You are on page 1of 5

ANÁLISE DO FILME MUNDO CÃO

No documentário Mundo Cão dos dirigido por Paolo Cavara,


Gualtiero Jacopetti e Franco E. Prosperi exibido em 1962 mostra através das
lentes de suas câmeras diferentes aspectos culturais de vários países. Alguns
costumes mostrados no filme chegam a causar certo espanto no espectador.
Tipos de comida e a visão de morte em alguns países viram alvos de discussão
e de estudos para antropólogos e historiadores.
Algumas cenas são bastante curiosas, como por exemplo, a cena
em que mulheres de uma tribo africana correm atrás de um homem da tribo. Há
também mostrando outra tribo africana, onde são escolhidas as mulheres mais
bonitas, que em seguida são trancadas em uma espécie de jaula e são
alimentadas especificamente de tapioca, para ganharem peso. Quando
chegam aos 150 quilos mais ou menos, elas são entregues para o chefe da
tribo pra se reproduzirem, ou seja, quanto mais filhos ele tiver, maior é sua
virilidade.
Nos países europeus, podem-se observar costumes dos mais
variados, que vai da culinária ao tipo de lazer. Na França e na Inglaterra rãs,
escargots e ovas de peixe – conhecido como caviar – comidas que causam
certa repulsa às muitas pessoas, são verdadeiras iguarias. Em muitos países
da Ásia como China, Japão, Tailândia e muitos outros incluem em sua culinária
um tanto esquisita: animais como gafanhotos, escorpião, grilo, cobra, rãs e até
mesmo cachorro.
Enquanto nos países asiáticos, nem carne de cachorro é
respeitada, nos Estados Unidos existe até cemitério para cachorro. Pode
parecer esquisito, mas é verdade. Os cachorros são tratados como verdadeiros
membros da família norte-americana, com tudo que tem direito, são tratados
com pessoas. A culinária americana, também é bastante diversificada com:
formiga, barata, larvas, minhocas e tudo mais que se mova. Para alguns pode
parecer bem nojento, mas já para os americanos são pratos muito sofisticados.
O lazer de alguns povos pode parecer bem estranha para o
espectador, na Espanha as pessoas ficam atiçando touros na arena. Um
esporte, assim pode-se dizer que acaba deixando muitas pessoas
machucadas. Na Alemanha, a situação pode parecer bem engraçada, homens
e mulheres de todas as idades passam a noite toda bebendo pelas esquinas,
como se tudo fossem flores. Talvez seja até uma maneira de esquecer os
problemas pessoais ou até mesmo sociais.
Referente à morte, é comum que as pessoas pensem em coroa
de flores, todos vestidos de preto, chorando em volta do morto. Mas em alguns
lugares da Ásia, quando a pessoas está “à beira da morte”, a família manda o
doente para uma casa, onde há várias pessoas doentes. Até o pobre
moribundo partir dessa para melhor, é organizada uma festa com muita comida
e bebida. Já no México, quando um ente querido morre, assim como em alguns
povos da Ásia, é preparada uma festa, pois para os mexicanos, quando se faz
uma festa no enterro , acredita-se que sua alma parte sem preocupações
dessa vida.
No livro Cultura – um conceito antropológico de Roque de Barros
Laraia, trata de um dilema: “a conciliação da unidade biológica e a grande
diversidade cultural da espécie humana.”. O livro aborda tese de vários
antropólogos, viajantes e historiadores acerca do conceito de cultura.
Historiadores como Heródoto (484-424 a. C.), que descreveu o
sistema social dos Lícios, onde os habitantes usam o nome da mãe ao invés do
nome do pai. E quando uma mulher se casa com um escravo, seus filhos terão
os mesmo direito de um cidadão comum, já no caso de um homem que se
casar com uma estrangeira, seus filhos não terão direito à cidadania, afirmando
que os lícios tinham costumes diferentes de todas as nações.
Heródoto afirma ainda com plena certeza, que se qualquer
pessoa oferecesse aos Lícios a escolha de outros costumes, sendo alguns até
mesmo melhores do que o deles, certamente eles recusariam afirmando que
seus costumes são melhores.
Tácito (55-120), um cidadão romano descreveu com o mesmo
espanto de Heródoto, as tribos germânicas: a seriedade do casamento na
Alemanha, os bárbaros ficam satisfeitos com uma mulher para cada. Montaigne
(1533-1572) não se espantou com os costumes dos índios Tupinambás,
afirmando que há nada de bárbaro a respeito dos costumes deles, pois “na
verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica na sua terra”.
Levando para o lado dos europeus que quando aqui chegaram,
achavam totalmente selvagem o modo de vida dos índios, esqueciam que eles
também praticavam algo mais bárbaro que os índios, quando condenavam os
hereges à fogueira, queimando-os em praça pública.
Há séculos tenta se explicar o modo de vida das pessoas a partir
dos ambientes em que vivem, levando sempre em consideração as variações
climáticas e a localização. Servem como exemplo os povos do sul e do norte,
para alguns os sulistas apresentam inteligência aguda devida o calor, já as
nações do norte, tem uma inteligência preguiçosa, justificada pela densidade
do ar.
Há teorias que afirmam que as características de certos grupos
humanos são determinadas pelo fator biológico. Assunto este que ainda
encontra-se em discussão. Alguns acreditam que os nórdicos são mais
inteligentes do que os negros; os portugueses são muito trabalhadores. Para
Felix keesing não há nenhum tipo de relação entre os costumes de um povo e
seu habitat. Qualquer criança pode ser criada e educada em qualquer cultura,
ou qualquer lugar.
Outras teorias apresentadas desde 1920 apontam que podem
existir uma grande diversidade em um mesmo ambiente. Exemplos a serem
considerados os lapiões e os esquimós, com seus costumes diferentes em
alguns aspectos, ambos habitam a calota polar e dispõem da mesma flora e
fauna. Outro exemplo são os índios do sudoeste americano: os índios Pueblo e
Navajo e dos índios no interior do Brasil no Parque Nacional do Xingu, das
tribos Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá entre outras.
Em resumo, as diferenças entre os humanos não podem ser
explicadas através de suas limitações biológicas ou geográficas. A qualidade
do ser humano foi fazer uma ruptura com seus obstáculos e suas limitações:
um animal frágil conseguiu dominar a natureza como um todo: os mares
mesmo sem nadadeiras e guelras, os ares mesmo sem asas. Ao espécie
humana conseguiu tudo isto por ser o único ser possuidor de cultura.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA CULTURAL
DOCENTE: LEILA MELO

ELIETE CRISTINA OLIVEIRA DA CUNHA

ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO MUNDO CÃO

BELÉM-PARÁ
2010
ELIETE CRISTINA OLIVEIRA DA CUNHA

ANÁLISE:
DOCUMENTÁRIO MUNDO CÃO

Trabalho apresentado à
disciplina, Antropologia Cultural
Texto como requisito parcial da
1ª avaliação, orientado pela
docente Leila Melo.

BELÉM-PARÁ
2010

You might also like