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Ministério da Educacao Conselho Nacional de Secretarios de Educacao Unido Nacional dos Dirigentes Municipais de Educacao Secretaria de Estado de Educacao, Esporte e Lazer de Mato Grosso AREA DE CIENCIAS HUMANAS ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS CUIABA/MT 2018 241 4, AREA DE CIENCIAS HUMANAS A Area de Ciéncias Humanas propicia trabalhar de maneira contextualizada, interdisciplinar, transdisciplinar e integradora, relacionando e articulando vivéncias ¢ experiéncias dos alunos em situagGes cotidianas relacionadas aos aspectos politicos, sociais, culturais e econémicos, promovendo atitudes, procedimentos e elaborapées conceituais que potencializem o desenvolvimento de suas identidades e de suas participardes em diferentes grupos sociais, a partir do reconhecimento e contribuigao para o estudo da diversidade cultural na perspectiva dos Direitos Humanos A Area de Ciéncias Humanas contribui para que os estudantes desenvolvam a cognico in situ, ou seja, sem prescindir da contextualiza;ao marcada pelas nogdes de tempo e esparo, conceitos fundamentais da area Cogniggo e contexto séo, assim, categorias elaboradas conjuntamente, em meio a circunstancias histéricas especificas, nas quais a diversidade humana deve ganhar especial destaque com vistas ao acolhimento das diferencas Embora o tempo, o esparo ¢ o movimento sejam categorias bésicas, nao se pode deixar de valorizar também a critica sistematica a apo humana, as relagdes sociais ¢ de poder ¢, especialmente, a produco de conhecimentos ¢ saberes, frutos de diferentes circunsténcias historicas, culturais e espagos geograficos. O presente documento, Documento de Referéncia Curricular para Mato Grosso, tem como objetivo subsidiar os professores em sua prética docente, contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem dos Componentes Curriculares de Geografia Historia e Ensino Religioso, com vistas ao documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que traz em sua organizagéio os componentes: Historia e Geografia Porém, o Sistema Estadual de Ensino de Mato Grosso com sua autonomia, de acordo com as Orientardes Curriculares do Estado de Mato Grosso (O.Cs) ja vem trabalhando o Ensino Religioso como componente curricular na Area de Ciéncias Humanas. Nesta perspectiva, o objeto de conhecimento do componente curricular de Ensino Religioso, busca o didlogo com a area de Cigncias Humanas e outras, a fim de compreendé-lo de maneira interdisciplinar. Segundo a BNCC (BRASIL, 2017, p.354) “a area de Ciéncias Humanas deve propiciar aos estudantes a capacidade de interpretar o mundo, de compreender processos ¢ fendmenos sociais, politicos culturais e de atuar de forma ética, responsavel € auténoma”’. Tomando por referéncia as O.C’s 242 (© Cuniculo da drea de Ciéncias Humenes para 0 Ensino Fundamental [..] objetiva a formagio das cciangas pré-adolescentes ¢ adolescentes, desenvolvendo uma compreensio ampla da reelidade no processo de formagaoltransformagio historice das sociedades humanes, posstilitendo o exercicio da cidadania. (MATO GROSSO, 2012, p.09) ‘Na mesma direséo a BNCC afirma Cabe, ainda, és Ciéncias Humanss cultivar a formagio de alunos intelectualmente auténomos, com capacidad: de aticular categorias de pensamento histérico ¢ geogdfico em face de seu proprio tempo, percebendo as experiéncies immanas € sefletindo sobre elas, com base na diversidade de pontos de vista. (BRASIL, 2017, p 352), ‘As Ciéncias Humanas devem, assim, estimular uma formagio ética, elemento fundamental para a formagéo das novas geracées, auxiliando os estudantes a constrair um sentido de responsabilidade para valorizar os direitos humanos, a incluso, o respeito a0 ambiente e a propria coletividade, o fortalecimento de valores sociais, tais como a solidariedade, a participayo e o protagonismo voltados para o bem comum, ¢, sobretudo, a preocupagéo com as desigualdades sociais Cabe, ainda a Area de Ciéncias Humanas, um olhar sensivel para a formagio de estudantes intelectualmente auténomos, com capacidade de articular categorias de pensamento historico, cultural e geografico em face de seu proprio tempo, percebendo as experiéncias humanas e refletindo sobre elas, com base na diversidade de pontos de vista. Desta forma, a ‘Area de Ciéncias Humanas trabalha competéncias, habilidades e objetos de conhecimento que possibilitam o processo de formapfo integral do aluno Considerando as competéncias gerais da BNCC e as especificas da Area de Ciéncias Humanas para o Ensino Fundamental, estas devem gerantir aos estudantes o desenvolvimento das seguintes competéncias: 1. Compreender a si e a0 outro como identidades diferentes, de forma a exercitar 0 respeito a diferenga em uma sociedade plural e promover os direitos humanos 2, Analisar 0 mundo social, cultural e digital e 0 meio téenico-cientifico- informacional com base nos conhecimentos das Ciéncias Humanas, considerando suas variardes de significado no tempo e no espaco, para intervir em situagBes do cotidiano ¢ se posicionar diante de problemas do mundo contemporaneo 3. Identificar, comparar e explicar a intervengo do ser humano na naturezae na sociedade, exercitando a curiosidade e propondo ideias e apdes que contribuam para a transformarao espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das dindmicas da vida social 243 4, Interpretar e expressar sentimentos, crengas e dividas com relayo a si mesmo, aos outros e as diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigarao das Ciéncias Humanas, promovendo o acolhimento e a veloriza;o da diversidade de individuos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza 5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espago e em esparos variados, e eventos corridos em tempos diferentes no mesmo esparo e em esparos variados 6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciéncias Humanas, para negociar e defender ideias e opinides que respeitem e promovam os direitos bumanos e a consciéncia socioambiental, exercitando a responsabilidade ¢ 0 protagonismo voltados para o bem comum e a construyo de uma sociedade justa, democratica e inclusiva 7. Utilizar as linguagens cartografica, gréfica e iconografica e diferentes géneros textuais e tecnologias digitais de informa; e comunicapo no desenvolvimento do raciocinio espaco-temporal relacionado a localizayao, distancia, diresfo, durayao, simultaneidade, sucessao, ritmo e conexéo 244 Ministério da Educacao Conselho Nacional de Secretarios de Educacao Unido Nacional dos Dirigentes Municipais de Educacao Secretaria de Estado de Educacao, Esporte e Lazer de Mato Grosso COMPONENTE CURRICULAR HISTORIA ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS CUIABA/MT 2018 245 4.1, COMPONENTE CURRICULAR HISTORIA A disciplina de Historia foi incorporada no curriculo escolar brasileiro na primeira metade do século XIX. Aindanesse século, surge a corrente teérica positivist, influenciando a disciplina na busca incessante de fatos histéricos e sua comprova;ao empirica, exaltando a figura dos vencedores com énfase nos “herdis e mitos” nacionais. A formapo dos professores de histéria acontecia de maneira condensada e eurocéntrica oriunda de um pensamento de Historia universal. Assim, o modelo positivista adotado remetia a uma tinica forma de fazer e pensar a Histéria, uma vez que apresentava apenas as etapas cronolégicas dos periodos histéricos também a linearidade dos contetidos Na transig&o do século XIX para o século XX, surgem outras correntes teoricas de pensamento e novas perspectivas historiograficas, como o pensamento marxista, cuja intencionelidade era revolucionar as rela;des sociais, colocando a classe trabalhadora como protagonista do proceso historico, Na primeira metade do século XX, uma nova corrente historiografica emerge na busca de romper com o pensamento positivista predominante ao longo do século XIX. A escola francesa dos Annales, fundada no final da década de 1920 por Marc Bloch e Lucien Febvre, ao questionar a historia narrativa, traz a escrita da Historianovos temas, novos problemas e novas abordagens. No final do século XX e inicio do XXI, com as diferentes conota;ées trazidas luz da histéria social e cultural, sob as lentes de tedricos como Michel Certeau, Roger Chartier, Jacques Le Goff intensificam-se as criticas em tomo do ensino da Historia, agregando novas teméticas voltadas a dimensfo sociocultural No Brasil, durante o século XX, ainda sob forte influéncia do positivism, o principio educacional constitutive do Ensino da Historia era a memorizapfo e os livros didaticos desempenhavam papel fundamental, focando na exaltarao dos “vencedores’, silenciando os “vencidos”. Em outras palavras, dentro dessa concep slo, 0 oficio do professor de Historia era fazer com que os estudantes decorassem acontecimentos, suas respectivas datas e nomes de personagens. Estes passavam a ser os sujeitos histéricos responséveis pelas transformagées na sociedade O Golpe Militar de 1964 foi marcado por brutal retrocesso nos meios académicos em geral, particularmente na area das Ciéncias Humanas. De acordo com Nadai (1993, p.157), “desfechou também um golpe nas diferentes experiéncias de ensino, escolas fechadas, professores e alunos presos e respondendo a processos crimes foram algumas das formas usuais de tratamentos por parte dos novos donos do poder” 246

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