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INTRODUCAO A trindade — As correspondéncias e a analogia — O astral A histéria nos informa que os grandes pensadores da an- tiguidade, que viram nascer a civilizagio no Ocidente, foram complementar seus estudos no conhecimento dos mistérios egipcios. A ciéncia ensinada pelos detentores desses mistérios 6 co nhecida sob nomes diversos: ciéncia oculta, hermetismo, ma- gia, ocultismo, esoterismo etc. Sempre idéntico nos seus princfpios. esse eédigo de ins- trugéio constitui a ciéncia tradicional dos magos e nés a tra- taremos como ocultismo. Esta ciéncia abarea a teoria e a pritica de um grande nimero de fendmenos, sendo que apenas uma infima parte deles constitui, em nossos dias, as matérias que compéem o magnetismo © as evocagdes ditas espiritas. Essas praticas, in- cluidas no estudo da psiqueuterpia, formavam apenas uma pequena parcela da ciéncia_oculta, que compreendia_ainda trés_grandes divis6es:_a_teurgia, a_magia_e a_alquimia. 23 © estudo do ocultismo 6 importante sob dois pontos de vista: esclarece o passado, uma época totalmente esquecida, © permite ao historiador recuperar a antiguidade sob uma forma ainda pouco conhecida. Este estudo apresenta ao ex- perimentador contemporaneo um sistema sintético de afirma- gGes a serem controladas pela ciéncia e outro de idéias sobre as forcas desconhecidas da natureza e do homem. © emprego da analogia, método caracteristico do ocul- tismo e de sua aplicagio as ciéncias contemporaneas, ou as nossas concepgdes modernas de arte e sociologia, nos permite inaugurar uma fase toda nova sobre problemas ainda inso- laveis. O ocultismo, entretanto, nzo pretende ser o tmico a dar a solugo certa As questOes que ele aborda, E um sistema filo- s6fico que d& sua solugio para questées que muito atormen- tam o espirito humano, Serd essa solugio a nica expressio da verdade? $6 a experimentagio e a observagSe serio ca- pazes de demonstré-lo. Para evitar erros de interpretagio, o ocultismo deve ser dividido em duas grandes partes: 1 — Uma parte imutavel, representada pela base da tra- dig&o, facilmente encontrada em todos os trabalhos sobre her- metismno, qualquer que seja sua época ou origem. 2 — Uma parte pessoal do autor, constituida de comen- tarios e aplicagdes pessoais. A parte imutavel pode ser dividida em trés partes: a) A oxisténcia da trindade como lei fundamental para todos os planos do universo. b) A existéncia de correspondéncias unindo intimamente todas as porges do universo visivel e invisivel. 24 c) A existéneia de um mundo invisive!, cdpia exata e {undamento perpétuo do mundo visivel A possibilidade dada a cada intcligéncia de manifestar suas faculdades na disposigo dos detalhes é causa eficiente do progresso dos estudos, a origem de diversas escolas e a prova da possibilidade que tem cada autor de conservar in- tata sua personalidade, qualquer que seja 0 campo de agio abordado por ele. 25 PRIMEIRA PARTE TEORIA CAPITULO | A ciéncia da antiguidade — O visivel, manifestagdo do invisivel — Definicado da ciéncia oculta rv EK acentuada, hoje em dia, a tendéncia a confundir a cién- cia com as ciéncias, Tanto aquela é imutavel nos seus postu- lados, como estas variam de acordo com 0 capricho dos ho- mens. Q que era cicntifico hd um século_esté_bem pesto de se_transformar_em fabula_em nosso tempo. No dominio das ciéneias, tado se transforma a cada instante, Ninguém ignora que os s&bios contemporaneos dedicam seu tempo a esses estudos particulares, embora cles atribuam a ciéncia os verdadeiros progressos obtidos em seus respec- tivos terrenos, A faldcia dessa concepeao surge quando se venta fazer a sintese da ciéncia, expressiio total da verdade eterna, Esta idéia de uma sintese, englobando em algumas leis imutaveis uma enorme massa de conhecimentos acumulados 4 mais de dois séculos, faz com que os pesquisadores de nossa época se percam em divagagées suficientemente vagas © distantes para desejar a seus descendentes um novo arna- nheeer no horizonte dos conhecimentos humanos. Parece audacioso afirmar que essa sintese existiu, que suas leis sendo verdadeizas se aplicam aos conhecimentos mo- dernos, teoricamente falando, ec que os egipcios ja iniciados, contemporiineos de Moisés e de Oxfeu, possufam-na integral- mente. 29 Afirmar que a ciéncia existiu na antiguidade & passar, na opiniio da maior parte das pessoas sérlas, por sofista ou in- génuo. Vou, no entanto, tentarsprovar meus pontos de vista, pedindo apenas aos meus contraditores alguma atengéo. Antes de tudo, vao me perguntar, onde podemos encon- trar vestigios dessa pretensa ciéncia antiga ? Que conhecimen- tos ela abarca ? Que descobertas priticas cla produziu ? Como entender essa famosa sintese de que falamos ? Tudo bem considerado, n&o séo os dados histéricos que nos faltam para reconstituir essa antiga ciéncia. Os fragmen- tos de grandes monumentos, os hierdglifos, os ritos de inicia- ¢40 de procedéncia diversa, os manuscritos, tudo se compri- me, afoitamente, para ajudar nossas buscas. Uns, porém, sao indecifraveis, sem uma descodificagio eficiente. Outros, por sua aatiguidade, nao sio acreditados pe- los s4bios contempordneos, que os atribuem apenas & escola de Alexandria. F. necessdrio, pois, recorrer a bases mais s6lidas e nds vamos encontra-las nas obras de autores anteriores 4 escola de Alexandtia, a Pitdgoras, a Platio, a Aristételes, a Plinio, a Tito Livio etc. Desse modo, nao haveré mais como argumen- tar sobre a antiguidade dos textos. Nao ser& f4cil, certamente, investigar pega por pega os documentos antigos dos velhos autores. Isso foi feito, em grande parte, por outros pesquisadores, aos quais devemos esse trabalho gigantesco. Entre os mais notaveis, devemos citar Dutens, Fabre d’Olivet, Saint-Yves d’Alveydre. Abrindo a obra de Dutens constatamos os efeitos produ- zidos pela ciéncia antiga. Lendo Fabre Olivet e Saint-Yves @Alveydre, penetramos nos templos onde refulge uma civili- zagio capaz de ofuscar as pretendidas civilizagSes modemas. Nao posso aqui senfo resumiy esses autores, os quais de- vem ser consultados para a devida constatagio das afirma- gdes que vou fazer, a fim de fornecer as provas necessdrias do que afirmei acima. Em_astronomia, os antigos conheciam_o movimento da Terra_em tomo do Sol, a teoria da_pluralidade dos mundos, 30 a atragéio universal, as marés produzidas_pela_atragao lunar, @ constituigao da Via Lactea e sobretudo a lei redesco berta por Newton. A propésito, nfo posso resistir ao prazer de citar duas passagens muito significativas da obra de Dutens, Uma delas, sobre a atragio universal, refere-se a Plutarco; a outra, sobre 0 teorema de Pithgoras “Plutarco, que conheceu quase todas as verdades brilhan- tes da astronomia, entreviu também a forgatreeiproca que fax gravitar os planetas uns em torno dos outros ‘e, apds empre- ender as razdes da tendéncia dos corpos para o centro da Terra, ele procura sua origen muma atragio reciproca entre todos os corpos, tal como o Sol ¢ a Lua trazem para si suas partes e por forga da atragio as retém em sua esfera parti- cular’. Ele aplica esses fondmenos a outros, mais gerais sobre 0 que se passa na Terra, ele deduz trdo 0 que deve ocorrer nos demais corpos celestes. Ele fala ainda de wma forca inerente aos corpos que faz atrair para a Terra todos os corpos a cla subordinados. e Uma corda de umn instrumento, diz Pitagoras, produz os mesmos sons que uma outra corda cujo comprimento é duplo, quando a forga que a distonde & quédrupla; ¢ a gravidade de um plancta 6 quadrupla, em relagio & gravidade do um outro que esteja no dobro da distincia, Para que uma corda musical se tore unissona de vma corda mais curta do mesmo tipo, sua tensic deve ser aumentada na mesma proporgio em que o quadrado do seu comprimento se tora maior, a fim de que a gravidade de um plancta seja igual 2 de um outro planeta mais préximo do Sol, ela deve ser aumentada & pro- porgéo que o quadrado de sua distancia ao Sol seja maior Se imaginarmos cordas musicais ligandy 0 Sol a cada planota, para que elas vibrem no mesmo so seria nevessario aumen- tar ou diminuir sua tensio na mesma proporgio que seria necessdzia para tornar ignais as gravidades dos outros pla tas”. Pitagoras tirou sua doutrina sobre a harmonia das esteras dessas nogdes de semethanga. Essas descobertas de principios gerais podem ser obtidas pela forga da inteliggncia; mas podemos encontrar nas anti- gas descobertas experimentais, dessas que cobriram de gls- Si rias o século 19, esses indicios de progresso que nos arre- batam ? Uma vez dentro da astronomia, consultemos Aristételes, Arquimedes, Ovidio ¢ sobretudo Estrabio, citado por Dutens, e veremos aparecer o telescépio, os espelhos céncavos, as len- tes para microseépios, a refragéo da Tug, a descoberta do iso- cronismo, a vibragao do péndulo ete. Ficaremos espantados ao ver esses instrumentos, que acre- ditamos tio modemos, perfeitamente conhecidos pelos anti- gos. Mas ainda nfo falei das questcs mais importantes: o vapor, a elotricidade, a fotografia e toda nossa quimica, onde esto elas na ciéncia antiga P Agatias viveu no sexto século da nossa era. Ele escreveu um livro que foi reimpresso em 1660, Nas paginas 150 © 151 de sev livro encontramos a descrigio completa da maneira pela qual Anteno de Tralle se serviu do vapor como forca motora para deslocar um telhado inteiro. Tudo ai esta: a ma- neira de colocar a Agua, de tapar as saidas para produzir vapor ¢ alta pressio, de governar_o fago ete. Saint-Yves d’Alveydre cita também o fato em sua obra, onde nos mostra que a ciéncia era coisa familiar hé muito tempo, “Nossos eletricistas ndio fariam grande figura ao lado desses magos egipcios e seus iniciades (gregos e romanos), que lidavam como raio fazendo descer ¢ cair de acordo com sua vontade”, E Saint-Yves quem nos revela esse segredo, uma das praticas mais ocultas no santudrio. “Na Histdrie Eclesidstica de Sozomene (livro IX, cap. V1) vemos a corporagiio sacerdotal dos etruscos, defendendo a gol- pes vigorosos, contra Alarico, a cidade de Narnia que nao foi tomada” (Saint-Yves d'Alveydre). ‘Tito Livio (livro I, cap. XXX1} © Plinio (Hist. Nat., tivro LL, capitulo LIT ¢ livro XXVIII, cap. IV), deserevern a morte de Tullus Holtilius, tentando cvocar a forga elétrica segundo os zitos de um manuserito de Numa o morrendo fulminado por niio saber prever todas as conseqiiéncias. 32 Sabe-se que a maioria dos mistérios dos magos egipcios seriam apenas ténues véus com que recobriam as ciéncias que ser iniciado nos seus amistérios significaria estar instruido nas ciéneias por eles cultivadas, Dava-se a Jiipiter 0 nome de Elicius, ou Jiipiter Elétrico, considerando-o como 0 raio per- sonificado, que se langava sobre a terra com a ajuda de certas formulas e praticas misteriosas: Jipiter Elfcius no significa seniio que Jupiter era suscetivel de atragio, Flicius vindo de elicere, segundo Ovidio ¢ Varrao. Eliciunt coelo ie, Jupiter; unde minores Nune quoque te celebrant, Eliciumque vocant. (Ovidio, Fat, Jive IIL, v. 827 © 328). Est& bem claro? © capitulo IV de A Missao dos Judeus nos diz ainda: “O manuserito de um monge de Atos, Panselenus, revela, segundo os antigos autores idnicos, a aplicagéo da quimica na fotografia. O fato foi revelado a propdsito do proceso de Niepce ¢ de Daguene, A camara escura, o3 aparelhos de éti- ca, a sensibilizacio de placas metélicas sio descritas com detalhe”, = Quanto A quimica dos antigos, tenho sélidas razGes para crer, baseado em alguns conhecimentos alquimicos, que se- riam muito superiores, tedricu e praticamente, & nossa quimi- ca moderna. Mas como os fatos falam mais que as opintées, ougamos ainda Dutens (cap. II do tomo I). “Os antigos egipeios conheciam a mancira de trabalhar os metais, a douragito, a pintura om cores da seda, a vidraria, o modo de desenvolver 0 embrido uum ovo, extrair dleos me- dicinais das plantas © preparar o épio, a cerveja, o agiicar de cana — que eles chamavam mel de canigo — ¢ muitos un- giientos; cles ainda sabiam destilar e conheeiam os alcalinos e os Acidos. Fim Platarco (Vide de Alexandre, cap. XX1X), em Heré- doto, em Séneca (Questées Naturais, livro TI, cap. XXV), em 83 Quinte-Curce (livro X, ultimo capitulo), em Plinio (Histéria Natural, livro XXX, cap. XVI}, om Pansinias (Arcad., cap. XXYV), encontramos nossos dcidos, nossas bases, nossos sais; 0 Aleool, o éter, em uma palavra os clementos principais de uma quimica organica e inorganica cujas chaves seus autores nfo couheciam ou nio queriam revelar.” Tal € a opinifio de Saint-Yves, que vem reforgar a de Dutens. Mas resta ainda uma questéo: a dos canhées e da pél vora. “Porfirio, no seu livro A Administragdo do Império, des- creve a artilharia de Constantino Porfirogeneta. Valeriano, na Vida de Alexandre, fala-nos dos canhées de bronze dos indianos. Em Ctésias cncontramos o tamuso fogo grego, mistura de salitre, enxofre e de um hidrocarbureto empregado bem antes de Nino na Caldéia, no Ira, na India, sob 0 nome de fogo de Bharawa, Esse nome que faz alusio ao sacerdécio da raga vermelha, primeiro legislador dos negros da India, indica por si proprio uma grande antiguidade. Herédoto, Justino, Pausinias falam das minas que sepul- tazam sob uma chuva de pedras ¢ de projéte’s inflamados, os persas © os gauleses que invadiram Delfos. Sérvio, Valério, Jilio, 0 Africano, Marco Greco descrevem a pélvora segundo as tradigdes antigas; 0 ltimo parece estar descrevende a pélvora contemporanea” (Suint-Yves dAlvey- X dre). Num outro tamo_de_conbecimentos, eucontranos as_pre- tendidas_descobertas medicinais_modernas, entre outras ae culago do sanguc, a antropologia ea bivlogia ger famente conhecidas na antiguidade, s« sbretu io por i A rigor pode-se admitir que a cada nove descoberta ha- verd sempre iguém para nos mostrar que um autor antiga ja havia falado a respeito; mas haveria alguma experiencia por nés descouhecida que jd tenha sido realizada no dominio da fisica e da quimica, impossivel em nossa época ? 84 Para nfo me tornar cansativo, citarel a respeito apenas Demécrito e suas descobertas, de que perdemos o registro. Entre outras, 2 produgio artificial de pedras preciosas, a des* coberta egipcia que permitia a produgio de vidro maleavel, a conservagao perfeita das mimias, a pintura que nio se al- terava com o tempo, mergulhando uma tela com diversas tintas numa solugio, da qual safa com cores variadas, sem mencio- nar os imateriais desconhecidos empregados pelos romanos em! sna arquitetura. Por que tudo isso 6 tao pouco conhecido ? Talvez pelo habito que tém os autores classicos de his- téria de se copiarem mutuamente sem se preocupar com fon- tes estrangeiras; talvez pelo costume de sé se acreditar em alguns jornais ou em certas enciclopédias, feitas sabe Deus como; talvez, mas por que perder tempo em buscar causas que nao levam a qualquer conclusio? © fato estd ai c ele nos hasta; a_ciéneia_antiga deu mmiltiplas ‘as_de sua _exis- téncia ¢ & preciso dar testemunho dela, ou negd-ta totalmente, Tentaremos uprender agora como se adquiria essa cineia ¢ nisso a obra A Missdio dos Judets vai nos ser atil { pag, 79): “A educagio e @ instrucho clementar eram ministradas pela familia, Klas obedeciam aos ritos do velho culto dos an-, cesteais ¢ dos sexos, no proprio lar, bem como outras ciéncias que nio cabem referir aqui. A educagio ¢ a iustrugao profissionais eran dadas por aqueles qne os antigos italianos chamavam gens e os chinese jin, isto & pela tribo, no sentido arcaico e pouco conhecide da expresso. Estudos inais completos, andlogos & nossa instragdo se- cundéria, eraim as obras do templo e a parte do adulto, v se chamavam mistérios menores Aqueles que ao fim de muitos anos haviam assimilade es ensinamentos, reccbiam o titelo de filhos da mulher, de herdis, de filhos do homem, © possuiam certos paderes so- ciais, tals como a terapéutica, a mediagio junto aos governan- tes, @ magistratura arbitral ete. ess 35 Os inistérios maiores completavam esses ensinamentos numa hierarquia de ciéncias e artes, dando aos iniciados os titulos de filhos dos deuses e filhos de Deus”, FE pois no templo que se concentrava essa ciéncia que agora passaremos a cxaminar mais de perto. Chegamos entao a esses mistérios que de todos nos falam © que sao tao pouco conhecidos. tencer a_um. levendo uma _pi ser_mantida _¢ explorada em total _ignorfncia pelos iniciados recrutados numa casta_fechada, Todo homem podia se apresentar & iniciagiio, Reportemo- nos a obra de Saint-Yves para conhecer detalhes. Cito um autor bem informado a respeito dessas questées, Fabre d’Oli- vet, que nos vai elucidar esse ponto em particular: “As religides antigas, sobretudo as dos egipcios, estavam repletas de mistérios. Uma multidio de imagens e simbolos compunha a série de homens — admirdvel série — encarre- gados de Jer no livro da natureza ¢ no da divindade, ho- mens divinos que traduziam em linguagem humana a lingua- gem inefavel. Aqueles_cujo olhar_atonito_se_fixando nessa’ imagens, simbolos ¢ alegorias sagradas, uada mais viam alémn das _aparéncias, corrompiamrse, 6 verdade, na ignorancia; mas sna ignordncia eza voluntaria. Se quisesscin sair disso, bastariam falar. Todos os santudrios eram-lhes franqueados; se eles ti- vessem a constincia e 2 virtude necessarias, nada impediria sua caminhada, de revclagao em revelagio, até as descobertas sublimes. Podiam até, vivos ¢ humanos, seguindo somente sua vontade, descer até os mortos, se clevayem até os deuses e tudo penetrar na natureza elementar. Porque a religiio abrangia todas essas coisas © dela nada restava desconhecido do soberano pontifice. O de Tebas, no Egito, por exemplo, s6 atingia esse ponto culminante da doutrina depois de ter per corrido todos os graus inferiores, de ter esgotado a dose de ciéncia pertinente a cada grau e de se ter mostrado digno de Nao se_prodigalizavam os_mistérios porque eles _repre- sentissem alguma coisa importante; nico _se protanava o conhe- ‘cimento_da_divindade porque esse _conhecimento _existisse, para_conservar_a_verdade para_mmitos, nao concedia a todos”, Qual era a antignidade desses mistérios ? Qual sua origem ? Nés os encontramos como base de todas as civilizagdes antigas, quaisquer que sejam as ragas a que pertengam, No caso do Egito, cuja iniciagio inspirou os maiores hebreus, gre- gos € romanos, podemos remonti-los a mais de dez mil anos, © que mostra o quanto stig falsas as cronglogias chissicas. His as provas disso: “Trata-se du Egito ? Platéo, s, nos diz que dez inil_anos antes de Men: ompleta, da_gual_ ele tinha_provas reais, Herddoto iusiste em afirmar a pwesma coisa, acreseentando ainda quando se trata de Ostris (deus da antiga sintese ¢ da antiga alianga universal), que seas libios nio nos podent revelar mais porque estio selados por jurumentos. Diodoro inutilmente nos assegurou que sacerdotes egip- cios tinham as provas de que, muito antes de Menés, havia , ali uma civilizagéo completa, que duro até Hérus, 18 mil anos. Maneton, sacerdote egipciv, fez-nos uma cronologia me- ticulosa, transportando-nos a 6 883. anos antes. Ainda inutilmente ele nos disse que antes daquele vice- rei indiano couhecido, imensos ciclos de civilizagio se suce- deram na terra e no préprio Egito. Todos esses augustos testemunbhos, aos quais acrescenta- mos os de Berose ¢ todas as biblivtecas da India, do Tibete ¢ da China, sio considerados nulos pelo deploravel espirito sec- tévio e obscurantista que se esconde sob a mascara da teo- >< logia” (Saint-Yves d’Alveydre). 37 Chegando a este ponto de nossas buscas, laneemos um olhar sobre os pontos abordados e vejamos as conclusdes a que pudemos chegar. Primeiro determinamos a existéncia, na antiguidade, de uma ciéncia tio poderosa, nos seus efeitos, quanto a nossa, de hoje, Provamos tambén que nossa ignovincia a respeito desses fatos provém da indiferenga com que sio tratados os estudos da antiguidade. Vimos em seguida que estu ciéncia esteve sempre reclusa nos templos, centros de alta instrugia e civilizagio. Descobrimos, enfim, que ninguém vive & margem dessa iniciagio, cujas origens se perdem na noite dos tempos mais yy remotos. Trés_tipos de_provas eram_propostos ao inicio de cada instrugie: provas_fisicas, provay morais e proyas_intelectuais Jambico, Porfirio © Apuleio, entre os antigos, Lenpir, Christian e Delaage, entre os modemos, dio-nos conta dessas provas, a respeito das quais crcio ser buitil insistir, O que resulta de tudo isso é a covclusio de que antes da ciéncia prevalecia a ciéncia oculta. Um estudo mesmo superficial dos escritos cientificos dei- xados pelos antigos permite constatar que se seus conheci- meutos visassem aos mesmus efeitos que os nossos conheci- mentos, ainda assim seus raétodos difeririam muito dos nossos, bem como sua teoria. ~ Para saber 0 que se aprendia nos templos é preciso pro- curar 0 resto desses ensiiamentos nos dados de que dispormes, os quais em grande parte foram conservados pelos alquimistas, Se chegarmos a descobrir um métedo para desvendar a lin- guagem simbélica dos alquimistus e, ao mesmo tempo, as his torias simbolicas do Veluciuo de Ouro, da Guerra de Tréia, da Esfinge, poderiamos sem medo ativmar que j4 dispunba- mos de uma bua parte da ciéncia antiga, Veremos primeize como os modernes tratam um fend- meno natural para melhor conhect-lo, ci eposigio av inétodo” antigo. 38 Que dirfamos de um homem que descrevesse assim um livro: “O livre que me foi dado para estudar esté colocado s bre a lareira, a 2 metros e 49 centimetros da mesa onde estou. Ele pesa 545 gramas e 8 decigramas. Ele 6 composto de 342 pequenas fothas de pape! sobre as quais existem 218150 ca- “racteres de impressio, tendo sido usados ncle 190 gramas de tinta preta”. Eis a descrigto experimental do fendmeno. Se o exemplo é chocante, basta_abrir os livros modemos de_ciéncia para constatar o mesmo fato. Eles nfio fazem com 4 astronomia, por exemplo, outra coisa, atribuindo ao Sol _e Sakuno peso, vohime, densidade, aspecto, mimeo de raios_ etc. © que nos interessa no exemplo do livro nao é son as- pecto material, fisico, mas u que o autor quis exprimir com a ajuda das palavras, aquilo que esté oculto sob sua forma, seu lado metaffsico, afinal. . Esse exemplo basta para mostrar a diferenga entre os mé- todos antigos e os métodos contemporaneos. Os primeiros, tudando um fenémeno, ocupam-se sempre do aspecto geral da questo, os iltimos mantém-se @ priori isolades do fato. Para mostrar que esse 60 espirito do método antigo, quero reproduzir uma passagem bastante significativa de Fabre Olivet, sobre duas maneiras de escrever a historia. “Pois ¢ necessiirio lembrar que a histéria alegérica desses tempos _re nv irito di ¢ storia _po- Sitiva que a suceden, mio se th smetha de maneira alguma Be per teas coufundida gpae_tantos.e_graves cxros foram cometides, F uma observagio muito importante a que aqui fazemos novamente. Esta histéria Higada apenas & meméria dos homens on conservada entre os arquivos sacerdotais dos templos em pedagos destacadios de poesia, apenas considera: va_as coisas do_ponto.de vista mgral, nfo se ooupando jamais dos individuos. Ela designava os povos, as corporagdes, as Seitas, as doutrinas, as artes e as ciéncias por um-nome ge- nérico, 39 As massas podiam ter um chefe que desse diregio aos seus movimentos, mas esse chefe, visto como mero instrumento do espirito, seria deixado de lado pela histéria, A sucesso de chefes néo era mencionada na histéria alegérica. Apenas os fatos morais eram examinados e deseritos, do scu surgi- mento até o fim. A sucessio dos fatos substituia a sucessio dos individuos A histéria_positiva, a dos nossos dias, segue_um_método inteiramente diferente: os individuos séio tudo para ¢la._Os Tmodemos _ridicularizuriam 9 método alegérica dos antigos, demos, se cles pudessem_prever_o futuro, Mas como aprovar % que se desconheco ? Aprovamos aquilo que apreciamos e pensamos sempre conhecer tudo 0 que devemos amar.” Retomamos agora esse livro que serviu para estabelocer nossa comparagio, obscrvando bem que ha duas manviras de consideré-lo: Vendo o gue hd nele de material, o papel, a tinta, os caracteres. Ou a outra coisa, as idéias do autor, apresentadas com a ajuda desses sinais materiais. O_que vemos revela_aquilo que nao vemos. Q_vistvel_ 6 a manifestagiio do invisivel, Esse prinetpio, verdadeiro no caso desse fendmeno particular, é real tam- bém para todos os demais fendmenos da natureza, como ve- remos em seguida. Observaremos ainda mais claramente a diferenga funda- mental entre a ciéneia dos antigos e a ciéncia dos modernos. A primeira se ocupa do visivel unicamente para deseo- brir © invisivel que ele representa. A segunda dedicase do fendmeno ein si mesmo, sern se envolver com seu aspecto metafisico. A ciéncia dos antigos é a cignoia do oontto, do evotérics. A citncia dos modemos é 2 ciéneia do visivel, do exo- térico. 40 Aproximemos desses dados a obscuridade na qual os an- tigos niantinham voluntariamente seus simbolos cientificos ¢ poderemos entao estabelecer uma definigao aceitdvel da cién- cia da antiguidade: A ciéncia oculta — scientta occulta A ciéncia do oculto — scientia oceultati A ciéncia que oculta o que descobriu — svientia occul- tans. Essa é a tripla detinigio da Ciéncia Oculta. 41 CAPITULO II O método da ciéncia antiga — A analogia — Os trés mundos — O terndrio — As operagdes teoséficas — As leis ciclicas Ass haver determinado a existéncia, na antiguidade, de uma ciéneia real, sen modo de transmissio, seus temas gerais, tentemos levar avaute nossa andlise, determinando os métodos empregados na ciéncia antiga (scientia occulta). © fim em vista ser a determinagio do invisivel pelo visivel, da idéia pela forma. A primeira questio a resolver é saber se existe a relagiio entre 9 visivel e 0 invisivel e se essa idéia n@o é expresso de um conceito puramente mistico, Creio ter esclarecido, com 0 exemplo do livro, paginas atrés, de que trata o csiudo do visivel, do lenémeno, com- parado ao estudo do invisivel. Como saber 0 que um autor quer dizer 20 ver os signus emprogados por ele para exprimir suas idéias ? Porque sabe- mos que existe wna rclagio constante entre 9 signoe water, que cle tepresenta, isto & entice O visivel oo invisivel Assim como ao ver o signo deduzimos imediatamente a idéia, do mesmo modo, vendo, podemos deduzir o invisivel pelo percebimento do visivel, Para desvobrir a idéia oculta no tipo impresso, precisamos aprender a ler, isto é, a empre- gar wm metodo especial. Para descobrir 0 invisivel, 0 oculto 43 num fendmeno, é preciso também aprender a ler por um mé- todo especial. © método principal da ciéncia oculta ¢ a analogia. Pela analogia determinamos as relagdes existentes entre os fend- menos. Quando se processa o estudo do homem, trés métodos principals conduzirdo ao tim: Pode-se estudar 0 homem pelos seus érgaos, pelas suas fungdes: é o estudo do visivel, estudo por jndugsa. Pode-se estudar 0 homem pela sua vida, pox sua inteli- géncia, pelo que se convencionou chamar de sua alma: € 0 catudo do invisivel, estudo por deducio. Pode-se, enfim, reunindo os dois métodos precedentes, es- tabelecer as relagdes existentes entre os drgios e a fungao, ou entre duas fungdes, ou entre dois orgaos: 6 0 estudo por analogi Assim, se considerarmos 0 pulmao, a ciéneia que detatha nos informard que esse drgio recche ar do exterior, o qual sofre certa transformagiio. Se considerarmos o estémago, a mesma ciéncia nos ensinard que esse érgio transforma os ali- mentos recebidos. A ciéncia do fendmeno niio passa dai, ela nao vai além da constatagio do fato. A analogia, apuderando-se desses dados ¢ tratando-os pelo método oposto ao do detalhe, formula do seguinte modo os fendmenos: © pulmao recebe de fora algo que cle transforma. © estémago reccbe de fora algo que ele transforma. Logo, se 0 pulméo ¢ o estomago exercem fungées andlo- gas, eles siio andlogos entre si. Fssas conclusdes pareceréo estranhas, aos homens da ciéncia oficial, Mas cles precisam lembrar-se dese novo ramo da anatomia que se chama anatomia filosfica. E se se lem- brarem da analogia evidente estabelecida entre mos e pés, pemas ¢ bragos, veréo que as conclusdes acima jé existiam na anatomia filosdfica. 44 Se escolho para exemplo a analogia entre estémago e pul- mao é para alertar contra um erro que se comete freqiiente- mente e que impede para sempre o entendimento dos textos herméticos — 0 de crer que duas coisas andlogas stio seme- thantes. Isso € totalmente falso: duas coisas andlogas nfo sio miais semelhantes do que o estémago e 0 pulmao, do que a mao e 0 pé Repito que esse detalhe é fmdamental para a compreensio das ciéncias ocultas, © método analégico nao é pois a indugio ou a dedu- go: é o uso da claridade que resulta da uniao desses dois mnétodos. Se queremos conhecer um monumento, dois meios nos slo possiveis: 1 — Dar a volta ao monumento, estudando seus minimos detalhes, conhecendo a composigio de todas as suas partes, as relagdes entre elas ete. N&o haverd, no caso, uma idéia geral do conjunto do monumento, Assim acontece com a indugio. 2 — Subir a uma grande altura c olhd-lo atentamente, fazendo uma idéia geral do conjunto, embora sem a menor preocupacao com os detalhes, Assim acontece com a dedugao. Ambos os métodos tém suas falhas, Um tem o que falta ao outro. Se reumirmos os dois, a verdade surgira: estudamos os detathes, depois observaremos 0 conjunto, e 0 monumento sera totalmente conhecido. Unindo os métodos do fisico e do metafisico tera nascico 0 métedo analégico, verdadeira expressio da sintese antiga. Usar a metalisica, como o tedlogo, ¢ usé-la com exelu- sividade, & téo falso quanto usar exclusivamente a fisica. So- mando a percepgiio eo fendmeno, a verdade_aparecers. “Que coneluir disso ? © livro de Kant demonstra a inutilidade dos _métodos filosdficos no que diz respeito aos fendmenos da alta fisica e a necessidade de fazer ceminhar lado a lado a abstragéo ¢ 45 a observacdo dos fenémenos, condenando tudo o que se ba- seava no racionalismo puro” (Louis Lucas). Apés determinar a existéncia desse método especial, surge naturalmente nova pergunta, Nossa finalidade € a cx- plicagio, rudimentar que soja, de todos as simbolos ¢ de todas as historias alegérieas reputadas tio misteriosas. Existirio diferentes graus entre os fendmenos e aquilo que é apreendido pelos sentidos ? Podemos observar que um grande pimero de fatos ¢ govemado por um _pequeno numero, de leis, E no estudo dossas Icis, chamadas causas segundas, que se baseiam os trabalhos cientificos. Mas essas causas segundas sio, elas mesmas, governadas por um nfimero muito restrite de causas primeiras. O estudo destas 6 ustalmente desdenhado pela ciéncia contemporanea Relegadas ao dominio das verdades perceptiveis, clas sto dei- xadas nas mos dos sonhadores de todas as escolas ¢ de todas as religiécs. Mas é 14 que reside a cidncia. Nae vamos discutir aqui quem tem ra: tatar a existéncia dessa tripla gradacao: Zio. Basta cons- 1 — Dominio infinitivo dos fatos. 2 — Dominio mais restrito das leis ou das causas se- gundas. — Dominio mais restrito dos principios ou das causas primeiras. Resuniindo tudo isso numa figura (Missdo dos Judeus, pag, 82): Intelectualismo Soutid superlative cientifico Sintetismo WY " cientifico fe Leis Sentide comparativo Elementarismo ‘ifico Tatos Sentidy positive 46 Essa gradagao baseada no ntmero trés desermpenha um papel importante na ciéncia antiga, E nela que se apdia a analogia, razio pela qual é necessdrio prestar atengao aos seus desenvolvimentos. Essas trés divisées se encontram no homem, no corpo, na vida, na vontade. Uma parte qualquer do corpo, um dedo por cxemplo, pode ser subtraido & influéncia da vontade sem que cesse, por isso, de viver (paralisia parcial), Ou pode, como no caso da gangrena, ser subtraido a influéncia da vida sem que cesse de se mover. Assim, temos trés dominios distiutos: 0 dominio do corpo; o dominio da vida, exercendo sua acto por meio de uma série de condutores especiais (o grande simpatico, os nervos vasomotores); 0 deminig da vontade, por meio de condutores especiais (nervos voluntérios) e nao tendo influéncia sobre os drgios essenciais da vida ~ Se uma coisa é andloga a outra, todas as partes de que essa coisa é composta sio andlogas As partes cozrespondentes da outra, Desse_modo, os _antigos estabeleceram que o _hamem era andlogo a0 universo. Por isso eles chamavam o homem de microcosmo _(pequeno mundo) ¢ 9 universo de macrogosmo t geaale, mundo). Dai se conclu’ que para bem se conhecer a Vida no universo é bastante estudar a vida no homem e, reciprocamente, para conhecer os detalhes do nascimento e da morte de um homem basta estudar os mesmos fendmenos no mundo. A medida que avangamos, nada deve ficar sem ser pio- vado. Assim, faremos agora duas citagdes interessantes, uma sobre as és hierarguias (faos-leis-prineipios}, dosignadas pelos affEGes como os tris tmundos, autso sobre 0 inicrocosmo ® macrocosmo, Os trechos sfo tirados da doutina de Pita- goras, exposta por Fabre dOlivet: “Essa aplicagao (do niimero 12) av universo nao foi uma invegdo arbitréria de Pitégoras, mas era conhecida dos cal- deus, dos egipeios, dos quais ele a recolheu, Essa aplicugio de origem ao zodiaco e existin desde tempos imemoriais. -l 47 A distingZo dos trés mundos ¢ seu desenvolvimento em um minero mais ou menos grande de esferas concéntricas, ha- bitadas por inteligéncias de diferente pureza, foram igual- mente conhecidos antes de Pitagoras, que nada mais fez senio repraduzir o que se ensinava em Tiro, Ménfis e Babi- lénia. Essa foi a doutrina dos indianos. Para Pitagoras 0 homem e 0 universo podiam ser enqua- drados na mesma divisao; por isso ele deu ao homem 0 nome de microcosmo, ou “pequeno mundo”. Nada miais comum na antiguidade que a comparagio entre 9 homem eo universo. O universo, considerado como um grande todo animado, composto de inteligéncia, de alma e de corpo, foi chamado Pan ou Fanés, O homem, microcosmo, era composto do mesmo modo mas de maneira inversa, de corpo, alma e inte- ligéncia; © cada uma dessas partes era vista sob trés modifi- cagdes, de maneira que o terndrio, reinando no todo, reinava também sobre a menor de suas subdivisdes. Segundo Pita. goras, cada terndrio era compreendido na sna unidade abso- luta ou relativa, formando assim o quatemério, ou a tétrade sagrada dos pitagéricos, Esse quaterario podia ser universal ou particular. Pitdgoras nfio foi o autor dessa doutrina: ela era conhe- cida na China e, em toda a Escandindvia. Um ordculo de Zoroastro expressou-a de modo elegante: O terndrio brilha em cada canto do universo Ea ménada é sew principio Assim, de acordo com essa doutrina, o homem, conside- rado como uma unidadé relativa contida na unidade absoluta do_grande todo, aparecia, como_0 temario_universal, “sob_as trés_modificagSes principals do corpo, da_alma ¢ do ‘espirito ‘ou_inteligéncia. A alma, como sede das paixGes, apresentava- s¢_sob_trés Taculdades: razoavel, irasctvel_ou_cobigosa. Se- undo Pitagoras, o viel da cobiga caracterizava-se pela ava~ ieza_ou_pela intemperange, 0 da wascbiidade ova_a_vilania ou a negligénoia_¢ o da sadionalizagio eza a Toucura. Todas 48 estas faculdades eram tocadas pela injustiga Para evitar esses ¥icios, 0 filésofo réecomendava quatro _principais virtudes a seug_discfpulos: a temperanga para a cobiga, a coragem para a irascibilidade, a prudéncia para racionalizagao e para as iS faculdades juntas_a justiga, a mais perfeita das virtudes, se- imdo ele, mas virtude da alma — uma vez qué 0 corpo © a inteligéncia também so Sujeitos a vicios e virtudes proprios.” Novas dificuldades surgem & nossa frente. Agora sto. os nimeros que exigem esclarecimentos. De onde vem 0 uso do nimero trés, tao difundido desde a mais remota antiguidade ? Qs livros arcanos, a antiga metafisica e até um escritor moderne, como Balzac, estao impregnados desse uso, tendo conhecido uma linguagem quase esquecida hoje, a dos niimeros. ’ - “Platio, que via na méisica alguma coisa mais que os mu- sicos de hoje, via também nos néimeros um sentido que nossos matemdticas parecem ignorar completamente. Ele aprenden de Pitagoras, que por sua vez aprendeu dos egipcios, esse outro sentido misterioso dos niimeros. Em todo o Oriente, entio, as mesmas idéias reinavam sobre esse assunto” (Fabre Olivet, in Lang. Herb. Rest.) Seria dificil reconstituir aqui essa linguagem dos ntimeros em sua totalidade, mas podemos ter uma nogio geral di Vejamos entao um fendmeno qualquer da natureza onde pos- samos encontrar 0 niimero trés © conhecer sua significagio, Ve-~ jamos se a fémula gera! dos alquimistas (“tudo esta concebido em tudo”) 6 verdadeira em suas aplicagées. Tomemos a luz do dia como exemplo. O dia se opde A noite para constituir os perfodos de ati- vidade e repouso da natureza, Logo, hd oposigae entre luz © sombra. Mas essa oposigio é real? Entre Inz e sombra, descobrimos, existe a penumbra, a qual participa de uma e outra. A luz depende de maior ou menor quantidade de sombra e vice-versa, A sombra é uma modificagio da Inz. Esses so fatos e podem ser constatados. 2 49 Resurmindo: luz e sombra nao sic completamente sepa- rados; a sombra é a Inz reduzida. Mas 6 preciso agora partif dos fatos para descobrir as Teiy que os determina, Duas cgisas_opostas aparéncia_tém sempre um ponto comup intexmediario entre elas, Esse intermedidrio resulta da agao Feciproca dos opostos ¢ participa de ambos. As duas coisas gpostas_na_aparénoia n&o sio_sengo_graus diferentes de uma mesma coisa. Se as leis sto realmente gerais, elas devem se aplicar a uma grande variedadc de fendmenos. O que caracteriza uma fei & cxatamente o fate de ela explicar uma grande soma de fenémenos. Tomemos outro exemplo, o da existéncia de dois sexos na natureza, ¢ pensemos a seu respeito 0 que foi cons- tatado em relagio & luz c¢ A sombra. E tudo mais, como calor-frio, sélido-gasoso, positivo-negativo. - LEI Qs opostos tém_entre_si_um_intermedidrio resultante_exatamente_deles, FATOS 1° fato 2. fato 3° fato Macho-Fémea Sdtido-Gasoso Pai-Filho intermedidrio intermedirio: intermediario: resultante: estado liquido Espirito Santo crianga, Acrescentei aqui um fendmeno de ordem intelectual, a concepeao crist? de Dens, para mostrar a aplicacio dessa lei em &reas mais amplas. 50 Outra lei Macho | Concepyao | Sékido Pai 1 Fémea | G® diversas 1 Gis) Materia | Fithe Deus f giaus da | Grianga | Famtlia Liquide | E. Santo Retomando o exemplo da luz ¢ da sombra, veremos que a primeira age, a sombra se opée ¢ a penumbra, neutra, flutua entre ambas. Resumindo a lei: Ativo (luz) Passive (sombra) produzent por sua ag&o reetprova 0 neutro, que participa de ambos. Para resumir os t@s futos anunciados acima, podemos dizer: 0. Ativo © Passive © Neutro Macho Perea Crianga Estado gasoso Eatado sélide Estado ligaicle © Pai © Filho O Espirito Luz Sombra Penumbra Calor Frio Mornez Positive Negative Neutro Atracdo Repulséo Equilibrio Acido Base Sal Essa lei forma, sob 0 nome de Lei da Série, a base dos trabalhades de Louis Lucas, 0 qual a aplica a todos os fend- menos quimicos, fisicos ¢ mesmo biolégicos da ciéucia mo- derma. De onde se esboga 0 conceitu geral: Lei do terndrio Do que so viv acima pode-se conetuir os trés termos cons- tituimtes dessa Tei: 1 — Um termo ativo. 51 2 — Um termo passivo. 3. Um termo neutro resultante da agio dos dois pri- meiros sobre um outro. Vejamos isso em ntimeros. Os niimeros basicos sao 1 e 2, uma vez que 1-23. O nimero | representa o principio ativo, 0 numero 2 representa o principio passivo ¢ 0 mimero 3 representa a reagio do ativo sobre o passive. A palavra ativo pode ser substituida por outros significantes, como: hornem, pai, luz, calor, considerando-se a existéncia dos trés mundos: o material, 9 moral ou natural e 0 metafisico ou arquetipico, O mesmo se aplica 4 palavra passivo © a palavra neutro. Nada disso que foi discutido acima é produto da imagi- nagao ou de divagacgées mais cu menos abstratas. Sao reali- dades que nos vém de tempos muito antigos, produto de estudos ¢ de muita experiéncia. O Séfer fetsira, um antigo livro hebraico estudada por M. Frank, desenvolve essas iddias com muita precisio. Um outro velho trabalho, Doutrina dos Pitagdricos — Viagem de Anacarse (cditado em francés em 1809), diz: gamos para caracterizi-la nfio a Jinguagem dos sentidas mas ado espirito. “Damos"&_inteligéncia, on principio _ativo do universo, o nome de ménada; a matéria, ao principio )_passivo, chamamos _diada ou multiplicidade, uma vez que ele 6 sujeito & toda sorte de modificacées; ao mundo chamamos de triade, porque cle & o resultado da inteligencia e da_matéria™, Fobre VOlivet, em Les Vers Dorés de Pythagore, afirma: “Basta dizer que Pitagoras designava Deus por 1, a matéria por 2 e exprimia o universo por 12, reunite dos dois outros”. J& vimos o sentido que os antigos davam aos mimeros 1, 2.¢ 3. Vejamos alguns outros nimeros. Qual a unidade que retine em si os tres termos examinados ? Tal como pai. mae e filho tazem uma unidade, a familia, assim também é composto o quaternario, resultado de um ternario somado aa conjunto de que ele resulta. 52 Um antigo tivro de hermetismo fala em “reduzir_o ter nario através do _quaterndrio A simplicidade da umidade”. Se judo foi devidamente entendido até agora, percebe-se que 4 é a representagfio da unidade e que deve fumcionar como uni- dade. Assim, na formacao de 3 por 1 mais 2, come é for- mado 0 2? Pela unidade que se opde @ ele proprio. Vemwos entio na progressic 1, 2, 3, 4, primeiro a unidade 1; depois a oposiggo 1 © 2; depois a ago dessa oposicio sobre a unidade: 1-} 2 ; om seguida, a volta & unidade, porém de orden diversa: 0 conjuato 1, 2, 3, resulta na uni- dade 4. Isso nao é diffeil como pode parecer ao leitor menos atento. Desenvolvendo O primeizo prinefpio que aparece na familia é @ pai, uni- dade ativa (1) O segundo principio é a mie, que representa a unidade passiva (2). A agio reciproca, a oposigéo produto do terceiro termo, 6 a erianga (3). Finalmente, tudo converge para uma unidade ativa de ordem superior, a familia (4). Essa famflia vai agir como um principio ativo, um pai, nao para dar nascimento a uma crianga mas a uma casta, de onde sair4 o grupo, unidade de ordem superior, Eis os qua- tro termos, em outra disposigio: Unidade ow Oposicao Agao da oposigio volta A unidade Antagonismo. sobre a unidade 1 2 3 4 = = - 5 6 7 8 9 10 ll 12 a) (2) (3) ete. Como vamos descobrir nessa lei uma das chaves basicas para abrir as portas aos mistérios arcanos, tomarei o desen- volvimento social do homem comp exemplo do gue foi dito, visando a um methor entendimento da lei. 53 Unidade ou Gposigas Agio da oposicao volta 2 unidade Antagonismo sobre a unidade L-a primeira molécu- 2- oposigie a essa mo- 3 - resultado: la social, home. Igeula ~ a mulher. crianca, 4-unidade de ordem 5-oposic¢io entre as 6 -disting&o entre as superior—a familia, familias, rivalidade familias, castas. resumindo os trés entre elas termos precedentes, 7-unidade de ordem 8 -oposigio entre as 9 -distingdo entre as superior, a tribo, tribos. trihos, nacionalida- resumindo os trés des. termos precedentes. 10-a nacho. 1 Essa lei 6 a férmula geval, aplicavel a uma multidio de casos particulares. O capitulo seguinte demonstraré isso. Antes vejamos o que dizem os antigos sobre esses mimeros. Duas operagdes devem ser desde logo conhccidas: 1 — A reducio teoséfica. 2 — A soma teosdfica, A primeira consiste em subtrair todos os nimeros for- mados de dois ou mais algarismos, em nimeros de um 36 algarismo, somando os algarismos que compdem o mimero até que nfo reste sendo um, nesse processo de simplificagao: WO=1+0=1 =1-++1 ~s142 © para mimeros maiores, como 321 = 342424158, on 666 = 6 +6-+ 6= 18, on IS=14-8=9. 2 3 Daf _decorte « conchisto, segundo a qual todos os_mt- meros_ nig sio senio representagGes dus_nove. rismgs, Os nove algarismos nao stip senio representagdes di quatro_primeiros. Esses quatro nao sao senao_¢ ados diversos da_unidade, “Todos os niimeros, enfim, sao manifest da_unidade, Todos os numeros, entim, forentes da_unidade. 54 A segunda operagio é a soma teosdfica. Ela consiste em conhecer o valor teoséfico de um nimero pela soma aritmética de todos os algarismos que se seguem & unidade até 0 mimero que se deseja conhecer. Exemplo: a soma teosdfica de 4 610, Assim: 1 +24344—10, Outro exem- plo: a soma de 7 é 28. Assim: 1 ++ 24344454+6+7= 28. Ora, 28 se reduz dessa maneira a 24+ 8== 10. Poderiamos propor a um matematico, desse modo, a seguinte operagio, intrigante para ele: 4=10 T=10 portanto, 4 = 7. Hssas operagdes sao faceis de aprender e sao indispensé- veis ao conheciments dos escritos herméticos. Vamos verificar matematicamente a seqiiéncia precedente, reduzindo o ternaria por meio do quaterndrio, & simplicidade da unidade. terndrio = 3 quaterndtio 34457 por redugdo teosdtica; THlLLQ+34+44 546 +7 == 10 por soma teosdfica e redugia do total. Entim, 1O=14+0=1, A operagio ser& exposta assim: 44-3=7=28=10—1 4 1 Tomemos agora 0 exemplo com os algarismos dados antes 1 2. 3. 4 5 6 7 89 ww. ll. 12 Gd) (2) 3). O ciclo recomega apés trés progressd nove a 1, 2, 3, ete FE: progres Trés Mundos, nos quais tudo esta contide. , dando origem de es vepresentam Os 55 Notamos, em soguida, que a primeira linha vertical 1, 4, 7, 10, representa de fato a unidade em diversas oitavas: 1 4=1424+3+4= 10=1, =14 243844454647 = 8=10=1 10=1 13=4=10=1L 16=7=28=10=1. Podemos continuar a progressiia até o infinito © verificar essas famosas leis matemiticas que a maioria tende a encarar como misticas. Aqueles que consideram tudo isso sonhos nebulosos e fantasias a0 acaso, aconselho a leitura dos tratados de qui- mica de Louis Lucas (o Traité Methodique de Science Occulte tem uma relagio dessas obras), onde a lei acima é apresen- tada c desenvolvida com demonstragées suficientes. Aconselho também, aos que acham que a quimica ¢ a fisica nfo sio bastantes, as obras matematicas de Wronski, onde os principios expostos sio os da antiga ciéncia oculta, Eis aqui um quadro da geragdo de ntimeros que ajuda a expli- car o sistema de Wronski: 1 (3+1) 4 (9+4=13)-4 (134+9=22)-4 142) 3 Si 3ysl as (445)>9 2 (342) 5 (54+9=14)—5 (14+4+9=23)-—5 Vemos aqui a aplicagio da lei cujos algarismos, J, 2, 3, 4 ete, j& vimos atrds como atuam. Um e dois geram o trés, desses trés ntimeros saem todos os demais, até 9, 4 base do mesmo princfpie. A partir de 9 todos os niimeros sio redu- 56 ziveis a ntimeros de um sé algarismo. Os mimeros sao dis- postos por colunas, tés principais e duas secundarias. Coluna principal 1 —— 4— (13) 4 —— (22)4-— (31) 4 4 coluna secundaria 7 (16) =7 (25) =7 (34) =7 Coluna principal 3 ------~-- 6 —------- — co Coluna secundéria 8 (17) = 8 (26) = 8 (35) =8 Coluna principal 2—8 (14) = 5 (23) = 5 (32) =8 Barlet estabelecen, a partir daf, » seguinte quadro, consi- derado uma chave definitiva do sistema numeral, 57 Antes de terminar essa parte da nossa obra, a qual se alon- gou talvez em demasia, é necessdrio assinalar algo de grande importéncia para a comprecnsao do tetragrama dos hebreus, de que falaremos em seguida. A progressio 3, 45, 6, 7 ete, 6 formada de quatro algaris colunas, uma vez que a quarta cifra nao » a repeticao da primeira. Os hebreus exprimem 0 nome mais importante de sua divindade por quatro letras, das quais uma é repetida duas vezes, 0 que reduz 0 nome divino a trés Tetras, desse modo: mos dispostos em treés é sen IEVE IVE (lavé, feova) Essa observagio mostrard sua utilidade a segnir. Agora, lancemos um olhar para tras, obscrvande os aspe tos que a cicncia antiga assume perante nosso espirito, quando jd sabemos alguma coisa a seu respeito Vimos entio o nétodo analdgico, base daquela ciéncia e constatamos sua antiguidade, Vimos também que esse método repousa sobre uma hierarquia natural que comprcende trés grandes divisées, a dos lenéinenos, a das causas segundas © a das causas primeiras, Para Suint-Yves d’Alveydve, essa divisdo pode ser classificada assim Fatos, Leis, Principios, enfim, Os Trés Mundos. O emprego do mimero 3 levou-nos ao estudo cas concen- goes especiais que informaram a antiga ciéncia. Pela formagio do_temario_deseobrimos aya lei ciclica que preside Tugio _dos_nimeros ¢, afinal, de toda a matureza, A andl evar « dessa_lei levou-nos, por sua vez, a estudar dois 58 que_Homero, Moisés, Pitigoras, os sbios da escola de Ale- xandria eos alquimistas da Idade Média jA_c Fedugio “e_a_soma teosdticas. De posse desses métodos, podemos ir mais longe. Nao hesitamos portanto em penctrar os mistérios antigos para co- nhecer o grande segredo que os iniciados conservavam co- berto por espesso vén. CAPITULO Ill : A vida universal — O grande segredo do santudrio — A luz astral (forca universal) — Involucio e evolugdo — O homem segundo Pitdgoras K.. Ultima andlise, 0 corpo humano se redaz a célula, a humanidade se reduz A molécula social que é 0 homem, o mundo se reduz a um astro c 0 universo ao mundo. Mas humanidade, célula, astro, mumdo, univers, nfo pas: sam ‘de _oifaras, da_mesma_unidade. Nao vemos as células jintando para formar um érgao, os érgfios se juntando para formar os aparelhos préprios do corpo, estes se juntando para compor 0 individuo ? Célula Orgio Aparelho (sistema) Individuo, essa progressio constitui o homem, do ponto de vista fisico. Mas esse individuo nfo é uma célala, por sia vez, da humanidade ? A lei que rege a natureza é tio real e profunda que por toda parte a cnoontramos, sejam 14 quais forem os objetos do estndo, O homem se compoe para formar a familia, a famiia se agrupa para formar a tribo, as tribos retmem-se em nagdes. 61 uma_célula da animalidade Essa animalidade representa um grau nos muitos reinos exi tentes neste planeta Os satélites giram em torno dos planetas, os planetas ao redor dos séis, constituindo os mundos; os mundos, que sio afinal células do universo, marcando em tragos de fogo, no infinito, as leis eternas da natureza. Em toda parte transborda essa misteriosa progresstio, essa disposi¢&o das unidades inferiores diante da unidade superior, essa seriagio universal que parte do atomo para chegar ao astro, até aquela unidade primeira, em toro da qual gravita tudo. ‘Tudo 6 andlogo, a tei que rege os mundos rege também a existéncia dos insetos, Estudar a maneira como as células se agrupam para formar um érgio 6 estudar a mancira pela qual os reinos da natnreza se agrupam para formar a Terra, este érgao do universo; é estudar a manciza como os indivi- duos se agrupam para constitnir a familia, um érgio da hue manidade, Estudar a formagao de um aparelho anatdmico, composto de éxgios, ¢ como aprender a formagio do mundo pelos pla- netas, de uma nagéo por milhares de familias, Aprende, enfim, a constituigin de um homem pelos aparelhos © sis. temas, é conhecer a constituigio do universo pelas galaxias ¢ da humanidade pelas nagées Tudo é andlogo: conhecer o segredo da célula é conhecer o_segredo_de Deus. _O absoluto_esta_em toda_parte. Tudo esta_contido em tudo. @ método analégico brilha aqui em todo sew esplendor. Por que, se 6 homem é wna célula da humanidade, a humani- dade no seria o aparelho superior de nm ser animado que se chama Terra? Por que nfo seria a Terra um érgio de um ser superior chamado sistema planctario, cujo Sol é 0 cé- rebro? Por que este mado niio seria parte da série inferior do ser dos sores, do macrocosmo — do qual os universes seriam os sistemas e aparelhos ¥ Essas s80 as quest0es que nos sao propostas, desde a anti- guidade. Enquanto o postulante nia tenha ainda conheci- 62 mentos suficientes para respondé-las, ele se consolaré com as palavras de Pitagoras: “A fim de que te eleves no éter radioso Eno seio dos imortais tu sejas, tu proprio, [um Deus mesmo”. Durante algum tempo o postulante tera de usar a ala- vanca do método, Jangando-se com ela no estudo do infinito. Mas essa vide que cireula na céhula, essa vida que circula po homem, de onde ela vem ? A_eglula humana estd imobilizada_no_érgao_mas_a_cor- rente’ vital Ievada pelo sanguc passa depressa por ela, E ela retém para si tudo de que precisa para viver ¢ qumprir sua fungi. A _corrente, a mesma em toda parte, ulimenta e trans- orma_cada_célila. ~~ eo i A saliva, o suco_gastrico, regacos as_cetlas sao alimentadas pela corrente sanguinea. Adiaute, afinal, a célula nervosa trausforma em inteligén- cia_ésse_mesmo_agente produtor de diferentes fendmenos. Como é possiyel que uma_mesma fo vida, seja_fanstor. ada em _forcas “de orsons_ completamente diversas adap- tadas_a drgios de funcdes totalmente diferentes A esse respeito, o eyipcio se fechava no laberatério do templo e observava um raio de Juz branca que se dividia em cores variadas quando tocava o prisma A sua frente. As cores dependiam da espessura do vidro utravessado. Isso era suli- ciente, para o egipcio. Ele ja tisha wma resposta para aquela pergunta. orque A vida gue cixcala no homem pode ser comparada & luz branca, cada um dos érgfos senda um pedago diferente do prisma. As cores diferentes equivalem aos diferentes Grgdios, dos mais grosseiras e simples aos mais sutis e deli- cados, da estrutura rude do esqueleto & origem impalpavel da inteligéncia, Essas_sfo_as_bases da medicina oculta. Mas essa eorrente vital, de onde ela vem? Do, ar, onde os glébulos do sangue Yio Busc&-la para conduzila através do oxganismo. 63 Uma mesma corrente circula por todo o planeta e cada individno encontra nela seu alimento vital. O homem inspira e transforma a vida terrestre em vida humana, como nele o cérebro transforma a vida humana em vida cerebral, o figado em vida hepatica ete. O animal transforma a vida terrestre em sua prdpria vida, de acordo com sua espécie, O vegetal tira de sua me comum, a terra, sua propria vida, também, e alimenta suas folhas. O mineral, como todos os seres, transformam em forga pessoal a forga terrestre. Sempre a mesma analogia, matematicamente exata, e a luz branca e 0 prisma, no qual cada ser representa uma cor. Q_Sol jorra com abundancia sua uz sobre os planetas d sistema solar e cada am deles transforma a vida solar em vida propria, caracteristica, Ko Sol tira de onde essa energia, Sendo do universo de que 6 parte?” Assim, sacerdote eg Go" compreende_essa_sintese da vida e se prostra diante geek simbolo eo adora. Ele adora_a vida que esta nele, a % da que a Terra Ihe deu, que a Terra tirou da galaxia) que esta_tirou_do_universo, que 0 universo_tirou_do centro miste- ¥igso_¢ ineMavel do ser dos sores, 0 _universo dos _universos, a tnidade-vida, Ostris-Isis, Ele adora Deus em si mesmo, Deus no mundo, Deus no universo, Deus em Deus. A vida que encontramos em toda parte, poderia ela escapar as leis comuns ? Q fendmeno, seja cle qual for, revela sempre e em toda parte sua origem trinitaria. “As séries, por mais complexas que parecam, seguem todas a misteriosa lef: Ativo Passivo Neutro Positivo Negativo Equilibrio + _ co © homem, cabega da familia onde cle representa o posi- tivo, cmva-se_ante a lei da tribo_e assim toma-se_negativo. 4 Tetra, ein _sua_absorvente unidade, atrai_tudo_para_s: atuando ativamente. Em relacio ao Sol ela age passivamente. 64 A_absorgio alternada das séries_inferiores_e superiores dio O calor & positivo no quente, negativo no frio, equili- brado no temperado. A luz é positiva na claridade, negativa na sombra, equilibrada na penumbra. A eletricidade é posi- tiva no pélo positivo, negativa no pélo negativo, equilibrada no neutro. Mas calor, luz e eletricidade nao representam trés fases de uma coisa mais elevada ? Essa_coisa, da qual o calor é o positivo, a luz é¢ 0 equi- Ifbrig“e a cletricidade ¢ 0 negative, essa_coisa_é a forea. nosso_mundo. Através da quimica e da fisica, vejamos uma experiéncia conhecida: o oxigénio se produz no polo do movimento, o hi- drogénio no pédlo da resisténcia e o azoto altemadamente em cada um desses pdlos, dependendo do papel exercido por ele nas combinacées. De etapa em etapa, de unidade em unidade, podemos chegar & mais alta abstragio. Ai veremos uma forga tnica que se opée a si mesma para criar, em sua atividade, 0 movi- mento, na passividade aparente da matéria e em seu equi- librio tudo o que cabe entre a divisibilidade e a unidade, todos os escalées através dos quais a forga passa ao estado sélido e dai as formas mais elevadas da inteligéncia, do génio, A sua origem divina. Af a atividade se chama Pai, ou Osiris, a_passividade é chamada de Filho, ou Isis, rio, origem do Todo, imagem da Trindade, 6 nomea Spirito Santo, ou Horus. ~ Dominamos agora um_dos maiores segredos do santudrio, chave de todos os milagres passados, presentes e futuros, co- Dhecimento_desse_agente imutavel, o Telesma de Hermes, a Perpente de, Muisés ¢ sles hindus, o Azoth dos alquimistas, a_ uz Astral dos martinistas e de Elifphas Levi, enfim, 0 mag- Tietismo de Mesmer eo wovimento de Louis Lucas. J& conhecemos as modificagdes diversas que eriam a vida de cada ser. Estudemos agora sua evolugio. Numa primeira fase, 0 passivo se impora sobre o ativo e o resultado sera uma passividade, uma materializagio, um Hlongamento da unidade no sentido da multiplicidade, Numa. 65 segunda fase, o ative e o passivo se equilibrarao. A hierarquia, a série aparecerao; os inferiores gravitarao em torno do termo superior, Numa terceira fase, enfim, o ativo tenderd, impor sobre 0 passivo, a evolugio da multiplicidade sobre a unidade gera_a_conseqiiéncia, Involugéo ou materializagao progressiva. Equilibrio. Evolugio ou espiritualizagéo progressiva. Estas sao as trés leis do movimento. Do centro misterioso no qual se encontra o inefavel, 0 inconcebivel En Suph-Parabraham, uma forga emana no infi- nito, Esta forga, ativa e passiva, vai produzir um resultado diferente, conforme predomine na agio 0 ative ou 0 passive. A forga se afasta da unidade na diregio do miultiplo, da divisio; 0 passivo, gerador do multiplo, domina nesse instante e a forga se materializa. A inteligéncia surge pouco_a_pouco, se reveste de inyd- luords” que representa os estados da_matéria_mais proxima, das_esséncias: a _matéria_radiante. Nesse momento uma massa, imensa para os pardmetros humanos mas insignificante para os olhos do infinito, atra- vessa o espago. Sobre os planetas inferiores do sistema que ela craza em seu caminho, instrumentos a examinam. Os mor- tais anunciam aos seus semelhantes que um cometa atravessa © sistema solar. Sobre os _plinetas _superiores desse mundo,_os imortais se prostram_e adoram religiosamente a Ti divina qae cumpre seu tajeto, a_giminho da anidade. Eles se iuclinam © dizom que_o_espirito de Deus _atravessa_ nosso mundo. Entretanto, mais » massa se distancia da unidade, mais a materializagio se acentua. A matéria cm cstido gasoso apa- rece, ocupando determinado ponto do espago. O sabio que a observa anuncia aos mortais uma nebulosa, o nascimento de | um sistema planetdrio. O imortal concebe o nascimento de um Deus. Aos poucos, a forga ativa vem cquilibrar o estado de pas sividade. A vida se concentra no centro do sistema, em um sol proprio, e os planetas, quanto mais préximos, mais influén 66 cias recebem do centzo. Quanto mais préximo estd o Sol do Principio de vida de onde emanou, maior a influéncia que recebe dele. £ nesse instante que a forga ativa domina completamente a passiva; o ser vivo que é chamado mundo nasceu ¢ Ienta- mente evolve para a unidade de onde veio. Em todos os pla- netas a lei se repete, 6 idéntica, O Sol atua em relagio aos planetas como a unidade-vida agia em relagio ao Sol. O planeta é tanto mais materializado, quanto mais distante esta | de sua estrela, ~ Primeiro em ignigdo, depois no estado gasoso, depois no Hquido, algumas aglomeragées sélidas aparecem no seio das massas liquidas e os continentes comegam a ganhar formas. Em seguida, a evolugio do planeta na diregio de seu sol se inicia e a vida ali se organiza. A forga ativa ainda se im- pde sobre a forga material, passiva. Tudo mais, no planeta, seguiraé as mesmas fases dele, em sua evolugio. Os continentes, se solidificando, condensam em seu inte- rior a forga em ignigto que formou primitivamente o pla- neta. Essa forga vital terrestre, que nao é senao uma ema- nag&o da forga vital solar, atua sobre a Terra e os elementos se desenvolvem, formando os metais mais inferiores. Do mesrio modo que esse mundo evolui na vida do sev universo, criando uma alma propria, semelhantes a todas as almas planetarias contidas nele; do mesmo modo que cada planeta evolui no caminho da alma de sen mundo; desse mesmo modo © metal, primeiro passo da vida sobre o planeta, cria através das épocas uma alma convergente com a alma da Terra. Esse metal, de inicio inferior, se aperfeigoa aos poucos, tomande-se sempre mais capaz de concentrar vida ativa e apds centenas de anos, a vida que circulava no metal rude, circula tambérn no ouro, o sol dos metais, agindo em relagéo a eles como o Sol em relagdo & Terra. A vida con- tinua através dos vegetais milhées de anos mais tarde a forma mais clevada de existéncia aparcce no homem — 0 qual representa 0 sol de animalidade, como ouro representa o sol da mineralidade. Como em tudo resto da natureza, a lei natural governard também tudo que diz respeito ao homem. Mas aqui se fazem 67 necesshrias algumas consideragées, a propésito da semethanga das progressées. Quando do nascimento do mundo, outros existiam j4 em diferentes graus de evolugfio no _universo. Enquanto um_pla- neta_inici lugiio _na_esfera_mineral, outros planetas mais antigos j4 tém seu _mundo animal muito desenvolvido, enquanto_cm_outro_a inteligéncia floresce em seus estagios Jmais_altas— Tal como os planctas evoluem através de diferentes fases, também os continentes conhecem a mesma disparidade. Cada continente desenyolve sua raga humana propria, assim como cada sistema tem seu préprio sol. Como _a_evolugio existe também para_o homem, pode ocorrer_ que quando a segunda _raga_de_ homens aparece no Segund6 continente evoluido de determinado planeta, a ‘pri- meira_raga_de homens desenvolvida_no primeiro_continente esteja_em pleno desenvolvimento intelectual, enquanto wma ultima raga se encontre ainda em estado selyagem e embru- tecido. O mesmo fato é constatado na familia onde o fundador, © patriarca, cheio de esperanga mas abatido pela velhice, ob- serva o neto, ainda inexperiente mas cheio de vida. . Crianga — Pai — Avé — Ancestral, representam na fami- lia a evolug’o que nds encontramos em toda natureza. Os seres, sejam eles quais forem, so formados em tltima andlise de trés_partes_constituintes: o corpo, a vida ou_espi- Tito ea alma. A evolucio de um corpo eria_uma vida, a_evo- jugio de wma vida cria uma alma. Verifiquemos esses dados ‘aplicando-os_ao_homem. ~ Em_cada_ homem, trés partes se destacam: o ventre, 0 peito. ‘a cabega. A cada uma dessas partés estiio ligados os ‘membros, Q_venire serve para_gerar 0 corpo, 0 _peito serve para produzir a vida, a cabega serve part criar a alma, A finalidade de cada ser que a natureza cria ¢ dar nas- cimento a uma forca superior aquele ser. O mineral recebe a vida_terrestre_¢_deve_transformé“la “em vida ‘vegetal através mal. Esta evolui_para_a_vida, humana, 68 A vida é dada ao homem para que ele a transforme numa forga mais alta: a alma, A alma é uma resultante. 'X grande finalida homem _¢, assim, desenvolver_s alma, que ele encontra em_estado de _germe e, se_uma_exis- téncia_nao The basta para isso, muitas outras se The oferecerao. Hssa_idéia, oculta aos profanos pelos iniciados, estd_em todos og autores que penelraram om profundidade nas Tels naturais. FE parte do _budismo esotérico nos tempos modernos. Na_antiguidade foi_muito conhecida. “Assim que Deus, pelo conhecimento intimo do absoluto que esté em sua propria esséncia, identifica perpetuamente com 6 seu saber, o ser que Ihe corresponde em sua esséncia absoluta, E é assim, manifestamente, que Deus cria sua prd- pria imortalidade, F. conseqiientemente, uma vez que o homem é feito A semelhanga de Deus, é assim que ele deve conquis- tar sua imortalidade, trabalhando assim pela sua propria cria- cao através da descoberta da esséncia do absoluto, isto é, das prdprias condigdes da pura verdade” (Wronski, Lettre au Pape). Fabre d’Olivet, em admirdvel resumo que fez da doutrina de Pitdgoras, mostra-nos em algumas paginas wm resumo da psicologia antiga. Basta Ié-lo, comparando-o as doutrinas do budismo esotérico, para entender um dos maiores segredos ocultos nos santudrios, Vamos resumi-lo. “Pitdgoras admitia dois mdveis para as agdes humanas, o poder da vontade e a necessidade do destino; ele submetia um e outro a uma Jei fundamental chamada providéncia. © primeizo desses méveis, ou motivagées, era livre e 0 segundo coagido, de modo que o homem se encontraya colo- cado entre duas naturezas opostas. OQ poder da vontade se exercia sobre o futuro, a necessidade do destino sobre as coi- sas ja feitas, sobre o passado; e uma alimentava, trabathando os materiais que elas se fomeciam mutuamente. | Segundo aquele admirdvel filésofo, 6 do passado S| nasce o futuro, do futuro se forma o passado, c da reuniao de ambos & engendrado 0 eterno presente, do qual também | ambos tiram sua origem: idéia muito profunda adotada pelos estdicos. De acordo com essa doutrina, a liberdade reina so- 69 bre o futuro, a necessidade sobre o passado e a providéncia sobre o presente. Nada do que existe acontece por acaso mas sim pela unio da lei fundamental ¢ providencial com a von- tade humana — que a obedece ou transgride, operande em fungao da necessidade. a A superposigio da vontade e da providéncia constitu o bem, 0 mal nasce da oposigéo de ambas. Para se conduzir no eaminho da vida, o hom ‘ fag trés modificacdes de seu ser, todas trés_ep- cadeadas A sua_prépria_vonta ~ A primeira, relacionada_com 0 corpo, é o instinto. = gunda, relacionada_com a_alma, € a virtude: a terccira, rela- cionada com a _inteligéncia, é a ciéncia, ou sabedoria, Essas Forgas se revigoram pelo bom uso da vontade © degeneram om vicio © ignorancia pelo mau uso da mesma. Q_instinto_per- cebe_o bem eo mal fisicos resultantes da sensagho. A virlude conhece_o bem _e¢ 0 mal morais existentes_no_sentimento. A Sabedoria_acolhe o bem e o mal inteligiveis que nascem do consentimento, a No terreno da _sensacao, o bem e o mal chamamvse prazer timento, verdade_¢ “A sensagio que Teside no corpo, na alma e no espirito, forma um ternario que se desenvolve rumo a uma unidade relativa, ¢ constitui 0 quaterngrio humano, ou 0 homem, con- siderado de modo abstrato. = Os trés componentes desse terndrio agem e veagem uns sobre os outros e se iluminam ou se obseurecem mutuamente; a unidade que as une, isto 6, 0 homem, se aperfeigoa ou se deprava, conforme tenda a se confundir com a unidade uni- versal ou a se extinguir. © homem, segundo Pitagoras, est sujeito 4 providencia, entre o passado c o futuro, dotado de uma vontade livre por sua prépria esséncia, ligada A virtude ou ao vicio de acordo com suas agées. O homem dove experimentar o sofrimento , Jonge de_acusar Sprovidenein. disnibuidars do bear €-&5 amar “conforme_as_agbcs anteriores, deve reconhecer_ que sofre_ex- Glusivamento em decorréncia de seus atos passados. Pitagoras admitia_muitas existéncias_sucessivas, sustentando que o pre- 70 sente que nos atormenta_e o futuro que nos ameaga sao a epee do Sarde Se EE So pT” O omen, perde, sonhando a vida, a lembranga de suas existéncias an- teriores. . O homem percorre, & medida que avanga no tempo, o caminho gue ele proprio tragou para si, podendo modificd-lo para 6 bem c para o mal, de acordo com suas virtudes ou vicios. O futuro sera, portanto, mais suave ou mais penoso eam Funcio dos seus atos.” Juntamos a essa importante citagio wn quadro que pre- tende dar uma visio de conjunto do sistema. Esforgamo-nos para parecer claro, O lado esquerdo do quadro representa os principios positivos designades pelo sinal (+). O lado di- reito, mareados pelo sinal (—), representa os principios ne- gativos. No meio, os sinais equilibrados ou snperiores sitio de- signados pelo sinal ( @ ), Abaixo, & esquerda do quadro, ¢ yesumido o terndrio humano: alma, inteligéncia, corpo, indi- cado pelos simbolos abaixo: 71 (#) (4) ©) PROVIDE) LIBERDADE (vonadey NECESSIDADE (Vontade} presente (Destino) futuro passado VONTADE INTELIGENCIA sabedoria ignorincia (+) (-) ‘ALMA CORPO virtude vicio snstirt| erbeatecimento (+) (©) (+ (-) ~ SENTIMENTO SENSACAO amor édio prazer dor (+) (-) (4) (-) CONSENTIMENTO verdade erro H) () Os ensinamentos do tempo podem ser resumidos como o puro estudo da furga universal em suas variadas manifesta- Ges. Aprendendo da natureza, a base de seus fendmenos ¢ efeitos, aprendendo a sabedoria das coisas fisicas © naturais. Quando se_percebe que todos os efeitos dependem_de uma mesma série de catisas, quando se reduziu a multiplicidade aparenté dos fatos & umidade das leis, a iniciagao conduz ao mundo das causas. Af sio aprendidas as leis da vida, sempre 72 as mesmas em suas diversas manifestagées. O_conhecimento da_vida_dos_mundos e dos _universos fornece a _chave da_as- trologia, o conhecimento total da vida terrestre e da, por sua vez, as chaves da alquimia. Subindo mais um degrau na escada da iniciacdo encon- traré no homem a reunido de duas naturezas e poderd as- cender 4 concepgic de uma forga ‘mica, onde essas duas na- turezas representam dois pélos, Poucos homens tém chegado a_um _conhecimento tio_profumdo da: iciag_ Superiores. 2 ponto de adquirir os poderes quase_divinos que Thes sao in rentes. Entre essas ciencias encontram-se a teurgia, a magia, a terapéutica sagrada e a alquimia, entrevistas pelo iniciado em sou segundo grau de imiciacdo. “Nunca houve apenas uma ordem, a ordem natural es- tudada pela ciéncia antiga, mas houve quatro, conforme in- dicado antes. Trés delas correspondiam a natureza (a natu- rante, a naturada e a humana); seu hierograma era EVE, a vida. A quarta, representada na tradigio mosaica pela primeira letra do nome de IEVE (Jeova), correspondia a uma outra hierarquia de conhecimentos, marcada pelo nimero dez” (Saint-Yves). Fato incontestavel, no ciclo de civilizagdes a unidade do género humano no universo, a unidade do universo em Deus, a unidade de Deus em si mesmo, foram ensinadas como ver- dades absolutas, coroamento luminoso do conhecimento, ¢ nao como superstigao primaria ou crenga obscurantista. “O nome do deus supremo.desse ciclo, Iswara, esposo da sabedoria viva, da _natureza, Pracriti, é o mesmo que Moisés Uiraria, perto de cinqiienta séculos depois, da tradi¢ao caldéia dos abramidas ¢ dos santuarios de Tebas, pa eae fio simbolo “calico do movimento: Iswara-E], ou Israel, Inte- ffggncia_e Espirito Real de Deus” (Saint-Yves d’Alveydre). Eis os quatro graus da sabedoria antiga: 1 — Estudo da forga universal em suas manifestagdes vitais (ciéncias Hsiogénicas). 73 2 — Estudo dessa forga em suas manifestagdes humanas (ciéncias androgénicas ). 3 —Estudo dessa forga em suas manifestages astrais (ciéneias cosmogénicas ). 4 — Estudo dessa forga em sua esséucia e em fungao dos prineipios descobertos (ciéncias teogénicas). SEGUNDA PARTE REALIZACAO CAPITULO IV Expressdo das idéias — Os signos — Origem da lin- guagem — Histérias simbélicas e sua interpretagéo — A Tdbua de Esmeralda de Hermes e sua explicagao — O Telesma — A alquimia e¢ explicagdes do texto hermético — Geometria qualitativa — Os nomes proprios e a sua utilidade | ao fundo dos santudrios nosso estudo da ciéncia ou sabedoria antiga, abordamos sucessivamente as idéias fun- damentais que a estruturam. Mas nilo ficaremos aqui. A idéia, dentro do cércbro de sev criador, é invisivel para 0 resto dos homens. Esses, nao podendo perceber senao aquilo que seus sentidos recebom, precisam ser sensibilizados. A_idéia é o invisfvel_ Para _tormar_ visivel_o invisivel é weciso usar um signo. Entendemos por signo toda manifes- tagao_oxterior das idéias de um_homem, Os elementos do signo sao_a_voz, o gesto eos caracteres escritos. Seus mate: tiais_s40_0 movimento ec a luz (Fabre dOlivet, Lang. Héb. Rest.). Estudando 0 signe conheceromos os meios pelo qual o sacerdote egipcio expressava suas idéias, hauridas na inicia- oko. Que melhor e mais belo objeto de pesquisas para unt pensador que as origens da linguagem humana ? 17 & curioso ver dois homens de erudigio notavel, Claude de Saint-Martin, 0 filésofo desconhecido, e Fabre d’Olivet, chegarem, per caminhos diferentes, a conclusdes quase idén- ticas sobre aquela importante questio. Ambos se opdem ao sistema dos sensualistas, represen- tados naquela época pelos positivistas, alirmando que as Tin- guas sio 0 resultado arbitrario dos caprichos jumanos, ¢ am- Bos so conduzides, om seus estudos, pelo conhecimento pro- fundo da lingua hebraica. ‘A origem das ragas humanas proclama a existéncia_de uma’ razio mais elovada © Tsu mestado pelas linguas-ma da_humanidade, o chings, o sanscrity eo hebraica, “De qualquer angulo que se examine a origem do género humano, © germe radical do pensamento s6 pode ser trans- mitido com a ajuda de um simbolo, ou sigav, © esse simbolo supde uma idéie-mae. Se tivermus talento bastante para isso, mostraremos que as palavras que compéem as linguas, em geral, e a lingua he- braica em particular, longe de se inspirarem no acaso ou nas- cerem por obra de um capricho, sie, ao contrario, produto de uma razio profunda, Mostraremos que qualquer homen: pode, & luz de uma andlise gramatical bom feita, encontrar clementos fixos, de natureza imutavel, embora variavel em seus aspectos, nessas linguas. Esses elementos constituem, formam essa parte do_ dis: curso & qual daremos o nome_de signo. E: elementgs sao. GO _gesto, a _voz,_os catacctres_escritos” (Fabre d'Olivet, La Fangue Hébraique Restiiuée ). “Vamos adiante para examinar a origem dos signos: e- signei como elementos da palavra a voz, 0 gesto © os carac- teres escritus; como meios 9 som, o movimento e a luz: mas esses mefos serian intteis se nito existisse uma poténcia dora, independente deles, capaz de atuar. Essa pottneia é a vontade, A existéncia da vontade n&o poderd ser negada, nem mesmo pelo cético mais determinaco 78 A_voz articulada ¢ o gesto_afirmativo_ou_negatiyo, mio sio fonio @ expression dua vontade, £ cla gues atadads pelo Som_e pelo movimento, faz deles_seus_intérpretes ¢ projeta para fora 0 que esti dentro. Entretanto, se a voz é uma, seu significado deve ser ge- ralmente reconhecido por todos. Assim, um homem que afirma sua vontade pelo gesto, ou pela inflexio vocal, apresenta sem- pre a mesma inteng&o que qualquer outro homem que afirme sua vontade pelo mesmo gesto e pela mesma inflexdo. E. todos os homens na Terra se entendem pelo gesto ou pela inflexio da voz, Nao hd convengio a esse respeito. HA uma comuni- cago idéntica, que se manifesta espontaneamente © que, ir- radiando de um foco volitivo, reflete-se no interlocutor. Pela vontade, 0 gesto e a inflexto vocal de afirmagao ou negagio, transformam-se em palavras diversas. A yontade faz com que palavras como sim e ndo, ditas com o mesmo sen- tido © com a mesma inflexo, tenham som diferente. Os sabios, armados da sintese ¢ da andlise, pouco fizeram para “esclarecer_a_origem da palavra, A palavra nada tem de convéncional mas o que ha por tris dela no pode ser de- monstrado a_mancira dos matematicos, Sua importancia é grande demas para que ela possa scr demonstrada através de uma equagio algébrica. O som e 0 movimento, portanto, postos 4 disposigéio da vontade, so por ela modificados; isto é, através de certos Bios especiais ¢ apropriados o som é transformado em voz; 0 movimento é determinado ¢ mudado em gesto. Mas a voz eo gesto tém uma duracdo instanténea, transitéria, Para_que seus efeitos perdurem, 0 homem se _beneficia do movimento, “agita a mao, seu drgio mais expressivo, desenhando no tronca das drvores ou gravando sobre as pedras, seu pensamento. Assim nasceram vs caracteres escritos, um dos elementos mais fecundos da Iinguagem. Nada hé de convencional em seus prineipios, embora eles possam se utilizar de uma con- para estabeleccr a indispensdvel comunicagio. Todos os homens falam e comunicam entre si suas idéias — mas nem 79 todos eserevem. Para falar nao precisam eles de uma con- vengSo particular, embora precisem dela para escrever. Os caracteres escritos sio, entretanto, o simbolo de duas coisas: inflexfo vocal e gesto. Essas coisas nascem da explo- sio espontinea da vontade. Tudo mais é fruto da reflexao” (Fabre Olivet). De_posse de signos capazes de expressar_uma_idéia, o iniciado deve ainda se curvar_a uma outra_consideragao: escolha de seu leitor futuro, Sera necessdrio criar uma Ingua adaptada & inteligéncia daquele a guem ela & destinada, uma ingua_que nao significa para _o homem comum senéo_estra- nhos_sinais, mas torna-se_pata alguns poucos uma revelagio. “Os sdbios do Egito agiam de outro modo: escreviam com hierdglifos, que poucos entendiam. Mas a idéia de guardar certos conhecimentos dentro de um circulo limitado ¢ selety é comum a todas as épocas. Nosso século, voltado para a divulgagao total dos conhecimentos, tem criado, por necessi- dades especiais, um vocabulério também hermético, 4 sua ma- neira, que mantém seus conhecimentos restritos a uns tantos especialistas, Os antigos faziam 0 mesmo por razdes diferentes. Voltando ao tridngulo dos trés mundos, fatos-leis-prin- cipios, descobriremos o Iniciado de posse de trés diferentes meios de exprimir uma idéia: 0 sentido positivo, 0 sentido comparativo e 0 sentido superlativo. 1 = O iniciado pode se servir de palavras compreendidas por todos, mudando simplesmente sea significado, em fungio do tipo de inteligéncia que ele deseja instruir. Por exemplo, a frase: Uma crianga precisa de um pai e de uma mae. Dirigindo-se a todos, indistintamente, essa frase tem um sentido positivo. Se ele deseja_retirar 0 signiticado dessa frase do_alcance de inteligéncias materiais, vulgares, falaré_ num 80 sentido comparativo, passando_do dominio dos fatos_para_o “dominio das leis, dizend O neutro precisa de um positivo e de um negativo. O equilibrio precisa de um ativo e de um passivo, Os que conhecem as leis naturais, aqueles que sao co- nhecidos em nossa época como sabios, compreenderso perfei- tamente o sentido do que passou despercebido ao homem comum. Um gran acima e 0 iniciado podera dizer sua verdade de maneira diferente: A corea precisa da sabedoria e da inteligéncia. O sabio de nossa época, habituado a resolver problemas, compreenderé as palavras isoladamente mas nfo em seu con- junto. Ele pode dar um sentido & frase mas vai-lhe faltar uma hase sdlida, uma certeza definitiva. Em divida, ele dara de ombros e chamard a tudo isso “mistificagio e embuste”. Nio € isso o que deseja o iniciado ? 2 — O iniciado pode empregar signos diferentes, confor- me aqueles aos quais ele se dirige. “Esse método foi usado, de preferéncia, pelos sacerdotes egipcios que escreviam em hierdglifos, em linguagem fonética ou em linguagem ideografica, conforme o caso” (Fabre d'Oli- vet e Saint-Yves d’Alveydre). Mas vamos dar outro exemplo, com a mesma frase: Uma crianca precisa de um pai e de uma inde, Falando & massa, o sacerdote quer se referir simplesmente a uma orianga entre seu pai € sua mae ¢ pronuuciard apenas a frase textual. Se_ele quer sestringir o mimero_de ouvintes 81 ou de leitores, mergulharé uo mundo das leis e os signos al, @bricos alinharse-o da seguinte mancira:_ Seja o sinal » designativo do neutro, da crianga: « pre- cisa + © — ou (=) 4 (—) = (@). Se o iniciado quer restringir ainda mais o aleance da compreensio de sua mensagem, voltar-se-4 para os signos ideograficos correspondentes aos princ{pios em referéncia, e diva; astrologicamente: @ + D = @ ow geometricamente: | +—= X Veremos em seguida que esses signos, que sé conseguem exasperar 0s curiosos, nao sto arbitrériog, Pele contrario, eles | tem um antigo © profundo significado. { aad 3 — O cmprego da geometria qualitativa permite ainda um ontro método: um sé e mesmo signo que pode ser tomado em sentidos diversos, conforme o entendimento do ouvinte ou leitor. Por_exemplo, o sigue. representa para o leigo um pont dentro de am ciroul, apenas. O iniciado entend que esse signo representa “circunfergncia © sew conlre Du, 2: fropomicamente, 0 Sol e, por conseguinte, a yerdade. O sabio de _nossos_dias dificiimente ultrapassaré Se TESSOS eres ocumente uitrapassara O iniciado verd o prinefpio ¢ seu desenvolvimento, a idéia na causa, Deus na eternidade. Veremos logo a origem dessas interpretagdes. Os métodos de que tratamos servem para manipelar os assuntos os mais variddos, no mundo veulto da iniciagio, na interpretagio dos escritos secretos, nos rituais de magia, Ha vn outro método, ‘empregado na antiguidade para transmitir as verdades deseobertas nos santudrios: as histérias simbdlicas. Que melhor meio de transmitir uma verdade, sendo inte- * ressando a imaginagao, em Ingar da meméria ? Contemos uma histéria a um camponés e ele nio se esquecera dela, levando para a posteridade as aventuras de Vénus e de Vulcano, §2 Os métodos foram ministrados dentro de um conjunto, dando ao Ieitor @ possibilidade de conhecé-los em sua gene- ralidade. Estudaremos melhor, agora, cada um desses métodos: 1 Ao primeiro método se associa um resumo completo da ciéncia ooulta, uma sintese diante da qual os iniciados sem- pre se inclinam com respeito. Falamos da Tabua de Esme- ralda de Hermes, atribuida a Hermes Trimegisto. Tabua de Esmeralda de Hermes “Trata-se da expressio da verdade. © que esté embaixo ¢ como ¢ que esta no alto, e o que esté no alto € como o que esté embaixo, uo milagre de uma 50 coisa, E como todas as coisas vieram e iio para o Uno, assim todas as coisas nasceram de cada coisa inica. O Sol é 0 pai, a Lua é & mfe, 0 vento a trouxe no seu ventre, a Terra é que a amamenta; o pai de todos, 0 Telesma de todo o mundo, estd aqui; sua forga é preservada se ela é convertida em terra. Separards a terra do fogo, o sutil do grosseiro, doce- mente, com grande habilidade. O que resultar disso subird da Terra ao Céu e descera a Terra, e receberd a forga das coisas superiores ¢ inferiores, Terds assim toda gléria do mundo e tudo que é trevoso se afastard de ti Essa 6 a forga de tdo o que é forte, ¢ ela vencerd toda coisa sutil e penetrara toda coisa sélida. Assim foi criado 0 mundo. Por isso fui chamado Hermes Trimegisto, tendo as trés partes da filosofia do mundo. O que disse do Sol foi cumprido”, Isso é verdade Néo conhece mentira Apenas a verdade, 63 A Tébua de Esmeralda comega por uma trindade. Her- mes afirma assim, desde a primeira palavra, a lei que governa a natureza inteira. Sabemos que o temario se reduz a uma hierarquia conhecida sob o nome de lei dos trés mundos. Trata-se, entio, de uma mesma coisa considerada sob trés as- pectos diferentes, o que essas palavras nos submetem. a verdade e sua tripla manifestegdo nos trés mundos: Isso é verdade — verdade sensivel, correspondente ao mundo fisico. Eo aspecto estudado pela ciéncia contempo- ranea. Néo conhece mentira — oposigao ao aspecto precedente. Verdade filoséfica, certeza correspondente ao mundo metafi- sico, ou moral. Apenas a verdade — unitio dos dois aspectos precedentes, a tese e antitese que busca a sintese. Verdade inteligivel cor- respondente ao mundo divino. Aqui, a explicagio precedente sobre 0 nimero trés en- contra sua aplicagio. Mas continuemos: © que esti em O que esti cima & como o embaixo & como o que esta embaixo que esti em cima para fazer os milagres de uma sé coisa Dispondo assim essa frase, encontramos dois ternarios ou, melhor, um terndrio considerado sob dois aspectos, positivo e negativo: alto i baixo positive 4 andlogo a negative % anilogo a baixo | alto Encontramos aqui o método geral da ciéneia oculta, a analogia, Hermes diz que o positive (alto) ¢ andlogo ao ne- gativo (baixo) mas ele nao afirma que ambos sio semelhantes 84 Vemos, enfim, a constituigéo do quatro pela redug3o do trés & unidade: Para fazer os milagres de uma s6 coisa. Ou do sete pela redugéio do seis (os dois ternarios} a unidade. O quatro e 0 sete exprimem a mesma coisa, pode-se tomar com certeza qualquer uma das duas aplicagdes. Veja: mos a explicagio da segunda frase: E preciso considerar uma verdade no seu triplo aspecto: fisico, metafisico e espiritual, antes de tudo, Entdo podere- mos aplicar @ método analdégico que nos permitird entender as leis. Enfim, é preciso reduzir a multiplicidade das leis a unidade, pela descoberta do principio, ow causa primdria. Hermes aborda a seguir o estudo das relagdes do mil- tiple com a unidade, ou da criagio com o Criador, como se segue: E como todas as coisas vieram do Uno, assim todas as coisas nasceram nessa coisa tinica por adaptacdo. Eis uma sintese de todo ensinamento do santudrio sobre a criagzo do mundo. A criag&o_pela adaptacio ou ua ternario_desenvolvido no S4 ira_e nos _dez_primeiros capitulos do _Boereschit, de Moisés. Essa coisa tinica da qual tudo deriva, ¢ a forga universal a respeito da qual Hermes descreve o desenvolvimento: © Sol (positivo) 0 Pai A Lua (negativo) a Mae © Vento (receptor) carregou-o no ventre A Terra (desenvolvimento) seu alimento isso_a_que_ chamay (vontade) é t4o importante que vale a pena dar a opiniéo de alguns autores sobre 0 as sunto: “Existe_um_agente misto, natural, divino, corpéreo, um mediaor plastico_universal, um receptaculo comum das _vi- bragdes e¢ das imagens, um fluido e uma forga que podemos chamar de imagimcko da natureza, . Através dessa forga os sistemas nervosos se comuicam de_wn modo peculiar, através dela nascem a simpatia € 2 an- tipatia, dela_vém_os_sonhos, por cla_sio_produzidos_os fend- menos de visio sobrenatura!. Esse agente universal das obras da natureza é 0 od dos hebreus e de Reichembach, é a luz astral dos martinistas. A_existéncia_c_o_uso_possivel dessa forca_constitaem o grande arcano da _magia_pratica. A_luz astral aquece, ilumina, magnetiza, projeta, atrai, vivifica, destiOr, cOagula, separa, parte e junta todas as coisas, sob_o impulso das_vontades poderosas” (Eliphas Levi, H. de la M, pig. 19). “Os quatro iluidos imponderdveis so manilestagdes di- versas de um mesmo agente universal que 6 a luz” (E. Levi, C. des G. M, pag. 207). “A substancia tinica que ¢ céu ¢ terra acompanha os graus de polarizagio, sutil e fixa. Essa substincia é a que Hermes Trimegistro chama “o grande Telesma”, Quando ela produz sen esplendor, ela se chama luz, Ela 6, a0 mesmo tempo, subsidncia e movimento, é um fluido e uma vibragio perma- nente” (E. Levi, C. des G. M., pag. 117) “O grande agente magico so manifesta _por quatro tipos de fendmenos: calor, wz, cletricidade ¢ magnetismo. O grande agente magico ¢ a quarta emanacio da vida-princfpio, da qual 0 Sol é a terceira forma” (B, Levi, D,, pag, 152) “Esse agente solar mantém-se vivo devido a duas forces contrazias: uma forga de atragio e uma de repulsiio, o que levou Hermes a afirmar que cla sobe ¢ desce permanente mente” (E. Levi, op. cit. pag. 153). wnt 4 “A palavra empregada por Mois da-nos uma definigio da descrig lida cabalisticamepte fio desse agente magico uni 86 versal, representado em todas as teogonias por uma serpente, que os hebreus chamavam assim: doD = + OB = ~ Aour ” s3N uando a luz universal forma os metais, ela é chamada azot0, qnando da_vida aos animais € chamada_magnel Giimal” (I. Levi). a “O movimento é 0 sopro de Deus cm agitio entre as coisas criadas. E 0 principio todo-poderoso e uniforme na natureza, wutor ¢ promotor de uma variedade infinita de fendmenos que compéem as indiziveis categorias dos mundos; como Deus, cle d& vida, organiza ou desorganiaa, segundo as leis secun- darias que sfio a causa de todas as combinagées ¢ permuta- gGes que podemos observar i nossa volta” (I. Lucas, C. N., pag. 34). “O movimento 6 0 estado indefinido da forga geral que anima a natureza. O movimento é uma forga elementar, a (mica de que nos devemos servir para explicar todos os fe- némenos da natureza. Ele é passive! de contragio e dilatacio, cletrieidade, calor, condensacéo, mais e menos. Ele ¢ susceptivel de combinagio. Enfim, encontra-se nele toda a organizagéo dessas combinagées. Esse movimento, can- siderado ativo, material e intelectualmente, dd-nos a chave de todos os fenémenos conhecidos” (Louis Lneas, Médecine Nou- velle, pag. 25) A seguir, Hermes aborda as questées relacionadas com 0 ocultismo pratico, a regeneragio do homem por ele proprio, co homem regenerado, A esse respeito ha muitos detalhes in- teressantes na obra L’Eliyir de Vie, pubbeada por um Chela hindu (atimero 3 de Lotus) © nos fivros de madama Blavatski, assim: como no ritual de Eliphas Levi. Agora vamos estudar a filosofia hermétiea 87 A alquimia Foi gracas aos alquimistas que os elementos basicos da | ciéncia antiga chegaram até nds. Daremos uma idéia geral | das questées nas quais se apsiam as histérias simbélicas. Muita | gente ainda pensa que 6 impossivel penetrar nos segredos da | grande obra oculta sem possuir antes a pedra filosofal. Isso n&o passa de um erro, Os alquimistas descreveram em deta- Ihe todas as operagdes que executaram durante muitos sécu- fos. $6 mum ponto eles sio obscuros: quando tratam da ma- téria empregada em suas operagées. Antes de tudo, no entanto, temos de resolver duas ques- tes: 12) que é a pedra filosofal ? ¢ 2.4) ser& tudo isso uma impostura ou dispomos de provas a respeito da alquimia ? Durante muito tempo procuramos provas convincentes da realidade da transmutagio, sem éxito. Os dados sio méltiplos mas como eles foram manipulados por alquimistas, sob cri- térios alquimicos, seu critério de provas difere tanto dos cri- térios oficiais que é impossivel afirmar qualquer coisa por esse caminho. Faltaria a tudo que se dissesse aquilo que cha- mam de “valor cientifico”. Lendo uma obra notavel de Figuier, A Alquimia e os Al- quimistas, obra em que o autor se esforga para provar que a transmutagéo nunca existiu, descobri trés fatos que parecem provas irrefutaveis da modificagio de metais impuros em ouro. A operagio foi executada longe das vistas do alquimista e 0 operador era um inimigo declarado da alquimia que nao acre- ditava na pedra filosofal. Escrevi um artigo para Lotus (ntimero 3), sob o titulo A Pedra Filosofal Provada Pelos Fatos, a0 qual envio ao leitor interessado cm detalhes, Gostaria que os dados que ali cole- ciono fossem refutados cientificamente. A_pedra filosofal é nm _pé que pode apresentar, diversas cores diferentes, segundo seu_grau de perfeicao, Praticamente,, 88 no entanto, ela aparece de duas cores, branca_¢ vermelha, A_ ‘Verdadeira_pedra filosofal é vormelha. Ela_possui trés quali dade ~_ - 1 —a de transformar em ouro o mercurio ou o chumbo em fusio, quando sobre eles ¢ colocada pequena quantidade; 2 — a de servir como depurador enérgico do sangue, bem como remédio providencial para qualquer doenca; 3 — a de agir sobre as plantas de maneira espantosa, de- senvolvendo-as ou produzindo o amadurecimento de frutos em poucas horas. Isso ha de parecer pura fantasia para a maioria das pes: soas mas nio ha um sé alquimista sério no mundo que ignore ou negue essas qualidades da pedra filosofal. , no fundo, essas qualidades nao sao seniio uma sé, a de dar forga a ati- vidade vital dos seres e das coisas. Por isso que a_pedra filosofal ¢ apenas wma condensacio da_energia que rege a vida, uma pequena quantidade de ma- téria_ que age como o fermento na massa, Bastam algumas pay- ‘Heulas_dela_para_desenvolver a vida em potencial que existe por toda parte, nos mingrais, nos vegetais e¢ nos animais. Fis por_que_os alquimistas chamam essa pedra de remédia_dos. fees veings. Vejamos agora como se processa sua fabricacao, Essas slo as operacées esseneiais: tirar do merctirio co- mum um fermento especial, chamado pelos alquimistas de merctirio dos fildsofas; fazer esse fermento agir sobre a prata para tirar igualmente seu fermento; fazer 0 mesmo fermento atuar sobre 0 ouro para remover também seu fermento, Com- binar o fermento tirado do ouro com o fermento tirado da prata e com o fermento mercurial num eatlinho de vidro verde grossa, em forma de ovo. Fechar 0 cadinho ¢ colocé-lo num forno caracteristico que ox alquimistas chamam de athenor. | 89 Esse forno difere dos demais por uma combinagio de elemen- tos que permite seu aquecimento por longo tempo. E durante © cozimento, e somente entiio, qne se produzem certas cores que tém inspirado estranhas histérias relacionadas com a al- quimia. A matéria ali contida toma-se negra, parecendo petrifi- cada, estado que os alquimistas chamam de cabeca de corvo. Em seguida, a matévia tora-se branca. Essa passagem da obscuridade & luz é relacionada com uma histéria simbdlica muito divulgada na alquimia. A matéria serve, ent@o, para a transmutagio de metais impuros (chumbe, mercirio) em prata. Se ela continua ao fogo, aquele branco se transforma numa sucessiio de cores ~ as cores inferiores do espectro — que de- pois evolui para as cores superiores, passando pelo azul, pelo verde, pelo amarelo, pelo alaranjado, Finalmente a cor se fixa no vermetho rubi. A podra filosofal esté quase terminada. Dizemos quase terminada porquanto, nessa fase, dez gra- mas da pedra n&o transmutam mais de vinte gramas de metal. E preciso entio adicionar um pouco de merctirio dos filésofos no cadinho e recomegar aquecimento. A operacio, que du- rou cerca de um ano, agora nfo vai demorar mais de trés meses. Nesse perfodo final, as cores reaparecem na mesma ordem anterior, A essa altura a pedra transmutara em ouro cerca de dez vezes seu proprio peso. Recomega-se de novo a operagao, Dentro de um més a pedra estaré transmutando mil vezes seu peso de metal. Re- pete-se a operagio mais uma vez e a pedra filosofal esta feita. Seu verdadeiro potencial é de transmutar 10 mil vezes seu peso, Essas operages sio conhecidas como multiplicagdo da pedra. . Quando se consulta uma obra de alquimia, é preciso ve- vifiear de qual operagéo se trata: 1 — se é da fabricagio do merctirio dos fildsofos, e al o assunto parecerA ininteligivel a olhos e ouvidos pro- fanos; 90 a 2 — se é da fabricagio da pedra propriamente dita, ¢ ai a linguagem é clara e comum; 3 — se é da multiplicagao, ¢ af as explicagdes so dbvias e acessiveis a todo mundo. De posse desses dados, 0 leitor pode abrir o livro de Fi- guicr ¢ ler da pagina 8 & pagina 52, decifrando o sentido das histéxias simbélicas, aparentemente tio obscuras para 0 pré- prio Figuier, Assim: “# preciso comer quando o Sol se pée, Colocagéo, no cadinho em quando 0 marido Vermelho e a esposa forma de ovo, dos dois Branca se unem em espirita de vida fenmentos, ativa (verme- 7 P paya viver no amor e na trangitilidade Iho} © passivo (branco). na proporcio exata de gua e de terra.” “Do Ocidente, avance até o setentritio.” Diversas graus de fogo. “Dissolve o marido entre inverno ¢ Cabeca de corve, cores primavera, mude a dgua por terra negra — diversas. ¢ eleva-te entre as cores alé 0 Oriente, onde ha lua cheia, Apés’ o pure — Branco gatério, 0 soi branco e radioso.”” Considerando 0 simbolismo da histéria, é preciso sempre busear © sentido hermético contide nela, Como a natureza é em tudo idéntica a si mesma, a mesma histéria que encerra | os mistérios do cadinho poderé também fazer referéncia ao curso do Sol (mitos solares}, ou A vida de um herdi lendario. $6 0 iniciado estard em condigées de tirar dos mitos antigos 0 terceiro sentido (hermético). O sabio dos nosses dias wio vera ali senfio 9 primeiro ¢ talvez o segundo sontidos (Fisioo | e natural, curso do Sol, zodtaco ete.}, cnquanto o hornen, eo: mum nio passaré do primeira sentido. oni De tudo isso pode-se concluir que a obtengio da pedra filosofal € uma “questiio de tempo e paciéncia. Aquele que matou dentro de sia ambigio de ouro na tico, do ponto de vista alquimista. Basta dois alquimistas do século 19, Cyliani ¢ Cambriel, para con- cluir isso. IL Estudemos agora os signos geométricos ou astroldgicos._ Nada é mais cansativo que a lista das relagdes entre as figu- ras geométricas ¢ os nuimeros que encontramos nos autores que se dedicam & ciéncia oculta. Isso se deve ao fato deles niio estabeleccrem as causas dessas relagdes, tornando fasti- dioso scu estudo. Para estabclecer as relagdes das idéias com as figuras precisamos de uma base sdlida, de que j& dispomos. Nosso ponto de partida sero os miuneros. Eda umidade que partem todos os mrimeros_¢ todos cles sto apenas _aspectos diferentes dessa_unidade sempre idéntica_a_si_mesma. E do ponte que nagcem todas ae Figuras geométzicas ¢ today clas sio_aspecto apenas diferentes do ponto (Séfer etsira mostra, em suas paginas, que a cabala se apdia na mesma idéia), A unidade serd analogicamente representada pelo ponto O primeiro mimero a que o wm da nascimento, 6 o dois. A primeira figura a que 0 ponto dd nascimento é a linha. O dois sera representado por uma Jinha, simoles - ou dbpla ——. Com a linha, uma outra consi- deragio entra em jogo. Os mimeros se dividem em pares ¢ impares, bem como as linhas dizem respeito a duas diregdes diferentes, a vertical, representanto 0 ativo, e a horizontal, representando o passivo © primeiro niimero que retne os opostos 1 e 2 é 0 ter- névio 3. A primeira figura completa, fechada, é 0 triangulo. O 38 sera representado, analogicamente, pelo Z\ A partir do 3 sabemos que os algarismos recomecam a série universal, sendo 4 um oitavo diferente de 1. As figuras seguintes sie, entio, combinagdes de termos precedentes, ¢ nada mais que isso, O quaterndrio (4) sera representado por 2 forgas opostas duas a duas, isto é, por linhas opostas na sua diregéo duas a duas. 2 forgas ativas | ello 2 forcas passivas Quando se quer exprimir um resultado de 4, devem-se cruzar as Iinhas ativas ¢ passivas, de maneira a deterntinar um ponto central de convergéncia. [_a_figura_da_cruz, imagem do _absoluto. Ao algarismo 5 corresponde a estrela de cinco pontas, simbolizando a inteligéncia (a cabeca humana), dirigindo as quatro forgas elementares (os quatro membros). Seis () -343-L\\V/= x Os dois ternarios, um positive, outro negativo. af ek Nove (9) =3 $3 48= AL Dez (10) = 0 ciclo etemo = O Sete (7) =443 Oito (8) Il 93 Cada _nimero representa uma idéia_¢ uma forma. Pode- mos entio estabelecer essas relagoes: ntimero idéia forma L © prinefpio . 2 © antagonismno —_ — 3 a idéia 4 a forma — adaptacio © pentagrama A + w& 6 © equilibrio de idgias Z\ V A — A K O 7 a realizagéo — alianga de idéia e forma 8 equilibrio de formas perfeigao de idéias 10 o ciclo eterno O ativo e 0 passivo sao representados, nos planetas, pelo Sol ( 3%) © pela Lua ( > ). Sua acaio reefproea da nasei- mento aos quatro elementos representados na ernz (+) b Saturno éa Lua dominada pelos elementos @ Jupiter sao os cleinentos dominados pela Lua. # Marte € a parte ignea do signo zodiacal de Bélier, relativa ao Sol. @ Venus é o Sol dominande os clementos. 4 A shitese de todys os signos precedentes é aio, _con- tendo 6 Sol, a Lua e os elementos, . Se até agora ndo vimos « aplicagio pratica de todos esses simbolos, a partir de agora nés a veremos. Mas antes vamos waduzir em linguagem geométrica as primeizas frases da Té- bua das Esmeraldas: F Se SY Nee A verdade nos trés mundos a fis E que em cima é LN como embaixo VW Para cumprir os milagres de uma.s6 coisa a E como todas as coisas vieram do Uno (~) Assim todas as coisas nasceram dessa coisa tnica por adaptagio (a cruz 6 0 BA simbolo da adaptagio) ir Se desejassemos falar Iongamente das histézias simbélica: teriamos de nos reportar a toda mitologia. O plano de tra- balho que nos tragamos impede, no cntanto, incursdes em campos distantes, quase infinitos, Mas niio_queremos_terminar_e: sem citar al — re ee guns"frechos que mosiram_clarameute o gtanto erraram_oS tradutores da_Bihlia, tomando scus originais num sentido pur Jamente Tieral. “Fabre WOlivet_Tevantou- Saint-Yves_d’Alveydre esclarecen_mmita_coisa_e reabilitou 9 feasamento de Moisés. “Para inocentar o legislador dos hebreus das cabinias teolégicas de que ele foi objeto, pego ao Seitor que levante comigo © espesso véu de que falei paginas atrds. Tal como o IVE masculino e feminino, Adgo possui uma significagio bem mais vasta do que aquela formulada pelos naturalistas que tentaram exprimir a forga cosmogénica especificada no surgimento do homem. Adio é 0 hierograma desse princfpio universal © repre- senta a alma inteligente do universo, o verbo universal que anima todos os sistemas solares, nfo apenas os da ordem visivel mas os muitos outros da ordem invisivel. Quando Moisés fala do principio motor do nosso sistema solar, ndo é de Adio que ele fala mas de Noé, Sombra de IEVE, pensamento vivo e lei organica de Aloim, Addo é a esséncia celestial de onde emanam todas as humanidades passadas, as presentes © as futuras, no somente aqui mas na imensidade infinita dos céus. £ a alma universal da vida, Nefeque Haid, dessa substan- cia homogénea, que Moisés chama de Adamd, 0 que Platao chama de Terra superior. Expresso literalmente 0 pensamento cosmogénico de Moisés, pois tal é 0 Addo dos santudrios de Tebas e do Bae- reschit, 0 grande homem celeste de todos os antigos templos, da Calia aos confins da India”. (Saint-Yves d’Alveydre, pag. 135, Adam). “A famosa serpente do pretendido jardim das delicias nao significa outra coisa, no toxto egipcio de Moisés, do que aquilo que Geoffroy Saint-Hilaire exprimiu (atragao de si por si mesmo): Nabash, a atracio original, cujo hieroglifo era uma serpente desenhada de um modo particular. A palavra Haroum designa o famoso Hariman do pri- meiro zoroastro e exprime o arrebatamento universal da natu- reza, causado, pelo principio precedente”, (Saint-Yves, Mission des Juifs, pag. 136). 96 “Quanto ao Edeon, cis o que ele significa no texto hermé- tico de Moisés, monge de Osiris: Gan-Bi-Heden, morada de Adio e Eva, representa o orga- nismo da esfera universal do tempo, a organizagio da totali- dade do que é temporal. Os famosos vios que sio quatro em um 86, isto é& que formam um quaterndrio organico, no stio o Tigre, o Eufrates, 0 Tibre, o Sena ou o Tamisa, uma vex que os dex primeiro capitulos de Moisés so uma cosmogonia e niio wna geo | grafia, Esses pretensos rios so fluidos universais que partindo de Ga, a poténcia orginica por exceléncia, inundam a esfera temporal, Heden, o tempo de Zoroastyo, posta ela mesma entre duas eternidades, uma anterior, Kaedem, outra poste- rior, Gholim.” Vanos mostrar, enfim, segundo a etimologia fenicia de alguns nomes mitolégicos gregos, a realidade da importancia dos nomes préprios para exprimir racionalmente a maior parte dos mitos antigos. Euridice Euridice (evpudixr) $3872 Visio, claridade, evidéncia. 0 que mostra ou onsina aspectos do bem, “O nome _de Euridice tem-se_prestado a confusdes. Da lenda gue cerca seu nome pode-se deduzir que o homem nfo pode perceber a_verdade, antes de estar iluminado interior, mente, sem o risco de perdéla ém seguida, Se cle ousa con templala_de dentro das da razio, cla se dissolverd ante seus e que foi_pordida¢ Teencontrada” Helena — Paris — Menclau Helena =f bon ldéia de esplendor, de gldria, de (aluay) clevagio. 97 Paris MolJZ)(Bar ou Par) Toda geragio, pro- Thais pagagio, 9 ser prinefpio, FP (Men) Tudo que determina, re- gala, define alguma coisa. A facul- dade da razio, a medida. mensura). WIN(Aosh} Ser prinefpio agente, diante do qual se coloca o prinefpio para ex- primir relagiio genitiva Menelan. Mevehaos | Meneh-L-Aosh. Faculdade racional ow reguladora do ser em geral, do ho- t mem em particular. Sentida de alguns nomes préprios tos WIN ({Aés) Um ser princfpio, proce- dente da letra hemantica que é 0 signo da perfeigio. Hewes LL precedido de aR exprime tudo que domina. Acipuw (Anu) A Terra, reunida & palavra wv , a existéncia, Eav (Aww) IN Principio de vontade, ponto central de desenvolvimento. JT (on) A faculdade_geradoza, Essa tiltima palavra significa, mm sentido restrito, uma pomba, simbolo de Véaus. E£ o famoso Yoni dos indianos, o mesmo Yin dos chineses, a natureza plastica do universo. Dai veio o nome Jénia, dado & Grécia. WN (Foe} Boca, voz, linguagem, dis- Poesia curso, (Toujoes) we = (Ish) Um ser superior, uma figura Deus. 98 Apolo Dionisio ( Scorucos) Orfeu Heéreules £ AUN (Ad ou Ap) junto & Welon. O pai ) universal, infinito, eterno. f Aves O deus vivo (genitivo), | veosg © espirito do entendimente. © entendimento do deus vivo. SUIN) (Aur) Luz. | NDT (Kojo) Aguele que ensina, prece: 4 dido de ev (bem). Aquele gue aponta & Ine, | “PTT oO PTW Harr ou Sharr) Exceléneia, soberania. | Ss O todo. (Fabre Olivet) 99 CAPITULO V Expressto analitica das idéias — Quadro de analogias — A magia — As dez proposicées da “Isis Revelada’, por H. P. Blavatsky — Quadro mdgico do quaterndrio de Agripa — A astrologia — Leitura dos quadros analégicos — Adaptagao do terndrio 7 N es métodos empregados pelo iniciado para exprimir suas idéias, nfo vimos até agora qualquer mudanca na forma goval da exposigéo, O valor dos signos_empregados varia ¢_nisso consiste_todo_o_método, Que fazer para descnvolver as re- lacgdes existentes entre os assuntos tratados ? Veremos, com freqiiéncia, percorrendo um tratado de ciéneia oculta, frases como esta: A dguia se assemelha ao ar. A frase é incompreensivel, se nao possuimos dela a chave. Essa_chave consiste num método de exposicao estabelecido sobre o método geral da céncia ocufta, a analogia. Esse método_exprime_as idéias de tal modo que permite ao_observador entender a relagao_existente entre a Ici, o_fato 2o_abservador | Telagdo_ex entre a Te 7 20 principio fundamental do fendmeno observadc Uma_vez conhecido o fato, podemos logo descobrir a I ue_o tege @ as relagGes entre essa lei e outros fatos, Com 101 duas coisas (fatos) analogas a uma mesma terceira (lei) sio andlogas entre si, pode-se determinar a relago. existente entre o fato e qualquer outro dos fendmenos. Esse_método_analisa_e esclarece_as_histérias simbdélicas. Ele Cempregado apenas nds templos ou entre aluno e mestre. Ele se basefa na construgao de quadros dispostos de uma certa maneira. Para descobrir a chave do sistema, vamos reconstituir todas suas pecas. Assim, por exemplo, apés ler uma histéria simbélica, descubro que ela contém trés sentidos. Primeiro, um sentido positive que é a prépria historia: uma crianca nase de um pai ¢ de uma mie. Em seguida, um sentido comparativo exprimido pelas relagdes entre os personagens (entre luz, sombra e penumbra). Enfim, um sentido hermé- tico e por isso mesmo mais geral (lei de produg&o) natural, o Sol e a luz produzindo Merctrio). A lei geral é a lei do Trés._Os_principios sio_o_ativo, 0 passivo_e o neutro, Para descobrir as relagdes entre os trés fatos: producao da crianga, producaa da penumbra, producdo de Merctirio, escrevemos essas palavras umas sobre as outras, anotando os trés prinefpios, como se segue: + [= (oo Pai | mae | crianga inz sombra | penumbra Sol i Lua | Meretrio Basta langar os olhos sobre o quadro para perceber as relagées entre seus componentes. Todos _os_principios ativos dos fatos observados sio_governados por_um_mesmo_signo, ‘Lodes os fatos sto dispostos na mesma ordem, seguindo uma Tinha horizontal, de tal modo que se 1é 9 quad icalmente, @ se percebem as relagdes_dos_principios entre si; se a leitura 102 ¢ horizontal, poreebe-se_a_relagio entre fatos_c¢_prineipios. Observando sew conjanto apreendemos & Tei geval. eetvando seu Conjunto “aprect cl ge N & x F > ‘OS Sa, & SB SOldIO Ntud Uma consideragao geral resulta di como todos os fatos si governados pela mesma Ici, esses fatos siio antloges entre sie podem ser substituides uns pelos outros, havendo poss bilidade de eseolher, para substituir uma palavra, uma outra palavra governada pelo mesmo principio. Dai a confusio surgida erm alguns espiritos, quando véem dois fatos aparentemente contlitivos ligados entre si, como na frase seguinte: Nosso Merctirio andrégino é filho do Sol barbudo e da Lua sua companheira. Mereéiio andrégino |, : ° . (filho) y 68 neutro Sol barbndo L bo at ve (Pai) j 80 ative Lua campanheira l. , MSc) f € 0 pasivo © cis suas relagdes: + - co Sol Tava Meretirio Pai Mie Filho Ouro Prata Dinheiro 103 Nosso merotirio andrdgino é a crianga do ouro e da prata. Voltemos a algumas palavras sobre a alquimia do capt- tulo precedente tudo podera ser compreendido, Outras frases siio bastante faceis de serem reduzidas, para aquelo_que” conhece suas relagdes, sendo” incompreensiveis para_o profano, Q_algquimista_nao_dira jamais: transformar_o_sélido_em Iiquido mas “converter a terra em agua”. Mas muitas pessoas, ignorantes do sentido glquimista das frases, tomam-nas ao pé da letra, como no caso. Transformards a dgua em terra e separards a terra do fogo. Interpretada_Iiteralmente,.a frase daria um trabalho for- midével ¢ indtil a qualquer experimentador.” Por isso algumas pessoas consi jas_instruidas costumam afirmar que a fisi dos _antigos se resumia_no estudo e no conhecimento dos qua- tro elementos: terra, Agua, ar, fogo. Essos soos que consi- deram_os livros hermeéticos t30 obscuros e sem sentido, Os quadros indicadores das relagdes entre as coisas sio fundamentais na compreensio da magia e da astrologia. Ha tanto preconceito cercando esses assuntos que algumas pala- vras esclarecedoras nunca sio demais. A Magia A magia era_o exercicio de propriedades psiquicas_adqui- ridas"nos diversos graus de_iniciagko, O desenvolvimento da yvontade é"0 fim que todo homem deve ter em mente, se deseja_comandar as forgas da_natureza. Mas isso é possivel Sem divida, embora essa afirmativa possa chocar profunda- mente as concepgdes contemporaneas. Vejamos os fatos. O_mundo conhecido existe dentro de_um outro_mundo desconhecido pelos_sentidos. O mundo vistvel é uma copia desse_outro mundo invisivel, no qual ha seres espirituais divi. didos em diversas classes. Uns, insensiveis ao bem ¢ a0 mal, sio_conhecidos como _espiritos elementares, ou elementais, 104 Qutros, vestigios vitais de homens imperfeitamente desenvol- vidos, vontades perversas_e suicidas, “sao” conhecidos “como espiritos Jarvais. A avidez é sua_principal caracteristica, Esse_mundo, enfim, é povoado por nossas idéias, inqui tas como seres reai: “Cada pensamento do homem passa, no instante em que se desenyolve, a viver como uma entidade ativa por uma fusio com_aqueles que podemos chamar elementaig — uma dessas forgas quase inteligentes da natureza. Essa fusio, ou_o resul- tado_dela, permanece em estado dindmico por maior ou menor tempo, conforme _a_intensidade da_agio_cerebral_que a gero Assim, um _bom pensamento é perpetuado_como_um podér_ativamente benéfico e um mau pensamento mantém-se vivo_como um deménio maligno. E desse_modo, 0 homer povea continuamente, com a corrente que dele emana. 0 espaeo de um outro mundo onde se comprimem. os filhos de sua fantasia desejos, impulses, puleg_ Essa corrnte-atus na roporcao de sua intensidade sobre dindmica, sobre toda orga- nizagao_senstvel, ou nervosa, quo se ponha em contato com ela_Os Dudistas chamam ajsso Shandba, os hinduistas dio-the gnome de Karma” (Kout-Houmi, Monde Occulie, pag. 170 — tradugdo para o francés de Gaboriau}. O agente através do qual se pode atuar junto a essas for: gas_€ a vontade, Vimos no Capitulo IIT que as faculdades humanas séo, por si mesmas, indiferentes ao bem _e¢ ao mal. G-imesmo se dé com os elementais Ocorre _algumas vezes_que_os_scres_humanos abandonam completamente o fa_vontade e procuram entrar em con- tato_com_o mundo _invisivel. E_assim_que as criaturas_per- versas_ganham vitalidade, alimentando-se naqueles que anti- gamente eram chamades feiticeiros e hoje so chamados de médiuns pelos espiritas. A diferenga entre_um mago e wm feiticgiro esta em que 0 primeiro sabe" que faze prevé os resultados do que res 105 ‘ liza, enquanto que 0 segundo n&o tem o menor controle sobre sua_atividade. = © importante ¢, assim, a vontade, e todas as tradigdes antigas sio undnimes a esse respeito, como o afirma Fabre Olivet: “Hiérocles dizia_que a yontade pode influir na _pro- vidéncia, qrando atuando mma alma Torte, assistida do apolo do_céu_e operando juntamente com ele. Essa era parte_da doutrina que s6 chegava aos iniciados, sendo vedada aos pro: fanos. Segundo ela, du qual reconhecemos fortes tagos na obra de Platio, 2 vontade, fortalecida pela {é, pode subjugar @ propria necessidade, comandar a natureza e operar_milagres. Ela @ 0 principio no_qual repousa a _magia dos discfpulos de Zoroastro. Jesus disse através de pardbolas que a fé removia mon-"} tanhas, de acordo com a antiga tradica0 teosofica conhecida em todos os tempos. ‘A retidio do espirito e a fé trimfam sobre quaisquer cbstaculos’, dizia Kung-Tsé. ‘Todo © qual- quer homem pode igualar-se aos sabios ¢ aos herdis cuja me- méria todos reverenciam’, afirmava Mo-Tsé, acrescentando: ‘Néo 6 0 poder que falta, é a vontade’” Essas idéias dos teosofistas chincses sio as mesmas dos indianos e idénticos as dos europens. “Quanto maior 6 a von- tade — diz Bochme — major é 0 ser, ¢ inais intensamente é ele _inspirado, A vontade ea Hberdade sio uma sé coisa” (Fabre POlivet, La Volonté, pag, O54). - % essa fonte de luz, a magia, que tira do nada alguma coisa’ A voatade que segue Fesolitaitente seu euntaho Sate Ela_modela sua_prépria forma_c através dela_a alma recebe o_poder de fevar sna influéncia a uma outra alma, penetran- do-a_mais _intimamente. Com Deus, a vontade pode remover montanhas, fender os rochedos, confundir os Smpios, realizar prodigios, comandar o Gis © 0 mar © aprisionar a7propria morte, Tudo se lhe submeté. A alma que realiza tudo isso nada mais faz que imitar os profetas ¢ santos, Moisés, Jesus © seus apdstolos, Todos os eleitos possuem seinelhante poder. O mal desaparece_em_sua_prosenga. Nada pode acontecer aqnele que Deus habia” (Jacob Bochme) 106 A principal tarefa é concontrar em torno do adepto uma quantidade maior de forga universal, de movimento, por meio do qual clo possa produzir os resultados proporcionais & in- tensidade de suas faculdades psiquicas, “O cérebro humano ¢ um_gerador inesgolavel de forga césmica da melho¥ qualidade, que ele extral da cnergia_infe- rior da natureza bruta; cle @ um centro resplandescente de possibiidades, de onde nasceriio correlagées sobre correlages, alzavés dos seals vindouros. Tal a chave do poder mis: teri ue ole possus, de projetar e materializar no” mundo visivel as lorgas de sua imaginacao, as quais foram compostas wo invisivel com a Materia césinica Inerte. O-adepto nada’ cia de_novo mas apenas emprega, manipulando-0s, os mate- rials que a natureza dispde em grandes reseivas 40 sci redor, a matéra primordial que désde a étemidade vem-se cando_atravésde todas "as formas.” Nao € pi Ther aquilo de que se necessita. Isso nao _pavece™ Mblos o soho de tim lovee © (Kout-Homni. Op. cif. pag. 167). As telagées entre o visivel ¢ o invisivel chegaram a seu limite. Dai o método empregado visando a fixar a vontade nas operagdes mAgicas. Um adepto nio pode produzir wm efeito em oposigio & natureza, um milagre, simplesmente por- que isso nao existe. Para nos explicarmos melhor, eis as conclusées de isis Revelada, de madama Blavatsky: “1 Nao ha milagres. Tudo 0 que acontece 6 0 resul- tado da lei eterna, imutdvel, sempre ativa. O milagre apa- rente nfo é senfo uma operagio de forgas anatémicas, As quais o dr. B. Carpenter (membro da Real Sociedade}, ho- mem de grandes conheci:entos mas pouca sabederia, chama ‘leis bem demonstradas da natureza’, O dr. Carpenter ignora, como muitos dos seus colegas, que antigas leis hoje sio des conhecidas da ciénoia. 2 — A natureza 6 bi-wna: a) natureza visivel, objetivas 107 b) natureza invisivel, oculta, modelo exato e princi- pio vital de outra: c) abaixo dessas duas esta o espirito, origem de todas as forgas, eterno e indestrutivel. As naturezas inferiores mudam constantemente, as mais elevadas nfo mudam nunca. 3 — O homem é também tri-uno: a) 0 corpo fisico, 0 homem objetivo; b) © corpo astral, a alma, é 0 homem real; ¢) os dois sdo fortalecidos ¢ iluminados pelo terceiro, 0 espirito imortal. Quando © homem real se funde com este tiltimo, ele se transforma em entidade imortal. 4 — A magia considerada como ciéncia é 0 conhecimento desses_principios e da via pela qual a onisciéncia ea ont poléncia_pedem ser_adquiridas pelo individuo_enquanto ele ainda estd no corpo fisico, 5 — O conhecimento dos mistérios constitui a feitigaria; adotada com a idéia de bem, ela constitui a verdadeira magia ou_sabedori: 6 — O médium so opde ao adepto. O médium é 0 instrn- mento passivo das influéncias estranhas, 0 adcpto exerce_ali- bamenie sua poténeia sobre si mesmo e sobre as poténcias inferiores, 7 — Tudo_que é foi ¢ serd estando estereotipado na luz. astral, o adepto iniciado, usando a viséo de seu. pecprio espi- rito, pode saber todo _o conhecido é todo 0 conhecimento futuro, ~ 8 — As ragas humanas diferem em dons espirituais como diferem em caracteristicas pessoais (cor, estatura et:.}, Entre alguns povos prevalecem os videntes, entre outros os’ médiuns 108 Alguns siio chegados A feitigaria ¢ transmitem, uns aos outros, as regras secretas, que passam de geragio a geragio. Essas regras incluem fenédmenos psiquicos mais ou menos impor- tantes. 9 — Uma fase de habilidade magica é a extragdo cons- ciente do homem interior para fora do homem exterior (corpo fisico). No caso de alguns médiuns essa saida ocorre; mas ela é inconsciente ¢ involuntaria; seu corpo sofre um processo aproximado ao da catalepsia, na ocasiio. Entre os adeptos nfo se percebe a auséncia da forma astral, uma vez que os sen- tidos estio alertas e o individuo parece apenas estar num estado de recolhimento, ‘estar longe’, como se diz. O_tempo e 0 espago nao oferecem qualquer obstaculo &_peregrinagao_da forma astral. O taumaturgo habi} na_cién- cia_oculta pode fazer de maneira que seu corpo Fisieo desa- pareca ou tome a aparéncia que quiser. Isso resulta, natural- mente, de alucinagdes mesméricas ooletivas de todas as teste. munhas. Essa_alucinagao pode ser tao perfeita que uma festemunha chegard a jurar que vu o que na realidade niio Toren Nata louve aon Te Fixagao da vontade irresistivel do hipnotizador ‘no quadro do espirito do “observador. Enquanto a forma astral pode locomover-se_a qualquer lugar, as aparéncias estio sujeitas_a meétodos extrardindrios de transporte. Um corpo pode ser levantado em _condigées magnéticas especiais mas nao pode ir de tim lugar ao outro. A matéria inerte pode, em certos casos e sob certas condigdes, Ser desintegrada © _passar “através de corpos_materiais, como, paredes, para depois ser novamente integrada, “Um organismo Vivo ‘nao conseguiria isso munca, ~ ~ Os partidérios de Swedenborg acreditam e a ciéncia antiga ensina que freqiientemente a alma abandona o corpo vivo e que cada dia, em cada condigio de existéncia, po- demos deparar com esses cadAveres vives. Isso pode resultar de causas varias, como uma dor muito forte, um desespero muito agudo, uma doenga grave, 108 Na carcaga varia pode entrar © residir a forma astral] de um adepto feiticeiro ou um elementar (alna humana de- sencarnada ligada & Terra) ou ainda, mais raramente, um elemental. Um adepto da magia possui, naturalmente, o mesmo poder; mas, exceto quando ele tem a obrigagio de cumprir uma miso importante ou excepcional, ele nao dese- jaré se manchar ocupando © corpo de uma pessoa impura. Na loucura, © ser astral do paciente esta paralisado, per: éntio jf partiu para sempre e 0 corpo esta sob_o dominio de alguma_entidade vampirica em_vias de_desintegracgao, que se agarra_cesesperadamente a Terra da_qual ela saboreou os prazerés sensuals que ela quer prolongar de todo mod 10 — A _pedya angular da magia é um conhecimento_pra- tico_e aprofundado do magnetismo ¢ da eletricidade, de sua qualidade, de sua correlagio ¢ de sua potencialidade, O que é, acima de tudo, necessdrio, é a familiarizagéo com seus efei- tos no remo animal e no reino humano, bem como acima deles. As plantas possuem, em grau elevado, propriedades mis” ticas os segredos das plantas que produzem alucinagées sao praticamente desconhecidos da ciéncia européia, exceto nos casos raros do épio e do canabis. Os efeitos dessas plantas sobre 9 corpo humano sio diagnosticados como casos de lou- cura passageira. As mulheres da Tessiria e do Epiro, as mu- lheres hierofantes dos ritos de Sabdsio, nunca deixaram seus segredos sairem de seu santudrio, Esses segredos sio cuida- dosamente conservados mas aqueles que conhecem a natu- zeza do Soma conhecem também as propriedades das outras,) plantas. Resumindo, a magia é a sabedoria espiritual, a_natureza principio vital _comum preenche todas as coisas e ele pode ser resultado da_yontade humana em seu mais elovaclo nivel © adepto pode estimular o movimento das forgas naturais nas plantas ¢ nos animais, em_grau sobrenatural. Lissas_agGes, 110 Jonge de obstruir_o curso_da_natureza, agem como coadju- vantes, fornecendo as condigées de uma agao vital mais intensa, Q_adepto pode dominar as _sensagdes_e_alterar_as_condi- Ses do compo fisico ¢ astral’ de_outyas pessoas nfo adeptas Pode também governar os elementais como The agrade, Ele 30 Tao pode exercer sua aco sobre o espirito imortal de al- gum_ser vivo ou_morto, uma vez que esses espiritos_sio_as fulgurages da_esséncia diyina _e néo se submetem a qual. quer dominagao estrana” (H. P. Blavatsky). Essa passagem notavel langa luz sobre 0 mistério das pre ticas magicas e sobre os fendmenos relacionados com os espi- ritos. E interessante estudar também as teorias concernentes aos intermedidrios entre o homem e 0 invisivel. Para isso, lan- cemos mao ainda uma vez de Fabre Olivet: “Pitagoras designava Deus por 1, a matéria por 2, ¢ ex- primia_o universo pelo mimero 12, que ¢ a reuniio dos dois outros. Egse numero se formaya pela mulliplicagio de 3 por 4, Assim, esse filésofo_concebia_o mundo como composto de trés_mundos particulares que, encadeados um ao outro em meio a quatro modificagdes clementares, desenvolwiam-se em doze esferas_concéntricas, © ser inefavel_que enchia_as 12 esferas era Deus. Se- gundo Pit&goras, sua alma era a_verdade e seu corpo ela a Iuz_ As inteligéncias desses trés mundos erm primeiramente ! P deuses imortais, depois herdis glorificados ¢ finalmente dem nios terrestres. Qs _deuses imortais, emanagées diretas do Ser _infinito_¢ evar nas sombras da ignoriincia e da impiedade, Os herdis gorificados” eos dembniog terrestres podiam momer para _a Vida divina devido a seu afastamento voluntario de Deus, um@ vez que a morte da esséncia intelectual nao era sen&o, segando Pit&goras, isso imitado por Platio, a ignorancia e a impiedade. 1 Entre 0 Ser supremo eo homem ha uma cadeia imensa de serés intermediarios cuja perfeigao decresce em fungio de seu_Alastamento do principio criador, Todos _os filésofos ¢ seguidores que aceitam essa_hierar- quia cpietual_viam, dentio dessa Teligho” propia, ox_seves ferentes que a compunham, Os magos da Pérsia davam a essa_hierarquia_nomes relativos a suas perfeigdes_e usavam para _as invocar nomes diversos. Os judeus_receberam dos persas a magia, durante seu cativeiro na Babilénia. A esses ensinamentos chamaram cabala. Os caldeus misturaram a magia & astrologia, considerando os astros como seres ani- mados da cadeia universal das emanagées divinas. Essa orenca misturou-se no Egito aos mistérios da natureza e foi_mantida oculta “nos santuarios, distante dos nao iniciados pelos signos de_dificil acesso_que cram os hieroglifos, Pitigoras “concebia essa_hierarquia_espiritual como uma progressio_geométrica, fundindo as leis do umiverso as leis que regem_a musica, Ele chamava_harmonia_ao_movimento das esferas_celestes ese serviu_de ntimeros para exprimir as faculdades dos diferentes seres,_stas relacdes e suas influéncias. Higrocles menciona um livro_sagrado_atribuido_a_esse f#lésofo, na_qual a_divindade vra_chamada de Numero dos Nimeros. Platéo havia considerado, alguns séculos depois, esses mesmos seres como idéias ¢ tipos, Ele tentou penetrar sua natureza, submetendo-os a dialética e & forga do pensamento. Sinésio, que associou a doutrina de Pitagoras a de Platio, chamaya Deus de niimero dos mimeros e idéias das idéias. Os gnésticos davam aos seres intermediarios 0 nome de Eons. Essa palavra, que significa em egipcio principio de vontade, desenvolvendo-se por uma faculdade prépria, inerente, ¢ usada em grego como referéncia a uma duragao infinita.” (Fabre dOlivet, Vezs Dorés de Pythagore.) Para mostrar até que ponto essas relagdes eam desenvol- vidas pelos antigos mestres, vamos reproduzir um dos qua- dros mAgicos de ‘Agripa, o relativo ao quaterndrio. Veremos como os principios, as leis ¢ os fatos sio alinhados em quadros 112 andlogos. Veremos, por exemplo, por que, para comandar os espiritos do ar é mecessdrio uma pena de Aguia (Eliphas Levi, Rituel de Haute Magic) segundo as relagées analdgicas © tentes entre o elemento e a ave. Tudo isso consiste num método para fixar a vontade, Onutra questio que devemos abordar antes de prosseguir & a que se refere & predigio de acontecimentos futuros, A ciéncia divinatéria por exceléncia é a astrologia. Sendo tudo analégico na natureza, as leis que guiam os mundos em seus cursos guiam também a humanidade, o cérebro da Terra, ¢ os homens, células da humanidade. Mas o_império_da_von- tade € tio grande que cla pode chegar a dominar a _neces- sidade. Dai_a seguinte formula, basica na astrologia: Astra_inclinante, non_necessttant. A_necessidade, para o homem, deriva de suas agGes_ante- riores, daquilo que os hindus chamam de carma. Essa é tam- bém a idéia de Pitégoras e portanto de todos os santudrios antigos. Fis a sintese do cama: “OQ nirvana, explica o Isis, significa a certeza da imor- talidade individual em espirito, nao em alma, Esta fazendo parte de uma emanagio finita, de aspiragées e paixdes em yelagéo a qualquer forma objetiva da existéncia, as quais devem se desintegrar antes que o espirito imortal, fechado no eu, esteja totalmente livre ¢ portanto garantido contra toda nova transmigragio. Como_poderia_o _homem_atingiy esse_estado_ndo tendo ainda sumido de sua_natureza _aquele desejo de sentir, de viver, revestido ainda o ser do ahankara? £ 0 upadana, ou desejo intenso, que produz a_vontade, que desenvolve a Torga, e 6 Gssa que engendra a mualéria, isto é um objeto com forma. Assim, o eu desencamado fornece Inconscientements condigées proprias a suas préprias geragdes sucessivas, sob formas diversas. Estas dependem do seu estado mental e de eu carma, isto é, das boas e més agdes da exis~ téncia anterior e do que se chama comumente de yugritos ¢ deméritos” (Mme. Blavatsky). 113 snomuy atti i snuseg i wa somguap sa.qsay parenquyy pray yerory | powurig SOALNOU SOLIQUIAC | 5 uoZayey XUSTT oya0g, uoiately outayut Op Soy Pia opryuay wOMsalg aprprsonjediury soxayduror, Be ooqgourpary oupumyeg aU) sao] 3 eanye xr quem yey Ze sos) s9x0UuN onus onuydea ofduapyngy a ore, aopnped ‘orryO | omrewny odtoo op soquawselgy ae? whAo, j Bougpug worn py sopruag, 5 nouguadagy oxmndg) RATIO, ea sturow ‘sopnaaA, ‘gopryuag eISTIUT OBzRY { oyuanrpuay RIU[R BP SopEplyR|Uayog {Sas Sony i Shoutbuaye | “aul Sp tolemasty |} ——_ sored) sopuaiueg | sajuamdsimag | saymepay stuapage vrad 9 oqiunyg rye oyunysa a acqog | euez a omg on sonte yy suqyog Sa20} 9 saquanieg, suyuyd sep sojuauaysy ok onday, uuepeu ony vaeas ang) | argues any | pe ap sod ae snapa STOTT Seyut}g reunuy | Sprayed soysitx ap soserge See [suorpEOy Jeucw ria 19g a1uapng, aqHet¢) opunat op soxist Bae euveing ouzaaty wIOAMUILT ora eduray, Bes 00g ou opt, sop xoyuanngya sassap’ opepyenty ESe ale], wily ty oto, sonusmargy BEEZ] apepunueg apeputay ouvsptct “avy sejsopao soyzomoje sop apepHynd OB | mpasxy sepaysg | cazapy a aeg | sauga 8 seudng | jog o alanyy swjounld 2 Suan oma deg, ROXIO. ! OLB RRg wok, odio | ebueeg Oust soums sop apypondiy, ano, uriysoste'] oyuaum p. sony > pny ‘ueutey], munky ovety opepruus ap siuuroy a6 uy Bie, surqniands suryerag sopaMO[a Sop ayaycy 3 B youg) yauguy prey ana ngo op sotuy i | u e odngnbay vaoy ay ‘0902 sojuauaja sop pyugpuodsassoa ap vipusaypnb pypos: aja sop moUugpuol P PHY PST 114 Fo conjunto_desses méritos ¢ deméritos que constituem, para ‘o homem, « necessidade. Poucos sabem diiga sua von- tade_de tal maneira que ela_possa influir em seu destino. “Q_inturo é feito _do_passado. Isso significa que_a_rota que _o homem percorre no tempo _e que ele modifica pela sua voniade livre, ja foi_por ele percorrida_e modificada’ Do mesmo modo, para usar uma imagem diferente, que a Terra descreve sua drbita anual em volta do Sol percorrendo os mesmos espagos. $eguindo ume rota que cle proprio eacou, o homem pode nfo apenas prever onde o levam seus passos, como ainda prever os objetos que vai encontrar, uma vez que ja_os_vin. © principio proposto, de que o futuro é apenas uma volta do passado, seria insuficiente para conhecer hom a astro- logia. Fo necessdrio um scgundo principio, segundo © qual a natureza & sabidamente a mesma em toda parte, sendo sua agio uniforme no menor nivel como no mais alto nivel, Este principio trazia 4 tona dogmas antigos sobre o de- senvolvimento do universo, em geral e em particular: dogma ensinade em todo canto da Terra, segundo o qnal o nio apenas 0 grande todo, mas todos os inumeraveis mundos que séo como seus membros — 0 edu, o céu dos céus, os astros, os sexes que os povoam, as plantas ¢ os metais — so pene- trados pela mesma alma e pelo mesmo espirito. Stanley atri- ‘bui essas idéias inicialmente aos caldens, Kircher atribui ess dogmas aos egipcivs ¢ 0 sdbio rabi Maimdnida remont: aos sabeus” (Fabre d‘Olivet, Vers Dorés, pag. 273) Pesquisando a origem dessas idélas, veriticarnos que, como toda sabedoria antiga, cla existin espalhada por to Terra, como podomos ver a seguir, ainda na palavra de Fabre d‘Olivet: “Deixai_que os _loucos ajam. Sem _fim_e sem causa, Deveis, no_presente, contemplar o futuro. Isto _é deves considerar_quais_os_resultadys dessa_ou daguela ago e imaginar que esses resultados dependem de 115 ti, de tua vontade, embora eleg ainda estejam para _nascer Tomando-sé_dommio da necessidade_nd_momento da_acao, Reflitamos sobre algumas idéias de Pitagoras. Ali encon. | traremos as verdadeiras origens da ciéncia astrolégica dos antigos. Os egipcios, caldeus, fenicios, néo separavam essas idéias das que regulam o culto dos deuses, Seus templos eram uma imagem resumida do miverso ¢ a torre que servia de observatério erguiase ao lado do altar de sacrificios. Os | primitivos habitantes do Peru seguiam, a esse respeito, os | mesmos princfpios seguidos pelos gregos e pelos romanos. Em | toda parte o grande pontifice unia ao sacerdécio a ciéncia | astrologica. Entze os etruseus, essa ciéncia era guardada como | segredo de Estado, tal como na China, no Japio e em Roma. | Os bramnanes sé a confiavam a umas poncas pessoas. ul Ei facil compreender_que uma ciéncia universal, ligada em todo lugar as coisas que os homens sempre consideraram santas, nao pode ser produto da loucura_ou da estupidez, como _repetem os _moralistas. A antiguidade nfo era _louce ou_estipida, nem sua_cién ta_clen: cia_é inexistenle sO porque nose hoje deseonhecidaou_po gue _difere do que a “como cieneig™. O alfabeto da astrologia Neste tratado clomentar serd impossivel aburdar, em detalhes, assunto to vasto e complexo quanto a astrologia. Daremos avs interessados alguns quadros que Ihes permitiris uma boa orientagio, Solicitamos a esses interessados que pro- curem aprender com 0 coragdo, mesmo quando vejam obs curidades momenténcas, Outras obras poderfio esclarecer ainda melhor o assunto, tais como o Traité d'Astrologie Judi- ciare, de Abel Haatan, e © resumo de Selva. Para estudar as 116 relagdes entre a astrologia e a magia, veja-se nossa obra Traité Elementaire de Magie Pratique, paginas 228 e seguintes. PLANETAS cous | piss a semana | sterais Saturna Negra BAbado Chumbo Tpiter | | Am | Sextacfeiva Estanho | Mate | oo Vormelha | ‘Tergacfeira | Fervo | Sol x Amarla Domingo Cun | Venus | @ | Verde | Quintavfeirn | Cobre | Mereirio | 8 Multicor | Quartafeira | Meretxio | Lua D> Branca, | Segunda-feira “| Prata_| Planetas masculinos: Saturno, Jupiter, Marte, Sol. Planetas femininos: Vénus, Lua. Planeta neutro (masculino com masculino, feminino com feminino); Mercurio. Planetas benéficos: Jupiter, Vénus, Sol. Planetas maléficos: Saturmmo, Marte. Planetas neutros: Meredrio, Lua. Partes do céu moradas dos planetas Casa principal Casa _secundérias ou diuma ou noturna Saturno Capricérnio Aquario Jépiter Sagitario Peixes Marte Aries Escozpiaio Sol Leao — Venus Touro Libra Meretirio Virgem Gémeos Lua. Cancer —- dz Os signos do zodiaco (ver pagina 51 da obra de Abel Hasstan) Signos do Fogo Aries Leio Sagitario da Terra Touro Virgem, Capricémio * do Ar Gémeos Libra Aquaria ” da Agua Cancer Escorpiio ——Peixes Situagao respectiva dos planetas (Signos correntes ) KE vai Angulo de 30 graus entre os planetas xX Séxtil > 60 . [J Quadratura . 90 . AN Trino ” 120 ” Quinconce —* 150 ” ad Oposigao - 180 » Quando, em.c msagii¢ncia de_perseguigdes exercidas pela poder arbitrario, os iniciados foram obrigados_a_salvar_os prinefpios dle st sua clénela, eles_compuseram um livro misterio: arcana, © pennitiram a Teitta “Fosse livto to anno profano wirdando & chave de seus _significados. Os alquimistas ofheceram o sentido mais profundo dese Tivro e muitos dos s¢us tratados, entre outros as doze chaves de Bazile Valentin, sio baseados exatamente na sua interpretacdo. Guillaume Postal, reencontrou aquele sentide perdido e o chamou de génese de Henoch; os rosa-cruzes também obtiveram aqueles segredas e os grandes iniciados como Saint-Martin recebe- ram-no de outros. Melhor desenvolvimento disso pode ser encontrado no Rituel de Haute Magie, de Eliphas Levi 118 Mas vamos examinar rapidamente as ciéncias para as quais os quadros analdgicos sio indispensdveis. As historias simbdlicas representam o sentido positivo das verdades enun- ciadas; os quadros corvespondem ao sentido comparativo e a andlise as suas verdades. Agora vamos estudar os signos que correspondem a sintese. Resta antes elucidar duas questées: a construgio ¢ a lei- tura desses quadros. Para construir um quadro analégico € necessério determinar um algarismo (1, 2, 3, 4 ete.) do qual © quadro € o desenvolvimento. Assim, o quadro abaixo é construfdo sobre o algarismo 4. Teremos tantas colunas quan- tos so os principios estudades, Sob o nimero trés, tomemos os seguintes elementos: Osiris Isis Horus Pai Mae Filho Sol Lua Merctrio Luz Sombra. Penumbra Fogo Agua Ar Constatamos claramente um enunciado nesse quadro, mas ngo sabemos de que os fatos constituem o desenvolvimento. Assim, torna-se necessario acrescentar uma.cohima suplemen- tar ds colunas precedentes, na qual escreveremos aquilo que, nia caso, nos falta. 1° connna COLA conuva | ConmNa SOPLUMBNTAR POSLTIVA ATA NEUTRA Deus segundo ox egipeios Osttis Isis Hérus A familia Pai Mae Fitho Ox tes astros Sol Lua Meresrio A claridade fox Sombra Penuumbca Os elementos Poge i Agua Ar Mas todos osscs fates, por mais numerosos que sejam, disp6em-se conforme a hicrargquia dos trés mundos; torna-se ainda necessario acrescentar outra coluna, 9 que eleva a duas 419 o ntimero de colunas suplementares que é preciso acrescentar a todo quadro analégico. Eis o quadro definitivo: LY coLmns COLUNS SUPLEMENTAR | POSITIVA Deus segundo Mundo 05 egincios Ostis Isis Horus arquétipo ‘A familia, Pai Mae Fille Mundo Os trés astros Sol Lu. Merotirio moral ‘A claridade Lu Sombra | Penumbra | Mundo Os elementos | Fogo Agus Ar material Basta que nos reportemos a tabua de Agripa para ver a utilizagéo desta coluna dos trés mundos, A leitura e a pratica das tabuas analdgicas estio em _gran- de_parte baseadas“na_Teitura “das “tibuas _numéricas antigas, entre outras da tabua de Pitagoras. Tal Teitura ¢ feita a partir do _triingulo-retingulo, conforme se_segue: 1, 2. 3. 4. 2. 4, 6. 8. 3. 6. 9. 12. 4, 8 12. 16. Trata-se_de buscar qual o nimero que da a multiplicagao de 3 por 4. O resultado procurado estaré no Angulo direito Te um tidngulo-retangulp do qual os dois uizos angulos se- ¥io formados polos elementos da mulliplicagio, Gonforme_se segue: 120 Verifica-se que o resultado 12 estd no angulo direito do bifingulo-retingulo. Basta aplicar essas premissas a uma tébua analigica para formar estranhas frases para quem n&o tenha a chave, como: Osiris f= Horus Pai. Filho Luz Sombra, Penumbra Fogo Agua Ar 1 frase: Osiris € 0 Pai de Horus 28 frase: Osiris 6a Luz de Hérus 28 frase: Ostris 6 0 Fogo de Horus Parece-me imttil insistir a respeito das miultiplas combi- nagées que podem advir desse modo de escrever. Pode-se virar o Angulo dircito do triangulo, dirigindo-c, por exemplo, para a palavra Horus ¢ ler a seguinte frase: Osiris Hérus Penumbra Hérus & a Penumbra de Ostris, frase bastante obscura para quem no conhece a chave. O método ou ldgica do ocultismo — A analogia e as tdbuas analdgicas(!) / aS. mente contrarios 12 vol. in (1) Tirade de “Ocultisma @ Espivitvalismo” por Papus 18 da Biblioteca de Filosofia Contemporinea — Alcan Editor. 121 opinbry : t | Ue : eagamneg aang) nT opereduray, i oanisog x07 agate | ! opdenty | apeponyarg SL | ay Pepa tb orusrauie yy no aH wa seiog pur Huy 1 oypauag ! Pane Paugpayseoun) | | seamgpem jaar] soydhuns $0: paaiaa omayy | | ure owes [mledan ouayy nay apo, anyuay doce) ‘whose ff pau Los sosisy sop a esa, aiuasaig i pmpungorg equomudu0g HOON) i LOSLANCT | ORSEART (IgaR}ONN OPUO compa, copra py opinayd yyy py : wey ax tend a¢ as BR} won y ‘epey any oqian Op SBOsse, a T Vv yep ond G qr OP a mua, : (PPP WSK apepyrssne) ost : 2000TY, sore oui : muoxt, ' wag eumnage SnpunE So opunas snaql oroly Ss] SUEO sopdiia so opunsas snag] | ouarp opunpy oqung op.ydsy oui , | gumjsua 80 opungox sha 8 a aig wa p KL stop sop — i + | apepran ey opinper OMLY-OALSISOE sa05vise, SOGNAIS OAISSVE-OALLVOAN SUNVaIOLIALWa OMAN | soaupsoduajuas sojusundayued son ouputar op sagdvidupy smunspy Pa mesma forma o dle ea Agua sao considerados coma impossiveis de misturarem-se intimamente. Apenas se cons fazer_deles_uma_emulsho, na_qual_as moléculas Justapoem-se sem se misturar E, no entanto, basta wm pouco de carbonato de_sédip_para_que esses ois “contrarios_transformem-se_em um salio perleitamente homogéncy, Tal_é v papel do_corpo astral em _velagio 20 leo _espiritual e & Agua material, d: quais faz um sabiig vital; (Pedimos desculpas av leitor por esse exemplo técnica). Tal é também 0 papel _do_inétodo caracteristico_do ocultismo: a_analogia, imtermedidria entre x deducgho_e¢ a indugio, apoiando-se_altemativamente sobre cada uma delas niio se sujeitando as regras especiais das mesmaas. A analogia ‘esta To ligada ao ocultisino como método, como a pele ac carpe, Entretanto, o emprego desse métody pressupde uma _ha- bilidade muito especial para evitar uma queda_no excess imaginagao, e ama vigilincia de todos os qnslanics para _pro- dui resultado série, E af que us ndmeros prestarfio ser- vigos seguros ¢ ¢ de se lamentar que os livros de Buclides sobre cles nfo teuham merecido a gloria que foi dada aos seus livros sobre geometria, Q_melhor mudo de mostrar o_que é o método analézico consiste_ainda_om_empregé-lo ei aumerosoy excmplos,dis- eutindo os resultados obtidos. Eo que Teenos THlaTpar wos para fazer, awe A lei geral da analogia & assim definida pelo Trimegista (que engloba para ués 0 nomic coletivo da Universidade do Egito) na Tébua de Esmeralda: “O gue est& no alto 6 como...... eee oe % que esta embuixe Para cumprir 0 milagre da unidade” Reparem bem que o autor da Téiua de Esmeralda dis- ingue de modo absolute, ¢ desde o inicio, u analogia da si- 123 militude, 0 que consiste © erro dificil de evitar pelos princi- piantes. Uma_coisa_andloga a uma outra _quase nunca é se- jelhante."A_analogia da constituicio do homem em trés_prin- Uploss esp espitito, corpo ¢ alma com a da constituigio de uma equipagem de cocheiro, cavalo _e carruagem & bastante _ex- messiva para permitir a solugio de curiosos problemas ¢ Deus ‘sabe a pouca similitude existente entre estas duas coisas. Por isso, o Trimegista diz “o que esté no alto é como o que esta embaixo”. E nao diz: “O que esta no alto esta em- baixo”. *” Dessa forma, protesta antes de mais nada contra a in- justa acusagio de panteismo que os tedlogos sempre se esfor- garam em apresentar contra os ocultistas, O primeiro ensinamento da Tdbua de Esmeralda é, pois, a analogia dos contrarios: alto e baixo, que possuem um ele- mento comum, do qual o prosseguimento do texto hermético determina o carater. © segundo ensinamento consiste no retorno a unidade desses contrarios, ou a sintese unindo em si mesma todas as antiteses inferiores e isso é 0 principio da Lei Universal de Hoené- Wronski. Em primeiro lugar 6 preferivel elevar-se do fisico conhe- cido para o metafisico desconhecido, ou melhor, do visivel ao invisivel, a fim de estabelecer um estudo analdgico, o que parece uma ingenuidade, Mas, em ocultismo, o invisivel é tio determinado quanto o visivel e pode-se, a escolha, buscar as formas dadas aos corpos pelo espirito, conforme a formula astrolégica do mesmo espirito (0 que consiste em partir do invisivel para o visivel), ou buscar o carater astrolégico do espirito conforme as formas do corpo (0 que consiste em partir do visivel para o invisivel). Este tiltimo_método 6 @ preconizade por Claude de Saint- Martin _quando_diz:“deve-se_estudar a natureza_conforme a constitigao do homem e nao o homem conlorme a nativeza”. Com efeito, segundo a analogia e sua lel fundamental, o ho- mem, a natureza_e Deus sao andlogos (mas nio_semelhan- tes) _¢_os principios de_um encontram-se_analogicamente no 124 outro, 0 que originou a afirmativa de que o homem era_um pequeno mundo, melhor, um mundo _pequeno (microcosmo € que a natureza era um mundo ou um homem am- pliado, e que ambos reproduziam a lei da _constituicio divina: “Deus fe: em A sta imagem”. His a analogia formulada na_Biblia e eis 0 ponto de partida de todas as analogias entre o_Criador_¢ a criatura, sem que jamais_se_possa_confundir um_com 0 outro. Apresentemos agora um problema que iremos procurar resolver por diversos métodos: Qual a analogia que entre si apresentam os trés segmen- tos do organismo: ventre, peito e cabeca ? O sdbio positivista, procedendo por indugio experimen- tal, estudard os tecidos, os humores, os grupos nervosos exis- tentes em cada centro e desse estudo induziré uma resposta mais ou menos completa. O filésofo, procedendo por dedugdo pura, determinara qual o vinculo hierdrquico existente entre os trés elementos estudados e, disso, deduziré consideragées mais ou menos gerais. Tais métodos so conhecidos, tornando-se initil deta- Tha-los. Vejamos agora como procedera o analogista. Em primeiro lugar colocar4 estes trés clementos de estudo conforme sua hicrarquia bruta: No alto: a cabeca No meio: o peito Embaixo: o ventre Isso feito, buscard em seguida qual a representacio de cada um desses segmentos nos dois outros, j4 que a analogia carece de um ou de varios termos idénticos em cada um dos segmentos, termos os quais trata-se aqui de descobrir. Dira entao: 125 No ventre deve haver um elemento caracteristico do ventre que, por seu lado, deve encontrar-se representado nos outros dois segmentos. Teremos entaéo: 1 — elemento préprio do ventre; 2 — representagdo do ventre no peito; { 3 — representagio do ventre na cabega. Ventre O mesmo ocorreré para o segundo segmento, o peito, que deve ter um elemento préprio e a representagio desse elemen- to em cada um dos dois outros segmentos. Isto nos leva a organizar um quadro analégico de buscas escrevendo em uma primeira colina vertical: Cabega Peito Ventre E em uma segunda coluna horizontal: Ventre... wines Beit cee... Cabega Trata-se de uma espécie de tabua de Pitégoras, onde os elementos de_estudo fazem a papel de nimeros e este era 0 yerdadeiro_seutido dessa _tabua, tal_como a omprogavam os iniciados. Teremos pois um quadro assim constituido: 126 A analogia yai_permitir que completemos as casas ficaram "Vazias ¢ que representam_os_elementos a descobrir, € isto de um modo muito simples. Basta reunir em cada casa vazia dois dos nomes de que esta casa_constitui_a_interse¢ao. (Sistema da tébua de Pitagoras A primeira coluna vertical serd assim preenchida: Cabega na Cabeoa | Cea Cabeca no rom ; Troneo | ~"Proneo Cabega no. Ventre | Ventre Cabega + "Froneo ara OS mumeros, Ventre que Mantido tal procedimento para os dois outros segmentos obter-se-4 0 seguinte quadro Cabeca | CUBE DF vip | Cabeca no Peito Peite Cabega no ‘Ventre ‘Ventre Cabega definitive: Peito na Cabega Peito no Peito Peito no Ventre Ventre na Cabega Ventre no Peita Ventre no Ventre Ventre Basta agora que recorramos & fisiologia e & anatomia para substituir pelos nomes dos érg&os seus caracteres dados pelo 127 quadro e imediatamente teremos determinado a analogia entre os contrarios, isto é: A cabega no ventre eo ventre na cabega: a cabega no peito e o peito na cabega; © peito no ventre ¢ o ventre no peito. eee Os nomes cientificos irfo esclatecer tais analogias de curio- sa maneira e evidenciar 0 rigor do método de buscas que adaptamos a incerteza da analogia quando esta niio é do mes- mo modo determinada pelas intersegdes de varios elementos. Para completar nossos esclarecimentos lembremo-nos que a face é a unidade que resume os diversos aspectos da trin- dade precedente; obteremos entio 0 quadro a seguir, no qual cos termos: Inferior substitui a palavra ventre ou abdome. Médio » ™* peite ou térax Superior ” a cabega eno qual a face sintetiza tudo. A cabega no ventre, ou o superior no inferior é 0 plexo solar; enquanto que o ventre na cabega ou o inferior no su- perior sao os vasos e ganglios linfaticos da cabega. Reencontraremos ai esta analogia entre os ganglios, sim- paticos ¢ os ganglios linfaticos, os primeiros agindo pela forca nervosa, assim como os segundos agem pelas reservas mate- riais. Do mesmo modo encontrariamos outras curiosas analogias que serviréo como material de estudo para os que o quiserem fazer. Se desenvolvemos como exemplo 0 quadro referindo-se ao homem, foi para mostrar que o método analégico é apli- cavel as demais técnicas das nossas ciéncias como é 0 caso da fisiologia. As mais generalizadas aplicagdes podem ser feitas, mas nfo seriam tio demonstrativas como a que esco- hemos. 128 MENDO INFERIOR (Ventre) Injerion no | Sintétieo s & Boca (@ gosto) Inferior no Superior Vasos ¢ gauglios Iinfétiens da cabega | 5 é inferior no Méaio Canal tordcieo Vasux linfaticos: 6BAX. CENTRO DO MUNDO LN enRIOR Estomago, Intestinas, Figade, Bago de anexos) ABDOME wiote (Terex) Navi AMéntio no Superior diidas & artérias cerebrais ORNTRO_ BD MUNDO wap Coragaio Puimdes Médio no Inferior Aorta abdominal Rins AINA DO MUNDO SUPERIOR (Cabega) Superior no Sintético Olbos sensitivos (vista) orethas: fonvide) CENTRO DO MUNDO SUPERIOR Cérebra & anexns Superior no “Medio Plexo. Cardiaea Superior no Injevior Plexo solar coLuNa Do UNDO sintienico (ace) CLNTRO DO MUNDO sINTEIICO A Face O Tato Sintética no Superior Fronte Miisculos mo- tores dos olhos Membros coft- Jicos ou maxilar superior. Laringe (Cabelos barba) | Siniético no Medio Membros toré- cicos N. pneumngas- trio Selos Sinittica no Inferior Membros abdominals N. preumogsis- | ee trica | Orgiios genitais I 129 Daremos um quadro dos trés grandes principios estnda- dos por Claude de Saint-Martin: Deus, 0 homem e o universo, DREN © -HOMEN © UNTVERSG Dens Deus em O Homem © Universo si mesmo: em Dens | em Dens © HOMEM Deus no O Universo Homem em si mesmo, ao Homem © USIVERSO Deus no O Homem | O Universe Universo no Universo | em si mesmo l Cada mna dessas segSes sord objeto de um estudo par- ticular, Observemos no entanto que o ocultismo prega a uni- dade de Deus cin si mesmo © sua personalidade prépria fora do universo e do homem, Assim, fica desde logo refutada a acusagio de panteismo que os tedlogos fazem ao ocultismo. Com_efeito, o _ccultismo estada_stcessivamente_o mate- rialismo, 0 panteismo, o defsmio, para constituir a sintese dos mesmos, determinando _a_expre: igr 2 ha_matese_absolnta, Quando, nas aplicagées que fizemos de um quadro ana- logico, comparames a constitnigao do homem em espfrito, alma e corpo, a de uma equipagem de cocheiro, cavalo ¢ car- suagem, ebjetaram-nos que tal comparacio no seria mais verdadeira quando se tratasse de outros engenhos motores, como, por exemplo, de uma locomotiva. Esta objecao nos foi feita pelo reverendo Bulliot na an- tiga Sociedade de Estudos Psiquicos, presidida pelo cdnego Brettes e onde os tedlogos deveriam encontrai tos das ciéncias contempordneas. Para responder a essa objegtio @ a ontras do mesmo gé- nero, tomaremos a liberdade de dar trés quadros fiteis na aparéncia: a equipagem, a locomotiva e a bicicleta, se com os adep- 130 Os ccultistas um tanto avangados poderao aplicar tais quadres 2 analogias muito interessantes © bastante distintas. zottracin | cocneme cavsio | caniensevia cocnsiro | Coeheizo, ele | Unio do Cayalo Unite da Car mesin do Cockeira , rnagem @ do | Freio. . Cocheiro Caheoa, Véraz, | Cabega do Cavalo Luger do Cochei- Ventre ro na Cabega(!) da Carrusgera cavalo | Unilio de Cochei- Cavalu, cle Unifu da Cars | 10 ¢ do Cavalo mesmny imagem e dv i | Cavain Rédeas e brages | Pates, Corpo, | Lugar do Cayalo di Cockeina | Cabea ow Corpo da Carruagem carRUacnat Unio do} Uniia do Cavalo | Carrungem, ela | Cocheiro eda 4 ¢ da Carruager | mesma | Garraagem | | Estrutura | Assento, Pernas | Varsis ¢ Corpo | Varaix | Hodas e Freios | waguisisns | Maquinjsta, ele | Unio do Motor Unido do ! mesmo, ‘ edo Veivulo ¢ do | Maquinista | Maquinist : | Manémetzos © Engar do ‘ i valvulas | Maquinisi« : | Registro de ' agio moron Unido do} Motor, ele Maquinista & mesina —,- Veieulo e do tte Motor | Caldeira, Pisco, | Motor Comarida do eBiela | Inigar do Motor Vapor ‘ i vefeuLo | wv do Unitio de O Veieulo, le Magninista | Motor mesme edo Veieulo |e do Vefoulo | Batratura Preiose vegisira Bielas attwruio | Lngar do Motor dos freis. sobre as Rodas Rodas (1) A frente (N. do To} 13] pisses sobre « constivigio de-quadios analbatos pare evitir dos estudiosos erros e dissabores, pois a_descoberta_do termo_cientifico exato_correspondendo, por um lado, ao scu jugar no _quadro no cruzamento dos dois termos geradores ¢, an outro lado, sendy analégicou_ao_sey_conirario, obriga a Boscas inicinamente poisons, « daha poweo lugar < iavengig puramente imaginativa. Quando se compor os quadros de diversos princépios, pode-se passar a um exerciciv ainda mais interessante: trate se do relacionamento de cada um dos princfpios com todos os sens andlogos nos outros quadros. Dessa forma, pode-se relacionar do modo a seguir todos os quadros aos trés termos até agora dados. Prinefpios Homer Alma Cabega Torax TH Homens = Corpo hema | Cacruagen Vefoulo Bicieleta Determina-se_assim_a_chave real dos _quadros analdgicos a dois, trés, quatro, cinco, sete e doze termos dados por Agripa ha_sua Filosofia Oculta, Cada um _desses termos pode, por si mesmo, dar Iugar_a_um_quadro analogiec e todos os termes postos na mesma_casa_dos diversos quadros_sdo_estritamente analogos entre. si, 132 Desse modo, a analogia vem apoiar a dedugio e a indu- gio em todas as obras ocaltistas. A grande dificuldade para S_emprego desse método esté, como diggemos, em nao con- Tanda anelogia_com a similitude c em nao crer_ que duas “coisas andlogas sho forgosamente semelhantes; assim, o céré- ro © 0 coragao sao andlogos em _ocultismo, e estao longe ser semelhantes. Tsto_pertence a doutrma das correspond&= cias_a_respeito da_qual ja dissemos umas palavras. Siio ana. Togas as coisas colocadas cm uma mesma coluna de corres: pondéncia ¢ o carter da analogia é determinado pelo sentidg Dessa forma, segundo a anatomia filoséfica de Malfatti de Montereggio, o cstémago, 0 coragio e 0 cérebro repre- sentam um pape! de embrides, respectivamente para cada um dos trés centros: abdominal, tordcico e cefalico, nos quais eles estio contides. Tais érgiios siio pois andlogos entre si confor- me esta fungdo. Mas pode-se estabelecer a analogia que pos- suem por outros elementos de apreciagao. Com efcito, se con- siderarmos esses trés érgaos sob o ponto de vista das suas fungées gerais, constataremos que o primeiro recebe direta- mente do mundo exterior os alimentos; o segundo, o ar at- mosférico; ¢ 0 terceiro, as sensagdes. Existe pois uma_analogia do_ponto_de_vista_da_recepefio Cie near oontribuieno exterior e esta analogia dos _trés_clementos_de_contribuicdo. os alimentos, o ar e as sensagGes existe igualmente entre eles, porque a analogia de duas coisas entre si_determina_a analo- fia_de todos _os constituintes dessas duas coisas, Verifica-se a elasticidade consideravel deste méiodo que, sob a sua apa- rente simplicidade, é muito dificil de manejar com sagacidade e@ precisao. A_analogia é o méiodo teérico que os ocultistas reservam para suas buscas concernentes ao plano fisico e ao mundo das Teis. No entanto, a analogia sb permite se ter luzes de segunda mao a respeito do mundo dos principios e a respeito das cau. fas primeiras, Para penetrar nesse plano, os ocnltistas de pri. tica_avancada posstiem um método de visio direta no mundo ‘yisivel, outrora_cultivado_cuidadosamente nas escolas de pro- 133 fetas, uti ado dep ois pelos extdticos e os misticos e conser- ‘Giedadles chinesss, por ratamidades biamdnioas ou por envia- dos dos planos_superiores, Ainda aqni, 0 ocultismo, que nos havia aparecido quase como um simples sistema filoséfico, escapa bruscamente ao método geral, para fazer apelo as mis- teriosas préticas das quais deve seu nome e também muitas das ridiculas calinias divulgadas a seu respeito por ignoran- tes ou sectdrios. Este segundo _método tem sido quase que exclusivamente utilizado para as pesquisas concernentes a alma € suas traustormacdes depois da morte, bem como aos seres espirituais que povoam os diversos planos invisiveis do uniyerso, Apolénio de Tyana, Jacé Boehm, Swedenborg sao, com Claud de Saint-Martin c seu mestre Pasqually, os. mais cenhecidos filésofos que empregaram tal método, o que levou a classificd-los entre os misticos. A_umifo _da_analogia_e da_visio direta_deu_nasciments AO. emprego_d dos_numeros dos simbolos tal como 0 praticam vs _ooult ‘eito, e L empre; ja_analogia fora sito podia trazer, a cabal yeio dar um_precioso instrumento de controle nos niimeros e ua sua concepeao_simbclica, Cada ntimero responde, eletivamente, a wma _idéia_ e a um_hieroglifo_caracteristicgs, enquanto que ai leis das combinagdes dos mttmeros verificam a combinagao dos simbolos ¢ das idéias. Encontrar-se-& nas obras dos pitagoricos e nos livros de Euclides consagrados aos mimeros, que sao particularmente dedicados a esse géncro de aplicagdes, inte- ressantes ensinamentos a tal respeito, Plutarea resumiu alguns em seu Tratado de Isis ¢ de Osiris, E por este tratado que temos nogio dos mimeros triangulares © losangulares admitidos pelos ocultistas em igualdade de condigdes aos ulimeros quadzados © etibicos. No comego do capitulo demos aplicagbes diversas deste método, suficientes para que nos parega imitil volver 20 assunto. Esclarecemes ainda um dos misteriosos processos empre- gados pelos inicindos para manifestar suas idéias, Temos tam- bém alguns dados relativos a duas das maiores ciéneias do 134 santudrio: a magia e a astrologia. Prossigamos nossa rota ¢ vejamos se seremos tao felizes no estudo da mais secreta forma que envolvia o ensino da ciéncia oculta: os pantdculos ou f+ guras simbdlicas. Mas primeiramente resumamos mum quadro do Trés alguns dos conhecimentos contemporineos. fal qua- dro poderia ser muito aumentado, mas pensamos que os exem- plos dados serio suficientes para esclarecer o leitor. 135 CAPITULO VI Da expressito sintética das idéias -- Os pantdculos —- A serpente e a sua significacdo — Método de explica- cdo dos pantéculos ~ A crux — O tridngulo — O signo de Saloméo — A divisa de Cagliostro — A 21.” chave de Hermes — As trés linguas primitivas — A esfinge e sua significagdo — As pinimides — O pentagrama — © tridngulo retdngulo e o licro chinés Tchen-Pei O iniciado pode dirigir-se a todos expressando suas idéias por melo de historias simbélicas correspondentes ao fatos © sentido positivo. Muitos compreendem ainda, se nao 0 sontid as palavras que ‘compéem os quadros analégicos dentes as leis ¢ ao sentido comparativo. ao menos correspon- A compreensio total da derradeira lingua que 0 iniciado emprega é reservada somente aos adeptos. Munidos dos elementos que possuimos. pedemos _entre- tunto_abordar a explicagio parcial deste método sintético, a derradeira ¢ a mais clevada_das _cléncias_ocultas. ‘al_expli- cagio consiste em resumir exatamente, em um Lmico signo, os fatos, as leis ¢ os _principios correspondentes 4 idéfa_que_se quer_transmitir, Este signo, verdadeiro reflexo dos signos naturais, cha- ma-se um pantdculo, 137

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