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SISTEMA DE PROTEGAO CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS 4. INTRODUGAO 0 Brasil por situar-se numa regiéo de elevada incidéncia de tempestades com raios, apresenta diversas ocoréncias de lesGes “em pessoas e animals, bem como danos em estruturas e equipamentos, provocadas por descargas almostéricas. Para toda alividade ao ar livre , os raios representam sérios problemas. Estes riscos podem ser dafinidos em termos de atividade de raios presentes no local considerado, sendo baseados em um ou dois fatores signficativos, sendo eles : 1- O tamanho e a localizagao das areas de permanéncia das pessoas. 2- Os registros estatisticos de acidentes anteriores. Utlizando a érea ¢ a localizagdo, podemos determinar 0 risco de um raio no local como um todo. Por exemplo, se um determinado local ocupa area de aproximadamente um quilometro quadrado, pode ser mostrado que havera possiblidade de ooorrer um determinado niimero de reios por ano nesta area. Esta possibilidade recebe o nome de Indice cerdunico . Assim, o Indice ceraunico (IC) corresponde ao pardmetro que determina o numero de dias com tempestades de raios e trovoada por ano em cada regio. No estado do Rio de Janeiro a média 6 de 20 dias com tempestade por ano, Na Regio Amazénica a média 6 de 120 dias de tempestade por ano. Estes dados no especificam os locais onde os raios véo cair, nem o que iréo atingir, mas somente que eles irdo ocorrer dentro da érea em questo. O local de impacto é totalmente aleatério. O rio ira terminar em uma regiao dentro da chamada zona de impacto. As estatisticas apresentam que a zona de impacto é determinada por um hemistério invertido, cujo raio tem comprimento entre 10 ¢ 160, metros. Nada pode ser feito para impedir a queda de um raio em detenminado local ou estrutura. As nuvens s4o formadas por um grande quantidade de particulas de Agua, as quals so levadas da superficie terrestre através da evaporagdio. Devido as correntes e turbuléncias atmostéricas existentes nas camadas atmosféricas, as partculas se atritam e colldem entre sl. Assim, a esse movimento, estas particulas passam a se comportar como uma bateria, onde se acumulam cargas positivas e negatives. Na camada inferior das nuvens, se acumulam as cargas elétricas negativas. No solo da superficie terestre acumulam-se as cargas elétricas positivas. Desta maneira, as cargas positives induzidas na superficie do solo assumem mesmo valor das cargas negatives das nuvens. Mesmo com deslocamento das nuvens, a zona de cargas positivas no solo acompanha as nuvens. A nuvem @ a superficie do solo Comportam-se como urn capacitor, onde o isolante é a camada de ar que os separa, pois possul elevada Tigidez elétrica. Assim, pode ndo ocorrer descarga elética entre a nuvem e o solo, enquanto as cagas estiverem equilbradas, Quando a energia acumulada na nuvem atinge um valor limite capaz de romper a isolagéo do ar, © raio desce em diego ao solo ( descarga descendents) e, em dado momento, outro raio sai do solo (descarga ascendente) em dreszo a descarga descendente. A uma altura entre 20 me 100 m do solo, as descargas se encontram e nesse momento, 0 raio decide o local onde ira atingir. A partir deste primeiro estégio 0 primeiro choque do raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e 0 solo que dessa forma permitra a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em tomo de 20 KA. Prof. : Eng®. Osvaldo Cruz SISTEMA DE PROTEGAO CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS pas esse segundo choque violento de cargas passando pelo ar , ocasionam 0 aquecimento deste meio, até 30,000 °C , provocando a expanséo do ar (trovéo).. Neste processo os elétrons retirados das moléculas de ar ,relomiam , fazendo com que a energia absorvida pelos mesmos na emissZo , sea devolvida sob a forma de luz (retémpago). Na maioria dos casos este Mecanismo se repete diversas vezes no mesmo raio. Este ponto de encontro é também chamado de ceniro da esfera e serve de embasamento para a teoria do modelo eletrogeométrico ou esfera rolante. Os pontos altos e de maior érea de exposi¢do so os que tém a maior possibiiidade de ser afingidos. No entanto nada podera impedir que uma edificagéo pequena possa ser atingida , apenas a probablidade 6 menor. Por melhor que seja o sistema de protecéo instalado, este nunca serd 100% eficiente, pois estamos lidando com um fenémeno natural, totalmente imprevisivel e aleatorio, Os sistemas de pare-ralos destinam-se, prioteriamente, a proteger as ediicagies @ as vidas humanas. Se bem instalados, minimizam também os risoos de danos a equipamentos © estruturas. Porém nestes casos, uma protegéo adequada requer a instalagdo de supressores de surtos ( protetores elétricos) e a equalizagzo( intertigacdo) das malhas de aterramento. A trovoada pode ser defnida como 0 conjunto dos fendmenos eletromagnéticas, acistices luminosos que ocorrem numa descarga atmosférica. O numero de dias de trovoada que ocorrem por ano- em uma dada localidade € 0 seu indice ceraunico. Em uma trovoada ainda que se considerar que ha mais descarga entre nuvens do que enire nuvem ¢ terra, Em paises que ainda nao possuem levantamento da densidade de reios, a IEC recomenda o uso da equagdo de Densidade de Descargas: , ,041'5[ pork” / ano] Nesta equago, | corresponde ao indice cerdunico da regio. INDICES CERAUNICOS DE ALGUMAS CIDADES NO BRASIL. LOCALIDADE MEDIAS: LOCALIDADE MEDIAS Bauru (SP) 2 Belo Horizonte (MG) 38 Floriandpolis (SC) 54 Belém (PA) 110 Campinas (SP) Curitiba (PR) 53 Campos do Jordo (SP) 58 ‘Campo Grande (MS) 89 Biumenau (SC) 70 Dourados (MS) 67 Porto Alegre (RS) 20 ‘Cuiaba (MT) $0 Rio de janeiro (RJ) 24 ‘Manaus (AM) 98 Tabela 1.1 indices Ceraunicos de Algumas Cidades do Brasil Prof. : Eng®, Osvaldo Cruz SISTEMA DE PROTEGAO CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS 2. METODOLOGIA Benjamim Franklin descobriu que o raio era um fendmeno fisico-elétrico em 1752 .Constatou em sua teoria , que um sistema de pére-aios 6 o ceminho mais seguro para uma descarga atingir 0 solo, 0 ‘quo minimiza eventuais danos @ riscos pessoais. Na época afimou que apts @ colocagéo de uma ponta metdlica em cima de uma casa, esta atraitia os raios para sie a edficagao estaria protegida contra raios, caindo estes na ponta metalica. ‘Apés alguns anos , tomou conhecimento de edificagées que tinham sido afingidas e 0 raio nfo havia caido na ponta metalica. Assim sendo , reformulou sou teoria e afirmou que a ponta metdlica seria © caminho mais seguro para levar o raio alé o solo com seguranga caso a ponta seja atingida por um raio. A partir dai comegou-se a definir a regio até onde esta ponta teria infiuéncia comegou-se ‘esbocar os primeiras canes de protegao , cuja geratiz era fungdo de um éngulo pré definido , resultando hum cone com um raio de protegao. O método de Franklin tem por base a ionizagao do ar, diminuindo a altura efetiva da nuvem carregada, 0 que ira propiciar 0 raio através do rompimento da rigidez dielétrica da camada de ar. METODO FRANKLIM FORMULA GENERICA fg & Iogia H HAttura do Mastro Fig. 2.1 — Cone de Protegao A regido espacial de protegéo registrou ao longo do tempo divergéncias sobre o volume efativo da protegzo proporcionada pela haste de Franklin, pois, sendo esta @ zona protegida pelo pare-raios, se 0 rao cair nessa zona, ele ir prefer o caminho pelo pra-raios. Inicialmente era considerado 060? 0 que implicaria que tg o=1,73, donde, teriamos que R=H x 1,73. Isto signtica que para cada metro vertical de H o Rai teria um aoréscimo de 73%. Aiguns pesquisadores propuseram ao longo dos tempos a seguintes Zonas de protecao: 1 Em 1823, Gay Lussac, propds um cilindro de altura he raio 2h Prof. : Eng®. Osvaldo Cruz SISTEMA DE PROTEGAO CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS. 1 Em 1874, De Fonvill props um cone com angulo de 63° coma vertical, 1 Em 1875, Chepman propds um cilindro de altura h e rai. 1m Em 1892, Nelsens props um cone com angulo de 30°. Com 0 passar do tempo foram sendo definidos novos angulos de protegao em fungdo da exposigéo da exificagao , bem como os +iscos materiais e humanos , envolvidos. ‘A norma da ABNT - Associagao Brasileira de Normas Técnicas, sobre para-taios , que vigorou aié 1993 (NBR-166) aceitava apenas 0 método de Franklin, com angulo de blindagem igual a 60°, Ja a nova NBR 5419/93 adotou como referéncia a norma da IEC - Intemational Electrical Comission, atualizagao que permitiu aumentar consideravelmente a efciéncia dos sistemas de protego uilizados no Brasil. O texto atual define critérios mais coerentes, variando os éngulos de protegéio em fungéo do nivel de protegdo e da altura da ediicagdo, até um angulo maximo de 55%. Um dos pontos mais positivos da norma 6 a proibicao de qualquer arfificio destinado @ majoracao a protegao dos Sistemas de Protegao Contra Descargas Atmostéricas, relacionados pelos captores racloatives, cuje fabricaco fol proibide pelo CNEN - Comisso Nacional de Energia Nuclear. ‘A obrigatoriedade ou néo de instalar um SPDA é em geral uma exigéncia de leis municipais. Quando estas leis adotam a NBR 5419/9, 6 possivel dispensar 0 SPDA, desde que haja uma avaliagSo estatistica de acordo com 0 anexo "B" da norma , porém, cabe ressalvar que mesmo que o célculo indique néo ser necessério fazer a protego , o deseja do usuario de se sentir seguro é mativo mais que suficlente para instalagao de um SPDA. 24 Método de Franklin O sistema consiste na colocagéo de hastes verticais sobre a edificagao, de modo que a edificagdo fique dentro do cone de protegao projetado pela ponta do para-raios. Devido as limitagdes impostas pela norma , a abertura do cone foi substancialmente reduzida e por este motivo passa a ser cada vez menos usado em grandes edificios, contudo indicado para edificagdes de pequeno porte ou para proteger estruturas especificas no alto de prédios. A protegao baseia-se na rotagdo da tangente de um tridngulo em tomo de um eixo (geratriz), cujo angulo de abertura é determinado em fungao do nivel de protegao @ da altura da edificagéo. E interessante registrar as polémicas que ocorreram ao longo do tempo sobre a area ou volume efetivo de protecao proporcionado pela haste de Franklin. A regio espacial de protegdo 6 a zona protegica pelo péra-raios, isto é, se rio cair nessa zona, ele preferré o caminho através do para-raios. O raio captado pela ponta da haste & transportado pelo cabo de descida e escoado na terra pelo sistema de aterramento. Se a sego do cabo de descida, conexées e aterramento néo forem adequados, as tensdes ao longo do sistema que constitui 0 para-raios sero elevadas e a seguranca estar’ comprometida, O nivel de protegio de um SPDA denota sua eficiéncia quanto a probabilidade de proteger um volume contra os efeitos das descargas atmosféricas. Prof. : Eng®. Osvaldo Cruz SISTEMA DE PROTEGAO CONTRA DESCARGAS ATMOSFERICAS Nivelde | Classificagao da Tipo de Estrutura Efeitos da Descarga Protegao, Estrutura Atmosférica 1 Risco para o meio Indistrias quimicas, usinas Risco de incéndio perigoso para o ambiente nucleares, laboratérios bioqui- _| local e 0 meio ambiente. micos isco para arredores Refinarias, postos de gasolina, fabricas de fogos e munigdes. Risco de inc€ndio para a insta- lagdo e arredores. Risco confinado Usinas elétricas, estagies de | Risco indirelo para as imediagdes. Telecomunicagdes, industria. 1 {Estruturas comuns — [Museus Jocais arqueol6gicos. _| Perda de patrim6nio Bancos, companhias comerciais, icompanhias de seguros Hospitals, casa de repouso, priséo. Danos as instalagoes elétricas [com perdas dos sistemas com- Putacionais. Danos as instalagdes elétricas [com efeitos indiretos para pessoas em tratamento, FTeairos, escolas, lojas de departamentos, éreas esportivas Danos as instalagGes eldtcas com possibilidade e pAnico. e igrejas. ii Indistrias Efeitos indiretos em fungéo das estruturas, perda da produgéo. Residéncias Incéndio, danos materiais, liitados a objetos no ponto de impacto do raio. WV Fazendas e estabelecimentos isco direto de incéndio, e de vida [Agropecuario, ara animais. Tab. 2.1.4 Nivel de protegao e classificagdo das estruturas. Angulo de Protegéo : ‘Atura Maxima (h) da Ponta da Haste a0 solo (m) Nivel de _| Protego <2 2

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