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2DO MUDO Ocinema nascowen 1895, Quando primeiro filme foi realizado, a montagen n existia. Tamanha era a novidade de ver in sis eM Movinicnto que nem mesmo uM histiria rotcirizada era nevessario, Os primetros filmes duaravain menos de um minute © podiam ser tao simples como suide dos yperdirios elas Usinas Lumiere (1895) ou A cheztadaa ila trem na esteegiio (1895). Um dos filmes mais populares em Nova York foi 0 beifo (1896), Seu sueesso eneor jou filmes similares, come A Box Hous e Shire Dance, ambos de 18%, Embora George Mélis comegasse a produzir histérias de claboragio mais exétiea na Franga, como Cinderelee (1899) © Viagem é Luu (912), ‘odos os filmes pionciros compartilhavam certs caraeteristicas. Vm ntagem er existente ou, nia melhor dts hipsteses, minima, no caso de Mélies, © que € surpreendente sobre © periado mudo & que os prinespios dat montagem cekissiea foram desenvolvides emt apenas 30 anos. No entanto, 0 eimento do einem, a continuidade, o trabalho da dirogao © a Gnfase dramttica em sus relagi com a montagem! no eran: sequer Considerades. As edmeray eran posieionadas sem qualquer relay com a composigio da imagem ou gom a emogin. \ ilumi- nagio nao obedecia a nenhuma intengae dranvitiea, mesmo nas cenas interiores, William Dickson usava a kick Maria." \ luz, a posigdo © » movimento de camera hao cram variantes na equteao filled. Nos primeiros filmes de Auguste © Louis Lumigre © Thomas Edison, « efmera filmava un. aeontecimento, incidente. Muitos dlesses filmes pioneiros cram apenas um plano, Embora os filmes de Mclids aleangassem a duragio de 14 minutos, eles sind ‘cram uma série de planos simples: quiaclros ln los de uma eneenagaio, Tados os panos cram enfileirados. \ camera estavat sempre paruda © distante da ago, Nav havia variagio na duragao dos panos a fim de provocar impacto. O fundamental era slatuagio © nao 6 ritmo. Os filmes cram montades na medida em que consistiam em mais de um plano, mas Viagem d Lue nao 6 mais do que uma série de divertidlos pla 4 Tienteas DE ebrgo PARA CINEMA F VIDEO ELSEVIER nos, caela um deles constituinde ume cena inteira. Os planos contant uma histéria, mas nao da maneira como estamos aeostumados, Apenas como trabalho de Edwin S. Porter, a montagem passou ster uma finalidade narrativa, win $. PORTER: 0 INICIO. DA CONTINUIDADE F ) principal ano da obra de Porter foi 1903, Nesse sino, ele comegon at utilizar uma eontinuidade visual que tornava seus filmes mais dindmieos, Com 0 mesmo objetivo, Méliy havin usado recursos teatrais © um divertid senso de fantasia Porter, impressionado pela duragi © qualidade do trabalho de Melies, deseobriu a iragio dos, 1 mais dinamisme em seus filmes cont sor possibilidade de cons panos. le também deseobrit que o phino era a pegat baisiew nat construgao do filme ‘Como comenta Karel Reis, “Porter revelou que um simples plano, registrando uma mmpleta la ago, 6a unidade a partir da qual os filmes devem ser construt dos ¢ assim estabelecew 6 prineipio fundamental da montasen 1 vida de um bombeira americano (1903), de Porter, 6 eomposto por 20 plunos, kam a mae © uma erianga de um prédio em \ hist6ria & simples, Bombeiros resi chamas. Usanda unt filme documental de inegndio © uma encenagto de planos inte mia das vicina © riores, Porter apresenta a histéria de seis minutos como um panor seus salvadores. Em seis minutos, cle mostrit conto a ml Wat sai salva, Embora haja algama concrovérsia sobre o filme original. a verso que eireulou ha esto presas ie da seguinte format: a mae © a durante 10 anos apresenta o re rbeiros accleram 0 trabalho de em um prédio em ehamas, Do lade de fora, os be resgate, Na versio que eirculou entre 144 © 1985, a8 cenas interiores eram Inter caladas com as conas documentais exteriores. O phino a plano alternando interior warcecr mais dindmica. © ereseimento da tensao c exterior fer a histéria do resgate p 4 partir da alternfneia de plinos fol complementade pela incluso do plano de una mao puxando unta akivanea de alarme de ineendio, 2 incluso das cenas documentais trouxe um sentido de autenticidade pa ados em lugares diferentes, com Ime, Bla também sugeria que dois planos filn diferentes objetives, podiam, quando unidos, significar algo maior do que a mera soma de dias partes. \ justaposiga podia eriar uma novi realidade, maior de que fa de cada plano individ Porter niio enfatizens o enquadramento: todos os phinos, exeluindo 0 detalhe da mio, siio plinos de eonjunto, .\ efimers estava posieionada mais para registrar 0 plano do que com a intengao de eriar um sentido para ele denero dt narrativa Porter apre O grande rout do assalto a wr dramaticament Nao hi eon! Como tais mus om ver de efei posteriorment, Cada p Nenbum plane sai de um plan: po e de locagic para entender © tempo passe rem, ea narrat das imagens, e ‘¢a0 de planos, Embora or pacto dramatic de Porter para continuidade ni D.W. Gri D.W, Griff moderno, Sua j diata, Sua cont planos para eri crevelling,* am tos so stributd ‘em seu trabalho maior impacto d * Nota da Trader: O peniove suo Porter apresenton uma narrativa sind mais sofistieadt, no inal de 1903, com O grande roubo do trem, © filme, com duragia de 12 minutos, conta a histéria do asstlto a um treme © consegiiente destino dos [adrdes, Em 1 plans, o filme inelui cenas internas do roubo ¢ externas da fuga © perseguigito, O filme termina 4p do vile apontando sua arma pars os espectadores. Uramaticamente com o close Nao hi comtigitidade entre os planos, mas hii muckingas de loeagies e de tempo. Como tais mudangas foram efetuadas, if que 0 filme 6 montado por cortes secos, em vex de eivitos de transigaiv ¢ eseureeimento (fades), que foram desenvolvides posteriormente? Cada plano resenta uma gens: © roube, «fu 1 perseguiglo, a eapeura. Nenhum plino individual registra sma agin do inicio ao fim, O priblico entra ow sai de um plano em meio a ago, Aqui esté a explicagio para as mudangas de tem: po cde loengdes. Para os propisitos da narrativa, nao 6 nevessirio ver toda a aga para entender a finalidade do pling, Batrar em uma eens je comegada sugere que ‘o tempo passons, Sair da cena antes de a ago terminar © passar para uma outra agio sugere a mudanga de locagiio, Assim, as mudangas de tempo ¢ espago over rem, e a narrativa permanece clara. O sentido global da histéria vem do conjunte: das imagens, com as mudangas de tempo ow gar Sendo sugeridas pela justaposi- fo de panos, Bmbors o ritmo de O grande reubo do trem mio soja estabelecide para eriar in pacto drumitieo, a dinfmiea da narrativa é claramente apresentida, A eontribuigio Je Porter para a montagem foi a organizagio dos plinos a fim de apresentar uma continuidade narrativa.! DW. Grirerri: 4 CONSTRUGIO DRAMATICA D.W. Griffith ¢ conhecide como o pai da montagem cinematogrifica no sentido moderno, Sua intlugneia em Hollywood ¢ no filme revolucionsirio russo foi ime: Jiata, Sua contribuigao abrange toda uma gama de procedimentos: a varlagae de phinos para eriar impacto, ineluinde 0 grande pkino geral, © close-up, inserts eo cravelling,* a montagem paralel © as variagdes de ritmo, Todos esses procedimen- tos sin atribuidos a Griffith, Porter pode ter dado mais elareza& narrativa filmic: em seu trabalho, mas Griffith nos ensinow, mais do que scu antegessor, a eriat wm maior impacto deamsitico por meio da justaposigao de planos, 6 Tiewtcas px pigdo PARA CINEMA E VIDEO ELSEVIER, Comegando em 1908, Grifith dirigia uma série de filmes de 10 4 20 minutos (um ou dois rules). Para um ator ¢ roteirista desempresado, Griffith demorou a assumtr que sua rekiga com o nove meio ers mais do que algo temporaria. Q eu potencial, passou a usar 6 proprio nome nox crabalios ~inicialmente, ele dirigia produce filmiea eom um forte desejo de experimentagiio, que era mais reflexo de sua autoconfianga do que das possibilidades de erlaedo que cle deseobrira, No mielodramst ~ 0 resgate de eriangas © mulheres das fos de bandides ~ Griffith eneontrou uma narrativa com forte apelo visual para ex- ingénua,® Gritfieh era um homem lo XIX com perimentagées. Embora a eseolha de seu objeto se tues ro: de sew tempo, um eavalhieiro sullsta norte-americano do s miinticas em relagiio a soviedade ¢ seu povo. A fim de apreeiar o papel de Griffith na histéria do cinema, devemos deixar de lado consideragbes sobre conterido e observar io fosse duradoura. as Inovatgbes visuiais que fizeram com que sua contribu Comegando com a tentativa de mover 4 camera para mais perto da ago em 1908, Griffith, contin Greaser’s Gaunder (1908), ele vorta de um plano geral de uma drvore usada pari iia experimentando 1 fragmentagao de c cnforeamentos (uma mulher aeabara de salvar um omen de ser linehado) para unt plino feehado do homem agradecendo a mulher. Por meio do corte continuo, © pt blico entra na cena em um instante de forte emogao, Nao apenas sentimos © que o personagem sente, mas toda a cena fica mais dindmica devido ao corte, ¢ 6 pitblico Griffith continuou seus experimentos a fim de cada vex mais atéia de seus filmes. Em Pnoch Arden (1908), Griffith srto cht ago. \ esposa espera 0 retorno de seu marido, O filme cort vologa a eamerst part o close-up de sen rasto como se ct pensasse sobre sua volta. As historias sobre possibilidade de 0 pablico conside la Biograph,? assustados com abou por deslacar a importanela dese enquadra se-up como decapitagio, mento, Griffith demonstrou que a cena pode ser fragmentada em plinos gerais, © piiblien entre gradualmente phinos médios e panos proximos parit permitir qu miitica tornou-se o procedimento padrio de nna sua emoyao. Ks montage das eensis. Em 1908, 6 efeito era ehoeante € efetive. Como todas as ino- es de Griffith, 0 close-up foi imediatamente adotado por outros realizadores, © que indiva bém a accitagio pel placéias. No mesmo filme, Gritfith eorta de um plano da esposs para unt plano de seu mari do longe de casa. Os pensamentos da mulher (ransformamtse em imagens, e Gritfith = Nowa da Tron: Baypresa wa qual Gri cabo entre 1908 6 1913. gem paralela Bm 1909,1 historia dew nilia indefe constréias.ces (O suspense & na o problem: cangar 0 reali © que apenas passa a substi Ont s inc uta dos habit um trem em 1 neiro aguarda de dramati com a duragic ver mais inter trés filmes dex minutos, come Griffith inieior ‘complexa hist you uma sofist Seguiram-s) ¢Intolerancia . Mais un 1 imagem satiriea € €x jo nao-realista sobre 0 comportamento de tod a essa paix’ " os, Palxiio, riiva © re sisténcia podem levar apenas & morte, eonforme revelam as Imagens do Alme (Piguras 1.42 4 1.46). Coxensio ti i Foi quando a montage, sem as amarras do sony chegou a maturidade, Js: a vontinuidade visual, a deseonstrugiio oferecendo varias alternativas ans eine a, a superagao do tempo real pelo tempo de cenas em planos, 1 montagem pa Iramitico, os estilos pocticos, as dogmaticas teorias de Risenstein © ox estilos de ny assineronicos de Vertoy ¢ Bufiuel, Todas essas idgias se tornaram parte do repertorio da montagem, Um dos melhores inovagses dos sovictis turba (1928), ¢ em se Bread (1934), ele © seqiten: Notav/Referénc 1A Black p Juz. A tinien fonte de tne ra permitir que a lem 2, Rarel Reisz © Gavin M 3. A hist6ria do debate s A. Gook em A History of 4. A conteibuigao de Port nua em aberto, 5. Acontrovérsia sobreor Cavalhiiro sulisia, tenia 6. Uma anatise completa Cook, 81-88, 7. Ver Serge Hisenstein, court Brave Jovanovich, 8, As idéias de Pudovki Technique and Film Acti 9, Relea e Millar, Pin Ba 10, Padovkin, Film Tech 1. Ibid, 12. Ibid, 13, Andrew Tudor, Theor 14.1. Bergman, “Introduc ter, 1960), vx, xiexs Dutton & Co, New York, 15. Annete Michaelson, 1 fornia Press, 1984), 285. O rxiove mune. Um dos melhores exemplos de eineasta que combine 0 estilo de Griffith com as inovagaes clos sovictiens ¢ King Vidor, Nos filmes maudos A grande parade (1925) A turba (1928), ¢ em seus primeitos trahalhos somoros, Billy, dhe Kidd (1930) ¢ Our Daily Bread (1934), ele apresentou seqii@neias guiadas pela marrativa, cone fsa Grlfith, fis guiadas pela idéia on conceit, como faa Kisenstein, Ambos influen- Garam os realizadlores cinematogrificos ¢ ultrapassarim os limites do periodo mudo. NolavRefertacias 1.A Black Akers & wm prio pintado de prete para impair rele Ina. nica fonte de tae 60 10, que pele ser deslowalo para acomodar a entrada da lu sole 2. Karol Retox e Cavin Millar, The Technine of in Biting (Moston: Focal Press, 18), 1 3. histria do debace sobee qual 6a versio original de Porter & imtegralmente deserita por David A. Conk om Hisury of Narrative Bil (New Yorks: W. W, Norton, 1990), 4..\contribuigdn de Porter na interealagao de plas part rtm de filme & um debate que cow tina em abort, 5. Neantrovérsia sobre ravismoom seu trahallisoriging seem O nuseémentidenmu naga (1915) wo Cea est presente emt seu primeira filme, The Adventures af Dolly (1908). Crit, ant 7. Ver Senge! Bisenstein, “Dickens, Gif and the films wxlay”, em File Borm (New York: Har cout Brave Jovanovich, 1977), 198-2 8. As idcias de Pulovkiny sobre montagem sie inteiralmente apresentadhs em sen livto Techni ane! Pil Actin (London Vision Press, 1968). 9. Rois e Mila, Fin Eaitng, 27 0. Radovkin, Fain Teetantytce, 9-9 tba, 24-25, 12, Wi, 2 13, Andrew Tudo, Theories ne Bin (Laondon: Martin Seek © Andrew Washurg, 74) 11.1, Bergman, Introduction”, Four Serccmpali if Iginar Bersian (Nev Yorks Sima & Shu ‘er, 1960), xv-avl,sxbAAtH, Reeditada em Film, a Montage of Theories, B.D. MacCain, ed (BP Dutton & Co. New York, 1966), HE 15, Anmete Michaelson, ei. & sve: The Writings of Dei Vert (Berkeley: University wf Cal | ioenia Press, 194), 280 3

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