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Terga-feira, 19 de Agosto de 1997 USERIE — Numero 33 BOLETIM DA REPUBLICA PUBLICACAO OFICIAL DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE 2° SUPLEMENTO IMPRENSA NACIONAL DE MOGAMBIQUE AVISO A matéria a publicar no «Boletim da Republica» deve ser remetida em cépia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além das indicagdes necessérias para esse efeito, o averbamento seguinte, assinado e autenticado: Para publicagao no «Boletim da Republica» SUMARIO ‘Conselho de Ministros: CONSELHO DE MINISTROS Resolugio n* 23/97 de 19 de Agosto © Programa do Governo aponta como objectivos do desenvolvimento industrial a valorizago dos recursos naturais, 0 aumento do valor acrescentado, a diversificaglo da inddstria nacional, a substituiso de importagGes de bens intermédios 0 fomento das exportagtes. O incentivo a0 desenvolvimento re- ‘gional, 2 promoglo da implementacRo de novas indistras, 0 desenvolvimento da micro e pequens empresa ¢ finalmente 0 aproveitamento da localizagdo privilegiada de Mogambique. ‘A comrecta prossecugto desses objectives impie a aprovacio pelo Governo de uma politica e estratégia industrial, ‘Nestes termos, usando da compettneia que the ¢aribufdapela ‘linea ¢) do n° 1 do artigo 153 da Constiuigso da Repsblica, 0 Conselho de Ministros determina: nico. £ apravada a Polfticae Estratégia Industrial, em anexo, ‘que consttui pate integrante da presente Resolucio, ‘Aprovade pelo Consetho de Ministros. Pablique-se. (O Priineiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi. Politica ¢ Estratégia Industrial INTRODUCAO A. Constituiglo da Repiiblica de Mocambique atribui & industria o papel de impulsiondor da economia, ‘Aresponsabilidade atribu(da neste sector, enconta-se de igual ‘modo contemplada no Prograrna do Governo no quadro da Ita pela eliminago da pobreza © promogio do desenvolvimento ‘econdmico ¢ humano auto-sustentado, © papel de impulsionador da economia, que € atribuido & indstria, constitui uma _premissa que repousa nas ligagfes © externalidades tecnolgices ¢ nas possiblidades de integragso intra e intersectorial que a indistria poténcia ¢ sem as quais a ‘economia nfo poderd desenvolver-se. ‘Assim sendo, a indGstria deveré desempenbar um papel de ) 0 potencial de captagto e/ou poupanca de divisas; (®) 0 facto de responderem directa ¢ indirectamente as nevessidades bésicas da populacio, incluindo 0 em- Prego. Adicionalmente, este tipo de indéstria 6 0 que apresenta melhores possibilidades de contribuir para a desconcentragzo da indéstria, tanto pela possibilidade de localizacéo das indGstrias ‘petto das zonas de produclo de matérias-primas, como porque determinados ramos prestam-se especialmente & constituigo de equenas e micro-empresas. Dentro deste sub-sector ter8o prioridade: = Os ramos que tém capscidade de desenvolvimento de ligagdes inter e intra-sectortis, estando inseridos em longas cadeias de produgto: = Os ramos com potencial de exportagio, ‘Assim, sfo de destacar: ‘A) Indistrias abastecedorasdo mercado intemo.eexportadoras ‘Ramo do agticar: © potencial de desenvolvimento ¢ grande a Julgar pelos clevados niveis de produgo outrora alcangados (825 051 toneladas em 1972, contra 24288 toneladas em 1996). Grande empregador de mio-de-obra (jé empregou 45 000 trabalhadores nos anos 1970, sendo actualmente de 14 000 0 snimero de trabalhadores directos noramo),esteramodesenvolve ligagdes com outros sectores ¢ tem enorme potencial exportador ‘Gexportou cerca de 120.000 toneladas em 1979 contra cerca de 25 000 toneladas em 1996), ligado & explorago das quotas preferenci ‘Ramo do algodao: Este ramo tem um grande potencial para o sumento da componente nacional da inddstria téxtil (¢ também de substituigo da importacto de 6leos alimentares) e, portanto, de reduair a dependéncia das importagées. Este ramo absorve ‘mo-de-obra abundante, O potencial exportador grande, ‘embora a prioridade deva ser atribufda 20 abastecimento da indéstria local, com vista 20 aumento do valor acrescentado nacional, O aumento da érea de cultivo ¢ da produtividade sto Pontos chave do desenvolvimento do sector. B) Inddstrias orientadas para a exportacio Integram esse grupo as industria tradicionais de exportacso. ‘Todas desenvolvem fracas relagDes intra ¢ inter-sectoriais, com cexcepeto do sector agricola. A prioridade que a elas € aribuida resulta, essenciaimente, da sua capacidade de geracto de divisas ‘Ramo do caju: 0 desenvolvimento desta indistria deve ter em ‘conta a necessidade de alongar o ramo pela via de renovagio das lantagdes, incluindo a avaliagSo das possibilidades de se existe a necessidade de se promover 0 aproveitamento dos sub- produtos para a produg8o de 6160 de caju, sumos, compotes, passas secas ¢ bebidas espirituoses. ‘Ramo do chd: O esforgo de desenvolvimento deve centrar-se namethoria da qualidade por forma ganhat compettividade nos ‘mercados extérnos, O aumento da produgdo passarg, em primeiro lugar, pela recuperagto das éreas de maior produtividade e pela reabilitagdo das linhas de producto com capacidede suficiente para processar 0 produto das zonas recuperadas, ‘Ramo dacopra: Damesma forma que para caju,impe-se um ‘maior desenvolvimento das ligagbes que o ramo potencia: éleos ce sabses, ragdes, cremes, etc. ©) Indastrias de substituigdo de importagses Asprioridades recaemnaquelas indistrias que podem substituir a importagto de factores de prods, Ramo de cereais: Alimentam uma longa cadela de produgio (Gescasque, titurago, moagem/panificarso, dogaria, pastlaria, massas ‘alimenticias/racg6es) ¢ atondem directamente &s necessidades da grande maioria da populaco mogambicana. seu desenvolvimento far-se-& em consonéncia com o aumento da produgo para evitar a dependéncia da importagto. O desenvolvimento de pequenas unidades dispersas por todo 0 tertt6rio nacional deverd merecer especial atengto. Ramo defrutas ¢ legumes: As indstrias de conserva de frutas, Tegumes ¢ de sumos concentrados de fruta disptem de um xotencial de desenvolvimento. A produclio de citrinos para o fabrico de sumos deve sec priorizada na 6ptica da exportagio. Outros: Outros ramos como as bebidas, e as cervejas om particular, slo puramente de substituigo de imporiagto, conservando uma dependéncia do exterior no concernente &s matérias-primas, Fontes de 4gua mineral devem ser pesquisadas devidamente exploradas. Outros ramos ainds, devem ser perspectivados mais a prazo dada a insuficitncia da produgo nacional (conservas de canes, p.e.) 33.1.2, Inddstrigs Téxtels, Vestuério © Calgado As inddstrias textes, vestuério e calgado tm um peso tradiglo dentro do sector industrial. Estas indstrias sto grandes cempregadoras, em particular da mo-de-obra feminina. Cabe realgaropapeldo desenvolvimento desta reas sobreaagricutura, especialmente sobre a cultura do algodtio, Os ramos ttxtil algodoeiro e as confecgbes slo prioritiios, pela possbilidade de aumentaracomponente nacional dainddstria «também porque podem exportar. Este ditimo aspecto implica tama atengio ao aspecto de qualidade © de “marketing” no ex- terior. Predominam investimentos de reabilitagso em todos osramos: preparacio_e fiaglo de fibras, tecelagem e acabatiento de tecidos; obertores,s8c0s de réfiaealcatifas;fabrico de artigos de wiatha; vnfecg6es. Novas oportunidades de investimento foram idemtificadas nos sub-tamos do fabrico de tecido de algodto poliester,toathas tureas, ecido “denin” e fios para malba. 3.3.1.3. Inddstrias Metalo-Mectinicas ¢ Electro-mecfinicas ‘Asmetalo-mectnicas as elootro-mectnicas sto umaindéstria, altamente “industrializante”. Tém grande ofeito estruturante © capacidade de arrastamento de outros sectores. Blas possuem 1 SERIE — NOMERO 33 agrande capacidade de desenvolvimento de relagbes intra e inter- -sectoriais, ede deseavolyimentode externalidadestecnolégicas. ‘As metalo-mectiaicas sto ainda da maior impottincia para a ‘manutengio industrial, cuja fraqueza constitul ainda um dos sraves problemas do sector. Por isso, 0 desenvolvimento das metalo-mectnicas constitui ‘uma das grandes prioridades da pottica industrial, O desenvolvimento desta érea deve ter presente a necessidade do extensto das indistrias metalo-mectnicas a todo oterrtério nacional, através da criagto de pequenas ¢ micro-indéstras. As priotidades recaem sobre: 0) Indistrias metalo-mectnicas de base: Fundigho, forj, tritamento térmico e maquinagem de pecas. .b)Inddstrias com forte ligagdes intra eintersectoriais: As ‘melhores possiblidades existem naquelas inddstrias ‘que desenvolvem relagées com as construgGes ¢ obras péblicas ¢ com a agriculnura; ferragens e fechaduras, artigos de canalizago, atigo$ de luminagfo, maquinaria eequipémento auxilir para movimentagioe transport de materiais, manuteng8o e reparagto, estruturas -metélicas, bombes para elevacto de Agus, mofnhos, ferramentas, ¢tc., fabrico de motores ge combustio interna, etc, 3.3.14, Indistria de Materials de Construséo ois efeitos se conjugam para potenciar o desenvolvimento da ‘rea dos materiais de construgio: (D a enorme procura que resulta das necessidades de (te)construgdo no pés-guerra; (i) wexisténcia de matérias-primas para o fabrico de ma- teriais de construgdo um pouco por fodo 0 pals e que podeslo sr valorizadas, Adjciondimente, as inddstrias de materiais de construgio atendem directamente as necessidades bisicas de habitagdo edeinfra-estruturagio 0 pafs.¢ contribuem para a poupanga de divisas. ‘As acgbes a ter lugar devem processar-se 90 curto © médio prazos para aproveitar a conjuntura favordvel, Um esforgo deve ‘ser feito para localizar as inddstrias perto das jazidas de matéria- prima, que contribuirl para adesconcentracioindustrial. Nesse ‘mesmo sentido, concorre a producto semi-industrialartesanal de materiais de construgo, a qual deve ser engorajeds. A resbilltagio das unidades existentes com condighes de viabilidade 6 tarefa priortéria. A expanstio do sector a curto © médio prazos, deve fazer-se, preferencialmente, através do desenvolvimento da produgio em pequena escala semi-indus- (tial/artesanal, com recurso a tgcnologias altemativas de baixo ‘custo (tijolos. cerfioos, cal, blocos de solo estabilizedo, etc). 33.2, Inddstria Pesqueira ‘A indsstria pesqueira ¢ igualmente importante o que deriva do ‘contributo que tem para o absstecimento do mercado interno, ‘exportaglo, utlizaglo intensiva da mio-de-obra ¢ ainda a sua ‘capacidade de arrastamento sobre a economia’ do Pais, 3.3.3. Inddstrias Extractivas B grande o potencial das inddstriss extractivas. O seu desenvolvimento contribuiré grandemente paraa valorizaciodos ‘recursos naturals ¢ para o aumento das exnortagbes. 19 DEAGOSTO DE 1997 (Os enormes investimentos exigidos na pesquisa geolégica na reparagdo e implementag8o dos projectos ¢ em infra-cstruturas de transporte, energéticas ¢ outras, constituem 06 principals “obstéculos 20 desenvolvimento das inddstrias extractivas. 334, Indéstria Bnergética Esta dea, é de importincia vital e sem ela aindAstria nbo pode funcionar adequadamente. Particular atengSo deverd ser dada aqueles aspectos que se referem A exploracto de todas as suas potencialidades tirando deste modo partido das vanthgens ‘comparativas resultantes da ampla variedade de recursos ‘encrgéticos, renovéveis e no renovaveis de que o pats ¢ dotado nomeadamente: 0 carvio mineral, 0s bidrocarbonetos, a biomassa ¢ recursos hidricos, eoliea¢ solar. 34. Oportunidades de Desenvolvimento 34,1, Indistria Transformadora 34.11, Indéstria Metalérgien ‘A importincia do desenvolvimento da indtstria metaléegica results, essencialmente, do seu cardcter bdsico ¢ dos seus efeitos estruturantes, pelas ligagSes que pode desenvolver com outros sectores como a metalo-mectnica e a construgio e, mais tarde, com 0 sector extractivo, Esta indstria pode contribuir paka a promogio techolgica, ‘As prioridades nesta érea viopara oramo dos produtos bésicos de ferro © ago €, dentro deste, para a Inminagem ¢ a fundigho. ‘Outras oportunidades de investimento podem ser examinadas no curto/médio prazo. A sua visbilizagSo estaré condicionada & confirmagio do potehcial mineralégico do pats, a mobilizaglo e de atracedo do investimento estrangeiro, Assim, constituem oportunidades aexplorar: aredugio directa dominétiode ferro coma uilizagto do gs de producto nacional; ‘a produglo de ferro-ligas; a fundigio do eluminio; a produglo de itinioa parur das areias pesadasexistentes; ocarvao.coqueficével de Montize; a exploragto do cobalto ¢ do tintalo, 34.1.2. Indistria Quimica O interesse do desenvolvimento da érea reside na: (0) possibilidade de valorizar recursos naturais; (Gi) grande capacidade das inddstrias quimicas de base © intermédias de desenvolver extemnalidades tecnolégicas, ¢ ligagbes imer e intra-sectoriais. Porém, o desenvolvimento desta frea deve ter em vista a introdugio de mudangas na estrutura actual. Nesta perspectiva ‘merecem prioridgde: 2) Bm termos de reabilitapao produgSes que getam insumos para outras actividades econémicas: manufactura de borracha, baterias, vidro, pléstics, fetilizantes e pesticidas; + as produgées intermédias pare o consumo in- dustrial, ete; 0s éleosesab6espelacontribuictoparaasnecessidades

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