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Untegoris de Kalle, Feta de de regi de Matos GREGORIO DE MATOS © Boca do Inferno e a bocca della verita DAVI FAZZOLARI A\ Icitura da obra de Gregério de Matos em nossos dias é tarefa que exige paciéneia, cuidado e distanciado espirito antropolégico, condigées indispen- saveis a0 leitor, a fim de nao incorrer em equivocos frequentes de interpreta- 40. £ preciso levar em conta o pensamento da época ¢ as condigées histori- cas daquela sociedade baiana em formasio, no século xvu, Uma leitura seca ¢ fria, descontextualizada, poderd levar o jovem estudante a conclusdes que mais 0 afastarao do principal cixo produtivo da obra de Gregério de Matos do que o aproximarao de seus recursos de estilo, tio complexos quanto os utilizados pelas referéncias europeias desse autor. E aqui, como leitores criticos, professores, estudantes, nao podemos errar. Nao ser o caso de proteger ou isentar de culpa uma sociedade patriarcal, escravocrata, racista e discriminatoria, basicamente estabelecida em Salva- dor, na Bahia do século xvu, nem o de condenar a literatura em si a algoz da liberdade ow a responsavel pelas desigualdades e injustigas cometidas, tanto por proprietarios rurais, produtores de agticar, como por negociantes advin- dos da metrépole portuguesa, a fim de enriquecer 4 custa dessa mesma socie- dade mercantilista desigual, excludente. Perdoar ou condenar nao devem ser propésitos do leitor critico, mas com- preender ¢ interpretar a obra em suas intengdes, em seus aspectos tematicos ¢ formais. Considerar as condigées de época é libertar a literatura para sua sequéncia viva ¢, no caso de Gregorio m GREGORIO DE MATOS (1636-95) de Matos, tantas vezes mordaz, tantas vezes atual. E nos-_Nasceuem Salvador ho de uma fami afuente, sa pretensao é apenas e justamente esta: a de propor, em _emoreuno ec. Alunhado de Boe do nfemo exercicios de leitura comparada, a aproximagao do jo- _ouBocadeBiasa foi advogado, arebispoe poetana vem leitor a uma voz poética que, apesar de tao distante, Bahia oloral € consderadoo maior poeta barroo da bem lida, poder abrigar e dar vaz40 a novos olhares América portuguesa DeuA ER» 2§ criticos, a reforgar-lhes conviegdes e referéncias hist6ricas acerca dos contur- bados caminhos sociais de nossos tempos. E dessa forma que a literatura de Gregério, para além de seus contornos artisticos, pode se revelar documento legitimo de determinada circunstancia de época. Contextualizada, passa a ser 0 registro significativo do pensamento de setores da elite de entio — detentora da produgio de agticar, cujos lucros cram ameacados pela metrépole —, mas nao s6. Os versos de Gregério de Matos fixaram também toda a angistia do homem letrado em um pais que herdava os reflexos e os ecos dos principais conflitos gerados pelo embate entre 0 teocentrismo ¢ o antropocentrismo; entre a vida mundana e as expee- tativas celestiais; entre os impulsos picaros da “maledicéncia” ¢ os arrependi- mentos do espirito cristio. CENARIO E £POCA. ‘A maior parte da produgao de Gregorio de Matos se arquiteta na Bahia, tantas ¢ tantas vezes referida em seus versos, na segunda metade do século xvu, “Bahia”, bom frisar, chega a ser um termo metonimico na obra de Gre- gorio de Matos. E, na maior parte das vezes, a partir da observagio dos movimentos sociais urbanos da cidade de Salvador que seus versos produzem ta ga aia deeds os Sats. Aqurel ex do Ala de ehanesVghoos publado por aa de 1665, 26 ECORI DE MIZOS. OBCEADO NFERNOEA OCCA CELA ERA um painel intenso do Brasil colonial. E para bem de certa visibilidade e do assentamento de nossas leituras, vejamos como o professor Luiz Ro seu Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos iiltimos roménticos, considera essa questio espacial e social do Seiscentismo brasileiro: cari, em. ‘Uma vida social um pouco mais intensa s6 encontramos em algumas cidades litoraneas, que se desenvolveram como centros de exportagao do agticar ¢ ou- tros produtos agricolas, como 0 tabaco ¢ 0 algodio, ¢ como portos de recebi mento de importagdes. autoridades da Coroa portuguesa; muitos grandes proprietarios possuiam casas nesses centros, onde passavam temporadas, principalmente quando das festas religiosas; também encontramos na cidade oficiais € homens de mesteres, quer dizer, homens livres ndo proprietérios, na maior parte mesticos, que possufam algum oficio mecanico como o de alfaiate, marceneiro, ferreiro, ourives, santei- +0; soldados e oficiais das tropas; um grande ntimero de servigais que trabalha- se estabeleciam os comerciantes, os funcionarios ¢ as vam nas casas dos chamados “homens principais” ¢ os escravos domésticos, Foi na vida urbana de Salvador, com sua diversidade satos ¢ multiplicidade de relagies, que mais se de senvolveram as priticas literarias no Brasil do século xvi. de co E nesse ambiente da “diversidade de contatos € multi- plicidade de relagdes”, bem disposto a uma produgao ar- tistica também diversa, que Gregério de Matos recebers as influéncias das formas ¢ dos conflituosos pensamentos advindos de uma Europa dividida no que tange tanto 0 discurso religioso como as praticas da Igreja catélica, na- quela que era a efervescéncia do perfodo barroco. Con- forme nos ensina professor José Miguel Wisnik: Portugal e Brasil, as referéncias de Gregér da Restauragao: a mentalidade jesuitica, a Contrarrefor- ma e a consciéncia dividida entre a moral piblica, ascéti a, € a pritica sensual, privada; as agudezas conceptistas, ‘08 labirintos formais do cultismo, 0 pessimismo do desen- ‘gano pOs-renascentista. Nas brechas de tudo isso, a tradi- gio da sétira portuguesa, grossa, palavrosa, 2 desancar desbocadamente os desafetos, a devassar a pritica sexual . Portugal dos conventos. Nesse cendrio, a obra de Gregério de Matos desen- volveu-se multifacetada e miltipla, e parece se potencia- lizar & medida que a recepgo que dela se faz, ainda hoje, entrelaga seus mais frequentes temas aos géneros poéti- cos que produziu, 1 AS FIGURAS DE LINGUAGEM EO BARROCO Muitas os figuras de linguager tiizadas no perodo barroc, mas lgumas so de uso mais equente e sistematia, como recursos técnica incrporados Aestétiabaroca.Antieses, paredons,hipébatos, comparaies,anadilosesacabam fxando muta ideias os eseritores do period, preocupads com uma pod do duals, do chiaroscuro (ze sombre), do contrast. Duas dels merecer especial destague.Vejames: Antitese: contraposigiodepalavas de sentids oosts: noted; tisteza/alegria; fei/belo.Vejam-se 0 versos de Grego de Matos ‘Nasco So, endo dura mas que um da, Depois da Luz se seque anoiteescura, ‘Em tists sombras more aformosur, Em continuas tristezas a alegria. Paradoxo: quando ideis conta io usadas para formular um pensamento, a égica subvertda, a0 ‘mesma tempo que ocontora etic se mostra rebuscad etendea condi letorarefiexdes que centrapolam o ambiente racional Figura bastante convenient para registrar as contrades de época, da qual dio exemslo os versos de Gregério de Matos: ‘Mas, no So, ena Luz falta frmeze, ‘Na formosura no se dconstinci, Ena alegria sinta-se tristeza, omega 0 mundo enfim plaignorinca, tem qualquer dos bens pornatureza Afirmeza somente nainconstincia OBRA O que faz literatura de Gregorio de Matos ser lida como produto polé- mico no percurso das letras nacionais é, simultaneamente, 0 que a torna atual, contemporanea aos nossos tempos, que tem, na diversidade, uma de suas principais urgéncias. “Problemético, polémico e prismético”: assim Adriano Espinola, escritor ¢ professor da Universidade Federal do Ceard, define o conjunto da obra de Gregério de Matos: Problematico, porque, sob a etiqueta Gregério de Matos, palpitam duividas autorais ¢ textuais de dificil resolugdo, em razio do cardter apég espalhada em cerca de uma trintena de c6dices [..]. Polémico, porque ainda hoje ha quem discuta sua originalidade ¢ quem a reafirme. Prismatico, porque o escri- tor baiano seria dono de uma obra multifacetada — religiosa, erética, lirica, sa~ tirica, encomidstica, jocosa —, barrocamente contraditéria, rafo da obra, De fato, um artista que, no século xvi, mesmo nao consolidando sua obra em formato de livro, tenha conseguido imprimir sua assinatura a tio diversos veios teméticos nao estaria desconfortavel na cena artistica do século xx ou mesmo deste inicio do século xxi, quando de linguagens diversas resultam leituras miltiplas. Da proliferacao dos meios surgiram abrigos fartos de regis- tros cada vez mais hibridos, muitas ve~ zes aproximados justamente pelas dis- tingdes de suas formas. Do escritor de hoje ja nao é raro encontrarmos publi- cages de contos, romances, poemas — em suas muitas variagdes —; roteiros destinados ao cinema, as séries de Tv, As Hgs, até a publicidade; ensaios sobre a literatura, a arte contempornea, 0 teatro; letras de miisicas; crénicas sobre as cidades, as viagens, 0 futebol do iilti- mo fim de semana; discursos, artigos de opinido, entre tantos outros géneros, em um espectro da escrita tio amplifi- cado quanto amplificadas foram se tor- nando as possibilidades leitoras nas ti timas décadas. Gregorio de Matos jé era miltiplo em um Brasil colonial de poucos leito- res, embora, ao que parece, a0 menos na capital, bastante familiarizado com © produto pottico, conforme assinala Franco de Quevedo, esto epanl oslo, Ptr de Venue Luiz Roneari: 28 Ao contrario de hoje, a literatura nessa época fazia parte da vida de todos os dias, fosse no ambito da vida profana ou no da sagrada. Faziam-se poesia, trova, glosas, romances em versos, desafios, encé- mniog, verse maledcentes, tocavan-se cara, pre JARIAS gavam-se sermaes nas igrejas que se erguiam em AUTHOR cada freguesia; tudo isso a propésito de tudo ¢ de todos, por um simples aniversério, pela morte de uma grande autoridade, para a detragao de uma es- crava ou de um governador. Sua literatura de tematica e estilo variados ata~ cava algumas figuras proeminentes daquela socie- dade, em sitira ferina, bordada ao sarcasmo, a0 mesmo tempo que exaltava outras em poemas de elogios, homenagens, circunstancias festivas, os cha- madlos versos encomiasticos. Por outro lado, dedi- cou-se a0 produto lirica, com destaque ao senti- mento amoroso ¢ as variadas situagdes da moral cotidiana. Uma parcela significativa de sua obra OFAMOSO Bf SATIRICO ODOUTOR GREGORIO \DEMATOS NATURAL DACI. DADE. DA BAHIA. encontrou no ambiente religioso farto material, ora Foxtipn de Oba vir, exemple Bote Nana profanado em sitiras repletas de ironias ¢ jogos de "Aino vein palavras, ora bem guardado em laboriosos versos de reflexdo sacra, expondo-se assim 0 poeta em contrigao ante os enigmas di- vinos ¢ os dogmas da cristandade, Proficua também, cm Gregério de Matos, foi a parcela de sua produgao por vezes lida como erética, por vezes como obscena, a depender da época, dos preceitos morais ¢ da competéncia critica nao do autor, mas do leitor. LEITURA‘ I, Poesia de circunstincia E pela produsao satirica que o epiteto “Boca do Inferno” encontra maior ade- réncia 8 figura de Gregério de Matos. A cidade de Salvador, na Bahia, 0 cené- rio idealizado como uma espécie de tabuleiro onde pessoas de destaque, admi- nistradores, politicos, escravos, “mestigos metedigos”, senhores de engenho, negociantes portugueses, padres © demais representantes da Igreja catélica exercitam os variados movimentos que consolidam, aos olhos do eseritor, uma sociedade repleta de vicios, degeneragées, imoralidades, desvios de carster. para elton didticos, obra de Gregrio de Matos tem sido organizada de modo a destacar os principais fneros posticos produzidos pelo escrtor. Com algumas variacSes em certassubdivises, a maior parte de seus catudionoscasifiea os poemas em satrcos, lirieos rligiotos. Apesar de em nosea abordager to- rmarmos por hase adivsio temdtiea estabelecida pelo professor José Miguel Wisnik, em 2010, procuramos condusir as leturas a seguir por “alvostematicos” recorentes na abra do escntor baiano, ecO810 2 mmo. 20 NENG EA BOCCA RUA RTA» 2.9 Nos excertos do poema reproduzidos a seguir, Gregério de Matos estabe- lece um eu poético que é a personificagao da cidade da Bahia. A “queixa”, na didascélia, é pelos maus-tratos recebidos que a teriam levado & decadéncia na qual se encontra, Trata-se, essa Bahia, de uma espécie de mie adotiva de fi- Ihos ingratos, que vivem a ofendé-Ia. Uma estratégia bastante curiosa de Gre gério de Matos, j& que poderia ele proprio ser qualificado como um desses filhos ofensivos, sendo a cidade da Bahia um de seus alvos tematicos. AIVOTEMATICO:ASOCIEDADEBAIANA! —-Queixa-se a Bahia por seu bastante procurador, confes- (BRASILCOLONIAL, SECULOXVIN —sando que as culpas, que Ihe increpam, nao sao suas, mas sim O poema oi desevaido em quadascompostse Jog yiciosos moradores, que em si alverga tedonellhas maiares (de sete slabas) com rimas ° estabelecdas nos versos 2e 4 de cada este ROMANCE A profusiode recursos delinquagem étipica do periodo bartocoe conduzoletoraumalitura porvezes Ja que me poent a tormento Vertiginasa, Assim comonaarguiteturabaroca, as voltas «toreios omamentasem exceso, muita vezes, apontam para as complexidades da vida erevelam os confltos cbservados nos movimentos humanos, votados ora para as sedugbes do mundo carnal, ora para murmuradores nocivos, carregando sobre mim suas culpas e delitos: acontengio¢ acolida divina, 0 resultado é uma Por crédito de meu nome, linguagem rebuscada, eralmenteatribuida& vertente endo por temer castigo, cast da époa, Destaquemos alguns desses recursos: confessar quero os pecados Prosopopeia (personificagéo: Grito de Matos faz que fago, e que patrocino. da Bahia oeupotia do poem. Antitese:hé uma boa quantdade de antiteses¢ cxpresespradoxais aolongo do poema, que Imprimer as contradgiesencoeréncisdastuacéo central vivida pelo eu poético. Vejamos:bons/maus, Saber, céu, saber, estrelas, infernofparais, md emente/futo impo, md semente/ escutai, flores, e lirios, cachosopimos,rosas/espinhos montes, serras, peixes, aves ‘Megoria: not come, ao modo de um pregador, 0 eu ha, sol, mortos, ¢ vivos podtca estabelece uma comparagio mas constante entre oambiente urbana e uma plantao, a fim ue nao ha nem pode haven, Aeilustrara situagio em que se encontra:*Se me angas 2 ps 1m semente/ como quer futolimpoT"asement, desde 0 Sul a0 Norte frio, aque me davam era ba, ed bom igo" “ue, cidade com mais maldades, «que produzia ross! hoje sé produ espinhos’ nem provincia com mais vicios Até 0s mesmos culpados 18m tomado por capricho, para mais me difamarem, porem pela praca escritos, Onde escrevem sem vergonha nao s6 brancos, mas mesticos, que para os bons sou inferno, ¢ para os maus paraiso. © velhacos insolentes, ingratos, mal procedidos, Se eu sou essa que dizeis, Por que nao largais meu sitio? Por que habitais em tal terra, podendo em melhor abrigo? ‘eu pego em v6s? eu vos rogot respondeit dizei, malditos! Mandei acaso chamar-vos, ‘ou por carta, ou por aviso? indo viestes para aqui por vosso livre alvedrio? A todos no dei entrada, tratando-vos como a fillhos? que razdo tendes agora de difamar-me atrevidos? ‘Meus males, de quem procedem? nao é de u6s? claro é isso: que eu nao fago mal a nada por ser Lerra e mato arisco. Se me langais ma semente como quereis fruto limpo? lancai-a boa, e vereis, se vos dou cachos opimos Eu me lembro que algum tempo (isto foi no meu principio) a semente que me davam era boa e de bom trigo. Por cuja causa meus canspos produziam pomos lindos, de que ainda se conservam alguns remotos indicios. ‘Mas depois que vbs viestes carregados, como ouricos, (GREGORIO SE MATOS © B0CA.20 NERNO EA BOCA DEA VENTA» 3 de sementes invejosas @ legumes de maus vicios: Logo declinei convosco, etal volta tenho tido, que 0 que produzia rosas hoje s6 produz espinhos. Nos trechos a seguir, a cidade da Bahia 6 tomada por interlocutor, a quem se dirige a voz poética, Trata-se de uma apéstrofe que recupera o impulso de Gregério de Matos em um desgosto de classe — 0 eu poético nitidamente assume a vor de certa elite capitaneada pelos produtores ruralistas, grupo social do qual fazia parte o poeta — quanto ao modo como sao bi dos ¢ tratados os clérigos e demais “estranhos” portugueses, em detrimento dos seus habitantes originais, seus “filhos naturais”. Apesar de receber alguns ataques diretos — “nobre opulenta cidade,’ madrasta dos naturais” — no é cidade, dessa vez, 0 principal alvo temstico, mas o elero. Desereve com mais individuagio a fiddeia com que os es- tranhos sobem a arruinar sua Repiiblica ALVOTEMATICO:CLERO ESTABELECIDONA BAHIA my © ROMANCE ‘O poema fi desenvolvido em quadras compostas de redondihas mains, com mas aernadas eespriicas Senhora Dona Bahia, Salvador é personificada em “Dona Bahia" e é interpelada nobre e opulenta cidade, pelo eu poetic, cma recurso deintesificacio das madrasta dos naturais, describes comparatvas — entrees que aquivm’ es e dos estrangeiros madre: que aqui nascern” —, tipias docu Talintrpeacéo € também consderada um figura Aelinguagem, aapéstrofe. As expresses antiticas ‘madvasta/made exaar/abater, entre ours, efor as contadigiesdenunciadas pelo eu podtc Hipérbole: coma cracterizaci hiperblianobree opuleta dade o eu poetic ironiza a riqueza de Sahador uma vez que poema se desenvolvers coma f uma denna da exporagio que nla se produz por Dizei-me por vida vossa em que fundais 0 ditame de exaltar os que aqui vent, e abater os que aqui nascem? oportnists advindos da mettSpole. Em Ts queimada, Vem um dlérigo idiota, destruia/ te ves trp cidade, como Sodomae desmaiado com um jalde, Gomorra’ duas ade infameso eu postcoacentua 08 vicios com seu bioco, consieravelmente os sutads advindos da diferenca com seu rebuco as maldades: detrtamento entre bases e portuguese. Mais santo do que Mafoma na erenga dos seus Arabes, Letrado como um matulo, e velhaco como um frade: Ontem simples sacerdote, hoje uma gra dignidade, ontem selvagem notorio, hoje encoberto ignorante. Ao tal beato fingido é forca que o povo aclame, € 05 do governo se obriguem, pois edifica a cidade Chovem uns e chovem outros com oficios e lugares, © 0 beato tudo apanha por sua muita bumnildade. Cresce em dinbeiro e respeito, vai remetendo as fundagens, compra toda a sua terra, com que fica homem grande: e cis aqui a personagem. [J Chega un destes, toma amo, que as capelas dos magnates sdo rendas que Deus criou para estes Orate-fratres. Fazem-the certo ordenado, que é dinheiro na verdade que o Papa reserva sempre das ceias e dos jantares Nao se gasta, antes se embolsa, porque o reverendo padre é do santo neque demus meritissimo confrade. Com este cabedal junto jd se resolve a embarcar-se, vai para a sua terrinha com fumos de ser abade: © cis aqui a personagem. Veem isto 0s filhos da terra, e entre tanta iniquidade (GREGORIO SE MATOS © BOAO NERNO EA BOCA DEA VENTA» 33 Feta Diego Rogue dea yelzquer npr pintorespanel de scl refer do areca Fue, ‘ALVO TEMATICO: SOFRIMENTO AMOROSO m Tata-se de um soneto — catorze verso decssabos, arupatosem das quadase dois tercetos — que Seque osequinte esquema derma: a, 0, Asanttesesmaltem epresent/pasado reform o confit estabelecda ja dias (perid/pose Astepetges dtp eufnicas podem ser notadas ‘em vim/ino, ded, possopasade ccem confesselonfessado. Alem dereforarem oselitos das mas acntuam os sentids dosradiaisretomados eintensfam aprotagonsmn semintco estabelecido no poema, so (ais, que nem inda tomam licenga para quetxarse Sempre veem, e sempre calam, até que Deus thes depare, quem Ihes faca de justiga esta sétiva a cidade. Tio queimada e destruida te vejas, torpe cidade, como Sodoma e Gomorra duas cidades infames. bel IL. Poesia lirica No soneto a seguir, a voz poética ex- poe as emogées da perda e do arrependi- mento. As contradigées tipicas da compo- sigdo barroca surgem em meio a expresso do sentimento amoroso ¢ da confissio da ignorancia, quando, no pasado, estava a0 Iado do bem amoroso. Chora um bem perdido, porque o desconheceu na posse Porque nao merecia 0 que lograva, Deixei como ignorante o bem que tinha, Vint sem considerar aonde vinha, Deixei sem atender 0 que deixava: Suspiro agora em vio o que gozava, Quando nao me aproveita a pena minha, Que quem errou sem ver o que convinha, (Ou entendia pouco, ou pouco amava. Padeca agora, e morra suspirando O mal, que passo, 0 bem que possuia; Pague no mal presente o bem passado. Que quem podia, e ndo quis viver gozando Confesse, que esta pena merecia, E morra, quando menos confessado. Apesar ter sido lido algumas vezes como um poema cuja temética soma a fugacidade do tempo a efemeridade da vida, no soneto a seguir é possivel tam- bém reconhecer um ataque & sociedade urbana, promotora de injusticas indi- viduais, em uma espécie de fugere urbem, tema que sera bastante recorrente no século xvit. Na visio conflituosa do Barroco, as cidades aniquilam as in dividualidades e os sentimentos mais intimos. © homem s6 encontra abrigo seguro em si mesmo ou, paradoxalmente, na morte do corpo € na ressurreigao da alma. Para tanto, o ambiente rural ser4 o espaco idealizado para essa fuga. 1m TEMATICA DIFUSA: FUGACIDADE DO TEMPO EFUGERE URBEM Trata-se de um soneto em verss decasslabos, ‘que obedece ao sequint esquema derimas: ‘Aum amigo retirando-se da cidade soNETO Ditoso Fabio, tu, que retirado “oun Te vejo ao desengano amanhecido, Na certeza do pouco, que has vivido, Sem para ti viver no povoado Enquanto nos palacios enredado Te enlacavam cuidados, divertido, Asanttesesemedadoresquedit,cuiados/desprerado vivermoer nasceste expat periaslanastes axentuam atemaliceeoestilacalstaadotado pelo esctor. (© paradoo surge ao que parece, pra assentar uma lide e anunciac vida apésamorte:"Paratervida agor, qu expiraste De ti mesmo passavas esquecido, De ti proprio vivias desprezado. Mas agora, que nessa choga agreste, Onde, quanto perdias, alcancaste, Viver contigo, para ti, quiseste: Feltz mil veces tu, pois comegaste A morrer, Fabio, desde que nasceste, Para ter vida agora, que expiraste IIL, Poesia religiosa Os tomeios propiciados pela linguagem cultista de Gregério de Matos funcionam muitas vezes como ténica para o exercicio do silogismo. No poema a seguir tais torneios tendem a aproximar “arrependimento” de “mi- sericérdia” e de “salvaga0”. A vor poética conduz o leitor por um sinuoso caminho da contrigao, legitimando causas ¢ suplicando consequéncias. ANN. Senhor Jesus Cristo com atos de arrependido e suspiros de amor soneTO Ofendi-vos, Mew Deus, é bem verdade, E verdade, Senhor, que hei delinguido, DeuA ERA» 35 ‘ALVO TEMATICO:CONTRIGAO = ‘Osoneto atende ao seguinte esquema lerimas: as, am, Chama aatenci, no soneto, uso das repetices de termos no fm de um verso ein do verso seguite, Aepetiio ness equema éconhecida por anadipose ‘reforaasideiasconduidas por esas palavas «coadas, 20 mesmo tempo que orienta uma etura torts, lembrando uma couna retorcia, tipca da arqutetura aca, no period barre, Tata-se de mals uma ita influénia o cultsma, vrtente teria muito fequente ra produc de Gregri de Matos. Delinguido vos tenho, e ofendido, Ofendido vos tem minha maldade. Maldade, que encaminba a vaidade, Vaidade, que todo me hd vencido, Vencido quero ver-me ¢ arrependido, Arrependido a tanta enormidade. Arrependido estou de coragao, De coragao vos busco, dai-nte os bracos, Abragos, que me rendem vossa luz. Luz, que claro me mostra a salvacao, A salvagao pretendo em tais abracos, Misericérdia, amor, Jesus, Jesus! MM, obras: Potticas Gps Gls Sar Dothan 4 Ter Cappo ole scr QD Yomo2? Bahia anno de 1778. e dade nab permit se romp de Aso podias do de regi de Matos Gus 36 + GREGOR DE MATOS: OBCEADOINFERNOEA OCCA CLA ERA, LEITURAS SUGERIDAS A SATIRA E 0 ENGENHO: GREGORIO DE MATOS E A BAHIA DO SECULO XVHL, Joao Adolfo Hansen, Cotia: Atelié Editorial; Campinas: Ed, da Unicamp, 2004 BOCA DO INFERNO, Ana Miranda, Séo Paulo: Companhia das Letras, 1990. “GREGORIO DE MATOS E A POESIA DA PRAGA”, Luiz Roneati, Em: Ls rimeiros cronistas aos tltimos romanticos. Sao Paulo: Edusp, 2002. eratura brasileira: dos GREGORIO DE MATOS: POEMAS ESCOLITIDOS, selecio, organizagio e prefacio de José Mi quel Wisnik. $30 Paulo: Companhia das Letras, 2010. “ NATIVISMO AMBIGUO DE GREGORIO DE MATTOS & GUERRA”, Adriano Expinola. Re vista de Letras, Fortaleza, Universidade Federal do Cears, x. 22, 2000. Disponivel em: . ATIVIDADES SUGERIDAS Um dos prineipais desafios do professor em nossos dias, ao lidar com a produgao literéria anterior ao século xx, talvez seja o de aproximar o aluno do produto artistico que, além de estar distante pela postica e pelo léxico da época, foi concebido em um espaco estranho ao leitor conlemporéneo. Ao acomodar a obra de Gregério de Maios em sev contexlo, podemos evilar leituras precipitadas, moralistas, redutoras, que antes julgam que inlerpretam Por outro lado, sabemos, para que essa obra chegue ao estudante, ao jovem leiior, muitas vezes 6 preciso descoléla de sitvacdes exclusivamente hisléri- cas, sob 0 risco de serem recebidas apenas como um produto a ser classifica do e enquadrado em uma espécie de fria tabulago da arte. £ importante (é urgentel}, em outras palavras, dar & obra literdria certa independncia esti ca e lematica e apresentéla ao aluno em seus contornos mais universais. A aproximago comparativa entre obras concebidas em épocas distintos pode ser uma estratégia eficaz no que se refere & almejada aderéncia critica que se quer desenvolver por meio de um produto mais complexo, © que volte a falar com 0 jovem leitor, a oferecer lasiro e sustentagao, inclusive vocabular, a esse estudante em formasio. ‘Ao caminharmos atentos pelos ecos da poesia de Gregério de Matos, em nossos ambientes urbanos de final do século xe inicio do século x1, néio serd lo dificil encontrar os herdeiros de sua familia poética em uma produ- Go viva e também, & sua semelhanga, um tanto & margem dos cdnones e das publicages mais comerciais Vejamos, eniéo, algumas possibilidades. Vai, Gregério, ser gauche na vida! James Amado, um dos principais estudiosos da vida e da obra de Gregério de Matos, assim inltulou uma antologia do poeta, estabelecida em 1969: Crénica do viver baiano seiscentista, A sugestio do titulo, parece claro, 6 de que © conjunto de poemas de Gregério de Matos revela e registra os costu- Deva RTA» 3.7 J0SESIMAOm mes sociais da Bahia, no século xm. Os cronistas de todos onistacontemporaneo,JoséSimioé os tempos estéio, de fato, sempre dispostos a observar fa: apresentad da sequintemancia,najomal_ fos, noticias, movimentos constantes ou surpreendentes da Fothade Pal onde mantém umacalira cidade ou do pais, e oferecer suas impresses escritas so regular: “José Simao comegou a cursardrito nas em 1969, maslogo desist, Foi para Londres, onde fez alguns bcos para asc Entrouna Flha em 1987 emantém uma coluna que bre o entorno que habitam. Pega aos alunos que leiam a crSnica do jornalista José Simao, destacada a seguir, a fim de exirair dela os trechos que fixam os aconlecimentos que ‘anifeaumtekjomalhumorstie, _inspitaram o cronista, Nao perca a oportunidade de soci far aos estudantes que comparem livremente © humor sar cdslico com que os dois autores registram as respectivas sociedades. Usba! Marina vai virar rextelha? José Simao Buembal Buembal Macaco Simao Urgentel O esculhambador-geral do Repéblical ‘Avisai a Marina que quem nao tem rede pesca com varal E uma leitora disse: “Jé que a Marina no pode ir pra Rede, que vi pro Pufe! Part do dos Usurpados no Férum Eleitoral”. Rarard. Eo Marina vai pro rex? Virar pentelhal Ops, continuar pentelha. Rararél Quem é do #16 petista, quem é do »08 6 peemedebista e quem é do *e\ é pentelho, penetra e pendrive! E a Marina vire pentelha e abre a igreja pentelhocostal. Rararé! E ela néo parece uma tartaruga tem casco? Enféo pode ir pro Projeto Tamar! E adoro @ plataforma de governo da Marina: xampu de cupvasy, desodorante de andiroba ¢ camisinha de polpa de burii. £ 0 catélogo da Natura! E sabe 0 que um corintiano falou do meu Sao Paulo? “Bambi nao cai, se agacha". Ou seja, nés vamos nos agacher pre segunda diviséo! Rararél E continuo adorando a fusdio Portugal Telecom com @ Oi: a Pois! E jd tem logo: aquele logo amarelo da Oi escrito “Pois” © a menina com um bigodéo, simples assim! E tomo a repetir que « Portugal Telecom langou celular no Brasil pro povo poror de usar o telefone da padaria! E votar na Marina tem um nico problema: ¢ se ela ganhar? Rarard, Outro grande problema: diz que se ela ganhar, ela vai sovaro cast.o! € pode ir pro res! © partido do Roberto Freire, © Roberto Freire é um Fernando Henrique sem chantilly E a biogratia da Marindrvore: ela € « mae do Macunaima e descende dos tururus bandeira, aquele povo que vive na érvore! E faz pose de Virgem Inca. Rararél E mole? £ mole, mas sobe! © Brasil é Lidico! O Brasil é Lidicol No Brasil todo mundo escreve errado, mas todo mundo se entende. Placa numa lanchonete de chineses na Liberdade: “Precis de fucnano". E esse oulra no Bahia: “Fornecemos coNmNiERA". E essa faixa aqui “Aluguel de acrorscsvanera’. Epal Rararél E esse ovtodoor em Minas: “enTé?0u tem 100% de energia elétrica”. Pinto elatrico! Entdo avisa 0 Aécio que acabou a lanterna, agora é iluminar Minas com o pinto. © que nao vai ser problema pra ele. Rararé! Néis sofre, mas néis gozal ‘Que eu vou pingar o meu coliro alucinégeno! Dispontvel em: chtp:/ Ann fhe volcom br/eolunes/jresimoo/ 2013/10/1351854veborarinewatviarpenteha shim> As herangas do “Boca do Inferno” no rap contempordneo (© rap [sigla de rithm and poetry], movimento arlistico de ascendente produ- ‘so nas Gliimas tr8s décadas, principalmente nos grandes ceniros urbanos, tem registrado, em letras contundentes, conflitos sociais e reflexes infimas, 4s vezes, muito préximos dos verificados na obra seiscenlisla de Gregério de Matos. Caso possua equipamenio adequado, procure ouvir, com os alu- nos, as composiges sugeridas a seguir e, depois de verificar semelhangas diferencas, levante, junto com 0 grupo, algumas hipéteses. Estariamos vi- vendo um novo confronto infimo enire os apelos materiais € os caminhos espirituais? As condigdes sociais, no tocante as diversas injustigas e desi- gualdades, nao teriam mudado? Se julgar pertinente, solicite aos estudantes que realizem uma breve pesqui- sa sobre 0s autores dos versos selecionados abaixo e também sobre o con- into da obra que desenvolveram. De posse desse contetido, as intenges do exercicio comparativo tendem a ficar mais nitidas ao jover letor. Sugestio de encaminhamento: Apesar da enorme distancia no tempo, os excerlos abaixo, selecionados de Irés composiges elaboradas por expoen- tes do rap nacional, apresentam semelhangas (e também diferengas, é claro} em relagao & obra de Gregério de Matos, nao s6 quanto ao modo critico e mordaz de ler a sociedade de sua época, mas também quanto as escolhas formais registradas por esses artistas 1. Leia-os com bastante atengao e procure destacar as figuras de linguagem fe demais recursos de estilo presentes nos textos, 2, Desenvolva uma leitura critica breve, destacando os principais temas interlocutores presentes nestas composiges Refréo de “Invasor”, de Sabotage Noum sei 0 que mata mais A fome, 0 fuzil ov © ebola? Quem sofre mais, os presos daqui ov de Angola? © que nos resta é espalhar que Deus exisle, agora é a hora Porque a paz plantada aqui iré dar Hor Ié fora Corre perigo INVASOR vacilou, Presa fécilvirov. Eu sé naum posso me esquecer de lembrar, Sei que o que é certo 6 certo, eu me preservo. Deua RA» 3.9 Trecho inicial de “Jesus Chorou”, des Racionais Mc's O que é, 0 que 6? Clara e salgada, Cabe em um olho e pesa uma tenelada, Tem sabor de mar, Pode ser discreta Inquiline da dor, ‘Morada predileta Na calada ela vem, Refém da vinganea, rma de desespero, Rival da esperanca Pode ser causada por vermes ¢ mundanas Eo espinho da flor, Cruel que vocé ama. ‘Amante do drama, Ver pra minha cama, Por querer, sem me perguntar me fez softer E eu que me julguei forte, E eu que me sent, Serei um fraco quando ovtras delas vir Se 0 baralo é lovco @ o processo é lento, No momento, Deixa ev caminhar contra o vento, Do que adianta ev ser durdo @ o coragao ser vulnerével? O vento néo, ele & suave, mas & fro e implacével. (E quente) Borrov a letra triste do poeta (56) Correu no rosto pardo do profeta Verme sai da reto, A lagrima de um homem vai cair, Esse 6 0 seu B.O. pra eternidade. Diz que homem néo chora, Té bom, folou, No vai pra grupo irmao af, Jesus chorou! Excertos de “1989”, de Emicida Tinka dgua de bica, sem caixa e torneira Desdgua rica, Id de cachoeira, lmpida Fos paralelepipedo a trepidar No madeira da roda das carrora, Baruthoica {nosso} Sombra de laranjeira’qui Mangveira pé de caqui, Caixa do feira © mulequi Coro de lavadeiro, na tha Mulher’qui 6 pilar da familia Sem pé de bréqui Beira de brejo, rego, tinka Nego quietim pescande manjubinka Criame de porco, matadé de galinka Cagador de pred, tei, ranzinha Todo dia paz, gritaria, caminhdo do gas Préescola, meu bom, eropom e fenaz, ‘Méquinas de costura, chita e zaztréz Puramente, pura gente, jura, quente, ci, ai, oi, Hoje veio progresso, pode olhar Asfalto e som alto, pode olhar Fumaga e concreto, pode olhar Antena e contrato, pode olhar td Catequese, comunhdio, salve Cosme e Damiéo Oxalé, Jesus, despacho, radio Sonho era pio, bola de capotéo E néis barrigudim, correndo alrés dos caminhéio Arame farpado, caco de vidro no muro Colocado, deixava seguro Colchas de fuxico, flores, muito rico Cores e 0 sonho: descer de barco 0 velho chico tl Chamam de cidade grande, mas antes parecia mais, Ld Elos me oferecem contratos de milhéo Pra mim, sozinho Eu penso e digo no Porque meu sonho é tudo baratinho. Charge: a erénica imediata A charge é basicamente constituida de texto hibrido, verbal e no verbal. Caracterizarse pela rapidez com que, por forea da imagem, registra um fato € 0 transmite crificamente ao leitor de um periddico (um jornal diério, uma revista semanal etc.). Apresente aos alunos a charge a seguir, de autoria de Angeli, ¢ solicte a eles que reconhegam os aspeclos lematicos abordados pelo autor, Pega ainda que reflilam: em que medida a leitura da sociedade realizada por Angeli em sua obra aproxima-se dos olhares desenvolvidos, no século xvi, por Gregério de Matos? Oriente também os alunos para que produzam charges a partir de um poe- ma escrito por Gregério de Matos. O mais importante é levérlos a um conta- to intimo com os versos do escritor. EAEOCCADRUA E+ 4 REDUGAO DA MAIORIDADE PENAL (2) rg pee ea = Ao modo “gregoriano” Exercicio poético a partir do soneto a seguir, cuja didascdlia é "Descreve que era naquele tempo a cidade da Bahia" Apés a leitura do soneto, pega aos alunos que desenvolvam descrigées lo cais de forma critica e bem-humorada. Considere com eles que a Bahia, nos versos de Gregério de Matos, pode ser tomada como metonimia para a sociedade em formaco no Brasil colonial do século xv, Do mesmo modo, ainda que o estudante desenvolva seu exercicio poélico a partir de sua propria cidade, procure orientélo para que trabalhe com caracterisicas, universais |42 + GREGORIO BE MATOS. © BCEAO INFERNO EA BOCA CELA VTA A cada canto um grande conselheiro, ‘Que nos quer governar cabana e vinha; Nao sabem governar sua cozinha, E podem governar © mundo inter. Em cada porta um bem frequente olheiro, Que a vida do vizinho e da vizinka Pesquisa, escuta, espreita © esquadrinha, Para o levar & praca e ao terreiro, ‘Muitos mulatos desavergonhades, Trazidos sob os pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados, Todos 0s que née furtam muito pobres: E-cis aqui a cidade da Babi. Um sambarenredo para Gregério de Matos Apresenie aos estudanies lelras de sambasenredos que lenham homenage: do escrilores nacionais, periodos lilerdrios ov mesmo romances embleméi cos das nossas letras. Analise as etapas da composigdo e, em seguida, soli cite que, em dupla ou em grupos de trés, eles desenvolvam versos para uma homenagem fulura a Gregério de Matos, a ser realizada pela escola de samba da preferéncia dos jovens compositores ‘Algumas sugestées de sambas-enredos: = “© mundo encantado de Monteiro Lobato", composto em 1967 por Hélio Turco, Darci, Jurandir, Batista e Luiz para a escola de samba Estagao Primei- ra de Mangueira = "Goncalves Dias", composto em 1952 por Cicero ¢ Pelado para a escola de samba Estagdo Primeira de Mangueira = "Clube literério Machado de Assis e Guimardes Rosa, Estrela em Poesial”, composto em 2009 por Jefinho, Santana, Ricardo Simpatia, Marquinho In- dio ¢ Diego Rodrigues para a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel = "Pauliceia Desvairada — 70 anos de Modernismo”, composto em 1992 por Djalma Branco, Déo, Maneco e Caruso para a escola de samba Estécio de Sé = "Macunaima — heréi de nossa gente", composto em 1975 por David Correa e Norival Reis para a escola de samba Portela EAEOCCADEUA Eh» 43

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