You are on page 1of 12
etao~ 205 © consis Vitorio Klosterman, 1983, ‘eid desta obra fot fomentada pelo Goete- Insti InerNatines Wore olga ei 70 ae ELEM Mets a eae To ce: De Gate dr tye We, ies sm Sinasairones ls fr 0 gar a ‘isa oasade aa Reserves deo oe popridace det ego pla EDITORA FORENSE UNIVERSITARIA AEUGEN FINK, In memoriam ego com uma citcunspecra0 meditativa e exp ypensado que determinou seu caminho, se tena de procurar aqui a razo pela qual ele exp ‘sou repetidamente, nas décadas passadas, o desejo de ver esta prelegio blicada antes de todas as outras. 26 de julho de 1 Martin Heides Terceito Capitulo Justificagéio da caracterizagéo da perguntc pelo mundo, pela finitude e pela singularizagdio, que se movimenta no ceme do concelto, como metatfsica. Origem ¢ historia da palavia "metafisica” Os conceites filoséficos, os conceitos fundamentais da metafi ‘mostraram-se como se movimentando no ceme do conceito: como cone tos que se movimentam no cerne da conceptualidade ¢ nos quais 0 todo & sempre perguntado, e como conceitos que se movimentam no ceine da con cceptualidade e que sempre co-inserem conceptivamente 0 conceptor no in terior da pergunta, Por isso, determinamos o perguntar metafisico como um pperguntar que se movimenta no cerne do conceito. Temos const meta ‘entanto, a0 lado da “metafisi a”, a “filosofia da natureza” ‘Com que direito apreendemos o filosofar pura e simplesmente como pensamento metafisi- ‘20? Por que estabelecemos para a disciplina metafisica um tal ante todas as outras? Estas diseiplinas da filosofia — que assim se conhecem e cuja subsis- ‘ncie fética nfo ¢ de modo algum tio inofensiva para o destino do filosofar {quanto poderia parecer ~ cresceram em meio ao emprego escolar dia filoso- fia. Todavia, nio corremos absolutamente o risco de privilegiar arbitraria- mente uma diseiplina da filosofia, a metafisca, porque agora nfo tratemos antes de tudo de diseiplinas.O intuto de nossas consideragdies prévias€ jus tamente dissipar radicalmente esta representagio da metafisica como uma disciplina fina ‘A moiafisica 6 um perguntar que se movimenta no ceme do conceito. {As perguntas que se movimentam no ceme do conceito so: “o que é0 mun do?", “o que é2 finitude?”, “o que & 2 singulatizagao?. Mas com que direito, entfo, ainda recorremos ao titulo “metafisica’” para a denominagio deste perguntar que se caracteriza por se movimentar (0s Conceitos Fundamentais da Metafisica: Mundo ~ Finitude~ Solidia 31 no cere do conceito? Esta questo, de fato justa, s6 se deixa responder através de uma curta discussio acerea da histéria da palavra ede sua signifi- cago. Agora, jé conquistamos mesmo uma certa pré-compreensio do filo sofar, em fungio da qual podemos trazer & tona 0 que nos fo legado como ificado da palavea “metafisica”. Com isso, entrot losofia desta pelavra, Ao cor Na introdugdo a uma prelegao “sobre” a metafisica, seria compreensi- vel e instigante adentrar de modo mais minucioso o interior da historia da palavra e do que é por ela designado, das transformagdes de sua si ‘das diversas concepgdes que the sio pertinentes. Nos renunciamos a um tal empreendimento por razées que ja foram suficientemente debatides. Com certeza, port indicagZo sucinta da historia da palavra nio & agora apenas possivel, como tambéan inprescindivel. Com esta discussa0 {do conceito e da palavra “‘metafisia” concluiremos as nossas consideragies 3s, eno, conquistado um esclarecimento genérico acerca de de nossa prelegao, originéria no fala contra este cariter. A expresso “metafisc apesar de quetermos designar com ela algo proprio, no € nena origindra, Ela remonta é seqléncia de palavras gregas que decomposta soa assim: peti: vi gvouxds ou, dito integralmente: ta pevéc ti guouxt, Dei- xemos esta seqiiéneia de palavras, que posteriormente foi coligida no termo “‘metafisica”,inicialmente sem tradugdo, Mantenhamos apenas: ela serve para a designagio da filosofia, 32 Martin Heidegger 4 palavre goats, que traduzimos habi vra vem do latim natura —nasci:nascer, sur ‘mente, a significagZo fundamental do grogo © crescente,o erescimento, © que propriamente eresceu ern um ial crsei- mento. Crescimento e crescer, porém, tomamos aqui em um sentido total- elementos. Tudo isso reunido em unidade & o crescime [Nos traduzimos agora o termo obig de modo mais di na totaldade”. Nao consideramos hoje em dia, como objeto da sideramos no sentido amplo e pré-cie contréria, esta gta, esta vigéncia do ente na totalidade, é ex coisas, cle a experimenta consigo mesmo e com seus iguais: aqueles que so com ele da mesma forma, Os acontecimentos que o homem experimenta em Si, geragdo, nascimento, infincia, maturidade, velhice, morte, no sio de de um evento, eles pertencem muito mais & viggneia mitico e obscuro que isso possa se porta e assola como o que & gba uma ver mais: a @to1g enquanto e (0s Conesitos Fundameniais da Metafsica: Mundo ~ Finitude ~ Solidio 33, em side certa maneira 0 ente divino. 1) Ab 105 como o retivar do velamento a vigéncia do ente na totalidade ‘© homem, na medida em que existe como homem, jé sempre se pro- nunciou sobre a oGas, sobre a totalidade vigente, & qual ele mesmo perten- ce. E isto nio pelo fato de ele falar expressamente sobre as coisas. Existir como hiomem zida.a vigéncia do en séncia do ente vigente, porque 0 homem manera ou de outra, Aqui € important que ainda sera visto mais exatamente a partir de algumas comprovages. Na « origindria desta relago, o que & enunciado ja ests necessariamente no interior da pious, De outra forma, ele no poderia ser ‘enuneiado a partir dela. A goons, a vigéncia do ente na totalidade, pertence este 26705 Para nés, @ questdo é: 0 que leva a termo este Aéety, este enunciar? O que acontece no 46703" ddeé, ser trazido & palavra, ser formulado, vir fala? Vir & fala: 0 que isto? O quo areicamente, endo somente a filosofa posterior, mas ogo que fil sofaram, ou sej, desde o fundame’ eenstio do Seri, 0s gre- 0s fixaram como a fungio findemenl do ‘2éyew, do “trazer a fala”, retiramos com uma clareza ¢ distingdo irrefutaveis a partir do conceito con- trério, que jé os an ofos contrapunham ao 2éyewv. Qual é 0 contré- rio de Aye? lar desde o principio para issc, 1, HE Dies, idem, eagm. 93. 4 ‘Martin Heidegger ficagio fundamental de Aéyeww é“oret desencobs Para estes niveis elementarmente originitios do pensamen prio Aary0g que €aberto; ele éna propria vigéncia. No entanto, se esta vigen- cia € zrrancada do velamento no 46706, ento 6 preciso que ela mesma bbusque como que se esconder. Tal como fiea claro. partir de um outro frag mento, o proprio Herclito nos diz.ainda mais, sem apresentar esta conexio de modo expresso. Ele nos diz porque, afinal, a pbs 6 desencoberta ar- rancada do velamento expressamente no Atyewv, No. tos encontramos uma sentenga nua ¢ crus, que até hoje nunca foi ‘0 hb Yo ser desencobridor, reti- Dogpovely dperh, yeviom, poew énaiovras. (O con- ‘Glo dos sentidos}* é dizer e fazer odesvelado enquanto desvelado em con sondincia com a vigéncia das coisas, auscultando-as.") Assim, os senhores 2. den tag. 0s Coneeitos Fundamentais da Metafisica: Mundo —Finituds -Solidio 35, ppoxlem ver claramentes ligaeao intera entre © conceite contrério xpatewy eo que 0 Aby05 diz, dito, o desvelado. Costumamos traduzr ests pala- ‘va coma nossa plida expresséo “o verdad: enlre todas as coisas, de cujo homem é senor, ¢ dizer o desvelado,e, jun ‘ir Kee pty ito 6, inserr-se e apresentar-e m0 in rior da vigénia totale do destino do mundo em geral. O agir ket. cfetivasse de uma fal maneira que aguele que se exprime deste modo ia antiga, a palavra ori- 2éyoc, a palavra que retira ‘esta vigéncia do velamento, Tudo o que acontece nesta palavra € coi ccopla: ou sea, dos filésofes. Em outras palavras, a filosofia¢ @ concentra: iio dos sentidos em diregao a vigéneia doente, igs, a fim de enuncié-la no Roos, Precisamos manter presente para nés esta conexio que tomnei agora evidente: antes de tudo aquela conexio entre a gbais e 0 Abs. Sé assimn podderemos entender por que, em um tempo posterior, Aristétees,justamen- te onde teve comentérios sobre os fildsofos mais antigos entre os gregos © fala deles como seus predecessores, denomins-os 0s @votoh6yo1. Os ovGL- oASy01, portm, nifo sio nem “fisi6logos” no sentido atual da fsiologia, ogia geral, que em contraposigio & mor- nem so filésofos da natureza, DvstAd- trata dos processos vi ‘yor é muito mai pelo ente na t ‘bors, quanto a vigéncia do ente na totalidade: que @ trazem & expressiio, a0 ser-desencoberto (j verdade). forms, vemos 0 que pits a intelecgto do contexto no qual, ‘TegOS, a @OGAG se insere, De inicio, entretanto, poder-se-ia tomar como ébvio que o exprimir-se quanto ao ente deve ser verdadeito © que o concentrar-se dos sentidos deve se manter na verdade. Mas isso no quer dizer, de modo neahumn, que 0 ex primir-se ea proposigao sobre a gbats devem ser verdadeiros e nao falsos. Ao contriti, vale conceber 0 que diz aqui o termo “verdade” e como a ver~ dade da goog é entendida isso senos aproximarmos da 1a grega 62.78e10; © que no podemos fa- 36 Martin Heidegger zer de forma alguma através da mera correspondéncia entre esta palavra e nossa expresso vernacllar. Nosso vocfbulo "verdade” tem o mesino car’- ter que as palavras “beleza”, “plenitude” ¢ outras do género. A palavra gre- 24-1 to eat comespndesostemoe “oem ‘Uncendtich): 0 que no & “culpado”, 0 que nao mente, &adesigoa 0 que nfo eth velado, Os gregos compreendem, pporlanto, 20 mesmo tempo algo negativo em meio a esséncia mais interna da verdade, o que correspond ao prefixo “in” (un). O cr- &denominada, na ca, acprivativo, Ele expressa ofato de que falta algo a pa- 3c inscreve. Na verdade, o ente ¢ arrancado 20 velamento. ia pelos gregos como uma presa, que precisa ser arran- cada ao velamento em uma discussio, na qual a pais tem justamentea ten- déncia a esconder-se. A verdade é a discussio mais intrinseca & esséncia ende era uma eserivaninha, Para a cogict, a g6ots esté em co com a verdade no sentido de desencobri da expresso grega nao & tio inofensiv A verdade resma é uma presa, ela nfo estésimplesmente io, como um desencobrir ela requer por fim a inserglo do ser humano como um todo. A seencontra luz do dia. O fatodeno tempo poster val até Aristteles,afunglo do 2670s tr sido cada vez mais clara mente apresentada como ado éexopaiveatint deve-se apenas ai compreensil indica: 0 705 tem a tarefa de impelir ao mostrar-se ede tra- zerabertura dpa, o que se esconde e no se mosta, o que € no ndo se rmostar. © conceite grogo de verdade supramencionado abre-nos uma conexto intema entre a viggnein do ent, seu velamento ¢ 0 homemy; o homem que, ccomo tale tendo em vista que existe, arranca, no Abyos, a pbaiG, que tende a esconder-se, ao velamento, ¢, assim, traz o ente até sua verdade. 5. Adem, fag. 54, (Os Conccitos Fundamentais da Metafsica: Mundo ~Finitude ~Solidio 37 [Nao foi para traduzit melhor € almente uma palavra grege «que apontei para esta significago origintia do conceito grego de verdade em Sere tempo. Um joguete artificial com etimologias e umac bre o solo de tas etimologias ainda estio mais distantes de me contrario, a que esti em questio nfo énaca menos do que wma tentativa pela primeira vez de, através da interpretagio elementar do conceito antigo de verdade, tornar enim visivel a posigdo fundamental do bomem antigo quanto vigéneia do ente (a pbo1s) e sua verdade(e, com isso, conquistat uma intelecgio da esséncia da verdade filoséfica) Justamente por causa de sua “negatividade”, esta palavra antiga para verdade ¢ uma palavra originéria, Ela torna manifesto que a verdade-& um, destino da finitude do homem e, para a filosofia antiga, nfo tem nada a ver com a sobriedade e a indiferenga de proposigdes demonstradas. Esta pala- ‘ra antiga paraa verdade, contudo, é tio arcaiea quanto a prbpria filosfia. Ela ndo precisa ser e no pode ser mais arcaica, mas também ndo mais nova, porque somente com o filosofar cresce a compreensio da verdade que se expressa nesta palavrafiloséfica origindtia, O surgimento supostamente posterior da palavra nao & nenhuma obje¢o contra sus significagto funda- imental, senfo o contririo: le indica sua comum-pertencéncia mais interna com experiéncia fundamental da g6sotg como tl ) As duas significagées de gbors ‘Mantenbamos presente esta significagio origina de verdade (0 de- sencobrimento do ente vigente, pais) e busquemos agora apreender ainda ago de goons, Nés perseguiremos a historia desta palavra, para entio compreendermos 0 0) A ambivaléncia do significado fundamental de ovvsis: 0 vigente ia, O prineiro significado de pvorg: os deer Svea (em ‘contraposigdo aos xézyp 8v7a) como um conceito Local significado fundamental de @oic j € em si ambivalente, sem que de inicio esta ambivaléncia venha a tona com clareza, Esta ambivaléncia, porém,faz-senotarrapidamente, boo, 0 vigente, nfo diz apenas ov ‘mesmo, sendo o vigente em sua vigéncia ow a vigéncia do vigente. Apesar disto, no entanto, em conseqiiéncia da instigante discussaio com o vigente, este se abre em seu cardter nao decidido, Exatamente isto, que paraa expe 38 Martin Heidegger ‘lo os astros, & 0 ém, a abdbada celeste, desde si sempre se encontra simplesin do e esvaecendo por si mesmo, em co 8 humans, ante 0 que emana da tévp, da capacidade de trazer a0 acabarmento, vena ¢ da produglo. Ni treit, qves, o vigente, designa agora uma regio excepeional do ente, um ente entre outros. Os oboe Svea slo contrapostos ao que a Exvy &, a0 que surge por sobre a base dc um trazer ao acabamento, de uma produgio © de ‘uma meditagdo prépria ae homem, Mas neste sentido estreito - que ainda &, de qualquer maneira, suficientemente amplo ~ a natureza é aquilo que para fs gregos nem surge nem perece. E uma vez mais diz Heréclito: xoowov révbe, tov addy dndvtov, ode Ag Beilv obte évGporov ExoingeV, can? fy Gel xa Eorwy Kat Lora np GeiGooy, éntopevoy yéspa Kat anooBewvdxevov pérpa.® “Este cosmos (deixo a palavra intencionalmente sem tradugo) & sempre o mesmo através de todas as coisas, nenkium deus 0 criou, nenhum dos homens. Ao contrério, esta tots foi sempre, ésempre e serd sempre um fogo sempi-ardente, que recrudesce segundo a medida es extingue segundo a medida.” 8) A segunda significagio de gborg: 0 vigente como tal; como a cesséncia e a let interna da coisa mesma Na expressto o%ors, contudo, est co-entendido de modo igualmente origindrio e essencic ja vigencia que deixa todo e qual ‘quer vigente ser 0 que &. dang nfo visa mais agora a uma re; {ras, ou mesmo uma regio do ente, mas i narureza do e1 seca, tal como quando dizemos temos em mente apenas a natureza ds coisas natu- stureza de todo e qualquer ente. Costumamos falar sobre a natu- reza do espirito, da alma, sobre a natureza da obra de arte, sobre a natureza 6 Mem, fag 30 (Os Conceitos Fundamentais da Metafsica: Mundo ~ Finitude - Soliddo 39 jfica o proprio vigen- a coisa, tos de bars da coisa em questo. Neste momento, te, mas a sua vigéncia como ta, a esséne que pergunta fundament las permanecem na fil ‘Nao podemos acompanhar aqui mais de perto o process0 ‘conduz, na filosofia antiga, a uma exposigdo cada vez. mais ‘duas significagSes fumndamentai, para assim fixar duas diregBes do questio- nar que sio em si comum-pertencentes e que se requisitam incessantemen- te. $6 posso aludi ao fato de terem sido nevessérios alguns séeulos para a formagio destes dois concsitos; esto junto am povo que trezia no coragio ar. NOs, bdrbaros, a contério, achamos que tas coisas eles. A pergunta pelo ente na tot ‘pergunta pela essencialidade (pelo ser) do ente ‘como o duplo direcionamento da pergunta da nporn exhocogicr Langaremos apenas um rapido othar sobre aquele estégio do filosofar antigo, no qual este aleanga o seu ponto mais clevado: sobre a situagao em {que se encontra o problema em Aristételes. As mudangas e os destinos do hhomem grego marcam os primérdios da filosofia até Aristételes, Deixando udo isto no plano de fundo, visamos apenas & subsisténcia nua ¢ crua do Lema. Salud aqui: vigéncia do vigente —e este mesmo ~ abre-se assim que ido 20 velamento, como o ente, Este ente impBe-se em toda a razendo a investigagio, que se insere em se- 40 Main Heidegger ficado especifico para a investigacao teor cias que se ligam & regides divetses: ao arco cclese, as plantas e animes coises do género, A éxtozfuin, que em um sentido qualquer se liga gtr, fatos das diversas re- ente, ela é um concentrar-se na wesma. Pergunta-se o que a pré- ‘que movimenta a si mesmo ¢ o que 6 0 pr Emothun ovorrty fo de quaisquer cigneia esieja atrelada. Esta Emoriyin puoi tem por objeto tudo o que pertence & ‘pang segundo este sentido e que os gregos designam como 7é @uauRds. A propria pergunta pela @do1g nestas ciéncias aponta para a pergunta mais clevada, para a pergunta pelo primeiro motor, pelo que totalidade da ‘goic éem si mesma como totalidade, Aristéreles designa este derradeira- ‘mente determinante nos yiscet Svea como 0 @etov, como o divino; e isto sem ainda ligar-se a uma determinada concepsio religiosa. Portanto, per ‘unta-se pelo ente na toralidade, e, por fim, pelo divino. A émotiuin @u- eles uma prelegio sobre esta isica, Duowch éxpboots; ou, ‘como diriamos hoje, mesmo que de mancira imprecisa, sobre a flasofia da natureza, ‘Como fica agora a segunda significagio de pbaic: pba no sentido de essEncia’? A vigéncia deste vigente pode ser apreendida como o que deter- ring este vigente enguanto 0 ente, como o que transforma o ente em um jominiado através da palavra dy; aquilo que a esséncia do ente e seu ser. Os gregos de- ser como obota. L isto que si 8 duas diregdes do questionamento, que ganam vida cago una de bog, sio expressamente reunidas por A) (0s Conceitos Fundameatais da Metaisica: Mundo ~Finitude ~ Solidi 4 teles. No hi duas disciplinas diversas. Ao contratio, Aristdteles designa tanto a pergunta pelo ente na totalidade quanto pergunta pelo que 0 ser do cente, sua essencia, sua natureza é, como npoen grhoaogio, como filosofia fo dupa: perpunt pelo enna iE assim que as coisas se «io do termo “metafisica” para nossas con- orientago quanto a historia desta expres- siio, Esta orientagio reconduz-nos para o interior da filosofia antiga © fornece-nos ao mesmo tempo a possibilidade de vislumbrat 0s primérdios ‘da propria filosofia ocidental na tradigo em que nos encontramos, Em co- nexio com 0 esclarecimento da expresso principal do titulo tee west 2 ‘gvound, vimos a poor em sua ligagio com o héyos. A vigéncia do ente na totalidade possui em si mesma o (mpeto para eseonder-se. Conseqitente- mente, esta associada a esta vigéncia uma discussio caracteristica com cla; luna discussio na qual agboug € desvelads, Agora, deixaremos de lado pro- visoriamente esta conexio entre a gvang ea verdade; isto é, entre aqvors & ‘0 desvelamento, tal como este tltimo se expressa no héyos, Mais tarde pre- cisaremos retomar este ponto, O que nos interessa por enquanto ¢ apenas 0 ‘desenvolvimento dos dois significados fundamentais de oberg, do vigente ‘em sus vigéncia, No termo bois apresenta-se em primeiro lugar pr vigente, o ente; e, em segundo lugar, o ente tomado soja, em seu set. A partir de uma ligagdo com estes dois direcionamentos primotdiais, desenvolve-se a expressio obors nas duas signifieagdes fun- le se tora acessivel bons em sua se- unda significagao: pious como natureza ~ tal como ainda hoje uilizamos ‘expresso, quando falamos sobre a natureza da coisa, sobre a esséncia da 2 Martin Heidegger coisa. diag no se boi. A cisto entre es ser do ente -, ido do que perfax o ser e a esséneia de um ente é a das significagdes de g¥c1s — 0 ente mesmo eo -senvolvimento alcangam seu ponto es coneebe em uid a erga filosofar proprio pergunta pela te mesmo e pelo ser, Conquanto a fi- losofia pergunte no transforma uma coisa qualquer ‘em objeto, mas di ‘que o cardter fundamental deste ‘origindria retorna ao primeito motor, eo mais derradeiro e extremo, que é 20 ‘mesmo tempo designado como 0 AeTov, como o divino ~ sem que se imis- 30. E este o-estado das coisas na fi- io € ieles este duplo perguntar: 0 perguntar pelo 3v Ka96AOW e pelo ty:LtaxoV yév0s, pelo eente em geral (pelo ser) ¢ pelo proprio ente. Porém, como este questionar amente discutido por ele em sua conexio intema, iio en- ligBes nada que tomne possivel vislumbrara aparéncia a univoca que, neste sentido duplo, transforma a ‘como no encontramos nada acerca do modo, se. undo o qual esta probleméticaé fundamentada a patir da esséncia da pro- pra filosofia. § 10, A formagao das disciplinas escolares —légica, fisica, ética — como a decadéncia do filosofar préprio © que Aristételes empreendeu na diteao da propria filosofia foi-nos legado cm prelepies e tratados singulares. Neles sempre encontramos no- vos recomegos e novas iniciativas do filosofar préprio, mas nunca um siste- oteles, como s6 posteriormente se forjou; da mesma forma camo didlogos de Plaido um sistema da Siosofia TEA ate a aldeteatlrger danagane eae 0s Conceitos Fundamentais da Metafsica: Mundo ~Finitude~ Solidio 43, ccimento e chegou mesmo a ser expresso. O que foi expresso & considerado isoladamentee transformado em resultado palpével, em algo passive de mais que estejamos agora diante de uma rica presenga da qual os que esto por vire os epigonos tro de se haver de alguma forms, As filosofias platdnica¢ atstotélica sucumbiram 0 destino, do qual nena ma flosofia escapa: eas se tornaram filosofias escolares. Permnanece, porém, pparaas escolas que esto por vi, atarefa de, uma vez que aradicalidade deste far se perdcu, reunir de alguma maneita o material esparsoe divergente, demodo quea filosofia venha a ser acess petida por qualquer um, Tudo 0 que um dia crescen a partir dos mais diversos «questionamentos— extemamente sem qualquer ligagé, mas tanto mais entai- zados internamente — & agora desarraigado e composto em metérias segundo pontos de vista ocentes e discentes. A conexiio radical € suprimida através da ordenagio que se perfaz no interior das matérias e das disciptinas escola- res. A pergunta é: segundo que pontos de vista este rico material, que nfo & ‘mais tomaco em seu ceme ¢ em sua vitalidade, & ordenado? © ponto de vista desta ondenagao escolar dé-se sem mais patirdos te- mas centrais que jd conhecemos. Vimos que aSlosofia se ocupa justamente ‘vom a pois, Em meio ao esclarecimento da nogiio de @%axs no sentido do subsistente-por-si-mesmo e do que cresce e vige a partir de si mesmo, con- mos esta nogio ante o ente que, em raz da produgéo, & através do ho- et. A partir dal, conquistamos o conceito contrério a gbaig: o conceito ie barca tudo o que diz respeito ao fazer € a0 nfio-fazer hurianos, ao ho- er em seu fazer, em sua postura ¢ em sua atitude,nisto que os gregos de- sm como os — de onde vem a nossa expresso “ética”. Hog visa a do homem, ao homem em sua atitude, em seu portar-se como tm lverso da natureza em sentido estrito, da garg. Co 108 €discutidos no Aby0s, Como 0 Léy bie as coisas, €0 que hd de mais primordial para tudo o que possui o cariter 1 que se consir6ia partir dos onhecimento 6 agora tratado s eigncias. O modo de tae problemas, mas que, ao contra igo do género das regises do sabe 4 Martin Heidegger tamento destas regides da filosofia tomne-se agora uma ciéncia, uma Emtotiunno sentido aristotélico, Surgea Emotiyin hoy, logo em segui- a a émoviun guar, até que a Emoriyn Hone dé forma a conclusio, Assim, aparecem as ttés disciplinas escolares da flosofia que passa a ser divisio nifo se manteve apenas na acade culos, ela transpds-se para o interior da escola de. da filosofia peripatética, e foi assumida de uma e de A prova disto encontramos em Sexto Empiico: rihy evdocogiag 7 Ev 11 eive guorKdy 16 88 HBLKV 2d BE AovIKV: dv BovGuer nev [Aétov driv &pymids, nepi nodAdv pev gvar oh 5€ HOUniv odx ORiyoV 8 Aovixtv BtoreyOeic: Pntdrore Be oi ‘repi tov Zevoxpdceny Ket of Gord cod nepinéeton Ex BE of Gnd ti oad Eqovear tobe tg Staupéceas,” De uma forma mais plena, os flésofos que afirmam sera arefa da filosofia tratar do que dizrespeito&fisica, ica © légica criaramn uma divisio; uma diferenciagao que foi prefigurada por Platao, que, como condutor ¢ iniciador, tratou em muito sobre a puouxé, assim como sobre a H@ixd, € nio menos sobre # Aoyextt; expressamente, ‘sta diferenciagao foi introduzida pela primeira vez pelos que estavam em tomo de Xendcrates e pelos alunos de Avistéreles no Peripatos;ulterioemen- te, pelos estoicos.”) Para nés, porém, nao & suficiente tomar simplesmente conhecimento deste fato, O decisivo é que esta articulagao escolar traga desde o principio para. o tempo subseqiiente o modo de eompreensto da Filosofia eda pergun- ta filos6fica, de tal forma que a fllosofia no tempo pés-arist traindo-se de algumas poucas excegdes ~ se torna uma ques! de aprendizado. O que emerge junto ao perguntarfilos6fico, ou o que € ‘conhecido « partir da Antigtidade, € automaticamente subsumido em una esas disciptns e considerado segundo esquema dos métodos de ques- tionamento e demonstrago. 17, Sesto Enpitico.AdversusMatomatics. Org 1. Bekker. Beri, 1842, ivr VI, § 16 (05 Conceites Fundamentais da Metafisce: Mundo - Finitude~Solidio 45 § 11. A conversio da significago téeniea de pevéc na palavea “metafisica” em uma significagao de contetido WA signifcagi ‘éenico para un de werde: apés (post). Metofisiea como termo ante a span pt2oo09ia estes séculs de deelnio da filosofia antiga, no tempo que vai de 300 aC. até o século 1a.C., 0s eserites de Aristételes praticamente desaparece- ‘am. $6 pouea coisa foi publicada por ele mesmo; o resto se conservou ape~ nas sob a forma de manuscritos, esboros de prelegdes ¢ anexos. Tudo cexatamente como surgiu. A medida que, no primeiro século antes de Cristo, 0s esforgos em tomo deste mater contrava A disposigzo, {sica e étiea. Para os 2 a tarefa de dividir 0 ado nestas trés disciplinas; disciplinas (que, por sua vez, nfo foram jamais colocadas em questi. Se nos colocarmos no lugar destes coletores, nibs o material da flosofiaaristotéica © as trés [pessoas se viram dante da impos: ‘goa como sendo propriamente a 6 Martin Heidegger lo te pends tér qvorede. O essencial aqui é que nos ccoloquemos diante da situayao fatal: através desta designagdo, nfo se carac- teriza a filosofia propriamente dita segundo 0 conteido, segundo sua pro- blemética particular, mas segundo um titulo que deveria indicar sua posigio nna ordenago extrinseca dos escritos: wa pecs té @uorxd. O que denomi- nnamos “metaflsica” é uma expresso que emerge de uma perplexidade, um termo para um impasse, um termo puramente téenico que, por si s6, quanto 0 seu conteido, ainda nfo diz absoluiamente nada, A parm guocogia é ‘ee wert tee @uornth Esta ordenagao dos escrtos aristotélicos manteve-se através de toda a tradigdo ¢ transpds-se para o interior da grande edig&o dos escritos ast -0s, para o interior da edigao da Academia de Berlim, na qual aos esc ligios egusm os estos da sca assim como aubsoqientemente os da etafisica, ea estes os escritos éticas B) A significagito de contetido de wee: para além de (trans). Metafisica ignagdo e interpretagdo de contetido da mpm prdcaogic. do supra-sensivel. Metafisica como diseiplina escolar tempo, sé werd té @uouxd. permaneceu como um ter- um dia, nao sabemos quando, como e através de quem, 0 recebeu adjudicadamente uma i¢d0 de conteido, wa, no voedbulo (0s Conceitos Fundamentais da Metafisiea: Mundo —Finitude ~ Solidia 47 (chozar depois de alguém), £60805, método, ou seja, © caminho pelo qual sigo uma coisa Meré, porém, ainda possui em grego uma outrasigaificagio que esta da & primeira. Quando vou atras de uma coisa e a persigo, me movi- so de petéeno sentido de “sair de: ga peraBor (t eta té @voud no voc avi a sua signifieagio. A part Tex evict poor nto visa sobre fisica, mas 20 que trata do que se lanca para fora da gvorxéce se direciona para um outro ente, para 0 cnte cm gerale para o que € verdadeicamente ente. Esta muda dita; este apartar-se da natureza como ume esfera particular, este apartar-se em geral de toda e qualquer esfra particular é um ir além do ente particular, um transcender para este out. Metafisica toma-seo titulo para o conhecimento do que se encontra para alm do sensive “i © 0 conhecimento lo supra-sensive. Ist fica lato através da significacdo latina. A primeira significagio de juevé,em se- sguida a, € dita em latim com a palavra post, a segunda significagio com a pa- lavra trans, O titulo técnico “metafisica” toma-se agora uma designagiio de conteido da rpritn gRoaogie.. Nesta significacio de contetlo, metatisica assume agora uma interpretaglo e uma concepeio determinadas da pen, grooooia. A atividade de ordenagio na filosofia escolar ~ ¢ antes de tudo set impasse ~é a causa de uma interpretagdo absolutamente determinada, & sucumbe desde entio. palavra, se prestou muito pouca atengio até hoje no fato de esta transforma 20 hf muitono ser to insignficanee inofensva quanto pode parece, Esta lo ndo & de moclo algun fica;do, na signiicago de nada © para determinada para a formagio de ana fungao do conteido: metalégica, metageometria — a geometria que se lana 48 Martin Heidegger para akém da geometria euclidiana, O Baréo von Stein denominou metapoliti- pessoas que constrocm a politica pritica sobre sistemas filosoficos. Fa- restantes, Para nbs, a origem da palavra storia $6 so impor- tantes inicialmente no que conceme & ente essencial de ‘que precisamos fixar a transtormagao da significagao téenica para asignifi- cago de contetido e manter na meméria a tese co-ligada com esta trans- formagdo: a tese da ordenagdo da metafisica, concebida sogundo esta aqui em detalhes. Sobre isto teriamos coisas demais a relatar.E,além: {ais coisas permanecem no fundo initeis, enquanto no as tivermos entendi- do. partir de uma problemetiea vital da metafisica. § 12. As inconveniéncias inerentes ao conceito tradicional de metafisica ‘Uma outta questdo nos ocupa: com que direito, ¢ isto diz. ao mesmo tempo segundo que significagio, fixamos o tiulo “metafisica”, se apesar de tudo a negamos coma ina escolar? Gostariamos de conguistar a resposta« esta pergunta através da historia da palavra. O que esta histSeia ‘significagdo nao pode continuar marcando a nossa ocupagio. Ao dizermos que a filosofia € um questionar metafisico, tomamos o termo “metafisica”™ ‘em sun segunda sianificago, em sua significagao de contetido, Desta feta, como um titulo para a xpotn rhooosta; e isto nao apenas como mero titulo, mas de um tal modo que esta palavra passa a ex- pressar 0 que € o filosofar propriamente dito. Assim, tudo parece estar na 0s Conceitos Fundamentais da Metaflsicn; Mundo ~ Finimde - Solidio 49 de aleangar pela primeira ves a sig ‘agora apenas presente d mio a partir de wma compreensao origindria da ‘npésn grhogoic, Em resumo: nfo devemos interpretar a mpd@T @LAo- ‘cope. a pattir da metafisica, mas precisamos, a0 contrivio, explcitaro fer- mo “metafisica” através de uma exegese do que se apresenta na xpésrm qdooopta de Aristoteles, Se estabelecemos esta exigencia, ela tem por base a conviegio de que ainda nio se deduzin nheeimento do supra 1a partir de uma compreensio pdt prhogoeic, Para fundamentarmos esia conviegdo, precisariamos mostrar duas coisas: ent primeiro lugar, de que modo devemos conquistar una compreensao origindria da npézn guhoooota em Aristdteles; em se= _gundo lugar, que 0 conceito tradicional de metafisica cai por terra ante esta Mas s6 podemos mostrar o primeiro ponto se nés mesmos jf tivermos ddesenvolvido uma problemstica mais radical da filosofa pre 50 Martin Heidegger fato de o conceito nfo ter sido conquistado a partir da mpiorn gthooogia originariamente compreendida. Foi muito mais a casualidade da formagio

You might also like