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ARIO INTRODUGAO E FUNDAMENTOS TEORICOS Psicoterapia positiva: o que ¢ e por que precisamos dela? Intervengdes positivas e pressupostos tedricos Psicopatologia: sintomas e forgas A centralidade das forgas de carater como usé-las na psicoterapia positiva Psicoterapia positiva: prética, processo ¢ mecanismos de mudanga PRATICA SESSAO A SESSAO Sessdes, priticas e processo terapéutico Sessiio um: Apresentagao positiva e didrio de gratidéo Sesso dois: Forgas de cardter e forcas de assinatura Sesso trés: Sabedoria prtica Sessio quatro: Uma melhor versio de mim mesmo Sessao cinco: Memérias abertas e fechadas Sessiio seis: Perdio Sessio sete: Maximizagéo versus satisfagéio Sessio oito: Gratidao * Sessiio nove: Esperanca e otimismo Sessio dez: Crescimento pés-traumatico PSICOTERAPIA POSITIVA O que € e por que precisamos dela? Por mais de um século, a psicoterapia tem sido © lugar em que os clientes discutem seus pro- blemas. Milhares de pessoas a cada ano parti- cipam de palestras motivacionais, workshops, Tetiros e cursos e ainda compram livros e apli- cativos digitais de autoajuda. O foco dessas iniciativas terapéuticas esta baseado no pressu- posto de que a descoberta de traumas infantis, a distoredo de pensamentos falhos ou o restabe- lecimento de relagdes disfuncionais é curativo. Esse foco nos aspectos negatives faz sentido intuitivamente, mas, como autores deste ma- nual, acreditamos que os clinicos perderam de vista a importincia dos aspectos positivos. A psicoterapia faz um bom trabalho ao fazer os clientes se sentirem menos deprimidos e menos ansiosos, mas 0 bem-estar dos clientes nao é& um objetivo explicito da terapia. A psicoterapia positiva (PPT), por sua vez, é um esforco tera- péutico dentro da psicologia positiva (PP) que visa aliviar 0 estresse sintomatico por meio da valorizacao do bem-estar. Este manual direcionado ao clinico esté divi- dido em duas partes: + A Parte I apresenta a estrutura tedrica da PPT, explora as forgas de cariter e conclui com priticas, processos ¢ mecanismos de mudanga, + A Parte II contém 15 sessdes de PPT, in- cluindo conceitos centrais, diretrizes, com- peténcias e folhas de exercicios para a pré- tica dessas competéneias. Cada sesso inclui uma seco de adequagio e flexibilidade que apresenta varias maneiras como as praticas da PPT podem funcionar (sem perder seus elementos essenciais) levando em conta si- tuagdes especificas dos clientes, Cada sesso inclui pelo menos uma vinheta, além das im- plicagdes transculturais. © QUE E PSICOTERAPIA POSITIVA? APPT é uma abordagem terapéutica emergen- te amplamente baseada nos principios da PP. A PP estuda as condigdes ¢ os processos que possibilitam que os individuos, comunidades € instituigdes prosperem. Ela explora 0 que funciona, 0 que é certo e o que pode ser cul- tivado (Rashid, Summers, & Seligman, 2015), O impacto da PPT em dreas da psicologia pode ser verificado pelos resultados de uma exten- sa revisdo sistematica (Donaldson, Dollwet, & Rao, 2015) que apurou 1.336 artigos publica- dos entre 1999 ¢ 2013. Desses artigos, mais de 750 incluem testes empiricos das teorias, prin- cipios e intervengdes da PP. A PPT é 0 braco clinico ou terapéutico da PP. APPT integra os sintomas com as forcas, os iscos com os recursos, os pontos fracos com os valores ¢ 0s pesares com as esperangas, tendo como objetivo compreender as complexidades inerentes da experiéncia humana de forma equi- librada. Sem ignorar ou minimizar as preocupa- goes do cliente, 0 clinico em PPT compreende empaticamente, da atengio & dor associada ao trauma ¢ simultaneamente explora o potencial para crescimento. Nao consideramos que a PPT seja um novo género de psicoterapia; em vez disso, a consideramos como uma reorienta- HL 4 Rashid & Seligman io terapSutica — um modelo para “construir 0 que forte” — que complementa a tradicional abordagem de “consertar 0 que esta errado” (Duckworth, Steen, & Seligman, 2005). APPT vai mais além dos aspectos positivos. Como clinicos em PPT, no estamos sugerin- do que outras psicoterapias so negativas, e, na yerdade, a PPT nao pretende substituir as psicoterapias existentes. Em vez disso, a PPT € uma mudanga gradual para dar um equilibrio a0 foco terapéutico nos pontos fracos. Clien- tes em softimento psicolégico podem ser mais bem compreendidos € atendidos se aprende- rem a usar seus mais altos recursos — pessoais ¢ interpessoais ~ para enfrentar os desafios na vida, Conhecer nossos pontos fortes; aprender as competéncias necessdrias para cultivar emo- GOes positivas; fortalecer relagdes positivas; € incluir significado e propésito em nossas vidas pode ser tremendamente motivador, empode- rador e terapéutico. O objetivo final da PPT € ajudar os clientes a aprender competéncias coneretas, aplicdveis, pessoalmente relevantes que melhor utilizem suas forgas para lutar por vidas engajadas, satisfatorias e significativas, Ao atingir esse objetivo, a PPT amplia o papel do clinico de uma autoridade prescritiva que diagnostica déficits para uma que também fa- cilita ativamente 0 crescimento, a resiliéncia e o bem-estar. POR QUE PRECISAMOS DA PSICOTERAPIA POSITIVA? A psicoterapia ¢ a atividade central dos pro- fissionais de satde mental (como psicdlogos, psiquiatras, assistentes sociais e conselheiros) ¢ langa mio de um amplo espectro de métodos tedricos (Watkins, 2010). Entre todos os mé- todos, a psicoterapia demonstrou ser eficiente na melhoria do sofrimento psicolégico (p. ex., Castonguay, 2013; Seligman, 1995), Ela supera significativamente 0 placebo e, em muitos ca- sos, tem melhores resultados no longo prazo do que medicagiio isoladamente (p. ex., Leykin & DeRubeis, 2009; Siddique et al., 2012). De fato, a psicoterapia demonstrou ser to eficaz quanto muitos tratamentos médicos validados empi camente, entre os quais quase todas as interven- Ges em cardiologia (p. ex., betabloqueadores, angioplastia e estatinas), medicina geriétrica ¢ asma (Wampold, 2007). Encontram-se dispo- niveis psicoterapias validadas empiricamente para muitos transtornos psicolégicos, como depressiio, esquizofrenia, transtorno de estresse pés-traumitico, transtomo obsessivo-compul- sivo, fobias, transtorno de panico e transtornos alimentares (Barlow, 2008; Seligman, 1995). website Substance Abuse and Mental Health Service Administration (SAMHSA) lista 145 tratamentos manualizados para 84 dos mais de 365 transtornos mentais (SAMHSA, 2015). Aspectos mais sutis da psicoterapia, como alianga terapéutica, nuances da comunicagio te- rapéutica, linguagem nao verbal, influéncias do terapeuta, processo de tratamento e proceso de feedback para o cliente e do cliente, foram todos estudados (Wampold, 2001; Watkins, 2010). foco da terapia tradicional no que saiu er- rado resultou em tratamentos que reduzem os sintomas para muitos transtornos. No entanto, acreditamos que o foco intensivo dos psicotera- peutas no negativo chegou a um impasse: entre 20.30% dos clientes experimentam pouca mu- danga durante a terapia, e de 5 a 10%, na ver- dade, deterioram durante o tratamento (Hansen, Lambert, & Forman, 2002; Lambert, 2013). Assim, a psicoterapia, segundo nosso ponto de vista, enfrenta uma barreira significativa, que chamamos de “barreira dos 65%”, isto &, 65% dos clientes em psicoterapia encontram algum beneficio com o tratamento. Acreditamos que uma abordagem baseada nas forgas, como a PPT, pode melhorar a eficacia da psicoterapia da seguinte forma: + expandindo a abrangéncia da psicoterapia + ampliando para além do modelo médico + expandindo os resultados da psicoterapia e + atenuando o impacto no clinico Expandindo a Abrangéncia da Psicoterapia A tendéncia dos clinicos de voltar 0 foco na direg0 dos aspectos negativos ¢ compreensi- vel. A evolugao nos dotou de eérebros que sio orientados e mais fortemente responsivos as ex- periéncias negativas do que as positivas (p. ex., Baumeister, Bratslavsky, Finkenauer, & Vohs, 2001; Rozin & Royzman, 2001), Essa propen- sio inata para a negatividade nos ajudou a ga- rantir abrigo, alimento e parceria no passado evolucionario, A mente humana consome uma quantidade de tempo desproporcional pensando no que esta errado, mas nem de perto um tempo suficiente pensando no que esta correndo bem em nossas vidas. Em esséncia, o negativo defi- ne em grande parte a fungao da terapia. Embora ‘os aspectos negativos sirvam a uma fun¢ao im- portante em psicoterapia, cles também limitam sua abrangéncia, Como seres humanos, queremos vidas que Sejm imbuidas de propésito e significado (Duckworth, Steen, & Seligman, 2005). Com ‘0 crescente conhecimento das questdes de sat ‘de mental, as pessoas com doenga mental estio endo mais voz, descrevendo como so suas idas € o que as ajudaria a ir além do papel de paciente com um transtorno psiquiatrico {Secker, Membrey, Grove, & Seebohm, 2002). es clientes desejam uma recuperagao ple- , © que inclui esperanga, relagdes positivas objetivos significativos (Secker, Membrey, ove, & Seebohm, 2002; Slade, 2010). A psi- eoterapia apresenta uma oportunidade impar de iar 0 desenvolvimento pessoal dos clientes por meio do cultivo de suas forgas, e esse pro- gess0 no deve ser desperdigado pela atengio exclusiva a melhora dos sintomas ou deficits fecuperagiio ndo & melhorar ou eliminar os oblemas; é avaliar e fortalecer os pontos for- es, competéncias, habilidades, talentos e apti- s (Crits-Christoph et al., 2008: Le Boutillier et al., 2011; Rapp & Gosha, 2006). pliando para Além 0 Modelo Médico psicoterapia continua a operar segundo um nodelo médico em que os transtornos mentais 0 doeneas do cérebro causadas pela desre- gula¢do de neurotransmissores, anomalias ge- icas e defeitos na estrutura e na fungdo ce- rebral (Deacon, 2013; Maddux, 2008). David Elkin (2009) € muitos outros observaram que sobreposigaio do modelo médico em psicote- spia € um problema. No modelo médico, um Psicoterapia positiva 5 médico diagnostica uma doenga com base nos sintomas e administra o tratamento desenvolvi- do para curar a doenca. Em psicoterapia, tanto a doenga quanto o tratamento frequentemente dependem de caracteristicas contextuais inter- pessoais ~ que t¢m pouco a ver com medicina =, mas © modelo médico permanece como es- trutura descritiva dominante porque empresta a psicoterapia um nivel de respeitabilidade eultu- ral e vantagens econmicas que outros sistemas descritivos ndo Ihe conferem (Elkins, 2009), Entretanto, diferentemente dos distiirbios mé- dicos, os transtomos psiquidtricos no podem ser atribuidos a agentes etiolégicos simples. James Maddux (2008) observou que a influ- éncia do modelo médico na psicoterapia pode ser comprovada pelos termos que sfio.m: comumente associados @ psicoterapia, entre os quais sintomas, disfuneo, diagnésticos, transtomno ¢ tratamento. Essa influéncia deter- mina desproporcionalmente o foco clinico nos transtomos ¢ nas disfungdes, € nao na saiide, Em vez de abandonar o modelo médico da psi- coterapia, o qual esta totalmente arraigado no treinamento, na pesquisa e nas organizagdes profissionais, sugerimos a incorporagao de uma abordagem baseada nas forgas para tomar a psicoterapia mais equilibrada. Evidéncias mos- tram que as forgas podem se tornar ingredientes ativos no tratamento de afligdes graves como psicose (Schrank et al., 2016), ideagio suici- da (Johnson et al., 2010) e transtorno da per- sonalidade borderline (Uliaszek et al., 2016), ‘Ao fuundir e integrar os pontos fortes, o campo da psicoterapia pode enriquecer a experiéncia dos clientes e dos elinicos. Slade (2010) defen- de que essa expanso também pode oferecer aos clinicos a oportunidade de desafiar 0 es- tigma e a discriminagao, além de promover o bem-estar social. No entanto, expandir 0 mode- lo psicoterdpico do déficit para os pontos fortes ird exigir mudangas tanto na avaliagao quanto no tratamento. Essa mudanga no papel do cli-~ nico pode se tomar a norma em vez da excegio no século XXI. Alex Wood e Nicholas Tarrier (2010) sugeriram que a compreensio ¢ o trata- mento dos niveis clinicos de sofrimento devem ser equilibrados com um foco de mesmo peso nos aspectos positivos porque taille 6 Rashid & Seligman + As forgas podem servir como defesa contra 0 efeito de acontecimentos negativos no softi- mento, potencialmente prevenindo o desen- volvimento de transtorno psicolégico (Huta & Hawley, 2008; Marques, Pais-Riberio, & Lopez, 2011) + As forgas tém sido associadas a varios in- dicadores de bem-estar, como qualidade de vida (Proctor et al., 2011), bem-estar psi- colégico © bem-estar subjetivo (Govindji & Linley, 2007), ¢ quase todas as foreas de cariter esto relacionadas a satisfagao aca- démica, média das notas (Lounsbury et al., 20099) ¢ satide mental (Littman-Ovadia & Steger, 2010; para uma revisio, veja Quinlan et al., 2012) + Intervengdes baseadas nas forgas produzem intimeros beneficios. Elas predizem transtor- no psicolégico além do poder preditivo da presenga de caracteristicas negativas ou de sintomas (Wood et al., 2009). Intervengdes baseadas nas forgas conferem inimeros be- neficios (para uma revistio, veja Quinlan et al., 2012), + 0 aprimoramento das forcas pode ser mais eficiente e aceitavel para clientes de diferen- tes origens culturais (Harris, Thoresen, & Lopez, 2007; Pedrotti, 2011). + As forcas de cariter de inteligéncia social e gentileza so indicativas de menos estig- ma em relagdo a pessoas com problemas de salide mental, Pessoas de mentalidade aberta no consideram os individuos com diagnés- tico de transtomos mentais como pessoal- mente responsdveis por adquirir esses trans- tornos (Vertilo & Gibson, 2014), Expandindo os Resultados da Psicoterapia Pesquisadores dos resultados da psicoterapia enfatizaram que indicadores de qualidade de vida e bem-estar psicoldgico devem ser incor- porados a definigdo de recuperagao (Fava & Ruini, 2003). Larry Davidson e colaboradores usaram 0 termo “atendimento orientado para a recupera¢ao” para descrever o tratamento que cultiva os elementos positivos da vida de uma pessoa — como recursos, aspiragdes, es- perangas e interesses —, pelo menos na medida em que tenta melhorar e reduzir os sintomas a (Davidson, Shahar, Lawless, Sells, & Tondo- ra, 2006), “ Uma anilise temética de 30 documentos internacionais que oferecem um guia pritico orientado para a recuperagiio recomenda que a nogdo de recuperagio seja expandida além da remissio dos sintomas para incluir 0 bem-estar. A aniilise sugere que a recuperacdo inclua a avaliagao e a utilizagao das forgas e dos apoios naturais para informar a avaliagdo, revisdes, planos de atendimento e objetivos e que a as- sisténcia e o tratamento fagam uso efetivo des- sas forgas (Le Boutillier et al., 2011), Definir e expandir a recuperaco também expande 0 pa- pel do profissional de satide mental, com maior énfase na parceria com o cliente (Slade, 2010). Schrank e Slade (2007) conceituam recupera- G0 como um proceso Gnico profundamente pessoal no qual a atividade, valores, sentimen- 0s, objetivos e papéis do individuo se modi- ficam. Recuperacdo completa significa que, apesar das limitagdes causadas pelo sofrimen- to psicolégico, o individuo é capaz de ter uma vida gratificante ¢ satisfatoria. Recuperacao completa também envolve o desenvolvimento de novo sentido e propésito na vida enquanto © individuo se desenvolve € supera os efeitos catastroficos da doenga mental Atenuando o Impacto no Clinico A propria natureza da psicoterapia requer que 08 clinicos em satide mental escutem descri- Ges graficamente detalhadas de acontecimen- tos algumas vezes terriveis ¢ sejam testemu- nhas da repercussiio psicoldgica (e algumas vezes fisica) de atos de intensa crueldade c/ou violencia. Se a psicoterapia em grande parte implica confrontar lembrangas negativas © experiéncias adversas — sutis e severas -, a experiéncia cumulativa de tal engajamento empitico pode ter efeitos negativos nos clini- cos. Evidéncias demonstraram que esses efeitos se manifestam por meio da exaustio emocio- nal, despersonalizagaio e falta de realizagao pes- soal —o que causa burnout e fadiga por compai- xéo (Berzoff & Kita, 2010; Deighton, Gurris, & Traue, 2007: Hart, 2014). Ao explorarem 0 que mantém o bem-estar dos clinieos ¢ © que os torna exemplares, Harrison e Westowood (2009) encontraram uma orientagio positiva abrangente transmitida por uma habilidade de manter a confianca em trés atributos: (a) o self como suficientemente bom — isto é 0 clinico tem confianga em sua expertise; (b) 0 processo de mudanga terapéutica; e (c) 0 mundo como um lugar de beleza e potencial (apesar e além da dor e do softimento). Esses trés atributos so essenciais para a orientagio tedrica da PPT e sto promovidos durante as praticas. ABARREIRA DOS 65% Conforme observado anteriormente, alguns clientes nao obtém nenhum beneficio com psi- coterapia, e outros (entre 5 ¢ 10%) na verdade deterioram durante a terapia (Lambert, 2007). ‘Vamos discutir essa barreira aplicada forma mais comum de psicopatologia: a depressio ~ um transtorno algumas vezes denominado como “o resftiado comum entre as doengas mentais", Considere dois tratamentos que sa- bemos ser efetivos: terapia cognitivo-compor- tamental ¢ uso de inibidores seletivos da re- captacdo da serotonina como Prozac, Zoloft ¢ Lexapro. Cada tratamento produz uma taxa de resposta de aproximadamente 65%, ¢ sabemos que essa resposta incorpora um efeito place- bo que varia de 45 a 55% (p. ex., Rief et al., 2011); quanto mais realista © placebo, maior a resposta ao placebo. Esses ntimeros ocor- rem repetidamente. Uma revisdio metanalitica recente de 30 anos de ensaios randomizados de antidepressivos controlades com placebo documenta que uma alta porcentagem do efei- to do tratamento pode ser atribuida & resposta ao placebo (Kirsch et al., 2002; Undurraga & Baldessarini, 2017). Por que existe uma barreira de 65% e por que os efeitos especificos da terapia so to pe- quenos? Acreditamos que isso ocorra porque a mudanca comportamental é dificil para as pessoas em geral e especialmente dificil para 08 clientes que esto buscando terapia, que po- dem nao ter motivagdo, que tém comorbidades ou que vivem em ambientes insalubres que nao sio suscetiveis mudanga. Em consequéncia, muitos clientes continuam a se comportar de maneiras arraigadas e mal-adaptativas, e a no- eA -oterapia positiva 7 ¢d0 de mudanga pode ser percebida como ame- agadora e impossivel de ser atingida. ‘Na verdade, muitos clinicos abandonaram a nogio de cura. A gestio da saiide e os orcamen- tos limitados para tratamento algumas vezes re- sultaram em situagdes em que os profissionais de saiide mental dedicaram seu tempo ¢ talento para apagar incéndio em vez de fazer preven- gio de incéndio, Seu foco é quase inteiramente no manejo da crise ¢ na oferta de tratamentos cosmeéticos. O fato de o tratamento ser com fre- quéncia apenas cosmético explica parcialmente a barreira dos 65% (Seligman, 2006). Na psicoterapia tradicional orientada para 0 déficit, muitos clinicos acreditam que uma for- ma de minimizar as emogies negativas, espe- cialmente a raiva contida, é expressé-las, com a suposigao de que, se a raiva ndo for expressa, ela se manifestaré por meio de outros sintomas, A literatura terapéutica esta repleta de expres- ses, como “esmurrar a almofada”, “relaxar” ¢ “botar pra fora”, que ilustram esse tipo de pen- samento (Seligman, 2002a). No entanto, essa abordagem deixa a psicoterapia atual em gran- de parte como uma ciéneia da vitimologia que retrata 0s clientes como respondentes passivos as circunstancias. Impulso, instinto € necessi- dade criam conflitos inevitiveis que podem ser aliviados apenas parcialmente por meio do desabafo. Em nossa opinitio, desabafar é, na melhor das hipéteses, um remédio cosmético , na pior das hipéteses, um tratamento que pode desencadear raiva amplificada, ressentimento ¢ doenga cardiaca (Chida & Steptoe, 2009) ALTERNATIVAS AS ABORDAGENS PSICOTERAPICAS TRADICIONAIS Aprender a funcionar bem em face do soffi- mento psicolégico é uma abordagem alternati- va que ¢ adotada pela PPT. Depressfo, ansieda- dee raiva frequentemente resultam de tragos de personalidade herdados que podem ser melho- rados, mas nao eliminados. Todas as emogdes negativas ¢ tragos de personalidade negativos tém fortes fronteiras biolégicas, e é irrealista esperar que a psicoterapia possa ultrapassar esses limites. © melhor que a terapia tradicio- nal pode fazer com sua abordagem paliativa (a 8 Rashid & Seligman 6 ajudar os clientes a viver na parte superior dessas variagdes de depressio, ansiedade ou raiva. Considere Abraham Lincoln e Winston Churchill, duas figuras historicas que sofreram de doenga mental grave (Pediaditakis, 2014). Ambos eram seres humanos com funcionamen- to inerivelmente alto que desempenhavam bem apesar de vivenciarem problemas significativos de salide mental. Talvez eles funcionassem bem porque utilizavam seus pontos fortes. A psico- terapia precisa desenvolver intervengdes que ensinem os clientes a utilizar suas forgas para funcionarem bem na presenga de sintomas. Es- tamos convencidos de que a PPT pode ajudar 05 clientes a funcionar bem e possivelmente romper a barreira dos 65%. Ha outra razio essencial para desafiar ¢ mudar as abordagens tradicionais da psicote- rapia, Uma boa vida, o objetivo final da psi- ro coterapia, nfo pode ser plenamente atingida por meio da estrutura tradicional orientada para o déficit, Por exemplo, em um estudo que controlou essas caracteristicas negativas, os pesquisadores encontraram que pessoas que tinham poucas caracteristicas positivas (p. ex., esperanga e otimismo, autoeficdcia € gratidao) tinham risco duas vezes maior de desenvolver depressio (Wood & Joseph, 2010). Da mesma forma, a presenca de for- gas de cardter (p. ex., esperanga; apreciagio da beleza e exceléncia; € espiritualidade) de- monstrou prestar uma contribuigdo significa- tiva para recuperaco de depress (Huta & Hawley, 2008). Esperanga e otimismo (Carver, Scheier, & Segerstrom, 2010), além de gra- tidiio (Flinchbaugh, Moore, Chang, & May, 2012), demonstraram conduzir a niveis mais baixos de estresse e depressio E PRESSUPOSTOS TEORICOS As intervengdes psicolégicas voltadas para os aspectos positivos sao poucas e dispersas. Ini- ciamos este capitulo revisando brevemente as primeiras intervengGes e tratamentos relacio- nados, 0s quais servem como precursores das intervengdes em psicologia positiva (IPPs) con- tempordnea e psicoterapia positiva (PPT), UMA VISAO HISTORICA DAS INTERVENCOES PSICOLOGICAS POSITIVAS Cientistas, filésofos ¢ sibios tentaram descre- ver felicidade, bem-estar e prosperidade segun- do muitas perspectivas. Por exemplo, Confiicio acreditava que 0 significado da vida residia na existéncia humana comum combinada com dis- ciplina, educac&o ¢ relagdes sociais harmonio- sas. Para atingir a felicidade, a busca de uma vida virtuosa é a condic&o necessiria segundo Sécrates, Platio e Aristételes. Antes da Segun- da Guerra Mundial, a psicologia tinha trés mis- sdes claras: curar a psicopatologia, tomar as vidas de todas as pessoas mais produtivas e gra- tificantes ¢ identificar e estimular altos talentos (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000). William James observou, em Varieties of religious ex- Periences (1902), que coragem, esperanga conifianga podem vencer a diivida, 0 medo e a Preocupagio. John Dewey (1934) sublinhou a necessidade de trocas artisticas e estéticas entre a pessoas e 0 ambiente. Henry Murray (1938) postulou que 0 estudo de experiéncias po: vas, prazerosas ¢ fecundas ¢ essencial para a compreensio dos seres humanos. Imediatamente apés a Segunda Guerra Mun- dial, em grande parte devido a exigéncias eco- némicas € politicas, a avaliago e o tratamento da psicopatologia se tornaram o foco principal mais restrito da psicologia, No entanto, psicd- Jogos humanistas como Carl Rogers, Abraham Maslow, Henry Murray, Gordon Allport e Rollo May continuaram a defender abordagens posi- tivas para a psicoterapia. Eles tentaram descre- ver uma boa vida e identificar formas como nossa tendéncia inerente ao crescimento pode facilitar essa vida. Maslow (1970) apontou: A ciéncia da psicologia teve muito mais su- cesso no lado negativo do que no positive, Ela nos revelou muito acerca das deficiéneias do homem, sua doenga, seus pecados, mas pouco sobre seus potenciais, suas virtudes, suas aspi- rages realiziveis ou sua estatura psicolégica plena. E como se a psicologia tivesse volunta- riamente se restringido apenas a metade da sua ‘competéncia legitima, a metade mais sombria, mais vil. (p. 354) Marie Jahoda discutiu © conceito de satide mental positiva na década de 1950 (Jahoda, 1958). Michael Fordyce transformou essas no- ges em algumas intervengdes positivas € as testou com estudantes universitérios (Fordyce, 1983), A terapia focada na solucdo, desenvol- vida na década de 1980 por Steve de Shazer Ing Kim Berg (De Shazer et al., 1986; Hawkes, 2011), foca na geragao de solugdes e objetivos a partir de opedes modificaveis, A terapia do bem-estar integra a terapia cognitivo-compor- tamental a elementos de bem-estar e demons- 10 Rashid & Seligman trou ser efetiva no tratamento de transtornos afetivos e de ansiedade (Ruini & Fava, 2009). Igualmente, a terapia da qualidade de vida de Frisch integra a terapia cognitiva a ideias da psicologia positiva e provou ser eficaz com clientes depressivos (Frisch, 2013). Entretanto, considerando-se que havia to poucas interven- 8es focadas nos aspectos positivos se compa- radas com o mimero esmagador de tratamentos orientados para o déficit, os psicoterapeutas aprenderam muito sobre danos, déficits e dis- fungdes e muito pouco sobre os ingredientes para uma boa vida e como estes podem ser cul- tivados INTERVENGOES EM PSICOLOGIA POSITIVA E PSICOTERAPIA POSITIVA ‘A PPT é uma abordagem terapéutica baseada amplamente nos principios basicos da psico- logia positiva. Em outras palavras, a PPT é 0 trabalho clinico ¢ terapéutico dentro da psicolo- gia positiva. A PPT é composta por 14 praticas espeeificas que foram validadas empiricamente como IPPs, seja isoladamente, seja em conjun- tos de duas ou trés praticas (Seligman et al., 2005). Depois da validagao empirica, essas pré- ticas foram organizadas em um protocolo coe- so ¢ denominadas psicoterapia positiva (PPT). Nesta segiio, avaliamos a posiggo empirica das IPPs antes de descrevermos a PPT mais deta- Ihadamente. Frequentemente realizadas on-line, as IPPs sto estratégias relativamente simples para au- mentar 0 bem-estar. Martin Seligman ¢ cola- boradores validaram empiricamente trés IPPs (Irés coisas boas, também conhecida como Didrio de béngaos; Utilizagao das forgas de assinatura de uma maneira nova; ¢ Visita de gratidéo; Seligman et al., 2005). Linhas de pesquisa independentes replicaram esses acha- dos (Gander et al., 2013; Mitchell et al., 2009; Mongrain, Anselmo-Mathews, 2012; Odou & Vella-Brodrick, 2013; Schueller & Parks, 2012; Duan et al., 2014; Shotanus-Dijkstra et al., 2015; Vella-Brodrick, Park, & Peterson, 2009), Desde sua validagaio inicial, as IPPs tém sido amplamente aplicadas (p. ex., Parks et al., 2012; Proyeretal.,2013; Quinlanetal.,2015; Winslow et al., 2016). Elas deram um novo impulso a tentativas tedricas e clinicas paralelas de fo- mentar 0 bem-estar e atributos positives como gratidao (Emmons & McCullough, 2003), per- dao (Worthington & Drinkard, 2000), saborear (Bryant, 1989), forgas (Buckingham & Clifton, 2001; Saleebey, 1997), bem-estar psicolégico (Ryff & Singer, 1996; Ryff, Singer, & David- son, 2004) e empatia (Long et al., 1999). Tanto a estrutura teérica quanto as implica- es aplicadas das IPPs esto atraindo estudos académicos na forma de obras editadas. The handbook of positive psychology interventions (Parks & Schueller, 2014) oferece uma visio abrangente de IPPs jé estabelecidas, novas emergentes. Alex Wood e Judith Johnson pu- blicaram recentemente um volume editado abrangente, The handbook of positive clinical psychology (Wood & Johnson, 2016). Ele ofe- rece uma perspectiva integrada do bem-estar e faz relagao com a personalidade, a psicopatolo- gia e os tratamentos psicolégicos examinando condigaes clinicas como depressio, destegu- ago emocional, ansiedade, transtomno de es- tresse pés-traumatico, suicidalidade e psicose. © Handbook também discute tratamentos cli- nicos baseados na psicologia positiva, como a PPT (Rashid & Howes, 2016), a terapia do bem-estar (Fava, 2016) e a terapia da qualidade de vida (Frisch, 2016), ¢ reinterpreta tratamen- tos tradicionais, como a terapia de aceitagdo e compromisso, a terapia centrada no cliente ¢ a terapia dos esquemas segundo a posicdo estra- tégica da psicologia positiva. ‘A Tabela 2.1 (Intervengdes Selecionadas de Psicologia Positiva em Contextos Clinicos) mostra como as IPPs contribuiram para o de- senvolvimento € 0 refinamento do protocolo da PPT. Ela lista 20 IPPs, aplicadas em uma variedade de contextos de cuidados clinicos € satide com adultos. Essas IPPs focam em problemas clinicos centrais, como depressio, ansiedade, transtomos alimentares, suicidali- dade © problemas de conduta. Essas linhas de pesquisa independentes demonstram de forma clara que as IPPs so efetivas na redugio dos sintomas. De forma notivel, aparentemente por meio do uso de construtos focados (como gratidio, esperanea, gentileza, perdi e pontos no caréter), as IPPs podem ser usadas ® tratamento ativo ou adjunto de uma ampla ama de questdes de satide, como problemas Feabilitagio cardiacos, reabilitagao apés aci- ente vascular cerebral (AVC), les3o cerebral, tes tipo Ile cancer de mama. As IPPs im aplicadas transculturalmente em paises 10 Hong Kong, Indonésia, Ira, Coreia, Aus- alia, Alemanha e Espanha. A pritica relevante da PPT usada com cada estudo também esté listada na Tabela 2.1. Essas Clea a aes EE retary D en Cen ae da PPT Tec. Peete SOC n foram randomizados ara 16 semanas de tratamento, com um ‘grupo focando nas foreas © outro nos déficits ou na compensagao, além de Psicoterapia positiva 11 informagSes so particularmente importantes para os clinicos porque demonstram que, em- bora a PPT seja uma modalidade de tratamento nova ¢ em desenvolvimento, tais priticas apre- sentam uma base de evidéncia, Ademais, a revisio da tabela iré ajudar os clinicos a adaptar 0 modelo da PPT para tratar das necessidades clinicas especificas de scus clientes. Por exemplo, com base em evidéncia emergentes, os clinicos podem decidir qual pra- tica & mais efetiva para clientes com problemas va em Contextos Clin Huffman et Problemas Uma intervengao de PP A intervengao IPP pareceu al, 2011 Cardiacos com telemedicina de oito ser vidvel e foi bem aceita em semanas foi testada para uma coorte de pacientes com Expressdes de doenca cardiaca aguda, Gratidao Carta de Gratidio Melhor Seif Possivel ‘Tres Atos de Gentileza Fungetal, —_Estresse do Pais © cuidadores de Os participantes exibiram um 2011 Cuidador ctiancas com paralisia nivel significativamente mais cerebral, em um baixo de estresse parental Forgas de Cariter, _departamento de ortopedia _e nfvel de esperanga mais ‘Contagem das traumatologia de um alto, tanto apés a intervengio Dadivas hospital em Hong Kong, de quatro sess0es quanto Visita de Gratidao _realizaram quatro sessées na sessto de reforgo. Seu Utilizagao de semanais. suporte social pereebido Forgas para aumentou quando o grupo Resolver estava em andamento, mas Problemas no depois que se encerrou. Cheavens et — Depressao Trinta e quatro adultos Os resultados indicaram al., 2006 que preenchiam os ‘que 08 individuos do grupo Forgas de Cariter _critérios para TDM ‘que focou nas forgas dos clientes mostraram uma taxa. mais répida de mudanga nos sintomas em comparacao com a abordagem do déficit ou compensagio. (Continua) 12. Rashid & Seligman (Continuagao) mo Deas da PPT menus jologia) Caer cd 4 Pliickiger et al., 2008 5 Ho, Yeung, & Kwok, 2014 6 — Andrewes, Walker, & O'Neil, 2014 7 ‘Huffman et al., 2014 ‘Ansiedade Recursos do cliente, como forgas individuais, habilidades e prontidao, sao incorporados a0 tratamento Depresstio Historia de Felicidade, Observar gratidaio na vida cotidiana, Identificar formas otimistas de pensar, Saborear, Curiosidade Leso Cerebral Tr€s Coisas Boas Forgas de Assinatura Suicidalidade Visita de Gratidio Forgas de Caréter Melhor Self Possivel Contando Dédivas Atividades Significativas ‘Oestudo, conduzido na Alemanha, explorou se manter 0 foco nos recursos do paciente (competéncias), especialmente nas fases iniciais da terapia, tinha impacto nos resultados do tratamento, Setenta e quatro participantes da comunidade e de lares para idosos em Hong Kong, entre 63 e 105 anos, se submeteram a IPPs em contextos grupais durante nove semanas. Dez pacientes com lesdo cerebral foram designados aleatoriamente para intervencao ou grupo- controle. Oestudo avatiou a viabilidade ea aceitabilidade de nove exercicios de PP para pacientes hospitalizados Por pensamentos ou comportamentos suicidas e para explorar secundariamente o impacto relativo dos exercicios. 0s resultados ‘mostraram que focar ‘nas competéncias estava associado a um resultado ositivo no tratamento, independentemente do softimento pré-tratamento, da resposta ripida de bem- estar, da experi@neia do profissional e da duragao do ‘ratamento. ‘Os resultados mostraram redugao dos sintomas depressivos e aumento dos niveis de satisfagio, gratidao ¢ felicidade. Depois de 12 semanas, 0 grupo com interven¢ao ‘mostrou aumento na felicidade e melhoria do autoconceito, 5 resultados mostraram efeitos globais das IPPs, contabilizando idade, ordem © exercicios omitidos, Tanto sgratidio quanto as forgas pessoais apresentaram eficécia, (Continua) ‘O'Donovan, & Pepping, 2015 Huynh etal., 2015 Ko & Hyun, 2015 eer da PPT Problemas psiquidtricos ineluindo depressao, ansiedade, abuso de substancia e similares Gratidao e Gentileza Diabetes Tipo 2 Gratidao por Eventos Positivos Forgas Pessoais Carta de Gratidao Atos de Gentileza Problemas de conduta que resultam em prisao Atividades e atribuigdes baseadas em PERMA ineorporadas ao Modelo de Vidas Boas Depressio Eserita sobre Coisas Boas, Feedback Positive, Carta de Gratid’io Os participantes eram 48 adultos em uma das sete clinicas de psicologia ambulatorial em Queensland, Australia, que estavam em uma lista de espera para tratamento psicolégico individual. Eles foram designados para intervengdes autoadministradas por duas semanas, Neste estudo de comprovacao do conceito, 15 pacientes (idade ‘média 60,1 + 8,8 anos) com diabetes tipo Ie riscos cardiovasculares completaram exereicios de PP. Esta IPP, o Reingresso Positivo em Programas Correcionais, oferecida or meio de palestras, semanas, discussdes dever de casa, foeou em censinar aos infiatores competéncias que facilitem o reingresso na comunidade, Cinguenta e trés adultos com diagndstico de TDM Teceberam, durante oito semanas, IPPs ¢ controle com nenhum tratamento em um contexto hospitalar na Coreia, Psicoterapia positiva 13, oer ec en Os resultados demonstraram que uma IPP breve pode cultivar com confiabilidade as experineias emocionais de gratiddo, mas nenhuma sgentileza, nesse breve periodo. Entretanto, as intervengdes tanto ‘em gratidio quanto em gentileza desenvolveram um sentimento de conexito, ‘maior satisfagao e otimismo com a Vida didria e reduziram a ansiedade em comparagao ‘com uma condigao placebo. Os resultados sugerem que os niveis mais elevados de afeto Positivo, otimismo e bem- estar estavam associados 4 melhoria na adesio a comportamentos de satide (@ resultados) em pacientes com doencas cronicas como diabetes tipo 11. Os resultados indicaram diferengas significativas nos escores de pré e pos- interyeneo nas medidas de gratidlo, esperanga e satisfagdo na vida. Q grupo que recebeu IPPs relatou declinio significative nos escores na medida de depressaio e aumento significativo nos escores das medidas de esperanca e autoestima, (Continua) 14 Rashid & Seligman (Contimuagd0) ns 12 Lambert D’raven, Moliver, & ‘Thompson, 2015 13. Retnowati et al., 2015, 14 Chaves et al., 2017 15 Niksahan et al., 2016 Coeteieers Deets da PPT Depressiio Eserita de Cartas de Gratidato Enyolvimento em ‘boas agbes: Depressdo depois de um desastre natural Intervengaio de Esperanca, Identificagao de Objetivos, Planejamento, Manutengao da Motivagao Depressio Gratidao Saborear Forgas de Cardter Gentileza Bypass coronariano Gratido e Perdao Forgas de Assinatura Melhores Selves Possiveis Interagdes Sociais Positivas Reestruturagiio do Passado Ppt CS eer) Em um programa-piloto de seis semanas, 76 pacientes em um contexto de cuidados primérios de satide com sintomas de depressio participaram de uma intervenetio que jnclufa 0 envolvimento em boas agdes e a escrita de carias de gratidao. © grupo de intervengao consistia de 31 adultos afetados diretamente por erupgdes do Monte Merapi, Indonésia, que receberam quatro sessbes de 2 horas em Intervengio de Esperanga. Eles foram comparados a individuos de um grupo-controle no tratado (2 =31). Neste ensaio randomizado ‘econirolado, seguido por diagndstico estruturado, clientes com TDM foram designados para um grupo de TCC (n= 49) ou um grupo de IPP (n= 47). Sessenta e nove pacientes com cirurgia para enxerto de bypass na artéria coronéria ou ‘intervengao percutfnea foram randomizados para uma IPP ow um ‘erupo-controle na lista de espera. Foram avaliados 0s biomarcadores de riseo antes da intervene%o, no periodo pés-intervencao (7 semanas) ¢ no follow- up de 15 semanas. Cenc} Os resultados mostraram melhoria nos escores a partir da linha de base no follow- up de seis meses para salide, vitalidade, satide mental e ‘os efeitos da satide mental & fisica nas atividades didrias. © grupo com intervengao ro pés-tratamento mostrou redugdio significativa na depressto. Os clientes em ambos os grupos mostraram mudangas significativas nos perfodos de pré e pés-intervencio ‘em todos 0s resultados principais, mas nao foram encontradas diferengas significativas entre os dois ‘ratamentos. © grupo com IPP teve alta sensibilidade significativamente mais baixa e resposta de cortisol 20 despertar significativamente sais baixa ds sete semanas quando comparado com 0s participantes controles. (Continua) 16 Rashid & Seligman (Contimuagéio) Pera Neue) rea rr eer 20 Muller etal., Dor erénica e Individuos com lesto © grupo de PP relatou 2016 incapacidade fisica na medula espinal, melhotias nos periodos esclerose miltipla, de pré e pés-intervencao Expresso de doenga neuromuscular ou na intensidade da dor, Gratidio sindrome pés-poliomielite “no controle da dor, na Atos de gentileza _€ dor er6nica foram catastrofizagio da dor, Perdio designados aleatoriamente na interferéncia da dor, Flow aumaPPonauma na satisfagdo com a vida, Cuidado com 0 condigdo controle. Os no afeto positive ena corpo participantes do grupo depressio. As melhorias de PP se submeterama em satisfucZo com a vida, uma IPP personalizada, _depressto, intensidade da enquanto os participantes dor, interferéncia da dor do grupo-controle controle da dor foram. escreveram sobre a vida por oito semanas. mantidas até 0 follow-up de 2,5 meses. Nota: PP = psicologia positiva; IPP = imtervencao de psicologia positiva; TCC = terapia cognitivo-comportamental; TDM = transtorno depressivo maior. + Listadas eronologicamenie por ano de publicagdo. alimentares; como a Carta de Gratidao ou a Visita de Gratidao pode ser executada transcul- turalmente; ou qual pritica pode niio ser apro- priada para clientes que lidam com trauma. ‘As bases teéricas das IPPs, seu mecanismo potencial de mudanga e seu papel na explica~ do das condigdes clinicas também tém sido explorados, incluindo gratidao como uma com- pensagiio para os efeitos pemiciosos da depres- slo (Wood, Maltby, Gillett, Linley, & Joseph, 2008), esperanga como um mecanismo de mu- danga no tratamento de transtomo de estresse pés-traumatico (Gilman, Schumm, & Chard, 2012), 0 papel terapéutico da espiritualidade e seu significado na psicoterapia (Steger & Shin, 2010; Worthington, Hook, Davis, & McDaniel, 2011) ¢ perd&io como um processo gradual de exercer o préprio direito de vingar-se ou deixar a raiva passar (Harris et al., 2006; Worthington, 2005). Outros estudos documentaram a relac&o entre criatividade e transtorno bipolar (Murray & Johnson, 2010), emogdes positivas e ansie-~ dade (Kashdan et al., 2006) ¢ relagGes sociais ¢ depresstio (Oksanen et al., 2010). Fitzpatrick Stalikas (2008) sugerem que as emogdes posi- tivas sao fortes previsores de mudanca terapéu- tica. Outras evidéncias cientificas convergentes mostram que emogGes positivas nao refletem simplesmente sucesso e saiide; elas também produzem sucesso e satide ao mudarem adapta- tivamente atitudes e mentalidades (Fredrickson, 2009). A cficécia geral e a relevancia de IPPs tam- bém foram exploradas em varias revisdes Essas revisdes sintetizam vertentes tedricas e oferecem importantes implicagdes clinicas re- ferentes 4 aplicagdo de IPPs. Doze dessas re- visdes sdo apresentadas na Tabela 2.2: Revistio de Intervengdes Positivas com Implicagdes Cl nicas, Estas incluem duas metandlises publica- das sobre a eficdcia geral das IPPs. A primeira metandlise, conduzida por Sin ¢ Lyubomirsky (2009), de 51 intervencdes positivas, que in- cluiu amostras clinicas e nao clinicas, encon- trou que as intervengdes positivas sao efetivas, com tamanhos de efeito moderados na redugo significativa de sintomas de depressiio (mé- dia r = 0,31) ¢ melhoria do bem-estar (média r = 0,29). A segunda metandlise, feita por Bolier ¢ colaboradores (2013), envolveu 6.139 participantes (e incluiu 19 estudos de Sin e Lyubomirsky). Foi relatado que IPPs reduzi- Psicoterapia positiva 19 (Continued) Fonte Hl Stoner, Orrell, & _RevisSo Sistemitiea: A revistio A revisto identificou resultados Spector, 2015 avaliou medidas de resultados da PP de medidas de 16 PP dentro usando critérios padronizados em dos construtos de resitiéneia, populagdes que foram identificadas _autoeficdcia, religiosidade/ como tendo caracterfsticas espirituatidade, valorizagao compartilhadas. Seu objetivo era da vida, senso de coeréncia, identificar medidas robustas que autonomia e desenvoltura. A fossem adequadas para adaptaciio revisdio destacou a importincia potencial ou uso dentro de uma de relatar andlises psicométricas populago com deméncia. apropriadas em IPPs. Macaskill, 2016 __-Revisifo: Esta revisdo examinou As IPPS esto comecando a ser a aplicagdo de IPPs a populagdes aplicadas a populacdes clinicas clinicas com problemas de satide com problemas de saiide fisica fisica. Este estudo investiga a aplicagao de IPPs para cancer, doenea cardiaca coronariana e diabetes. As IPPs mostram resultados iniciais promissores. Nota: PP = psicologia positiva: AC = ativacdo comportamental: IPP = intervencita de psicologia positiva; CPT = crescimento pés-traumético. *Listadas cronologicamente por ano de publicagao. ‘ram a depressio com tamanhos de efeito pe- = 0,23), mas aumentaram 0 mi-estar com tamanhos de efeito moderados ),34). Ao explorarem a eficdcia de 40 IPPs, lone, Jarden e Schofield (2015) usaram uma trutura padronizada, a RE-AIM, avaliando 0 Aleance (Reach), a Eficacia (Efficacy), a Ado- ‘¢fo (Adoption), a Implementagao (Implemen- fation) e a Manuteng&o (Maintenance) de uma Jintervencao (Glasgow, Vogt, & Boles, 1999; National Collaborating Centre for Methods and Tools, 2008). A RE-AIM avalia a representa- ftividade das amostras do estudo € contextos, ‘custos € duragdo dos efeitos em ambito indivi- dual ¢ institucional. De acordo com a RE-AIM, 9S escores em IPP variaram substancialmen- te: Alcance 64%, Eficacia 73%, Adogao 84%, Implementagio 58% © Manutengio 16%. ‘Duas metandlises que usaram emogdes po- sitivas — uma com ativacdo comportamental (Mazzucchelli, Kane, & Rees, 2009) ¢ outra com abordagens baseadas em mindfulness (Casellas-Grau & Vives, 2014) — demonstraram ‘que abordagens baseadas nas forcas podem me- thorar o bem-estar, Outras revisdes exploraram a eficdcia de atributos positivos especificos, como emogdes positivas em regulagao emocional (Quoidbach, Mikolajczak, & Gross, 2015), ¢ a eficdcia de forgas especificas (gratidio e gentileza) na re- dugao dos sintomas e na melhoria do bem-estar (D’raven & Pasha-Zaidi, 2014; Drvaric et al., 2015). Outras revises examinaram como atri- ‘butos positives afetam o manejo de problemas de saiide fisicos (Macaskill, 2016), cancer de mama e gratidao (Ruini & Vescovelli, 2013) e a identificago de medidas robustas dos resul- tados (Stoner, Orrell, & Spector, 2015). A rele- vancia das IPPs em situagdes complexas como trauma e guerra também foi explorada (Al-Kre- nawi et al., 2011), assim como sua relevancia para a neurociéncia (Kapur et al., 2013). Louise Lambert D’raven e Pasha-Zaidi (2016) revisaram a relevancia de intervengdes positivas utilizando forgas de caréter como gra- tidao, saborear, autocompaixao e relagdes posi- tivas no contexto do aconselhamento. Os auto- res concluem que IPPs so efetivas na geragio de afeto e experiéncia positiva e no alivio da depressio. O que & mais importante, IPPs usa- 20 Rashid & Seligman das em um contexto clinico podem mobilizar habilidades inerentes para ajudar a motivar os clientes a fazer as mudangas desejéveis. Além disso, IPPs oferecem estratégias para priticas clinicas em geral para manter € melhorar emo- goes positivas ¢ bem-estar. As IPPs aplicadas em diversos contextos clinicos, combatendo problemas clinicos com- plexos, esto avancando a base de conhecimen- to da psicoterapia e os resultados em saide, Fortes evidéncias empiricas ¢ 0 trabalho emer- gente em IPPs tém sido essenciais no estabele- cimento de uma base para o desenvolvimento e © refinamento da PPT PSICOTERAPIA POSITIVA E ATEORIA DO BEM-ESTAR A PPT esta baseada em duas teorias importan- les: a conceituagdo de bem-estar PERMA de Seligman (Seligman, 2002a, 2012) e forgas de carater (Peterson & Seligman, 2004). Come- amos explicando PERMA, que é um modelo que organiza o bem-estar em cinco compo- nentes cientificamente mensuraveis e maneja- veis, conforme descrito na Tabela 2.3: Teoria do Bem-Estar (PERMA): (a) emogdes positi- vas (positive), (b) engajamento (engagement), (c) relagdes (relationships), (d) significado (meaning) e () realizagdes (accomplishment) (Seligman, 2012). Pesquisas demonstraram que © cumprimento de trés dimensdes de PERMA. (emogdes positivas, engajamento e significado) esté associado a taxas mais baixas de depres- so e a maior satisfag&o com a vida (Asebedo & Seay, 2014; Bertisch et al., 2014; Headey, Schupp, Tucci, & Wagner, 2010; Kern et al., 2015; Lambert D'raven & Pasha-Zaidi, 2016; Lamont, 2011; Schueller & Seligman, 2010; Sirgy & Wu, 2009). Emogées Positivas As emogdes positivas representam a dimensio hedénica da felicidade. Essa dimensio consis- te em experimentar emogdes positivas sobre 0 passado, 0 presente ¢ o futuro e aprender com- peténcias para amplificar a intensidade e a du- ragio dessas emocdes. + Emogées positivas sobre o passado incluem satisfagéio, contentamento, concretizaciio, orgulho e serenidade. + Emogies positivas sobre o futuro incluem esperanca e otimismo, fé, confianga e segue ranga. + Emogées positivas sobre o presente sfio ex- periéncias complexas, como saborear e min- fulness (Seligman, 2002a). Comparadas com as emogdes _negativas, as emogées positivas tendem a ser transité- RT A Seid Pees Experimentar emogbes positivas como felicidade, contentamento, orgulho, serenidade, esperanca, otimismo, confianca, segurance e gratidao. Imergir profundamente em atividades que utilizam as proprias forgas para experimentar ffow, um estado ideal marcado com cancentragaio precisa, foca intenso € motivagdo intrinseca para maior desenvolvimento, Pertencere servir a alguma coisa com um senso de propésito ¢ a renga de que Emogoes Positivas Engajamento Relagoes Ter relagdes positivas, seguras ¢ conflveis, Significado ela € maior que a propria pessoa. Realizagoes * Seligman, 2012 Buscar sucesso, dominio, competéncia e realizacOes por si sb rias; no entanto, elas desempenham um papel importante em tomar os processos de pensa- mento mais flexiveis, criativos e eficientes (Fredrickson, 2009). Pesquisas também mos- traram que emogées positivas constroem resi- ligncia ao “desafazerem” os efeitos das emo- Ges negativas (Fredrickson, Tugade, Waugh, & Larkin, 2003; Johnson et al., 2009) e esto fortemente associadas a longevidade, satis- fagio conjugal, amizade, renda ¢ resiliéncia (para revisdes veja Fredrickson & Branigan, 2005; Lyubomirsky, King, & Diener, 2005). Barry Schwartz ¢ colaboradores (2002) cons- tataram que clientes deprimidos que procuram terapia tendem a experimentar uma relagao de menos de 0,5 para 1 de emogio positiva para ‘emocio negativa. Aparentemente, entio, essa auséncia de emogées positivas é central para a psicopatologia. Emogdes positivas também impactam a satide fisica. Por exemplo, agentes de satide publica mantém registros de doenga cardiaca ‘como causa subjacente de morte. Eles também ‘coletam dados sobre possiveis fatores de risco, ‘como taxas de tabagismo, abesidade, hiper- tensio e falta de exercicios. Esses dados esto disponiveis para cada condado nos Estados Unidos. Uma equipe de pesquisa da Universi- dade da Pensilvania buscou correlacionar essa ‘epidemiologia fisica com sua versao digital no Twitter. Com base em um conjunto de tweets tos entre 2009 e 2010, esses pesquisadores estabeleceram dicionirios emocionais para analisar uma amostra aleatdria de sweets de individuos que haviam disponibilizado suas Tocalizacdes. Com rweeis suficientes e dados satide de aproximadamente 1,300 conda- s americanos, os quais contém 88% da po- ago do pais, eles constataram que, depois controlar a renda e o nivel educacional, as presses de emogdes negativas como raiva, tresse € fadiga nos tweets das pessoas em determinado condado foram associadas a ‘risco mais elevado de doenga cardiaca naquele mndado. Por sua vez, expressdes de emogdes sitivas como entusiasmo e otimismo foram sociadas a risco mais baixo (Eichstaedt et 2015). Psicoterapia positiva 21 Engajamento Engajamento é a dimensio do bem-estar rela- cionada a busca de engajamento, envolvimento € absoredo no trabalho, relacdes intimas ¢ lazer. A nogio de engajamento provém do trabalho de Csikszentmihalyi (190) sobre flow, que é 0 estado psicoldgico decorrente de intensa con- centragio que tipicamente resulta em perda da nogdo do tempo enquanto se esta engajado em uma atividade, como ao se sentir “em comu- nho com a misica”. Desde que os niveis de competéncia de uma pessoa sejam suficientes para enfrentar os desafios da tarefa, os indivi- duos provavelmente permanecerio profunda~ mente absorvidos ou “em comunhio” com a experigneia e perderfo a nogiio da passagem do tempo. Seligman (2002a) propés que uma ma- neira de aumentar o engajamento é identificar as forgas de “assinatura” do cliente (discutidas posteriormente neste manual — veja o Capitulo 8, Sessfio 2) e ajudé-lo a encontrar oportunida- des de usé-las com mais frequéncia. IPPs que encorajam 0s individuos a usar intencionalmen- te suas forgas de assinatura de novas maneiras foram identificadas como particularmente efe- tivas (Azailedo et al., 2014; Berthold & Ruch, 2014; Buschor et al., 2013; Forest et al., 2012; Giisewell & Ruch, 2012; Khumalo et al., 2008; Littman-Ovadia & Lavy, 2012; Martinez-Marti & Ruch, 2014; Peterson et al., 2007; Proyer et al, 2013; Ruch et al., 2007). Na PPT, os clientes aprendem a realizar atividades que usam suas forgas de assinatura para criar engajamento. Essas atividades sto relativamente intensivas e podem ineluir esca- lada em rocha; xadrez; basquete; danga; cria- go ou experiéneia de arte, miisica ou litera- tura; atividades espirituais; interagdes sociais; e outras atividades criativas, como cozinhar, fazer jardinagem e brincar com uma crianga. Comparadas com prazeres sensoriais, que se dissipam rapidamente, essas atividades de en- gajamento duram mais tempo, envolvem mais pensamento e interpretagao e nao eriam habito muito facilmente. O engajamento pode ser um antidoto importante para o tédio, a ansiedade e a depressio. 22 Rashid & Seligman Anedonia, apatia, tédio, multitarefas ¢ agi- tagao — caracteristicas de muitos transtornos psicoldgicos — so em grande parte manifes- tages de perturbagao da atengo (Donaldson, Csikszentmihalyi, & Nakamura, 2011; Mc- Cormick et al., 2005). O engajamento intenso elimina o téio e a ruminacao — ao se tentar realizar uma tarefa com sucesso, os recursos atencionais precisam ser ativados e direcio- nados para a tarefa em questo, dessa forma deixando menos capacidade para 0 proces- samento de informagdes autorrelevantes © relacionadas 4 ameaga. Além disso, um sen- timento de realizagao depois de feita a ativi- dade frequentemente nos deixa recordando relaxados, que so duas formas de ruminagao va (Feldman, Joormann, & Johnson, {sticas do engajamento foram aplicadas com sucesso a intervengdes terapéuticas (Grafanaki et al., 2007; Nakamu- ra & Csikszentmihalyi, 2002). Relagées Foi alegado que todos os humanos tém uma “necessidade de pertencer” fundamental que foi moldada pela selegdo natural no curso da evolugdo humana (Baumeister & Leary, 1995). Relagdes positivas e seguras estio for- temente relacionadas a uma sensagao de bem- estar (Wallace, 2013). Segundo a American Time Use Survey, passamos a maior parte das horas em que estamos acordados interagindo de uma maneira ou de outra, ativa ou passiva- mente, 0 que pode incluir discutir, colaborar e trocar produtos com outras pessoas (Bureau of Labor Statistics, 2015). A qualidade de nos- sas relagdes ¢ mais importante do que as ca- racteristicas quantitativas, como 0 nimero de amigos que temos ou 0 tempo que passamos juntos. Por exemplo, criangas com amplo su- porte social, incluindo os pais, pares € pro- fessores, apresentam menos psicopatologia (i.e., depressio e ansiedade) e mais bem-estar (satisfagdo com a vida) do que seus pares sem esses suportes, independentemente de seu de- sempenho académico (Demir, 2010; Stewart & Suldo, 2011). Além disso, relagdes positi- vas no sé nos protegem da psicopatologia; elas também somam longevidade. Em 148 estudos que envolveram 308.849 participan- tes, aqueles que tinham relacdes sociais mais fortes apresentaram probabilidade de sobre- vivéncia aumentada em 50%. Esse achado permaneceu consistente comparando-se ida- de, sexo, condigao de saiide inicial, causa da morte e periodo de follow-up (Holt-Lunstad & Timothy, 2010). Quase todas as praticas de PPT envolviam reflexdes internas da pessoa ‘ou recordagdes que envolvem outros. Em um ensaio randomizado, os pesquisadores cons- tataram que individuos que realizavam ativi- dades focadas nas relagdes relatavam maior satisfagio nas relagdes (O*Connell, O'Shea, & Gallagher, 2016). Significado Significado consiste de usar forgas de assina- tura para pertencer e servir a alguma coisa que seja maior que a propria pessoa. Vietor Frankl (1963), um pioneiro no estudo do significa- do, enfatizou que a felicidade nfo pode ser atingida simplesmente desejando felicidade. Em vez disso, ela deve acontecer como a con- sequéncia ndo intencional de trabalhar para um objetivo maior do que nos mesmos. As pessoas que buseam com sucesso atividades que as conectam com esses objetivos mais amplos atingem uma “vida significativa”. So intimeras as formas como isso pode ser obtido: relagGes interpessoais préximas; busca de ino- vagdes artisticas, intelectuais ou cientificas; contemplagao filos6fiea ou religiosa; ¢ espi- ritualidade ou outras buscas potencialmente solitarias, como a meditagao (p. ex., Stillman & Baumeister, 2009; Wrzesniewski, McCau- ley, Rozin, & Schwartz, 1997). Independente- mente da forma como uma pessoa estabelece uma vida significativa, fazer isso produz um sentimento de satisfagdo e a crenga de que ela viveu bem (Ackerman, Zuroff, & Moskowitz, 2000; Hicks & King, 2009). Adultos com niveis mais altos de propésito na vida apresentam recuperagao mais rapida de danos cerebrais (Ryff et al., 2016). A tera- pia pode ser um investimento itil para auxi- liar os clientes a definirem e estabelecerem objetivos coneretos e esclarecerem signifi- cados abrangentes associados a esses objeti- de forma que se aumente a probabilidade atingi-los (McKnight & Kashdan, 2009). 4 boas evidéncias de que ter um sentimento significado e propésito ajuda a nos recu- erarmos rapidamente da adversidade ¢ nos otege contra sentimentos de desesperanga falta de controle (Graham, Lobel, Glass, Lokshina, 2008; Lightsey, 2006). Clientes jas vidas esto imbuidas de significado tem ais probabilidade de persistir em vez de de- it diante de uma situagdo dificil (MeKni & Kashdan, 2009). A PPT pode ajudar os tes a estabelecer conexdes para lidar com oblemas psicolégicos. alizacéo izagéo pode denotar realizagdes objetivas e oncretas; promogdes; medalhas; ou recompen- ss. No entanto, a esséncia da realizagao reside sua busea subjetiva por progresso, avango e, m tiltima anélise, crescimento pessoal e inter essoal. No modelo PERMA de bem-estar, rea- \¢d0 € definida como aproveitar nossas for- ss, habilidades, talentos e competéncias para gir algo que nos dé um sentimento profundo satisfagdo ¢ realizacio. Realizagdo requer 0 uso ativo e estratégi- das forgas (i.e., quais forgas usar ¢ quan- 9) € 0 monitoramento atento das flutuagdes gtuacionais para fazer mudangas oportunas. untamente com as mudangas, realizagdo re- wer consisténcia de comportamentos ou ha- tos especificos. Por fim, a realizacdo pode er recompensas externas, mas ela estimula 0 estar quando buscamos ¢ atingimos um objetivo intrinsecamente motivador ¢ signifi- aativo. ICOTERAPIA POSITIVA: RESSUPOSTOS TEORICOS PPT foi desenvolvida sobre as bases empi- ricas de estudos de intervengdo positiva os ndamentos tedricos do modelo PERMA © forgas de cariter. No entanto, a PPT também opera segundo trés pressupostos referentes a ireza, causa, Curso e tratamento de padrdes omportamentais especificos, conforme discu- fido a seguir. Psicoterapia positiva 23 Capacidade Inerente para Crescimento De modo consistente com a psicologia huma- nista, a PPT postula que a psicopatologia ocorre quando as capacidades inerentes do cliente para crescimento, realizagio e bem-estar sao frustra- das por dificuldades psicossociais prolongadas. A psicoterapia oferece uma oportunidade ani- ca para desencadear ou recuperar o potencial humano por meio do poder transformador da conexdo humana. Ela apresenta uma interago inigualavel na qual um clinico empatico e nao critico compartilha emogGes, desejos, aspira- Ges, pensamentos, crengas, agGes € habitos mais profundos de um cliente. Se esse acesso exclusivo for usado preponderantemente para processar os aspectos negativos ~ algo que na- turalmente ocorre conosco —e corrigir os piores deles, a oportunidade de estimular o crescimen- to sera ofuscada ou, com frequéncia, completa- mente perdida. O foco nas forgas possibilita que os clientes aprendam competéncias especificas para que possam ser mais espontdneos, alegres, criativos © agradecidos, em vez de meramente aprende- rem a nao ser rigidos, aborrecidos, convencio- nais e queixosos. Evidéneias mostram que as forgas podem desempenhar um papel essencial no crescimento ~ mesmo em circunstancias graves na vida, As forgas de cariter predizem resiliéneia, para além de demografia, suporte social, autoestima, satisfagao com a vida, afeto positivo, autoeficdcia e otimismo (Martinez~ -Marti & Ruch, 2016). Evidéncias crescentes esto apoiando esse pressuposto sobre a impor- tancia das forgas. Por exemplo, Linley e cola- boradores (2010) demonstraram que pessoas que usam suas forgas tém maior probabilidade de atingir seus objetivos. Além disso, 0 uso das forcas amortece o impacto das experiéncias ne- gativas (Johnson, Gooding, Wood, é& Tamrier, 2010). Os sintomas depressivos entre adultos idosos foram reduzidos quando eles focaram em suas forgas, como otimismo, gratidio, sa- borear, curiosidade, coragem, altruismo e pro- posito na vida (Ho, Yeung, & Kwok, 2014) Tomada em conjunto, a PPT assume que os clientes sto capazes de erescimento e enfatiza © processo de crescimento, o qual, por sua vez, ajuda a reduzir os sintomas. 24 Rashid & Seligman As Forcas sao Tao Auténticas Quanto os Sintomas ‘A PPT valoriza as forgas por direito proprio. Ela considera as emogGes positivas ¢ as for- gas tio auténticas ¢ reais quanto os sintomas negativos e os transtornos. As forgas ndo sao defesas, ilusdes ou subprodutos do alivio dos sintomas que ficam sentados de bragos cru- zados na periferia clinica. Se ressentimento, trapaga, competigo, eitime, ganfincia, preocu- pagio ¢ estresse s4o reais, também sdo reais atributos como honestidade, cooperacdio, con- tentamento, gratiddo, compaixao e serenidade. Pesquisas demonstraram que a mera auséncia de sintomas nao corresponde diretamente & presenga de bem-estar mental (Bartels et al. 013; Keyes & Eduardo, 2012; Suldo & Sha- ffer, 2008). A incorporagdo das forgas aos sin- tomas expande a autopercepgao dos clientes ¢ oferece ao clinico rotas adicionais de interven- go. Cheavens e colaboradores (2012) mostra- ram que focar nas forgas relativas dos clientes em psicoterapia, em vez de nos seus pontos fracos, leva a um resultado superior. Igual- mente, Fliickiger ¢ Grosse Holtforth (2008) constataram que focar nas forgas do clien- te antes de cada sesstio de terapia melhorou os resultados da terapia. Quando um clinico trabalha ativamente para recuperar e cultivar coragem, gentileza, modéstia, perseveranga € inteligéncia social, as vidas dos clientes pro- vavelmente se tornaréo mais gratificantes. Contudo, quando 0 elinico foca na melhoria dos sintomas, as vidas dos clientes podem se tornar menos infelizes. Relacao Terapéutica O terceiro € iltimo pressuposto da PPT € que relagdes terapéuticas efetivas podem ser cons- truidas sobre a exploragdo e a andlise de carac- teristicas pessoais e experiéncias positivas (p. ex., emogdes positivas, pontos fortes € virtu- des), € no apenas falando sobre problemas. O estabelecimento de uma alianga terapéutica um fator central comum para a mudanga te- rapéutica (Horvath et al., 2011; Kazdin, 2009). Scheel, Davis e Henderson (2012) descobriram que focar nas forgas ajudava os clinicos a cons- truir relacdes de confianga com os clientes € motivé-los ao instilarem esperana. Outro estu- do, com base em entrevistas com 26 terapeutas brasileiros, constatou que, quando os clinicos derivam emogdes positivas da contribuigao de um paciente na terapia, essa contribuigao posi- tiva possibilita ao clinico maior conscientiza- ao dos recursos do paciente. Além disso, emo- Ges positivas fortalecem a relagao terapéutica quando os recursos do cliente so vistos com igual importancia, comparados aos seus défi- cits (Vandenberghe & Silvestre, 2013). Assim, a alianga terapéutica pode ser estimulada’ por meio de uma relagdio que incorpora as forgas. Esse processo est em contraste com a abor- dagem tradicional da psicoterapia, em que um clinico analisa ¢ explica para um cliente a cons- telacdo de sintomas e problemas na forma de um diagndstico. Esse papel do clinico é ainda mais reforgado pela representagao da psicote- rapia na midia popular, que mostra as relagdes terapéuticas marcadas pela conversa sobte pro- blemas, exposigiio de emogdes contidas e recu- pera¢do da autoestima perdida ou abalada com ajuda de um clinico. PSICOPATOLOGIA Sintomas e for¢as © conceito principal de psicopatologia em ps coterapia positiva (PPT) reside na nogiio de que ‘0s aspectos positivos (p. ex., forgas de cardter, emogies positivas, significado, relagbes posi- tivas e realizagdes) sfo to centrais quanto os sintomas na avaliagao e no tratamento da psi- copatologia. Este é um afastamento significa- tivo da visio tradicional da psicopatologia, em que os sintomas ocupam a posigao central. Um sistema de classificago puramente baseado nos sintomas é inadequado para compreender ‘as vidas ricas e complexas dos clientes. Antes de apresentarmos nossos argumentos, gostaria- mos de esclarecer que compreendemos as ra- -20es por tris do foco exclusive nos sintomas, De fato, sintomas perturbadores se destacam silo mais prontamente abordados e avaliados em um contexto clinico do que os aspectos po- sitivos. Experiéneias negativas geralmente sto um convite a um discurso clinico mais comple- xo e mais profundo — para clientes e clinicos. Portanto, néo é de causar surpresa que 05 clientes que procuram servigos clinicos facil- mente se recordem de acontecimentos nega- tivos, reveses e fracassos, ou que os clinicos prontamente avaliem, elaborem ¢ interpretem historias de conflito, ambivaléncia, engano ¢ déficits pessoais ou interpessoais. Devido ao seu valor informative aparentemente maior. 0s clinicos prestam mais atencAo aos aspectos negativos e se engajam em processamento cog- nitive complexo (p. ex., Peeters & Czapinski, 1990). Assim, a avaliagio clinica é tipicamente conduzida para explorar sintomas ¢ transtor- nos. Entretanto, um foco quase exclusivo nos sintomas limita a avaliago clinica de formas importantes, conforme sera discutido a seguir. SINTOMAS Os Ingredients Centrais s sintomas sio avaliados com um pressupos- to subjacente de que séo os ingredientes cen- trais do discurso clinico. Assim, os sintomas justificam uma exploragao séria, enquanto os ‘aspectos positives sto considerados subprodu- tos do alivio sintomatico que nao preeisam ser avaliados. Esse pressuposto est to arraigado que atributos tradicionalmente positives sido frequentemente considerados como defesas. Por exemplo, a ansiedade foi teorizada como uma forea propulsora por tras de um trabalho ético que caracterizou a Reforma Protestante (Weber, 2002). Foi teorizado que a depressio se desenvolve como um mecanismo de defesa para afastar sentimentos de culpa, e a compai xao resulta como compensagdo por esses senti- mentos (MeWilliams, 1994). Na PPT, as forgas humanas sdo tio reais quanto os pontos fracos humanos, tdo velhas como o tempo, ¢ valoriza- das em todas as culturas (Peterson & Seligman, 2004). As forcas sio tio essenciais na avaliagao ‘eno tratamento da psicopatologia quanto s40 0s sintomas, As forgas nao so consideradas como defesas, subprodutos ou compensagdes. Elas sho valorizadas e avaliadas independentemente dos pontos fracos no procedimento de avalia- gio. Por exemplo, humildade no é necessaria- mente um trago utilizado para obter coopera- fo de outras pessoas tefreando-se a si mesmo. 26 Rashid & Seligman Ser titil no ¢ necessariamente uma tentativa de dispersar ou neutralizar uma situacdo estres- sante, e criatividade no é apenas aproveitar a ansiedade para a inovagao. Perfis Tendenciosos e Estruturagéo A tradicional avaliago e abordagem terapéu- tica orientada para 0 déficit rotula os clientes dentro das categorias artificias do Manual diagnéstico e estatistico de transtornos men- tais (DSM; American Psychiatric Association, 2013). Rotular nao &, por si s6, algo indeseja- vel; rétulos classifieam e organizam 0 mundo (Maddux, 2008). No entanto, reduzir ou objeti- ficar os clientes com um rétulo de psicopatolo- gia pode despojé-los de sua rica complexidade (Boisvert & Faust, 2002, Szasz, 1961). Quando acorre esse foco excessive no diagnéstico, os diagnésticos baseados no DSM produzem um perfil de personalidade do cliente que descre- ve predominantemente deficits, disfuncdes e transtornos. A avaliagao clinica da personalida- de deve ser um proceso hibrido que explore as forgas ¢ as fraquezas (Suldo & Shaffer, 2008). Depois que a avaliacdo clinica estrutura a ques- tdo presente como um problema, a reducdo dos problemas apresentados é vista como uma medida do sucesso da intervencao. No entanto, problemas psicolégicos so complexos e multi- dimensionais e frequentemente tém apresenta- ao idiossincrdsica (Harris & Thoresen, 2006) ‘Além disso, a melhora dos sintomas psiquid- tricos nfio assegura que os clientes atingiram 0 bem-estar. O real estado clinico, em termos de tempo ¢ recursos alocados, ¢ finito. Se a maior parte desse estado real for ocupada pela me- Ihoria dos sintomas, nao restaré muito tempo e esforgo para a amplificagdo dos pontos fortes, significado ou propésito. Estigma A pratica clinica atual &, em grande parte, dire- cionada para a descoberta de traumas infantis, a avaliagdo dos pensamentos distorcidos ¢ a analise das dificuldades interpessoais e do caos ‘emocional. As pessoas evitam procurar servigos clinics porque temem ser estigmatizadas caso seus problemas sejam formulados dentro de um diagnéstico psiquidtrico (Corrigan, 2004). ‘As representagdes de individuos com doencas mentais na midia popular mantém o estigma contra a satide mental (Bearse, MeMinn, See- gobin, & Free, 2013). Além disso, individuos cada vez mais diversos e cosmopolitas nem sempre se encaixam nos rotulos diagnésticos eurocéntricos (Zalaquett et al., 2008) PSICOPATOLOGIA COMO DESREGULACAO DAS FORCAS Judith Johnson ¢ Alex Wood (2017) defende- ram que a maioria dos construtos estudados pela psicologia positiva ¢ clinica existe em continuos que oscilam entre positivo e negativo (p. ex., gratidao e ingratidao, calma ¢ ansie~ dade), ¢, portanto, nao faz sentido falar de um ‘ou outro campo estudando 0 “positivo” ou 0 “negative”. A psicologia tradicional baseada no déficit se beneficiaria com a integragao da psicologia positiva porque + Construtos da psicologia positiva, como as forgas de carter e emogdes positivas, po- dem de forma independente prever 0 bem- -estar quando contabilizam fatores clinicos tradicionais, tanto transversalmente quanto prospectivamente. + 0s focos principais dos psicélogos positivos, como as forgas € as emogées com valéncia positiva, interagem com fatores de isco para prever os resultados, dessa forma atribuindo resiliéncia. + As intervengdes em psicologia positiva (como a PPT) tipicamente usadas para am- pliar 0 bem-estar também podem ser usadas para aliviar os sintomas. + A pesquisa clinica em grande parte-euro- céntrica pode ser adaptada para aplicagbes transculturais por meio da incorporagio de construtos da psicologia positiva. A luz desses argumentos, convidamos os clinicos a reconeeitualizar os transtornos psi- colégicos baseados no DSM. Mais de duas décadas atrés, Evans (1993) postulou que comportamentos ou sintomas negativos tém formas positivas alternativas. Até certo ponto, reciprocidade ¢ uma questo de seman- s sintomas so definidos na linguagem diana, que sempre pode ser traduzida em stos simples, embora nem todos os sinto- ‘ou transtornos se prestem naturalmente @ reciprocidade. Por exemplo, coragem pode conceituada como a antitese de ansiedade, rnem todos os individuos ansiosos nao tem gem, Evans argumentou que a maioria dos tos em psicopatologia pode ser escalo- fa em duas dimens6es paralelas. Primeiro, 0 buto patoldgico ou indesejavel partindo do io grave, passando por algum ponto neu- ‘até sua nao ocorréncia positiva. Segundo, 0 buto antitético partindo da nfo ocorréncia, ssando por algum ponto neutro até sua forma sjavel. De acordo com o mesmo principio, Peterson ) propds que os transtomnos psicol6gicos ser considerados como uma Auséncia da a, 0 Oposio da forga ou 0 Excesso da forga ), Peterson argumenta que a auséneia de de carter nfio necessariamente se aplica Fanstornos como esquizofrenia ¢ transtomno ar, os quais apresentam claros marcadores cos. Muitos transtornos de base psico- ca (p. ex., depressio, ansiedade, problemas tengao e conduta ¢ transtornos da persona- de) podem ser mais compreendidos holisti- te, tanto em termos da presenga de sinto- s quanto da auséncia, oposto ou excesso de as de carter. Usando a abordagem AOE de erson, conformidade se deve @ auséncia de ginalidade, especialmente quando um grupo o adere A conformidade. A auséncia de Gosidade seria desinteresse. O desinteresse impie limites a0 que uma pessoa pode sa & indesejavel. O oposto da curiosidade seria “tédio. Curiosidade exagerada pode ser igual- ente prejudicial, especialmente se alguém € rioso em relago a violéncia, sexo ou drogas “ Levar em conta as sensibilidades ¢ as fas clinicas, aplicando-se uma abordagem DE em um contexto clinico, pode ser desa- dor. Conceituar os clientes com uma total ncia de forgas (P. ex., coragem, otimismo gentileza), com opostos das Forgas (D. x. snalidade para criatividade, falsidade para ho- estidade ou preconceito para justiga) ou com Psicoterapia positiva 27 exagero das forgas (promiscuidade emocional para inteligéncia emocional, chauvinismo’ para Sidadania ou bufonaria? para humor) pode ser desanimador tanto para os clinicos quanto para os clientes e pode até mesmo no ser teorica- mente plausivel. Mas é dificil imaginar que al- guém possa nfo ter um pingo de gentileza ou que Ihe falta coragem completamente, Portan- to, propomios uma visto ligeiramente modifica- da de AOE em relagao as forgas. Propomos que os transtornos baseados no DSM sejam revisados em termos de falta ou excesso de forgas. Por exemplo, a focaliza~ gf nas faltas pode resultar em depressio, em parte devido a falta de esperanga, otimismo ou Entusiasmo, entre outras varidveis: da mesma forma, falta de coragem e paciéncia pode ex- plicar alguns aspectos de ansiedade; e falta de imparcialidade, equidade ou justiga pode estar subjacente a transtornos da conduta. Inimeros transtornos psicolégicos podem plausivelmen- te ser conceituados como um excesso de forgas especificas, Por exemplo, a depressio pode ser, em parte, um excesso de humildade (relutin- cia em mostrar as proprias necessidades), um exoesso de gentileza (em relagiio aos outros, 4 custa do autocuidado), um excesso de pers~ pectiva (uma visio da realidade restritamente Gonstruida) € um excesso de significado (0 que eva a um foco excessive e a um comprome- timento inflexivel). A Tabela 3.1, Principais Transtornos Psicolégicos como Desregulacao das Forgas, lista sintomas dos principais trans- tomos psicoldgicos em termos de falta ou ex- cesso de foreas. "A falta de forgas isoladamente é insuficiente para justificar um diagnéstico. No entanto,Hinhas be pesquisa emergentes feitas por Alex Wood, na Universidade de Sterling, Reino Unido, esto mostrando que a auséncia ou a falta de aspectos positivos representa um risco para uma condig0 Clinica, Em um estudo longitudinal com 5.500 participantes, Wood e Joseph (2010) constataram TN. de T, Chauvinismo: entusiasmo excessivo pelo que é ‘nacional, enfusiasmo intransigente por uma causa, atitude foo grupo (Dicions\o Housiss da Lingua Pomugiest) >No, Bufonaria: falta Ge seriedade, palhagada, combs ria (Dicionério Houaiss da Lingua Portuguesa). 28 Rashid & Seligman SUE a ets Cee een Peete eC Pekar Transtorno Depressive Maior Humor depressivo, sentindo-se triste, sem Falta de alegria, prazer, esperanga e otimismo, esperanga (observado por outros, P ex., ludicidade, espontaneidade, orientagao para 0s objetivos parece choroso), impotente, lento, nervoso, __Excesso: prudéncia, modéstia enfadado Prazer diminufdo Falta de saborear, entusiasmo, curiosidade Excesso: autorregulagio, contentamento Cansado, lento Falta de entusiasmo, vigilancia Excesso: desleixo, negligencia Habilidade diminuida de pensar ou se Falta de determinaglo e andlise da soluedo, pensamento concentrar e indecisio, inquietago divergemte Excesso: analitico em excesso Ideagaio/planejamento suicida Falta de significado, esperanea, conectividade social, analise da solugdo, pensamento divergente, desenvoltura Excesso: despreocupacdio (pessimismo defeasivo) ‘Transtorno Disruptivo da Desregulacéo do Humor Explosio de raiva severa (verbal fisica) _Falta de autorregulaglo e prudéneia Irvitabilidade e raiva persistente Excesso: entusiasmo ‘Transtorno Depressivo Nao Espeeificado Ansioso Sente-se netvoso ou tenso, incomumente _-Falta de satisfagao (toleriincia ao sofrimento), gratidto, inguieto relaxamento, prudéncia Falta de abertura a novas ideias (curiosidade) Excesso: entusiasmo, gosto. interesse Transtorno Bipolar Humor elevado, expansivo, irritavel Falta de equanimidade, equilibrio e sangue-ftio Excesso: compostura, paixdo ‘Autoestima inflada ou grandiosidade Falta de humildade, inteligéncia pessoal e social Excesso: forga de vontade, introspecgao Mais falante do que o habitual Falta de reflexo e contemplacao Excesso: entusiasmo, paixto Envolvimento excessivo em atividades Falta de moderagio, prudéncia, simplicidade prazerosas (p. ex., compras compulsivas, __ Excesso: paixdo (obsesstio), autoindulgéncia indiscrighes sexuais, neg6cios/escolhas de (Continua) nyolvimento excessive em atividades ue 1m alto potencial para consequéncias plorosas (p. ex., compras compulsivas, discrigdes sexuais ou investimentos nereiais insensatos) [ranstorno de Ansiedade Generalizada ccupagiio excessive com perigo real ou ercebido ente-se inquieto, cansado, nervoso, emulo, tenso, com dificuldade de oneentracao e de dormir nstorno de Ansiedade de Separagio reocupacao persistente e exeessiva de 1 figuras de apego importantes smo Seletivo 0 consegue falar em situagdes sociais jficas nas quais hi expectativa de que Especifica lade acentuada em relagdio a um jeto ou situagéo especificos iva ativa ou suportada com medo ou dade intensa; medo desproporcional ente-se inquicto, nervoso, trémulo, tenso bia Social do de situagdo ou desempenho sociais oraneidade: fora do tempo. Psicaterapia positiva Falta de autorregulacdo, perspectiva, equilibrio, humildade, regulagao emocional Excesso: autocuidado (autoindulgéneia), zelo, gratificarao Falta de perspectiva, sabedoria, pensamento critico Excesso: cautela, atengo Falta de equanimidade, euidado, espontaneidade Excesso: previsio do futuro, compostura Falta de amor, capacidade de amar e ser amado, confianga social, otimismo, vineulos Excesso: afeigto, automegulagao Falta de iniciativa, inteligéneia pessoal e social, competéncias sociais, Excesso: prudéncia, autoexame Falta de coragem, eriatividade Excesso: sensibilidade, reatividade cautelosa Falta de relaxamento, prudéncia, coragem para suportar jjulgamento social, pensamento motivacional (reflexdo introspeceao) Excesso: observancia, conseiéncia, cautela Falta de equanimidade, inteligéneia emocional, ‘autoavaliagdo, monitoramento, relaxamento, cuidado, sangue-frio, autocontrole Excesso: cautela, sensibilidade, reatividade, avaliayao critica Falta de coragem, extemporaneidade,® confianga nos ‘outros Excesso: inteligéncia social (vé a si mesmo como audiéncia, em vez de como parte do quadro social), anilise e avaliagto eriticas (Continua) 30 Rashid & Seligman (Contimacéo) Bese ours Desregulacao das Forcas esac) Agorafobia “Medo acentuado ou ansiedade ao usar transporte piblico, estacionamentos, pontes, lojas, teatros, estar em uma multidao ‘Transtorno de Panico Medo intenso de “ficar loueo”, marcado por palpitagdo, desequilibrio, instabilidade ou tontura ‘Transtorno Obsessive-compulsive Pensamentos, impulsos ou imagens indesojados recorrentes, persistentes, intrusivos Comportamentos ou atos mentais repetitivos que o individuo se sente compelido a realizar para evitar a ansiedade ‘Transtorno Dismérfico Corporal Preocupagio com defeitos percebidos na aparéncia fisica que nao sto observaveis ou sio leves para 05 outros ‘Transtornos de Acumulagio Dificuldade persistente de deseartar ou se separar de pertences, independentemente dios valores reais Falta de coragem, extemporaneidade, receptividade, flexibilidade Excesso: sensibilidade, cautela em relago a uma situacao Falta de serenidade, inteligéncia social e pessoal, criatividade e curiosidade para explorar o ambiente! situaglo além da superficie, otimismo (esperar resultados adversos inesperados) Excesso: sensibilidade, reatividade a sinais do ambiente, tengo Falia de prudéncia, curiosidade, perspectiva Exeesso: reflexao e introspecedo, moralidade ou imparcialidade Falta de satisfago com objetos e desempenho menos do que perfeitos, criatividade, flexibilidade, habilidade de controlar Excesso: reflexao e introspec¢ao, planejamento Falta de satisfag20 com autoimagem menos que perfeita, reconhecimento de foreas de carter pessoal. modéstia Excesso: inteligéncia pessoal, autocuidado, autovalorizagio Falta de perspectiva em relacdo ao que é importante € significativo, autoimagem distinta (identidade fundida com 0s objetos), relagio cam objetos e artefatos em vez de com pessoas e experiéncias, inabitidade de passar por cima das necessidades percebidas (lta de eompaixto) Excesso: otimismo, cautela (Continua) eet ee nstorno de Estresse Pos-traumtico nbrangas penosas recorrentes, oluntarias, intrusives, de um ntecimento traumético 1ento psicologico intenso ow ongado c medo de sinais extemos que jem 0 acontecimento traumatieo fiva de lembrangas penosas (pessoas, res, atividades de conversasio, objetos, Ses) Psicoterapia positiva 31 ee Falta de resiligneia, habilidade de recuperar-se, inteligéncia pessoal para processar as emogdes ‘ou procura de apoio para processar as emocies, habilidade de correr riscos/criatividade para explorar varios mecanismos de enfrentamento, persisténcia, mismo, esperanea, apoio social, encontrar sentido no acontecimento traumético, ou colocar as eoisas em perspectiva Excesso: reflexto (ruminaga0), visio ou pereepeao do acontecimento apenas através de lentes ou perspectiva negativas, aderéncia (a experiéneia traumética) Falta de habilidade de se acalmar, telaxar ou recuperat a serenidade; criatividade e coragem para experimentar a objegdo ou situacdo penosa de uma forma diferente ow adaptativa, autodeterminagao Excesso: serenidade, cautela, manter 0 status quo Falta de determinagao para lidar com lembrangas penosas (bravura emocional) Excesso: autopreservacdo i custa de ndo gerar experiéncias espontéineas ou correr riscos necessirios sstorno de Déficit de Atencio/Hiperatividade em prestar atengdo a detalhes, entemente no ouvir quando The falam amente ildade de organizar tarefas e atividades ‘e nfl gosta de tarefas que requerem. jo constante e esfotgo mental ssivamente, interrompe-se ou ye outros, dificuldade de esperar orno de Oposicao Desafiante a as pessoas deliberadamente entemente iritado, ressentido, 0 ou vingativo Falta de vigilancia e inteligéncia social Excesso: vigilncia Falta de disciplina e gerenciamento Excesso: gosto, entusiasmo Falta de determinagao e paciéneia Excesso: prazeres hedénicos Palta de calma e serenidade Excesso: agilidade, fervor Falta de inteligéncia social, autoconhecimento Excesso: entusiasmo, iniciativa, curiosidade Falta de gentileza, empatia e impareialidade Excesso: cleméncia Falta de perdio, gratidao e serenidade Excesso: imparcialidade e igualdade (Continua) 32 Rashid & Seligman (Continuacao) Peet) pene ceca Peete) ‘Transtornos da Conduta, Disruptive, do Controle de Impulsos Importuna, intimida e ameaga as outras pessoas Rouba e destréi propriedade alheia ‘Transtornos da Personalidade Transtorno da Personalidade Paranoide Desconfianga sem base suficiente para afirmar que outros 0 estio explorando, prejudicando ou enganando Duvida da lealdade ou confiabilidade dos outros, reluta em eonfiar nos outros, 1 um significado oculto humilhante ou ameagador ‘em comentiirios ou acontecimentos benignos Transtorno da Personalidade Borderline Instabilidade generalizada nas relapdes, abandono imaginado ow real Idealizacao e desyalorizagio Impulsividade autodestrutiva (p. ex. gasta, dirige com imprudéncia, come compulsivamente) ¢ explosdes de raiva Transtorno da Personalidade Narcisista Padro de grandiosidade, arrogéincia, necessidade de admiragao, sentimento de autovalorizagio Falta de empatia Falta de gentileza e cidadania Excesso: lideranga, controle, govemanga Falta de honestidade, imparcialidade e justiga Excesso: coragem, imparcialidade Falta de inteligéncia social, confianga nos outros, receptividade, curiosidade Excesso: cautela, diligéncia Falta de inteligéncia pessoal, dar ou receber amor, falta de apego profundo e seguro Excesso: inteligéncia social, receptividade Falta de capacidade de amar e ser amado nas relagdes pessoais profundas e continuas, apego seguro, intimidade emocional e reciprocidade nas telagdes, prudéncia e gentileza nas relagdes, empatia Excesso: curiosidade e entusiasmo que passa rapidamente, apego, inteligéncia emocional Falta de autenticidade ¢ confianga nas relagoes intimas, moderagdo, prudéncia e receptividade (¢ influenciado por um tinico acontecimento), orientago para a realidade, perspectiva Excesso: julgamento, espontaneidade Falta de autorregularao (tolerincia), moderagio, prudéneia Excesso: bravura sem prudéncia (ages sem prudéncia), correr riscos Falta de autenticidade, humildade Excesso: autodepreciaca0, crticismo Fata de inteligéncia social, gentileza (estar genuinamente interessado nos outros) Excesso: inteligéneia pessoal (necessidades ou desejos pessoais sto priorizados) (Continua) tasias de sucesso, poder, brilhantismo, jeza ou amor ideal ilimitados sntimento de legitimidade, expectativas de nento irracionalmente favorivel, exige raga excessiva storno da Personalidade Histriénica cionalidade e busca de atencio excessivas “acilménte sugestionavel (i.e, facilmente influencisivel pelos outros ou pelas ircunstaricias) sdugdo sexual inapropriada, énfase wgerada na aparénefa fisica sdio emocional superficial e tempestiva Autodramatizaco, teatralidade e expresstio jocional exagerada e superficial cupagdo com detalhes, ordenagiio e feccionismo ‘ontrole interpessoal & custa de flexibilidade, abertura e eficiéneia Preocupaco com detalhes, regras, listas, rBanizagées ou hordrios até o ponto em ‘que 0 objetivo priméio da atividade é& sobrepujado Excessivamente dedicado ao trabalho & ccusta do lazer e de amizades " Rigidez ¢ obstinagiio Psicoterapia positiva 33 Falta de humildade, perspectiva e inteligéncia pessoal Excesso: criatividade (fantasia), racionalizagdio, intelectualizagio Falta de humidade, cidadania ¢ imparcialidade Exeesso: lideranga, necessidade de valorizagao Falta de imparcialidade, equidade e justiga Excesso: retiddo, despotismo, autoritarismo Falta de serenidade e modéstia Excesso: inteligéncia pessoal ¢ emocional Falta de persisténcia, determinacio, orientago para 0 objetivo Excesso: de eficiéncia, de coneentragiio Falta de critério e autorregulagzio Excesso: desinibigao emocional Palta de mindfulness ¢ inteligéncia social Excesso: espontaneidade Falta de autenticidade; expressdio autntica das proprias necessidades, emogdes e interesses; moderacio, mindfulness Excesso: inteligéncia emocional, entusiasmo Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva Falta de perspectiva quanto ao que € mais importante, espontaneidade Excesso: persisténcia, ordenago Falta de gentileza, empatia e habilidade de entender Excesso: submisstio e leniéncia Falta de flexibilidade, criatividade ao pensar de formas novas e produtivas para fazer as coisas Excesso: perfeicao, organizagao Falta de equilfbrio, saborear, valorizagao das relagtes Excesso: autoindulgéncia Falta de adaptabilidade, flexibilidade, solucdo criativa de problemas Excesso: diseiplina, prudéncia (Continua) 34 Rashid & Seligman (Continuagéo) Presenca de Sintomas Deer eee ago eerie cesso de preocupaco, escrupuloso e inflexivel sobre moralidade, ética ou valores Transtorno da Personalidade Eyitativa Evita atividades com outros devide 20 medo de critica, desaprovagao ou rejeicao Isolamento social, evitardo das pessoas, injbigdo em situacdo interpessoal nova devido a sentimentos de inadequagao ‘Vé asi mesmo como socialmente inadequado, pouco atraente e inferior aos outros Relutincia em correr riscos para se engajar em atividades novas Transtorno da Personalidade Dependente ‘Necessidade excessiva de ser cnidado, medo Dificuldade de tomar decisées, falta de perspectiva Dificuldade de expressar discordancia de outros Dificuldade de iniciativa Transtorno da Personatidade Antissocial Incapacidade de se adequar as normas sociais ou leis Desonestidade, mente repetidamente, da -golpes nos outros para beneficio pessoal Falta de perspectiva, consideracio da implicagio da decisto, adaptabilidade, flexibilidade, solucao criativa de problemas Excesso: retidaio Falta de coragem interpessoal para correr riscos, raciocinio eritico para colocar a critica ou desaprovagtio dos outros em perspectiva, coragem Excesso: autoconsciéncia, cautela Falta de forgas interpessoais, mistura da prépria identidade com outros/grupo Excesso: prudéncia, pensamento critico Falta de autoconfianga, autoeficdcia, esperanga e otimismo Excesso: humildade, autenticidade Falta de coragem e curiosidade Excesso: autorregulaeio, conformidade Falta de independéncia, iniciativa e lideranga Excesso: isolamento Falta de determinaco, perspectiva Exeesso: andlise critica, foco em detalhes Falta de coragem, de ser capar de se manifestar pelo que E certo, julgamento Excesso: intransigéncia Palta de autoeficdcia, otimismo, curiosidade Excesso: organizaeao, autonomia Falta de cidadania, propésito comunitirio, respeito pela autoridade, gentileza, compaixio, perd30 Excesso: coragem (correr risco), vitalidade Falta de honestidade, integridade, imparcialidede, bissola moral, empatia Excesso: intefigéneia pessoal autocentrada (Continua) Psicoterapia positiva 35 lontinnacdo) Pree Core Pc) Falta de serenidade, prudéneia, toleraneia, gentileza e ‘consideragao, conheeimento dos outros, autocontrole, ‘perspectiva (incapacidade de prever as consequéncias) ‘Excesso: vigor mental é fisico, paixao, ambicao, coragem, nao hesita em sair da zona de conforto, rritabilidade, impulsividade, agressividade nforme indicado por brivas ou agressées [Falta = capacidade diminuida de exercer/usar uma forga de eardter; Excesso = exeesso de forgas; ndo deve ser considerado excesso de sintomas. ‘que individuos com poucas caracteristicas posi- tivas — como autoaceitacdo, autonomia, propési- 9 na vida, relagdes positivas com outras pesso- as, dominio do ambiente e crescimento pessoal —tinham até sete vezes mais probabilidade de ‘experimentar sintomas depressivos na diversida- de clinica. A auséncia de caracteristicas positivas cconsistia, independentemente, em um fator de risco para transtomo psicolégico, ultrapassan- do a presenca de indmeros aspectos negativos, inclusive depressao atual e prévia, neuroticismo © doenga-saiide fisica. Além disso, pessoas com alto nivel de caracteristicas positivas esto pro- tegidas do impacto de acontecimentos negativos na vida, inclusive problemas clinicos (Johnson et al., 2010; Johnson, Gooding, Wood, & Tarrier, 2010). Como, exatamente, uma falta ou excesso de forgas pode atuar segundo uma perspectiva da PPT? Consideremos um exemplo clinico. ‘A Escala de Depresso do Centro para Estudos Epidemiolégicos (CES-D; Radloff, 1977) é uma das medidas mais frequentemente usadas de sintomas depressivos. Com 16 itens nega- tivos e 4 positivos, acreditaya-se amplamente que essa medida examinava dois fatores sepa- rados — depressiio ¢ felicidade (Shafer, 2006). “Analisando-se os dados de 6.125 adultos, Alex ‘Wood ¢ colaboradores demonstraram que uma estrutura bidimensional da CES-D é, mais pro- vavelmente, um artefato estatistico: depressaio e felicidade podem, em grande parte, ser si- ndnimos, ¢ a medida existente pode aleancar diferentes extremidades do mesmo continuum (Wood, Taylor, & Joseph, 2010). Ou seja, de- pressio ¢ felicidade fazem parte do mesmo Com base no Manual diagnéstico ¢ estatistico de transtornos mentais (5° ed). contimmum, ¢ estudé-las separadamente duplica de forma desnecessaria 0 esforgo da pesquisa. Igualmente, 0 Inventério de Ansiedade Trago- Estado (Spielberger et al., 1983) pode ser con- ceituado em um continuum de ansiedade até relaxamento. Diferencas Individuais Na PPT, nossa escolha dos tragos para des- crever uma falta ou excesso de forgas é uma mescla de forgas definidas e bem pesquisadas (como gratidio, curiosidade e perdio) e tra- 0s que so expressos em experiéncias na vida cotidiana (como despreocupagao, serenidade, reflexdo e flexibilidade). Uma forma de re- conceituar sintomas ¢ considerar seus opostos = isto €, suas forgas — como em falta ou em excesso nas experiéneias cotidianas. Embora 08 termos cotidianos que utilizamos para des- crever a falta ou o excesso de forcas possam ter diferencas individuais discerniveis ¢ men- surdveis, muitos deles no tém sido foco de exame empirico. Falta e Excesso de Forcas Percebemos que inimeros termos usados para descrever uma falta ou excesso de forcas podem implicar que sua falta ou excesso ¢ indesejavel, tornando as forgas normativas. Por exemplo, a falta de perspectiva, moderagio e coragem é geralmente considerada um estado indesejavel, enquanto excesso de entusiasmo, perseveragio ¢ assungao de riscos é geralmente considerado um estado desejivel. Nossa abordagem e esfor- ¢0 sio para oferecer uma compreensaio menos 36 Rashid & Seligman subjetiva e mais cientifica. Evidéncias mostram que mais quantidade de gratidao, gentileza, curiosidade, amor e esperanea est fortemen- te relacionada a satisfagio com a vida (Park, Peterson, & Seligman, 2004), enquanto uma falta de inteligéncia social, modera¢ao, autorre- gulagio e perseveranga est associada a proble- mas psicolégicos (Aldao, Nolen-Hoeksema, & Schweizer, 2010; Bron et al., 2012). Dinamica Situacional Transtomos psicoldgicos e sintomas relaciona- dos podem ser mais bem percebidos pela com- preensiio de situagdes complexas e meios cultu- rais nos quais os clientes esto inseridos e dos quais eles frequentemente tm pouco controle para mudar essas dindmicas. Apresentamos exemplos: Um de nossos clientes, Michel, tinha sintomas de an- siedade social. Ele evitava situacdes sociais porque era excessivamente cauteloso por medo de dizer algo errado ou inapropriade porque inglés ndo era sua pri- meira lingua. Michel tomou-se sociaimente ansioso quando inadvertidamente disse algo inapropriado, (© que ofendeu um de seus amigos, que 0 acusou de discriminé-lo. Examinar os sintomas em termos de uma falta ou excesso de pontos fortes também requer compreensao das caracteristicas contextuals Michel nao mostrava sinais de ansiedade social en- quanto interagia com amigos que falavam sua lingua Nativa; nessa situacio, ele se sentia confiante, fazia piadas © demonstrava empatia. Uma abordagem orientada para o sintoma provavelmente descreveria a situago como: cliente nao exibe sintomas de an- siedade social quando interage na sua lingua nativa’ Uma abordagem baseada nas forcas provavelmente descreveria a mesma situagao como:"o cliente é ale- te, socialmente vontade e empatico quando inte- rage na sua lingua nativa’ Outra cliente, Sharon, tinha dois empregos de meio periodo - um em uma loja de luxo e 0 ou- tro em uma clinica psiquidtrica na qual trabalhava com criancas com problemas de desenvolvimento. Na loja, Sharon precisava ser muito profissional e vigi- lante e prestar atengo aos minimos detalhes na hora de uma venda. Ela dizia que era muito cautelosa em seu trabalho na loja e gradualmente foi ficando preo- cupada com a possibilidade de cometer erros ou se esquecer de alguma coisa. No outro emprego, apesar de tera tarefa desafiadora de envolveras criancasem atividades terapéuticas, Sharon se percebia relaxada, alegre e social. Uma abordagem voltada para o sin- toma provavelmente descreveria a situacdo como: “a cliente experimenta niveis moderados de ansie- dade antecipatéria em seu trabalho na loja. Ela nao ‘experimenta um nivel similar de ansiedade em seu trabalho na clinica psiquiatrica’, Uma abordagem baseada nas forcas provavelmente descreveria a mes- ‘ma situacao como: cliente na posicéo de vendedo- 1 € cautelosa’e vigilante ~ algumas vezes mais do que deveria, Assim, ela nao é capaz de usar algumas de suas outras foreas, como criatividade e alegria, Na instituicdo psiquidtrica, no entanto, ela & mais capaz de usar suas forcas. Ela é alegre, relaxada e se conecta genuinamente com os outros’ E importante levar em conta a dindmica si- tuacional ¢ como as forcas desempenham um papel com muitas nuangas na compreenstio das vidas complexas e ricas dos clientes. Ter Forcas versus Desenvolver Forcas Ter uma constelagdo especifica de sintomas que causam acentuado sofrimento e deficiéncia funcional geralmente produz um diagnéstico clinico. Esse foi o caso com uma de nossas clientes, Yasmin, que chegou a terapia depois de ser diagnosticada com transtorno da perso- nalidade borderline por varios profissionais de satide mental. Nos primeiros 10 minutos do nosso tempo juntos, Yasmin narrou seus sintomas quase literalmente conforme listado no DSM. Tudo 0 que ela via em si mesma eta destegulacdo emocional, dificuldades de relacionamento e impulsividade autodestrutiva. Depois de ter concluido uma avaliacg3o abrangen- te das forcas (descrita no Capitulo 8 deste manual), sem desvalorizar seus sintomas, nés a descrevemos como alguém que basicamente é uma pessoa afetuo- sa a quem faltam competéncias para expressar amor apropriadamente © como alguém que poderia se beneficiar de compreender e entao adquitir as com- peténcias de construgo de empatia, gentileza e pru- 63, e baixa pontuagdo) e a amostra nfo clinica (pontuagio em OQ-45 < 63) sao apresentadas na Tabela Cl. Essa tabela apresenta a correlagdo bi- variada no PPTI (total de pontos) com medidas do softimento psiquidtrico, engajamento académico global, forcas de cardter e determinacdo, A tendén- cia correlacional demonstra claramente que a medi- da do bem-estar no PPTI tem correlacao favoravel ‘com 0s construtos positives € negativa com cons- trutos desfavordveis. Estrutura ‘As cinco escalas do PPTI apresentaram consisténcia interna satisfatoria. Os coeficientes alfa de Cronbach para a amostra mencionada foram: Emogdes Posi- tivas 0,77; Engajamento 0,81; Relagdes Positivas 0,84; Propésito 0,71; € Realizagtio 0,77. Pesquisas publicadas também demonstraram que PPTI tem ‘uma estrutura subjacente com cinco fatores (Kha niet al., 2014). Além disso, a pontuagao geral, assim ‘como as cinco escalas, so passiveis de mudanga, ‘como demonstram os resultados de intervencbes es- truturadas (p. ex., Rashid et al, 2017; Schrank et al., 2016; Uliaszek et al, 2016). 276 Apéndice C TABELA C1 CORRELACAO BIVARIADA DO INVENTARIO DE PSICOTERAPIA POSITIVA COM MEDIDAS DE ESTRESSE, ENGAJAMENTO ACADEMICO E FORCAS DE CARATER Ciiniea | Bem ajustada (a=710) | (= 937) Sofrimento psiquistrico (global) 0.40%" | -0,38°* Angistia Sintomatica ote | 0128 Dificuldades nas RelagGes Interpessoais -0,20°* | -0,16°« Desafios com os Papéis Sociais 0.23%" | -030%* Engajamento Aeadémico (global) oases | 020% Sala de Aula e Tarefas O24 | 019* Provas ¢ Apresentagio O22 | 0238* Motivago Académica 029% | Org Envolvimento no Campus 20 | oa¥ Resiligneia Académica o20% | 0,18 Adaptagao no Campus 0,15** ou Foreas de Cardter (global) 020% — | 0,19** Apreciagtio da Beleza 0.07 O17 Bravura 0,09" | 0,19 Cidadania ¢ Trabalho em Equipe 00s | otaee Criatividade 0,04 0,19%* Curiosidade 0.03 018" Justica 0.03 on Perdio 0.07 O29 Gratiddo oso [ont Determinagio 0.16 0, Honestidade 0,08" Experanga ¢ Otimismo oto do, Humor a |S Gentileza spr | on Lideranga oto | oe Noe 016 | 020° Amor por aprendizado ose | 022+ Humildade e Modéstia 0,02 0.15% a ApéndiceC 277 eae pas cenpaGeen j 0,04 0,15** : coe [aa oa [wine 0,06 a DOS DE RESULTADOS QUE TRADUGOES ILIZARAM PPTI Turco. B., Riches, S., Coggins, T., Rashid, Guney, S. (2011). The Positive Psychotherapy Inven- je, M. (2014). WELLFOCUS PPT — modified po- psychotherapy to improve well-being: study pro- for pilot randomized controlled. Trial, 15(1), 203. an, M. E., Rashid, T., & Parks, A, C. (2006) fe psychotherapy. American Psychologist, 61, 88. doi: 10.1037/ 0003- 066X.61.8.774 Khanjani, M., Shahidi, S., FathAbadi, J., Mazaheri, M.A., & Shokri, O. (2014). The factor structure and psychometric properties of the Positive Psychotherapy Inventory (PPT!) in an Iranian sample. Iranian Journal of Applied Psychology, 7(3), 26-47. tory (PPTI): Reliability and validity study in Turkish population. Social and Behavioral Sciences, 29, 81-86. Persa , T,, Louden, R., Wright, L., Chu, R., Lutchmic- .. Hakim, I., Uy, D. A. & Kidd, B. (2017). fish: A strengths-based approach to building stu- ‘esilience. In C. Proctor (Bd.), Positive Psycholo- -rventions in Practice (pp. 2945). Amsterdam: ser. Alemao 4k, A. A., Rashid, T., Williams, G. E., & Gula- Wammerl, M., Jaunig, J., Maicrunteregger, T., & G, T. (2016). Group therapy for university students: Streit, P. (2015). The development of a German jomized control trial of dialectical behavior the- version of the Positive Psychotherapy Inventory Ubers- ‘and positive psychotherapy. Behaviour Research chrift (PPTI) and the PERMA-ProflerPresentation at Therapy, 77, 78-85. huup:/dx.doi.org/10.10164. the World Congress of Intemational Positive Psycholo- 1015.12.008. gy Association, Orlando, FL, June. PENDICE B ario de Gratidao fa trés dédivas! (coisas boas) todas as noites + Por que essa coisa boa aconteceu hoje? O que isso ide ir para a cama. Ao lado de cada didiva, es- _significa para voeé? ;pelo menos uma frase sobre: +O que vocé aprendeu ao dedicar algum tempo para nomear essa dadiva ou coisa boa? + Em que aspectos voeé ou outras pessoas con- tribuiram para essa dadiva ou coisa boa? /A DIARIA: DOMINGO ingo ira Didiva IVA DIARIA: SEGUNDA-FEIRA inda- Data__/ fazer eépias adicionais deste Didrio de Gratidao, 4 pina do livro em loja.grupoa.com.br. 270 Apéndice B DADIVA DIARIA: TERCA-FEIRA ‘Tera-feira Data J imeira Dadiva Reflexio ‘Segunda Dadiva Reflextio Terceira Didiva Reflexao DADIVA DIARIA: QUARTA-FEIRA. Quarta-feira Primeira Dadiva Reflextio ‘Segunda Dadiva Reflexao Terceira Dadiva Reflexio DADIVA DIARIA: QUINTA-FEIRA Quinta-feira Data / Primeira Dédiva Reflexao ‘Segunda Dadiva Reflexao Terceira Didiva Reflextio ApéndiceB 271 DADIVA DIARIA: SEXTA-FEIRA Sexta-feira Primeira Didiva Reflexao ‘Segunda Didiva Reflextio Terceira Dadiva Reflextio DADIVA DIARIA: SABADO Sébado Primeira Dédiva Reflextio Segunda Dédiva Reflexao Terceira Didiva Reflexto APENDICE A CONCEITOS CENTRAIS Mindfulness & manter uma consciéncia momento a ‘momento de nossos pensamentos, sentimentos, sen- sages corporais e 0 ambiente a nossa volta sem ser- ‘mos criticos ou sendo menos criticos. Mindfulness nos permite accitar o que no podemos mudar e nos possibilita ver o que pode ser mudado. ‘Alguns eventos, experiéncias e interagBes espect= ficos se mantém em nossas cabegas. Sempre que pen samos neles, emocdes brotam € nos deixam tristes, felizes, com raiva ou inseguros. Algumas vezes, agi- mos segundo esses sentimentos sem muita conscién- cia deles. Mindfuiness é estar consciente de todo esse processo observando o fluxo de nossos pensamentos & ‘emogbes sem agir de acordo com eles imediatamente, Mindfulness também nos ajuda a desenvolver con: ‘especificas, especialmente situagSes que nos pertur- ‘bam. Também aprendemos como nossas emogdes impactam os outros. Desenvolver conscigncia sem julgamento pode nos ajudar a estar abertos e recepti- vos a diferentes perspectivas. Por exemplo, estar consciente de uma interagdo negativa com um amigo pode nos ajudar a ver a pers- pectiva mais ampla. Talvez a interagao negativa nao tenha sido causada por alguma coisa que fizemos, 10, pade ser que nosso amigo tenhia ficado perturbado com alguma coisa que absolutamente no estd relacionada a nés, Estando conscientes, separa~ mos uma experiéncia complexa em partes, possibili= tando que fiquemos abertos para ampliar nossa pers- péctiva. Mindfulness pode fortalecer nossa abertura, autorregulagiio e inteligéncia social. ncia de nossas agdes ¢ reagdes em situagdes Em vez PRATICAS DE MINDFULNESS NA SESSAO Mindfulness pode ser desenvolvida, mas requer pré= tica regular. A seguir, apresentamos cinco praticas de Praticas de Relaxamento e Mindfulness mindfulness e relaxamento que podem ser incorpo- radas as sessdes de psicoterapia positiva (PPT) ow usadas em casa, PRATICA UM: UM MINUTO ATENTO Instrugdes 1, Sente-se em uma posigio confortével com as mios apoiadas sobre as pemas, com a cabega, © pescogo € 0 térax em uma linha reta relaxada. Os pés ficam apoiados no chao. 2. Preste tengo na sua respiragdio. Observe como ela entra em seu corpo € como sai de seu corpo. Foque, enquanto inspira e expira, no quanto seu torax se expande e contrai 3. Suavemente, leve sua respiragdo mais profunda- mente até seu abdome. Contintie repetindo esse ciclo respirat6rio. Tente fazer cada inspiragdo ¢ expirago durar de 6 a 8 segundos. Reinicie de- pois de cada respiragao. 4. Em vez de tentar interromper algum outro pen- samento, mantenha sua atengo focada e conte em voz baixa ou mentalmente, Sua atengao ird vaguear, e sua tarefa ser suavemente trazé- -la de volta e reiniciar mais uma vez. Consi- dere esta uma pratica no s6 para focar, mas também na qual vocé far muitos comegos distragao, inicia novamente, distracao, inici novamente. Se fizer esta pratica na sessto, quando passar um minuto, vocé vai ouvir um sinal sonoro.! | Se esta pratica for feita na sesso, 0 clinico deve retirar 6 cliente do exereicio suavemente com um som tranqui- lizante 264 Apéndice A PRATICA DOI: RESPIRACAO Instrucdes 1 2. Sente-se em uma posigdo confortivel e relaxada. Mantenha a cabega, 0 pescogo ¢ o torax em uma posiedo ereta relaxada (nto rigida). Relaxe os ombros. Apoie as costas no encosto da cadeira, Repouse as miios suavemente sobre as pernas ou onde se sentir confortavel. Caso se sinta confortivel, feche as pélpebras lentamente ¢ suavemente, como uma cortina se fecha em um teatro. Inspire profundamente pelo nariz, espere alguns segundos e depois expire lentamente ¢ suave- mente, Repita essa respiragdo mais duas vezes, cada vez aprofundando-a, descendo do torax até o abdome ‘A cada inspirago ¢ expiragto, tente relaxar todo ‘0 seu corpo, da cabera aos dedos dos pés. 9, Respire suavemente, sem pausa. 10. A seguir, configure sua respiracdo; uma boa re pirago tem trés qualidades (Sovik, 2005): + Suave + Unifforme (duragdo da inspiragtio e da expit go aproximadamente igual) + Sem som 1. Relaxe o esforgo de respirar e deixe fuir na ralmente, como se todo 0 seu corpo estives respirando. 12. Foque na sua respiragio enquanto ela entra e pelas suas narinas, 13. Respire 10 vezes suavemente, uniformemente sem som. Abra os olhos. PRATICA TRES: ALONGUE-SE E RELAXE Instrucées Sente-se na Posigdo de Relaxamento e pratique seguintes alongamentos. Apéndice A 265 Sente-se com a cabega, 0 pescogo © 0 térax alinhados, os pés apoiados no chao ¢ as mios sobre ‘ou proximas ds rétulas dos joelhos (adaptado de Cautela & Gorden, 1978). + Mantendo os ombros fires, gire a cabeca entamente para a direita.* + Respire trés vezes relaxadamente, comegando pela expiracto. + Repita no outro lado. Tq 0 lado preferido: dag para a frente, inclua o lado preferido em suas dieybes. Por uma questo de equilibrio, nés alternamos entre os Iados, de postura para postura (L261 “aunualjag ap opeidepe) ‘ens vp svasso soured se ayunduroge “oriue ‘> mo wred PAOUE‘IH[IXTU! OP OSS0 0 41SUNIE 200A ssiodoc] ‘oxteq ered opuanour‘seuujed se woo 19119 souoUI|AOUT Yazey e agauO; ‘sei0duia (oud ‘aany ep sazouiadns sosso Sop Ope] ¥peD SSopUI sep sexed sep zona ated # anbo]OD “ennaw opsisod wun 918 #104 ap O}S01 9] ‘oruoud s9Anse opueng) “oSeased op zouaysod ed v seBuope eiuis @ wanysod essa eyuaruepy “outod opie oxianb o axreqe ‘einau ogsisod vu zexed op “294 Wg "BOA 9p oWSor 0 aaj ‘aqLDUIEIUY ‘o antdxg =Teapnioyuoo squas 25 ommenbua wise eywayUENL 2 ‘o50asad op jeiuoy oud v anduope ‘susny edaqeo & opuaeyy T2AruOsUOasap efas ogu anb ayy LN AuSune ge opuandza anunwo. “O11 op opamp eu o1S0x 0 wo ‘alUouHEyUD’] “SopEIgi|:Nb> souquUIO sO ‘opuatuur “xe10) 0 2 oSoasad 0 ‘wSaqea e yUHY ‘opey omno ou omusaut 0 wieday ‘quaurepexeyar sozan San as1dsoy orquo 0 BqOULAOU! WHOS Opsonbso auquIO o aye EpIaNbso ‘Byjau0 P aad] ‘SAUL SOIqLLIO SO OpUAILEY, eyj10 vavipugdy 99z

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