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‘Dados Internacionals de Catslogacdo na Publicacio (CIP) (Camara Brasilia do Livro, SP, Bras) ha, Paulo Roberto anejmento daligico : como constr 0 projet politico pe daggio da escola / Patio Roberto Padiha.—~9.ed.—Sio Paulo (Cortez, 2017 Bibograia ISBN"978-85.2402521-4 1. Educagto 2. Edueagio - Aspects politics 3. Educaio - As pects socnis 4 Educagio permanente 5. Escola 6 Pritca de ens fo 7, Profesores-Formagio profsionl Tit. vera cpp s7071 Indios para caalogo sistematico: 1. Formagio comtinsada :Professores: Edcagio $7071 2. Profesntes:Formagsocontinuada Educagio 57071 Paulo Roberto Padilha PLANEJAMENTO DIALOGICO Como construir 0 projeto politico-pedagégico da escola 9 edigao Sesiora CAPITULO 4 PLANEJAMENTO DIALOGICO E PROJETO POLITICO-PEDAGOGICO DA ESCOLA A todas ea tados que, fazentoa escola municipal de So Paulo, conosc, da linpeza do chio a reflex terica, leixaram claro que mucdar 6 dif, mas é possivel e urgente, avo Fans, primavera de 1991, Quando Paulo Freire afirma em seu livro Pedagogia da aut- fonomia que “é decidindo que se aprende a decidir” (p. 119), ele se refere a necessidade e ao direito que todos temos de tomar decisdes sobre nossas vidas, mesmo com o risco de cometer erros. Freire afirma que € decidindo que construimos, com autonomia, nosso projeto de vida e conclu afirmando que nin- guém é auténomo primeiro para depois decidir. Pensar o planejamento educacional e, em particular, o plane- jamento visando ao projeto politico-pedagégico da escola é, essencialmente, exercitar nossa capacidade de tomar decisdes coletivamente, Sabemos que o planejamento nao 6 uma tarefa facil. Co- nhecemos as dificuldades (“ndo temos tempo”, “nao temos pessoal qualificado”, “a burocracia 6 tanta”..), as resisténcias (‘jd fizemos isso endo deu certo”, “nossa escola jé tem projeto”, “sem salério nao da”...), 05 limites obstéculos (comodismo, imediatismo, formalism). Mas sabemos também que existem experiéncias inovadoras ja vivenciadas que comprovam que a decisao e a iniciativa co- letiva conseguem resolver problemas concretos da pratica ‘educativa que, num primeiro momento, pareciam impossiveis de ser superados. com base nessas experiéncias e na reflexo sobre elas que nos animamos a apresentar esta visio de plane: jamento para a construgao do projeto politico-pedagdgico da escola que denominamos de planejamento soci dente, conforme vimos no capitulo anterior. lizado ascen- Para viabilizar a transparéncia e a efetivagao desse proces- 80, deve ser criado um sistema de comunicagio entre os diversos niveis de planificacio e de administracao educacional, de forma que as consolidages de cada etapa sejam acompanhadas por todos os niveis. © papel de cada segmento na pratica do planejamento escolar Se todlos/as participam da tomada de decisées, deve-se estabelecer regras claras sobre como se dara essa participacio, sobre como as decisdes serao tomadas e em que cada segmen- to poderd contribuir desde a concepgao do projeto até a avalia- a0 € 0 replanejamento. Observamos que a participagao de todos os segmentos escolares e comunitarios se refere as diferentes cimensdes do trabalho escolar e comunitirio, passando pelas decisbesfinan- ceiras /orcamentarias (por exemplo, deliberando sobre o orca- mento participative), pedagégicas/curriculares (por exemplo, ‘optando pelo regime de Ciclos e do que chamamos de avaliagio dialégica continuada), ou administrativas /de gestao (por exem- plo, pela iniciativa da reorganizacio coletiva e democratica dos colegiados escolares). ‘A participacio dos pais e dos alunos pode dar-se na progra- magio de atividades, na coordenagao de eventos intra e extra- -escolares e no estudo da realidade. Eles devem vincular-se principalmente aos diversos colegiados existentes na escola, com 6 que estarao até mesmo consolidando a prética participativa, direito a participagio dos alunos deve ser garantido, como prevé o Eslatuto da Criangn e do Adolescente. Eles devem ser ouviclos em todos os assuntos que Ihes clizem respeito. As associagies de bnirro, entidades conunitérias € as ONGs podem também contribuir em parceria com a escola, integran- do suas atividades as atividades curriculares e extraescolares. diretor de escola ox dirigente da unidade escolar e seu vice, responsiveis pela coordenagio de todas asatividades escolares, devem ser capazes de “seduzir” os demais segmentos para a ‘melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido na escola. Isso significa, por exemplo,criar mecanismos condigées favoraveis para envolvé-los na elaboragao do projeto politico-pedagégico da unidade, contando para esse fim com as diversas atividades de planejamento. © professor-coordenador ow 0 coordenador pedagogico — “observe-se que estas nomenclaturas (para cargos e/ou fungoes) variam de acordo com cada municipio ou com cada rede de censino e que estamos utilizando como referéncia as utilizadas no Estado de Sao Paulo — é aquele que durante 0 ano articula a equipe pedagégica em torno do melhor cumprimento do que foi estabelecido no projeto politico-pedagdgico, coordenando seus diversos desdobramentos em planos de curso, de curriculo, de ensino ou de aula, Ele exerce uma tesponsabilidade da maior relevancia durante todo o processo, desde a fase de organizacio das reunides de planejamento das atividades pedagégicas da unidade escolar até a da execugio, desenvolvimento e avaliagao do projeto da escola. Oassistentetécnico-pedagégico (ou 0 membro da equipe téc- nica da Secretaria Municipal ou Estadual da Educagio ou ainda das Diretorias de Ensino ou dos Niicleos de Agao Educacional), que, no seu cotidiano, faz, junto com o supervisor de ensino, a ponte entre as diretrizes pedagogicas estabelecidas pela Diretoria de Ensino e as unidades escolares, pode fazé-la também quando da elaboracao do projeto politico-pedagégico e do planejamento, Ele pode ainda subsidiar a capacitacio de todos os segmentos, escolares para a participacao no planejamento escolar. O supervisor de ensino tem a responsabilidade de apresentar aos demais segmentos as diretrizes gerais, sobretudo pedagégi ‘cas, da DE e dar-lhes conhecimento sobre o proprio plano de tra- bbalho da equipe de supervisao, Cabe-Ihe ainda criar as condigées institucionais da realizagio do projeto de cada escola e participar ativamente do processo de construgao e desenvolvimento dest. A participagao dos/as professores/as esta ligada nao s6 a definicio geral do projeto, mas também a definigao dos planos de curriculo, de curso, de ensino e de aula que devem fazer parte integrante do projeto de cada escola. Tendo os docentes participado ativamente do planejamento escolar, eles estario comprometidos com ele e, principalmente, organizando suas atividades com base no que foi decidido coletivamente. Eles terao uma diregao estabelecida em conjunto com os demais segmentos escolares, o que facilitaré seu trabalho e dara maior de sua atividade profissional Prinefpios, objetivos e caracterstieus do projeto politico-pedagégico da escola que o planejamento deve levar em conta A construcdo do projeto da escola exige a definigio de principios, estratégias concretas e, principalmente, muito trabalho coletivo. A seguir apresentamos algumas de suas principais caracteristicas, bem como alguns pardmetros para a sua operacionalizagao, a) Todas as ages que vamos propor para a elaboragao do projeto politico-pedagégico da escola relacionam-se com os principios norteadores do planejamento dial6gico, ou seja, esta nova maneira de entender o planejamento da escola, que visa ‘garantir a participagao efetiva dos varios segmentos escolares na construgio do seu projeto e na elaboragao de seus planos. Além disso, visa possibilitar que alguns participantes deste processo possam representar a escola nos demais niveis de pla- nificagio educacional (interescolar, DEs, regional, municipal..), previstas no movimento ascendente deste tipo de planejamento. b) Sem esquecer que a preocupacio maior da escola deve ser 0 melhor atendimento ao aluno, o projeto politico-pedagé- gico deve partir da avaliagio objetiva das necessidades e ex- pectativas dle todos os segmentos escolares. Deve ser conside- rado como um processo sempre inconcluso, portanto, suscetivel as mudangas necessérias durante sua concretizagao. ©) O projeto deve proporcionar a melhoria da organizagao administrativa, pedagégica ¢ financeira da escola e também a ‘modificacio da coordenagio dos servicos, sua prépria estrutu- ra formal eo estabelecimento de novas relagées pessoais, inter- pessoas ¢ institucionais. 4) Ele deve ser elaborado em termos de médio e longo prazos. Contudo, cabe a cada escola implementé-lo jé a partir de iniciado processo de planejamento. De acordo com suas condigdes reais e com suas possibilidades, deve-se definir prio- tidades a curto prazo, partindo, logo que possivel, para as agoes com vistas a sua implantagao. ©) Areflexao sobre a pritica pedagégica dos professores as teorias que as embasam deve ser pratica continua na unida- de escolar. ) Garantir a avaliagao periédica da agio planificada para redimensionamento das propostas. Construséio coletiva do marco referencial como prim exigéncia da construsao do projeto politico-pedagégico da escola e como tarefa do planejamento dialégico e modelos de fichas ‘Segundo o professor Nilson José Machado (1997, p. 69) as utopias “desempenham um papel fundamental na germinagio dos projetos ¢ uma eventual rentincia a elas poderia significar, simbolicamente, uma perda de vontade de transformar global- mente a realidade, de construir a historia’. £ a partir desse pressuposto que a equipe responsivel pela coordenagao dos trabalhos na escola ou qualquer outro segmento pode decidir-se, durante 0 planejamento, pela discussio e realizagio do projeto. Para operacionalizar asatividades, adotamos uma metodo- logia dialégica e problematizadora baseada na formulagao de pergurfas que procuram verificar as casas remotes e préximias dos problemas sobre os quais os participantes se pronunciarao. As ‘questdes poderdo ser respondidas individualmente em alguns, momentos, em grupo em outros momentos e também discutidas nos grupos ¢ sintetizadas em plendrio. O importante é que se garanta a possibilidade do debate, a superacio das contradigbes, dos equivocos, e que as equipes de trabalho consigam realizar sinteses objetivas com 0 resultado do que foi discutido. A relagio de complexidade ser considerada na determ nagio das respostas e devers ser explicitada nos relatérios-sin- tese dos grupos de trabalho ou no relatério final do plendrio, a cada etapa da realizagao do projeto politico-pedagégico da escola. Este projeto pode ser elaborado a partir da operaciona- lizagao de alguns passos: a) como entendemoso mundo em que vvivemos; b) quais S40 as utopias que nos movem neste mundo; ©) qual a escola dos nossos sonhos; d) qual o retrato da escola que temos; e) o que faremos na nossa escola. Os trés primeiros passos completam 0 necessario marco referencial do projeto, Trata-se de explicitar melhor qual éa visio Puaneanuento aLocico a de mundo, os valores e compromissos que a escola esta assu- mindo hojee que expressa a sua prépria “cara”, sua identidade ea diregao, o rumo que deseja tomar daqui para a frente. Pro- jeto vem de “projetar-se”, de lancar-se a frente. Nao se empreen- de uma caminhada, nao se definem passos a dar sem uma dire- a0, uma filosofia educacional. A metodologia de construgio do marco referencial e das propostas de acio do projeto politico-pedagégico da escola, aqui apresentadas, foi organizada e desenvolvida pelo prof. Danilo Gandim, no inicio da década de 1990, citado por Celso dos Santos Vasconcellos (1995, p. 153-168). Para um desenvol- ‘vimento mais aprofundado dessas ideias, remeto a essas fontes das quais me servi. Os livros do Professor Danilo Gandim so paradigméticos em se tratando do assunto, bem como as obras publicadas pelo professor Vasconcellos que, em muitas opor- tunidades, faz, também referéneia aquele que, sem ciivida, foi pioneiro nessa temética. Vejamos entao, separadamente, como pode ser operacionalizado cada um dos passos cle construgao do projeto politico-pedagégico da escola, de acordo com a sua visdo de planejamento que para nés é um bom exemplo de planejamento dialégico: 1. Como enfendemos o mundo em que vivemos? Neste primeiro passo, os participantes responderdo, indi- vidualmente, a algumas perguntas que os provocarao sobre as possiveis causas remotas (longinquas, histéricas) e proximas (atuais, do mundo contemporéneo) que interferem diretamen- te na nossa vida e na nossa realidade, como um todo. Ou seja, trata-se de verificar, na opinido dos presentes, os porqués de estarmos como estamos, quais as causas que consideramos positivas ou negativas, nos aspectos social, politico, econémico, cultural, retigioso etc., e que nos levaram, em termos gerais, & realidade que temos hoje. Possiveis perguntas 1. Como compreendemos, vemos, sentimos o mundo atual? 2. Quais sto os seus principais problemas e suas maiores neces: dades? 3. Quais sioas causas ca situacio atual em termos socias, politicos 4. Quais slo 0s efeitos da globalizagio sobre a qualidade de vida ‘no mundo de hoje? Ap6s 0 levantamento das respostas individuais, que fi- carao registradas em folhas préprias e farao parte do histéri- co do processo, 0 coordenador da atividade pode promover uma discussao em plenério, na qual cada participante pode- 4 defender 0 seu ponto de vista. Dessa forma, o grupo pro- curaré registrar os pontos comuns, os pontos divergentes, os possiveis consensos, os itens que ficaram pendentes e que devem ser aprofundados em futuros encontros, enfim as opinides discordantes sobre as quais nao consegue entrar em acordo, relacionadas as perguntas formuladas. Pode-se regis- trar as opinides e a sintese dos argumentos em cartazes, na Tousa, num fipchart etc, de forma que o resultado da discuss edo debate nao se perca. Como exemplo, vide Ficha 1a seguir. Observe-se que todos os segmentos escolares cevem partici- par desse processo, realizando separadamente a discussio de todo 0 marco referencial e das demais etapas da construgao do projeto politico-pedagégico da escola. As sinteses deverio ser discutidas, posteriormente, na plendria da escola, quando cada segmento serd representado na definigao do projeto politico-pedagégico da escola, Os resultados parciais ou finais da plendria escolar devem sempre retornar a cada um dos segmentos, garantindo-se, dessa forma, o movimento socia- lizado e ascendente. PLANEINMENTODIALOICO oo Ficha 1 COMO ENTENDEMOS © MUNDO EM QUE VIVEMOS® (Wisko macko) Respostas’s | Respostar Resposta a questio? | questios | questiod fou Sou 6.) a CONSENSOS DIVERGENCIAS PENDENCIAS 2. Quois so as utopias que nos movem neste mundo? Uma vez respondidas individualmente as questées mais amplas, que nao se referem especificamente & escola, mas sim a visio geral do grupo sobre a sua realidade (nivel macro), parte-se para uma discussao sobre questées mais voltadas para a visio utépica de mundo que 0 grupo possui. Elaboram-se ques- tes que tenham a intengao de verificar quais sao as principais opgdes do grupo em relagdo a sociedade em que vive, buscan- do determinar um universo comum de valores a partir do qual seja possivel compatibilizar, minimamente, os sonhos, as espe- rrangas eas expectativas do grupo, seus desejos e possibilidades em relagao construgao de uma sociedade melhor, de uma escola melhor, de seres humanos mais felizes etc. Aqui devem ficar explicitas as opgbes tesricas e filoséficas do grupo. Possiveis perguntas 1. Que tipo de homem e de sociedade queremos construir? 2. Que papel desejamos para a escola em nossa realidade? 3. Que tipo de relagses devem ser estabelecidas entre professor e aluno, entre a escola e a comunidade? 4. Qual é 0 papel do Estado em relagao & educagao, em termos ideais? 3. Qual é a escola dos nossos sonhos? O grupo poderd apresentar respostas a possiveis perguntas relacionadas a como resolveriam, em termos ideais, os problemas mais proximos, que atingem diretamente a escola. Encaminha- mo-nos, aqui, para uma anélise critica dos principais problemas que a escola enfrenta, a partir dos dados que o grupo ja tem & mao sobre o desempenho anterior da escola (dados do ano anterior ou dos tiltimos dois ou trés anos letivos). Estes dados. subsidiarao as respostas sobre as causas remotas e proximas dos problemas apresentados, que serao depois confrontadas com os dados da realidace que acabamos de levantar (primeiro passo) € ‘coma dimensio utépica que foi estabelecida no segundo passo. Nesta etapa da elaboracio do projeto politico-pedagégico daescola, como diz Celso dos Santos Vasconcellos (1995, p. 155), “dé-se a tensio entre realidade e desejo que, por sua vez, ofe- rece-nos 0 horizonte do histérico-viavel”” Para viabilizar este tiltimo passo, a equipe que organizou a reuniio de planejamento deverd oferecer, a cada grupo, uma sintese dos resultados alcancados pela escola, utilizando, para tanto, diferentes recursos: cartazes, tabelas, videos, graficos de desempenho, sintese dos projetos desenvolvidlos e dos resultados, alcancados, planos e planejamentos anteriores — enfim, o que for possivel sintetizar para oferecer aos diferentes segmentos PLNeMMTODILOGICO 5 escolares uma visio geral sobre as condigées reais nas quais a escola se encontra, ‘A partir dos dados disponiveis e das discussées até entio realizadas, 0s participantes terdo condicées de estabelecer pos- fveis safdas para os problemas levantados, e, mesmo, de orga- nizé-las por categorias, ou seja, definir, hipoteticamente, estra- tégias e agdes especificas (para aquele ano letivo, por exemplo), para as atividades pedagégicas, para as administrativas, comu- nitérias e financeiras da escola. Possiveis perguntas - Em relagio a dimensto pedagigcn: Como desejamos o processo de planejamento e a nossa autonomia pedagégica? Como dese jamos o objetivo, contetdo, a metodologiaea avaliagio? Como desejamos a diseiplina, a relagao professor-aluno? 2. Em relagio a dimensio comunitaria: Como desejamos o relaciona- ‘mento na escola e dela com a comunidacle? Como desejamos 0 professor? Como desejamos o relacionamento com a farnilia e com a comunidacle? 3. Emrelagio a dimensao administration: Como desejamosa organi- zai aclministrativa da nossa escola? Como desejamos a elabo- racio do Regimento Escolar? Como desejamos a comunicacio na nossa escola? 4. Em relacao a dimensao finance: Como desejamos a nossa auto~ rnomia financeira? Como desejamos investi os recursos da es- cola? Como desejamos participar da gestio financeita da escola? importante observar que ao estabelecermos 0 marco referencial & que serdo definidas as linhas gerais e iniciais do planejamento escolar e, portanto, da elaboracao do projeto politico-pedagégico. Os dados aqui levantados e registrados fardo parte, também, da “leitura do mundo” que seré realizada pela/na escola, servindo a construgio do projeto da escola, da sua “etnografia e da corresponclente programagia das atividades Por mais trabalhosa que possa parecer a definigao do ‘marco referencial, no podemos deixar de realizé-la, Pular essa etapa significa nao amadurecer a reflexdo do conjunto do cole- tivo escolar. Significa continuar fazendo o planejamento da escola “pela metade”. Acescola necessita, ela propria, definir os seus referenciais te6ricos para que possa se conhecer bem ¢ ter a dimensio pre- cisa de sua realidade, de suas possibilidacies e de seus sonhos. Por isso, insistimos: trata-se de uma etapa fundamental na construgao de um planejamento dialégico que 6, em si mesma, uum rico momento de aprendizagem para todos, de troca de experiéncias edo estabelecimento de relagoes de confianga, que acabam por coresponsabilizar tocloo grupo, fortalecendo, assim, a possibilidade da efetivacao das proximas etapas do projeto politico-pedagégico da escola. ‘AFicha 2a seguir pode servir como uma possivel referén- cia ow modelo de registro do resultado das discussies realizadas pelos segmentos escolares, no que se refere as suas utopias & 08 seus sonhos. Ficha 2 UTOPIAS QUE NOS MOVEM/ESCOLA DOS NOSSOS SONHOS SEGMENTO: PERGUNTAS RESPOSTAS DO GRUPO ‘Quais si as utopias que nos mover neste mundo (is uldpica de mundo que 0 po - pessui) : Qual éa escola dos nosses sons? (Como | 1 resolveriam,em eras ions, ox problemas ‘mais comune que poderam atingit dlietamente a educaciosua vida escolar?) | 2 Fich: PLaNEMeNTO DIOGO Para sintetizar as contribuigées dos diferentes segmentos sobre as perguntas acima, sugerimos o preei a3, ha a SINTESE DOS SEGMENTOS chimento da UTOPIAS QUE NOS MOVEM E ESCOLA DOS NOSSOS SONHOS kes aon stameuros;| tunase | _ paisejou | rroressonas | POACSSICA | pron, mens | “atunos | reresenrannes | ePnortsones | £ORECAO | Dota ‘conunmAnios| A UNDADE | yycionAtios 1 1 1 1 1 tonne | 2 7 2 : : a 3 3 3 3 1 1 1 1 1 utes ee | 2 2 2 2 somos 3 3 2 3 3 Do referencial a proposta e da proposta & asic: o papel do planejamento na construsio e operacionalizasio do projeto politico-pedagégico da escola e modelos de fichas. Definiclo o marco referencial que sintetizou nossas utopias esonhos, vamos confronté-lo com a realidade. Fo momento de saber interpretar, de entender o estar sendo de cada escola, o estar sendo de todos que, direta ou indiretamente, estio envolvidos como trabalhoali realizado. Essa fase exige os seguintes passos: 1. avaliagao dos resultados do ano anterior; 2. definigao do autorretrato da escola (leitura do mundo); e 3. definigao dos compromissos a serem assumicios para mudat, ou aperfeigoar, aquele retrato, ou seja, o que faremos na nossa escola, 1. Avaliagéo dos resultados do ano anterior Questdes a ser levantadas: a) Quais foram os principais problemas que dificultaram a realizagao de nossa proposta pedagégica? 1b) Quais foram os indices de evasao na nossa escola? ©) Quaisas principais dificuldades enfrentadasna sala de aula? d) Quais as principais dificuldades enfrentadas pela es- cola e pelos diferentes segmentos escolares? €) Como os recursos foram aplicados e utilizados na es- cola? Quais foram as principais fontes? Eles foram suficientes? f) Houve participagao do coletivo escolarna decisio sobre onde, como e quando aplicar os recursos? 8) AAPM apresentou, regularmente, todos os seus balan- cetes? A escola recebeu recurso ou ajuda de alguma instituigio parceira? Quais as condigies dessas parcerias? Pode-se anotar os problemas e apontar possiveis solugdes paraeles. E, mais uma vez, cada segmento escolar deve indicar ‘5 problemas, de acordo com 0 seu olhar (mas, se possivel, desde logo com base no levantamento etnogrético realizado pela escola). No exemplo abaixo, a Ficha 4 mostra como pode- mos organizar esse levantamento de problemas e como indicar possiveis solugdes. uanesnterroon.ocico PROPOSTAS DE AGAO PROBLEMAS CONCRETOS. PROPOSTAS DE ‘AGRO (TIPO) {oxemplee) 1. Aindisiplina ea violencia haed esto alos escola 2 Ameagar falaralto, grt como alunos 5 Avallagio do aluno muito rigidaetadicional Crs sb welingie 4 Dindmica «hortio das reunoes de pase meses Discurso pritca de professors no oder ©. Disposigio das areas na salle ula (em ils) 7, Excess deatividade cextractasse 1 Falta ce tvidodes Hoe ema dem 9, Falta de inteprago dea professors pais 10, Falta cde integragio entre 0 onpo docente 1, Fate de um abba eedscpina inegrado 12. Falta maor pavtiipagio los pana esola 13, Fanciondrios da escola aio so oavidos 1H, Hortrios pedagagos mal ‘ou subutiizacos 15. HIPC ociosos ou parcalmentaproveitados PROBLEMAS CONCRETOS | OUEFAREMOS | PROPOSTAS DE (algun Para sureRar | — AaGAO (TIPOS) ESTE PROBLEMA” (exompes) (oxomple. 16, Muito profesores esmaivades (salvos ete) [ 17. Os pase macs nao estio ‘scompanhansl o filhor 18 Praconceito com os lunes, estespeito, desprezo 19. Reprovagio«evasio— tava aida muito elevadas 20, Sala de alas mut sas tradicional INCLUIR ABAIXO OUTROS PROBLEMAS DE ACORDO COM A OPINIAO DO. 'SELIGRUPO 21 Exe} (©) Aquestioorgamentiria fundamental neste momento e durante todo proceso de Planejamento, Os segmentosescolaresdeveraolevantr dads sobre origem eaplicag So ‘or recursos tilizados pela eacola, alm de acompanhar eisclizar asia aplicagi. ‘gums propostas de ago exigem, automaticamente, uma vinelogioorgamentra, pata cobri as despesas eos gastos dlasdecorretes. Cabe a rego da escola (om onjanto com a APM), dispanblza a todas os segmentos esas informagies, 2, Definigtio do “litura de mundo", guia para o levantamento de dados sobre a estrufurafisica ¢ a orgamizagéo sociocultural dat escola e do seu entorno Deve-seagora criaras condigdes para que a equipe escolar possa se organizar para conhecer, profundamente, a sua reali- dade, ou seja, compreender a escola nao s6 em relagio ao Am- bito institucional. Trata-se de fazer uma “leitura do mundo” mais aprofundada, realizada coletivamente, coma participagao ativa e permanente de toda a comunidade escolar. PLANEIHeNTODILeCICo 1 Durante a fase do planejamento anual e/ou da definicao das prioridades em relacio a construgao socializada do projeto politico-pedagdgico da escola é que poderdo ser definidas as tapas de trabalho que deverdo ser seguidas para a coleta, ta- bulagdo e interpretacio dos dados levantados pelos diferentes segmentos, Nessa direcdo, a equipe técnica do Instituto Paulo Freire elaborou, no més de agosto de 1997, um documento chamado “eitura do mundo”, guia para o levantamento de dados sobre a estrutura fisica e a organizacio sociocultural da escola e do seu entorno. Referimo-nos provisoriamente a “Ieitura de mundo”, realizada com base na observagao participante (socioantropo- Logica), no qual hé uma interagao constante entre o pesquisador € 0 objeto pesquisado. Fla caracteriza-se por considerar aspec- tos relacionados a dimensdo cotidiana da escola e da comuni- dade, que fazem parte de sua érea de abrangéncia, enfatizando sobretudo 0s elementos culturais dos sujeitos e dos segmentos que nela atuam direta ou indiretamente. Para que seja estudado por todos, é fundamental que guia da “Ieitura do mundo” seja reproduzido pelas diretorias de ensino, oficinas pedagégicas ¢ unidades escolares e distri- b reunifo de planejamento da escola lo a cada uma das pessoas que estiverem participando da Na prépria reuniao de planejamento, os participantes po- dem realizar, entre si, um primeiro estudo sociocultural, com base na avaliagao dos resultados do ano anterior e do levanta- mento de alguns dados que julgarem prioritérios para a defi- nig do projeto politico-pedagégico da escola. Uma vez que 0 grupo que dara inicio ao processo do planejamento é formado Por sujeitos coletivos representativos de toda a comunidade escolar, pode-se dizer que o levantamento e a interpretagéo dos dados do proprio grupo representam um passo importante para a realizagao da “leitura do mundo” Aleitura da realidade escolar e de seu entorno (etnografia da escola) seré confrontada com os dados levantados a partir das propostas “iceais” estabelecidas pelo grupo quando da definicdo do marco referencial. A compreensao do mundo, a definicdo das utopias e o conhecimento da realidade em que esta inserida a escola permitirao verificar a viabilidade das agoes que serdo propostas. Algumas questées podem ser apresentadas aos segmentos escolares, durante a semana do planejamento, de maneira a direcionar possiveis encaminhamentos em relagao A propria “leitura de mundo”, bem como em relagao as proximas etapas da elaboracao do projeto politico-pedagégico da escola perguntas 1. Em relagio “ltr do mundo” important para oplaneja- mento a aplicasio de métodos cienticos de investigagio da reaidade? Que dados da sua escola, sugeridas na etnogafia da escola, seu grupo js conhece e quai dads desconnececomple- tmente? De que comissies de trabalho os infegrantes do seu grupo poderio participar? 2. im rola aos des da renidde escolar existente: Quai os aspectos positives que podemosapontar em elagoaos trabalhos desenvolvidos em nossa escola nostiimos anos? Que inovactes educacionais foram implantadas em nossa escola recentemente? (Quais sto nossas maioresdificuldades para arealizaio de um trabalho pedagogico de maior qualidade nesta escola? Como tems enfentado esses problemas? 3. Em relacio a outros dads que eventualment anda ni temos Quants pais de alunos e profssores sio sindicalzados? Eles assist a tev regularmente? Quetipode programacio? Quai so as principais queisas dos segmentos esolares? No que a nossa comunidades diferencia de utrascomminidades? Quai so 0s habits cultrais e desportivos de nossa comunidade? Qual é 0 lazer predominante? Qual & 0 padrao de ineragio professoraluno-comunidade mais pratcado em nossa escola? PLANEIRMENTODILCICO im 3. O que faremos em nossa escola? ‘A programagio das atividades 6 que dara a primeira forma concreta documental ao projeto politico-pedagégico da escola. aqui que todas as propostas de ago tomarao corpo. Elas serio definidas a partir do levnttamento preliminar sobre os dados da renlidade escolar ou a partir da concretizagao das etapas priori- tarias da etnografia escolar que, num primeiro momento, 0 coletivo escolar for capaz de realizar. As ages propostas pelos segmentos escolares devem ser vidveis e exequiveis, ou seja, possiveis de ser realizadas. O conjunto dessas ages deve representar, 0 mais possivel, a vontade da maioria do coletivo escolar, devendo ser estabele- cidas consolidacées minimas pelas quais todos possam ser coresponsaveis. Segundo Vasconcellos (1995, p. 163-168), deve-se iniciar essa etapa deixando claro ao grupo que as propostas de agao devem ter como meta a satisfagio das necessidades apontadas tanto no marco tebrico quanto no diagnéstico (leitura do mun- do). Além disso, todos devem saber que nem todas as necessi- dades da instituigao serao satisfeitas por meio de agdes concre- tas, Esse autor considera que as propostas de ago podem ser, basicamente, de quatro tipos: a). Agio concreta: proposta de uma agiio que tem um caré- ter de terminalidade, ou seja, uma aco bem determi- nada que se esgota ao ser executada, Deve contero que ce para que, quer dizer, que tipo de agao se propde e com que finalidade. b)_Linha de agto (ou orientagao geral, principios): indica sempre um comportamento, umaatitude, um modo de ser ou de agir. ©) Atividades permanentes (ou rotinas): si0 propostas de agio que se repetem, que ocorrem com determinada frequéncia na instituigdo. Aatividade permanente tam- bém deve atender a alguma necessidade da instituigao. 4) Determinagées (normas): sao ages marcadas por um carter de obrigatoriedade, que atingem a todos ou a alguns sujeitos. A definigao da programagio das atividades que seré con- templada no projeto politico-pedagégico da escola pode tam- bém ser organizada nos mesmos moldes definidos para as etapas anteriores, com momentos de reflexaio e de decisio in- dividuais, em grupo e em plendrio. Nessa fase de elaboragio do projeto da escola, o conjunto de participantes jé criou uma dinamica de trabalho e poderé estabelecer a melhor maneira de realizar essa etapa, Naturalmente, a equipe de coordenagao da reunido € que estaré a frente de todas as atividades, buscan- do sua melhor organizagao e realizacao. De acordo com o exemplo e com as sugestdes de solucio para os problemas da escola, constantes da Ficha 4, pode-se realizar uma discussao com todo 0 grupo para a definicao dos problemas que terao atencao prioritaria no projeto politico-pe- dagégico da escola. Assim, o grupo deverd buscar um consen- 50 ativo e participativo em torno nao apenas da definicao dos problemas que deverao ser resolvidos prioritariamente na escola, mas também indicar e desde jé classificar quais 0s tipos de agdes que corresponderao as respectivas solugdes apresen- tadas: Tipo 1 — Agées Concretas; Tipo 2— Linhas de Agi ‘Tipo 3 — Atividades permanentes; Tipo 4 — Determinacoes, Naturalmente um mesmo problema pode receber diferentes propostas de solucao e, por conseguinte, corresponder a dife- rentes tipos de agGes simultaneas ou ndo. A Ficha 5 apresenta alguns exemplos. PLaNeinnexTooIo

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