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41. TURBINAS EOLICAS 1.4. Recurso eélico 1.2. Energia elétrica produtivel 1.3. Exercicios 1.1, RECURSO EOLICO . A atmosfera © acompanha os movimentos de rotagao e translacao da Terra. O limite da atmosfera 6 de = 1000 km acima do nivel do mar, mas 99 % da massa que constitui a atmosfera localiza-se abaixo dos 40 km de altitude. (3) Camada de gases que envolve a parte sélida de um corpo celeste que tenha suficiente forca gravitacional para os reter. . Os ventos sao causados pelo aquecimento nao uniforme da superficie terrestre. Parte da radiagao solar que chega a Terra (= 1-2 %) transforma-se em energia cinética dos gases da atmosfera. 1-2 % da energia solar é convertida em Vento! . Nas regides tropicais, os raios do Sol atingem o solo quase que perpendicularmente, mas atingem com Angulos progressivamente maiores a latitudes maiores. O ar quente que se encontra nas baixas altitudes das regides tropicais tende a subir, sendo substituido por uma massa de ar mais fria que se desloca das “regides polares’. O deslocamento de massas de ar determina a formagaéo dos ventos. O modelo é mais complexo que o apresentado devido a rotacao da Terra . Os ventos classificam-se: - Planetarios ou constantes (produzidos por mecanismos que estao sempre presentes na natureza. Exemplos: alisios, polares, ...) - Continentais ou periédicos (resultantes das variagdes sazonais da distribuigdo de radiagdo recebida na superficie da Terra. Exemplo: Mongées) - Locais (resultantes das condigdes locais. Exemplo: Encostas). . Os ventos mais fortes, mais constantes e mais persistentes ocorrem na banda dos 10 km da superficie da terra. O espago de interesse encontra-se limitado a algumas dezenas de metros da superficie * A data da elaboragao dos primeiros estudos, os registos de medidas de vento existentes eram provenientes das estagdes meteoroldgicas. . As estagdes meteoroldgicas tradicionais, nao estao localizadas nos sitios mais favorecidos do ponto de vista edlico e porventura desadequadas a medicao de dados para avaliagao do potencial edlico. Verio bas * Para classificar o tipo de vento, Francis Beaufort propés em 1805 uma escala anemométrica em que expressava a forga do vento (F) com ntimeros de 0 (calmo) a 12 (furacdo). Escala de Beaufort F Definigao Efeitos do vento em terra km/h [aim cam CTR anna vericaiente 2 1 Jaragem (ight ai) facto do vento ¢indicada pelo desvio do fumo, mas nao 2-6 2 [Vento fraco (light breeze) [Sertese na cara; as folhas das rvores e os cata-ventos 7-12 onto Bonangoso (gonto[s nas das vores agianso conslanfomato;o vena 3 ; 13-19 broose) lesralda as bandotas ves Vente modarado [ovata posite papsis solos; os ramos pequenos, das a u 20-80 (moderated breeze) arvores, agitam-se Toone sce ret ooze OS TBI, com aS, aGaM @ QHEPSO; TOMER | a, ap |pequenas ondas na superficie das aguas interiores. ; Nento mato resco arong os amas grandos, das rvres,ajtanrse owe-s6 9 eNO TOS | ao.ep lbreeze) ifios telegraficos; é dificil andar com guarda-chuva aberto 7 Vent toe (moderated iilcaminnar conta o vento | 61-62 lgale) g [Vento muito forte (resh parte ramos pequenos das drvores; em geral impede o transito | 63-74 lgate) g [Vento tempestuoso (strong [Produzem-se pequenos estragos nas casas, (chaminés 75-87 lgate) lavariadas e telhas arrancadas| [1O[Temparal (whole gale) _[Arvores arrancadas; grandes eslragos nas casas 8-102 '11[Temporal desfeito (storm) [Grandes estragos ger 103-117 [12|Furacao (hurricane) [Destruigao muito generalizada > 118 * Para estimativa da velocidade do vento, quando nao haja anemémetro disponivel, podemos usar a escala de Beaufort. O Atlas Europeu de Vento . Em 1989 foi publicado o Atlas Europeu do Vento (http://www.windatlas.dk). Os dados foram obtidos a partir de estagdes meteorolégicas seleccionadas, sendo depois corrigidos, embora de forma grosseira, para ter em conta os efeitos da topografia. . Apesar de todas as limitagdes, o Atlas Europeu de Vento representou um esforgo importante para produzir um instrumento de trabalho valido de avaliagao do potencial edlico com vista a produgao de energia eléctrica. 1, European wind resources at 50 ma.g.l._ 2. European wind resources over open sea . Na Europa, as regides mais ventosas esto localizadas no norte do U.K. e nas costas norte / oeste (roxo e vermelho). O norte de Italia ocupa a posi¢ao oposta (cian). . A zona que abrange Portugal Continental é praticamente toda do tipo D (verde), identificando-se apenas pequenas faixas costeiras no oeste e no sul como sendo do tipo C (laranja). Variagao do vento no tempo . O vento é raramente regular. 4° de Agosto de 1997 1° Semana de Agosto 1997 Més de Agosto de 1997 Registo grafico das medigdes efectuadas por um anemémetro, localizado na zona centro- oeste de Portugal. . Para se obter a descrigao estatistica do _.. regime de ventos num local, procede-se aojm registo. e contagem do numero dei» ocorréncias de cada velocidade médiai~ hordria, expressando-as em fungdo do * numero total de horas do periodo em andlise. ~ . Os registos da densidade de probabilidade ganham importancia se puderem ser descritos por expressdes analiticas. A distribuigao probabilistica de Weibull € considerada como a mais adequada das distribuig¢des para descrever o regime de ventos. Variagao do vento na vertical * 0 atrito, causado pela rugosidade da superficie, provoca | da velocidade do ar atmosférico nas camadas mais baixas da atmosfera. As camadas mais baixas de ar retardam as que lhe esto por cima, resultando numa variagao da velocidade média do vento com a altura ao solo. O efeito da forga de atrito vai-se desvanecendo até praticamente se anular a uma altura de = 2 km. * No solo, a condigao fronteira obriga a que a velocidade do escoamento seja nula. A esta zona da atmosfera caracterizada pela variagao da velocidade do vento com a altura chama-se camada limite atmosférica. Acima desta zona diz-se que a atmosfera é livre . A regiao da camada limite atmosférica que se estende até uma h = 100 m @ a zona de interesse para as turbinas edlicas. Para estas alturas, a topografia do terreno e a rugosidade do solo condicionam muito o perfil de velocidades do vento ° A equagao seguinte, derivada da lei de Prandtl, permite determinar a velocidade do vento para diferentes alturas e diferentes tipos de terrenos: V(x) - velocidade média & altura de referéncia zx. Velocidade do vento para diferentes 2. comprimento caracteristico da rugosidade do solo. alturas * Valores tipicos de z.: Tipo de terreno _|z. min (m)|Z. max (m) lLama / gelo 105 3.10° [Mar calmo 2.108 104 [Areia 2.10" 107 Neve 10 6.107 Campo de cereais 10° 10 Relva baixa / estepes 107 4.107 Descampados 2.107 3.107 Relva alta 4.107 10" |Terreno com arvores 10" 3.10: Floresta 107 1 [Povoagao dos subirbios| 1 2 [Centro da cidade 1 4 . O valor de z, pode variar com a direcgao do vento e entre os meses de verao e de inverno. . A equagao anterior aplica-se a terrenos planos e homogéneos, nao incluindo os efeitos da topografia, obstaculos e modificagées na rugosidade. Exemplo 1. Num determinado local, mediu-se a velocidade média do vento de 10 m/s a altura de 10 m. Obtenha a variacao da velocidade média do vento em fungao da altura, para os seguintes valores do comprimento caracteristico da rugosidade do solo: z, = 10? m (relva baixa); Z, = 5*10° m (relva alta); z. = 10" m (terreno com arvores). Solugdo: Tomando z; = 10 m e V(Za) 10 mis e procedendo a substituicdo na equagdo SSS obtemos os valores que permitem construir o ~ = > - grafico. em mem * Esta caracteristica da velocidade do vento é importante para o projecto das turbinas edlicas. Por exemplo, para Zz) = 5*10? m, considerando uma turbina tipica de 1 MW com uma torre de cerca de 60 m de altura e um rotor com @ = 60 m, pode verificar-se que quando a ponta da pa esta na posicao superior a velocidade média do vento é 14.1 m/s, enquanto que quando esta na posigdo inferior 6 12.1 m/s. Caracteristicas espe: do vento . As caracteristicas de escoamento do vento tém que ser devidamente equacionadas quando se pretende instalar um aproveitamento edlico. a) Obstaculos Os obstaculos_—_(edificios, = arvores, formagdes rochosas) tém —_4S— uma influéncia _significativa_na — diminuigaéo da velocidade do vento e Escoamento na zona envolvente do séo fontes de turbuléncia na obstaculo. (A zona turbulenta pode-se estender até = 3x a altura do obstaculo, sendo mais intensa na parte de tras do. ‘que na parte da frente do obstaculo). vizinhanga. b) Efeito de esteira * A "absorgao" da energia cinética do vento pela turbina traduz-se no movimento de rotago do rotor . O vento "sai" da turbina com um contetdo energético inferior, traduzido na 5 redugdo da velocidade, com formagao de uma esteira de vento turbulento (esteira helicoidal de vortices). condigées iniciais de velocidade ao misturar-se com as massas de ar do escoamento livre. Minimizadas as perdas de desempenho causadas pela interferéncia da turbina anterior, uma nova turbina pode ser instalada. E habitual espagar as turbinas de uma distancia entre 8 e 10 @ na direcgao preferencial do vento e entre 1.5 e¢ 3 @ na direcgao perpendicular. Colocagao dos aerogeradores num parque . Mesmo tomando estas medidas, a experiéncia mostra que a energia perdida devido ao efeito de esteira 6 de cerca de 5 %. 4.2 ENERGIA ELECTRICA PRODUTIVEL 1.2.1 Poténcia edlica . A energia cinética de uma massa de ar m em movimento a uma velocidade v é dada por E, = % mv’, . Consideremos a mesma massa de ar mem movimento a uma velocidade v - a uma secgao transversal de um cilindro imaginario; a poténcia disponivel no vento é dada por: epi? __v? tat Pog . Da Mec&nica dos Fluidos sabemos que o caudal voliimico v= Vit (m*/s) = Av (m?.m/s). Substituindo na expressao anterior, temos: pAy* Pap = 2 Ps.) = poténcia disponivel do vento [W] na auséncia de turbina p = massa voltimica do ar (= 1.225 kg/m*, PTN) A= area da secgao transversal [m’] v = velocidade do vento [m/s] . A equagao revela que a P,.,, € fortemente dependente de v: 6 - quando v = 2x > a tP = 8x - se a velocidade do vento v = 2x a |P = 12.5% - a 2x da area varrida pelas pas da turbina > o {P = 2x. . Da formulagao podemos tirar 2 ilagdes: - Como é importante a escolha do lugar com vento de v - Como sao importantes as dimensées das hélices. . A expressao P = % pAv’ tb pode ser “* escrita por unidade de area. Definimos _.« densidade de poténcia DP: i = 2 pena Y (Wim?) . A informacao sobre o recurso edlico * »» de um local pode também ser apresentada em termos da DP disponivel no vento. oe a Coeficiente de poténcia — C, (factor de aproveitamento) ¢ Aenergia cinética do vento é convertida em energia mecAnica através da rotagéo das pas, com a consequente reducgado de velocidade do deslocamento da massa de ar. . Coeficiente de poténcia C, - fracgao da poténcia edlica disponivel que € extraida pelas pas do rotor. . Para determinar o valor maximo da parcela de energia extraida do vento (Cpys.), Albert Betz considerou um conjunto de pas | num tubo onde v, representa a velocidade do vento na regiao anterior as pas, v. a velocidade do vento ao nivel das pas e v; a velocidade no vento aps deixar as pas. . Pela lei da continuidade temos que PviAPv2A2“PvsAs , considerando par C* para Ap = 0. * — A energia cinética extraida pela turbina edlica é a diferenga entre as energias cinéticas a montante e a jusante do conjunto de pas: 1 Enz 5m(vi-vi) A poténcia extraida do vento é dada: as my? Pou apm(vi-vi) “ Se a velocidade do vento nao é alterada (v; = v;), nenhuma poténcia & extraida ® A velocidade do vento é reduzida a zero (v; = 0). Neste caso o caudal massico de ar é zero, 0 que significa que nenhuma poténcia é retirada. - A partir destas 2 consideragdes extremas, a velocidade referente ao maximo de poténcia extraida é um valor entre v, e Vs. - Pelo teorema de Rankine-Froude podemos assumir que a relacdo entre as velocidades v,, v. € Vv; 6 dada: =Vitve ve - Apos manipulagao matematica, temos: Parl if al (<)}. Pasp*C,, onde * = Pas, do vento & Besley... valvs | Cy 0 0.5 0.25 | 0.586 0.5 [0.563 0.75 | 0.383 1 [0 . Derivando C, em ordem a v,/v,, para viv; = 1/3, CPnaxc = 16/27 (0.593) — maximo tedrico para o rendimento da convers&o Distribuigéo de C, em fungdo de v,/v; edlica-mecanica: Limite de Betz. . O rendimento efectivo da conversao numa turbina edlica depende da velocidade do vento: Pan = Paiso"Cp > Cy (V) = Prince! Psp Prec. — Poténcia mec&nica no veio da turbina. . Embora a definigéo de C, seja a dada pela equagdo anterior, os fabricantes de aerogeradores tém por habito incluir o rendimento do gerador eléctrico no valor de C,, pelo que a expressdo usada na pratica é: Pe (vel “ Paiso P, — poténcia eléctrica fornecida aos terminais do gerador. Caracteristica eléctrica do aerogerador . As turbinas edlicas sao projectadas para gerarem a maxima poténcia a uma determinada velocidade de vento. Esta poténcia é conhecida como poténcia nominal P,.., e a velocidade do vento a que ela é atingida é designada velocidade nominal do Vento Vien. A Vion € ajuStada de acordo com 0 regime de ventos no local, sendo habitual Vro, = 12-15 m/s. . A geragaéo_ eléctrica__inicia-se com velocidades de vento da ordem de 2.5/3.0 mis. Abaixo destes valores, o conteuido energético do vento nao justifica o aproveitamento. . Para v> 12.0/15.0 mis é activado o sistema automatico de limitagao de poténcia da maquina. 8 . Para ventos muito fortes (v> 25.0 m/s) a turbina é desligada por razGes de seguranc¢a. . As turbinas edlicas de grande porte tém controlo inteiramente automatico, por meio de actuadores rapidos, ‘software’ e microprocessadores alimentados por sensores duplos em todos os parametros relevantes. 1.2.2 Calculo energético Velocidade do vento Poténcia UY eléctrica & v=] salda da turbina . Uma vez obtida uma representagao do perfil de ventos fiavel numa base de tempo alargada, o valor esperado para a energia eléctrica produtivel anualmente 6: £,=8760 | f(v)p,(v)dv em que: f(v) — densidade de probabilidade da velocidade média do vento P.(v) — caracteristica eléctrica do sistema de conversdo de energia edlica Vo — velocidade de cut-in; Vmax — velocidade de cut-out. Este integral pode ser calculado analiticamente (quando sao conhecidas as expressdes das fungdes f(v) e P.(v)) ou numericamente (usando por exemplo o método de integracdo trapezoidal). * Habitualmente estéo disponiveis distribuigdes discretas; a equagdo para a energia eléctrica produtivel anualmente transforma-se: E=2 t(¥)Po(¥)_ f = 8760"K") em que: £(¥) — frequéncia relativa de ocorréncia da velocidade média do vento * Fazendo uso da fungdo de probabilidade acumulada F(v) (probabilidade de a velocidade do vento estar compreendida entre 2 valores) e do valor médio da poténcia retirado da caracteristica eléctrica do aerogerador, a expressao para a energia eléctrica produtivel anualmente sera: €,78760'" | (F(i4 pry Eee) 1.3 Exercicios 4. Pretende dimensionar-se as pas de um aerogerador a velocidade fixa de forma a obter uma poténcia mecanica de 750 kW com uma velocidade de vento de 13.8 m/s. Considera-se um coeficiente de poténcia C, = 0.2. Qual deverd ser o comprimento da pa ou seja, 0 raio do circulo varrido pela turbina? Solugado: R= 27m 2. O objectivo do aerogerador 6 converter a energia cinética do vento em energia eléctrica. Admita os seguintes dados: v= 15 m/s, velocidade nominal do vento, admitido constante 1.25 kg/m*, massa volumica do ar 0.27, coeficiente aerodinamico 1.7 m, raio das pas Calcular a poténcia eléctrica a saida do aerogerador P., sabendo que o multiplicador utilizado tem um rendimento de 96% e o gerador tem um rendimento de 97%. Solugdo: P, = 784 kW 3. Os dados de um aerogerador de 300 kW de velocidade constante sao: Diametro da area varrida pelas pas: @ = 28 m Velocidade nominal do vento: v = 14 m/s Velocidade nominal de rotagao do rotor da turbina: 43 rev/min Relagdo do multiplicador: 35 a) Que percentagem da energia do vento é que se recupera no ponto de funcionamento nominal do sistema? b) Qual é a velocidade nominal N do rotor do gerador? Solugao: a) 29 %. b) N = 1505 rev/min 4, Os dados do aerogerador sao: Raio da area varrida pelas pas: R = 3m Altura da torre edlica: h = 25 m Velocidade nominal do vento a 10 m: v = 20 km/h 2. = 5*10? m (relva alta) Periodo de funcionamento estimado: t = 6 h/dia Calcular a produgao mensal de energia. Solugao: E = 504 kWh/més 5. A turbina do aerogerador esta acoplada a um gerador sincrono que por sua vez esta ligado a rede de distribuigao. 10 Considere os seguintes dados do problema: Massa voluimica: p = 1.25 kg/m*; Raio das pas: R = 45 m Coeficiente do multiplicador: k = 70; Frequéncia da rede: f = 50 Hz a) Calcular a velocidade do veio primario do aerogerador em ©, (rad/s) e N, (rev/min). b) Admita que a velocidade do vento é constante, v = 10 mis e o valor maximo do coeficiente de poténcia C, = 0.4. Calcular a poténcia eléctrica maxima, P., fornecida a rede pelo aerogerador. Considere que o multiplicador tem um rendimento de 97% e o gerador de 96%. Solugao: a) Q, = 4.48 rad/s e N, = 42.9 rev/min b) P. = 1.4 MW

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