Ls = (Ver texto.) Observacao: Caso nao sejam encontrados condensadores com iso- lacao para 50 V, podem ser usados condensadores com isolacéo para tensdes maiores. A seqiiéncia de comutagao de freqiiéncias é a seguinte: Chave Ch, na: — posicio 1 — 1,4 Mc/s (1 400 ke/s) — posicio 2 — 1 Mc/s (1 000 ke/s) — posiciio 3 — 0,6 Mc/s (600 ke/s) 4 5 — posicio 4 — 0,455 Mc/s (455 ke/s) — posicio 5 — desligado Como o aluno observa no esquema, no circuito do emissor temos uma indutancia L; em série com o resistor R,. . A indutancia L; atua como choque de radiofreqiiéncia, impedindo assim que o sinal gerado passe pela fonte de alimentacao. Com Ch; na posicao 1, 0 condensador Cy; ficara em paralelo com R, e em série com Ly. O'circuito Ly R, Cy, oscilara em freqiiéncia pro- xima de 100 c/s e teremos a onda de saida modulada. Na posicao 2, ficaré sem modulacao. Como dissemos, L, é 0 enrolamento sintonizado. Deve ter indu- tancia de 175 ,H, aproximadamente, enrolada em ninho de abelha. Um enrolamento dessa natureza tem capacidade distribuida de aproxi- madamente 400 pF e, portanto, a freqiiéncia propria do circuito cons- tituido pelo enrolamento e sua capacidade distribuida é de 600 kc/s, aproximadamente. Através do niicleo de ferro, poderemos ajustar o valor para 600 ke/s exatos. O enrolamento L, constara de 7 espiras de fio n.° 32, enroladas sobre Ly. A bobina L; tem indutancia de 1 mH. Naturalmente, ésses indutores podem ser obtidos pelo aluno em qualquer casa do ramo, ou entaéo podem ser construidos, seguindo os ensinamentos que ministramos em lic&o anterior do Curso de Radio, Para a alimentagao, usar-se-4 uma bateria de 22,5 V, também de facil aquisicao. a] CURSO DE RADIO — 39." LIGAO PRATICA — 3 O oscilador podera ser montado em uma caixa de 12x8x6 cm, pre- ferivelmente de metal (aluminio), a fim de que aja também como blindagem. Como terminal de safda, poder-se-4 usar um “jack” do tipo usado em microfone. Na figura 2, damos uma sugestao para 0 aspecto ex- terno do oscilador. : Uma vez montado o oscilador, o aluno fara o seu ajuste, por comparagaéo com outro oscilador, ou entaéo com um receptor em per- feitas condigées. Em nosso 10.° Suplemento de’ Servicos Praticos, demos amplas explicacdes sobre o método de ajuste. Consultando-o, 0 aluno nao tera dificuldade. Todavia, vamos relembrar como se ajustaria, por exemplo, a fre- qiiéncia de 1 Mc/s, que corresponde 4 posicio 2 da chave seletora Chi, usando um receptor ja Galibrado. Com a chave nessa posicao (2), sintonizariamos o receptor em 1 000 kc/s (Radio “Record”) e ligariamos a saida do oscilador & an- tena do radio. Em seguida, movimentariamos Cs até que a oscilagao do gerador encobrisse a onda da estacgio. Quando isso acontecesse, 9 gerador estaria na freqiiéncia de 1 000 ke/s. ‘A mesma, coisa fariamos para as freqti¢ncias restantes. NOTA ym vista de-o assunto desta Licgao nao o comportar, ela nao é acompanhada de exercicio pratico. CURSO DE RADIO — 39." LIGAO PRATICA — 4 2 G7 SIM NAO 27%” SELETOR MoDULAcio g* SAIDA “4 ‘. Bat a _ INSTITUTO === = UNIVERSAL = == BRASILEIRO | DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS | CURSO DE RADIO 40.2 LIGAO TEORICA CONVERSORES-MISTURADORES — HETERODINAGEM Na licéo anterior, tratamos dos circuitos osciladores tipicos em- pregando transistores. Entretanto, somente um circuito oscilador nao é suficiente para © tipo de recepcdo que usa o sistema heterédino, pois se necessita, também, de um circuito sintonizado na freqiiéncia da emissora a re- ceber e de um meio de misturar os dois sinais — da emissora e do oscilador local —, a fim de constituir o sinal de freqiiéncia inter- mediaria. Sabe o aluno que ésse trabalho é efetuado, na técnica a valvulas, através das chamadas vAlvulas misturadoras-conversoras, cujos exem- * plares mais significativos no uso corrente sao: 6A7, 6A8, 6SA7, 6BE6, etc. Sabe ainda o aluno que, embora existam as valvulas especiais citadas, é possivel também a heterodinagem e super-heterodinagem, usando triodos e tomando cuidados especiais, mormente no que se refere a neutralizacao. Em im sendo, e remontando ainda a tao exaustivamente ci- tada semelhanca entre os triodos e os transistores, conclui-se que se 7 podem usar transistores na recepcao heterddina ou super-heterddina. 4 Usam-se entao transistores como osciladores e misturadores ou conversores. A figura 1 mostra, com excecao das tensdes de polarizagéo, um circuito basico de misturador a transistor. Chamamos de E, a tensao do sinal, de E, a tensao do oscilador local, e de R as resisténcias inter- 3 nas das duas fontes. Como se percebe, os sinais E, e E, sdo mistu- 1 rados e o sinal resultante é aplicado ao transistor, 0 que o amplifica. Na figura 2, temos um misturador tipico, usado em freqiiéncias altas (até 50 Mc/s). Como se observa, 0 sinal E, é aplicado & base, através do condensador de bloqueio de corrente continua C,, e o sinal do oscilador local é injetado no emissor. R, e R» garantem a pola- CURSO DE RADIO — 40.* LICAO 'TEORICA — 2 rizaciio da base e C, Ry, a estabilizacao. Em L; Cs, que é um circuito sintonizado, ter-se-A o sinal de freqiiéncia intermediaria. Na figura 3, reproduzimos um circuito misturador, usando dois transistores: T,;, com fungao misturadora, e T., como oscilador. O sinal E, é introduzido diretamente na base de T, e o sinal do oscilador local, que aparece em Ls, é injetado na base, através do capacitor C. Em L, C,, teremos o sinal de freqtiéncia intermediaria. O sinal gerado pelo oscilador local pode ser injetado na base ou no emissor. Na figura 4, temos um circuito tipico de conversor com injecao na base. Como se nota, o circuito oscilador é do tipo Hartley, sintonizado no coletor. A alimentacgao do coletor é feita através da malha de realimen- tacao constituida por parte de L, e de Ly. O sinal é aplicado diretamente a base, através de L;, que se acha em série com o secundario da bobina osciladora. A polarizacio da base é obtida através da réde R,-Rz, onde ha também o condensador C., que evita a atenuagéo do sinal. Como exemplo de conversor com injecio no emissor, apresenta- mos, na figura 5, um esquema tipico. Nesse circuito, nota-se que o sinal E, do oscilador local é injetado ne emissor. O primario da bobina osciladora L, é ligado em série com o coletor. O funcionamento désse conversor é andlogo ao do mostrado na fig 4. 7 Diga-se de passagem que ésse conversor tem sido o preferido pelos projetistas, em virtude da constancia do ganho de conversao em uma grande faixa das tensdes injetadas. Contudo, quando a ten- sao injetada é muito alta, o circuito tem tendéncia para o auto-amor- tecimento. CONTROLE AUTOMA‘ICO DE VOLUME Ja estudamos, em linhas gerais, os transistores como amplifica- dores, osciladores, misturadores, etc., 0 que possibilita seu uso no pro- jeto de receptores, quer de amplificacaéo direta ou de conversao de freqiiéncia. Para encerrarmcs ésse apanhado, trataremos agora do controle automatico de sensibilidade, impropriamente chamado de CAV (contréle autematico de volume). Como ensinemos nas licdes de nosso Curso de Radio, um sinal muito intenso, ap!icado na entrada, 6 amplificado e aplicado a val- vula amplificadora de FI, a fim de que sofra uma nova amplificacao. Acontece, ent&o, que seu valor pode tornar-se tio elevado, a ponto de provocar o corte da valvula. Sabemos que a amplificacdo diminui, se aumentamos a tensao de negativac&éo da grade. Todavia, se a polarizacio negativa for ele- vada, os sinais fracos nao serio amplificados. . CURSO DE RADIO — 40 LICAO TEORICA — 3 Para resolver ésse impasse, aplica-se & grade também a tensao do contréle automatico de volume, que, sendo de valor negativo e proporcional & intensidade do sinal de entrada, mantém automati- camente a sensibilidade da amplificagaéo, aumentando-a, para peque- nos sinais, e diminuindo-a, para os sinais elevados. Recorda-se o aluno de que essa tensio de CAV é extraida do 2.° detetor, podendo-se ter o CAV simples ou o retardado, sendo que, em ambos os casos, a tenséo do CAV é€ aplicada na grade. Ja com os transistores, onde também se verifica o efeito acima, sao possiveis dois tipos basicos de contréle automatico de volume: de corrente do emissor e de tensao do coletor. No primeiro caso, ou seja, no tipo por contréle da corrente do emissor, ha reducao da corrente, quando o nivel do sinal de. entrada aumenta; e, no segundo método, ha reducao da tensaéo do coletor, proporcionalmente ao aumento do nivel médio do sinal de entrada. O primeiro método tem sido preferido, na pratica. Na figura 6, apresentamos um circuito tipico. Observa-se, nesse circuito, que @ tensao de saida do amplificador é retificada através do diodo D. fi- cando apenas os semiciclos positivos. Essa tensfo positiva é aplicada a base do 1.° transistor, reduzindo a corrente de polarizacao, que é negativa. Assim, com o aumento do sinal da entrada, ha um aumento da tensao retificada em D, diminuic&o da corrente de base e reducao no ganho do amplificador. Quando se trata de contréle automatico de volume pelo contréle da tens&o do coletor, sera necessario colocar uma resisténcia de valor relativamente alto, em série com o primario do transformador de freqiiéncia intermediaria. Assim, as mudangas de corrente na resis- téncia do coletor, devido & amplificacéio do sinal, produzem variacoes de tensio, Ao aumentar a tensaéo do CAV, a queda de tensao na resis- téncia do coletor é mais elevada e, como conseqiiéncia, ha reducao na tensao do coletor, 0 que provoca a diminuicéo do ganho. Na figura 7, damos um circuito caracteristico désse tipo de CAV. Note que se usou um transistor como detetor, em lugar de um diodo. CURSO DE RADIO — 40.2 LICAO TEORICA — 4 CURSO DE RADIO — 40.2 LICAO TEORICA — 5 CURSO DE RADIO — 40.4 LICAO TEORICA — 6 iy _ INSTITUTO === = UNIVERSAL = CURSO DE RADIO 40.2 LICAO PRATICA CONSTRUCAO DE.UM SUPER-HETERODINO A TRANSISTOR © Enfeixando os ensinamentos tedricos e praticos de nossas ligdes sobre transistors, descreveremos, nesta, a construcao pratica de um receptor super-heterddino, utilizando cinco transistores Escolhemos, para nossa descricao, um circuito projetado para as bo- binas da “Solhar Eletrénica S. A.”. Trata-se de um receptor para a faixa de ondas médias — 535 kc/s a 1 700 ke/s —, com freqiiéncia intermediaria de 455 ke/s, empregando transisteres do tipo PNP. ‘Os componentes sio todos de facil aquisicao, nas casas especializadas do ramo, e quase todos de fabricacao nacional Devemos dizer que os componentes sio apresentados no mercado também em forma de “kit” completo, o que facilita em muito a realizacio do receptor, pois a localizagdo dos elementos foi préviamente estudada, visando a evitar acoplamentos e tornar o receptor 0 mais compacto possivel ‘Como éste, existem varios outros “kits” em nosso mercado, de uma ou mais faixas de recepcao, e cuja montagem é bastante facil. Escolhemos 0 citado, por se tratar do mais simples e cujos resultados so excelentes. , O diagrama esquematico do receptor é apresentado na figura n° 1. Qs valéres dos componentes sao: CK 768 = CK722 . cK722 j CK722 2N188A, 25 ko, 1/4 watt ee re ee ee ae CURSO DE RADIO — 40.8 LIGAO PRATICA — 2 ka, 1/4 watt ko, 1/4 watt 2, 1/4 watt ko, 1/4 watt 2, 1/4 watt ka, 1/4 watt ka, 1/4 watt ka. 1/4 watt koa, 1/4 watt 2, 1/4 watt ka, 1/4 watt ka, potenciémetro com chave ka, 1/4 watt a, 1/4 watt ko, 1/4 watt ka, 1/4 watt ka, 1/4 watt 9, 1/4 watt xF (miniatura) .01 »F (miniatura) 400 pF (cerdmica) -01 pF (miniatura) 10 »F x 10 V (eletrolitico) .05 uF (miniatura) .05 ,F (miniatura) .05 uF (miniatura) .05 uF (miniatura) .05 uF (miniatura) 5 uF x 10 V (eletrolitico) 50 uF x 10 V (eletrolitico) 5 uF x 10 V (eletrolitico) 100 wF x 10 V (eletrolitico) = .01 uF (miniatura) 100 pF x 10 V (eletrolitico) Cy = condensador variavel duplo TRFI = 1°, 2°, 3.° = transformadores de FI TRS = transformador de saida D = dfodo de germanio 1N64 AF = alto-falante de 3” Como se pode notar no diagrama apresentado, o transistor CK768 (ou equivalentes, tais como 0 2N485¢0 OC44, etc.) tem funcdo de oscilador e misturador. © sinal da emissora é sintonizado através da bobina de antena Be aplicado a base de T,, através do condensador C,. A bobina de antena é enrolada sébre um bastdo de ferrita. O sinal do oscilador, local inje- tado no emissor através do condensador Cs. O aluno percebe que o enro- Jamento de regeneragdo da bobina osciladora esta em série com 0 1.° CURSO DE RADIO — 40.4 LICAO PRATICA — 4 melhante, de 2 ou 3 mm de espessura. As dimensées da chapa dependem da vontade do montador e também, é evidente, das dimensdes dos compo- nentes que ela suportaré. Em nosso caso, adquirimos no mercado um conjunto completo de fabricagao da “Solhar Eletrénica S. A.”, que com- preende caixa, chassi (chapa de plastico), bobina de antena com ferrita, bobina osciladora, trés transformadores de FI e transformador de saida. O alto-falante adequado é de 3 polegadas. A chapa-chassi é montada verticalmente na caixa e fixada por para- fusos laterais. Em um lado do chassi serao presos os componentes maiores, tais como as bobinas, transformadores de FI, transformador de saida, alto-falante, condensador variavel, transistores e alguns condensadores maiores. No outro lado do chassi, estarao dispostos os componentes menores, tais como as resisténcias, os condensadores menores, 0 diodo de germanio e o poten- ciémetro com chave. Na figura n.° 2, mostramos a disposigéo adotada. Note, entretanto, que a firma produtora do conjunto distribui o diagrama chapeado, acom- panhado de fotografias e instrugdes detalhadas da montagem. Na figura n.° 3, mostramos o aspecto da apresentacao final. Trata-se de uma caixa de apresentacdo esmerada, fino acabamento, e, dadas as caracteristicas de grande sensibilidade e seletividade do receptor, trata-se de um aparelho de grande interésse comercial. Calibragio As bobinas sao pré-calibradas na fabrica e, portanto, nao necessitam senio de ligeiro reajuste. iste é feito para as freqiiéncias intermediarias, a partir da 3.*, passando-se a 2.8, e, finalmente, a 1.2. O rastreio (arrasto) e a sensibilidade sao ajustados através dos “trimmers” Tr. e Tri, respecti- vamente, “trimmers” éstes que fazem parte do condensador variavel. Entretanto, se se deseja a calibracao completa do receptor, indepen- dentemente do prévio ajuste efetuado na fabrica, deve-se proceder da se- guinte maneira: a) Calibragio das freqiiéncias intermediérias Desliga-se a bobina de antena e aplica-se o gerador de sinais, sinto- nizado em 455 ke/s, a base do transistor Ts. Com o gerador com maxima atenuacio, ajusta-se o nucleo do TRFI-3.°, para a maxima saida Em seguida, aplica-se o gerador 4 base de Tz, tomando o cuidado de aumentar ainda mais a atenuacio do gerador, e ajusta-se 0 nticleo do TRFT-2.° para maxima saida. Isto pésto, passa-se o gerador para a base de T;, torna-se a aumentar a atenuacdo e ajusta-se o niicleo do TRFI-L® para o maximo sinal. Retoca-se, conservando 0 gerador aplicado A base de T;, a calibragdo do TRFI-3.°, TRFL-2,°, e TRFI-1.°, pela ordem. b) Calibracéo da radiofreqiiéncia 1 — Oscilador Liga-se 0 secundario da bobina de antena a base de T;. Aplica-se um CURSO DE RADIO — 40.8 LICAG PRATICA — 3 wansformador de FI. ‘ Como explicamos em licéo anterior) a0 tatarmos dos amplificadores de freqiiéncia intermediéria, os transformadores de FI para transistores, normalmente, tém apenas 0 primario sintonizado. O secundario apresenta menor numero de espiras que 0 primario, com a finalidade de casar @ im- pedincia de saida (que ¢ alta) do transistor misturador com a impedancia de entrada (que é baixa) do transistor amplificador de FI. O ajuste é feito através do ferro movel Os transistores amplificadores de FI sao, respectivamente, 0 T; ¢ 0 Ts. Foram usados dois CK722. Todavia, podem-se adotar seus equivalentes, tais como 0 2N482, o 2N139, o OC45, etc Esses transistors T, e T; so polarizados através das resisténcias esta- bilizadoras de 330 0 (Re e Ru) O sinal de FI, amplificado por Ty, é retificado (detetado) através do diodo D, que, no caso, é um diodo de germanio 1N64, ou equivalente. A resistencia de carga Ry, atua como contrdle manual de volume Do diodo de germanio D retira-se também a tensao do contréle auto- matico de volume (CAV), que é aplicada A base de Ty, através de Rio (resisténcia de 68 kQ) e de C; (10 »F x 10 V), que formam um filtro RC. © aluno percebe que a tensio de CAV é aplicada sémente em T:, e ndo também em T. Isso, entretanto, néo tem importancia, porque o sinal de CAV é rela- tivamente alto, e abaixa o ganho de T, a um. valor suficiente para nao saturar T;. ‘ O sinal detetado pelo diodo aplicado ao transistor pré-amplificador Ty, através do condensador Cy; O transistor T, é um CK722 ou equiva- lente, podendo ser empregado o 2N363, ou o OCTI, ete. A polarizacao de base de T, é conseguida através do divisor de tensao formado por Ris-Ris. O condensador C,; tem por fim evitar realimentacao_ negativa. Apés a pré-amplificacdo, o sinal ¢ aplicado ao transistor T;, que 6 um amplificador de poténcia. O acoplamento entre T, e T; é feito através de Cia Como ja frisamos em nossas licées anteriores, Cy», bem como Ci, sdo eletroliticos, em virtude da baixa impedancia de entrada dos tran- sistores. Usamos o transistor 2N188A como amplificador de poténcia. Todavia, poderiamos usar um seu equivalente, tal como o 2N408, 0. 2N109, 0 0C72, ete. & Como se verificou para T,, em T; aplicamos o divisor de tensdo Ri-Ris, para polarizacdo da base, e Cy,, para evitar regeneracao. Finalmente, o sinal amplificado é aplicado ao alto-falante, através do transformador adaptador de impedancia (transformador de saida). Fica, assim, explicado 0 circuito e seu funcionamento, Passaremos agora a detalhes de construcao. Construgao Como frisamos anteriormente, as montagens a transistores empregam sempre componentes de reduzido tamanho — miniaturas e subminiaturas —, exigindo por isso que 0 ferro de soldar e o restante das ferramentas sejam de tamanho adequado. chassi utilizada pode ser uma chapa de baquelita ou material se- CURSO DE RADIO — 40. LICAO PRATICA — 6 ony yolk 5 sy vy] oy CURSO DE RADIO — 40.* LIGAO PRATICA — 7 FERRITA Sfeofen|S 1 —° = VARIAVEL POTENCIOMETRO conDensavor} — [convensavon : CURSO DE RADIO — 40.8 LICAO PRATICA — 5 sinal de 600 ke/s, ajusta-se o “dial” para essa freqiiéncia e movimenta-se © niicleo da bobina osciladora, até conseguir o maximo de saida, Em seguida, ajusta-se o “dial” para 1 400 ke/s, aplica-se essa freqiiéncia a base e movimenta-se o “trimmer” da bobina osciladora (Trs) para maxima saida. Repetem-se essas operacées trés ou quatro vézes. 2 — Antena Para calibrar a bobina de antena, usa-se o seguinte expediente: Liga-se 0 primario da bobina de antena e acopla-se o gerador induti« vamente ao receptor. Para isso, sera suficiente enrolar trés ou quatro es- Ppiras de fio no nucleo de ferrita e ligar a elas o gerador de sinais, Em seguida, sintoniza-se o receptor e o gerador na freqiiéncia de 600 ke/s, ajustando-se o “trimmer” Tr; para o maximo de saida. Isto posto, passa-se o gerador e o “dial” para 1 400 ke/s e ajusta-se novamente o “trimmer” Tr, para o maximo de sinal. Repetem-se essas operagoes 0 ntimero de vézes suficiente para que o nivel de sinal seja mais ou menos constante em téda a faixa. Com isso, a calibracgao estaré terminada, TNSTITUTO UNIVERSAL BRAILERD CAIXA POSTAL 5058 sho PAUL ‘cAPITAL INSTITUTO === = UNIVERSAL = == BRASILEIRO | DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS | ARITMETICA 20.2 LICAO POTENCIAS E RAIZES — EXPRESSOES IRRACIONAIS (Continuagio) CALCULO DE RADICAIS a) Grandezas comensuraveis e incomensurveis Suponhamos que temos duas grandezas — por exemplo, os compri- mentos representados pelos segmentos AB e CD (fig. 1) Se desejarmos comparar ésses dois segmentos, ou seja, se desejarmos medir tais segmentos, considerando AB como unidade, verificaremos que 0 segmento CD contém exatamente quatro vézes o segmento AB. Portanto, a medida do segmento CD é igual ao mimero inteiro 4. Suponhamos agora que temos o mesmo segmento AB, mas a ser com- parado com outro segmento — o segmento EF (fig. 2). Verificamos que, ao medirmos o segmento EF, utilizando como unidade o segmento AB, éste nao cabe no segmento EF um numero exato de vézes. Porém, se dividirmos o segmento AB em duas partes iguais, notaremos que uma dessas partes iguais (a metade, portanto, de AB) cabe um numero exato de vézes no segmento EF. Mais exatamente, cabe 9 vézes no seg- mento EF. Verificamos, pois, que o comprimento do segmento EF é igual a nove meios-segmentos AB. A medida de EF é, pois, o ntimero fracionario 9/2, que é igual a 4 1/2. Suponhamos ainda 6 mesmo segmento AB, o qual deveremos agora comparar com o segmento GH (fig. 3). Efetuando essa comparacéo, notamos que AB nao cabe um ntimero exato de vézes em GH. E, ainda, que, se dividirmos AB em duas, ou trés, ou quatro, ete., partes iguais, nem assim conseguiremos obter, em GH, uma divisao exata em partes, que nos permita contar quantas vézes ARITMETICA — 20.8 LICAO — 2 AB, ou uma fragao déste, cabe em GH. Verificamos, pois, que nao nos é possivel efetuar uma comparacdo entre AB e GH, desde que ambos ésse: segmentos nao admitem uma medida comum. Pois bem, os dois primeiros exemplos dados se referem a grandezas comensuraveis; o terceiro, a grandezas incomensuraveis. ‘Assim, grandezas comensurdveis sao aquelas que admitem uma medida comum, seja ela inteira ou fraciondria. Grandezas incomensuraveis sio aquelas que nado admitem uma medida comum. Outros exemplos de grandezas incomensuraveis nos s4o dados, quando se comparam o lado e a diagonal de um quadrado (fig. 4) e quando se comparam o diametro e o perimetro de uma circunferéncia (fig. 5). De fato, se temos um quadrado, por mais que escolhamos uma medida, esta ndo pode conter-se exatamente (ou de modo fracionario), ao mesmo tempo, no lado e na diagonal de um quadrado. E, também, se escolhemos uma medida para a medicao do diametro de uma circunferéncia, esta mesma medida nao podera ser aplicada ao perimetro dessa circunferéncia, pois ndo cabera néle, nem de modo exato, nem de modo fracionario. Ambos, pois, nao admitem uma medida comum. b) Numeros racionais e nimeros irracionais Denominam-se niimeros racionais aquéles que representam medidas de grandezas comensuraveis com a unidade Sao, portanto, racionais todos os nameros inteiros e fracionarios. Denominam-se irracionais os nuimeros que representam grandezas incomensuraveis, cuja medida nao pode ser expressa por um nimero inteiro ou fracionario, desde que ndo podem ser medidas com a unidade. Sio exemplos de numeros racionai 4 12 5 ss 0 0,25 , 0,333... — 9 15 Como exemplo de numero irracional, lembremo-nos de que dissemos, no item anterior, que, ao compararmos a diagonal e o lado de um quadra- do, podemos obter uma medida que caiba exatamente na diagonal, mas que, de modo algum, cabera exatamente no lado désse quadrado. Nao ha, pois, uma medida que, ao mesmo tempo, caiba exatamente tanto no lado como na diagonal de um quadrado. por isto que essas duas grandezas séo incomensuraveis — por ndo admitirem uma medida comum. A relagao entre essas duas grandezas — diagonal e lado de um quadra- do — é expressa pelo ntimero, ja nosso conhecido, \/2 Sabemos que o nitmero 2 nao é um quadrado perfeito. E sabemos, também, que nao é possivel encontrar a raiz quadrada exata do numero 2. Por mais que continuemos a operacdo, néo chegaremos a encontrar um algarismo final, na raiz, que resulte exato. O ntimero \/2 6, portanto, um numero irracional; como tal, seu valor deve ser representado com reti- ARITMETICA — 20.4 LIGAO — 3 céncias, apés os primeiros nimeros da aproximagao encontrada. Assim: ve 1,4142... Outro exemplo que também demos, e que representa um nimero irracional, é o da relacao resultante entre o diametro e o perimetro (com- primento) de uma circunferéncia. O nimero que exprime a relacao entre essas duas grandezas inco- mensuraveis é denominado de “pi”, nome de uma letra grega, e seu valor é: na = 3,14159... Trata-se de um numero irracional, pois, em hipétese alguma, se con- segue um numero exato, ao efetuar a relagao entre o diametro e o peri- metro de uma circunferéncia. A divisdo se prolonga indefinidamente, sempre se aproximando do ntimero verdadeiro, mas nunca chegando a éle. Outros exemplos de ntimeros irracionais sao: W3 = 1,4422... W/12 = 2,2894... W5 = 1,3195... V3 = 1,7321... VT = 2,6458... V2l = 4,5826... I c) Radiciacao Ja anteriormente estudamos as poténcias e dissemos que a operacdo destinada a achar o valor de uma poténcia é denominada potenciacao. Assim, a potenciacao teri por fim achar o ntimero que resulta da elevacao, ao expoente indicado, do mamero que constitui a base dessa poténcia. Assim: 53 = 125 A operacao inversa A da potenciagio denomina-se radiciacao. B opera- cdo inversa porque, por meio dela, tendo-se um niimero, obtem-se o outro numero (base); que, elevado ao expoente determinado, produziu aquéle numero. Assim, temos, por exemplo: W125 = 5 onde se verifica que, a partir do numero 125, se obteve aquéle namero (5) que, elevado ao cubo (expoente 3), produziu ésse mesmo ntimero (125). Quando as raizes encontradas séo exatas (isto é, 0 séo de numeros que constituem poténeias — quadrados, cubos, raizes quartas, quintas, etc. — perfeitas), sao elas mimeros racionais. Quando, porém, as raizes encontradas 0 sio de ntimeros que néo cons- tituem poténcias perfeitas, do grau que o seu indice indica, estamos entéo diante de nameros irracionais. Exemplifiquemos: eo a i i mR i a : i ARITMETICA — 20.4 LICAO — 4 Wi6 = 2 vo =3 Baloo — 5 W729 = 3 Os nuimeros 16, 9, 3 125 € 729 so racionais, porque constituem potén- cias perfeitas, respectivamente, com relacdo aos nimeros 4, 2, 5 e 6, que so os indices dessas raizes. Vil = 4,5826... 5 = 1,3195... W/12 = 2,2894... Os niimeros 21, 5 e 12, com relag&o aos indices 2, 5 e 3, respectiva- mente, sao irracionais, porque nao constituem poténcias perfeitas, isto é, , porque nfo existe nenhum nitmero que, elevado a ésses indices, dé qual- quer daqueles referidos nimeros (21, 5 e 12). Na pratica, para se operar com niimeros irracionais, utilizam-se os seus valores aproximados, indicando-se, porém, o érro cometido. Sabemos que a extracao da raiz se indica por um sinal, denominado sinal radical e representado por: / Quando temos um numero (que constitui o radicando) e nao haja outro néimero que, elevado ao indice do radical, dé o radicando, a raiz ¢, como sabemos, irracional e, nesse caso, é representada pelo radical. Por exemplo, a raiz quadrada de 2 (numero irracional) é representada assim: 2. d) Propriedades dos radicais Antes de passarmos propriamente ao estudo das propriedades dos radicais, vejamos 0 que se entende por valor aritmético de um radical. Denomina-se valer aritmético de um radical ao seu valor positivo, ou seja, a raiz positiva de radicando positivo. Assim, por exemplo, 0 valor aritmético do radical \/36 é 6; o valor aritmético de W/8 é 2; o valor aritmé- tico de 732 = 2. 1 propriedade: © valor aritmético de um radical nao se altera, se — se multiplica ou se divide, pelo mesmo mimero, 0 indice do radical e 0 expoente do radicando. Suponhamos o radical abaixo: va_ Elevemos ésse radical ao quadrado: (v3)? = 3 Vamos elevar, agora, os membros dessa igualdade ao cubo. Temos: (V3)2x8 = 3 expresso que é igual a seguinte: ARITMETICA — 20.4 LICAO — 5 (Vit = # Vamos extrair a raiz sexta de ambos os membros dessa igualdade. Temos entao: vVi= ve igualdade essa que pode também ser escrita assim: VR = V3 Notemos que multiplicamos o indice (que é 2) da raiz e o expoente do radicando (que é 1) pelo mesmo ntimero (3), o que nao alterou o valor do radical \/3. Obtivemos, para indice, o niimero 6 (ou seja, 2 x 3); e, para expoente do radicando, o numero 3 (isto 6, 1 X 3), 0 que nao alterou 0 valor do radical primitivo, ou seja: WF = V3" 2.2 propriedade: O radical de um produto é igual ao produto dos radicais de mesmo indice dos fatores désse produto. Suponhamos o radical seguinte: antag elevar ésse radical 4 3.* poténcia, ou seja, ao cubo. Obtemos: WEXBX T= 4X3x7 @ Mas, do estudo das poténcias, sabemos que: (WWEXSXD = WAX WB x Y7)5 E, dai: WAX WEX WI3=4X3X7 qq Comparando, agora, as igualdades (I) e (II), temos: (WEX3X TD? = WWEX WE x VI? E, finalmente, extraindo a raiz cibica de ambos os membros dessa igualdade, obtemos: WAXTXT= EX V3 x WT Esta ultima igualdade vem demonstrar que, de fato, o radical de um produto (no caso, o produto 4 x 3 x 7) é igual ao produto dos radicais de mesmo indice (indice 3, no caso) dos fatéres désse produto. ARITMETICA — 20.8 LICAO — 6 e) Aplicacées das propriedades dos radicais As propriedades dos radicals tem varias aplicacdes, no calculo de radicais. Estudaremos tais aplicagées a seguir. 14) Redugio de radicais a0 mesmo indice: Suponhamos os radicais seguintes: WE e wee Notamos que os indices désses radicais séo, respectivamente, 3 ¢ 5. Achemos 0 minimo multiplo comum (m.m.c.) a ésses dois indices: 3, a 1, 3 : te2 m.mc. (3,5) =3 X5 = 15 | x O m.m.c. dos indices é, pois, 15. Vamos agora dividir ésse m.m.c. (15) pelo indice do primeiro radical (que 6 3) e obtemos: 15 + 3 E multipliquemos ésse quociente encon- trado (5) pelo indice (3) do primeiro radical e pelo expoente (1) do radi- cando respectivo. Obtemos, assim: Br) Sue I V6 = VOXF = VB Dividindo, em seguida, da mesma forma, 0 m.m.c. (15) pelo indice do segundo radical (que ¢ 5), obtemos: 15 ~ 5 — 3. Multiplicando ésse quociente encontrado (3) pelo indice (5) do segundo radical, e pelo expo- ente (2) do radicando respectivo, temos: 5xa. Ty 5 VR = \/5xS = 58 Obtivemos, pois, dois radicais equivalentes aos primitivos, porém, com a diferenga e vantagem de terem o mesmo indice, ou seja: 15 15 ve e Vee Portanto, para reduzir dois ou mais radicais ao mesmo indice, basta proceder da seguinte maneira: Acha-se 0 m.m.c. dos indices. Multipli- cam-se o indice e 0 expoente de cada radical pelo quociente da divisao do m.m.c. encontrado pelo indice correspondente. Note 0 aluno que éste calculo de radicais e sua reducgao ao mesmo indice ¢ inteiramente andlogo ao calculo de reducao de fragoes ordindrias ao mesmo denominador, o quai ja estudamos antes. Outro exemplo: Reduzir a0 mesmo indice os radicais abaixo: ae vat on ARITMETICA — 20.8 LIVGAO — 7 Temos: m.m.c. 3,24) =2xX3=4X3=12 122 3 12+2=6 2+4=3 axa x6 oa VERE Vee Varese 12 pais a a ve vi vii 2.8) Simplificagao de radicais: ‘As vézes, aparecem radicais cujos indices e radicandos séo ntimeros muito grandes, com os quais é dificil efetuar calculos. Para tornar mais facil ésses calculos, 6 possivel efetuar a simplificacao désses radicais, me- diante a qual se obtém radicais equivalentes aos dados, mas possuindo indices e radicandos menores, Vejamos como se da essa simplificacao. Surgem trés casos em que o radical dado pode ser simplificado. Estu- daremos cada um déles a seguir. 1° caso: Quando 0 indice e 0 expoente do radicando possuem um divisor comum, basta aplicar a 1. propriedade dos radicais, mas em relacao a divisio, ou seja, basta dividir tanto o expoente quanto o indice por ésse divisor comum. Assim: 452 ‘ VP = VFR = V5 9 943 Vit = VB = VF Ba. Braden Bedi ond V6 = V2 = V2r* 2° caso: Quando o radicando é constituido por dois ou mais fatéres e um désses fatéres tem expoente divisivel pelo indice, pode-se tirar ésse fator do radical, dividindo-se o expoente pelo indice. Assim: WX 4 = WB X W4 (de acérdo com a 2.9 propriedade dos radicais) 2 — 2% (isto 6, 6 + 3 = 2, divisdo do expoente pelo indice) Dai, obtemos: YEXFT=HLX WE= BF WS Outros exemplos: = VIX 8 = V2x VE = VE x V2=6 X V2 (ou: 6/2) V ARITMETICA — 20.8 LICAO — 8 W375 =v 3 x WS = 5 X W8 (ou: 53) 3.° caso: Quando o radicando possui um expoente que, embora nao divisivel pelo indice, é maior que éste, pode-se decompor éste radicando em fatéres de mesma base, de tal modo que um de tais fatéres contenha expoente divisivel pelo indice Assim, por exemplo, temos: ie Siig Vi = VP XS = VIX VF = BX VS (Olt: #3) WE = V5 XK = WS XK WHR = FX wer (ou: 5? 5) VR = VEX = YEXT = VXFXF=, = W3X VFX YR=2XW3XF=2 x Wi12 (ou: 2 W/i2) f) Operacées com radicais Adic&o e subtragio de radicais: A adigao e a subtragao de radicais sé podem ser efetuadas quando éles sio semelhantes, ou seja, quando tém o mesmo indice e o mesmo radicando. Exemplos: 5 V243V24+7V2= (4347 V2= 15 V2 2VS+4V54+VS=2+4+44+) VS=TVE- 8/3 — 5V/3 : 15 V7 —6 V7 = (15 — 6) V7 =9 V7 (8—5) V3=3 V3 NOTA: Observe que, nos radicais acima, ha um niimero racional & frente (4 esquerda) de cada um déles. A ésse ntimero denominamos coeficiente do radical e deve éle ser multiplicado pelo radical, como se existisse um sinal de multiplicar entre éle e 0 radical. ‘Assim: 5 V2=5 X V%8 V3 = 8 X V3; ete. Quando nao ha nenhum ntimero A frente do radical, entende-se que 0 coeficiente é 0 niimero 1 (um), como acontece com a terceira parcela da soma que constitui o segundo exemplo dado: \/5 (portanto, somamos o mamero 1, ao efetuar a soma dos coeficientes). Do que foi exposto, conclui-se que, para adicionar radicais semelhan- tes, basta somar os respectivos coeficientes e conservar o radicando. E, para subtrair radicais semelhantes, basta subtrair os coeficientes e con- servar 0 radicando. & interessante notar que, quando se tém radicais néo semelhantes, é necessario, antes, simplificd-los, pois, muitas vézes, essa simplificacao resulta em radicais semelhantes, que permitem a soma ou subtracao déles. — "aE TET eal ARITMETICA — 20." LICAO — Multiplicagio e divisio de vadicais: : Quando os radicais possuem o mesmo indice, para multiplicd-los, basta " multiplicar os radicandos e atribuir ao produto o mesmo indice; e, para dividi-los, basta dividir os radicandos e atribuir ao quociente encontrado © mesmo indice. Exemplos: YT X V3 X HS =WTX3 WIX W2X WTX WEX WI=WEXZXTXIX9= VIS Wi + W3= Vb+3= 75 \ Quando os radicais nao possuem o mesmo indice, antes de efetuar a sua multiplicacéo ou divisdo, é necessdrio proceder a reducao déles. Assim, para multiplicar radicais de indices diferentes, multiplicam-se os seus coeficientes e reduzem-se ao mesmo indice os radicais, efetuando-se, depois, a multiplicagao dos novos radicandos assim obtidos e dando-se ao produto 0 indice comum. Temos, entao: BVEX2WTH3WH XK AWR=6WHEX P= = 6 WI XH = 6 WEIS | 2WFR x W2X 4 V8 20RX2 x W2x 408 = 2V8 xX VX 4 WR= XIX 4) WH XIX = 8 Wel X 2X 512 = 8 82 944 Para dividir radicais de indices diferentes, dividem-se os coeficientes e reduzem-se ao mesmo indice os radicais, efetuando-se, depois, a divisio dos novos radicandos. Ao quociente, dé-se o indice comum. Exemplos: 6VF+ 2W2= 6 WR + 2 W2= (6 + 2) WE =3 Wi6+2=3~8 BW2 + 2We= 8 YW = 2 W4= (8 + 2) YT 4= H4VBrF=4 V2 Potenciacio de radicais: Tendo-se um radical, para eleva-lo a uma poténcia, basta que se eleve 0 radicando a essa poténcia. Assim, por exemplo, seja elevar ao quadrado 0 radical abaixo: : wT ARITMETICA — 20.* LICAO — 10 Ora, sabemos que: wa Conclui-se, pois, que é verdadeira nossa afirmacao de que, para elevar um radical a uma poténcia, basta elevar seu radicando a essa poténcia. Outros exemplos: (3)? = V8 (59) ‘e (V12)5 = Vie (v5)? Radiciagao de radicais: Quando se necessita calcular a raiz de um radical, basta tao sémente multiplicar os indices e conservar 0 mesmo radicando. Exemplifiquemos, extraindo a raiz clibica do seguinte radical: 5 Sg yea ani V waviqavi Outros exemplos: Vana . 3 ae Vv eye Vs Expoentes fracionarios: Vimos, ao estudarmos a simplificacio de radicais (2° caso), que, quarido 0 radicando contém um fator de expoente divisivel pelo indice do radical, pode-se efetuar essa operacdo, ficando ésse fator fora do radical. De fato, podemos ter: 58 = 58 (Observe o aluno que a operacdo feita com o expoente, que se divide pelo indice, pode também ser indicada sob a forma de fracdo, a qual, como sabemos, indica um quociente.) 3 ARITMETICA — 20.8 LICAO — 11 Ora, generalizando essa nogdo, é usual utilizar também essa notacao, com expoente fracionario, para os casos em que a divisdo do expoente do radicando pelo indice nao seja exata. Exemplifiquemos: 2 3 en guste se BF y+2 = 32 ye = 8 5 va 3 7 2 Vat = 42 Wir = 115 Déste modo, quando deparamos com um niimero que possua expoente fracionario, podemos ficar cientes de que tal expoente indica uma raiz, da qual o indice ¢ o denominador da fracdo, sendo seu radicando igual & base elevada a poténcia de grau igual ao numerador da fragao. Assim, por exemplo: 2 1 54 We B= We ‘ 2 73 = Wi 35 = WF g) Fracées irracionais — Racionalizacio de denominadores Muitas vézes, podemos deparar com uma fracdo, na qual o denomi- nador 6 um numero irracional. Nesse caso, para facilitar 0 cAlculo, é interessante efetuar uma operacio com o denominador dessa fracao, de molde a transforma-lo em um numero racional. Essa operacio denomi- na-se racionalizacio do denominador. Efetua-se a racionalizacdo através da multiplicacao, de ambos os térmos da fracao, por uma expressao que torne possivel essa operacao, e que é escolhida previamente. Tal expressao toma 0 nome de fator racio- nalizante. K Na racionalizacdo de denominadores, temos trés casos a considerar, ‘os quais estudaremos cada um de per si. 12 caso: Quando o denominador é um radical de 2.° grau (ou seja, quando 0 indice da raiz é 2), é preciso multiplicar ambos os térmos da fragdo pelo denominador da mesma. Exemplifiquemos: 3 3x VE 3 Vr ae ee 7 TX V5" TVs 1V5 3/5 3V5XV5B 3x5 15 ARITMETICA — 20.4 LICAO — 12 2.° caso: 5 7 3 3.° caso: 1 Quando o denominador possui qualquer grau em seu radical, € necessario multiplicar, pela poténcia do denominador que fér capaz de tornar o expoente do radicando igual ao indice, ambos os térmos da fragao. Vamos exemplificar: Sey 5 WF 5 WA WIXYF 2 2 3 3 3 3B we WF xX WF we 3 wF= WT Quando 0 denominador ¢ um conjunto de duas expressdes separadas entre si pelo sinal (-) ou (—) (ou seja, quando o denominador é um binémio), das quais uma ou ambas constituem radicais do 2.° grau, é preciso multiplicar os dois térmos da fracdo (numerador e denominador) pela expressdo conjugada do denominador. Expresso conjugada é a mesma expressdo, contendo, porém, o sinal interme- diario contrario (se se trata de uma soma de radicais, a expressdo conjugada é a diferenga désses mesmos yadicais) Esta regra baseia-se no principio, jA estudado por nés, em ligéo anterior, de que “o produto da soma pela diferenca de duas quantidades é igual a diferenca entre seus quadra- dos”. Exemplifiquemos: VE—-VE Va-vV3_ -v8-V38 VB + V3 (V5 + V3) x (V5-V3) 5-3 2 2 2 (V7 + V2) 2 (V7 + V2) VIVE (WT-vD X (T+ V2) (1)? (V2)? 2 (V7+ V2) 2 (V7+ V2) 1-2 5 ARITMETICA — 20.2 LICAO — 13 oe ee Pg ee eee Ee On Ry “CHIKN POSTAL 5058 sho paulo capiTaL INSTITUTO ===} = UNIVERSAL = BRASILEIRO CURSO DE RADIO 12.° Suplemento Técnico INSTRUMENTOS DE OFICINA Dedicaremos éste Suplemento A construcdo de varios instrumen- tos necessarios a uma oficina de radiotécnico. Certamente, o aluno estranharaé que tenhamos deixado esta parte para o fim de nosso Curso. Explica-se isto pelo fato de que, nestas construcées, poderao surgir algumas dificuldades, que agora serao facilmente contornadas, gracas ao que aprendemos nas licoes anteriores, 0 que nao sucederia no principio de nossos estudos. a) Analisador dinamico A analise dinamica é um processo de reparac&éo que consiste na extracio do sinal do receptor. Resume-se, simplesmente, em retirar das etapas sucessivas de um receptor, o sinal ali existente, aplicando-o a um amplificador de elevado ganho. Naturalmente, o sinal retirado das etapas de RF e FI deveré sofrer a deteccao, ao passo que o sinal retirado das etapas de AF nao a exigira. O amplificador empregado no analisador dinamico (que passare- mos a abreviar por AD) pode ser comum, com poténcia de saida da ordem de 5 watts, podendo-se também empregar amplificadores de menor poténcia. Todavia, sera conveniente empregar um de boa qua- lidade, que permitirA localizar as etapas gue introduzam distor¢ao, sendo essa, alias, uma das grandes vantagens do AD. Na fig. 1 vemos 0 circuito de um analisador dinamico, de reduzido custo e de elevada eficiéncia. Emprega valvulas de uso comum. No a CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 2 seu projeto, foram tomadas precauc6es especiais, no sentido de as- segurar elevado ganho, baixo nivel de zumbido e excelente qualidade de reproducaio. Permite, assim, a verificagdo de fonocaptores, micro- fones e preamplificadores, além de desempenhar as funcdes de ana- lisador dinamico. Possui trés canais de entrada, cada um contendo contréle de vo- lume separado, o que elimina virtualmente a necessidade de restrin- gir o uso de plugues de entrada a determinado tipo. Desta forma, o AD apresentaré grande flexibilidade, quanto ao uso. Na fig. 2, vemos 0 aspecto do painel do AD. Prevendo as varias necessidades da reparacio de aparelhos, foi colocada, no painel, uma tomada, que permite alimentar com CA os receptores sob prova, li- gada em paralelo com o prim4rio do transformador de alimentacao. Caso se deseje, pode-se colocar um: interruptor, que permita desligar esta tomada, independentemente do AD. Ademais, 0 AD permite também a alimentagao de filamento e de LB para qualquer circuito, sendo capaz de fornecer 310 V a 100 mA, quando estiver em funcionamento. ‘Abrindo o intérruptor Chi, seré possivel drenar até 150 mA. A alimentacao de filamento depende substancialmente do tipo de trans- formador empregado, Adiantamos, porém, que o consumo de fila mento do AD é da ordem de 1,4 A. Com a finalidade de reduzir o zumbido, foi ligado em paralelo com o secundario de alimentacaio de filamento um potenciémetro de 50 ohms, sendo o braco mével ligado & terra. Sua posicao devera ser ajustada, apds concluida a Gonstrucao, para o minimo de zumbido. Depois déste ajuste, néio mais se modifica a posigio do brago moével. O amplificador, em si, quase nada de especial apresenta. Em sua saida, foram colocados dispositivos que permitem a ligacdo de fa- lante ou de fones. Possui, ainda, uma 6E5, empregada para obter niveis relativos de saida. A deflexao da mesma é controlada por inter- médio do potencidmetro de 1 Meg. A realimentacao processa-se através das resisténcias Ri e R». Com a finalidade de reduzir o zumbido, sera conveniente empregar, para as ligacdes de filamento, fio trangado, colocando-o 0 mais afastado pos- sivel dos circuitos de grade. O AD possui duas pontas de prova: uma destinada 4 RF e outra, a AF. Esta ultima consiste simplesmente num pedaco de fio blindado, provido de uma ponta de prova na extremidade do condutor “vivo”, e dum jacaré na malha. Na outra extremidade, sera colocado um plugue que se ajuste a qualquer dos “jacks” empregados, pois é indi- ferente empregar qualquer canal de entrada. Indicamos duas versGes para a ponta de prova de RF. Se o ins- trumento se destina a ser empregado nas proximidades de emissoras de elevada poténcia, pode-se utilizar a ponta de prova indicada na CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 3 fig. 3, que consiste num cristal retificador de germ4nio, tipo 1N54 ou similar, e noutros componentes, cujos valdres estao na figura. Se o AD for empregado em locais afastados de estagdes potentes, sera conveniente empregar a ponta-de-prova indicada na fig. 4, que emprega uma valvula 6ATG. A principal desvantagem déste tipo de ponta-de-prova é a necessidade de alimentagao de placa e de filamento, que pode ser obtida do proprio AD. Qualquer que seja o tipo de ponta-de-prova, devera ela ser total- mente incluida no interior de uma blindagem. Um eletrolitico im- prestavel ou um TFI fora de uso poderao fornecer uma blindagem adequada. A ponta-de-prova deve possuir um pequeno pedago de metal, que atua como coletor do sinal “vivo”, e um jacaré, ligado a malha de blindagem. O emprégo do AD é muito simples. Basta escolher a ponta-de- -prova adequada (se para RF ou AF) e tocar com o terminal “vivo” 0s pontos onde deve existir sinal, sintonizando préviamente 0 receptor, para uma estacao qualquer. Chamamos a atencaio do aluno para o fato de que, agora, se in- verte o sentido da pesquisa, pois se deve comegar pela antena e ternai- nar no falante. Ao encostar a ponta de RF no terminal de antena, ouvir-se-Go, nos fones, ou no falante do AD, varias estagdes mescladas, pois néo havera sintonia. Extraise o sinal sucessivamente de todos ‘os pontos da seccio de RF e, em seguida, substitui-se a ponta-de-prova. pela de AF, continuando a pesquisa no sentido da antena para 0 falante. Além das vantagens j4 enumeradas, éste AD permite ainda cali- brar receptores, sem auxilio do oscilador. Basta tocar a ponta-de- -prova na saida do amplificador de FI, sintonizar qualquer estacio relativamente proxima e ajustar os TFI, até obter maxima saida no indicador. Certamente, o aluno encontrara algumas dificuldades ao empre- gar o AD nas primeiras vézes, mas, apds alguma pratica, podera fa cilmente localizar os defeitos de qualquer tipo de receptor, quer éstes se achem na seccéo de RF, quer na de AF. Outra vantagem déste instrumento é a de permitir a verificagao da existéncia de zumbido na saida da fonte de alimentacao, pois se pode ericostar a ponta de prova no +B e ouvir o zumbido no falante ou nos fones, devido 4 existéncia dos condensadores em série com a entrada. Nas figs. 5 e 6, damos varios detalhes construtivos do AD. Caso a tensio da linha seja 220 V, CA, a tnica modificacao a efetuar € substituir o transformador de férca por outro de primario adequado @ réde. Nos locais onde nao houver corrente alternada, devese empregar um amplificador de elevado ganho, alimentado a pilhas. ——_ -- CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 4 |b) Provador de vdloulas Freqiientemente, ha necessidade de verificar o estado de uma val- vula eletronica. Quando se dispde de uma duplicata da valvula, ou entéo de um tipo similar, pode-se efetuar esta verificacéo, substituin- do-a. Mas éste método nem sempre se aplica com eficiéncia, mormente nOs casos em que 0 circuito apresenta alguma falha capaz de danifi- car a valvula substituta. Em virtude do elevado preco dos provadores de valvulas, resol- vemos descrever a construgéo de um déles. Como também os instru- mentos (miliamperémetros) s&io de elevado custo, adotamos um tipo de provador de valvulas que nao os emprega, utilizando apenas uma valvula indicadora de raios catédicos, tipo 6U5. Para compreender perfeitamente o funcionamento do provador de valvulas, torna-se necesséria a descrigio de seu principio de fun- cionamento, que passaremos a expor, em linhas gerais. Uma valvula pode apresentar varios defeitos, capazes de tornd-la inadequada para desempenhar suas fungdes. E verdade que um exame minucioso do circuito pode indicar a existéncia de valvulas em mau estado, porém despende-se muito tempo para chegar a esta conclusdo, © que justifica plenamente a construcao do provador de valvulas. Em esséncia, um provador de vilvulas é um circuito que permite comprovar se a valvula pode, ou n4o, funcionar. Para isso, tornam-se necessirias as seguintes provas: 1) continuidade do filamento 2) curtos-circuitos entre elétrodos com o filamento sem alimen- tagao (“a frio”) 3) curtos-circuitos entre elétrodos com o filamento alimentado (“a quente”) ‘ 4) emisséo catédica normal ou aceitavel * 1) continuidade do filamento Mediante a aplicagdo de uma tensdo alternada qualquer, inter- calando-se em série uma lampada-piléto, é possivel determinar se o fi- lamento se acha, ou nao, interrompido. Se a lampada acende, é porque 0 filamento nao se acha interrompide. Caso contrario, a valvula es- tara imprestavel. A Unica precaucéo a tomar, nesta prova, é a de aplicar tensdo igual ou inferior & tensAo normal do filamento. NUNCA se deve aplicar tenséo superior 4 de filamento, mormente nas val- vulas alimentadas com tensdes baixas (1,4 ou 2 V). Na fig. 7, indi- camos um circuito adequado para verificar a continuidade de fila- mento. 2) curto-circuito entre eiétrodos (“a frio”) ~ . bl oe CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 5 ~~ Goloca-se a chave seletora do circuito da fig. 7 na posicao 2, de maneira que o filamento fique sem alimentacdo. Em seguida, aplt ca-se uma tens4o alternada entre caitodo e todos os elétrodos (um a um) e também entre tédas as combinacées de pares de elétrodos. Em série com 0 circuito de alimentacao existe uma lampada neon e um condensador. A lampada néon possui uma resisténcia em pa- ralelo, com a finalidede de diminuir sua sensibilidade, evitando que se acenda, mesmo quando nao houver curtos-circuitos entre elétrodos. ¢ i 3) curtos-circuitos entre elétrodos (“a quente”) a, Alimenta-se o filamento da valvula com tensao normal de fun- cionamento, colocando a chava seletora do circuito da fig. 7 na po- sicdo correspondente & voltagem do filamento. Repetem-se as provas mencionadas no item precedente, com excecao do filamento. Neste caso, a finalidade do condensador em série com a néon é de impedir ’ a passagem da corrente retificada, o que faria com que ela acendesse, mesmo quando nao houvesse curto-circuito entre elétrodos. 4) prova de emissdo catédica Esta verificacao pode ser feita com CA ou com CC, dando-se, porém, preferéncia a CA. Aplica-se entre o catodo e todos os dersiis.. elétrodos unidos entre si uma tensio de 30 volts e mede-se a corrente que circula. Fazendo-se uma tabela das correntes normais para val- " vulas novas, pode-se estabelecer 0 grau de emissao catodica para todos os tipos de valvulas. A leitura da corrente de emissao deveria ser ae com auxilio de ¥ um miliamperometro, mas, devido ao elevado prego déstes instrumen- * tos, pode-se perfeitamente empregar uma valvula indicadora a raios . — -catddicos, que apresenta um Angulo de sombra varidvel, de acdrdo _ “com a polarizacéo de grade. O circuito empregado para éste tipo de — medi¢ao acha-se indigado na fig. 8. A alimentacao de CC para o in- dicador é fornecida por um retificador de meia-onda, dotado de um 4 filtro comum. A 6U5 tem um Angulo de sombra nulo para 18 V de grade com ‘ee de placa da 6U5 por meio de uma resisténcia variavel em série, de maneira que o 4ngulo de sombra seja nulo para 18 V em grade. Esta parte 6 importante, pois, na Tabela I, que anexamos a éste Suplemento, ~ a Calibracao foi feita para éstes valores. Mas, para cada tipo de valvula, necessitaremos de um valor di- ferente da resisténcia em série coe © circuito de alimentacao de placa da 6U5, razio pela qual a resisténcia varidvel deve ser facilmente acessivel, convindo empregar-se um potenciémetro. Na fig. 9, apresentamos o circuito definitivo do provador. Com CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 6 a finalidade de reduzir suas dimensGes, o circuito emprega apenas 6 suportes de valvulas, porém, por intermédio de adaptadores de facil construgao, sera possivel verificar o estado de qualquer tipo de valvula. Note-se que os filamentos se acham permanentemente ligados, razao pela qual séo empregados dois suportes de oito pinos, pois, com raras excegdes, as valvulas de base octal possuem filamentos ligados ou aos pinos 2 e 7 ou, ent&o, aos pinos 7 e 8. Havendo necessidade de 180 V para alimentar a placa da 6U5, a fim de evitar o emprégo de dois transformadores, emprega-se um transformador de férca com primaério para 110/220 V, retirando os 220 V do proprio primario. Se o provador fér alimentado com 220 V, CA, bastara alimenta-lo a~partir dos terminais extremos do pri- mario. O transformador de alimentagiio pode ser facilmente confeccio- nado pelo aluno, empregando um transformador de férga com pri- mario para 110/220 V e modificando os enrolamentos secundarios. O provador possui duas linhas, indicadas pelas letras A e C, na fig. 9. A linha A corresponde aos 4nodos (placas) e a linha C cor- responde aos cétodos. Por intermédio de sete chaves inversoras, ser& possivel ligar qualquer tipo de valvula de maneira adequada para a “prova. A seletora n° 9 se acha ligada a um “clip” de valvula, a fim de efetuar a verificacio das valvulas que possuem o termina] de grade na parte superior. As provas de continuidade do filamento serfo efetuadas, colocando a seletora S, na posicao 1 e a seletora S, na posigéo 2. S, é uma chave seletora de duas vias, trés posigdes, que permite escolher 0 tipo de prova a realizar. Estando S, na posicéo 1, 0 provador estaré desligado. Na po- sigéo 2, efetuar-se-Ao as provas de curto-circuito, conforme explicamos anteriormente. Coloca-se, entao, a seletora S,; na posicdo 2 (desligada). Liga-se 0 pino correspondente ao cétodo & linha C. Depois, ligam-se por intermédio das inversoras, um a um, todos os elétrodos A linha A, verificando se a néon acende, o que indica haver curto-circuito. Efe tuada a prova para um elétrodo, a inversora correspondente deve retornar 4 linha C. Esta operacéo ja foi explicada, ao iniciarmos a descrigaéo da prova de valvulas. Em seguida, efetuam-se as provas de curto-circuito “a quente”, colocando a seletora S; na posigaéo correspondente a voltagem nomi- nal de filamento da valvula que esté sendo testada e repetindo as ope- ragdes descritas para a prova de curtocircuito “a frio”. Para efetuar a prova de emissao, passa-se S, para a posicao 3. Coloca-se 0 potencidmetro na posig&éo indicada na Tabela I. O in- dicador deve fechar-se, indicando que a emissio é satisfatéria. Caso 0 indicador no se feche, a emissao é deficiente. O potenciémetro devera ser de 10 000 chms e cada divisao do mes-- eas Te ey. oS ee ee etm i ’ \ CURSO DE RADIO — 12° Suplemento Técnico — 7 mo corresponderaé a 100 ohms. Convém prestar bastante ateng&o no momento de efetuar as ligacdes do potenciémetro, de forma a ligaé-to ae conforme indicado na fig. 9. Se a tensdo de placa tiver sido correta- mente ajustada para um Angulo de sombra nulo, com 18 V na grade, a Tabela I servira como base de referéncia. Na fig. 10 vemos 0 aspecto externo do provador, com as lampa- das-piléto verde e vermelha, destinadas, respectivamente, a indicar a continuidade do filamento e se o aparelho esta ligado. A maneira mais facil de calibrar o provador sera efetuar o teste 3 com valvulas novas, anotando os resultados em forma de tabela, tal como o fizemos na Tabela I, para varios tipos de valvulas. Para de- .terminar as ligacgdes dos elétrodos, basta recorrer 2 um manual de 4 \ Valvulas. CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 8 ~ egnagpa ep re0q [a S << ; 5 CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 9 CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 10 véevvla sob anabise Setatera de fikamento Sp CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 11 oN ee ee ee CHIXG PosTaL 5058 Sho PAULO ‘SAPITAL 4 be 4 4 “4 CURSO DE RADIO — 12.° Suplemento Técnico — 12 TABELA I: We HELMS a aeanewneaelans 2 Bast No. 3-6DRSENo. 3 BaseNo. 3 Bast No. as 2-Brse No. 6 8-6 pags No. 6 3 BRIE No. 6 3 BASE No. 6 8 Seal le edtesememe | till ane Maw eel ited

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