BHABHA. Disseminação

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Disseminacao: tempo, narrativa e as margens da nacao moderna’ Homi K_ Bhabha ‘© tempo da nagio nda ma ey ensio DisseniNagio deve-seem pe bsogacidals sabedaria de Sue ques Derrida. Porém, deve um pouco mais 2 minh PrP texperigncia de migragao. isi aquele mo Coes sn dispersdo dos povos uc, em oulfas €pocas ¢€m OUOS LHEHT. fnagdes dle ouktos POVO. rer sremermpo de eunes- Renies ds exlades, decides 686 reugiades, Feunies 8 tare ae ular “ewrangems”; unis nas rsicrs:eunibes 0 Boo cealés de centtos ate oe: reunies mein: vida € & meia-1uz de idiomas es imgeiros ou ns estranha fuéncia da ing Jo anes rte dais Ge aprovoga0eaeitgSo de gus, ciscursan isp oe ae Tembea cage subdeseavolvimeno, de outros mundes vividesreestonens reunido do passage em UN! a e eun‘ao do preseic. E ambéma runigo dss pessons na iisper dae decom rato, migrates, He ern desta inesminadris de dexempenbo css ste te me eats de imigrogso.a genealogia duels figura solin gue Berger chamo de 0 term, A revi das levas sobre 3¢ quai 0 posto Mahmoud Darwish Peele? “paral ence ‘oardo os pissaros depois do timo c&u?” = pears Pe oles gropos de pests diserss, com sus milo, nls & 9 fas, sarge ui fate histérieo de mportacia singular. Erie Hotbars Aeliberadamente do qx Gosia, mais retériea do que arano de estado, mais moh gS a deologia, menos homogénes seene negemeonia, menos cenrada do que edad, mais cok 00 {que“o sujeito™, mais psfquicad> Gos ivitidade. mais hrrida na atieulagio de difercagas = idemtfieagdes cultura ~ géner0, 90 ae ce ue €possvel representa em qualquer esruoragio hierrauica ot bindia do antagonism social ‘ko propor esta constr cultural do nacontame como forms &e afiiago sociale texts nc loan ~ Pars ~Zuiue~ Ameded ~ Bobi Msn bats 2 Teno mente (a vt apetninente The ge of Cepia 3 Te em ene oe acon) eT An of Er 61s 16 Gems NT) SE? iniple 1S a ir bre rane ran fo cendn vm ca, 6 ‘do quero negar a essas eategorias suas historicidades especificas nem seus significados paniculares dentro de diversas linguagens politicas. O que estou tentando Formular neste ensaio slo a8 complenas estratépias de identificagio cultural e de abordagem discursiva que funcionam em nome do “povo™ ou dda “nago" € os transformam em sujeitos e objetos imanentes de uma gama de narrativas sociis © lteririas. énfase que coloco sobre a dimensio temporal na insergio dessas entidades poliicas - que stio também potentes forgas simbolicas eafetivas de identidade cultural - cumpre a fungio de deslocar © bistoricismo que tem dominado as discussdes da nago como forga cultural. 0 foco sobre i tee poralidade resisie 3 equivalEncia transparente e linear entre acontecimento e iia que o historicisino >, uma perspectiva da formas fragmentirias de representago que sigaili« ‘cam um povo, uma nagio au uma cultura nacional, solidez socioligica e a hiséria holistien Jeasce termos nio thes conferem a forga narrativae psicolégica que emprestaram & produglo e 3s projegses ccolturais. E a marca da ambivaléneia ds nagio como estratépia nrrativa —e como aparato de poder {que prodiuz um destizamento continuo para categoriasanilogas, e até metonimicas, como pov. miti0- ou "diferenga cultural” que, por sus Vez, se sobrepSem incessantemente no ato de escrevera neo. (© que fica demonstrado nesse destocamento e nessa repetigao de termos & a nagio coma medida liminaridade da modernidade cultural Edward Said aspira a essa interpretagio secular em seu conceito de" ond “patticularidade dos sentidos, bem como a comtingéncia histériea.. existem no mes nivel de arti culuridade superficial que 0 proprio objeto tex” (grifo meu). Frederick Jumeson upeesents un Ponto de vista semelante em sua idéia de “conseigncia situacional” ou alegoria nacional, “em quc o Sto de contar uma historia ou experincia individual envolve,em shia analise.o taboriowo ato de Fakir da propria colesividude".*E Julia Kristeva fala talvez precipitadamente, Jos prazeres do exile: “como evilar afundar-se no pantano do senso comum, a no ser tornando-se um esteanho so pedro pal, lingua, sexo e idemidade?"s Ao fazé-Io, nfo percebe como a sombra da nagdo ees. de mancita tral, sobre a condi de exilado, 0 que talvez explique, purcialmente, suas proprias trigeis identifieagies ‘com as imagens de outras nagbes, a “China” © 0s “Estados Unidos", ‘A nagdo como metifors: Amor Patria; Fatherland: Pig Barth; Mothertongue: Matigaris Middlemarch; Midnight's Children (Filhos da Meia Noite); Cem Anos de Solidiio: Guerra ¢ Pas: 1 Promessi Sposi (Os Noives): Kanthaptra: Moby Dick: A Méntanha Magica: Things Fall Apart (0 ‘Mundo se Despedaca) Deve haver uma tribo de intérpretes dessas metéforas ~ 0s tradutores da disseminag’ia de textos e discursos através das culturas ~ que pode realizar o que Said desereve como o sto da interpre- {agdo secular. “Reconhecer este espa¢o horizontal e secular do espetgculo da nagio moderna. implica ‘que qualquer explicagSo que remeta imediatamente a uma tiniea origem deixa de ser adequada. & da ‘mesma forma que nio hé respostas dinssticas simples, nfo hd formagdes ou processos saciais isi dos" Se estivermos atentos, em nossa teoria dindmica, para a meraforicidade dos povos de cont {dades ideatizadas ~ migranes ou metropolitanos ~ descobriremos que o espago do pov moderns ds ‘ago nunca ésimplesmente horizontal, Seu movimento metaf6rico requer uma espécie de“duplicidde" 80 escrever, uma temporalidade de representagio que circula entre formagdes cultursis¢ processos 8o- cia sem ume Iégica causal “centrada”. Eesses movimentos culturais provocam 2 dpersio do tempo homogéneo e visual da sociedade Horizontal, porque “o presente jé no & uma forma matera [hi 3° S58 The Word: Te Tet and The Crue (Cambridge Mass Harvard Unversity Pres. 1982. 9.39 4$-F Jameson, "Third Worl erature ie thee of maltiestional capitalism”, Seta Ten, (Pall 19868 5.1 Kristens “8 new typeof itlleeea he essen Ine Tor Mo ed), The Kristeva Reader (Oxford: Blachwcl 1986.9 398 #8 E,Sa, “Opponen Plato, ISB) p Tes crore ene 3 ‘sulinees omniencles snd armmunty™ In Hal Foster (ed, Poximaer Cala Ldn lingua materna ou terra mie] em tomo da qual esto agregadose diferenciados 6 futuro (presente) eo passado (presente)... [éoma] um presente do qual o passado ¢ o futuro seriam apenas madificagces”? {A linguagem secular da interpretagio precisa, entdo iralém da presenga do “olhar” que Said secomen: dds, se € que vamos conferir a auioridade narrativa adequada 3 energia no seqllencial da memoria histiriewe da subjetividade vivida. Precisamos de outro tempo de escriia que sejs cupaz de absorver ss imtersegdes ambivalentes e quiasmaticas de tempo e lugar que constituem a problemtica experiéneia “moderna” da magdo ocidental ‘Como podemos escrever a mademidade da nago como 0 evento do cotidiano eo alvento de rrcmorivel? A linguagem do sentimento de pertenece a ima nagio vem carregadk de fbolas ative, ‘que levou Benedict Anderson a perauntar: "mas por que as nugdes enaltecem seus eabelos brancos Jo sua extraordiniria juventude?"* A pretensio & modernidade, por parte da nagio, como forma sw ‘inoma ou soberana de racionalidade politica, € panicularmente questionsvel se uotarmios a perspec Liva pOs-colonial de Partha Chatterjee 0 naciomalisme .. procera representar-se na imagen do luinisne e vio aleanga este abjetce Pogue 0 prdpria Hninismnn, para afirmar sta soberania con o ideal wniversal. precisa Ue sex (Outro: se pudesse materialzar-e no mundo reel con 0 veradetraorene univers, 90 dete a sua utordestrigo® Esta ambivaléneta ideolégica apéia muito hem o puradoxal panto de vista de Gellner de quea necessidade histiriea da idéia de nagdo entra em conflilo com 0 contingenie de signos snbolos arhitiios que representa a vids afetiva da cultura nactonal. A nage pode sero exemplo da moderna {ev238o social. mos a mavionalisma ni éo gue parece e, cia de tudo, no 60 que parece paras priprio .. Os fregnee lane retalhor cultures liedos pelo nacionalism sap. feguenemente, ivengeshistivieas arb Inirias. Qualqucr fongmenta servria, Mat iso no signifen de forin agama. ie © principio db sn ionaisina stent ou uma contingenci.!® [As froniciras problemiticas da mogernidade séo materializadas nestas temporalidades am bivalentes do espugo-nagdo, A Hinguagem da cultura e da comusidade equilibra-se nas fssuras do pte sente, ransformundo-se nas figuras revérieas de um passado nacional. Os historiadores, imobilizad _no momento e nas origens da nagio, € 95 eéricos politicos, possuldes pelas “mvodesmas” toalidades rnagio ("homogeneidside, alfabetizagSo e anonimato so os tages principais"),!" deixar de colocac cembaragosa pergunta da representaeio fragmentada do social neste duplo tempo da nagio, Na verdats apenas no tempo fragmentrio da modemnidade da nagio ~ como um conhecimento distinto enire = cionalidade politica e seu impasse, ene os fragmentos ¢ rtalhos de signficagio cultural eas cerca ‘de uma pedagogie nacionalista ~ que as questdes da nagio como narragio vem a ser colocadas. Com’ ‘construimos 0 enredo da narrativa da nago, que deve sera mediadora da teleologia do progresso, cs brugando-se sobre o discurso “atemporal” da irracionalidade? Como podemos compreender a "homo -encivude” ds modernidade ~ 0 povo ~ que, se excessivamente pressionada, pade adquitir uma fons parecida com 0 corpo arcaico da massa despética ou totaltiria? Em meio 20 progresso e 8 miaderns ‘de, ingaagem da umbivaléncia revela uma politica”sem duragio", como Althusser escrevew de forms {TT Davita, Dizenination, rad Barbora Joharon Chicago Chicago Unitersty Press 1881). p 210 A MLAndesion,"Natatng the non". The Ths Literary Supplement 3: Pechanerwe, tenia Phong and The Colonial WorldrA Derisarive Discourse (Landon: Ze. 161 To. Geller Nass ond Nenionatinn (Onto: Bas Slaekwell. (983). p56 1 bids i provocadora: “espago sem lugares, tempo sem duragio."2 Escrever a historia Ja nagSo exige que seja aticulads ambivalénciaarcsica que informa a modernidade. Podemos comegar pelo queslionamiento da metifora progressiva da corso social moderna ~ many as one (muitos como uth) ~ compariliid por tcoriasorginicas do holismo da culturae da comonidade, e pelos teéricos que tratam género, classe (0u aga coma totalidades soca radicalmente“expressivas Partindo de many as one: esta msxima fundadora da sociedade politica da nago modesna ~ sua expressio espacial de um povo unitivio ~ encontrow sua imagem me guagens da critica literria que procuram retratr 0 grande poder da ideia da nigdo nos revelagbes Seu eotdiano, nos detalhes surpreendentes que emergem como metaforas da vid nacional. Isto fuzeme lembrar « maravithosa deserigo feita por Bakhtin de uma vizdo de emergéncia “nacional” na obra Iatian Journey de Goethe, que representa o triunfo do componente realist sobre oromintica.A narra iva wealista de Goethe prodv2 um tempo hisiérico-nacional que torna visivel um dia ipieamcate ial ano nos detalles do passar do tempo: “tocam os sas, rexs-se 0 tego, riada entra masala corn ema lamparinaacesa ei “felicssima notte. Se Ihes Fosse imposta uma saudago em ales, as pesos feariam confusas"" Para Bakhtin, € a visio de Goethe do pulsar mierosespico, elementar. talvez aleatério, da vida cotidiana na Ilia que revela a bistéria profunda de sua localidade (Lokal), ‘expecializagao do tempo histrico, “una humaniaagio erativa desta localidade, que transform parte do espago tcrresire emi um loca de vida histica para 28 pessoas." A metifora recortente da psagem externa como a palsagem interna da dentilads nacional enfatiza a qualidade da luz, a questo da visiblidade soeal, 0 poder que tém os olhos de nateralizar & retorica du afiliagdo nacional e suas formas de expresso coetiva, Entretanto, sempte hi u presen per turbadora de outratemporalidade que confunde a contemporaneidade do presente nacional, came 8 mes nos discursos nacionas no inicio dest alho, Apesar de enfatizar vido realista na emerg6ncia da nago na obra de Goethe, Bakhtin reconhece que arigem da presenca visual da negio € octeito de tum esforgonarrativo. Desde o nico, escreve Bakhtin, as concepedex realist romantica de tenpo es exisiem na obra de Goethe, mas oespeciral (Gespensteraiissiges,oaterrrizante (Unerfreuliches 0 inexplicivel (Uncuberechnendes) sio"sobrepujados" pelos aspectosestruuras da visualizagio do emp: "a necessidade do passadoe a necessdade de seu lugar em uma linha de desenvolvimento continuo «inalment, o aspecto do passudo sendo ligado a um futuro necessiro." O tempo nacional torn se cconcreo visivel, do principio a0 fim, no crondtopo do loeal, do panicular e do grafico. A estrutura narraiva desse sobrepujamento histrico do “espectral” ou do “duplo” é vista na intensilicagao da sin- aplar0cutso mais iaxério do puro tempo hist6rico-e fixé-lo por meio de contemplago nfo intermediada." Mas que tipo de “present este, se & um processo consistente de sobrepujumento do tempo espectral da repetigao? Esse tempo espago nacional pode ser 130 fixe ou Lo imediatamente visfvel quanto afirma Bakliin? Seouvimos, no"sobrepujamente de Bakhtin, o eco de ovtea ilizagSo desta palivrs por Freud cemseu ensaio sobre O Estranho, comecamos,ertdo,a perceber 0 sentido do complex tempo di ts tiva nacional. Freud associa sobrepujanento Com as repressBes de wm inconsciente “cultural” umn esta éoliminare incero de erenga cultural em que emerge 0 acaico, no meio ou nas margens da modern de, resuliante de alguma ambivaléncia psiquica ou incenea intelectual. © “duplo” éa figura mais fe- aqUentemente asociada a esse processo estranho da “uplicagdo,divsto eintercdimbio do see” Ese TEL, Aihanar Moniesgien Rouse, Mars (London: Vers, 1972. 9.7. 15 BBatin Speech Gres nd Oe Lave Braye Emraona9dM, Holgi ad. VW McGee (Aun Tex: Unser of ex Pes 1980) p 3) 1S If Ge pin 17S. The Uncanny’, In The Standard Edition of The Couple Peycholopcel Works of Sigmund Fea 3 Swachery London: Hogarth 1955) p28 Mer também pp. 36,247 cronia marrativa como uma posigio eraficamentevisivel no espa “tempo duplo” ndo pode ser representado, de maneita simplista, como visivel ov fexivel er “ontemp ht ‘$30 no mediada”; nem podemos aceitara tentativa repetida, por parte de Bakhtin, de ler o espas0 93° ional como se pudesse ser obtido apenas na oteldade temporal. A percep do tempo" duploe divi- dio” da representagdo nacional, como proponho, leva-nos a questionar a visdo homogénew & hotizo® tal geralmente asociada a ea. Somos levidos a perguntar, de maneira instigadora, se a emengéncta Je uma perspectiva nacional - de naturezsclitista ov subaltera~ dentro de um culura de contestug SO «il, poderiaanieulur soa autoridade"represemtativa” naquelsttalidade do tempo naratve ema sincranit visual do signo proposta por Bakhtin ois elatosbrilhantes daemergéncia de narrativasnacionais parecen sustentara minha sve" 0. Blesrepresentam as visées de mundo, diametralmente opastas, da senhor ¢ Jo exeravo que. cme So responsive pela principal dialétiea historieaeMlosofica ds modernidade, Tenho em mente aes pléndida anise, feta por John Barrel, do status terri e em perspectiva de “gensTeman ingles” it setido na diversidade social do romance do século XVIII, € a inovadora letura de Huston Baker dos novos métodos nacionais de estudar, interpretare falar sobre © Negro a Renascenga do Haier." Em seu enssio final, Barre! investiga as possbilidades de uma "pesquisa igual ¢ ampla” ¢ demonstra ‘como a demand por uma visio holisticae representativa da sociedade somente poderia ser reveladt airavés de um discurso absessivamente preso 2s fronteiras da sociedade e is margens do texto €, men eanpo,incerto quanto a els. Por exemplo, a hipostatinada “Tinguagem comum”, que era a lin= vagein do entlenvan, Fosse ele Observer, Spectator ou Rambler, “comum a todos pelo fato de no ma- nifestar as peculiaridades de qualquer pesto" ol inicialmente definida por meio de um processo de incpagho (de regionalismos, de profissies, de classe). Assim, essa visio centrada do “gentleman” po- det ser considerada come “una condigio desprovida de potencial, uma pessoa que imaginamos ea paz de comnpreender tudo e que pode dat sinais de nf ter compreendido nada! Baker tora em Ouro ponia da liminaridads em sudeserigdo éa "marronagem radical” que estruiurou v emergéncia de wm ‘expressiva cultura insurgenteaffo-americana em sus fase “nacional” de expansfo, A idéia de Baker de {que 0" projeto discursivo” da Renascenga do Harlem é modernista bascia-se menos em uma compreen- siv est ria do termo e, mais apropriadamente, nas condigdes enunciativas agonists dentro yento moldow sua pritica cultura. esteuura ransgressorac invasiva do texto negra “nacional”, que tira partido de estratégias etérieas de hibridismo, deformagao, mascaramento e inversi, & desenvolvidsrpar meio de uma analogia ampliada com a luta de guertilia que passou a ser sia de vida nas comunidades marrons de escravos fogidos e outros fugitivos que viviam de form pe- Figosa ¢ insubmissa “nas frontiras ou margens de todas as promessas, lueros e mStodos de produgto {dos Estados Unidos.” Dessa posigio liminr de minoria onde, como diria Foucault, 2s relagaes de dis ceurso sie de natute7a béliea, surge forga do povo de vina nag afro-americuna, quando Baker“esten- {dewele" a metfora ampliads da marronager, Em lugar de guerciros, loiaseescrtores ow até “signs” eres guereinos altamiente aapidvels ¢ dels rraram 0 wdsimo proveito lo ambiente, aacando € ‘ennundo-se com grande ropidet,wizande a maa para enewcralar os adversirias nn foga eric, Inondo apenas onde e qn querian,contendo com redes confides de intligéncta entre os sums exeravr gt fede rae) e comune se reiemnent pr Mei de TH Tas Ravel doh erate Hin. £73089 (Loman: ichinson. 1983) 18 Raker Moet ad The al Re (Cag, his Unis Pe SP. ap 89 21. thid p28 2 Rackanl Price, Mevwn Societe ede em Bakr op. sit, p77 se eed Tanto © xenlemein quanto a excravo, com diferentes meios culturais € objetivos histvicos muito diveisos, demonstram que podein surgi forgas de autoridade e subalternidade social ern estate Bias de significugo deslocads e até descentradus. Iso nio impede gue sejum represcntativos no sen lida politico, apes de sugerir ue cargos de autoridade so, por si s6, parte de um processo de identi~ ficagao ambivalente. De fato,o exercicio do poder & cupaa.de ser mais politicamente efetivo ¢ pique mente wfettvo porque sua liminaridade pode forneeer mais escopo para manobras estratégicas ¢ nee agio. E preeisamente ao ler entre esis fronceiras do espago-nagio que podemos ver como 0 “poo vem a ser consirufdo dentro de uma gama de discursos como um duplo movimento narrativa. O pove Go € simplesmente fatoshistricos au parte de um corpo police patistico. E, tamém, uma comple Au estratégia reldrica Ue ceferéncia social onde a pretensio de ser representativo provoca uma crise dentro do processo de signiicagao ¢ da abordagem diseursiva Temos, entio, un tetritsrio calterak contestado onde se deve pensar 0 povo em um dupla tempat a pova € 0 “objeto” histirico d uma Pedigogis nacionalista, dando wo discurso una autoridade baseads na origem ou no evento Kisiricee Dré-estabelecido ou consttuido; 0 povné,tamiém, o“sujeit” de wn processo de significugto que deve pagar qualquer presenga anterior ov orgindris do povo ds nagio para demonsiraro preligiosoprine pio vivo do povo como o processo continuado que redime e di significado & vida nscivnal ewrmo umn processo reprodutivo que se repete. Os frggmentos, reales e tapos da vida eotiians de Tidamente trnsforsiados nos signos de uns cultura nacional, enquanto o proprio ato do deseampentho anarcativa imerpela um cireulo crescente de sujeitos nacionais. Na produgo da noe como narra. hi uma cisdo entte u temporatidade continuista € acumulativa do pedugdgico e a estratégis repetida © recortente do protagonicv.& através deste processo de cisio que a ambivsléncia conceitusl dasevicds sde moderna transformarse no local Ue se escvever a nugiia. © espago do povo A teasio enire 0 pedagégico ¢ 0 proiagdnico, que identifiquel na ubordagem namrativa da ‘ago, transforma a referéncia a um “poxo” ~ nda importa de que posig2o politica ov ealtural—em wa problema de conhicimento que perturbs 2 formagio siniadliea de yutoridade social. O povo eo ¢ a Prineipio nem o fim du nurativa nacional. Represcatao limite entre 0s poderes totlizadores Josocia «as forgus que significum s abordagem mats especifica de imeresses e idemtidades conflitantese dex {uais dentro da populagso. O amibivalente sistema de construsdo de significados do espugu-nagdo par- ‘icipa de uma génese mais geral da ideologia nas sociedades modernas, descrita de manera asi tiva por Claude Lefort. Para cle, também, é “o enigma da lingusgem”, go mesmo tempo inerno © exierno ao falante, que forneceo parslelo mais adequado para imaginar-se a estruturs ambivalent que constitu s autoridade social moderna. Farei uma longa citaglo porque sua extraordinariacapacktake de sepresentar 0 msimenio do poder politico, wlém da cegueira da ieologia ou do insight da kia, leva ‘© Squelaliminaridade du sociedade moderna que venho tentando demonsirar ser 0 ponto de pata da hartativa da nago e de seu povo, Em Heologia a repretertaeto da regra & separa de sen fancionamenta eftivi.n\ rene ans. ‘sir ht experiéncia de tnguagem: & creunterta trnt-te completamente visi estes que ‘elu possbiidacde dessa experiencia..O entgma da lingugers ~ ito €. ser fnferi e exer oe Jalan, e 0 feta de hover uma artiewlagao do eu com os outros, que marca una emerge i nto ‘como do en € ocultao pela ropresentasio de uns lugar “exterior” Esse luge lingmsgemm ee Durtir ds qual o enigma poser ser gerada...Enconramos a umbisiidade de represertagae tssima (que regr€ emunciuda, pr sus exposigdo mina o poder gue a rgra etna colour em price: Este poder exorbitente dere, de Jato, ser demonsiradoe, a0 mero tempo, nao deve tr gualgier ‘bito para com o movimento que ofa: surgir.. Para ser field sua imagem, a regre deve serebstra- da de qualquer questao que diga respeito d sua origem. Assim, la bai além des operaper gree a a TT 7 © cfeito dessa finalidade do Estado sobre a liminaridade da representagio do povo é que & Politicamentesignificaivo. O pove do staré mais contdo no discurso nacional da teleologi do pe _Bfess0. no anonimato de cada pessoa, na horizontalidade espacial da comunidade, no tenypo home eo das narrativas socias, na visibilidade historicisia da modernidade, onde “o presente de cia nivel [do social] coincide eom o presente de todos os outros niveis, de maneira tal que o presente passa anc ‘uma parte essenciaf que tornavisivel aesséncia”.%A finitude da nugio enfatiza ocarster imnpossivel de ‘uma totaidade expressiva com sus alianga entre um presente pleno ¢ imaniente ea eleima visiilidade do passado. A fiminaridade do povo ~ sua dupla inscrigo como abjetos pedugSsicos ¢ sl tagdnicosexige um “tempo” da narrativa que € rejeitade no discursohistorico, onde a narrativag ape nas 0 veiculo do fato ou um meio de continuidade natural da Comunidade ou da Tradigao, Ao descrever ‘integrago marginal do individvo na totalidade social, Foucault oferece uma descrigio dtl da racions Hidde da nagio moderna, Sua principal caracteristica, esereve: i € casio do Esto, mais fio dire os monstrs eis. nem a ascent do vats mo burgués, Muito menos drei que é 0 esforgo constante para integrar as pessens a aide politica. Acho que a principal earacteristica de nosea racioalidade pote & fat ie ye sa Integragees des pessoas em wu comunidad ow em urna tooldde &o resultadoda constante rrtcls (io enire wna indviduatzagaa ceseente ea reafrmayie dessa toaidade. A partir dese pon de sta, pelens compreender por que a racionaidade politica minderna € perl pee antinsnie centre alefe monn. Aprenddemos com Vigiar ¢ Punir que as pessous mais individvalizadas sio colocadas 4 or. {gem do social para que a tensi0 ene a lei ea ordem posse produzira sociedad disciplinar ou pasta Depois de coloear 0 povo nos limites da natativa da nagBo, quero agora explocar formas de identidilc ‘cultural e de soliduriedade politica que surgem das temporalidades disjntivas da cultura nacional. Esta uma lio de histria que devemos aprender com os paves cujas irajetGrias de marginalidade foram ‘mais profundamente enredudas nas antinomias ds lei eda ordem: os colonizados ¢ as mulheres. De margens e minorias A diffculdade de se eserever ahistéria do povo come a agonistica insupersvel dos vivos, oma «as experincias incomensuréveis de lutae sobrevivéncia na construgio de uma cultura nacional encen- {sua melhor expresso no ensaio de Franz Fanon On National Culture.% Fago dele meu panto de partida porque é uma adverténcia contra a apropriagd, pelos intelectuais, da cultura de um pox {nis imposta quem soja esse povo) dentro de um discurso de representagdo passivel de ser ixada reificade ‘nos anais da Histria. Funon esereve contra essa forma de historicismo que pressupBe a existénci Je ‘um momento, quando 3s temporalidades diferenci as cultura fundem-se em um presen {imediatamente reconhecivel. De acordo com meu enfoque, a énfase & colocada no teqipo da represen- ‘agGo cultural, so jnvés de historiar fato de manciraimediata, Explora oespago ds naga sem identilie’- Tid pp. 131-4. Relea erumentuo por ntiospritcos. MEL Alsser Reodng Copal thandon: New Left Books, 1992, pp 122-32, Por enotivesprtcos fz wns nnve de verses descrigies de efeinsietapcos do hrc, feias por alinsser, 35. Rouen opt pp. 1h 36. F Fane, The Wreed ofthe Ear Harmondswork: Penguin 1949). As cages referécia 0 procniemes Ua pp 17a, lo imediatamemte com a insttuigho histériea do estado, Uma vez que, neste ensdio, no estou preocup- da.com a stra dos movimentos nacfonalistas, mas apenas com determinadastradigdes de escuta que tentaram consti narativas do imaginério do povo da naglo, devo « Fanon a liberagéo de um teripo certofincerto do povo. Conhecer 0 pove depende da deseobera, diz Fanon, “de uma substancis muito ‘mais fundamental ue se renova continuomente™, de uma estratura de repetigao invnivel na ranslacides dos costumes populares ou nas objetividades 6bvias que parecem caracerizaro pove. "A cultura tem horror simpiicagio",escreve Fanon xo tntar localiza o povo em um tempo protagonice: “0 ‘mento fatuante a que © povo nda estd dando forma” O presente da histéria do pono &. ent ica que dentro principios eonstantes da cultura nacional que tentarneetorm vin passado ns cerdadeiro",freqlentemente represeniado nas formas reificadas do realism e do esteresipo. ses conhecimentos pedagégicos eas narrativasnacionais eontinufstas no stingem x "zona dein bilidide oct abitada pelo povo”Cexpressio de Fanon). partir desea nstabilidade de signicagao cltral que cultura nacional vem 2 ser antculada como uma diastica de vias temporaiddes ~ mxeans, colonial, pOs-colonist, “nativa” ~ que nfo pode ser win cannecimento estahilizao etn sua «emunciagGo:" sempre eontemporinea com 0 alo de relate E 0 lo presente que, em cada uma de as ‘corrncins, odena-se na temporalidad efémera, habitando o espago entre o ‘contaram-me" e 0 Sou ontario" ‘Ousi este movimento narrativo do povo péx-colonial, em suas tentativas de eriar una cult nacional. Sua ertica implicita das formas fixas ¢ estiveis da narrativa nacionalista torna imperative ‘questionar as teorias ocidentais do tempo horizootsl, homogéneo e vazio da narrativa da nagio. A Jingusgem da “instabilidade oculta™ da cultura € relevante fora da sitwagiio de luta anti-colonial? O incomensurivel ato de viver~ to freqlenteniente descartado como ético ou empirico~ tem sua prépria parrativa ammbivalente, sua propria histéria de teoria? Ele pole mudae a maneira com identificamos a estrutura simbslica di nagGo ocidental? Wamen’s Time'® apresenta uma salutar bistéria feminista em uma exploragio semethante do tempo politica. & pouco reconhecido o fato de que este célebee ensaio de Kristeva possui uma histéria ‘conjunturale culturul, nfo 6 na psicandlise e na semistica, mas em ums critica e uma redefinigio Posderosas da nagio como esparo para o surgimento de identificagées feministas poltiea e psiquicus, ‘A nugiv come denominador simblico é, segundo Kristeva, um poderoso repositéria de conhecimento cultural que desfuz us Iigicas racionalista e progressista da nagio “canOnicu”. Esta histéria simbdlics «du cultura nacional est inserita na estranha temporalidade do futuro do pretérito, cujos efeitos nio sto Uiferentes ds instabilidade oculta de Fanon. Nesse tempo histérico, o passado profundamente reprim do inivia uma estratégia de repetigio que perturba as totalidades socioldgicas, dentca das quai reco- hecemosamodernidade da cultura nacional, de maneira um pouco forcadla, contra ou a favor ds r3230 Ue estado ow da irracionalidade do reconhecimento ideoldgico errineo. As fronteiras da nugdo, afirma Kristeva, esto constantemente diante de uma dupla tempo- ‘alidade: 0 processo de identidade constituida pela sedimentaciohistérica (o pedag6gico).e u perda de ientidade ao processo significative de idemifieagSo cultural (0 protagdnico). O fempu € o espago di consirugiods finitude da nagzo, feita por Kristeva, sfo andloges ao meu argumento de que a figura do ovo emerge na ambivaléncia narraiva de tempos esignificadas disjumtivos a partir da liminaridade da cultura nacional. cireulago concomitante de tempo linear, cursivo e monumental, no mesmo espso cultural, constitui uma nova temporalidade histérica que Kristeva associa a esteatégias feministas de SH TCE Tyee Posparaern Condon. wa, Geof Benningion eBran Mascimy Manchest Manchester Unversity rcs 9H) p22 3%. Mivicop. ct. 187-213. Eta passagem fl esc em respsia a nsstemeguestiononeno de Nandini e Praminds “uronic seni Pro. Thome Gabriel, see "sures siereteas”-na Universidade da Calter Los Angeles 2 non danade i psicanaiicment nformadas. Oextaordindrio a sua inssténca de que 0 si 0. dotado de género, pode manter juntas épocashistéricesexitemac 2 igucePoieosdeempo emininade Kristeva, que miliplo de cisto, teva aoque els Garaming a “desmassifengo da dierenga". O momento curl da “neatiee ‘culta” de Fanon 1eaRiTca@ Povo em um movimento Nuwante aque esi dondo forma de sane que a época péis-co- Joa Guetton as iad eleclgica do pasado e do presente essere id historicistapotari- ada do areaico ¢ do moderno. Nao fugo aqui simples tenvaivne da inverter 0 equilibriodo poder dente etums ortem de dscuro que nfo madou. Fanon e Kristeva procuran degen Processos simbii- dieu gong grat oimeginsiosocal-nogGo,culturaou comumidade-teantore coe sujeitodo dieu © objeto de idemifieagiopsiqucs. Ao tentarem inverter o alinhamenn sujeito e objeto na Cultura da comunidade, través dessas temporalidades dfeeonorey Forgam-nos a repensar a relayio en- Nene ea eniiescao co signo de bistéra dentro desis linguagens.polticang wan signamo povo “camo iam-nos a pensar sobre a ~o pedays- ree, los de mancia agonisiea A linguagem da coletvidade v decor cidade donee omossneidade cultural nem o esparo horizontal da nagae pos saad dentro do conhecidotersitério da esfera ulin: acausaldate wees Bondage eraamem®epnisicoc anbalenteenseopedegegcnco paneer far Ero a af, Spleen em um deseo signer eons nee ga. assim que ante, techne, imugem, representagio, convengao, etc. constituem suplementos para a do upinen eet com tds xa ano cumuaive(pedapigis)-Enietare in imagen Sus gue “le inv ou ime no tau ae Sele a oe imagem. é por cwsa ds dara ge gto. implement acrescenadepsiviade oan ne pro. rn Em alg gar, alguns cosh poe er leg aes’ meng ee Sia ep Sets" (protagbicos)s! Ene copgo sapien ee Her ade de parldade—ondea imagem &presengac sbsituesonte neces ee 39 Anieison op ck p38. 2 caer tail. a. CSpot Hopkins Unversity Pes 1976. pp. 1485.0 Iba ag ME Mee fe nr Camis anon Geka eae wee Sh Ibid a ' natuteza, que 0s tempos exorbitantes € disjuntivos de Fanon e Kristeva podem transformat-se nos dixcursos dasidentidades culturais emergentes, dentro de uma politica nio pluralista da diferenga. Exteespagasuplementar de significagdo cultural que abre —e mantém reunidos ~o protagénico © pedugsigio, proporciona uma estroturanarrativa caractetistica ds modema racionalidade politica: a integrago marginal de individuos em um movimento repetitive ente as antinomias da ei eda order, do movimento liminar da cultura da nagio — a0 mesmo tempo aberto € reunida ~ que emerve 0 Use ‘curso da minocia, Sua estratégia de intervengio é semelhante wo que os procedimentos purlamentarcs reconhecem como uma questo suplementar. E uma questo suplementar an que se eneontra ns puts, ‘mas como ocorre “depois” do original, ou “ean acréscimo” a ele, oferece a vuntagem de introulzir uit sentido de “secundaridade™ ov atraso na estrutura do original A estratégia suplementar sugere que “erescentar™ ao precisa “somar”, mas pode perturbar 9 céeulo. Coma resuiniu Gasch, "os suplemen tos. So algoa mais que compensam um algoa menos na origem".? A estratégia suplement inter. Tompe a seriaidade sucessiva da narrativa de pluras e pluralismo ao mudar radicalmente seu modo de lniculago. Na metéfora da comunidade nacional como “many as one”, own passa set tanto atend cide se totalizar 0 social em um tempo homogéneo e vazio quanta x repetigao daquele algo a menos na brigem, o menos-do-que-um que intervém com uma temporalidade metonimica na representag3o do ovo visivel nos exeritos politicos de Julia Kristeva, Se omititmos seus conceitos de tempo da mulher Ecailio feminino, el parece argumentar que a “singularidade” da mulher ~ swa represeniagio como fragmeniagi0¢ inmpelso ~ produz uma dissidéncia, e um distanciamento, dentro do priprio lo sims Tico que desmistifica “a comunidacte da lingua como um instrumento universal unificaor que totaliaa € ixwala".*8A minoria ndo confronta simplesmente © pedagégico. ou 0 poderoso discurso dominante com um referente eontriditério ou de negagio. Ela nio transforma contrudiglo em um processo dialé- tico.Interroga seu objeto retendo inicialmente seu objetivo. Ao insinuat-se nos termos de referencia do iseurso dominante,o suplementar antagoniza o poder implicito de generalizar, de produzir a solidez soviokigica. Questionar @ suplemento ndo € uma retérica repetitive do “fim” da sociedade, ¢ sim uma metltagio sobre a disposigao de espago e tempo a partir da qual deve eaniccara nartativa da naga. O poder da suplementaridade no € a negaglo das contradicées saciais do passado ou do presente: como veremos adiane, na discusso de Handsworth Songs. Sua forga encontci-se na renegociagao das épo: 2s, fermose tradigbes através das quats transformamos nossa incerta ¢ passageira contemporancidade em signos dahisiéria, Handsworth Songs & um filme feito pela Black Audio Collective durante os levantes de 1985, no bairo Handsworth, em Birmingham, Inglaterra. Rodado em meio ao levante, € dividide em {ois momentos: a chegada da populagdo migrante na década de 50 ¢ a emergéncia de poves tritinicos ‘egros na diispora. O proprio filme faz parte do surgimente de uma politica cultural britanica negra. Enire os momentos de chegudy e emergéncia estfo0 incomensursvel movimento do presente. o tempo fico de um continuado deslocamento da narrativa; © tempo de opressioe resiséncia; o tempo de realizagdo dos protestos nas ruas, marcados pelo conhecimente pedagsigico das intituigdies do estado, do racism dhs estatfsticas, dos documentos ¢jornaise, depois, pela permanéncia perplexa das cages ‘de Handsworth e de lembrangas que retornam como lampejos em um instante de perio. Duas imagens sio repetidas incessantemente a fim de traduzir a prplexidade viva da hist [para 0 wempo da migraeio. A primeita éa chegada do navio carregada de imigrantes das ex-colinias, ‘Que vo ssindo dele, emergindo— como no cenétio fantasmitice do romance familiar de Freud ~ para’a EE Gaste open p TL “48 Mi op esp 10. Tao efiro-me a um argumenioensoniid mp 296 “#4 Tus os ges so provereries do scrip de Hangsworth Song, penerovannnie caida por Black Aw and Fl Calectve a " tercsoade ocalyamento dis rus € de ou. outra imagem é a do perplexidude edo poder Je um poo emergentecaptadanaflmagem de um estrangeirosterrorizado abindo camino em meio sum fare Jnio de poticiis. E uma imagem consantemente repetida durante o filme, uma tpetgao pesipoe no dela atu de cinema, limite da vida humana que taduz o que Viti dapois eo qu seeecty tes a0 se escrever a Histris, Veja a repeticdo do tempo e da espago dos povos que ven tntando citar Com o tempo, exigiremos a impossivel para liar a partir do que foi passiet: Com o temp rats ime aclamardo sem apologia: Com otempa estarei cena ao dizer gue nia hi histdrias .) ns rier. fos de rua apenas 0: fantasmas de outras hstrias. ‘A demanda simbéliea de diferenga cultural consttui una histéria em meio wo levante. partir 4a desejo do possivel dentro do impossivel, no presente hisiérico dos protestos de rua, emerge a rep tiga funtasmagrica de ouiras casos, de outros protestos: Broadwater Farm, Southall, St. Pal’, Bristol, [Na repetigdo fantasmagériea da mulher negra de Lozells Ré,, Handsworth vé o futuro no passado. No hhdbistorias mos protestos, apenas os fantasmas de outras histrias, segundo disse a um jotnalista local “podemos ver Enoch Powell em 1968, Michael X em 1965”, Ea partir dessa repetigao es eonstedi una bistéria Dentro do préprio filme, ouga outra mulher que fala outra linguagem histériea. pani do ‘mundo arcaieo da metatora, envolvida no movimento do povo, ela teaduz o tempo de muilunga no vaie vem do riino no dominado da linguagem: o tempo sucessive da instuntuneidade, o ir de cacontzo ws horizontes e ao uxo di gua e dus palavras Camino de csins pora 0 mat haricontes frente Digo deus wo mar e cle rtorna, Ando enele ress, ‘Segue ox pass ile minha jornada E quando me fevania inant meus asso. A perplexidade dos vivos no deve ser compreendida como algam tipo de angustia existencial « ética do empirismo da vida cotidiana, “no ctemo presente vivo", que dé 40 discurso liberal uma fica feferéncia social dentro do relativismo cultural e moral, Nem deve ser apressadamente associa 3 Dresenca espontanea e primordial do povo nos discursos libertadores do ressentimento populista. Na ‘consirugio desse discurso de “perplexidade viva" que estou tentando produzit, devemos lembrar-nos de que 0 espaco da vida humana € empurrado para seu extrem incomensurdvel: a julgamento dos ~vivos est chtio de perplexidade: o topos da narrativa ndo é nem 2 déia transcendental e podogdgica de historia nem a instituigao do estado, ¢ sim uma estranha temporalidade da repetigo de ums a outa ‘um movimento oseilamte no presente da autoridade cultural O tiscurso da minoria estabelece o ato de emergir no entrelugar untagonico da imagem e do signo, do acumulativo e do adjunto, da presenga edo substitute, Ele contesta genealogias de “origen ue levar a reivindicagGes de supremacia cultural ¢ de prioridade histGriea, O discurso da minoria sc conhece o status da euliura nacional ~¢ 0 povo-~ come um espago confituoso e protagénico da perple. ‘iduade dos vivos em meio 2s representagies pedagdgicas da totalidade da vida, Mas nao hi motivo puta se acreditar que essas marcas de diferenga — 0 tempo incomensurdvel do sujeito da cultura ~n80 pos. ‘am incorporar uma “histéria” do povo ou transformar-se nos pontos de reuniio de solidariedade pol ‘ica. Entretanto, elas ni exaltartioo valor de monumento da meméria historicista, a solidez socioldg- 2 ou otalidade du sociedauke ou a homogencidade da experiéncia cultural. O diseurso da minasia fe. ‘ela a insuperdivel ambivaléncia que estratura © movimento equivocudo do tempo histéico, Como po= demos encontrar 6 passado como uma snterioridade que continvaniente intros una alterdade no Presente? Como podemos, entdo, narrar 0 presente como uma forma de contemporancidade que ests oe rrrr—vrv——TE—eeereee— Fo ‘sempre atrosada? Em que tempo hist6rico essas configuragSes de diferenca cultural assumem formas de autoridade cultural e politica? Anonimato social e anomia cultural Benedict Anderson sugere, em Imagined Communities, que a narrativa da nog30 moderna somente podecomesar quando a nogdo de “arbitrariedade do signo” fraturer a omtologia sacra do muns {do medieval e seu avassalador imagindrio visual ¢ auditivo. Ao “separar a linguagem da realidad (Cexpressto deAnderson), 0 significant arbitririo torna possivel uma temyporalidade nacional do ‘ent tanto’, uma forma de “tempo vazio homogéneo", 0 tempo da modernidade cultural que se sobeepae & nogio profética de simultaneidade-no-passar-do-tempo. A narrativa do “entretanto” permite um “tem: ‘po transverse, eruzado, marcado pela coineidéncia temporal. ¢ no por untecipaeao e realizags ‘medido pelorelégio e pelo calentkirio™* Essa forma de temporalidade produz uma estrutura simblica da nagio como “comunidade idealizada” que, de acordo com a escala ea diversidade da nagio moder ‘a, funciona como a trama de um romance realisa, © avango constante do tempo no calendio, nis paluvras de Anderson, dj uma sotidez sociolégica 20 mundo imaginsrio da naga: iga, no palco naei ‘onal, atuagbes e wtores diversos, inteiramente alheios uns dos ours, exeeto como usta fungso desse sincronismo do tempo que no. previsto, mas sim ums forma de contemporancidade civil eal izads nt totaidade do tempo. Anderson historia a emergéncia do signo arbiteio da inguagem —e est falundo do provesso de significasio, no do progresso da narrativa ~ como aguile que teve de vir antes que a nasrativa da #0 modemna pudesse comegar. Quando se desceniralizs a visbilidade profética e a simultancidade dos sistemas medievais de representagio dindstica, a comunidade homogénea e horizontal da socieda- {6c moderna pode emezgir. 0 povo-nago, por mais dividido e disperso que este, ainda pode assumir ‘uma forma de “anonimato” democritico na fungio do imaginseio social, Ha, porém, uma profunda acess no signo do anonimato da comunidude modema e no tempo = entretuiro ~ de sua consciénc! narraiva, como explica Anderson. Deve-se resaltat que a nagrativa da comunidade imogingria € cons- ‘ufda a partir de duas incomensursveis temporalidades de significado que ameagarn sua coeréncia. AO ‘separar a linguagem da realidade,o espago do signo arbitrio permite que Anderson enfatize a nature- 2 imginria ou mitica da sociedade da nagfo, Porém, o tempo diferencial do signo arbitririo no é sincrGnico nem ocorre em série. Ao separar-se a linguagem da realidade - no processo de significaso ~ nao hi equivaléncia epistemol6zica entre sujito ¢ objeto, ndo hi possibilidade de mimese do signi- fieado. O signo temporaliza a diferenga iterativa que cicula dentro da linguagem, a partir da qual 3¢ forma o significado, mas ele nio pode ser representado tematicamente dentro da narrativa como um tempo homogéneo vario, Essa temporalidade é uma anitese slteridade da signo que, de acordo com ‘minha idgia da nutureza suplementar da significacSo cultural, singulariza e aliens holismo da comu- idade ideafizuda, Do lugar do entretanto”, onde a homogencidade cultural eo anonimato democriti- 0 fazem reivindicagdes sobre a comunidade nacional, emerge una voz de povo, mais instantinea € subulterna, um discurso de minoria que fala no meio de entce tempos ¢ lugares. Depois de localiza, inicialmente, a comunidade idealizada da nagio no tempo hom ‘narrativa realsta, mais parao final de seu ensaio Anderson abandona o “entretanto”, sus temporaidade pedagdgica do povo, Recorre a outro tempo de natrativa a fim de representar a vor coletiva do pove ‘como uin discurso protagGnico de identificagio pablica, um processo por ele chamado de unissenincia, Unissondneia é "aquele tipo especial de comunidade contemporinea que somente« linguagem suge- 5 Anieoon ep op 3 6 om se eouina uw enifetanto™ sineromico € novelistica, mas inserita em uma sia primordia de significado que “brotaimpercepvelmente de um parade cemtereon 1c (grifo meu). Esse movimento do signo ato pode ser simplesmentehistarado no surimeate da arava realists do somanes. & neste ponto da natatva do tempo nacional que discuso veleconsnta rods sus identiicagbo coletva do povo, nfo eomo alguma iatidade nacional transcendent, men {uma inguazem de duplcidae incomensurével que surge da cisto ombivalente Go pedunteiee oa BrotagOnieo.O povo emerge em um esranho momento de simuloero de tua hisldria- presen come “uma inimagaiasria de simalaneidade aav€x do tempo homogenco e vas O prea das places do diseurso nacional em origem em ama “suposta Brtanidade Ancestral" ¥E prechamcnte verpeee deste temo repeitivo do anteriralienante ~ a0 ivés de origem ~ que Lévi-Strauss escreve quonds ger, 20 expleara"unidade inconcinte™ da signiicapdo, qu “a Inga gem) 56 pode er sudo tuna ver. As coisas nie podem ter comecade a signifcargradusimente* Nessa sdbitasosteca de tempo do"*de uma vex" noi sineronia.¢ im uma quebra; no hi simultanedade, sim um dsjonsse espacial (© "entsetanto" 0 signe insta do que se encontra em proceso ¢ do protagbnico. NUo€ um simples presente continue, mas o presente como sucesso som sinronis: repcticto do cane subititie do espago-nagio moder, A incorporaroeniretanio da narativa nacional one espero vem sus vidas plurals auténomas dentro do homogeneo tempo vazio. Anderson devts escapee 6 tempo alienante eptitve do signo. Naurlizaa momentina sobitaneidade" ea posagio do igho bier, transformando- em pate integrante da emergenca histérica do romunce, que e wana manne {sade sincronia, Masa subitaneiade do significado incessant instantanea, a inves de vnhanee Eta insere um espago sgnificante de repetico em lugar de uma srialdade progresive ou linear © “saetanto”transforma-se cm un tempo bem diferente, ou signo ambivalent, ds povo da nage: Sec tempo do anonimato do povo,¢ também o espa da noms da nagao, De que forma poderemos compreender esta antrioidade da sigificugdo como umn posigso de conhecimento socal ¢ cultural ete tempo do “anes”, que no penetra harmoniesamente novreree, te do mesmo modo que continidade és radio, ej ela invemtda ou n20? Ela ponul sus porta hsv nacional na obra "Qurest ce gure nation” de Renan, que foi 9 ponte de panda pas vinen dos mais ifiuentesdepoimentos sobre a moderna einergéncia da naga: Kamenka. Geller, Benedee Anderson, Trvetan Todorov. © que meimeresia€ a maneira como a presenga pedagogies da meena, dade =a Vontade de ser nagio nto un tempo diferncial e repetitive reinstigao no presente {aunetaivo da nagdo, Renan firma que prnepionfonaturaista da nagto madera cad vopeecnnade na vontade de ser nagio, ¢ no nas identidades de raga, lingua ou territério. E a vontade que unifica a imemériahistrieae assure aunanimidade do presente. vontode €.de fata, anculsgdsde ove ds 3530, A exindnca de wna nado, sme permitem a metéfor, éum plebscto dro, da mes fon gue ‘asténcia de alguém é wma perpeua aftrmagdo da vida...O desejo das nagées € 0 tnice cherie legitino, quel a que deveonos sempre retornars® _/ vontade de ser nagio cireula na mesma temporalidade em que 0 faz 0 desejo do plebiscito \idrio? E possivel que o plebiseito descenire a pedagogia totalizante da voniade? A prOpria vontade de ine ra 8 thd 49. si Strauss. opt 958 50 Nesta publesghoccap2, p. 19.20, ae a a Renan 60 eal de umestranho esquecimento da histria do passadonacional:aviléacia que howve so se estaelceraeserita da nacto, Besse esquecimento~ um menos na orgem que consi ito ca narrative nacional A organizagio sindticae retérien deste argumento € mais exclarecedora do ue uslque letra abertamentehistria ou ideolégica, Veja a eompexidade desta forma deexquee' nem. ‘9, que €0 momento. guese artical a vntads nacional: “odos ox cidadsfrancests tm qu ere

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