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“a divida impagavel: lendo cenas de valor contra a flecha do tempo” denise ferreira da silva “a divida impagavel: lendo cenas de valor contra a flecha do tempo’ denise ferreira da silva * ‘nate unto # oda. us meee. Eames de ee ‘ss ras Fot‘anbsmo de emaueancontel us =oda am qu be me (ren sa sls praia ve ste. Bule ‘Quando se encontram pela primeira vez, Rufus é uma erianea, um menino de ‘no maximo 9 ou 4 anos, se afogando no rio enquanto & margem, sua desesperada :mie gritava por socorro. Quando Dana finalmente rompe 0 vineulo matando-, Rufus é um homem que herdot a fazenda eos escravos de seu pai, que decid agireomo dono de escravosforgando-a a ser su amante. Por sis wezes Dana é foreada a voltae no tempo para a Maryland do pré-guorta Civil dos Estados Unidas smas dessns jornadas sto, Dreves, outras parecem durar o tempo de toda uma vida. F de certa manera, & ‘sso. 0 tempo da vida de Rufus. Contudo, & também 0 tempo de vida de Dana: sua estendidae expanctida vida intemporal, que perdura através da eseravidio.e ‘para além de sua ordem, estendendo para sempre a obrigagio de manter 9 dono- antepassado vivo, Notavelmente improvivel, o fardo de Dana na novela Kindred de Octavia E. Butler éhistoricamente incompreensivel, Toda vex que a escritoraafro- {da América do Norte, para salvar a vida de Rufus: americana de fiegéo eientifica posiciona Dana no passado para salvar a vida do +0 conceita de dvs impagavel et publica de Documents 16, em Atenas. Cate feted em Pals Charavty ttadugie eta beseads ne versto ample Doni Frreka da Siva, “Acsuruction, do texte que fi pubcada om Quinn Latimer Dicpossossion and Debt: The Fil Logie and Adam Symexyk (Edel. The Documonta (of Global Cita — An induction. 14 Racer. Muniguo and Now York: Presta “American Qusretly 63,n0.3 (Setembro de Publishing. Gstais de apracecer Quinn 2012) Este txt for incimerte escrito para Latimer pels comentanos © sugestoes nz luna spresentagh no evento "Oteedo do yerato em inglés et Arc Packer por Cepakamo", eatcado no deca rover Weds text pre © portuguts {de 2016, no série “Apatite Secety ans the 1. Octavia E Butler ~ Knees (Boston Fotial Others: Integrated World Capitals Beacon Press, 2008.12. Em portugues, {and tho lthagorsia Condon Coordenada por Oetavia E. Butlor- Whedt Lagos do Max Jorge Hinder Cuz Nell Kambour, _sangue Etre Moto Branco (So Paul, and MacpartaTsomou,¢ parte do programa 2017) ‘senkorproprietrio da av de Dana, sua hereina perfoms uma ago que preserva seu presente, sua propria existéncia. Toda ves em que ela reverte a flecha do tempo ~ como o que se toraou aquilo que permite o que aconteceu, cla viola os trés pilares onto-epistemolégicos (a teoria do conbecimento, a teoria do ser e a teoria da ritia) —a saber, separabilidade, determinagio e sequencialidade — que sustentam tempo linear ‘Certamente, toda vez que Dana retorna & Marsland do pré-guerra evil, cla ompe a separahilidade;vivendo como eserava, sta existéncia atravessa tempo linear? Anda que, no sem enstos. As fxidezes do tempo-espago formal assmem diferentes ‘formatos, include a propria pared na qual set brago fica pres durante sua tims viagem de retorno do passado, aps ter esfaqueado seu dono-antepassado, quando ele eotava vielen Ia, Porém, parte des incompreensbiidade desapareee quando se nota como Kindred reencena determinagio e sequencialidade. Toda violagto da separagio do tempo-espago, peas viagens de Duna contra aflecha do tempo, & doterminada por uma ameaga a vida de Rufus eada uma segue a sequenela Linear de seu tempo de vida Apesar disso, embora a vida de Rufus determine a sua relagio ~ «que se desdobra espuco-temporalmente na Maryland do pré-guerra Civil dos Estados Unidos da América do Norte ~a obrigacdo de Dana somente fax sentido se, ignorando ‘ separabilidade, intuigdo liberia imainagao para mover e apreenderaimplicagao profunda (o nivel quintico do emanharamento) de tudo o que aconteeeu e ainda esti porvir na existncia espago-temporal, 2 Pasa mit expen cases ples, 3. Para uma contentuzagson do uso de sale eee se 9 Denes Fecia de Sen "Soe wansversaliade ver Denise Feria Siva Drone som Sepambicnde, 32a Bienae “Towsre Back Feminist Poetics: The SioPauk Irearaa Vva od Jochen Volo ia Quostion| of Alcknss Toward the End Reboueas catiyoge de masta Fundario Bien of the Wold" The Black Scholar 44, no. 2 Sho Pao Sto Pao, 2016 pp. S75. (Summer 2014), gp. 92-94 ‘Segundo a pista de Kindred de que separabilidade,determinagoe sequencilidade sustenlam o canhecmento do que acantece na atualidade (como ¢ acessado pelos sents), mas no em vrtualidade (eam ¢aeessad pola intuigio ¢ pose imaginar mplicagdes profundas, sto, conexes que exceden o espago-tempo. Em se tratando dso, a improbubildade da tare de Dan, (aunter Rufus vivo) esa resoluea mai) ‘desapareoem, assim como sus into descobre que sua dvida com Rufus, sus propia ‘ida no resi somente sobre da. Apesar de Dana nio ter dctrminade sua propia vinda ‘existéncia, manter-s viva éde sua responsibilidade, su fardo—istné, al queela possi ot tem, Apesar de Ruf manter-s vivo se necessirio para asta existéncn fat ele sro dono dea também uma amecaga dicta sua vida, Matando Rufus, Dana bor de uma obrigagio que no Ihe eabia, pone natalie (on espago temp), devido a0 ‘tempo linear, no se 6 responsive pla exst’ncia do prprin antepasda, Mantendo-se viva, contudo, Dana permanece ends aos sens antepsseidos porque, novamente na anata, devido ao tempo linear, dls So responsive pala sa existnea. Quando, Ruts, seu pido a ameaga com vilninttal (stupa e mort) ela pg dvd — bora se da obrigao de mantt-lo vivo; la rompe paradexalmente a ragio pea ecesidads de autopreservagio. Bicaments adivda de Dana éuma divda impagivel: ‘uma obrigagio moral que carregs, mas que aio devera ter qu salar, poisa rdlagio ‘que essa econfigura é media por uma forma jurdica, um io, o que nao se apliea 3s ‘elages entre pessoas (parentesco ou amizade) sto ¢, enbidades moras moderna (iguais€ livre. Eeonomicamente, a divida de Dana émpagivel i quea forma juridica do titulo que sovema areagio econimica (propriedade) dono-sscravo autorzao so da voli total {de modo a extrait o valor total criado pelo trabalho excravo,o que reslla em deseendentes {de eseravosexistindo em escasez. Eno, sim, Dana deve (ticamente) a divida que n30, cabo (cconomizamente) a dla pagar. [Remodlelando a viola sequencilidade de Kindred 0 método aqui ignora a separabilidadee recompleo valor atentando para violéniafundante do capital global Porqué? Por que é projetada camo contribu para um programa deo palo de Asien” Ii, 9.534 10. Ibi, p. 538.11 "Namnedida am que 1. Syeia Wynter, “Unsetting the astelagées socisis que estavam sendo__Coloraty of Being/Power/TuthiFreedom onfiguredos ero rlogdes de dominacSo", —Towerds the Human, After Mn, Is argumenta Qujano, “esses dentidades Overrepresentation - An Argument,” CR: foram consderadesconsttutvas das errquias, lagers © epdis socials The New Centennial Review 3, no. 3 (Fall 2008), po. 257-337, Por ouzo ldo, a eontribuiio de Wynter ao tema da colonialidade do poder & ‘ewoldurada por uma distin etre cigncia ceulura, que assume ares de separa care ‘verdad edcologia Coma ajuda de uma vast sta de trabulnos antropoloyics, ca expe ‘um unversalismo ~ a capacidade humana de produsreesconder desi mesma amas sus exsténciascoletivas sus explicages dessa ou its deseritivos”— que expica ‘eprametetranscenderhirarquia ultras modernas. Para Wynter, clonialiade do over ou raga, 0 destritrhiernquico que govera as esposta europeias moderns “esto ontogica de quem somos, assim com respond esto ética de como deveros ‘vier eagir de modo a tamara modalidade brance/europeia de ser humane como a ‘nia vndadeira apresentagto da que & deft, ohuman. Ela argumenta que, os ditos descritvoseuropeus moderos (ais como prfeit paraiso medical vers a tera ena) ‘econstéto Homem europe como representante de to aguilo que ¢verdaderamente Jmumano, Engunnto so, as modalidades dese de outros pore de deserver ohumane, reprsentam oc autos “nio-humanes” Locamente significant Gaventado pos ‘eropeus)ecuturalment espoctca, “raga esre la, seria portant, de fata terreno io supranatural mas no menos exta-humano (no ugar reoeupado dos traiconais ancestraisfdeuses, Deus, terra)* Apesar ds ites desrivas modernos teram reevanci congenic, para akin diss, seu eto primério ésustentara "estigmatizaio sist@nica, infriovizasio socal e privago material dinamicamente produ’, em particular da populago negra em todo o mun Para Quijanoe Wynter, desde os primsirus momentos do colonialsmo, a fungio a diferenca racial tem sie de faciitar a apropriago europeia do trabalho eda terra ‘nas Américas eem outros lugares no espago global. A diferenga € que para Quijano, ‘a clasiicagio racial estabeloce a Forea de Trabalho propriamente dita (branexs/ ‘europeus) , para Wynter, estabeleceo Humano propriamente dito (branex/europeu}. 12 Ibi, p. 264 14 Ble, Kina, 0 62 13 ti 6268, " 2 ‘Ao pensar por meio da rlagio entre o rucal eo capital suas apraximagbes, no entant, ‘im pouco a ofrecer. De flo, para ambas a assilieago racial eas hiraryuias raciais So exteriors (a) econumicamente, como a propria produsio captalista de valor, que requer trabalho remunerado, para Quijano;¢(b) eticamente, ao potencial (universalista ou "transeultura” ou acultura”) do pensamento europe moderno que ef ex ‘erritris extra-humanos, para Wynter. Por essa azo, ambxs pensadorxsformecem uma descricio da trade colonial, racial capital, acctavel, procsamente porque a ‘emporalidade linear nos forca a conftontaro ponto de partda, que é quo 0 racial, como ‘mecanismo colonial, permanece anterior ao capital global enquanto tl ‘© que proponho, ent, é uma figueneio fractal da triade colonia, racial ‘capital que, a0 vilara separabilidade, fz colapsar ses efeitos (anteroridade € exterior), ao invés de deserev€-la como wns rela, expe uma implicngio _profinda: no rete suas diferengas, mantém peofundamente emaranhadas em/ ‘como/eom uma ea outa. O que deeorre& uma composigo(, enquanto tal uma ‘decomposicio e uma reeomposigio) que expliea aigura da divda impagivel. Porque ‘desenhar a fractal nessa superficie plana é impossivel, 0 leitor tera que eonfiar em ‘mim ~ minha eserita ~enquanto deserevo os movimentos que moalam ess figura, ‘oque échave para desmantelar o capital plobal. Duas simples questoes guiam meu ‘ecercicio: a primeira, como se herda a obrigacao? Ea segunda, porque no eabe Dagar? Minka respost éignorar os pilaresonto-epistemolégicos que sustentam a Aoscrigdo materialist historica da producio capitalsta, O que atorna possivel, como ‘espero tormar evdente, uma figuracio das cenas de valor econdmicas eéticas que cvidenciam a violencia ‘CENAS DE VALOR A DIALETICA RACIAL “Aerdou aoa 2a que mene’ perguras Puts * "Seve cielos”,e ss. “Euro gnso dessa pla, leer? Tons me chara pets ‘unagrouah ase rare a or ao" 280? como ec ps er eet cor ea 0 ub, amo lade epqsecendo eu pera, ro capa, “Eu ou ‘no, Susu. “Sua nagamal” "get, ude" Eaccequ minha em seu praca Aprenteari segotgeeque eta marco. "Ea nie dae qua ac en pargunn coma ect ‘rns ose camaso eke. Eve av 050 gos Es areevC oH S01 agua estargeea. Te oeivesse. ‘raion. tab, se ond eo, pesaas banca enegraspocem se casa” “Eau Masra6 ¢ e onde eros orto, ara ee soconcince 6 oun ae = fsa asi menace ma canes sr armel ane devel, ros no cao coo roa ‘eae. tbrito a cannula soran gute 29 poe Wal eran 9am Spe 0 ‘earestrol aeons ro lapnie eram torr mesa cons a 198, ane sou subnanisa a acarsso da vidas aus ao hana a HocorSStrea ae ‘do so um momar crass que nan sa apna pr skguaciasna. Ofstlao ‘gi aiecn ec para eben pace nino veri came cae um aia Sia Wa, casa um deve aire rier amare dase pa5 ee rao alors ocuo ras co que asi mesmo sausar een se Fe apeserara oreo WF Hager” 15. Bute, Knee, 9.62. Wadusido por Denise Ferra da Siva. Em 18.6.1. F.Hegel, Phanomenclogy of _pertugus:G. W.F. Hegel, Fenomenologe Spit ans... Miler (Oxtore: Oxtors 69 Espino (Parte Ea. Vozes: Petropolis, Univecity Press, 19771, pp. 1-14, Flo ae Jenewo: 1982) pp. 128-129, 8 4 A temporalidade linear, enquantorenderizago da separablidade eda determinagio, respond pelo ofuscamento de como colonial partiipa na produyio do capital Pais a separabildade,difargada cm sequencialidade, sustenta.a deserigio cisica do ‘materialsmo histrico que limita a emergéncia da produ caitalista & Inglaterra do fim do século dezenove. No entanto, a maneira coma separabilidade se torna osuporte primordial do pensamento moderno mio é algo que sera abordado nosseexerciio. AO iavés dss, estou interessda na maneira como funciona em tess sobre o colonial © capital eem como ofsea aquilo que expe asta impliacie. Ao situara tarefs, me permit necapitular a figurago inca da separsildade aticulada na flosofia pelts ‘moderna cissca, que postula a necessidade da lo do estado em restringire punira ‘olEncia contra a hordade (ies) e propriodade juris) indvidusis. Permitam:-me ‘tamsm relembrar como mais tarde, no atmo quarto do séeulo dezenove, a liberdade, Airmemente stead na cena tien modern, ¢ utlizda em discurss pla abolicie da eseravido (iberdad) ea independincia das eniatas soberania nacional, enguanto ‘a racialidade (por meio da distingBo entre elizado e primitiv ono tradicional) rim, star as incursdes colonia curopelas na Arica, Sudeste Asteo Oriente Medio, ‘assim como a expansio da“frontsra” Norte Americana, O que sublinho aqui como o colonial, com suas pitas vilentasemitodos de apropriaco do valor total eriado por terrasnativase polo trabalho escrao, iam rapidamente ser reslvidas em um texto ‘moral ~ seja como um mal, alm do qual a Europa havia se deseowolvido (vido a seu prego pala ber), ou um bem, no qual a Europa estava mais uma vez engjada (pelo dover do espalharalibordade). Un tal texto consstentemente esconde o significado ‘econsmico colonial, Parqu?Talver porque essa distingo entre necessidade/viléncia liberdade/propriedade & refigurada no nivel nto-epistemolégioo nas separages qe scondem o colonial na argumento que é anterior ao capital ‘Vamos rastrear esse apagamento em dois mementes. Primeiramente, por mei da explicagio de como a racalidade performa esse colapso da viokénia colonial no valor sda cena ética do valor de modo em que aquilo que fo! suit a expropriagio violent (Gerra ecorpos) se tara signifcante de dfict moral (prépro ede outros). Em segundo, ‘vamos considerar o ofuscameato categril da violéncia colonial no texto historia ‘materialist paticularmente ma resposta de Rosa Luxemburg 3 pergunta sobre a ‘origem do capital na tentativa de dar conta do imperialism. ‘Meu primeiro movimento nessa figuragSo da vida impagavel,@ ent atacar a escrita da diferenca racial como sendo um datun. Como fiz esse trabalho em outro haga” Proponto de inicio tse de que fea Sten da racial reside na imageamento do ‘espogo global como mundo ordenado que desi sua astoridade da fren da necessidade so serarticolads em universalism cientien' A acalidade 6 um arsenal politico simbdtco, qu fol consoidado no fnal do sel dezenove para demarear as fronteiras pir as operagies de principio, que distinguiao pensamento moderna Iberdade. Bs ormulagio da raciatidade difere das de Quijanoe Wynter de mancira muito importante: ‘ifrentemente dels, eu ni abordo a deren rail em sendo uma evidineia (do) social (Quljan) ou bialgea (Wyte), que se tornaa base para dispositive eulturas ou ‘dcokgicos © que instituem bierarguas nas configurag is sociais moderns Tena se certeza de que esa explicaco da subjugasio mia reencena consigo a resolu moral: da expropriagio colonial como efetuada pelo conbecimento racial. ‘Minha abordagem a raialidade segue o método que Foucault emproga em sua descrigio da sexualidade" eu a leio como um arsenal, um conjunto de dispostivos de cconhecimento produtivo. Emoldarada pelo suporte da separabilidade,determinagio 17 Paras apresentacto deste mawenento @ lua descigie dos conigaes de emergénea Lav, Raciaty, nd Vielenes.” Gin Law cos eft: daimplontagto da unverealnde Revow 18, no. 2 August 2009), pp. 212-26. Gontca, vor Danse Foncra da Sika, Toward 2 Globe Idea of Pace Winneapots: University of Minnesota Press, 2007), 5 16 esequonclalidade, a racialidade fol consolidada Seguinde as rgras do diseurso caracteristice do conbiecimento moderno. Isto & seus conccitas e categorias assim ‘como seus objetos, método e formulages presumem ¢ estabelecem uma conexio formal ou eficiente entre ofendmeno (0 atual,espago-tempe) sob observacio ou investigaeio, Consideremos, por explo, um precedente indice facial que _supostamente estabeleia tm rlagdo entre o formato e tamanho da cabeca © capacidade mental. Implantada em um contexto onde a humanidade ji govermava a ‘cena ética, 0 papel principal da racalidade tem sido o de fabricar uma explicacio da iversidade humana, que nega a passiilidade de que tragos mentais“observiveis™ (memtais cintsloeruis) paderiam muda com o tempo. Desde, como Hegel e outros postularam, 0 pés-Taminisme marcon o momento onde as capacidades mentais ‘europeias atingiram 0 mais alto grande desenvolvimento (em termos de candcdes Jurieas,econdeniease morals) possivel para seres humanos racionals, a racialidade construia consistentementeo corpo racial para signifear as limitagdes dos outros da Europa, sua falta de eapacidade para evoluir ese desenvolver. ‘Seguind as leis da universalidade cinta, proponhio que, por rstringir aliberdade aos indigenas da Europo, a raialidade funciona conjugada com a hhumanidade na gramiticaética do pés-uminismo. Nao porque, como Wynter e Butler argumentam,a humanidade (e seus atributos ou gualdade eliberdade) pertoncem a uma cultura particular que postu asi mesma como universal, mas porque, devide ao fato dea prépria distingio entre universal e particular ser uma imvengio moderna 0 papel da racalidade soja como diferenea racial ou diferenga, ‘cultural — tem sido tornar possve! a articulagio da propria ideia de particularidade 19, Onrgumento de Sys Wynter foicscatido Zick, Cntingeny:Hagemeary, Unersiny cima. Pag uma otis daunivesaidado ——(Londorc Vrs, 2000), p27 4s Bute var Juth Bur, "Rastging he Universal ntl, Emesto Lac, ond Sle} ‘humana ou de dferenga humana, nevessiria para assegurar as woessidades do capital na era do ps-Lluminismo, O que me interessa aqui 60 trabalho da ‘ocialidade na resolugdo do colonial na propria explanasdo da subjugagio racial, cconsoidando-a como sendo quase impossivel de fornecer uma descrigio adequada de suas dimensdes econtmicas. Isso acontece nas primeiras décadas do século vinte, quando 0 conhecimento racial retorna a visbes do final do século dezoito de iversidade humana e conta ohistrico (eo cultural) na especiticacao das condises Inomamas. Ao tomar o que fora o produto de um primeiro momento do conkecimento ‘racial como evidéncia, mas sem deslocar a diferenga racial a sociologia das relages ‘aciis consolidou um argumento que atrbui As causas scioligens — pejuizos, "Isso materiale histrcoclissica capes issoa diferenca é que le desecbre qe a acumulaioprimitiva nanca deixa de sconce ara pode propria ce meins dos prodhcofrga de trabalho rir um mercado, 0 capital confa no estado na utiliza da vieknca totale taxa extrema, ‘Lembrem-se que a tese de Lasemburg de que a eum primitiva emerge ‘em um contexto onto-epstemolégico povoado por descrigdes antropotigicas de poves ¢ Ingares nfo-europeus,, que ea captura com o termo “economia natural” 0 que também inet nfo somente o“feudalismo” mas também 0 “eomunismo rimitivo” ea “economia eamponess patriareal”* Desse mod, segundo a versio da cevolugio de Darwin (assim como a de Hegel da histria do mundo, todas as tts so ‘emporalmente anteriores Buropa copitalista moderna e faz sentido que Luxemburg ‘ezplique o segundo momento do eclonalismo (no século dezenove inicio do vite, {sto 6, oimperialismo) wllizando a mesma frase que Marcemprega para deserever 0 ‘rimeiro momento do colonialism, A separabiidade opera aqui ji como um efeto do _materialsmo histéricoe do conhecimento racial, no qual outros mods de producao ‘econémica cexistncia social se tornam “matria/questio que permite inovagio ‘conceituals isto & que esté para ser determinado por meio da tese da acumulagio do capital que esponde 20 interior proprio da reproduedo ao anterior (agora racialmente

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