You are on page 1of 73
AULA 01 Criminologia. Conceito. Métodos: empirismo e interdisciplinaridade. Objetos da criminologia: delito, delinquente, vitima, controle social. Ld Ghesnceks gd crnmilGlog lesnicne see reieeerera ermeenrneeeueey 13 1.2 O ODjeto de SSTUdO da CrIMINOlOGIA.......... eee ceceseesseeeeeeesseeeteeessneeereeeeeeeseeeaeenss 17 Li2.1 O CHIIMG wun ceeccceccccccceeeecessnssseeeeseesseeeseeeseaeeseesseseaeeeeseeseuseseeesesuaseresseeetsesseeseeeeaeeeeceeess 17 Bee AD NS ci cccesccstirmnsscoancessincinci nian cmanenad eciciamsinacinimesek sian ina A aa snaieainnaarTNR Ne 18 2.3 AVA siinsuniamniuninannnuninnKRRA 22 1.2.4 O CONTIOlS SOCIAL... cccccsscssesseesssesseesseescessseesteseesseseeesteesesesesessesesseaesensseeess 27 1.3 M@tOdO 00... eececssessssesessestessscestecesststsncscscesaestensarsuseaeacseseacassessacausasaceansnesaceeseeseuentanseseaten 29 2. DAS PRIMEIRAS ESCOLAS CRIMINOLOGICAS ...cssssssssscssssssssssssssesssssssesssessesses 34 2.4: PSHOdS HUMAMISHGO> vissicipciccnamennanenmnd enn ERAN 34 2.1.1 Escola Classica (S@CUIO XVIIT) wocccccccscccsscssescsessscesssccssescseesseessseeeseareseen 34 2.2 Periodo da CIANtIFICIVAME? oo... eeescesessessesceeesssscecrecescsassceaeeneaessseacseensasensatenesneeess 36 RA: ESSER Pea ES EE PAS act iratcascnacicee cman incertae cnn area ca cata 36 NE rie ee Red Raed SCE A MN NCA MEN i gs re cere per ae er ae 44 2.3.1 TerZa SCuola Italiana... ccc cccscsseeseeetessesseseeccecssesseeseeecseessseseeeaseeenees 44 B32 ESCO MOSS Ale IB ecsviisevsiceicccserseicinsesenimnninanivicmimenensinninnnninend 45 ES ae Vr cect cacnaraaceseesecicarn ernie eanaceonseusecisesaaiannannmacusnniousniie 47 2. ESCOle GOnmeciOMaliSta casas cnn enerear ea eee 49 2.3.5 DefESA SOCIAl......cc.cccccccecseeescsececescececeeeseeeurcesueuseceseseceeeeueeeutcecsuacereeseesersenrsucunseess 50 3. RESUMO 20. ccccceesssesessesesseeeesseesneeessseeceseseeeseeaeseesessessaesneaseeaeeeeeaeseetaaeceeaseseeeeeeseaeaseassneaes 53 4. EXERCICIOS DE AULA ..vecssecssssssssssesssssssssssssssessnesssessvesssssssssssesssssssssnssssesssesseessnesssessneesn 65 1. CONSIDERACOES PREMILINARES ACERCA DA CRIMINOLOGIA Antes de iniciarmos nossos estudos vamos analisar a evolucao historia dos estudos criminolédgicos. Temos uma diversidade de pensadores, todavia analisaremos'_ os principais. ANTIGUIDADE O fato da criminologia ter ganhado terminologia apenas no séeculo XIX, nao impede que desde a antiguidade grandes pensadores opinassem e fornecessem diversos conceitos sobre assuntos relacionados ao estudo criminologico, como os delitos e as respectivas sancoes. Isocrates (436-338 a. C) > Enfatizava para a problematica da ocultacao do crime, segundo o pensador ocultar o crime é tomar parte nele’. Protagoras (485-415 a. C) >» Compreendia a pena como meio de evitar a pratica de novas infragoes pelo exemplo que deveria dar a todos os membros de um corpo social. O pensador estuda a pena, e a finalidade desta (prevencao geral negativa). Importante sabermos que o pensador entra na historia da Penalogia como o primeiro defensor da teoria da exemplaridade da “SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 61 pena, ou seja, defendia a funcao preventiva da pena, e nao a vislumbrava como um simples castigo (fato defendido pela teoria da expiacao). Sécrates (470-399 a. C) > Destaca a importancia da ressocializacao na medida em que pregava a necessidade de ensinar os delinquentes e nado reiterar a conduta delitiva. Estudo da pena e sua finalidade. Nao deixou qualquer escrito, o principal percursor de seus ideais foi Platao. Hipocrates (460-355) > Grande critico da concepcao religiosa acerca das doencas mentais. Hipocrates contribui de modo efetivo para a separacao da Medicina, da religido, da Filosofia e da magia’. Platao (427-347 a. C) > Sustentava que a ganancia, a cobica ou cupidez geram a criminalidade. Estudo da etiologia do crime, analise das causas da criminalidade. Aristételes (388-322 a. C) > Considerado o fundador da corrente psicologica do crime, seguia a mesma linha de pensamento de Platao. IDADE MEDIA Seculo III e IV- Neste periodo vigora na Europa o sistema feudalista, cuja ideologia religiosa predominante era o cristianismo. Forte influéncia da igreja sobre o direito. Os doutores da Igreja e os Escolasticos nao se preocupavam com a_ problematica da criminalidade. “SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 61 Principais estudiosos da epoca- Sao Tomas de Aquino: elenca que a pobreza e que da causa a criminalidade. Santo Agostinho (354-430) > A pena deveria assumir um papel de defesa social, com a finalidade de promover a ressocializacao do delinquente, evitando a reincidéncia. Para 0 monge, a pena de taliao e a justica dos injustos, devendo ser a pena uma ameaca e um exemplo, uma medida de defesa social e principalmente um meio de contribuicao para a regeneracdo do culpado’. Durante a Idade Media a filosofia esteve ligada fortemente com a Religiao. Neste periodo as ciéncias ocultas tiveram grande influéncia sobre as concepcoes criminologicas. Tais pseudociéncias, buscavam entender a personalidade e o destino do homem. > Quiromancia: Por meio do estudo das linhas e protuberancias das maos acredita-se na possibilidade de desvendar o carater da pessoa. Essa arte teve inicio no oriente, tendo seus primeiros indicios na India, China e Egito. Forte influéncia no periodo medieval. > Astrologia: O movimento dos astros e capaz de influenciar a conduta delituosa humana. > Demonologia: Preocupou-se com o estudo da natureza e qualidade dos demonios, buscando estabelecer uma relacao entre corpo e alma humana. Estudava os loucos, sujeitos a ataques de uma diversidade de ordens, e assimilava a loucura dos individuos com uma _ possessao demoniaca, fato que permite na @poca uma diversidade de atrocidades, como a tortura. * SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 63 > Fisiognomia: Estuda a aparéncia externa do_ individuo, relacionado esta a existéncia intima deste, averiguando suas condicoes psicologicas, sua sinceridade ou hipocrisia. Na atualidade a Fisiognomonia eé estudada por monges, acupunturistas, e por toda uma legiao de leigos e profissionais que reconhecem seu valor e importancia como diagnostico. Alem de_ permitir que o- especialista conheca_ certas particularidades do carater da pessoa, a Fisiognomonia fornece outras informacoes atraves dos tracos faciais, relacionando-os a Sua saude fisica, emocional e mental. A causa pura esta na sensibilidade do especialista perceber, no rosto do paciente, o diagnostico que se manifesta, quando os detalhes sao reforcados e as pequenas mudancas sao tratadas como grandes mudancas, e averiguadas as mazelas que nao se manifestam (pseudo-saude) . > Frenologia: Busca explicar a o carater, caracteristicas da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeca (lendo "carocos ou protuberancias'). Sustenta que atraves do estudo do cranio é€ possivel identificar as qualidades e o carater do examinado, bem como, suas tendéncias criminosas. RENASCIMENTO O Renascimento consistiu em um movimento cultural que marcou a fase de transicao dos valores e das tradicoes medievais para um mundo totalmente novo. E uma fase de renascimento cultural, a volta das Letras, das Artes e dos estudos classicos. No que tange ao pensamento criminoldgico, nesse periodo destacam se alguns autores, em enfase a Thomas Morus (1478- 1535). > Thomas Morus: > Por meio de sua obra intitulada Utopia, o autor aborda o problema da criminalidade que se fazia presente intensamente na Inglaterra. A lei inglesa era dotada de severidade, e tinha por penal principal a pena de morte, onde se _ punia indistintamente o ladrao, o vagabundo e o assassino. > Morus defendia que a desigualdade entre os povos oportuniza maliores indices de criminalidade. > “O delito € produzido por fatores econdémicos e pela guerra, ou seja, a onde de criminalidade que deixa a situacao de pdos- guerra; o delito resulta também da ociosidade, do ambiente social e dos horrores da ma educacao. Portanto, nao ha apenas o fator crimindgeno de natureza econdmica, mas varios outros*.” Outros dois nomes de importancia da epoca foi de Erasmo de Roterdam e Martinho Lutero. O primeiro autor defendeu que, o problema do crime se relaciona com a pobreza, ou seja, esta leva ao crime. Ja Martinho Lutero fez uma _ distincao entre a criminalidade urbana e a criminalidade rural. ILUMINISMO “ SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p.66 O Iluminismo deita suas raizes na liberdade de expressao, consistiu em um grande movimento cultural filosofico datado nos fins do seculo XVII na Europa. Neste periodo, diversas sao as contribuicdes dadas por grandes pensadores, para a criminologia. Podemos destacar o pensamento de Beccaria, Jeremy Bentham, Montesquieu, Rousseau, Charles Darwin dentre outros. Beccaria > Defendia que a maior parte das leis penais privilegiavam um pequeno numero de senhores em detrimento do tributo imposto a massa da nacao; > Os beneficios da sociedade deveriam ser distribuidos de modo uniforme entre os seus membros, pois grande parcela da nacao (multidao) esta submetida a miséria e fraqueza, em face do privilegio, felicidade e poder destinado a uma pequena parcela da sociedade. > A prevencao do crime ocorre quando as leis sao claras e quando tais nao favorecem determinada classe da sociedade. A lei deve proteger todos os seus membros e a liberdade deve andar acompanhada da luz, difundindo-se a cultura; F > E mais benefico prevenir o crime do que castiga-lo. Em relacao a lei o autor defende que a boa legislacdo ¢ aquela que garante aos homens o maior bem estar possivel, nao havendo necessidade de cleméncia e perdao, se as penas forem moderadas e estabelecidas com a finalidade de permitir um julgamento pronto e regular. > A pena de morte nao se funda em qualquer direito. Tal metodo de punicao nao e somente ineficaz, mas também prejudicial ao corpo social. Beccaria defende que tal ineficacia e prejuizo e provada por meio da repulsa que provoca o verdugo, na indignacao e no desprezo que inspira a simples vista dos ministros das crueldades das Justicas. > AS penas devem ser moderadas e adequadas ao mal social causado pelo crime. Assim, a pena nao deve recair sobre o inocente, que comete o delito em face de sua necessidade e desespero. A pena deve ainda, ser aplicada ao plebeu e também ao nobre. John Howard (1726-1790) > Se preocupou com os problemas do sistema penitenciario. Foi quem inspirou uma corrente penitenciarista preocupada em construir estabelecimentos apropriados para o cumprimento da pena privativa de liberdade. Suas ideias tiveram uma importancia extraordinaria, considerando-se oo - conceito predominantemente vindicativo e retributivo que se tinha, em seu tempo sobre a pena e seu fundamento. > Howard teve especial importancia no longo processo de humanizacao e racionalizacao das penas Jeremy Betham (1748-1832) > Defendeu suas ideias sobre o famoso “Panotico”, foi o primeiro a apontar para a importancia da arquitetura penitenciaria, exercendo sobre essa uma inegavel influencia. Embora ele desse muita importancia a prevencao especial, considerava que esta finalidade devia situar-se em segundo plano, com o objetivo de cumprir o propdésito exemplificante da pena’. Montesquieu (1689-1755) > Ha quatro tipos de crimes segundo tal pensador, sendo eles aqueles que ofendem a religiao, os costumes, a tranquilidade e a seguranca dos cidadaos. Voltaire (1694-1778) > Também lutou pela reforma do sistema carcerario e pela limitacao da pena de morte, defendendo que tal método de punicao e inutil. A pena deve ser util, nao se deve pensar em qual pena e mais branda. Rousseau (1712-1778) > Tambem criticou a pena de morte. Segundo o autor a propriedade privada e a fonte de toda problematica social. Somente no século XIX que a criminologia passa por uma sistematizacao cientifica PERIODO DA ANTROPOLOGIA CRIMINAL Este periodo e€ marcado pelo embate do livro arbitrio e do determinismo bioldgico no que tange as relacdes delituosas. O livre arbitrio @ defendido pela Escola Classica e refutado pela Escola Positivista. ° BITENCOURT, Cesar. Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 22. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2016. p. 86. A antropologia criminal € marcada pela contribuicao das obras de Lombroso, Garofalo e Ferri. (Veremos na Escola Positivista detalhadamente a contribuicao de cada autor). PERIODO DA SOCIOLOGIA CRIMINAL Neste periodo refuta-se as concepcdoes de Lombroso. Valora-se aqui mais os fatores exogenos do que endogenos. Varias sao as teorias que fizeram parte desse periodo. Tais podem ser classificadas em trés grandes grupos. Sociologia Criminal Teorias Sociais Propriamente ditas Teorias Antropossociais Teorias Socialistas Valoracao somente dos fatores exogenos, total exclusao dos fatores endogenos. O fator economico e preponderante sobre todos os fatores sociais O meio social influencia sobre o criminoso ntropologicamente nato Galera atencao!!! O ultimo concurso de Delegado da Policia Federal trouxe uma questao de bastante complexidade! Vejamos: O surgimento das teorias sociolédgicas em criminologia marca o fim da pesquisa etiolégica, propria da escola ou do modelo positivista? Ha um equivoco no enunciado da questao. O surgimento das teorias sociologicas nao marca o fim das pesquisas etiologicas. Somente com o surgimento da criminologia critica ou neo-criminologia, que se tem um declinio do estudo etioldgico do crime, este passa a ser compreendido como criacgao da propria organizacao social e nao mais como um ente preexistente, fato que foi defendido ate entao pela Escola Positivista. As teorias antropossociais que como vimos fazem parte das teorias e periodo sociologico, de certa forma relacionaram os principios de Lombroso com os sociais. PERIODO DA POLITICA CRIMINAL OU FASE ECLETICA Criagao das Escolas Criminologicas que deram trégua ao embate entre as teorias francesas e italianas, em face das_ teorias lombrosianas® : Terza Scuola, Escola Espiritualista e Escola de Politica Criminal. "SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 76 Escolas da Fase Ecletica [>.> 1} Escola de Politica Terza Scuola Escola Espirtualista Criminal O direito penal € uma Entrelagamento coma ciéncia independente, Pautada na defesa do on ‘ _ nao podendo ser — livre arbitrio sustenta criminologia incluido na criminologia. que cada individuo tem Para a pratica do delito a vontade livre para podem ser elencadas fazer aquilo que lhe da diversas Causas. prazer, desse modo,e Capaz de responder por todos os eventaus crimes que pratique. Deve-se criar melhores condicoes de vida. 1.1 O conceito de criminologia Inicialmente e essencial diferenciarmos trés conceitos! O que e Direito Penal, Criminologia e Politica Criminal! Galera, devemos ter em mente a distincao desses conceitos: Direito Penal: Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravencoes anunciando as respectivas penas. Ocupa-se do crime enquanto norma. Ocupa-se do crime enquanto norma. O CRIME é considerado como o fato tipico, antijuridico e culpavel. Aplicando-se pena aos imputaveis e medida de seguranca aos inimputaveis. Exemplo: define como crime lesd€o no ambiente doméstico e familiar. Criminologia: Ciéncia empirica que estuda o crime, o criminoso, a vitima e 0 comportamento da sociedade. Ocupa-se do crime enquanto fato. Ocupa-se do crime enquanto fato. E um conjunto de conhecimentos que objetiva a_ ressocializacao do delinquente, por meio de um estudo que busca compreender o fenodmeno da criminalidade, as causas, a personalidade do agente e Sua conduta delituosa. Exemplo: quais fatores contribuem para a incidéncia de determinada pessoa na criminalidade. Fatores externos, endogenos Politica Criminal: Trabalha as estrategias e meios de controle social da criminalidade. Ocupa-se do crime enquanto valor. Exemplo: Determinada prefeitura analisando a frequéncia de furtos em uma rua escura, toma a iniciativa de iluminar o local, a fim de diminuir a incidéncia de crimes. ieee] ¢Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravencGdes anunciando as respectivas penas. *Ocupa-se do crime enquanto norma. ¢Exemplo: define como crime lesdo no ambiente doméstico e familiar. Criminologia Ciencia empirica que estuda o crime, O criminoso, a vitima e 0 comportamento da Sociedade. ¢Ocupa-se do crime enquanto fato. *Fxemplo: quails fatores contribuem paraa violencia domestica e familiar. Ze) hates @ al eel lite) ¢Trabalha as estrategias e meios de controle social da criminalidade. ¢Ocupa-sedo crime enquanto valor. ¢Exemplo estuda como diminuir a violéncia domestica e familiar. O conceito de criminologia: Nao se sabe ao certo a origem da palavra criminologia, uma vez que alguns atribuem a Raffaele Garofalo (Italia, 1851-1934), e outros defendem a tese de que tal vocabulo ja tinha sido utilizado na Franca por Topinard desde 1830. O que se tem por exato é que: Para acrescer nosso conhecimento, vejamos alguns conceitos fornecidos por grandes juristas: ORLANDO SOARES: “Criminologia € uma ciéncia penal que tem por objeto o estudo do crime, do delinquente, da pena e da vitima, do ponto de vista causal-explicativo e com fins essenciais preventivos, no sentido de estabelecimento de estratégias ou modelos operacionais, para o combate da _ criminalidade e consequente reducao dos indices desta.” GARCIA-PABLOS DE MOLINA: “Criminologia é€ a ciéncia empirica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vitima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma _ informacao valida, contrastada, sobre a génese, dinamica e variaveis principais do crime —- contemplando este como problema individual e como problema social -— assim como sobre os programas de prevencado eficaz do mesmo e técnicas de intervencdo positiva do delinquente’.” Em suma, a criminologia se preocupa com o estudo do CRIME e do CRIMINOSO, e também das interacoes sociais, psiquicas, bioldgicas, comportamentais e ambientais como fatores da criminogénese. Preocupa-se também com a VITIMA e com o CONTROLE SOCIAL da criminalidade. Sendo uma ciéncia empirica e interdisciplinar. ? MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introducao a seus fundamentos teoricos. Trad. Luiz Flavio Gomes. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 1992. P.20 1.2 O objeto de estudo da criminologia OBJETO DE ESTUDO DA CRIMINOLOGIA AUTOR DO ' CRIME CRIME/CRIMINOSO a CONTROLE SOCIAL A criminologia moderna tem por objeto de estudo o crime (delito), suas circunstancias, o autor do delito (delingquente) , a vitima deste, e consequentemente o controle social. 1.2.1 O crime O CRIME quando estudado na criminologia ganha um panorama diferente de observacao, uma vez que nesta enfatiza-se para o crime como um problema social e comunitario. Aborda-se neste sentido uma diversidade de elementos para entender o fenédmeno social, como o aumento populacional. A criminologia deve contemplar o delito nao so como um comportamento individual, senao, sobretudo como problema social e comunitario. Dizemos que o crime e um problema social, pois afeta toda a sociedade, nao so os orgaos e instancias oficiais do sistema legal. Também eé@ um problema comunitario, pois nasce da comunidade, e 0 delinquente é um sujeito ativo desta’. ®* MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introducdo a seus fundamentos teoricos. Trad. Flavio Gomes. Revista dos Tribunais, 1992. p. 37 Na criminologia moderna, busca-se entender a dinamica do crime, de modo que, objetiva-se intervir neste processo, a fim de fazer com que o agente desista de praticar o crime. No direito penal, a atenc&o volta-se ao agente, somente apds a consumacao do delito’. Lembrem-se: no Direito Penal, o crime é& entendido como o fato tipico, antijuridico e culpavel. Este e o conceito analitico, predominante em todo o Direito Penal. \ ‘\ Problema “\ Problema hy. A Crime f social J comunitario 4 1.2.2 O Criminoso O AUTOR do delito é intitulado como criminoso, no Direito Penal é€ o agente que incide no comando proibitivo da norma, nao se submetendo ao imperativo desta, é aquele que atinge o verbo nuclear do tipo, agindo em descompasso com o ordenamento juridico . A criminologia estuda o criminoso, pautada na realidade em que este se encontra, questionando o porqué da nao submissao deste a lei. O meio em que o agente se encontra é capaz de influenciar este a cometer a acao delitiva? “ CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. 3 ed. Niteroi, RJ: Impetus, 2008. ps 35: Importante sabermos acerca do delinquente as 04 concepcoes que buscam explicar a relacao entre o delinquente e o crime. » Concepcao Classica: Nesta concepcao, o individuo criminoso é visto como um pecador que optou pelo mal, embora devesse respeitar a lei. Importante sabermos que aqui, nao se faz uma distinca€o entre o homem_ delinquente e nao delinquente, o homem é livre, sendo todos iguais. > Concepcao Positivista: Diferentemente aqui, o homem nao tem liberdade e escolha, 0 homem nao tem controle de seus atos. Na concepcao positivista criminologica, o homem criminoso é prisioneiro de sua propria patologia, sendo escravo de sua carga hereditdria, um animal selvagem e perigoso’”. > Concepcao Correcionalista: Com uma concepcao mais piedosa do criminoso, a escola correcionalista vislumbra o infrator como um ser inferior que carece de capacidade, sendo incapaz de conduzir seus atos. o Estado deve intervir nessa situacao dando tutela ao individuo. > Concepcao Marxista: O marxismo por sua vez vislumbra o criminoso como uma vitima do sistema economico. A culpa aqui recai sobre a sociedade. Devemos ter em mente que ao longo dos tempos, a concepcao que se tinha do criminoso, foi se modificando: ““ MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introdugado a seus fundamentos teoricos. Trad. Luiz Flavio Gomes. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 1992. P. 39 A concepcao de criminoso ao longo dos tempos Perspectiva Marxista Perspectiva classica Perspectiva correlacionista Perspectiva Positivista Grande contribuicao de Lombroso. Inexiséncia do livr arbitrio. O criminoso incindiria na criminalidade, em face de suas caracteristicas bioldgicas O Estado deve dirigir a vida do criminoso, uma vez que tal nao é capaz de conduzir sua vida livremente. E um ser deficiente, que carece de capacidade mental. O criminoso devia _ respeitar as leis, embora fosse um ecador que opto pelo mal O criminoso na verdade é vitima das estruturas de poder GALERA OBSERVEM A IMPORTANCIA DE ESTUDARMOS TAIS PERSPECTIVAS/CONCEPCOES. Esse assunto ja foi abordado em varios concursos. Aplicada em: 2016 Banca: CESPE Org&o: PC-PE Prova: Delegado de Policia Os objetos de investigacao da criminologia incluem o delito, o infrator, a vitima e o controle social. Acerca do delito e do delinquente, assinale a opcao correta. A) Para a criminologia positivista, infrator @ mera vitima inocente do sistema econdmico; culpavel @ a sociedade capitalista. iF B) Para o marxismo, delinquente é€ o individuo pecador que optou pelo mal, embora pudesse escolher pela observancia e pelo respeito a lei. C) Para os correcionalistas, criminoso € um ser inferior, Incapaz de dirigir livremente os seus atos: ele necessita ser compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas. D) Para a criminologia classica, criminoso € um ser atavico, escravo de sua carga hereditaria, nascido criminoso e prisioneiro de sua propria patologia. E) A criminologia e o direito penal utiliZzam os mesmos elementos para conceituar crime: acao tipica, ilicita e culpavel. COMENTARIOS: Analisaremos essa questdo, alternativa por alternativa: Alternativa A- Item errado. A discussao acerca de o infrator ser vitima do modelo econdmico pertence a concepcao marxista. A criminologia positivista se baseia no determinismo biologico, o ato de delinguir € um fenomeno patologico. Alternativa B- Item errado. O marxismo defende a tese que o infrator € mera vitima inocente do sistema econdémico; culpavel é a sociedade capitalista. O criminoso na verdade é vitima das estruturas de poder. Essa concepcao de pecado atrelado ao crime e ao infrator é uma concepcao classica. Alternativa C- Item correto. Para os correcionalistas O Estado deve dirigir a vida do criminoso, uma vez que tal nao 6 capaz de conduzir sua vida livremente. E um ser deficiente, que carece de capacidade mental. Alternativa D. Item errado. Tal pensamento elucidado na alternativa pertence a criminologia positivista. Alternativa E. Item errado. A criminologia nao se delimita ao conceito analitico de crime, ela vai alem, buscando entender o fenomeno da criminalidade, as causas e concausas, se utilizando dos mais diversos meios. 1.2.3 A vitima A VITIMA no estudo das ciéncias criminais por muito tempo foi considerada insignificante para a ocorréncia do crime, ou seja, oO estudo se delimitava ao autor do crime. Todavia a criminologia/ vitimologia permite o estudo da influencia da vitima para a ocorrencia do delito. A vitimologia tem como escopo estudar a_ vitima, seu comportamento, sua participacao no delito sofrido, suas tipologias, bem como a possivel reparacao de danos por elas sofridos. Vamos ver aqui, galera de forma breve, alguns pontos da vitimologia, para que nosso estudo tenha uma logica! Veremos detalhadamente em uma aula propria para esse assunto

You might also like