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Coleg: Linguger/C Diresao: Charlotte Galves Eni Pulcinelt Orlandi Conselho Editorial: Charlotte Galves Eni Paleineli Orlandi (presidente) Marilda Cavalcanti Paulo. Otoni FICHA CATALOGRAFICA ‘aos de Catalogs na Pubiagio (CIP) Intermacona Bea) ‘Camus Brass do Lio, eave, Emile, 19021976, etsp Problems deli ris edo Guna "ea Lngeapen/ erin) EMILE BENVENISTE % PROBLEMAS DE LINGUISTICA. CERAL II Tradugto: Pere 1 — Eduardo Guimardes Pare I—Marco Antonio Escobar Parte IIL — Ross Attié Figueira Parte 1V — Vandersi Sant’Ana Castro Parte V— ogo Wanderlei Gerla Parte VI —Ingedore G. Village Koch Revisio Téenica da Trad Eduardo. Guimaraes 1999 Copsright © 1974 Eaitions Gains Titulo Original: Probleme de Linguique Générale 1 Dieitosadguiridos para Hing portuguese pele PONTES EDITORES Capa: Vlad Camargo Coordengio Editor: Ernesto Gvimries feo: angotero Fee Bopta SUMARIO Eneso Gulmares Lilian eden ed Prt > So gib “Shae Peden pte — Trae aie, mice eget deinen | Cid 1. artis «tees 0 Ha ino 2 aguas ef» Ne » lee de - ines Seaein pe — A commie poeaete penile 2! Semiologin da ingan 6 Copinle 2). Ingman» expec Non “ PONTES EDITORES | Peierls ne Dr. Ouirin, 1250 Telfone: (182) 20545 eet eee 15.015 — Campinas — SP Lai et HE orate Zon bs en «ets dn tae 2 opin 7. Comers tpn as Cine. Maced tpn ns Coin 9. A noma stein Hstns wm Conn 1. an eit ds ep se wor to ta pre — Pua sen Clo, Potente Si comp soil se MO 1380 Cine 12.Forwasvvs de ape sna Pe Impretono ra itn 13. dnt de nate wa ina parte — 0 nomen mings Coviulo 4. 0 snivinw © © ronene em francis moderne Capa 1S. A fom € 0 wi ma nggem Senta pate — Linke curs Capito 15. Ditasio de uo term de cla: 0 tin earn Capito 17. Ginee 80 temo “wie Cepilo 1. 8 blsenis 4 exten Capinio (Come se frou umn ferecingh lexi em fees Carita 90) Doi meselosHngticos dn stud 20 29 PREFACIO ora seus Problemas de Lingtistica Geral, Emile Benveniste navia feito uma escolha de vinte-e oto artigos, entre seus textos publiados de 1939 a 1964, clasificados em seis partes: 1. Transformagdes da lingustica. I. A comunicapo. IIL Bs- traturase andlises.1V. FungBes sinttieas. V. O homem na linge. VE. Léxieo e cultura, Ora, depois de 1964 ele publicou mumerosos estudos impor antes em diferentes coletinease perddicos, de acesso multas vezes ati © grande interesse despertado pelos Problemes de Lingilstice Geral, aducido muito cedo para o Inglés, Haliano e Espankol, sus ‘tou da parte de un grande nimero de amigos e alunos o deseo de ‘que exta empretada tives contnuidade e que opareceste im nov volume. Quando expressamos, com M. Lejeune, este dejo @ Emile Benveniste ele de boa vontade concordou conosco ¢ nos autorzou a Jazer uma escolha entre seus artigos recentes (de 1965 a 1972) este modo € que pudemos reunir aqui vinte estudos (dos quais os dois primeiros se apresentam na forma de enirevsta. Els foram ‘escoidos e clasificados em seis grandes partes, as mesmas do pri Imeiro volume, sob a euidadosa supervisdo do préprio Emile Ren M. DJ. Mointar I TRANSFORMAGOES DA LINGUISTICA ‘Traduglo: Eduardo Guimaries CAPITULO 1 estruturalismo e lingitstica * Pierre Daix — 0 senor viveu, no decorrer destestrntae mes ‘mo quarenta ikimos anes, a tansformagdo da linguistic, mas ta- ‘im sua asconsio a uma expécie de posigdo central nas cldncias umanas, de “eincia piloto” como se dz. Eu gostaria de Ihe per funtar 0 que the parece earacerzar esta evolugio, esta transforme (lo, do ponto de vista da lingistica. Mas, talvez, se 0 senhor quiser, Primeiramente, para star melhor as coisas, gotaria de the fazer uma pergunta pessoal, correspondendo a uma pergunta que se ez ‘em outro momento a Jakobson em minha revista. O que levou 0 senbor & lingitica? Emile Benveniste — Tive @ oportunidade de entrar na carrera ientifica muito jovem e em grande parte sob a influéncia de um ‘homem_que-foi um grande lingtista, que contribuiy fortemente sts © « modelar a lingistca durante, pode se 3 primeiros anos deste sécuo, ra mew mestre Antoine Meille. Foi pelo fato de te encontrado muito jovem, ‘quando de meus estudos na Sorbonne, ¢ por eu ter, em divide, rulto mais gosto pela pesquisa que pla rtina do ensino, que este encontro fot decisivo para mim. Ele ensinava esritamente a gra- mica comparada, Enecessrio aqui volar wm pouco antes, porque, aravés dele, foram os ensinamentos de Ferdinand de Saussure em ‘que foram em parte transmitidos aos discipulos de Mile Isto tem uma grande importneia para qualquer um que fesse de Tim ene de Pere Dai com te Benveniste. Les Lees fam face n 120 (2490 de ko de 1968), p11 slgum modo a biogrfis intelectual da ingistica francesa, ainda que o Saussure que ensinou durante dez anos ne Bcole des Hautes tudes ndo tenha sido o Saussure cujo nome ecox hoje por toda pare PD, — E num certo sentido o comporatsa EB. — Era estritamente o comparatisa,extremamente jover « precoce, que fora, com upenas 21 para 22 anos, descoberto, ado- tado por um hemem que tinha o sentido dos homens: Miche! Bréal Remontamos assim 20 verdadeiro nascimento da linguistics na Fran- «2. Bréal advinhow o que poderia ser um Saursure, o que ele ier. Fle se afirmara por um verdadeiro lance de génio em gramética comparada ¢ renovara a reconstruydo das formas do Indoeuropeu P.D, — Isto se deu em que época? EB. — Isto se deu exatamente em 1878, Saussure foi nomea- do com 24 anos para a Ecole des Havies Etudes lecionou de 81 491, Dopois de Paris voto com 54 anos para Genebra, wm pouco consirangido, absndonando uma carrera que se abria brfhante & sua frente em Paris, € que Bréal certamenteejudaria a desenvolver finda, Ele formou durante este tempo vss homens eminentes, de ‘uma mesma geragéo, em particular os dois principals: Antoine Meilt e Maurice Grammont. Ele os formou na dscplina compare: tiva, ou sea, na anlise € na comparagio de um certo mimero de Tinguas provenienes de im mesmo tranco, © a reconstrg site rites dos estos antgos, que a comparagio das linguashistricas permite aleangar. Eis 20 mesmo tempo a ditiplina e eis, pode-se ier, o horiznte no qual lingulstia se dsenvolveu camo eiéncia istics, como cigncia comparatva e como ciéncia que visa re- construcdo de estados pré-histrics. F todos o¢pasios da gramtica comparada eram por natureza igorosos « se esforcavam sempre por um maior rigor. F isto que pessoalmente me seduziu. Era 0 carder das leis que Hingsticaestava jem condicdes de formulae © 20 mesmo tempo o horiznte que ela abria sobre a extensio post vel deste método a outras familias de linguss, E, efetivament podese diz que a gramitica comparada, tal como Saussure mo slow em particular, tal como Meillet deseolveu em suid, fl (© modelo das tentativs paralsias que se fazem sind hoje em oateas familias de linguas. Quando se pensa hoje sobre as linguas da Ocea- 2 hia © que se tentaconsituir sua gneslogia ou quando se empreende © mesmo trabalho com o imeaso dominio amerindio, € sempre m ‘ou menos © modsle indouropew que guia oF pastor, que permite organizes. PD. — Quer dizer que a lingitica comparative cominua 4 desenvolverse ainda hoje EB. — Muito largamente ela tem tido grandes avangos, en fim voltaremos «isto, Nao hi divida que todas linguistics espe cializadas estio.condenades a passer por esta fas Atualmente hathase mais ativamentena Franga e na América para constitu estas familias de lingues, para coordenslas ¢ pate procurar ver ‘como & possvel representarse o desenvolvimento lingllstico dos diferentes continentes, Ha esforgos consderiveis que so fetes no dominio africano: viriae escolat se apicam a isso. Assim mio se neste caso, de modo nenhum, de um método datada, ot que pertenga « uma época pasiada, de forma nenhuma. Creio que, 20 ‘contro, lingfsticn comparativa vai renascer totalmente trans- formads © de fato ela se transforma, Evidentements, esta que nis praticamce hoje no se parsee de forma nenhuma com a mesma ‘icipina com a fisionomia que ela tinha hé trinta ou cingienta is, entio, como se definia 0 esseneal do trabstho lingistico 1a époct, Havin também uma linghistica gral, mas ela transpunhs ‘em tragosgerais as eatacterfticas extaldas pelos métodos comps rativos. Os dados TingUsticos eram os que se recolhiam nos textos. (rs, como estes textos sfo, na maior parte, considero o dominio rdoeuroped, textos muito antgos, textos hométicos, textos vd ‘os —e hole, vooéssabem a nova dimenséo que se acrscenta com 8 textos micenianos que recuam no minimo de melo milénio a protohistéia do Grego — seria necessirio interpreté-los na sua realidade de textos artigos, em relagdo a uma cultura que nio co- nhecemas mais. O que faz com que 0 aspect filoiigicohistérico tivesse um lugar considervel neste estudo. Havia especies de supo- sigdes prévias antes de se shordar dizetamente os fats: supost ser que evidentemente nfo imobilizem aqucle que estuda i de Inicio o francts, 0 inglés, a linguas vivas. Eu nfo dria que ha ‘entio um prejulgamento contra as lings vives, de forme nenfuma, 1s Simplesmente se concebia sempre a lingua viva como o resultado de uma evolugso histérice, Por eeto, havia antes de née um home ‘que linha muito prstigio, eujo prestigio es empalidecido hoje, & Gilligron, com a escola de disetologia francesa. Giligron © seus alunos pensavam justamente que a reconstitugie histirica no tinge a realidade complexa da lingua viva e que era necessiio antes de tudo registrar a viqueza dos flares, coleionélos a partir de questonérios e relacionélos em mpes. PD. — Os dados falades EB. — Os dados falados, ors relacionados em mapas ‘© que se chamava a geografa lingistica, Eis de alguma forma os ois pélos da lingistice nos primeiros anos deste sécule. Quanto «Saussure, ni se lia quase nada dele. Fe tinba voltado para Ge rebre, Ele se tnha quase imediatamentefeehado no silencio, Voots conhecem, no & mesmo, esta histria, © um homem que agi sobre- tudo depois de sua morte, O que ele ensnov de nosies geais e que foi pasado no Curso de Lingistica Geral publicado por seus disc lor, ele o ensinov, é neceséro eabéo, »contregoto, Néo & pre tito acreitar que Saussure foi um homem maliratado, impedido de se expresso, de forma nenhuma. A histéria das idias de Saus- sure nfo foi ainda bem tragada. Haveré muitos documentos par uilizar, em particular eartas que mostram em que estado de espi rito ele trabsthava, Saussure reeusava quase tudo 0 que se fr no seu tempo. Ele achava que as noses correntes no tnham base, ‘que tudo repousava sobre pressupostos no veriieados, e sobretudo ue © lingista no sabia © que fazia. Todo o esforgo de Saussure =e para responder a pergunta que o senor me fez isto & de uma ‘mportinia capital, eté ai, podese dizer, a vreda de Tingitice — a exigtncia que ele ps de ensinar a0 lingiista 0 que ele fr. De Ihe abrir os olhos @ propéito do procedimento intelectual que le realiza € a propésito das operages que pratica quando, de uma ‘maneiea wm tanto instintiva, ele raciocina sobre as linguas ou as compara, ou as analise. Qual ¢ pois a relidade lingfstea? Tudo comesou a partir disto, e°€ af que Saussure colocou as definiges, ‘que hoje se tornaram cissicas, sobre a natureza do signo linguiti- 0, sobre os diferentes eixos segundo os quais € necessrio estudar 4 Tingua, a mancira pela qual a lingua se nos apresenta, etc, Muito 1“ ‘bem! Tudo isto elaborou-se em Saussure de uma maneira doloross f sem que nada tenha passado diretamente no seu ensino, salvo durante trés anos perto do fim de sun vids, ou sje, nos ance de 1907 1 1911, durante os qusis ele foi obrigndo, em substtugio tum colega que pedira aposentadoria, a dar um eur de intodugio eral a seus alunos. & 0 curso que Bally © Sechehaye publicaram sobre o qual s edificou, diretamente ou nie, toda « lingiistica ‘modetna. Alguma coisa de tudo iso, algune dot principe deviam 4, pens, trnsparecer nas aules que Saussure dava quando jovem ‘em Paris: aulas de gramétca comparads, sobre 0 grego,o latin, sobre o germénico em particular, porque ele se cespou muito das linguas germénicas. E Saussure evidentemente desde esta época soltis esta absessio & qual se entegou em siltncio durente anos, ‘sta pergunta sobre_o valor da lingua, e tobre o que distingue ‘lingua de qualquer outro objet de eiénca, De modo que as ids de Saussure foram mais facilmente compreendides na Fran, sinda ‘que elas tenham levado muito tempo pata se impor af quanto em ‘outros lugares. Assim, través da gramitica comparada, era, malgre o todo o reso, esta inspiragdo de lingistica geral que pessou no fensino de Meillet. Desde este momento, viu-se toda esta paisegem se modificar & medida que pouco a pouco estas nogoes seussures- nas tomavam pé ou que elas fostem redescobertas por cutos, Oo ‘que, sob diversas influtncias, notadamente na América, se produ: iam certas convergéncias. Homens como Bloomfield por set lado, Jnto € pouco conhecido, descobriram Saussure, sinda que em gorl se considere a lingistica americana, © especialmente a comente bloomfeidiana, como exginada de uma reflexéo independent. Hd provas de que Bloomfield conhecia as ieias de Saussure e que cle tinha consigneia de sua importincis, PD. — Isto nos leva para o¢ anos 40, Bloomfield? EBB, — Hi uma resenha de Saussure por Bloomfield que data de 1924. Muito diferente fi a formagio de Sapir, lingista ano. logo americano Entetanto, Sapir também resonhoceu cores nogées essencias| ‘como a distinglo entre os fonemas e 0 sons) alge que corresponde razoavelmente 3 dstngGo ssussureana entee a lingua ¢ a falj. O fenhor ve, correntes independentes finalmente converfram e pro- 5 dduziam esta eclosio de wma lingistice tedrca muito exigente, procurando formulerse como citneia e progredindo sempre nests frescientifien, Ox sje, procurando darse um corpo de defingses, fenunciarse em estar orginics. Iso produziu ovientasdes muito diferentes, Houve de um lado o esruturaliamo, que velo dat dirta mente, Para um lingista que esti habituado a pratcar o trabalho Tinguistico © que teve muito eedo, ete ¢ 9 meu caso, preceupagses éstruturases, € um espetéeulosurpreendente a voga desta douteina, mal compresndida, descoberta tardamente ¢ em um momento em «ue 6 estruturalismo em lingisticn era i pars alguns ago de utr passado, Em minha obra trcet Brevemente a histria, de algum ‘modo, lexest deste termo. Neste ano de 1968, a nogdo de estrutu rallsmo lingitico tem exatamente quarenta anos. E muito para ‘uma douitrina em uma ciéncia que val muito depresse. Hoje um tesforgo como o de Chomeky’€ dirighdo contra o estruturalismo, Seu modo de abordar os ftos lingisticos € exstamente invers. PD, — Quer dizer que o senhor identfia 0 estrataraisma ‘em lingiistca ao periado em que houve a preocupacao em esclar recer as esiuturas linglsticos propriamente ditts? EB, — Tratavase, antes de tudo, de mostrar nos elementos materials da lingua e, numa certa medida, acima, nos clementos Significantes, duss coiss, oe dois dados fundamenteis em toda con sideragao estrutural da lingua, Primeiro, as pecas do jogo © em Seguida os reagies entre estas poyas. Mas nfo & de forma nenhuma Tieil, mesmo para comsgat, identifier as peeas do jogo. Tomemos ‘os elementos no significantes da Kinga, of sons. Quais So os sons ‘de uma lingua dada? Nio da linguagem em geal, 2 questo nio se pode coloctr, mae de uma lingua dads; quer dizer, quais sS0 os fons que tim um valor distintivo; que servem para manifstar as iferengas de sentido? E quai si os sons que, einds que existindo ‘ateralmentena Kingua, nfo contam como distntvos mas somente ‘come variants ov aproximagies de sons fundamenais? Constat-se {que os sons fundamentals s30 sempre em nmero reduzido, cles runca sfo menos de 20, ¢ nunca mais de 60 ou poueo mas, Fates ‘variagtes nfo so muito grandes e por qué? Em todo caso, quando se estuda uma ling, & necesito conseguir determinar uals sB0 (08 sons distintivos. Assim, que em francés se promunce pure ov 16 ‘pov, iso no tem neahuma importincia; & simplesmente uma ‘questo de origem local, nfo é, mat que nio era diferenga de sew fido, Mas hi Hingvas em que esta diferenea, ov qualquer coisa com parivel a esta entre pauvre e povre, daria duse palavras totalmente diferentes, E isto & a prova de que neste caso a distngio 6 e em francés mio conta, enquanto que em outras linguas ela seria dis- tintva PD. — E no entanto se, em francés, 0 senhor diz pile € Paul, neste caso ela conta? EB, — Claro, como entre saul e sovle © conseaientemente uma distingio a ser reconfecida como fonoldgica, mas em con- igdes que devem ser determinadas. Temos pO em francés, quot 1 trate de “peau” [pele], de um “pot” [pote], pouco imports, ‘mas nfo existe pé com wm 0 sbero, simplesmente porque 8s con ‘igbes de artiulagéo do francés exigem que o o final de um mo- nosilabo seje fechado © nlo aberto, enquanto que marchal e mar- ‘chais tém dois fonemas diferentes porque distinguem dois tempos do verbo. © senhor v8 que & complex. De sproximagéo em apro- sximapio, € toda @ lingua que & necessrio estudar bem atentamente para dstinguir 0 que ¢ fonems e o que & variate. Eis 0 nivel néo significante, no sentido em que se tata simplesmente de sons. Ha tum nivel superior em que ve aborda © mesmo problema sob aspee {os muito mais diffeis, quando os elementos sio os significant ‘04 porgies de significantes ¢ assim sucessivamente. ConseqUente- mente, es a primeira consideragio:reconhecer 0s termos constitu tives do jogo, ‘A segunda consderasio essencal para a andlise estrutural € precsamente ver qual € a relago entre estes elementos constituives. Estas relagies podem ser extremamente variadas, mas elas se dei. xam reduzira um certo nimero de condiges de base. Por exemplo, no € possivel que tal ou ta som coexistam, Nao € possvel que tal ou tal aejam slibioos. Hi Tinguas como o serbo-eroata em que r por sis, como em Kr, forma ums sla. Em francés isto no & possvel, € necessivio que haja uma vopal. Bis as leis de esteutut, «© cada lingua tem uma multidio delas. Nao se termina nunca de Poss that ha ‘Aime no emboiing ep 1 term wei” of the ep “ teu a somiologia da lingua como sistema. A dificuldade, que im- pede toda aplicagio particular dos concsitoe peircianos, com ex ‘cegio da trpartigio bem conheside, mas que permancse um quadro ‘ito ger, esté em que definitivamente © signo € colocado na hase do univers inti, e que ele funciona por sua vez como prin- cipio de definigSo para eads elemento e como principio de expli ‘asH0 para todo 0 conjunto, abstato ou concrete, O omen ine: ro € um signa, sew pensamento € um signo®, sue emocéo € um sgno®, Mas finalmente estes signs, sendo todes signos uns dos ‘outros, de que poderio eles ser sizos que NAO SEJA signo? Atha remos o ponto fixo onde amarrar a PRIMEIRA relaglo de signo? © cedifcio somisica que Peirce construis nio pode incl ele proprio em sue definigao. Para que a nordo de signo no se anule nesta multplicagdo a0 infinito, € necessrio que em alguma parte © universo admita uma DIFERENGA entre osigno ¢ o significado E necestério entio que todo signo sea fomado e compreendido em tum SISTEMA de signes. Esta € a condigao da SIGNIFICANCIA, Results dat, ao contitio do que pense Peirce, que todos os signos ‘nfo podem funcionar identicamente nem pertencer a um sistema fini. Deverse-3o constitir inimeros sistemas de sgnos, ¢ entre ses sistemas, expliitar uma relagio de diferenga e de analogia. aqui que se apresenta Sasure, de repente, na metodologia como ne prtica, exatamente na posigfo oposta de Peirce. Em Saussure a reflexdo procede da lingua e toma lingua como objeto exclusiva. A lingua ¢ considerada por ela mesa, a Tingtstica con sgna para si uma tripla tet: 1. desereversincronicsmente discronicaments todas at lin- aguas conhecidas; 2. depreender as Teis geris que operam nas Tinguas; 3. delimitarse e definise ast mesma”, Iie aun of neh tors at mt lop, so at every tout Ise TERNAT ap eal an oh xi a Geo notches sth lon mabe Th sat bw aan od 1. te Sere, Cow de ge wie VEL), AY eb, p28 6 Programa do qual no se noteu que, sob a sparénciaracional, esconde uma estranheza que the confere justamente a forga e audécia. A linguistica te entuo por objet, em tercero. lugar, efinrse a si mesma. Esta taefa, se se quer entendéle plena. mente, absorve as duas outras e, num certo sentido, a8 extngye Como pode # lingustice delimiterse e definite a si propria, e no delimtando e definindo seu objeto proprio, a lingua? Mas pode ela cumprit suas duas outras tarefas, designadas como as dues primeiras que deve executar, a descrigio a histrin das linguss?/Como a linghistien saberia “buscar as forgas que st fem Jogo de uma manera permanente e universal em todas a5 lin suas e depreender as leis gerais As quais se pode recanduir todos (0s fendmenos partculaes da histrie, se nfo te comega por defi- rit as posibilidsdes os recursos da lingistica, quer dizer, a apo que ela tem sobre a linguagem, logo a natureza © os caract- rs priprios desta entidede, a lingua? Tudo esté contido nesta ex aincia, € 0 lingista nfo pode consderar uma desta taefas inde- pendentemente das out sama dels até 0 fir, 9¢ ‘fo tiver tomado conscitncia antecipadamente de singulridede da Iingua entre todos os objetos de ciéncia. Nesta tomada de cons- tltncia reside a condigio prévin qualquer sbordagem ativa cognitive da lingtistice,e longe de estar no mesmo plano que as as outeas © de as suporrealzadas, esta terceea tarefa: “delim arse © se defnira si propria” dé & lingistca a missio de trans- cendélas a ponto de adiar a realizaséo delas até que ela propria se realize. Este € a grande novidede do programa savssuriano. A Ietora do Curso confirma facilmente que, para Saussure, uma lin aifstica no € possvel sendo com este condisio: conhecerse,enfim, descobrindo seu objeto. Tullo procede entéo desta questio: “Qual é 0 abjeo 40 mesmo tempo integral e concreto da lingistica?"* e 0 primeira paso visa a arrunar todas as respostas anteriores: "De qualquer lado {que te aborde a questio, em nenhum lugse 0 objeto intgral da Tingistica se oferece a nés"*. © caminho assim abeto, Saussure 6 coloca a primeira exigtncia de método: & preciso separar a LIN {GUA da Tinguagem. Por que? Meditemes em algumas linhas onde se mostram, Frtivos, os conceit essenclis “Tomads em seu todo, linguagem € multiforme e heer elit: a cavaleiro de diferentes dominios, ao mesmo tempo fice, fsioldgica e priguica, ela pertence slém disso 20 do- rminioindividval ¢ a0 dominio social: ndo se deixa classifcar fem nenhuma categoria de fates humans, pois no se sabe ‘como inferir sve unidade A Lingua, 20 contri, € um todo por si um principio de clasifcagdo. Desde que the demos o primero lugar entre fotos da linguagem, itroduzimos uma ordem natural num conjunto que nlo se presta a nenhuma outa classificagdo™. 1 preccapasio de Saussure & » de dicot 0 principio de nidede que domina a multpliciade de aspetos com que ns ap rose linguager. Somente ext prinpiopermitiré. clasificar os {ato de Tnguagem entre os fats Humanos. A redusSo da linguagem 2 lingua satstar esta dupa condo: ela permite colocar «lingua ome principio de nidade © 20 meso tempo encontrar © ip da lingua entre os fos humanos, Pinto de wnidad,prinepio 4 clifiags, eis inrodudon os dois conecitor que v8, por sua ‘ee, invodaae seta Une otto so nectsris pars fundar » Tingisicn como ciénciat nao we conceberia uma ciénia incerta dese objeto nde: cise quanto 20 seu dominio. Mas, pare lé dese cuidado de vigor, decor dato esatto prio 30 eonjumo dos fstos humanos [Até aqui ainda aio se assinalou sufcienemente @ novidade do metodo saussurian, Nao teata de decir ee lingistica esté mais préxima da pscologia ou da sociologia nem de encontrar para cla um lugar no seio das discplinas existentes. B em outro nivel ‘ae 0 problema & colocado © em fermos que ctiam seus préprios conceitos. A lingistica faz parte de uma cifncia que no existe ainda, « qual se ocupars dos outros sistemes de mesms ordem no 0 onjunto dos fatos humanos, a SEMIOLOGIA. F conveniente citar aqui a pigine que anuncia e situa esta rlag: A lingua € um sistema de signos que expr comparivel, por isso, & esrita, ao alfabsto dos 208 ritossimbsicos, as formas de poider, aos siais militares, tc, etc. Fla & apenas o principal destes sistemas Podese, enti, coneeber UMA CIENCIA QUE ESTUDE [A VIDA DOS SIGNOS NO SEIO DA VIDA SOCIAL; ela constituiria uma parte da pscologia sociale, por consegvint, dda psicologia gel; chamé-laemos de SEMIOLOGIA (do sreg0 sémeion, "sign" Ela nos esinaed em que consist of slgnes, que leis os regem. Como tal eigncia nio existe ainds, info e pode dizer o que seri: cla tom dirit, porém, a exis {Gncia; seu lugar esté determinado de antemio, A Ting no ¢ sno uma parte dessa cidnca gral; as leis que « smio- Togia descobrie serao epliciveis & linguistic, e esta se achara esate vinculada a um dominio bem definida no conjunto| os fatos humane. Cabe 20 psicéiogo determinar o lugar exato da semiolo- ia; a tarefa do ingsta € definie 0 que faz da lingua um sislema especial no conjunto dos fatossemioligicos. A questio| serd retomada mais adiante; guardaremos, neste ponto, apenas Juma coisa: s, pela primeira vez, pudemos assinalar linguist ‘um lugar ente as ciéncias foi poraue @ relacionamos com & semiologia” Do longo comentiio que exigsa eta pigina, o principal esta compreendido na dieussio que empreenderemos mais dante Reteremos apenas, para colocslos em relevo, of caractees primor diais da semiotogi, tal como Saussure a concebe, slide tl como le a tnha reconhecido muito tempo antes de a’ evocar em seu 1H Agu Sonmareremete 4 Ad. Navi, Clacton des ener 22 ey Exe, » 5334 18. oplo"e'o term se enconravae jé em uma nots manerit. Sous pubicada or Ro Godel, Sources manure, poe dat ernie een 3) e \A lingua se aprsenta sob todos seus aspector como uma dus lidade:instinuigd social, ela € produrida pelo individuo; discurso continuo, ela se compie de unidades fixas. E que s lingua € inde pendente dos mecanismes fono-ctsticos da fala; ela consise em “um sistema de signos onde, de essenca, 6 existe a unio do sen- tido e da imagem acistica, e onde as duas partes do signo sio lauslmente piguicas” ™. Onde a lingua acha sua unidade e o prin ciplo de seu funcionamento? Em seu cariter semitico. Por este se define sua natureza, por este também ela se inegre num con junto de sistemas de mesmo tipo Para Saussure, diferentemente do que pare Peirce, 0 signo & antes de tudo uma nogao lingistica, que mis largamente se exten de a certs ordene de fatos humanos e socsis, Ai ee circunsereve seu dominio. Mas este dominio compreende, além da lingua, os sistemas homélogos ao de lingua. Saussure cita alguns desses six temas, Todos estes ttm o cariter de serem sistemas de SIGNOS. A lingua “€ apenas o mais importante destes sistemas”. © mais importante sob qual aepecto? Seré simplesmente por que a lingua tem um lugar maior ne vida social do que qualquer outro sistema? Nada permite chegar a uma decisio © pensamento de Saussure, muito afirmativo sobre a relasio da lingua com os sistemas de signos, é menos claro sobre a relagéo a lingiistica com a semiologia,citnia dos sistemas de signos. O destino da lingistica ser o de se liga &semiologi, a qual forme “uma parte da psicologia social e conceqientemente de picologia seta”. Mas € preciso sguardar que a semiologa, “ciéncia que e= fda vide dos signos no seio da vide social" seja consttuida pera que aprendames “em que consistem os sighs, quais a5 leis ‘que os rope”. Sauesure devolve # cicia Suture o papel de defini © pripri signo. Entretento ele elabors para a lingsticn o instr= mento de sua semiologia prépria, 0 signo linguistic: “Para nés, © problems lngistico & antes de tudo semioléyico, e todos 0: nossos desenvolvimentos empresam significagbo a este fato impor ” (© que liga lingstca 8 semiologa € este principio, colocado no centro da lingitica, © de que 0 sgno lingistco &“arbitriio™. De uma maneira gral, o objeto principal da semiologia seré “o conjunto dos sistemas Tundados sobre 0 arbiteirio do signo” Por conseguint, no conjunto dos sistemas de expressio « primaxia perience 8 ing Podese... dizer que os signos intiramente abitérios realizam melhor que os outos 0 ideal do procedimento senior Topica; els porgue a lingua, © mais completo © o mais difur ido sistema de expressio, € também o mais carctristco de todos; nesse sentido, a linguistca pode ergirse em padrio de ‘ods semiologia, sinda que a lingua néo sea sendo um sistema particular Assim, formulando claramente a idéia de que a lingistien tem ‘uma elagso necesséria com 2 eemiologia, Saussure se abstém de Aefinis a natureza dessa relasio, sendo pelo principio do “arbiteé- tio do signo” que governaria 0 coajunto dos sistemas de expressio nese sentido lingua. A semiologia como citnia dos signos per ‘manece em Saussure como uma visGo prospetiva, que em Seu trae 08 mais precios se modela sobre a lingistica. ‘Quanto os sistemas que, como # lingua, pertencem & semiclo- fi, Saussure se limita a citar rapidamente alguns, sem contudo ‘exgotar a lists, posto que ele no adianta nenhum eritério delim tativa: “a esrte, 0 alfabeto dos surdos:mudos, os vitor simbicos, 1s formas de polidez, of sinais militares, etc”. Em outro lugar fala em considerar of vtos, os costumes, ee. como signos Retomando este grande problema no ponto em que Saussure 0 deixou, quertamos insist iniclalment sobre necesidade de um esforgo prévio de clasiicagio, se se quer promover a andlise © consolidar as bases da semoloia. 50 a eserta nfo diremos nada aqui, reservando para um exame particular este dificil problems, Os ritos simbslios, as formas de polider sio sistemas autnomos? Podese realmente colocélos no ‘mesmo plano que a lingua? Eles nlo se sustentam sobre uma rela 0 vemiolégica senio por intemédio de um discurso: 0 “mito”, ‘que acompanha © “rio”; © “protoolo” que regula as formas de polidez, Estes signos, pare nascerem e se estabelecerem como sist sma, supoem a lingua, que 0s produz e os interpreta. Eles so entio ema outea ordem, em uma hierarquia a defini. Entrevése assim ‘que, nfo menos que os sislemas de signos, as RELACOES entre ‘estes sateras constiuirdo 0 objeto da semioiogi tempo de deixar as generalidades e abordatenfim o proble- ra central da vemiologia 0 estatuto da Kingua em melo acs sistemas de signs, Nada poders estar assogurado na teria enquanto nio se tiver eslarecido. @ nogéo e 0 valor do signo nos conjuntos nos jis se posta extidélos. Pensames que este exame deve comesar pelo sistemas no lingitios. © papel do signo € 0 de representa, 0 de tomar 0 tur do outa coisa evocandow a titulo de substituto Tode deinigio mais presi, que disinguri notadamente muitae variodades de signoe, Supe una rflxBo sobre principio de uma vaca dos signs, de ua semioloia,e um esforo prs claboréla. A menor stengbo to nowt comportament, ds conden da vida ntlectul sc 1 vida de elago, As slags de produgo e de toca nos mostra /® quepulizamos concorretemente ¢ a cada instante viios sistemas dese: em primero lar os sigos da inguagem. ave io aque les ui te pesiane da ert 0 be reuni, ent toda at suas varedads ¢ hibarqua;ossgnos repuladores dos movinis de vtculo: os “signe atta” que indicum as eoodiges seis “signos moneéris", valores © Indies da vida econbmica; os inos dos cles, eis, creges 0s signos de rte em suse yariedades (mic, imagen, reprodustes plstcas), em suma, ¢ sem ultapassar a constatacio empitica, claro que nossa vids inteiraesté tesa em redes de signos que noe condieionam a ponto de no se poder suprimir apenas um sem colocat em perigo o equilbrio da sociedade e do individuo. Estes slgnos parecem engendrarse e mulipicarse em virtude de ume necessidade interna, que aparentemente responde também a uma nocessidade de nossa organizacio mental. Nas numerosas bastante diversas maneiras que tém 0s signos de se configurar, que principio Introduzir que possa ordenar as rela ¢ delimitar 0s conjuntos’, © cariter comum a todos os sistemas o ertéio de st liga 430 8 semiologa é sua propriedade de sgnfiear ou SIGNIFICAN. CCIA, e sua composigdo em unidades de sigificincia, ow SIGNOS, ‘Tratase agora do deserover seus earacteres distntvos Um sistema semioligico se caracerza 1 por seu modo operatstio, 2. por seu dominio de validade, 5" pela natureza © 0 mimero de seus signos, 44° por seu tipo de funcionamento, Cada um destes tragos comporta um certo niimero de varie: dades. ‘© MODO OPERATORIO ¢ a maneirs como o sistema age, rnotadamente 0 sentido (vst, owvido, ete) 20 qual cle se divge (© DOMINIO DE VALIDADE € agucle em que o sistema se Impbe ¢ deve ser reconhecido ou obedecido. ‘A NATUREZA ¢ @ NUMERO DOS SIGNOS sio fungéo das condigaes referidas acima (© TIPO DE FUNCIONAMENTO & a relagio que une of signos e thes confers Fangio distinva Experimentemos esta definigdo sobre um sistema de nivel ele- rentar 0 sistema de sins do tfego rodoviri: — seu modo operatiro é visual, gerlmente duro e em : a aber: — seu dominio de validade € 0 deslocamento dos vet clos nas estrada 32 — 08 signos so constudos pela oposigio crométca verdo/vermelho (as vezes com uma fase intermedia, smarcla, de simples tansigfo), logo um sistema bi névio: — seu tipo de funcionamento € uma relagho de alter ‘incla amas de simultaneiade)_verde/vermelho que significa caminho abero/eaminho fechado, ou Sob forma presritiva: “sga/pare”. ste sistema & susceptivel de extenséo ou de transeréncia, ras somente em uma destas quatro condices: o dominio de vali ade, Pode-se splicilo 8 navegaséo fluvial, balizagem dos canis, das pists de aviagdo, etc, com 8 condigio de guardet # mesma ‘opesgio cromitica, com a mesma significagio. A natureza dos sig nos nfo pode ser modificada senéo temporariamente © por raxées de oportunidade (0s carateres que esti reunidos nesta definigio formam dois ‘rupos: os dois primeiros, reativos ao modo de operagio e 20 do: rminio de validade, fornecem as condigces externas, empiricas, do sistem; of dois slkimos,relativor aoe signoe © a seu tipo de fun iam as condiges interna, semidticas. Os dois pri- reiros admitem certasvariagies ov acomodagies, os dot outro, ‘io. Esta forma estrutral coafigura um modelo cantnico do sist rma binério, que se encontra, por exemple, nos modos de ¥otas%0, por bolas brancas ou prias, em pé ou assentado, ee.,e em todas 5 cicunstincias em que a alternative poder ver (mas nfo &) ‘enunciada em termoslingistios tas como: sim/nio. Desde jf podemos depreender dots prineipios que dizem ree peito is relagSes entre sistemas semistices. © primeiro principio pode ser enunciado como o PRINCIPIO DE NAO-REDUNDANCIA enire sistemas. Nio hi “sinons cnt sistemas semistcos; ndo se pode “dizer a mesma cols fala e pela misica, que s80 dos sistemas de base diferente, pela 20. Consicansimenos materials (oetine) padem impor procedimentn 2 Pietvon por exmpa sinus sonoror ever de als va a | pede leporion nip serum su cones nme 8 Isto equivale dizer que dois sistemas semistios de tipo 4- ferente nfo podem ser mutusmente conversiveis. No caso citado, 8 fala e a misien tim certamente este trago comm, a producto de sons ¢ 0 Tato dese drgirem ao ouvido; mas esta relagSo nfo pre valece contra diferenga de natureza entre sss snidades respect vas © entre seus tipos de funcionamento, como se mostearé mais adiante. Assim a nio-conversibilidade entre sistemas de bases die rentes é a raz30 da nforedundincia no universo dos sistemas de signos. O homem nio dispée de vitios sistemas distntos para a MESMA relasio de sgnticaio, Em compensagio, 0 alfabeto grifico © o alfabeto Baile ou Morse ou © dos surdos-mudos so mutuamente conversiveis,sendo sistemas de mesmas bases fundadas sobre 0 principio alfabtic: ‘ume lets, um som. Um segundo principio dimaa deste 0 completa Dois sistemas podem term mesmo signo em comum sem que af resule sinonimin ou redundineia, quer dizer que a identidede substancial de um signo ndo conta, mas somente sua difereng fun tional. O vermetho do sistema binirio de sinalizaio rodovisia rio tem nada em comam com o vermelho da bandeira tricolor, rnem © branco desta bandeira com 0 branco do Isto na China. 0 valor de-um signo se define somente no sistema que o integea. NBo hi signo tranesistemstico (Os sistemas de signos sto entéo tantos outros mundos feche os, nfo tendo entre eles sento uma relael0 de coexisténca tlvez fortuita? Formularemos uma nova exigéncia de método. & preciso ‘que relagdo colocada entre sistemas semitcos sea ela prope de natureze semiGtca, Esta seré determinads primeirsmente pe eo de um mesmo meio cultural, ue de uma mancira ou de out produse alimonta todos 0s sistas que the #80 propos. Tratnse nda assim de wma elagio externa, que néo implica nocesaria monte uma rela de cocréneia entre sistemas particulates. Hé uma segunda condigio: tatase de detceminar se um sistema se miético dado pode se auto-interpretar ou se ele deve receber sua interpretagio de umn outo sistema, A selagdo cemitica entre sete mas enunciarse-4 entéo como uma relaggo entre SISTEMA IN. TERPRETANTE ¢ SISTEMA INTERPRETADO. © aquela que a colcremos, em eande ec, ete os sino de ngua © os da ‘Sica: sw da sxtdte pode ser negranete ie rendn pes signs ding, pai © veo. Ang Ura © merpreume do sotdae Numa scala menor pode consider o abet pico somo 6 inerpeante do Mors Sd Bat dei t mar erate des dominio valde Spat do node guess sjam motte comes Doone infer dl ques substan semitones a sodedae tao lpcamane os inerrtadon da Uns, un Ye oct oottdie oy comm e ques onda 6 iertado Tngoe Podese prster de jets rlsbo una disimetia fandom ¢podeveremonar 8 pric ston dea nore Senin: € ue a ngun ovspa oma stays pereular no Cnivero dos sts sis, Se te onvenctonn dignarpor$ Tonfn dese semare por Ls ingun «comers 2 faz Senn senn S> Tyne o ve. Tess alum pic plo gel de herria proprindo pase node na ls Fogo ds stemes semitone gue seve para consul una tori semilgien ars melhor evidenlar a deengas ene ab ores dere late tems, ekearener gs ne ema. penpecteUn thioms completamente deen, oda msica AS eens spe Ireraostor no een nani ds sgos” em sev modo Ge foncoaamen Tmt € Teta de SONS, o qui im cate masa undo Sto deinodos e elcador como NOTAS. Mo em Tne enidde tenn comprises signs” lingua Ens not tm om adr eginor,« CAMA na qs ls tran lo de uiddes Snr, desman Je a8 ot nner fit, cla una creeds por om mero constaie Se sts um tee dad, Ae mss conprcnder mess tots em ra Otero dtd por om ine 8 Cibwetes cm potreo gem, ox Inrals pemanesen os 1s sons muss pdm sr prods em morta cu em poliontee Tancnam sleet oe siamese (co 2 Ene pont srk denen asne 35 VA P/ K PAGINA AO LADO E DepIS KSEE A ES Aivincia ea previsibildade estatitica, de unt ldo, e a possbiidade de construir enunciadosinteligives, de outro. Esta diferenca no éepende de um sistema musical particular nem da escala sonora cscolhida; a dodecafonin serial é to submisse quanto a distona, Em suma, podese dizer que se @ misica é considerade como uma “lingua”, & uma lingua que tem uma sintaxe, mas no una semiotica, Este contraste indica antecipadamente um trago postivo fe necesério da seriologia lingistica que deve ser retido, Passemos agora a um outro dominio, o das artes dites plist as, dominio imenso, contentando-nes com verficar se alguma ve melhansa ou oposcio pode esclarecer a semiologia da lingua. A primeira Vista, choca-se equi com uma dificuldade de principio: ‘hg alguma coisa em comum na base de todas ests ates, sendo a regio vage do “pléstico"? Encontrase em cada ume dela, sje fem apenas tums, uma entidede formal que se posse denominat UNIDADE do sistema considerado? Mas qual pode act @ unidade da pintura ou do desenho? & 4 figura, © tago, a coe? Assi for- smulade, ted a questo ainda um sentido? tempo de enunciar as condigées minimas de uma compars- 0 entre sistemas de ordens diferentes. Todo sistema semistico aque repousa sobre signos deve necessariamente comportar (1) um repertiriofinito de SIGNOS, (2) repras de areanjo que governam suas FIGURAS (3) independentemente da natureza ¢ do nimero de DISCURSOS que o sistema permite produzt. Nenhuma das artes plsticas consideradas em seu conjunto parece reproduzir um tal ‘modelo. Quando muito poderseia encontrar slguma aproximacio ‘a obra de tm arta; no se tataria mais entio de condigces ‘eras © constantes, mas de uma caracteistica individual, € isto tinds noe dstaniara da ingus. £ evidente que a nogio de UNIDADE esté no centro da pro blemitica que nos ocupa e neshums teoria séia poder se cons tituir se ela esquece ou se esquiva da questio da unidade, porque nestor © leo informndo vert notidanerie ur ton pa de des) qusiequer que seam of intevalor que of separem nat suas respectivas gamas, Néo hai limitagio quanto & multiplicidade dos sons produzies simultancamente por um conjunto de insieumentos, rem quanto i ordem, &freqignca ou & extensio das combinagées, (© compositor organiza livemente os sons em um discurso que nid ¢sti submetido a nenhuma convenséo “gramatical” © que obedece 2 sua prépria “sintaxe”. ‘Ves entio até que ponto o sistema musical admit € até que onto no admite ser consderedo como semistico, Ele ¢ organivado 2 partir de um conjunto constiuido pela gama, que & por sua ver formada de nos. As notes no tém valor diferencial sendo m0 Imterioe ds gama, e 2 gama é ela propria um conjunto resorrente 1 vérasaltras,espeificada pelo tom indieado pela clave. ‘A unidade de base ser neste caso @ naa, unidede ditint © epositiva do som, mas cla nlo toma este valor senio na gama, 8 qual fsa 0 paradigma das nots. sta unidade & semistica? Pode te decidir que ela 6 semidtica em sua ordem prépria, uma vez que cla ai determina oposiges, Mas neste caso ela no tem nenbuma relagdo com a semistica do signo linifstico,e de fato ela no pode ser convertda em unidades de lingua, em qualquer nivel que sea ‘Uma outra analogia, « qual desvela ao mesmo tempo uma Aiferenga profunds, esta. A misice & wm sistema que funciona sobre dois eixos: 0 eixo das simultaneidades e o eixo das seqién clas, Poderse-fa pensar em uma homologia com 0 funcienamento bilidade, indocis6o, ete, 04, deliberadamente, recusa de esserio. (© que em eral caracteriza a enunciagdo € a acentuapdo da ‘relogdo discursiva como parceiro, sea este real ow imaginado, ind Vidusl ou colesiva, Esta caracteristica coloca necessriamente o que se pode de- rominar © quadro fiurativy da enunciagio. Como forma de dis ‘curso, 8 enunciagdo coloca ds “figuras igualmente necesiras, ‘uma, orgem, a outa, fim da enanciago, E a esrutura do didogo. uss figuras ne posigdo de pareiros sfo aternativamente prot sonistas da enunciagd, Este quadro & dado necessriamente com 2 Aafinigdo da enuncias Podersein objetar que pode have dilogo fora da enunciasio, co enunciagdo sem dislogo. Os dois casos devem ser examinados. [Na dispute verbal praticada por diferentes povos e da qual uma varidade tipica 6 0 haineny dos Mevinas,nio se trata na verdad nem de dislogo nem de enunclasio. Nenhum dos dois par- Ceiros se enuncia: tudo consiste em provérbioscitados e em pro- ‘Etbioe opostos citados em replica. Nio hd uma tnica referencia cexplcita a0 objeto do debate. Agucle, dos dois participants, que dispse do maior extoque de provérbies, ou que os emprega de modo mais habil, mais malicioso, menos prevsivel deixa ¢ outro sem saber o que responder e proclamado vencedor. Este jogo no tem senio a aparéncia de um diflog. Inversamente, 0 "mondlogo™ procede claramente da enuncis- 0, Ele deve ser clasifieado, nto obstante a aparéncia, como una ‘ariedade do disogo, esatura fundamental. © “mondlogo” £ um ‘idlgo interorizado, formulado em “linguagem interior”, tre um Sir loeuior © um et ouvints, As vers, o eu Tocutor € 0 Unico a s fatar; 0 eu ouvine permancce entretanto presente; sua presenga 6 necessvia€ suficiente para tomar significant a enuncagio do eu Jocutor. As vezs, também, o eu ouvine intervém com uma objeto, uma questo, ume divide, um insult. A forms ingiitica que esta Intervengdo assume difere segundo idiomas, mas € sempre uma forma “pessoal”. Ora o eu ouvinte substitu 9 e loculore se enn «ia entio como “primeira pessoa"; & asim em francés [portugués) tonde 0 “monélogo” ser eortado por observages ou injunges tas como: “Non, je sus idiot, Jat oublié de Tul die que...” (Nao, fe sou unm idiot, esquei de te dizer que..."). Ora o eu ovine interpela na “segunda pessoa” 0 eu locutor: "Non, ti naurais pas «lu dite que. io, tu (0e8) ndo deveras (ia Ihe ter dito que..."J- Haveria af uma interessante tipoogia dssat relies, para estabolecer: em algumas linguss versea predominer 0 eo fuvinte como substituto do lacutr ese colocando por sa ver coma cu (francs inglés), ou-em outas, pondo-se como parceiro de di logo e empregando tu (aleméo, russ). Esta tansposigdo do dislogo ‘em “"mondlogo” onde EGO ou se divide em dois, ou assume dois papéis, presse a figuracies ow a transposigdespscodramstias confltas do “ew [met] profundo” © da “conscitncie", desdobra rmentos provocads pela “insprssio”, ete. Esta possiblidade & fa cultada pelo aparelho lingUistico da cnunclacio, suiseflexive, que compreende um jogo de oposigses do pronome © do antaimo (eu ‘mejmio (e/me/mei}) Estas situagSes exigisiam uma dupla deserigdo, da forms Tin: aUistica © da condigao igurtiva, Contentase mito facilmente com invocar a frequéncia e a utlidade préticas da comunicagio entre 0s individuos, para que se admita situasG0 de dislogo como re- sultndo de uma necesidade,sbstendo-se asim de anal tiplas varidades. Uma deles ee apresenta em uma condi das mais banais em aparéncia, mas das menos conhecida, de Fat. B. Malinowski indieoua sob o nome de comunhdo fatca, quali candor assim como fendmeno psicossocil com Fungo lings, Fle a eonfigurou partindo do papel que a linguagem af desempe: na, & um processo em que 0 discurso, soba forma de um dslogo, 53 Ver om arg do BSL. 60 (1965), fs. ps Thea as stabelece uma colaborasio entre 0s indivdves. Vale a pena citar lgomas passagens desta anlise* (© caso da linguagem usada no livee © fortuito intereurso social merece especial atenclo. Quando varias pessoas entan fe juntas em torno de fogucira da aldeia, depois de terminadas as tarefas quotidianas, ou quando batem papo, descanssndo do trabalho, os quando acompanham algum simples trabalho ‘anvil com um taparelar que nada tem a ver com 0 que estio| fzendo — ¢ claro que, nestes casos, estamos diane de um jutro modo de usar a linguagem, com wn outro tipo defunct do discutso. Aqui, a lingua no depende do que acontese no momento; parece estar até privada de quelqver contexio de situagdo, O sentido de cada enunciado fo pode esta ligedo 20 ‘omportamento da laeatar ot do ouvints, com a intenslo do ue esto fazendo. ‘Uma simples frase de cortesia, tio usada entre as tibos selvagens como nos sales europeus, cumpre uma funglo para ‘qual sentido de suas palavrae 6 quase completamente indi feronte. As perguntas sobre a said, os comentirios sobre 0 tempo, as afirmagées de algum estado de coisas absolutamente Govio — tudo sho Trases trocadas nfo com a finaidade de informar, nem para coordenar as pessoas em apo eeertamente que néo para expressar qualquer pensamento Ié divida de que temos aqui um novo tipo de uso linglistico — que estou tentado a chamar comunhdo fétiea, instgado pelo deménio de invengéo terminolgiea — um tipo e discurso em que ot lagos de unio slo crados pela mera twoca de plavras.. As palavras, na comunho tics, sbo ust das, prncipalmente, para transmitir uma signifcags, »signti- cagdo que 6, simboliments, «dels? Certamente que ndo. las preenchem uma fungao seis e ess € o seu principal objtva, ‘mas nlo so o resultado de reflexio intelectual nem despertam, necessriamente, qualquer espécie de reflexdo no cuvinte. Mais tuma ver podemos dizer que a Hinguagem no funciona, nese caso, como um meio de transmissio do pensamento {Tasos age slums page do at de B, Manon pubendo (im Oplen e Richart, The meaning of meaning, 1923, 9.318 © co

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