AULA 01 Criminologia.
Conceito. Métodos:
empirismo e
interdisciplinaridade.
Objetos da criminologia:
delito, delinquente, vitima,
controle social.
Ld Ghesnceks gd crnmilGlog lesnicne see reieeerera ermeenrneeeueey 13
1.2 O ODjeto de SSTUdO da CrIMINOlOGIA.......... eee ceceseesseeeeeeesseeeteeessneeereeeeeeeseeeaeenss 17
Li2.1 O CHIIMG wun ceeccceccccccceeeecessnssseeeeseesseeeseeeseaeeseesseseaeeeeseeseuseseeesesuaseresseeetsesseeseeeeaeeeeceeess 17
Bee AD NS ci cccesccstirmnsscoancessincinci nian cmanenad eciciamsinacinimesek sian ina A aa snaieainnaarTNR Ne 18
2.3 AVA siinsuniamniuninannnuninnKRRA 22
1.2.4 O CONTIOlS SOCIAL... cccccsscssesseesssesseesseescessseesteseesseseeesteesesesesessesesseaesensseeess 27
1.3 M@tOdO 00... eececssessssesessestessscestecesststsncscscesaestensarsuseaeacseseacassessacausasaceansnesaceeseeseuentanseseaten 29
2. DAS PRIMEIRAS ESCOLAS CRIMINOLOGICAS ...cssssssssscssssssssssssssesssssssesssessesses 34
2.4: PSHOdS HUMAMISHGO> vissicipciccnamennanenmnd enn ERAN 34
2.1.1 Escola Classica (S@CUIO XVIIT) wocccccccscccsscssescsessscesssccssescseesseessseeeseareseen 34
2.2 Periodo da CIANtIFICIVAME? oo... eeescesessessesceeesssscecrecescsassceaeeneaessseacseensasensatenesneeess 36
RA: ESSER Pea ES EE PAS act iratcascnacicee cman incertae cnn area ca cata 36
NE rie ee Red Raed SCE A MN NCA MEN i gs re cere per ae er ae 44
2.3.1 TerZa SCuola Italiana... ccc cccscsseeseeetessesseseeccecssesseeseeecseessseseeeaseeenees 44
B32 ESCO MOSS Ale IB ecsviisevsiceicccserseicinsesenimnninanivicmimenensinninnnninend 45
ES ae Vr cect cacnaraaceseesecicarn ernie eanaceonseusecisesaaiannannmacusnniousniie 47
2. ESCOle GOnmeciOMaliSta casas cnn enerear ea eee 49
2.3.5 DefESA SOCIAl......cc.cccccccecseeescsececescececeeeseeeurcesueuseceseseceeeeueeeutcecsuacereeseesersenrsucunseess 503. RESUMO 20. ccccceesssesessesesseeeesseesneeessseeceseseeeseeaeseesessessaesneaseeaeeeeeaeseetaaeceeaseseeeeeeseaeaseassneaes 53
4. EXERCICIOS DE AULA ..vecssecssssssssssesssssssssssssssessnesssessvesssssssssssesssssssssnssssesssesseessnesssessneesn 65
1. CONSIDERACOES PREMILINARES ACERCA DA
CRIMINOLOGIA
Antes de iniciarmos nossos estudos vamos analisar a
evolucao historia dos estudos criminolédgicos. Temos uma
diversidade de pensadores, todavia analisaremos'_ os
principais.
ANTIGUIDADE
O fato da criminologia ter ganhado terminologia apenas no
séeculo XIX, nao impede que desde a antiguidade grandes
pensadores opinassem e fornecessem diversos conceitos
sobre assuntos relacionados ao estudo criminologico, como os
delitos e as respectivas sancoes.
Isocrates (436-338 a. C)
> Enfatizava para a problematica da ocultacao do crime,
segundo o pensador ocultar o crime é tomar parte nele’.
Protagoras (485-415 a. C)
>» Compreendia a pena como meio de evitar a pratica de novas
infragoes pelo exemplo que deveria dar a todos os membros
de um corpo social. O pensador estuda a pena, e a finalidade
desta (prevencao geral negativa). Importante sabermos
que o pensador entra na historia da Penalogia como o
primeiro defensor da teoria da exemplaridade da
“SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 61pena, ou seja, defendia a funcao preventiva da pena, e
nao a vislumbrava como um simples castigo (fato
defendido pela teoria da expiacao).Sécrates (470-399 a. C)
> Destaca a importancia da ressocializacao na medida em que
pregava a necessidade de ensinar os delinquentes e nado
reiterar a conduta delitiva. Estudo da pena e sua finalidade.
Nao deixou qualquer escrito, o principal percursor de
seus ideais foi Platao.
Hipocrates (460-355)
> Grande critico da concepcao religiosa acerca das doencas
mentais. Hipocrates contribui de modo efetivo para a separacao
da Medicina, da religido, da Filosofia e da magia’.
Platao (427-347 a. C)
> Sustentava que a ganancia, a cobica ou cupidez geram a
criminalidade. Estudo da etiologia do crime, analise das causas
da criminalidade.
Aristételes (388-322 a. C)
> Considerado o fundador da corrente psicologica do crime,
seguia a mesma linha de pensamento de Platao.
IDADE MEDIA
Seculo III e IV- Neste periodo vigora na Europa o sistema
feudalista, cuja ideologia religiosa predominante era o cristianismo.
Forte influéncia da igreja sobre o direito. Os doutores da Igreja e os
Escolasticos nao se preocupavam com a_ problematica da
criminalidade.
“SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 61Principais estudiosos da epoca- Sao Tomas de Aquino: elenca
que a pobreza e que da causa a criminalidade.
Santo Agostinho (354-430)
> A pena deveria assumir um papel de defesa social, com a
finalidade de promover a ressocializacao do delinquente,
evitando a reincidéncia. Para 0 monge, a pena de taliao e a
justica dos injustos, devendo ser a pena uma ameaca e um
exemplo, uma medida de defesa social e principalmente um
meio de contribuicao para a regeneracdo do culpado’.
Durante a Idade Media a filosofia esteve ligada fortemente com a
Religiao. Neste periodo as ciéncias ocultas tiveram grande influéncia
sobre as concepcoes criminologicas. Tais pseudociéncias, buscavam
entender a personalidade e o destino do homem.
> Quiromancia: Por meio do estudo das linhas e protuberancias
das maos acredita-se na possibilidade de desvendar o carater
da pessoa. Essa arte teve inicio no oriente, tendo seus
primeiros indicios na India, China e Egito. Forte influéncia no
periodo medieval.
> Astrologia: O movimento dos astros e capaz de influenciar a
conduta delituosa humana.
> Demonologia: Preocupou-se com o estudo da natureza e
qualidade dos demonios, buscando estabelecer uma relacao
entre corpo e alma humana. Estudava os loucos, sujeitos a
ataques de uma diversidade de ordens, e assimilava a loucura
dos individuos com uma _ possessao demoniaca, fato que
permite na @poca uma diversidade de atrocidades, como a
tortura.
* SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 63> Fisiognomia: Estuda a aparéncia externa do_ individuo,
relacionado esta a existéncia intima deste, averiguando suas
condicoes psicologicas, sua sinceridade ou hipocrisia. Na
atualidade a Fisiognomonia eé estudada por monges,
acupunturistas, e por toda uma legiao de leigos e profissionais
que reconhecem seu valor e importancia como diagnostico.
Alem de_ permitir que o- especialista conheca_ certas
particularidades do carater da pessoa, a Fisiognomonia fornece
outras informacoes atraves dos tracos faciais, relacionando-os a
Sua saude fisica, emocional e mental. A causa pura esta na
sensibilidade do especialista perceber, no rosto do paciente, o
diagnostico que se manifesta, quando os detalhes sao
reforcados e as pequenas mudancas sao tratadas como grandes
mudancas, e averiguadas as mazelas que nao se manifestam
(pseudo-saude) .
> Frenologia: Busca explicar a o carater, caracteristicas da
personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeca
(lendo "carocos ou protuberancias'). Sustenta que atraves do
estudo do cranio é€ possivel identificar as qualidades e o carater
do examinado, bem como, suas tendéncias criminosas.
RENASCIMENTO
O Renascimento consistiu em um movimento cultural que
marcou a fase de transicao dos valores e das tradicoes medievais
para um mundo totalmente novo. E uma fase de renascimento
cultural, a volta das Letras, das Artes e dos estudos classicos.No que tange ao pensamento criminoldgico, nesse periodo
destacam se alguns autores, em enfase a Thomas Morus (1478-
1535).
> Thomas Morus:
> Por meio de sua obra intitulada Utopia, o autor aborda o
problema da criminalidade que se fazia presente intensamente
na Inglaterra. A lei inglesa era dotada de severidade, e tinha
por penal principal a pena de morte, onde se _ punia
indistintamente o ladrao, o vagabundo e o assassino.
> Morus defendia que a desigualdade entre os povos oportuniza
maliores indices de criminalidade.
> “O delito € produzido por fatores econdémicos e pela guerra, ou
seja, a onde de criminalidade que deixa a situacao de pdos-
guerra; o delito resulta também da ociosidade, do ambiente
social e dos horrores da ma educacao. Portanto, nao ha apenas
o fator crimindgeno de natureza econdmica, mas varios
outros*.”
Outros dois nomes de importancia da epoca foi de Erasmo de
Roterdam e Martinho Lutero. O primeiro autor defendeu que, o
problema do crime se relaciona com a pobreza, ou seja, esta leva
ao crime. Ja Martinho Lutero fez uma _ distincao entre a
criminalidade urbana e a criminalidade rural.
ILUMINISMO
“ SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p.66O Iluminismo deita suas raizes na liberdade de expressao,
consistiu em um grande movimento cultural filosofico datado nos fins
do seculo XVII na Europa. Neste periodo, diversas sao as
contribuicdes dadas por grandes pensadores, para a criminologia.
Podemos destacar o pensamento de Beccaria, Jeremy Bentham,
Montesquieu, Rousseau, Charles Darwin dentre outros.
Beccaria
> Defendia que a maior parte das leis penais privilegiavam um
pequeno numero de senhores em detrimento do tributo imposto
a massa da nacao;
> Os beneficios da sociedade deveriam ser distribuidos de modo
uniforme entre os seus membros, pois grande parcela da nacao
(multidao) esta submetida a miséria e fraqueza, em face do
privilegio, felicidade e poder destinado a uma pequena parcela
da sociedade.
> A prevencao do crime ocorre quando as leis sao claras e
quando tais nao favorecem determinada classe da sociedade. A
lei deve proteger todos os seus membros e a liberdade deve
andar acompanhada da luz, difundindo-se a cultura;
F
> E mais benefico prevenir o crime do que castiga-lo. Em relacao
a lei o autor defende que a boa legislacdo ¢ aquela que garante
aos homens o maior bem estar possivel, nao havendo
necessidade de cleméncia e perdao, se as penas forem
moderadas e estabelecidas com a finalidade de permitir um
julgamento pronto e regular.> A pena de morte nao se funda em qualquer direito. Tal metodo
de punicao nao e somente ineficaz, mas também prejudicial ao
corpo social. Beccaria defende que tal ineficacia e prejuizo e
provada por meio da repulsa que provoca o verdugo, na
indignacao e no desprezo que inspira a simples vista dos
ministros das crueldades das Justicas.
> AS penas devem ser moderadas e adequadas ao mal social
causado pelo crime. Assim, a pena nao deve recair sobre o
inocente, que comete o delito em face de sua necessidade e
desespero. A pena deve ainda, ser aplicada ao plebeu e
também ao nobre.
John Howard (1726-1790)
> Se preocupou com os problemas do sistema penitenciario. Foi
quem inspirou uma corrente penitenciarista preocupada em
construir estabelecimentos apropriados para o cumprimento da
pena privativa de liberdade. Suas ideias tiveram uma
importancia extraordinaria, considerando-se oo - conceito
predominantemente vindicativo e retributivo que se tinha, em
seu tempo sobre a pena e seu fundamento.
> Howard teve especial importancia no longo processo de
humanizacao e racionalizacao das penas
Jeremy Betham (1748-1832)> Defendeu suas ideias sobre o famoso “Panotico”, foi o primeiro
a apontar para a importancia da arquitetura penitenciaria,
exercendo sobre essa uma inegavel influencia. Embora ele
desse muita importancia a prevencao especial, considerava que
esta finalidade devia situar-se em segundo plano, com o
objetivo de cumprir o propdésito exemplificante da pena’.
Montesquieu (1689-1755)
> Ha quatro tipos de crimes segundo tal pensador, sendo eles
aqueles que ofendem a religiao, os costumes, a tranquilidade e
a seguranca dos cidadaos.
Voltaire (1694-1778)
> Também lutou pela reforma do sistema carcerario e pela
limitacao da pena de morte, defendendo que tal método de
punicao e inutil. A pena deve ser util, nao se deve pensar em
qual pena e mais branda.
Rousseau (1712-1778)
> Tambem criticou a pena de morte. Segundo o autor a
propriedade privada e a fonte de toda problematica social.
Somente no século XIX que a criminologia passa por uma
sistematizacao cientifica
PERIODO DA ANTROPOLOGIA CRIMINAL
Este periodo e€ marcado pelo embate do livro arbitrio e do
determinismo bioldgico no que tange as relacdes delituosas. O livre
arbitrio @ defendido pela Escola Classica e refutado pela Escola
Positivista.
° BITENCOURT, Cesar. Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 22. ed. Sao
Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.A antropologia criminal € marcada pela contribuicao das obras
de Lombroso, Garofalo e Ferri. (Veremos na Escola Positivista
detalhadamente a contribuicao de cada autor).
PERIODO DA SOCIOLOGIA CRIMINAL
Neste periodo refuta-se as concepcdoes de Lombroso. Valora-se
aqui mais os fatores exogenos do que endogenos. Varias sao as
teorias que fizeram parte desse periodo. Tais podem ser classificadas
em trés grandes grupos.
Sociologia Criminal
Teorias Sociais
Propriamente ditas
Teorias Antropossociais Teorias Socialistas
Valoracao somente dos
fatores exogenos, total
exclusao dos fatores
endogenos.
O fator economico e
preponderante sobre
todos os fatores sociais
O meio social influencia
sobre o criminoso
ntropologicamente nato
Galera atencao!!! O ultimo concurso de
Delegado da Policia Federal trouxe uma questao de bastante
complexidade! Vejamos:
O surgimento das teorias sociolédgicas em criminologia marca ofim da pesquisa etiolégica, propria da escola ou do modelo
positivista?
Ha um equivoco no enunciado da questao. O surgimento das teorias
sociologicas nao marca o fim das pesquisas etiologicas. Somente com o
surgimento da criminologia critica ou neo-criminologia, que se tem um
declinio do estudo etioldgico do crime, este passa a ser compreendido
como criacgao da propria organizacao social e nao mais como um ente
preexistente, fato que foi defendido ate entao pela Escola Positivista.
As teorias antropossociais que como vimos fazem parte das teorias e
periodo sociologico, de certa forma relacionaram os principios de
Lombroso com os sociais.
PERIODO DA POLITICA CRIMINAL OU FASE ECLETICA
Criagao das Escolas Criminologicas que deram trégua ao embate
entre as teorias francesas e italianas, em face das_ teorias
lombrosianas® : Terza Scuola, Escola Espiritualista e Escola de Politica
Criminal.
"SOARES, Orlando. Criminologia. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1986. p. 76Escolas da Fase Ecletica
[>.> 1}
Escola de Politica
Terza Scuola Escola Espirtualista Criminal
O direito penal € uma
Entrelagamento coma
ciéncia independente, Pautada na defesa do on ‘
_ nao podendo ser — livre arbitrio sustenta criminologia
incluido na criminologia. que cada individuo tem
Para a pratica do delito a vontade livre para
podem ser elencadas fazer aquilo que lhe da
diversas Causas. prazer, desse modo,e
Capaz de responder por
todos os eventaus
crimes que pratique.
Deve-se criar melhores
condicoes de vida.
1.1 O conceito de criminologia
Inicialmente e essencial diferenciarmos trés conceitos! O que e
Direito Penal, Criminologia e Politica Criminal!
Galera, devemos ter em mente a
distincao desses conceitos:
Direito Penal: Analisa os fatos humanos indesejados, define
quais devem ser rotulados como crime ou contravencoes anunciando
as respectivas penas. Ocupa-se do crime enquanto norma. Ocupa-se
do crime enquanto norma. O CRIME é considerado como o fato tipico,antijuridico e culpavel. Aplicando-se pena aos imputaveis e medida de
seguranca aos inimputaveis.
Exemplo: define como crime lesd€o no ambiente doméstico e
familiar.
Criminologia: Ciéncia empirica que estuda o crime, o
criminoso, a vitima e 0 comportamento da sociedade. Ocupa-se do
crime enquanto fato. Ocupa-se do crime enquanto fato. E um
conjunto de conhecimentos que objetiva a_ ressocializacao do
delinquente, por meio de um estudo que busca compreender o
fenodmeno da criminalidade, as causas, a personalidade do agente e
Sua conduta delituosa.
Exemplo: quais fatores contribuem para a incidéncia de
determinada pessoa na criminalidade. Fatores externos, endogenos
Politica Criminal: Trabalha as estrategias e meios de controle
social da criminalidade. Ocupa-se do crime enquanto valor.
Exemplo: Determinada prefeitura analisando a frequéncia de
furtos em uma rua escura, toma a iniciativa de iluminar o local, a fim
de diminuir a incidéncia de crimes.ieee]
¢Analisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime ou contravencGdes
anunciando as respectivas penas.
*Ocupa-se do crime enquanto norma.
¢Exemplo: define como crime lesdo no ambiente doméstico e familiar.
Criminologia
Ciencia empirica que estuda o crime, O criminoso, a vitima e 0 comportamento da Sociedade.
¢Ocupa-se do crime enquanto fato.
*Fxemplo: quails fatores contribuem paraa violencia domestica e familiar.
Ze) hates @ al eel lite)
¢Trabalha as estrategias e meios de controle social da criminalidade.
¢Ocupa-sedo crime enquanto valor.
¢Exemplo estuda como diminuir a violéncia domestica e familiar.
O conceito de criminologia:
Nao se sabe ao certo a origem da palavra criminologia, uma vez
que alguns atribuem a Raffaele Garofalo (Italia, 1851-1934), e outros
defendem a tese de que tal vocabulo ja tinha sido utilizado na Franca
por Topinard desde 1830. O que se tem por exato é que:
Para acrescer nosso conhecimento, vejamos alguns
conceitos fornecidos por grandes juristas:
ORLANDO SOARES: “Criminologia € uma ciéncia penal que
tem por objeto o estudo do crime, do delinquente, da pena e da
vitima, do ponto de vista causal-explicativo e com fins essenciais
preventivos, no sentido de estabelecimento de estratégias oumodelos operacionais, para o combate da _ criminalidade e
consequente reducao dos indices desta.”
GARCIA-PABLOS DE MOLINA: “Criminologia é€ a ciéncia
empirica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da
pessoa do infrator, da vitima e do controle social do comportamento
delitivo, e que trata de subministrar uma _ informacao valida,
contrastada, sobre a génese, dinamica e variaveis principais do crime
—- contemplando este como problema individual e como problema
social -— assim como sobre os programas de prevencado eficaz do
mesmo e técnicas de intervencdo positiva do delinquente’.”
Em suma, a criminologia se preocupa
com o estudo do CRIME e do CRIMINOSO, e também das
interacoes sociais, psiquicas, bioldgicas, comportamentais e
ambientais como fatores da criminogénese. Preocupa-se também
com a VITIMA e com o CONTROLE SOCIAL da criminalidade.
Sendo uma ciéncia empirica e interdisciplinar.
?
MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introducao a seus
fundamentos teoricos. Trad. Luiz Flavio Gomes. Sao Paulo: Revista dos Tribunais,
1992. P.201.2 O objeto de estudo da criminologia
OBJETO DE ESTUDO
DA CRIMINOLOGIA
AUTOR DO '
CRIME CRIME/CRIMINOSO a CONTROLE SOCIAL
A criminologia moderna tem por objeto de estudo o crime
(delito), suas circunstancias, o autor do delito (delingquente) , a
vitima deste, e consequentemente o controle social.
1.2.1 O crime
O CRIME quando estudado na criminologia ganha um
panorama diferente de observacao, uma vez que nesta enfatiza-se
para o crime como um problema social e comunitario. Aborda-se
neste sentido uma diversidade de elementos para entender o
fenédmeno social, como o aumento populacional.
A criminologia deve contemplar o delito nao so como um
comportamento individual, senao, sobretudo como problema social e
comunitario. Dizemos que o crime e um problema social, pois afeta
toda a sociedade, nao so os orgaos e instancias oficiais do sistema
legal. Também eé@ um problema comunitario, pois nasce da
comunidade, e 0 delinquente é um sujeito ativo desta’.
®* MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introducdo a seus
fundamentos teoricos. Trad. Flavio Gomes. Revista dos Tribunais, 1992. p. 37Na criminologia moderna, busca-se entender a dinamica do
crime, de modo que, objetiva-se intervir neste processo, a fim de
fazer com que o agente desista de praticar o crime. No direito penal,
a atenc&o volta-se ao agente, somente apds a consumacao do delito’.
Lembrem-se: no Direito Penal, o crime é& entendido como o
fato tipico, antijuridico e culpavel. Este e o conceito analitico,
predominante em todo o Direito Penal.
\ ‘\ Problema “\ Problema
hy.
A Crime f social J comunitario 4
1.2.2 O Criminoso
O AUTOR do delito é intitulado como criminoso, no Direito
Penal é€ o agente que incide no comando proibitivo da norma, nao se
submetendo ao imperativo desta, é aquele que atinge o verbo nuclear
do tipo, agindo em descompasso com o ordenamento juridico . A
criminologia estuda o criminoso, pautada na realidade em que este se
encontra, questionando o porqué da nao submissao deste a lei. O
meio em que o agente se encontra é capaz de influenciar este a
cometer a acao delitiva?
“ CALHAU, Lélio Braga. Resumo de Criminologia. 3 ed. Niteroi, RJ: Impetus, 2008.
ps 35:Importante sabermos acerca do
delinquente as 04 concepcoes que buscam explicar a relacao
entre o delinquente e o crime.
» Concepcao Classica: Nesta concepcao, o individuo criminoso é
visto como um pecador que optou pelo mal, embora devesse
respeitar a lei. Importante sabermos que aqui, nao se faz uma
distinca€o entre o homem_ delinquente e nao delinquente, o
homem é livre, sendo todos iguais.
> Concepcao Positivista: Diferentemente aqui, o homem nao
tem liberdade e escolha, 0 homem nao tem controle de seus
atos. Na concepcao positivista criminologica, o homem
criminoso é prisioneiro de sua propria patologia, sendo escravo
de sua carga hereditdria, um animal selvagem e perigoso’”.
> Concepcao Correcionalista: Com uma concepcao mais
piedosa do criminoso, a escola correcionalista vislumbra o
infrator como um ser inferior que carece de capacidade, sendo
incapaz de conduzir seus atos. o Estado deve intervir nessa
situacao dando tutela ao individuo.
> Concepcao Marxista: O marxismo por sua vez vislumbra o
criminoso como uma vitima do sistema economico. A culpa aqui
recai sobre a sociedade.
Devemos ter em mente que ao longo dos tempos, a
concepcao que se tinha do criminoso, foi se modificando:
““ MOLINA, Antonio Garcia-Pablos de. Criminologia: Uma introdugado a seus
fundamentos teoricos. Trad. Luiz Flavio Gomes. Sao Paulo: Revista dos Tribunais,
1992. P. 39A concepcao de
criminoso ao
longo dos tempos
Perspectiva
Marxista
Perspectiva
classica
Perspectiva
correlacionista
Perspectiva
Positivista
Grande
contribuicao de
Lombroso.
Inexiséncia do livr
arbitrio. O
criminoso
incindiria na
criminalidade, em
face de suas
caracteristicas
bioldgicas
O Estado deve
dirigir a vida do
criminoso, uma
vez que tal nao é
capaz de conduzir
sua vida
livremente. E um
ser deficiente, que
carece de
capacidade
mental.
O criminoso devia
_ respeitar as leis,
embora fosse um
ecador que opto
pelo mal
O criminoso na
verdade é vitima
das estruturas de
poder
GALERA OBSERVEM A IMPORTANCIA DE ESTUDARMOS TAIS
PERSPECTIVAS/CONCEPCOES. Esse assunto ja foi abordado em
varios concursos.
Aplicada em: 2016 Banca: CESPE Org&o: PC-PE Prova: Delegado de
PoliciaOs objetos de investigacao da criminologia incluem o delito, o
infrator, a vitima e o controle social. Acerca do delito e do
delinquente, assinale a opcao correta.
A) Para a criminologia positivista, infrator @ mera vitima
inocente do sistema econdmico; culpavel @ a sociedade
capitalista.
iF
B) Para o marxismo, delinquente é€ o individuo pecador que
optou pelo mal, embora pudesse escolher pela observancia e
pelo respeito a lei.
C) Para os correcionalistas, criminoso € um ser inferior,
Incapaz de dirigir livremente os seus atos: ele necessita ser
compreendido e direcionado, por meio de medidas educativas.
D) Para a criminologia classica, criminoso € um ser atavico,
escravo de sua carga hereditaria, nascido criminoso e
prisioneiro de sua propria patologia.
E) A criminologia e o direito penal utiliZzam os mesmos
elementos para conceituar crime: acao tipica, ilicita e culpavel.
COMENTARIOS: Analisaremos essa questdo, alternativa por
alternativa:
Alternativa A- Item errado. A discussao acerca de o infrator ser
vitima do modelo econdmico pertence a concepcao marxista. A
criminologia positivista se baseia no determinismo biologico, o ato de
delinguir € um fenomeno patologico.
Alternativa B- Item errado. O marxismo defende a tese que o
infrator € mera vitima inocente do sistema econdémico; culpavel é a
sociedade capitalista. O criminoso na verdade é vitima das estruturasde poder. Essa concepcao de pecado atrelado ao crime e ao infrator é
uma concepcao classica.
Alternativa C- Item correto. Para os correcionalistas O Estado
deve dirigir a vida do criminoso, uma vez que tal nao 6 capaz de
conduzir sua vida livremente. E um ser deficiente, que carece de
capacidade mental.
Alternativa D. Item errado. Tal pensamento elucidado na
alternativa pertence a criminologia positivista.
Alternativa E. Item errado. A criminologia nao se delimita ao
conceito analitico de crime, ela vai alem, buscando entender o
fenomeno da criminalidade, as causas e concausas, se utilizando dos
mais diversos meios.
1.2.3 A vitima
A VITIMA no estudo das ciéncias criminais por muito tempo foi
considerada insignificante para a ocorréncia do crime, ou seja, oO
estudo se delimitava ao autor do crime. Todavia a criminologia/
vitimologia permite o estudo da influencia da vitima para a ocorrencia
do delito.
A vitimologia tem como escopo estudar a_ vitima, seu
comportamento, sua participacao no delito sofrido, suas tipologias,
bem como a possivel reparacao de danos por elas sofridos. Vamos
ver aqui, galera de forma breve, alguns pontos da vitimologia, para
que nosso estudo tenha uma logica! Veremos detalhadamente em
uma aula propria para esse assunto