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HEPARA CONHECER, ‘avo da Lnquegem ‘Hane Guile Miva Orns Breda Soe Fonds e Fao > Parugs Breil abel Christine Sere nace Gonnsga Mena + Crone Lec Wikio Rena Miguel Bao Tete Lehmeshl Coelho Cousle ois alga comgles eines ganentos en wormedioracontexo.com br, Ana Quadros Gomes Luciana Sanchez Mendes PARA CONHECER emantica @ editoracontexto 0 ESTUDO DO SIGNIFICADO NO NIVEL DA SENTENGA nivel da seatenga; ‘2 Expor os conceitos bésicos da Seméntice Formal que sfc ferramentas lbgicos, sentido ¢ roferénsia e saturagio de predicado. Objetivos de cada seeao: 2 O objero da ceméntica: éa Semantice Fonmal no ia, ambiguidade e s basicos situados na interface semantica, com o tuar 9 estudo do significado no nivel da sentenga; D Nexos fogices: mostramos como uma teoria vericondicional permite desenvolver um raciveinio, fazendo de lingua natural um meio pere avangar no conhecimento logico, no matematico ¢ no cientifico; © Pressupasigdo: além da importancia do val preensio das sentencas, discutiremos esse outro componente de peso da competéncia semantic D Sentido ¢ referéncia: apresentaremos exses dois conceites bésices da Scmdacica Formal que so fundamentais para a an: > Predicagao: apontamos a ideia da composivion: sa chegar a uma seméntica da sertenca a partir das pegas de sua cons- ce six fe verdade para a com- 1 0 OBJETO DA SEMANTICA A Semintica é, por definigio, o estado do significado. No entanto, essa afimagdo nao vai nos dizer muita coisa se nao explorarmos mais cui dadosamente a nogdo ce significado. Intuitivamente, todes temes uma no- co do que seje significado. Quando perguntamos para alguém, por exem- , qual €0 significado de ume palavra, estamos indagando o que ela quer dizer, © estado do significado procara explicar como a lingua expressa esse querer dizer des escruturas linguistions. Dessa forma, 0 objeto ée interesse da Semantica €, sabretudo, o es tudo do significado linguistice, que pode ser entendide como a relagio entre asnectos linguisticos e nfo lingui femantica sc afasta da Metuflsica, que pode ser definida, grasso modo, como a inves- igagio da realidade em sus toralidade. Tradicionalmente, 2 Seméntica foi considerada mais como um cri- \ério de andlise que perpasse outros niveis de andlise linguistica do que Propriamente um nivel independente, Assim, na Fonologia, por exemplo, © critécio utilizado para a detecedo dos fonemas de uma lingua € um eri- \ério semantico, O que diferencia um par minima do tipo fpjata e fbfata por um lado — que indica que (p] 2 {6] sao fonemas er portugués ~ de un conjunto do tipo ftfia e /effia ~ que indica que fi] e {if} so varientes do mesmo fonema—¢o significado. Ou seja, fpfata e [bJata tem significedos diferentes, enquanto ftjio e {fia significam 0 mesmo. ‘Da mesma forma, na Morfologia, o critério semintico € utilizado 1 stituida de signifi WWra meninas, sabemos que o {-s} € um morfema icos. Ness sentido, propria definigio de morjfemercomo unidade minima c cada, Por exemplo, na ps porque ele marce a diferenga entre plural e singular em portugues. J nas palavras pirer ¢ pais sabemos que 0 -s na posig&o final nil é um mo! mas apenas um fonema, justamente porque ele nfio marca nenhuma dis- tingBo semintica nesses casos. Nos estudos do estruturalismo, tradicionais na Morfologia, a nogio de significado & to importante que oarscteriza 0 Prdpric sistema Iinguistico como um sistema de aposigdes cujas unidades apresentam wn valor em uma rede conceitual. Nos estudos sintéticos, também slo utilizados eritérios semdnticos para, por exemplo, entender ¢ explicitar ambiguidades estraturais, ou seja, ‘eau os seca ranvalda canara quando temos duas estrumuras diferentes para a mesma sequéncia de pa- lavras. Um exemple clissico de sentenga ambigua é uma frase como Ew enviel uma Jolo de Paris para vocé — adjunto de Paris pode estar relacio- nado & foto (assim, hoave ume foto de Paris enviada de algum lugar) ou ao evento de caviar (Ieitura em que uma foto — nfo se sabe mostrando quem ou 0 que - foi enviada de Paris). Outro exemplo curioso de ambiguidads sintética surgi nos comen- ‘térios de uma pégina famosa da internet em que os Ieitores com receitas e dividas, Lime dtivida bastante inesperada surgin depois de urn leitor ver 0 termo wm covo de requeijao de agricar na lista dos ingre- dientes. A pergunta fui: Onde encontvo esse requeliaio de agitcar? O que aconteceu fo togma. Em vez de considerar que se trata de um copo de regueijéio que deve ser preenchide com aglicar, entendeu que deveria encher um copo ue ¢ leitor faz uma andlise sintatica pouco usual do sin- com requeiide (feito) de agiicar, analisendo o sintagma de agticar como adjunto de requeiiao, Neste livro, vex de usarmos 0 significado como instrumento, fa- zendo dale um critério distintivo a servigo de estudos em Fouologia, Mor- fologia e Sintaxe, vamos fhzer dele o préprio objeto de estudo, procurando as fortes des diferentes significados encontrados numa mesma expresso linguistice ¢ destrinchando fzndmenos relacionados 4 construgdo de signi: gio. Veremos que a Seméntica pode ser conside- Ficados @ & sua interprei rada um nivel de andlise linguistica, ¢ assim nosso intuito € mostrar que € possivel realizar una anélise seméntica no nivel da seotenga, em conju- gagio com os estudos simidticos, Dentro dessa perspective, a abordagem tebrica que serd apresentada & a da Seméntica Formal. A Semantica Formal é © estudo cientitico do significado que p:o- cure descrever 0 conhecimento seméntico dos félentes de uma lingua. Como se vera mais adiante, em segio especifica sobre composicionali- dade, as opzragdes semAnticas acompanham as combinagées sintaticas Nese sentido, ¢ unidade basica de enflise da Semantica Formal é a sen- teaga, Segundo essa perspectiva, 0 significado de uma sentenca declara- liva € definide como suas condigées de verdade. Portanto, dizemos que a Seméntica Formal adeta uma abordagem verifuncional do significado, 1 0 OBJETO DA SEMANTICA A Semintica & por definigo, o estado do significgilo. No entento, essa alirmegio ndo vai nos dizer muita coisa se uo explorarmos mais cul dadesemente a nogo de significado. Intuitivamente, todos temas uma no- $0 do que seja significado, Quando pergumtamos para élguém, por exem- Plc, qualé 0 significacio de uma palavra, estamos indagando o que ela quer dizer, O estudo do significado procura explicar como a lingua expresca esse querer dizer das estrucuras linguisticas, Dessa forme, o objeto de interesse da Semantica 6, sobretudo, 0 es- do do significado Tingufstico, que pode ser entendido como a relagiia entre aspecios lingufsticos e nfo lingufsticos. Nesse sentido, a Seméntica se afesta da Metafisica, que pode ser definida, grasso modo, como a inves- tigae2o da realidade em sua totalidade, Tradicionalmente, a Semantics foi considered mais como um eric tério de anélise que perpassa outros nivels de anilise Linguistica do que Propramente us nivel ingopendente, Assim, na Fonologia, por exemplo, © critério utilizado para a detecedo dos fonemas de uma lingua ¢ um eri. ‘é+io seméntica. © que diferencia um par minimo do tipo (pjaia © fBfata porum lado que indica que {pj ¢ (6) sao fonemas em portupués— de um Conjunto do tipo {ia e [iPia ~ que indica que (17 [ff sao variantes do mesmo fonema— £0 significado. Ou seja, (pjata e /bjaic vém significados diferentes, enquanto (dia e [fia significam 0 mesmo, Da mesma forma. na Morfologia, o eritério semintice € utilizedo na rbpriadefinigto de morfema como unidade minitoa constituléa de signif cado. Por exensplo, na palavra menos, sabemios que o {+s} & um morfema porque ele marca a diferenca entre plural e siagular em portugugs. J4 nas Palavres pires¢ pais sabemos que. os na posieao final nia éum mortem, ™as apenas um fonema, justamente porque ele no marca nenhuma dis, tingio semantica nesses casos, Nos estados do estrutu ra Motfologia, a nogio de signi lismo, tredicionais do € to importante que caracteriza 9 Proprio sistema Linguistico como um sistema de oposigdes cujas unidades ‘apresemtam um veler em uma rede conceitual Nos estudos sintéticos, também séo wilizados eritérios seménticos Para, Par exemplo, entender e explicter ambiguidades estruvrsis, ou seja ‘eeue000 xa naniel emg quando Lemos duas escrururas diferentes para a mesma sequéncia de pa- igua € uma frese como Zu lavras, Um exemplo eldssico de sentenga am enviel uma foto de Paris para voc8—o adjunto de Paris pode estar relacio~ nado a foto (assim, houve uma foto de Paris enviada de algum lugar) oa 20 evento de enviar (Jeftura em que ume foto ~ nfo se sebe mostrendo quem ‘0u0 que ~ foi enviada de Paris) Quire exemplo curioso de ambiguidade sintatica surgi térios de uma pagina famosa da intemet em que os leitores compartilam receitas ¢ divides. Lima chivida bastante inesperada surgiu depois de um Jeitor ver 9 temo wm copo de requeiido de agiicar na lista dos ingre- diemes. A pergunta foi: Once enconiro esse requeijao de agitcar? O que i que o leiter fez uma andlise sintdtica pouco usual do sin- den 195 comen- acontecey tagma, Em vez de considerar que se tra deve sor preenchido com agiicar, entendeu que deveria encber um copo } de agiicar, analisando copo de regs com requeijao (fei adjunto de requeijao ‘Neste livro, em vez de usermos o significado como instramenta, fa- um critério distintivo a servige de estudos em Fonologia, Mor- axe, vames fazer dele o proprio objeto de estudo, procurande zendo del fologiae as Fontes dos diferentes significados encontrados numa mesma expresso linguistica ¢ destrinchando ‘enémicnos relacionados construgo de si ficadios ¢ A sua interpretacdo. Veremos que « Semintica pode ser conside- rada um nivel de andlise Linguist & possivel realizar una andlise seméntica no nivel da sentenga, em contju- gacdo com os estudos sintéticos, Dentro dessa perspectiva, a abordagem teorica que sera apresentada é a da Semantica Formel A Somantica Formal & 0 estudo cientifico do significado que pro- cura descrever 9 conhecimento semantico dos falantes de uma Lingus. Como se verd meis adiante, em sego especitica sobre composicionali- dade, as operacdes semanticas acompanham as combinagées sintéticas. Nesse sentido, a unidace bésica de andlise da Semantica Formal ¢ a sen- tenga. Segundo essa perspectiva, o significado de uma seatenga declara- tive € definido como suas condigses de verdade, Portanto, dizemos que ito € mostrar que a Semfintica Formal adota ‘A nogao de verdade (que ¢ uma no¢do files |. uma sparente complexida: doa abordagem formal nessa proposta, para a definisdo de significado segun- sta, No entanto, ha um aspecto bastante intuitive Podemos pensar que saber qual € 0 significado de uma palavra omo tapered, por exemplo, & Seber separar no mundo o que & ta- perebd do que n8o €. Assim, o significado de uma palavra seria 0 que permite so falante separar no mundo os itens aos quais essa palavre se refere daqueles eos quais ele nfo se refere. Da mesma forma, saber ficado de uma sentenga € saber iden ficar cenarios em gue ela da (cendrios em que a senteaga é verdadeira) de venérios em que no pode ser usada (cenrias em que a sentenca & fa vemos que a nogio de condigdes de verdade trata do significado de sentengas de uma forma ba: acessivel. $e voce € falante nativo de portugués, voeé sabe o sig isaro no tethado. Logo, voce ¢ capaz de Separar os cenarios em que essa sentenga § verdadeira dos cenérios em que nao €, Simples, nao? Apesar de dale, a nogto de verdade epresenta tamabém boa robustoztebrica, Ela & seada na concepgdo seméntica da ver dade de Tarski (1944). Esse autor vai muito além da Teoria de Correspon- déncia da Verdade, que vie a verdade ‘de uma sentonga simplesmente como Alfred Tarski foi um légico, {fildsofo € malemstico oolonés ue emigrou pare os Estados | Unidos em 1939. bee Foi professor da Universidade: ftom inameres publicacées ne diea da Logica eda Matematica, i lagdo a concepedo da realidad (nisso, se "4, exatamente como gostarfamos) 2 constitui uma defi- nigdio meterialmente adequada e formalmente correta da nogdo de verdade. A proposta de Tarski & baseada ne divistio da linguagem em dois, 2, 6um lizedo para se falar da ling: esquema T (de Tarski ou de tre, ‘verdade") esclarece qual éa essa divisto © a nogio de verdade. () Esquema T: X€ venadeina se, e somente se, p © que 0 esquema acima mostra € que ume sentenca X, éa Jeto, tem suas condigdes de verdade formuladas, a metalinguagem, apresentada em p. Note que, da forma como o esquema est proposto, nto ha nenhuma exigéncia em jerar que a lingus-objeto © a metalin- guagem sejam formulades en iguagens diferentes. Dessa forma, a sentenga ( da por no apresenta um rufsmo, ou seja, nto € exatamente uma obviedade, embora o parega a pri- ‘eira viste. A parte entre aspas simples representa uma expre:sio reticada da lingua-objeto, ou seia, caracteriza a sentenca cujo significado queremos depreender. A parte que segue essa expressfo € exatemente formulagio } inguagem. O que i @ formulagao em (2) nao informa nada é 0 fato de que tanto a lingua-objeto quanto a metalinguagem estiio em portugués. (2) ‘Aneve ¢ branca’€ verdadeira se, e somente se, a neve € branca. Com o intuito de apresentar 0 ado de forma mais transparente s formais universais, a Seméntica Formal adota uma lin- io de uma linguagem consisteate ¢ uni- gua natural. Dessa forma, essa abordagem adota uma metelinguagem logico-matemética, levando-se em conta que Hinguegens légieas so rigorosas ¢ precisas, enquanto as expresses das lingues naturais s80 i 4 muitos exemplos de ambiguidads e, no capitulo “Modificac veri que as nogiies de indeterminagio © vagueza sto muito importantes i precieo i, embora precisemos adotar ume mguagem logico-mate- "a por conta da precisde e da falseabilidade, as propriedades de inde- terminagao, vagueza e ambiguidade nfo séo def ios das linguas net Rumsalle Frege so grandes | nomes de Filosofia Analitice || Denire suas propostes asia | de que a metentiza paderia sor reduzide a conceitos J6gicos primitives dos quais seria derivada, Na seodo de leitures sugetidas, voc8 encontra urra obra recomendeda de cada um desses Influentes autores. ue vamos, se vincula & na corcepeao de do deve ser capaz de aprescutar um modelo de graméitica que ten- a qué todo falante de leva em conta a recursividade como propriedede bisica da compet Linguistica, Assim como as regras de formagia das sentengas para a rativa, também a regras de interpretagao, para ¢ Seméntica Formal, sdo recursives, como veremos na secio sobre composicionalidade. a 2 ANOMALIA, AMBIGUIDADE E INTERFACE SINTAXE-SEMANTICA Antes de comogar a fe se semintica de semengas, vamos apresentar duas nozdes ve dizem respeito & inte-fuce sin- taxe-semiintica. 4 primeira deles é a nog4o de anomalia, Vamos ilastrar essa nogio com uma sentenga bastante conhecida, que foi discutida por Chomsky (1957). (3) #ldeias verdes incolores dormem furiosamente. © que a sentenga ant de interessante? A pode possesses ‘Aenomala semant | ‘esta sendo marsada | coma cerquitia (f) antes da sentence f teristioa que salta aos olhos esté no fato de que vocé provavelmente nunca ouviu esse enunciado antes (a menos que 0 tenha visto em um livro de Linguistica como dissemos, essa frase Ji se combu famosa...). Nesse sentido, pode-se pensar que o que Chomsky queria mostrar era um exemplo da propriedade da criatividede da capaci- dade humana da linguagem, ou seja, a capacidade de formular sentences inéditas, nunca dit s. No entanlo, essa sentenca de fato ilustia outra propriedade fundamental de gramética: a forma lingufstica pode ser sepa- rada de seu significada, A sentena (3) ndo express nenhum significado coctente (a menos que seja imerprétada metaforicamente), Ideas nao tm cor, coisas verdes nfo podem ser incolores, ideias ndio podem dormir, 0 ato caso de violagdo ca seleylio semantica, No entanto, a sentengé com uma sentenga bem const guas naturais é indepen vel explorar os potenciais de combinagio de palaveas © sinlagmes de mode a constuir uma sentenga gramatical, porem sem conteudo seméntico algum. A 6 exemplo de anomalia se- méntica. Trata-se de uma sentenca bem construida do ponto de vis- ta sintétivo, mas que nip apresenia valor seméntico. Compare-a, por exemplo, com a sentenga em (4a), que é agramatical porque é uma sen- ‘A agramaticaldade ‘marcada com 0 asterisco (*) antes de sentenca Eucetaerano a. *Calma dormindo pequenas esto orian: SEER Diflell fotograter o silencio, Entietantotentel. Eu conte: Nadrugeda,aminha aldela | festava morta, | zmaticais ¢ andmalas ¢ uma capacida- de dos falantes de uma lingua, Embo- 12 elas nfo fagam parte do nosso dia 4 dia, na Tteratra, no entano, esses Fg el tel propriedas so explondas so mis. conc | mo pelos poelas. Manoel de Barros, carregando um bébado. q minha maquina. ‘O ciléncio era um carregador? por exemplo, & Stic produzir sentengas andmalas. Observe a poesia | esiava carregando o bebado, no quadro ¢ tente identific Fotografei esse carrscador. seméaticu nos seus v Tie outrasvistes nacuela | tala sematice nos seus | ee | muitos versos anémalos nessa poesia. Prepareiminka maquina de | Nosses preietas sto fa 0 silencio J nO. | ela rua carregando um bébacb & EE eed inal paride ym bébadsoFo~ no be'ral do sobrado, tograjei 0 sobre. Foi Fotografsio perfume. | ] hei urra geisagem veina a desavar sobre uma casa, Fotografel o sobre Fo) dificil fotografar 0 sobre. j ‘Afooo salu legal algo di repre- Messen senta toda a perspective da relagiio apresentada entre a paisagemea eldeia. Um caso bastante diferente € 0 da ambiguidade. Esse é um conceito bem mais divulgado ¢ conhecide do que @ anomalia. Vocé deve se lembrar de ter estudsdo essa nog@o em algum momento de sua vide escolar ou smesino de ter ouvido falar em ambiguidade no seu dia a dia. Ouvimos falar de ambiguidades, por exemplo, A | como ¢ duplicidade (vejao grefixo ambi) de sentidos. Talvez 0 caso de ambiguidade mais salien‘e que far 9 sobre. Ora, 0 si exista nas linguas seja a dade lexical apresenta dois significados diferentes. Um exemplo que é sempre lembra~ do € 0 caso da palavra manga, que pode ser usada para designar ume fruta ou uma parte de uma cam Quando temos un caso de quando uma palavra ‘oxpressos coincidentement \Sfonas (que tem 2 mesma promincia). Nesse easo, podemos considerar que so dass palavras dife- Tenles, manga! € manga2, que, coincidentemente, so expresses pela mes- ma sequéncia de soas. Jé quando temos um caso em que os diferentes significados da pale- wra estfo relacionados, esiamos diante de um caso de polissemia, Observe, por exemplo, 0 cese da pelavra rede Ela pode ser usada para falar de uma rede de pescar, de uma rede de amigos, de uima rede de computadores. No coaseguimos resgatar um significado bésico comum entre esses mento de algo. Voed consezue perceber gue nesse caso no parece que se trata de trés palavras diferentes, mas de és usos dife- éamesina palavra? Essa intuigtio de que no caso de mange temos duas pal caso de rede femos usos éiferentes para a mesma palavra 6 capturada nos estudos de Lexicologia ¢ Leaicografia, que lidam vom a oiganizagao do lexico de uma lingua. Um cos produtos desse tipo de investigago sko os dicionarios. Se voce procurar a palavta manga no dicionario verd que ele aprasenta entradas diferentes para cada uma das interpretayOes da palavre. Assim haveré manga! ¢ manga? em linhas diferentes, uma embaixo da outta, Jd no caso de rece, cada uma das acepeses da palavra é apresentada ‘da, logo ap6s (nica entrada da palavra. Observe as ilustracces a seguir e veja mais casos de ambiguidade lexical ras © no Pm EA Sta Figura3 Voce disse some Ore Ce Cir ort usual, na sentenga Lugar de m dove set se de um jcado de expirar do verbo ven- nce 14 na Figura 3, 0 poeta ‘Marcos Caiado faz uma brincadeira com a palavra some, que pode ser tan- voce percebeu que 0 respons: palavia com dois sentides ou acepedes, como manga ou rede? (5) Terao desconto no evento todos es professores e pesquiseclores inscritos Voc8 deve ter pereebido que a ambiguidade da sentenga é devido & pelavra inserifos. Mas néo estamos diante de um caso de ambi tode a conjungéo professores e pes de um caso de ambiguidade sia Observe o didlogo a lado, em que o inter- locutor, se fazendo de desentendido, explora 0} Fedro, tudo bem? E a Rosa, sua Vocé poderiaprender seu cachorto? Ele fica cortendo atrés das pessoas de bicicita. da sentenga de vizinha, Ela reclamou que o ca- chorra fica comendo atrés das criangas que Mentira, Meu cachorro nem tem biccleta ambiguidede sintética, Na sentenga da de pessoas, enquanto, na interpretagao de Ped: Observe agora a sentenga (6). Vocé consegue ver a de nesta sentenga? 6 Maria nao vai a acadensia vezes por semana, Talvez voos jé ia conseguida sa sentenga pode ser uagoes. diferentes; Um operador é uma palavra OU expressao que se eplica um Gintagma e tem como pereeber que @ wma em que estamos negando que Deca ee mals compiexo. Na gica, a quantidade de idas de Maria a nea Sa emia seja igual @ 2, ou seja, ela no | cperadores san a negagao 8 quanificadores, quo & intoduzidos no can! siniggma nomi | | | na semana aos quais Maria nfo frequenta @ acacemis; loge, entende- tos que nos outros 5 dias ela estard lt A ambiguidade da sentenge (6) st deved interagao entre cois ope- © escopo 8 entensido como © 2mbito ou alcance de um ode ser combinados ‘onsierando ciferentes Yadores: 0 operador de negacao nio.e | aifenlos. que azem respeto ao alcance de cada um dos operadores. Veja abaxo a diferen © operador de contagem de ago se aplica sobre a ie de episédios, enquanto na doment usa drcncore | tae dos operates fra negagio (tem dois, que ela nio vai). Essa intereedo entre (08 operadores ¢ tratada na Lingu como uma ‘itura, dizemos que a negapao }po sobre « expresso de quantidade ¢, na segunda, que s expressto lantidade tem escopo sobre « negacao. A ambiguidade da sentenca se 4 escopo que esses operadores podem apresen- |, © escopo segue a orden da sentenga, ou seja, a negacio operator de quantidade seguindo a ordem em que sto pronun- ciados na sentenga, J aa , 8 Telagdo entre os operadores se dé de sentada na sentenga; por isso, essa [citura apresenta aquilo que € chamado de escopo invertido semana em fio de escopo, Na pri- Loan seaplica { Arelagdo de escop da sentenge pode ser expliatada na sua forma légica mética, an dores i (i), €m que a negagdo tem sobre operador de qua dade, descreve cenérios diferenses do que os especitficados pele leitura (ii), oOes e fagamos tum teste para saber se 03 diferentes escapes podem ser capturades pelas ia das leivuras. Dessa vamente 08 tergas e quintas nfo é descrito por forma, ¢ sentenga Maria nia vai @ academia duas vezes por s nesse cenirio, independentemente de sua leitura, Sentengas que tém ambiguidade de escopo apres ambiguidade que no & sé lex “Trata-se de u guidade sematica que, como vimos, pode ser perfeitameate capturada ¢ explicitada pelas formas logicas atribuidas a cada uma das leituras — essa uma das razSes pelas quais ¢ tio importante atri as semtengas ea Vimos que s6 ¢ de vista estrutur liversas razSes para enconirarmos mais de um la mesma expresso linguistica, Nao precisamos recear ins significados sob o sramentas boas essa pujante riqueza: vamos conseguir manter os vi nosso radar. Na préxime segiio, conheceremos algumes pera rastrear significados novos 4 partir de outros ja eoahecidos. a NEXOSLOGICOS ‘Como seré que pensamento e linguagem esto relacionados? Poderia- mos imaginar algum pensamento sem lingua, em imagens, por exemplo: uma lembranga tranaformada em sonho, como rum filme mudo. Mas, se quis 10s compartilhar um pensamento conplexo e elaborido com outta pessoa, teremos de apresenté-lo em forma de linguagem. Imagine ter de transmitir a érbita da Terra é elipties, Ou ade que 0 que- € igual soma das quadrados dos catetos nos triéngulos retinguios. Ou, ainda, a de quea digestio é um procesto quiinieo e mecinieo de quetra cas moléculas dos nutrientes, os quais se subdividem em lipicios, proteines, carboidiatos e écidos nucleicos. Pois entio! Nao s6 a linguagem & tembéw o conbecimenio buat afisica, a astronomia, a gu meio do racioci sobre & matematica, a geomettia, anatureza, ica ete. € construide por meio do raciocinio, Por io, « bumenidade é4 um salto em conhecimento: liga causas formula bi ‘conclusdes sobre eventos e fares zndo, podemas atingir un conhe- ‘cimenio muito além daquele propiciaéo pelo que vemas com nossos préprios, olhos. O raciocinio nos Hiberta de ter que ver para saber. E a acte de tirar as melhores conctusdes possiveis « partir do pouco que jf sabemns ‘No méiodo dedutivo, as conclusdes so inescapsiveis, ou saja, 6 valem io puder haver resultado diferente, Gado o que sabemps. O métode dedu tive vai do mais geral para o mais patti Astronémica Internacional nono plencta do nosso + estando deatio do Cinturdo de Kuiper, uma regio com varios objetos se interpondo em sua érbita, Plutdo nfo atende a rereeira condigao para ser um planeta, de ser senhor de sua irbi ‘Bxemplo de método dedutivo Pelas regras do Sodoks duz qual é 0 mimero que comple- ta 0 joge: {: dado que os ai rox de 1 a 9 precisam apare Premissa 2: dado que ac sdrado vazio ja term 23,456,869 eo aly aw alae sy L nh ndo preenchid 6 0 7 por sua vez, parte da observagio de fatos perti- ; por esse raciocinio, apds considerarmos um O metodo indutiv calares para genereli riimero suliciente de cases particuleres, exerplo, apés conststar que 0 sol se outro, no subsequente, um observador vai concluir ue 0 sol se poe di ne. Seria 1ado seno dia seguinte nfio hoavesse um pr éo sol, muito embora o fato de que honve um poente por diz até entéo nzo garanta que isso continue exemamente, ‘Mas © gue nos faz acciter ume saposigao para a partir del no prim: verdaceira? Ume sentenga declarative € uma pro- 1 (Gado elemento} mar uma sentenga posigdo. Ela “props categoria (conjunto), on entre duas categorias. Assim, a certa relagiio entre um partic. por que ume. ca- afirma que todes 08 cariocas sio nto dos brasileiros € jementos do conjunta des ear togoria 6 parte de outra, como em (8), brasileiros, ou seia, que 03 cariceas sao um subcon (7) Machado € carioca, mec hado = um particular = relagao de pertencime: 6 4 formulagio matemiética da ‘Teoria de Conjuntos, ou Com 4 organizardo intema de uma sentenca declarativa, Se al uém perguntar « Maria sobre seus escritores latino-americenos favorios, ela Pode mencionar Brico Verissimo, Gabriel Gascia Mérquez, Joaquim Marie Machado de Assis ¢ Joo Guimaraes Rosa, Eles vao entar n A fouled de uma semtenge de © particulares que nao valem sé para un todas as lagdes, por terem a mesa estrutura, Por exempl lar tuma categoria vale no $0 para (7), mas tambizm par as proposigdes de (2) a (0). inciusdo de ume categoria vin ura vale no 6 para (8), mas ainda para as proposigtes (Se) e (90, ‘ca sentenga, mes valerao para ©) 4. Gabriel Garcia Marquez é colombiano. . Erico Verissimo & gaticho, uimardes Rosa é mineico 4. Machado de Assis & brasileira © Colombianos sao latino-americanos. £ Mineitos sto latino-americanos Se esse ¢. estrunura basica das propesigées, podemos relecionar di- versas delas num mesmo raci sariamente @ clemenio do subcoajunto A também seré superconjunto B. Essa f6 uas informagées passa a sila pode ser expressa em term! ssa. 1: Todo carioca € brasileiro. Aconcluséo é alcancada por raci a0 saber que Machado é cario- 0 sabia até ent&o: que gorias da premissa 1 por quaisquer outras, desde que a primeira, que vem depois do todo, seja parte da segunda, que aparece depois de ¢. Na segunda 1 Machado, premissa, qualquer elemento da categoria menor pode: F a coticlusdo sempre sera vAlida. Por exemplo: Premissa 1: Todo carioea & bra issa 2: Euclides da Cunha € carioca. Logo, Buclides da Cunha é brasileiro, as. Por Tembem podemos cstzbelocer outras relapCes entre as catey exemplo, a premissa 1, 2 seguir, afirma que a primeira categoria mencionada nao € um subconjunto da segunda categoria mencionada A segunda premissa iz quo um particular é um elemento do primeiro conjunto. Nesses coudigaes, esse particular nio pode pertencer ao outra canjunto, come bem diz conchusi Premissa 1: Neaht Premissa 2: Gabri colombiano é carioca. Logo, Gabriel Garcfa Marquez nao é carioea, Quira conchusto que se impde quando os mesmos py vem a duas eategorias $a de que ambas iém uma parte em comum, a sua interseedo. Assim, alguém que tenha apenas as informagOea das premissas vai accitar a conclusto do préximo silogismo, sem preciser verificar nada: Premissa 1: Machado de Assis e Erico Veris Premissa 2: Machado de Assis ¢ Erico Veri 10 sio latin-americanos, 10 So escritores renomades. Lozo, alguns latino-americanos sio escritores renomados. Eclaro qua, com ba: premissas que predicam sobre Machado e Ve- rissimo, no podemos concluir nada sobre a totalidade dos latino-americanos, Pode ser que os demais naturais do continente sejem também escritores reno- mados. Mas pode ser que alguns tenham outas profissbes. Como & s6 uma ide, mas nao uma necessidade, que as conterrinecs de Machado & osilogismno a seguir & Sio latino-americanos, jodemos avancar no raciocinio se a verdade das premissas ne- essarlamente levar conelusio emunciada. A relagdo estrutural entre a3 proposipGes que facionam como premissa tem de garantr, sozinka, sem a ajuda de outras fontes de informagbes, a verdade da terceirs, Quando for ibore possivel, nao obrigatério — assumir a verdade da wformapao, esteremos diante de um false ncia Iégiea ou acarretamento. Nos silogismos, temos sempre trés sentangas, mas essa relaglio pode ser vélida entre duas sentengas guaiscuer, Assim, pademos defi Fetamenta como uma relegfo entre a verdade de aear- vas sentengas, tal que, se aacarretadora for verdadeira, seja impossivel que a acarretada néo seja, ‘Vejamos as sentenges em (10) (10) 2, Erico Verissimo ¢ pai de Luis Femande Verissimo. b, Luis Fernando Verissimo ¢ filho de Erico Verissimo, entenga (10) acarreta a sentenga (106), pois a relecéo p que, sc x (Erico) for pai de y (de Luis Fernando), entiio no ha possibilidade Femando) no ser filho de x (rico), E. vice-versa: se tommarmos cedadira, eremos de vonsiderar (10a) verdadeira ambémm. En- te (10a € (10b) temos o que se chama de duplo ecarretamento ou acarreta- into primeira sentenga acarreta a segunda quanto & segunda ira, Jando € essa mesma relapo que se estabelece entre (112) (IIb). A sentenga (12) nfo acarreta (11b), poiso fato de Brivo ser pai de Luis Fernando nao tome necessério que ele tenha uma filha, ) a. Erico Verissimo € pai de Luis Femando Verissimo. Dade 2 verdade de (1a), (Ib) € possivel (¢ de fato Luis Femando tem uma irma), mas nao € necessario; portanto, (11a) nio acarreta (1b). Dizemos que 580 compativeis (podem ser verdedeiras eo mesmo tempo, precisa ser). ainda arelagao de contarie- como verdadeira, (12b) é necessariamente falsa, visto que ninguém pode ser fiho de seu proprio filho, em nenhuma circunstincia, Essa rolagio ¢ a de contreriedade, Ela também funciona no sentido inverso: se ‘partirmes de considerar (12s) coma verdadeia, (12a) seré nevessariamente false Femando Yeriss Uma das formas de se obter uma relagiio de contrariedade € negar uma sentenga declarativa afirmstiva, Tal como (126), (136) sm tem fo semintica do operador de negactio sentencial (9 néo do PB) é ‘mnudar o valor de verdade de uma sentenca, Em 10 clarativa afirmativa (L ) for verdadeica, asua ver versa, Se for verdadeito que Hlaje e te fhlsc que Faje nd est cho Ghovendo, enti seré necessariamen- Por outro lado, se for falso que Hoje esr ocessariamente verdadciro que JTaje nilo extd chovendl do 0 que o valor de verdade de certa sentenga de- clarativa pode nos dizer sobre o de outre, Hé casos em que o conhecimento do valor de verdade da primeira senten ficiemte pera determinar © valor de verdade da seguada. Dizemnos e1 gente, Vimos, por ex é hd casos mais interessantes paca o fos, em que D conhecimento da verdade ou a contrariedade. n avangarmos o raciocinio, liberando-nos de necessidade de parar para examinar as circunstancias ou cor Assumir que as sentengas so verdadeirss on falses repre grande ganho, por permitir que se atinja 0 conhecimen conheceder nao testemunhou. de coisas que 0 RESUMO: NEXOS ENTRE SENTENGAS | deerreumeno Contradigae consequincia lien © B seo contradivorias 6, tas situagoes em que uma for verdad Duplo acarretamento Asentenga A acarreta a B e vice erst; B € ura consequéncia ea deA, assim conOAS uma eonsequencta logica de B. | t | | acarretamento vai do menes pura o mais geral. Se Mari bala for verdadeiro, entio Lima mnuther comene un doce também set re porque Maria pertence & categoria das mulheres, ¢ a bala pertenve & categoria Iss0 0c0r- bala, mas um brigade. Quanto mais detalhes houver, mais particular fica wma cena ou aecateciments. O acarretamento vai do menos para o mais detalhado: (14) a. Naquele delicioso perourso da Avenida Beira-Mar, toda ensopada de luz elktrica, outros automéveis de toldo ariado, outros carros, oulras condugdes comiam na mesma direglo, (Como se Ouve a Missa do “Galo”, Joao do Rio) b. Naquele percurso da Avenida Beira-Mar, outros automéveis de tol do arriado corriam na mesma diresao. ¢. Na Avenida, outros automéveis corriam. A sentenga (142) acameta a (14b) ¢ (140) acareta a (14e). Mas 0 inverso ‘no acontece. A averida de (14e) poderia nfo sera Beira-Mar (oqueé necensi- rio pare a verdade Os automéveis que corriam ne avenida conforme (4c) poderiam no trazer a capota arviada © nem trafegar na mes ‘0 que fiz das condigdes de verdade de (14c) menos restritas que as ‘Tampouco (14b) acarreta (14a), pois o pervurso pade ma ser del avenide poderia nfo estar toda ensopads de inz elétrica. Os exemplo3 «que © acarretamento vai do mais particular pere 0 mais geral, ou do subcon- junto para o superconjumto, Essa diregdo vale para a relago ene duas catego- rias: uma Tosa € necessariamente ums flor, mas hé muitas flores que nfo so 10sas. E vale lambém para situagtes, cenas ¢ acontecimentos: uma deserigo tama corrida, mas uma corrida qualquer no precisa ser Ienta: pode ‘ou normal. O fato de termos de verificar a relagtes entre categoria para come batandoce © camo as de (14a) « (4c) nos remete & diferenciagSo entre argumentos e pre cados, que sera examinada na secto *Proposigao e composicionatidade’”. M antes de chegarmes ld, vamos fazer ume parada durante o pereurso para iden- Uificar mats uma fomte de significado linguistico: os gatilhos pressuposicionais COREE cer tic + PRESSUPOSICAO Além de podermos relecionar os valores de verdade de duas ou mai sentengas, também parte da nossa competéncia semdntica epreender fados, mas sfo contribuigdes de inomo Mike Brawn descobriv o planeta anco Eris no cinturdo de Kuiper, a presenga de descobrir na sentenga 10s fez sober que a humenidede nio estava cients de existincia de Eris até entao. O verbo descobrir traz.nele a informacto de q objeto expresso por seu complemento existe, mas sua existéncia era des- comhecida anteriormente. Por exemplo, em Dom Casmurro, de Machedo Escobar, jamais afimmou: Ew Gescobri a iraig&o da minha esposa. Essa afirmacdo s6 poderia ser feita ‘caso @ trai¢Zo j4 existisse antes, sem que 0 traido soubesse n do comance, Dom Casmurro mantém desconfiangas: indicios, sem comprovar 4 traigio. O leiter pede entender que, embora 0 ciumento Dom Casmurro se torturasse com uma fantasia, Capi eon ipagio das famosas houve de feto a traigho. O uso de deseobrir re -xpressus, mas indissocia- (a de que antes de 1928 a penicilina jé existia i) a de que até eno ninguém a empregeva 8 que Ronald Hare nao 1, estamos negando que ele seja © autor da descoberta, pare combater agentes pat alesco! mas além disso estamc “1 4 urna expresséio ou construgo so chamadas de pressuposigdes, ou conteidos pressuposicionais. Como eles s80 & dos por uma expressio linguistica ou construgio particular, chamada de ga- vst eaorarie dn cearea tilho da pressuposicdo (nos casos examinados, os gatilhos so descobrir ‘oestiver presente ne senlenga, as pressupo- sigdes que cle dispara estario disponiveis. Os conteddos pressupi so muito semelhantes @ acarretarnentos, mas enquanto os acarretamentos ou consequéncias logicas dependem do valor de verdad da sentenga aearreta- doca, as prestuposigdes sobrevivem 4 rmadanga de valor de verdade da se: teng2, pois séo indissocidveis de seu getilho. Um teste para distinguir press posigdes de acerretamento ¢ suspender ou mudar o valor de verdade de uma sentenea por meio de uma negaeao, perguata ou conditional. Com isso, um acarretamento desapareze, mas uma pressuposiego permanece. Digamos que 8 coloca di jonais nosso problema ¢ decidir se ou de um acarretamento, Sabemos que aceiter -mas por pressuposigao ou acarretamento? de uma pressuposigae 5a) nos leva a aceftar (15b), (15) a. Descobriram que o governante & corrupt. b. O governante jé era cormupto antes da descoberta, mas sabia di iguém 0. Bem, enquanto for assumida 2 verdade de (15a), teremos como con- sequéncia logica (15b). Entac ¢ também pressuposieo, temos de mexer com o valor de verdade de (15. Para fazer isso, hd alguns procedimentos. Podemos neg: partindo do nosso coahecimento de que toda vez que (15a) for verdadeira, sua vorséo negative (16a) seré falsa e vice-versa, Podemos tambdi 4 declerativa em interrogativa, como (16b), po nem verdadeira, mas € um pedido de informagao. Podenos pois, seo consequente (a parte que vem depois de enidio} tem de ser verdade em decorréncia da verdade do entecedente (0 trecho entre (16) a. Nao descobriram que o governante € cocrupto. bb Deseobricam que o governant= # corupto? ©. Se descobriram que o zovemante é corrupto, cabega, pedi ‘nines AS senlenges em (15) nao tem 0 mesmo valor de verdade que (15a), ¢ assim mesmo em cada ume delas temos de assumir (15b). De (16a), en- tendemas que existe 2 cormupeda desse governante, mas que isso ainda & segredo, Para podermos fazer a pergunte em (6b), sobre ter bavido ou nfo a descober, temos de assumir que esse politico é corrupto. E, a0 Jonmularmos a hipotese em (6c), estamos apresentando uma suposicao para afimmarmos que, um cendtio em que 2 descoberta acontecesse, 0s eleitores ficariam revoltados. A hipétese da descoberta s6 pode ser for- mulada caso se assuma que hé algo por descobrir, ou seja, que existe a commupsfio por parte desse governante. © fato de a mudanga de valor de verdade nao proposicional. Para verificarmos se descodrir é ounio gatilho, retiramos essa expressdo. A nova versio de (15a) é « seguint: jinar a ligagdo com (15h) mostra que esse é um conteddo (17) Suspeitaram que 0 govemante é corrupto. Com a troca de clescobrir por suspeitar, ndo temos mais de assumir €m (17) que 0 governante seja corrupto, o que era inevitével em (ISa). A. diferenga de (152) pare (17) foi a supressdo do gatilho, que eliminou 0 significado disparado por ele © conteiido pressuposicional é visto como um conhecimenta com= Partilhado entre o Zalante e seu(s) ovvinte(s). Como vimos, a pressupa- sigo s6 ¢ eliminada pela supressio do gatilho — ele resiste & negagio da scutenga, a wansformacao da declarstiva em interrogativa etc, Por isso € muito dificil combater o contetido pressuposicional de algo dito pelo interlocutor, Quando os tabloides de fofoca publicaram que Brad Piir parou de beber apés a separacao de Angelina Jolie, mesmo se 0 leitor nunca tivesse considerado a possibilidede de que Brad Pitt bebesse, ele iia entender pelos jomais que 0 ator tinha esse habito.A simples negacao da sentenge ¢ insuficiente para epagar 0 contetido pressuposto, exata- mente porque ele ndo depende de valores de verdade, mas do gatitho, ue coutinua presente, produzindo seus efeitos, em Brad Pitt nia paron de beher apés a separagdo de Angelina Jolie. Na versio afinmativa, os fotoqueiros afirmavam que o ator interrompeu o habito de beber; na ne- gative, os fofoqueiros afirmam que o habito no foi interrompido; mas, nos dois easos, 0 vicio da bebida esta essociedo 20 ator. Para separd-lo {amie eeteae oad comarsy dosse hibits, seria preciso rejeitar 0 contetido pressuposicional, dizendo Como assim? Brad Pitt nunca bebeu! Por ser tio resistente, a pressupo- sigéo € mais forte que o acarietamento, Reconhecer ¢ empregar os gati- Ihos pressuposicionais uma comperéncia importante, que permite 20s falentes do PE tanto escaparem de armadilhes quanto criarem argumentos mais diffceis de refutar, ‘Vamos ilustrar a orga da pressuposig20 com outro caso interes- sante, ecorrido em 2015, apds o programa Ce Jo Soares ir a0 ar na madrugada de 12 para 13 de junbo, tendo como entrevistada a entio presidenta Dilma Rousseff. 16 passou a ser criticado nas redes sociais itica. Seus criticos tizetam circular na por dar espago a essa figura p internet eniineios do seguinte teor: “J6 Soeres morreu (vitimade por um golpe na sua credibilidade)”. Internautas que nfo estavam a par da situagao, ao lerem sso, acharam que o apresentador estivesse morto de a sentenga Jé Soares néo morren. O que nos importa nesse episédio & que tanto a sentenga JO Soares morreu quanto a sentenga Jo Soares nao morreu, que silo contraditérias (se ume for verdadeira, a outra necessa~ riamente ser falsa), compartitham a mesma pressuposigio, disparada pelo gatilho morrer: a de que J € um ser vivo (pois s9 quem tem vida pode perdé-la). HE muitas families de gatithos. Verbos aspectuais maream o inicio (18) o meio (19) ou 0 fim (20) de um processo, pressupondo sua existéncia. (08) a, Dom Casmurro cemagou a suspeitar que a mulher o traise. b. Dom Casmurro nfo suspeitava de Capitu até entdo. (09) a. Capitu continua sendo fiel a Bentinbo. ». Capitu jé ere fiel a Bentinko antes. (20) a, Dom Casmaurro parw de confiar em Capita. b. Dom Casmurro confiou em Cepitu par algum tempo ed Estrutures sintéticas, como a como gatilhos de pressuposigao. As constragées clivades trazem uma formagio “nove” do lado esquerdo do que (€ 0 que esté em discussie) © pressupde (dao como vertade aceita) o que vem a sua direita, ivagem, também podem tu neACCAHEE Serie. ACLIVAGEM la sentenga em ‘que © material focad (a informaya0 211 discussEo) & fionteado, fcenéo cexsanduichado enire 0 verbo sera cnjungto gue. Fi este do mstrial da seateaga, Aclivagem € ums estratra muito usade csempleto pode (0 jorwde (sentenca GE ds iva de clivegemn desnenas que un: constituime) (Gi E 0 Toke de Siva qu ony Iocado) "ve que 0 fodo da Si Adiagnéstics, 4 coenes, O mareral 8 ci c0+ gue €aempre proseupost il), rodos concerdatn que existe oemte de as, mas dscatem sim, SAIU NOS JORNAIS... Caso baseato em ums notcle¥ ‘Como parte de um checkup, Joao da Silva fez examesde inv, O reushado do Ishoratisio dou posttivo. Todos disseram: 2=() (610 Sots ea Silvas tam uty posi Ele entrou em desespero, tices eprimido, largou o emprega, acabou abandon iteve ue 9 eonrigio tivesse acontorida sin relBes extraconjugais, O rempo pasion, 1 coenge azo progres, # seam: Fequisitou novos exams. Ficou prov sgus ele munca tave 10v. Nesse penta, es pessoas dziam (v3) Neo ¢ 0 Joio da Silva que tem ais, Is20 20 dit nerque.o exsme mostrwve «que-e dono éa smosira eolerada estava com a docnga, mas tudo indicava que 0 dono desse emestra nf era 9 Jodo, 2 jim cutto paviente. A vicina proceso o laboratdria que fer ¢ exame. & clines foi condoned a pagar uma indenizastio ro valorde RB 20-ml, Lmaginendo que todos os exames de Hv tivessem adn negativo, (8) padevis ser egade: O Jodo da Siva adi tom vo. Ea seguinte cor pela espana, Dressupde qu elgneéraestejaenin =v positive (¢diseute qual & identidade dese pessoa ‘esd ce Sanean no neidasarera “Vejamos alguns contextos naturzis para o uso da clivagem: (21) a. Xit Parece que 0 Jotio quebrow @ vaso! b. Fui en que quebrei o vaso! (22) a. Quem lavou a louga? b Foia Maria que lavou a louca, Asentenga (21b) retoma a fala do interlocutor, corrigindo a informagio sobre 0 agente da quebra; esid em discusséo quem foi o responsével, ¢ 0 contedido pressuposto é o de que algum quebrou o vase. Era (22), a infor ‘magio compartilhada (pressuposta) € @ de que algaém levou a louga; (220) responde a questio (22a), ¢ a clivagem é o gatilho da pressuposiglio de que alguém Iavou a louga. As verstes sem clivagem, usadas em siludedes em que nao bavia neahuma conversa em curso, no disparam pressuposigae: (23) a. Euquebrei o vaso! b, Maria lavau a louga. Embora (23a) acerrete que alguém quebrou o vaso, ¢ (230) acartete que alguém lavou a louya, esses acarretamentos nio so também conteiidas pressuposicionais, pois, se 0 valor de verdade mudar, eles desaperecem. £1 hdo quebrei v vaso pode ser dito numa situagao em que ningaém quebrou © ‘ease (ele caiu, mas nfo quebrou); e Maria ado lavew a louga pode ser dito a0 constatarmos que Maria saiu, € 4 louga suja continua empithada na pia, Entretanto, as verses negativas de (21b) (22h) t8m o mesmo contetido pres- suposto de suas versoes positivas: ao ji! ex que quebret o vaso requet que alguémn 0 tenha quebrade, ¢ Nao foi Maria que lavou a louca requer que & Joaga tenha sido lavada por outra pessua Oragics c sintagmas adverbias de tempo, lugar ¢ finalidade também so gatilhos de pressuposi¢ao, pois, para localizar no tempo ou no espage um evento, ¢ preciso queele exista, ¢ 0 motivo oua finalidade de uma agBo dependem de sua existéncia (24) &, Darcy Ribeiro lutou muito para que os direitos dos indios fossem respeitados. b. Darcy Ribeizo Tutou muito. ‘No exemple acim, (24a) pressup0e (240), De mesma forma, expressbes de reagio afetive ou emocional a um acontecimento pressuptem a existencia do acontecimento que provocou a reagao; assim (25a) pressupbe (25) (25) a, “Estou feliz em terme assumido como gay '. Eume assumi como gay. {ton Joha, 1995) Os chamados verbos factivos, como saber, revelar, imayginar ete. pres- supéem a existincia de seu eomplemeato, Vemos que (26a) pressupde (26b), (26) a. Em 2006, Mark Zuckerberg (CEO do Facebook) soube par e-mail que tinka sido as b. Zuckerberg foi a Txpressbes de sepetigae comio de now segunda vez, da titima ver etc. pressupdem que o evento ji tinha acanteci- do antes. Por exemplo, (27a) pressupoe (27), 27) a, Osi vez da Tpreja Matriz de Paty do Alferes (Rs) tocou pela diltima n 07/05/2017, por causa do mau estado de conservacdt. b. O sino da Igreja Matriz de Paty do Alferes jé havie tocado antes, Como vemos, 08 gatilos de pressuposigdes nfo est80 restritos # uma ategoria de palavras: advérbios, verbos, rugdes podem disparar pres- suposig6es. ( falante de PB sabe mente escolher, em suas pred e reconhece os gat dos. Fsses sfo alguns ingre- micio da composigdo sentencial, combinando argumentos a predicadas s SENTIDO E REFERENCIA sabendo que uma sentenga & vordadeira, podsmos deduzir logicamente o valor de verdade de outra ou de elgumas outras, sum ento de mundo, Sentengas ce que se predica algo) ‘egorias (propriedades azribuidas a tais particulares). Essa ¢ a divisao clas- He na esse mado sera verdadeira se 0 plo, categoria, ea, Lima sentenga forma sice aristot particular pertencer ao conjunio representado pel na sentenga Sdcrates é mortal, ea sentenga seri verdadeira se Séorates perte legico ¢ filosofo alemao Gottlob Frege percebeu que era preciso aperfbigoar a nogio de significado herdaca de Aristételes, Frege aponton que a divisdo intema da seatenga em componentes que ou sto categorias ou par erates # 0 particul er & categoria dos mortais. mos de tratar a cangéio Blowin’ in The Find como um particular, j& que ela € (inica, sem par; mas, se o fizermos, o resto da sentenga seria a categoria. a inimo estranha: a categoria dos seus va s6 em duas partes, que cla partenceria, ums categoria no uma sendo a caregoria e a outra o particular que pertence a ela, nfo permite uma aralise completa do papel dos componentes da seatenga na construczo de seu valor de verd sepfio, sobre predicagdo, apresenta a so- lagi fregeana para tratar composicionalmente os verbos transitivos. Frege também notou que, em certos contextos, quando uma sentenga.esté encaixada em outta, o valor de verdade da enceixada em nada cort determinarmes o valor de verdade da sentenga que a contém. Vamos conside- rara sentenga simples (282). a complexa (28b), em que (28a) € um componen- (28) a. Bob Dylan vai se apresentar t b, Minha mie disse que Bob Dy €, Miaha mie disse o meu nome e Bob Dylan vai se apresentar no Brasil se apresentar no Brasil. Digamos que (28a) seja 3 ress Se erie simbole &, na égica, irdica a sab de toni segue ‘operacéo de conjuncao.de duas que, por algum motivo, Dylan |) proposeses, P & @. Pare o produto dessa conjungio ser verdadeiro, tanto P tom que ser vordadsira quanto Q tom que ser verdadera, 2, 6 periods coordena- do em (28c) sera falso, mesmo venga verdadeira ainda que (28a) seja felsa: basia que minha me ten} fato pronunciado as palavras Bob Dy verificar a verdade de (28). que figura ¢ apresentar no Bra do € preciso verificar a verdade da sentenea cional do verbo dizer. Dizemos que 0 contexto sintitico de coordenagao, exemplificado em (28c), 6 um contexlo wansperente, toma parte em outra maior tem seu valor de verdade verificado, Jé © contexto de complementayae de verbos, dicend (que reportam o que algusm falou) $ chamado de opaco, porque a ago do valor de verdade da sentenga mais intema nao tem influén- cia no valor de verdade da maior. Para tatar de casos como esse, Frege (1892) anresentow urna sofisti- cagdio em termos da descrigio do significado que recupera essa intuico & estabelece dois aspectos diferentes do significado: o sentido ¢ a referencia (em alemo, Sinn ¢ Bedeutung, respectivamente). E preciso ter em mente gue estamos usanclo esas palavras como term (or isso, apresentamos uma sentenga na forma de predicado nominal, como Bob Dylan Esse é um caso de sentenga predicative, em que o verbo ser ¢ usaco em Portugués para expressar a incluso do partivular (Bob Dylan) na categoria (famose), Quire modo, por ar 0 verbo ser é elaboranda uma nalando uma identidade, 20 dizermes que os dois parti sentenga so © mesmo ents, Veja em (29) a ciferenga entre esses dois tipos de emprego do verbo ser: (29) a, Sentengas Predivativas: xP (x pertencea P) b. Sentengas Eq (xc igualay) O refinamento da nogio de significado proposto por Frege procura esclarecer a diferenca entre as duas sentengas equativas em (30). | (30) a. Aestrela da manha ¢ ¢ estrela da manha. b. Acsucla da manbil é ¢ estrela da tarde. iuitive, voce considera essas senteuces com ngas diferent om seja, esta sentenga De um ponto de v s ou diferentes? Parece claro que strata de se nga (30a) é uma sentenga tan Asen- é sempre verdadeira, termo voo® cologue no lugar de a, o resultado sempre sera uma sentenca verdadaira, Faga o teste: A professa de Semdntica é a professora de Semén- tica; A divetora do Instituto de Letras é a airetora do Trstinuto de Lesras.. 1 4 senlenga (30b) é uma sentenga do tipo a~ be, portento, informa alguma coiga. Veja que substituir a e b leva a sentencas que informam algo, como A professora de Seméintica é a diretora do Instituto de Leiras.Na Antiguidade, planeta Vénus. Elas usavam 0 marco temporal para descrever dus estrelas supostamente difzrentes, a estrela da ménhii a estrele da tarde. Logo, para ‘ossas pessoas, « sentenca (30b) traz-ume informagio nova ‘Nesse sentido, vemos que (30a) ¢ (30) sA0 sentengas de tipo bem di- clas? Acantece que, aes ferentes, Mas por que enttio Frege do ponto de viste éa contraparte extr trela da mann éa mesma que a estrela dé tarde. Dito de outro mode, esas sentences se referem a0 mesino abjeto, que hoje sebemos ser © planets Vénus, ou seja, elas possuem 0 mesmo referente. Entfo, se for levado em conta somente o ponto de vista referencial, essas sentenges expressamn 2 mesma nogfo, sto sinénimas. No entanto, vimos que nao & esse a intuigio que temos. A Estrela D'Alva (a da manha) esté ligada ao raiar do dia: jd a Estrela Vésper (a da tarde) esté ligada a passegem do dia para noi embora nos dois casos se trate do mesmo corpo celeste, o planeta Venus. Entio, nas sentengas 4s pasiorinhas voliaram para casa quando a Estre- Ia D'Alva desponiava no céu © Quando a sessdo de cine Estreta Vésper jc podia ser visia, a toca das expresses em negrito por 9 planeta Varas levara i pecda completa da informagdo de que as pasio- rrinhas voltaram ao alvorecer ¢ de que a sesso de cinema foi vespertina Isso ocorre porque as tiés expresséics tim a mesma referéncia, mas nio Series ‘© mesmo sentido. Afirmar que algo & € dizer algo trivial, pouco infor que duas expresses dite 1a si mesmo (Vans 8 Venus} 6; isso € muito diferente de afirmar es podem ser atribuidas ao mesmo referente. Pera muite gente, por exemplo, pode ser novidade que Bob Dylan é Robert Allen Zimmerman, ou que Bob Dylan 0 detentor de Nobel de Literatura de 2016, mas ninguém pre m informado para saber que Robert Altea Limmerman é Robert Allen Zimmerman é uma sentenga verdadeira, [Na proposta de Frege, cada uma das expressées que podem ser usadas para se chegar a um referente & um scatido. Dessa forma, 0 sentido pode ser definido como a dimensta linguistica do significado que representa o modo de se expressar e Gesignar um referente, ¢# referencia como o aspecto do signifi- ado que designa a contraparte extra Esse anerfeigoamen sentido € a referé primeira vista, por conta da relagto intrinseca com 0 que é exttalinguistico, 4 Semintica poderia adotar uma ebordagem refirencial do significado, No mte, uma abordager desse as limitagéies. Por exemplo, 10 atibuir significado a termos que possuem est cada relesto entre Lingua ¢ mundo, da descriglo do significado em dois espectos, 0 , ITOUKe muitas vantagens para a teoria semé ica. A 10 revela mi cia diferente, a eada ato enunc: utor, em um didlog. ainda sintagmas de determinante que também possuem referéncia variéw a0 longo do tempo, tais como o presidente do Brasilea Um outro empecilho para ume abordagem puramene referencial do sige ficedo so os termos que possuem 2 mesma referéacia. 4 esirala da manh3 sa esnela da tarde sao desse tipo. Como vimos, considerar apenas o aspect referencial do si deraca0 indesejada de que as sex tengas (30a) e (30b) sAo sindnimas. Como se nio bastasse, ji que todas as sem tengas declacativas sto ou fulsas ou verdaceiras, na tradicao aristotélica, Frege rope que a referéncia de ume sentenga seja sou valor de verdade. Entio as seniengas declarativas se referem on a v Scotengas verdadeiras muito diferentes, tais como Luciana é paul 0 nivel do mer; ferve a 190 graus Celsius, possuem a mesma ree ‘ipo. © que distingue uma sea verdadeira de outta é 0 sentido, o pensamento que esté expresso em cada urna, mos que descrevem seres sem existéncia nesse mun- iraio, também apresentam um desafio para uma proposta que s6 considera a contrapane referencial do significado. Uma sentenga como (31) falha em ter referencia, por atribuir uma predicagao a um individuo sem referéncia, No entanto, essa sentenya tem um sentido, express uma proposigta. A proposigio € o pensamer expresso por uma fase. A proposicao expressa em (31) Ea de que o saci- pereré perience & categoria dos elementos que tém uma pera so. (31) O saci-pereré tem uma pera 36 raga acim felha em ter referéocia. a. alsa, Se ela fesse false, a centenga (32) bre-se da relagio de contrarieéa- ‘Veja que, para Frege, as 10 gue dizer que deveria ser verdadeira e vice-versa. ( 1 Sega “Nexos logicas”.) devi (32) 0 saci-pereré nfo tem uma perna sé. yma, Vemos que a contraparte nie referencial de significado, nem sempre # Semén- Dessa ou seja, o senti tica adotara uma abordagem que considere 0 sentido, Como veremos na sesso “Predicagio ¢ composici gem logioa na qual s2 baseia a proposte formalista da Seméntice tem cor principio que a interpretacae semantica é composicional, ou seja, 0 valor de verdade do todo é composicionalmente calculado « partir do valor de verdade das partes. Essa zbordagem Iogica & chamada de Logica Exten- sional, porque leva em conta a extensao, que, em algumas abordagens, 6 0 memo que a referéncis, Essa proposta adota 0 principio de que as, expresses que possuem 2 mesina referéneia (extensAo) podem ser subs- tinuidas sem prejuizo para o significado da sentenga como um todo. Tssa propriedade & descritz na Lei de Leibniz, de: cipio da indiscemibilidade dos idéaticos. Ou seja, 0 principio de impossibilidude dc discernimento entre dois elementos que possuem » mesme referéneia (idénticos em uma ebordagem extensional). A Lei de Leitniz foi edoteda por Frege para as linguas naturais da seguinte forma: . & muito OACCEREMP Sores (53) Se Ae B tém a mesma referénci, entdo podem ser substitufdos sal- va veritate. Ha contextos linguisticos em | pees que a Lei de Leibniz pode ser adequa- || Selva ventate é uma expresso sae Intina que quer dizer ‘com damente aplicada, como em (34), a pres jais uo vance verdade’. Ouseje, sede B possuem a mesma referencia, | (04) a. © Brasil fica na América do Sul ‘enilo else podem sor ‘ subttides sem pijutzo pera b. Oquinta maior paisdomunda | “SVaior de vedo corone fica na América do Sul Lied Fm sentengas como ei (344) ¢ (34b), 08 expresséex O Brasil ¢ 0 guiinto maior pais do mundo tems 0 mesmo referente © podem ser trocadas sem alteragéo des condigdes de verdade da sentenga. Os contextos linguls- ticos em que isso & possivel so chamados de contextos extensionais. Hé contextos, no entanto, em que a Lei de Leibniz niio pode ser aplicada Trata-sc de contextos cm que a substituigio de um termo por outro, ainda que tenha a mesma referéacia, traz mudanges importaates para o signi cado da sentenga, Observe, por exemplo, as sentengas em (35), Vocé acha que elas expressarn o mesmo significado? 35) a, Jofo acha que Manuel Francisco dos Santos foi o melhor jogador do rmundo. b. Joo acha que Gerri tha foi o methor jogador do mundo. Quem conkece 9 mundo do futebol sabe que Mamuel Francisco dos Santos cre o nome de Garrincha. Nesse caso, vemos que 2 tnica dife- renga entre (35a) ¢ (35b) ¢ a substituieo de dois sentides para o mesmo referents, No entanto, nao € possivel garantir que Jodo saiba disso. Joo pode ter sido o vizinho de Garrincha quando eramn pequenos ¢ achar que aguele garoto (Manvel) jogava muito em quando brineavam na rua, Mas pode ser que ele nao saiba que esse garoto, ao crescer, tenha se tornado © conhecido jogador de fitebol. Esses comtextos em que a Lei de Leibniz nfo pode ser aplicada s8o chamados de contextos opacos ou intensionais por Frege, O termo vem de intensdo, um modo de se remeter ao sentido. Bsses conteates so criados especialmente em sentencas que apresentam ‘yerbos de atitude proposicional, tais como achar, erer, acreditar, espe ror, desejar etc. Volte acs exemplos em (28) ¢ observe qual sentenga apresenta um contexto intensional. Frege (1392) trata do significado de sentengas com expresses eue descrevem cntidades sem existéncia no mundo reel, tais come o papal noel, em O papai noel usa roupa vermelha, como sem referencia (nem felsas, nem verdadeiras), e, por 140 trazer cutros mundos, como o da ficcdo, para a conta, $6 considera como tendo referéneia as sentengas ex que € possivel aplicar a Lei de Leibniz. Nesses contextas Tinguisticos, estamos aplicando uma Semantica Extensional. Jé nos coatextos opacos, que exigem uma complexidade enriquecida com @ nopiio de sentido, seré preciso utilizar a chamada Seméntica Intensional, Escolher entre uma tra esté mais associado ao objeto de estudo em questo. Uma vez que este livro € ums inuiodugao & Semantica Formal, « maior parte dos assun- tos abordados seri tratads com uma Seméntica Extensional. A Seméntica xtensional sera intreduzida no capitulo “O sintagma verbal”, na sera sobre modalidade. 6 PREDICAGAO E COMPOSICIONALIDADE © poder da linguagem de comunicar pensamentos, segundo Frege, emana da corespondéncia entre partes da sentenga ¢ partes do pensamnen- to. Uma sentenca tem componentes complementares em termos de sua contribuigdo pare 0 pensamento: hi expresses saturadas e inswuradas As saturadas expressam pensamentos completos; as insaturadas precisam ser compleladas. Somente uma expressao saturada pode se compo: com uma insaturada, Nzo podsmos juntar ume saturada com outta sanarada, © no podemos juntar duss insaturadas. Nas palavras de Frege: “As partes de um pensamento nao podem ser todas completas; av menos uma deve ser saturada, ou predicativa, pois, do contrério, clas nio poderiam se juntar” (Frege, 1802: 216). Essa é a base para @ distingio entre argumentos ¢ predicados. Fre- ge popds que a combinasao entre um predicado © um argumento se da, em principio, como a aplicagio de ume fungio/um operador a um ICR LAR Seas argumento em matemética. Combinar dois algarismos um com 0 outro requer a aplicagao de alguma operagdo. Se Pedrinho diz a Maria que tem trés ovos na geladeira, e cla retruce com a sentenga Dois ovas, @ que pensar? Seri que Maria quis corrigir a informacdo sobre o total de ov0s, por saber que parte deles jé foi consumida? Nessa suposicio, ele preienderia dizer algo parelelo a 3-x ~ 2. A operagao que modifice 0 total de 3 para 2 € a subtragao (de um ovo). Ou seré que ela quis dizer que dois ja foram consumidos, restando agora apenas um (3-2 = 1)? Talvez cla estivesse informando que trduxe mais dois de casa, havendo agora cinco na geladeira (3+2 = 5), Essa operagio é de soma, produzin- do como resultada 5. Dizer que a defini¢ao da operaeao vai determinar © resultado & 6 mesmo que dizer que » fuago diz 0 que fazer com argumento, levando a um produto distinto de outres. Além disso, 0 va- lor de cada argumento também determina o produto, jd que 3+2 tem um regultado diferente de 3+3. E nesse sentido que dizemos que o principio da interpretagio semintica ¢ composicional, ou seja, ficado de produto & composicionalmente calculado a partir do significado das partes. Algm disso, j4 vimos anteriormente, quando falamos de escopo, que a forme de agrupar as operagéies também influencia ne resultado. ‘Yemos ainda que nao € possivel compor uma funsio diretamente: qual seria 0 produto de +- (a adipao aplicade a subtragao)? Nada com- preensivel. Paralelamente, nfo é posstv juntar argumento a ergumento’ sabemos 6 que & 1am prédio € 0 que é a carro, mas o que seria a expressio complexa um précio o carro? Nada inteligivel. Tambem nao podemos jun- tar um predicado direramente a outro predicado: o que seria em frente a novo? A composicae fregeana leva a jungio de coisas diferentes, comple- ‘mentares: sempre juntamos uma funeao um argumento. 0s predicades, que sf os termos insaturados, tornam-se saturados pela combinapao com seus argumentos, ¢ cada argumento juntado di- minui a incomplenade do precicado, Ou seja: os predicades sto fungdes que precisam receber o ntimero cometo de argumentos adequados para formarem expressdes cada ve7 mais completas. O ntimero de argamentos que é necessério juntar a um predicado para transform-lo numa sentenga completa ¢ chamedo de valencia. Correr ¢ um predicado de valencia |, ‘sean eine ra nl ia enor aqne falta um s6 argumento, alguém que tenha corride. Ac compormos 0 predicado com o argumento Jodo, formamos a sontenga Jodo carrer, & que nto falia mais nada. (Estamos desconsideranda, por enguante, 0 pa- pal da flexao verbal, que sera abordado no capitulo “O sintagma verbal”) Ja um predicado como calecar tem valéncia 3, ou seje, precisa receber 3 argnmentos para que chegue a uma sentenga declarativa com valor de vyerdade: 0 que foi colocado, onde foi colocado € quem © colove: cada combinagio a valéncia do produto diminui, porque passam a faltar ‘menes argumentes para se obter uma sentenga inieire: _ cofocar __ tem valéncia 3, _colocar o cop _ tem valencia 2, _ colocar 0 copo na pia tem valéncia 1, e Jodo eolocou 0 capo na pia tem valencia 0. Nio falta nada agora: Jodo colocou o copo ne pia € uma sentenga declarativa com- pleta, uma expressio saturade com sentido ¢ referSncia: ela terd como re- ferincia 2 verdade, se de fato Too pds 0 cope sobre a pia, ou a falsidade, s@ isg0 ndo acontzceu na situegio examinada, Os predicados sio expresses lingufsticas que tém sentido (percebe- ‘mos intuitivamente que ideis ligada a alto ¢ diferente da ligada a curto ou liguvido, bem come pereedemos que vender € diferente de colocar, ou de ou de plivzzar), mas nfo tém como referéneia um certo indi constr ‘ro mundo (que individuo no mundo eorresponderia & ideia de tiquido ov ade plantar?). Pare Frege, os predicados stio fumpdes que partem de individuos para chegar a valores de verdacle, Por exemplo, correu (expressio insa~ turada) toma 0 argumento (expressio saturada) Jodo, produzindo 0 com- plexo Jodo corren, que seri uma exprecsto saturada, Se uma sentenga covlerative tiver seu predicado saturado por uma expresso com sentido ¢ referéncia, ela também teré um sentido ¢ uma referencia, que seré.oseu valor de verdade, PFungio 0 relagdies espe da (chamado di de chegada (chamado de contredominio). Nea dominio pode ser deixado de fora da fingao. as ilustagées a0 lado como fun de verdade, EI dois valores de verdade: cu ao verdade; bo faa. Fungao entre conjuntos. Cada el jo) tem de encontrar seu Nao ¢ funezo Nao é fungéo As expresses capazes de fun- cionar como argumento sto chamadas por Frege de nomes préprios. Ha trés, tipes deles. © prime’ Podemos felar da cidade de Sao Paulo de diversas meneiras, destacando um ‘iferantes aspactos €aquilo que | dese cups (eonticos) ~« terra da garoa, 0 timule do samba, Sernpa, || epauieiadesvarede, @ | ‘cidade mais popuiosa to como Brasil (nome de | nome de rio) e Luvs Fernando Verissimo (nome de pes- fa | ua referéncia i {aponesa do mundo, a tema soa); sua refe 0 lugar, 0 rio ee | i Brasil, @ lecemotva do progrosso, a clade fore do Jape com maior 03 po so as descrigGes definidas, Brasl, a cidade com maior Indice de perturbagées ‘menteis do munco segundo Organizagdo Munoial de Satide eft. ~ ou pocernos ‘enconirer cua roferéncia fo Ingar, 0 rio ou a pessoa identifica Goonies da, Q terceiro tipo sio es sentengas indi declarativas, como O carro em frente : 40 préi que tm como re feréncia um valor de verdade: ou sergo verdadeiras, caso descrevam uma situaefo existente no mando, ou falsas, nos outros casos, Nessa proposta, em Boh Dylan escreveu a cancGo Blowin’ in The Wind vemos dois argumentes, Bob Dylan ¢ @ cacao Blowin’ in The Wind, eum predicado de dois lugares: escrevew. Ao combinarmos esse predicado a um dos dois argumentos, digemos, com a cancio Blowin’ in The Wind, teremos um predicedo de un Wind, Recomentemerte, dando a esse predivado o ergnment cchegamos 4 sentenca completa, que tem sentido (pereebemos que ela afi ma que alguém compés ceria misica) ¢ referéncia (a verdade). ou a pessoa que nomeiam. O segun- | maiorpola gasiranémico do uo descr). excreveu @ cargo Blo com a propas 0s instrumentos eristotélivos particular e categoria PEROT E Sanier e1 Selegio semantica ‘Vimos na segio “Anomal , ambiguidede a pode ser dissociada da boa for- magdo semintica, O famoso exemplo de Chomsky “Ideias verdes in- colores dormem furiosamente”” & bem formado sintaticamente, mas 180 apresenta boa formagio seméntica, Cada predicado impée uma selegiio mtica a seus argumentos, conhecida como s-seleedo, Por exemple, © falante de Pa tem compotincia para usar os diversos verbos de inges- Wao de comida, Ninguém diria ilew bebi feijdo, nem tela comen muito Jeite, nem #ela tomou lasanha, poi Seber seleciona alimentos liqui pastosos ou jerface sintaxe-se~ mantice” que a boa formacdo si intuitivamente, reconhecem que +, comer seleciona solides e tomar, dos. © falante do PB tembém sabe que o predicado imteligente s-seleciona seres dotados de raciocinio efou de sistema ope- racional complexo. Daf a estranheza de (36a): uma pedra no satistaz essa s-selegio, mes uma pessoa sim, como mosite (36b). Outzo aspecto da s-selegio que faz parte da competéneia do falante é saber que todo Fequet que 0 predicado sentencial possa tomar como argumento, i pendentemente, parcelas da referéncia do argumento, Isso explica a ma formagao de (36c): nao ha parcelas de o alto que possam ter inteli- géncia em separado das cutres. Ja 0 argumento a classe tem parcelas (cada aluno de classe) capazes de atender individualmente a s-selecdo do predicado inteligente, resultando auma sentenga bem formada se- manticamenie (36d) (36) a. #A pedra b, 0 humo é intel ©. #0 aluno todo ¢ inteligente, d. A classe toda é inteligente, A ssselerdo é uma das caracteristicas que distinguem uma expresso insaturada de wma sauurada: a primeira seleciona certas propriedades entre as da segunda, para tomé-le como argumento, Podemos distinguir cual a parte da propasigio que € a fines e qual $0 argumento verificendo quel faz s-selecao sobre qual. ‘esmeca apmneacsnanna ae segs ‘Vimos que, por tés da nogéo familiar de predicagéo, esta uma com- putagdo Iégice que pode ser definida em termos de fungSealeategorias argumentos. Este capitulo mostrou de que formas as semtengas das Iin- expressam pensamentos, Vimos como a linguagem é im- nada mais € do que as relagdes entre eate- guas nat portante para o racieeinio, 4) gorias, que podem ser depreendidas linguisticamente. Mostramos como as paries de uma sentenga se compdem pare formé-la: os sintagmas no: minais so 0s Componentes sentencias que funcionam como arguinentos dos prodicados, as Fungdes. Os préximos dois capitulos investigam mais lo a fimdo cada um desses componentes na lingua portuguesa: 0 ¢ a seguir discute diversos aspectos dos sintagmas nominais importantes para a geragao do significado, eo posterior explicita quais as informa- ins presentes nos verbos da nossa lingua. ee geménticas ease Leituras complementares Para saber mais sobre nexos de significado, leia o capitulo 4 do Livro Seméntica, de Gennaro Chierchia, treduzido por Rodolfo Hari, Lutz Arthur Pagani ¢ Ligia Negri. O livro salu pela editora da Univamp © pela Educ} om 2003, O texto de Frege, “Sentico e referénci portugues, de Paulo Alcoforado, no livta Logica e filosofia da iinguager, publicado pele Edusp em 2009, Para saber mais sobre ambiguidade, polissemia homonimia, leis Insrodiucéio & semantica: brincando com a gramdtica, de Rodolfo Lleri, pela editora Contexto (2013). ia recehen tradug2o para © Exercicios 1. Unilizando as noghes vistas no capitulo, discuta o trecho dado, reti- rado de um poema de Haroldo de Campos, refletindo sobre a rela~ (do agramaticalidade ¢ anomalia semantica na linguagem ordindcia ena poesia, et INES Sane a 3 4. [...] eta ele quem flava de respeito € de ordem quem propunha a comida ¢ a festa grande bérbara babynha ollies em alve rodopia espanto do sagrado ¢ agora 36 me resta uma frase que veio dar ag om da mandala refalo reméo colorless green ideas sleep furiously dommem incolores ideias verdes suriosamente verdes dormem fu- riosamente [..] por acaso @ que repita como vei sem pensar repita como 0 “Cheiro de urina” Harolde de Campos Durante ¢ Regime Militar, Chico Buarque passou e assinar algue mas de suas letras como Julinho da Adelaide, para driblar a cen- sure. Imagine, entio, 0 gue teria acontecido quando os censores se deparassem com a informacdo expressa na sentenca (1). Utilizando os conceitos de sentido e referencia, explique por que essa senten- ge € informativa, Julinho da Adelaide é Chica Buarque, Diz lenda que ume vez [oi oferecido um curso de Seméntica Formal intitilado The Meaning of “Life” (O sentido de “vid: sidade americana, Varias pessoas se insereveram, achando que 0 curso numa univer- iscutiria como dar um propésito a suas vidas, ¢ ficaram decepeionadas 20 serem informadas que 0 tema discutido seria o sentido de expres- sie guisticas como vida. Aproveitando essa anedota, distinga entre Co conceito de significado no senso comum e o conceito de significado ne Seméntiea Formal. Examtnando 0 exame de sengue de uma mulber, com 25 anos de idade, reproduzido a seguir, 0 clinico geral conclui que a sun paciente nfo estava com anemia. Que tipo de raci Indutive ou dedutive? io 6 levau a essa conclusio? ‘ wren aereEncra Epmovonsan, ato fe 23,0 8 ass Basten asin serena, 5, Diga se os silogismos sdo vilides ou nao: Premissa 1: Todas as plantas brotam da terra Premissa 2: Este cogumelo brotou da tem, Concluséo: Este cogumelo é uma planta. Premissa J: Antonio ama Lourdes. Premisya 2: Antonio ¢ Lurdes se easaram. Conclusdo: Lourdes ama Antonio. Premissa 1: 8 febre amarcle é fatal para todos 08 mnicos-ledos- dourados Premissa 2: Muitos micos-ledes-dourados contrairam febre amarela na Mata Atlintica em 2017. Conclusdo: Varios micos-ledes-dourados morreram na Meta Atlan tice em 2017,

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