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\ Kade SL | uxiGiAL DA PASTA | favor dovelve 7 4o eo te i foto @) LM COFiADoRA ORIGINAL BA EASee pror: Bcham dos f tN DF copias__GO Pot bo recaliqeps oe Whe we a o iH ' : i an i Nov a ee If IM D i} THULO ORIGINAL THE POWER OF IDEOLOGY © SIVAN MESZAROS HARVESTER WHEATSHEAF/LONDON/1969 (© DA EDIGAO BRASILEIRA: EDTORA ENSAIO/SP/1996 TRADUGAO MAGDA LOPES REVISAO MARCELO BRANDAO CIPOLLA (Ofginciy EQUPE ENSAIO CAPA ‘CHRISTOF GUNKEL DIAGRAMAGAO, COMPOSIGAO E FILMES ENSAIO ~ EDMTORAGAO ELETRONICA IMPRESSAO E ACABAMENTO DAG GRAFICA, Dador iapacknat de Cotegasto na Atco; (CP ‘Cima toto Ue, S, ba ian, 1. © pater da tesbpaivn Mis Yodo Mags Lopes = S8'Fous' tea Be ‘up oh ha powe! of keoeoy. begat 1. tower ect 2: ecb 3, Poca Le. voousa covsaas ISBN 85-05569-32-2 Tatas ps ge J. Welopar Cnc potica S05 . 1996 THhULO SELECIONADO PELA “iaea Ss tna . aN Rua Wp, 784 J 01238.000 - S80 Paulo - SP Telefone: (011) 67-2066 | Fax-Modem: (011) 67-3437 EARN INDICE PREFACIO PARTE UM ‘A NECESSIDADE DA IDEOLOGIA J. INTRODUCAO 1.1. A NATUREZA DA IDEOLOGIA 13 12. DA *MODERNIDADE A °CRISE DA POSMODERNIDADE’ ..27 1.3. ARTICULAGAO IDEOLOGICA DAS NECESSIDADES SOCIAIS 70 "4. PRINCPA DETERMNANTES DAS MUDANGAS CULTURAL-IDEOLOGICAS 15, CONCLUSAO ... 2, PARAMETROS SOCIOECONOMICOS 2.1, EXPANSKO DO POS-GUERRA E "POSIDEOLOGIA 22, TEORZAGAO PREMATURA DO “FM DA ESCASSED 23. A FALACIA DAS SOLUGOES TECNOLOGICAS PARA OS PROBLEMAS SOCIAS on 2.4, A CURA DO *SUBDESENVOLVIMENTO™ PELA "MODERNZACAO* 0 3. POLITICA E IDECLOGIA 3.1, A IDEOLOGIA GERENCIAL E 0 ESTADO . MT 132. RAIIES IDEOLOGICAS DA *ANTIDEOLOGIAY DO POS-GUERRA 33, A PERSPECIIVA WEBERIANA DE RAYMOND ARON 3.4. A TEORIA CRIICA DE ADORNO E HABERMAS 3.5, OS DIMAS DA "GRANDE RECUSA' DE MARCUSE 53.6. UM HOMEM PARA TODAS AS ESTACOES: O PENSANENTO WEBERIANO E SEU RENASCIMENTO NO POS-GUERRA uu 3.7, "UNIVERSAUSMO" OCIDENTAL VERSUS 'NACIONALSMO DO TERCERO MUNDO" 38, MERLEAUPONTY E A “UGA DA ESPERANGA ABANDONADAY 39. 0 PODER EO PAPEL AIIVO DA IDEOLOGIA 121 210 218 205 1. INTRODUGAO 1.1, A NATUREZA DA IDEOLOGIA qa. ue podeta ser meis objetivo que um dicionéiio? No Veidade, 0 que seria mais cbjaivo e "santo de ideclo- {io" que um diciondto, mesmo em s9 tilando de um dciond- tio do singnimos? Asim como os painéls de hotétio das fer vias, supde-se que os cicionéiios fomegam uma informagao, factual exata o fim de curnpit a fungéo que thes € gercimen- fe atiibuida, em lugar de levar © pasagero desavisado para uma viagem em diego diometiaimente oposia ao seu dosti no. Mas, como pudomas observar na péigina antatot, 0 "Word Finder’ Thesaurus de um dos mais poptiares programcs de pIo- cesamento de texto, 0 WordStar Profesional, muito generosa ‘mente nes oferece uma vaedade supreendente de carci ticas postvas para os palavios “consewvador @ "Tbetal; de tol foima, na verdade, que se comega a imaginar se 0s aietivos ‘hei6ico* e ‘santot ndo teiam sido omilidos por descuido. Ao mesmo tempo, 0 “revoluciondtiot recebe uma definicdo extte- mamente sumétia - que 0 qualfica apenas como digno da tatengdo do poder judiciéro e das autoridades penis - ao ser Caracteizado como ‘enfulecido, extiersta, exieo, fonético, fadical, ulta’. E iso que obtemos quando as #30 proclamadas fegias de ‘objelvidade" séo apicades @ um lado do eipecto pollico, em conttaposigao a0 outio, mesmo ern urna tarefa tao direta @ “konta de ideologiat quanto a compilagdo de um ci- Clonétio de singrimos. Tudo iso pode surpreender @ muitos. Todavia, « pura verdo- de 6 quo om nossas sociedades tudo estd “impregnado de ideoiogiat, quer a percebamos, quer nao. Além dso, en nos sa cultura Ibetal-consewadora 0 dstema kieolégjco socidmento ‘estabelecido © dominante funciona de maneiia a apresentar suas préptos tegias de seletividade, tondenciosidade, dicing 40 © alé ditelgdo stlematiea como “normalade’, ‘ojatnica- de" © “imparciaidade ciontfico’ Nas sociedades capitalsiastberalconsewadoras do ocido © discurso ideclégico domina a tal ponto a doterminagéo de todos os valores quo muito frequentemente nao temos ‘2 mais love suspeiia de sermos fevados a acelar, absolutamen'e ser uestionamento, um determinado conjunto de valores & que se Podatia opor uma porspectiva alternative muito bem tunda- ‘mentada, juntamonta com as conseqUéncias préticas que nelo 1.0 -Woid Finder - um Kisco eekSaico fabéeado por Mlcaiics. ne. do East Rocherer Nava Yor etd onoxoco @ Vado 4d grande sucelso oo vends ‘Worstor Potesionar, da MiroMo, Pode et ullzade também cam ost: Pr ‘romas de precesomento ce leo. ISIVAN NéSZAROS: DPODER DA DEOLOG se oncontiam mais ou renes Implctes. © empes ato, do pene- are eatulura do cscutto idecidgico dominante inevtavel tnonfe nes impee as sopuintes detorminagées “acionat" press fabelecidas (0) © quanto (ou qUBo Pouce) se pode condiderar uostondvet (0) db que ponto do Vso: @ (c) com que fina dace NNeiuolniont, oquelet que aecitam factomente a Idedtogia dominate como a estulura ebjeiva do discuto “acionar © do “eructo® rojetem como legiimes todas os tontativas de ldentifear a supos;Bes ooutat © os Volos impos com que f:13 comptometida a ofdem dominant. Assim, erm nome da ‘cbjelvidade" © da “ciénci', fom de desquaiicar 0 uso de ob ‘gumas eategotiar esenciis do pensomento effco, Reconhecer logtimidado de tis categoics sgaiicaia consent no exome {das props eupodg6et ocetas como Voidodsies, em coniunto ‘com af concluiber conveniantes que podem ser ~ e efeliva monte o #80 ~ dels extoises. Um bom exemple dso nos & ofetecido por um professor de oxford que, om un argo sobre a explotagao econémica na Mica, afima: "Exgloragae, como imperalsme, néo 6 polavia para eudoro: sion, porque seu sgnicado hd muifo tempo vom sendo emberahodo por coneslesideoldgico:”. Harry Magdoft coments com razdo:*Or "cheats" em goral nd tém problemar com pelavies doladas de forle carga emo- Gional = como, por exemplo, azsassinato, rapto ou sil mesmo quando oF costumer vigentes desaprover fal uso na focledado eduvada, € muto sgnifeativo que, com 0 pastar dos anes, apenas ima certa clase do polavcs fenhe conse: auido enfuecer ce ‘schol’. Asim, no 8 ‘impeialsmo’ e ‘ex- lotagdo impetiase, como também um ferno tao importante fo lesico sociogcensiico como ‘capitolzno', eo Watlados pe los académicos com extrema cautela’. Uma vez que conceltor como ‘exploragao" @ “impeiaismo* sé0 baridos de qusiquer dicusdo sbia sobre, 0 rlacionamon- to ene at tociedades capiastas ovangadas“ndustigls moder nat’ © “pésindustice' © o: patos economicomento depen: dlontos do “tereclis mundt, 0+ “scholars” do consenso Ideo- Iésico autocomplecente podem andar em ecules © ded do conjnio de categories admisivels tudo oqulo que for con- Veriente & ordom dominanto 0 o sua ideoiogia oculta. Ao mesmo tempo, o beneficio adicional dessa abordagem ¢ que no hé necesidace do 29 pret a meno: atongéo aos argu- ‘mentos do adveritio cifice, por mais fortes quo ssjam as ev oncias fedicas © empticas que le tonho do teu lado. Be 2. Clad por Hany MAGDOFF em seu two inparotsn: Flom the Colenic’ Ago 0 tho Posen, Nova York Monhly Review Piss. 1978, p. 148.0 academia e que so tia @ Dav K, Relsnoute, que na época fra Fhlot Jo codal — Beil de Hsia do Comunidade Baléica na Unveridade de Oxford 3° MAGDOF, Ib, pp. 185. \ | | 1 | | | | J rRODUGAO, TA NATUREZA DA IDEOLOGA Pode set peremptotiamente desconsiderado em virtude do al Postivo rotulador que exclul suas categorias, ariclando-os como “conceltos ideclégices confusos' em nome da dite ‘objetividade dos scholais’, culos citétios sGo, mais uma vex, circularmente prosumides como padibes de avaliagéo evidentes por si mes mos. 112. A iecoaia dominante do sero social erabelecto se firma violentamente em todos os nivels, do mais gios- selro go mais refinado. De fato, os varios nivels do discutso ideolégico se intercomunicam de varias maneitas. Podemos re- cordar neste contexto que olguns dos mais célebres intelectuais do pésguerta deciararam em seus fvios @ estudos académicos que a distingdo ‘antiquada* entie esquarda © direita polticas 1nGo fazia sentido nenhum em nossas sociedades “avangadar’. Sabe-se mutto bem que essa idéia tom sido avidamente acohr da pelos manipuladores da opiniéo piblica @ amplamente difundida com 0 audio de nossas insitigdes cultura, somvigo de determinados interesses @ volores ideol6gicos. Gracas a fal comuricagao entre © “sofisticado" @ 0 “vulgar, tomouse co- mum chamar os representantes da direlta de ‘moderados*, fenquanto aqueles da esquerda eram designados como ‘extre- istas, “fanditioes’, 'dogmétices' e coisas similares Compreensiveimente, a ideclogia dominante tern uma capa: cidade muito maior de estipular aquilo que pode ser conside- tado como ciitéio legimo de avaliagao do confito, na me- dida em que contiola efetivamente as insituigées culturais @ polticas da socledade. Pode usar ¢ abusor abertamente da ln- ‘quagem, pois 0 petigo de ser publcamente demascarada é Itelevante, tanto devido @ telagdo de forgas prevalecente quanto aos dois pesos e duas medidas que se aplicam as quostées dobatidas polos defensores da cidem estabslecida. Tomando-se apenas um exemplo recente, © goveino bilan co decidiu obiigar os jovens desompregades a s@ integrat @ um de sous esquemas de treinamento de *Oportunidades para a Juventude" - que na realdade proporciona muito pouco treina- mento, se & que proporciona algum, mas tem 0 propésito pil mordicl de ‘maquiar’ os dados de desemprego -, privando-os de sou Gnico meio de vida, os beneficios do seguro social a {que tém dlieilo por lel. Quando a questi foi discutida publica- mente, 0 potta-voz do goveino declarou com *a'cara mais séiia do mundo’ que absolutamente nao se hratava de “Yorgar ble (SIVAN MESDAROS a0 DA TOFHLOS ringuém: eles s6 desejavam ‘encorajar os jovens desemprega- dos @ aproveltar as “oportunidades' c eles oferecidas. (Assim ‘como declararam que a supressio de alguns programas da BBC - @ até de alguns Ivros - nada finha a ver com consura, ‘mos apenas com ‘o dover de siglo do governo") A questio sobre © porqué de uma lei 130 dura ter sido escolhida para o pretenso “eslimulo & educagdo" da juventude ficou, 6 claro, tem resposta. Quanto aos dcis pesos e duas medidas usados pala mesma sociedade, ndo é multo difell imaginar como 0 poder judiciéio reaghia se alguns jovens que, pela nova lei, fo- fam ptivados de seu meio de vida tecowressern ao ciime @ ten- tassem jusiiicar © ataque as vitimas aigumentando que néo Mforgararn’ ninguérn, mes meramente “encorajaram” at pessoas «@ entregar seu dinheito ou sous pertences. A oxisténcia de do's posos © duas madidat, motivados pela Idoologia @ viciosamonto tendenciosos, 6 evidente em toda parte; mesmo entie aquelos que se sentem oigulhoses em pio- ‘clamar-se representantes da ‘prospetidade na vide". Difeimento odetia ser de outro modo. A ordem dominante necesita opl- car para si mesma ciitéios radicalmente diferentes dos aplica- dos dqueles que devem ser mantidos em posigdo de subora- nagao. Assim, os defensores intelectuais do status quo & ‘guatdides “neutios’ de sua ortodoxia ideotigica podem apresen- tar suas confantes deciaragées de 16 em suas piSpriasidéias, ‘ao lado de ataques violentos a seus adverséios, como un *co- rnhecimento cientiice” indiscutivel, sem 2 darem ao trabalho de ‘apresentar, em favor de suas deciaragées, a menor comprova- (960 extraida das teovias rejeitadas, Neste esplito, John Maynard Keynet péde ozotever ebro ‘Marx do modo mais ijuioso, em meio @ uma oprovagée entu- ‘éstica, ufizando insullos como ‘proves’ contétias a sou odiado lvo e favotdvels a suas pidprias opiniées. is sou ‘argument “Como posso aceitar uma doutiina que estabelece como sua biblia, acima e além da citica, um manual econémico absole- fo que feconhego nao s6 como cieniiicamente erténeo, mas ‘tomibém sem inferesse ou apicagde para © mundo moderno? ‘Come adotar un credo que, preferndo a lama co polre, exal- ta 0 profetariade rude acima da burguesia e da infaligentsia, que, apesar do suas falhas, representam a prosperidada na vi- da e certamente levam consigo as sementes de todo 0 ‘avango humane? Mesmo que preciséssemos de uma religiao, come poderiamos encontré-la no refuge confuso das fvrarias vermethas? & diel que um fiho instrufdo, honrado ¢ intaligente da Europe ocidenfal encontro af seus Ideals, a menos quo 10; ‘nha prime'o sottido um estranho e fertvel process de conver- 60 que the tenha mudado todos os valores" 4. KEES “A tn wc a’ (5, apubtondo om En aos tow Ys etn eo he Sok InmRODUGAO. A NANIREZA DA IDEDIOGA Evidentemente, nunca ocoreu a Keynes que pudesse haver algo de errado ou problematico em relagao aos valores explo: Talétios do “fiho insiuido, hontado, intelgente’ - cegamente autocomplacente - ‘da Eutopa ocidentai’. Argumentando a Parti do sstora econémico estabelecido © no interasse dosso ‘mesmo sistema, parece sor suflciente aqueles que assoveram "lovar consigo as sementes de todo 0 avanco humano" meta mente decrefar as palavias de sabedovia ¢ o absoluta inaltero blidade dos vaiores que sustentam os poderes existentes, Nem 6 necessizio dizer quo, so um infoloctual socialsta se comportasie do mesmo modo e se aventurasse a desciever as teceltas keynedanas cle manipulagde monetéiia capitaista co: mo 0 tefugo preudocientiice das iviatios aru’, ele sata instan: faneamente excomungado pelos “estudiosos sé’ © expulto do mundo académico em muita cetiménia. Mas Keynes - cua Ig) oréncla da obra de Max s6 6 superada por seu senso limi ado de supetiotidade em relagdo a todos aqueles que pio- duzem tudo aquilo que a ‘prosperidade na vida! justamente ex proptia para si - néo somente pade diigirtois invectivas porn osas © grosseisamente "nao-séiias' contra seu objeto de ‘ataque, como também, ao mesmo tempo, 6 aclamade como © grande exemplo de ‘objetividade cientfica’ © a refutagao fi nal de Marx. Obviamente, 0 pensamento que identifica os pré: ios desejos com a tealdade néo conhece veigonha nem tiri- tes, 5 ltimas décadas, os intolectuais evitaram admit: @ esséncia classsta de suas teoilas © posturas ideciégicas, Langando um olhar & didstlea mudanga do mapa social do mundo ocotida entre 1917 @ 1949 - isto 6, entte a eclosio da fevolugio nussa © a vitéia da revolugéo chinesa -, pieferiam a resungéo reconciliatéria, negando néo somente a eristéncia dos fenémenos (outrota confessamente contiovetsos, mas ago- {a felzmente suplantados) do “mpetialsmo’, ‘exploragac’, "capi talimot etc,, mas até mesmo de “clastet" ¢ “contltos de clase’ Keynes no utilzou fais estratagemes Ideolégicos defensivos. Absolutamente convicto de que a oidem dominante mantetia ara sempre seu controle sobre tudo que na verdade importa Va, ndo hesitou em declaiar com condescendente aulocen: fianga: ‘Quanto a lufa de classes como tal, meu pattiotizmo local e pesioal, como os de todo mundo, exceto alguns desa: IsvAN wészinos ‘TPOOKR DA EOLOGIA giodévels entusastas, iga-se a meu piépiio ambiente. Posso ser influenciado pelo que me parece ser justo e de bom senso: mos a guara de classes vai me encontiar do lado da burgue- sla educads". ‘Asim, de modo abetto ¢ desafador, Keynes assumiu om 10- lagdo @ tudo uma posigdo ideolégica altamente sectéria, Se ‘agota consdoraimos os pineipios dietivos de sua teotia, que Keynes feria a partir de um ponto de vista idedlégico tho fi memente estabelecido, descobiemos que, apesar de suas Confantes projagées de uma solugao felz para os problemas @ diculdade: cuja existéncia ele 6 forgado a admitr sob 0 im- acto da cise econérrica mundial de 1929-83, sua concepgéo geral nao nos conduz a absolutamente lugar algum. Keynes presenta una sepatagio rida e dogmétiea entre © avango ‘matafd:produtvo (a sclugdo do problema econémice, em sua, torminologic) e a melhoria das condigées da exisiéncia humna- 1na_em todos os aspectos, conforme as potencialidades dos obletivos ccnscientemente adotades. Pata descrever o processo da reprodugdo produtiva, ele ‘adota 0 pento de vista mecéiico ‘matetialsta vulgar daquilo que ele piéprio denorrina ‘a méquina econémica, dectaran- do com ofirismo inestito que a ciéncia, a efciéncia técnica & 1 acumulagao de capital (@ esta uilima graces ao *ptinefolo do juro composto™, @ nd & explotagao nacional ¢ internaci: rial) extdo a caminho de resolver, “graduaimente’, 6 claro, “o problema econérrico da humanidade". Um problema que, se- ‘gundo Keynes, deveria ser considerado ‘uma questéo para 6. KONES "Ar Uber” (1925), Ese Pesveon 328 NEM “he ond of ater e (192), ea In Poss, P 317 4. Kayes opera una rocianalasgeo aia nacre 2 So phage Goon bitnco, em eimos de "ren composes Ea camo defende m0 Cau’ “0 vor dot hvosnancetiticor fo ener chstrente cralodo fim cece, Go iS 4 binge Ho ot plopecone uno tnaa & axa de exo 33 rae cs intros for con 6 Sor 9 sue elo Fy res acne ro estongule © les Caron. Age Osh er scores her se 50 anor fagaremacoro ic oor vine {or bicics m err 8 9 ft0v9 gue Dele eubou Go Epona en 15. {0 ao 8 ro cto, 6 coo, pot porta © bore dar sor extn] {2m beh vives com caca de Be e000 nano a oF vai ta lev Corpony = ave picsperu. A fot do Cempony fe fandaga com Gr kero tment Compan 0s ort era ganse empena frm 0. £2 dor vedere kbecoerie da haan no eter Ooore quo exe 3S ‘S010, esumdncose a oon composcn de 2% coneiponsem Sposa: tant oo volume ret or tverimenis do ngatena no evar om vast oles e tener cingiom hoje o foil €o £24 bios ue cll coma fend 6 aie wpm fos has nance en ear cads re us Bate tous pam co om IE) coresponde ogo © WO in 106 © por ae ues composer. (Ezonome poner br ou onde’ (i, Eon Pansat bp 81-2) Lenaoos los ‘rgumanioe'® os pore ‘fades para opok no tebe bem w ¢o.co10 Ge aro ad Velo Pennie rites de Cos dane dla aon cas woot pasar realonieovdinso sara A eequeto odlges ouoconon- fo ce un gando hich burbs dca’ podeta encore fa ‘eranfeoqio mok nor, INTRODUGAO “LA NAIUREZA D4 DEOIOGH especiaisias, como a odontologia". Se ainda temas problemas, ‘como a “depressdo mundial reinantet e a “anomata do desem- prego em um mundo repleto de carénclas", 6 apenas porque Por enquento, 2 prépiia tapider dessas mudangas [am aficiin- cla técnica} est6 nos ferindo © provocando problemes dificels de solucionar. Os paises que extdo sofrendo relativamente mais 180 aqueles que nao estéo na vanguarda do progresso. Esta mos sendo afigides por uma nova doenga /.u/ ito 8, 0 desom- prego fecnolégico |... Mas esta & somente uma fase tempo- ré1la_ de desajusiamento. Tudo iso significa que, com 0 decoret do tempo, a humanidade esté solucionando seu problema ‘econémica"®, ‘Como podemes ver, 0 seiméo de 16 ideolégica nao porece ter mudado muito, se 6 que mudou algo, em todos esses cnos {que nos separam da época em que foram escttas as lnhas su- pracitadas, Supde-se Igualmente quo 0 atual desemprego cies Cente ndo sola mais que uma “fase tempordiia de desojusta- mentot devido a “rapidez dos mudangas na eficléncia teenolé- ico’, tudo em prol da boa causa de se petmanecer na "van- uarda do piogresso*. ‘A diferenga @ que Keynes podia ainda prognosticar, com to da confianga - em 1930 =, que ‘o problema econémico da hurnenidade' cela resolvida dentro de cem anos nos ‘paises progressistas", Entietanto, através de suas restigdes @ detini- (g6es, pode-se perceber que, para Keynes, o concelto de “hu: manidade" - declarada em vias de solucionar © problema ‘econémice - se imita cos ‘paises progressstas’ e as ‘vanguar- das do progresso" (seus codinomes para designar os paises Impeiialsias dorinantes). to, mais uma vex, confirma a total i- tealidade de sou diagnésico ‘cientice’. ‘Além disso, de acordo com o antigo postulado da econo- mia poltica burguesa, segundo o qual a piépiia natureza so fencarregara de implantar a ‘motivago das riquezas’ em todos (0 seres humans, Keynes declaia que ’é manifesto que fomos desenvolvides pela natureza - com todos os nossos impulsos & Insfintos mais profundos - para solucionar o problema econémi- 0, Se 0 problema econémice for resolvido, a humanidade ‘staré piivada de seu objelivo tradicional". Néo obstante, eis ‘como ele descieve a mudanca positiva que sucederd aos ‘mesmos individvs, tides como téo profundamente determinados pela propria nafureza em sous mais intinos “impulse ¢ instntor: "Quando a acumulagéo de riqueza néo for mais de alta impor Yéncia social, haved grandes mudancas no cédigo da moral » I _— pm 35, ap, 364. °A humankdads ex rtohendo wu prablamea econbmico" fl oso em Rico per Keynes, ws 2 p. 36h IsIvAN mészAnos PODER DA OFOIOGA LJ Enido estaremes lies, afnal, para nes desfazermos de to- jos os costumes socials e prdticas econdmicas que afetam a Gistibuigdo de riqueza e de recormpensas e penaldades eco- némices, que agora mentemes @ fodo cutio, por mals desagta dévelse inustos que posam ser em si meses, por stem enor memente Uels na promogao da acumulacéo do copital Honraremes aquelee que podem nos ensinar @ coher @ hota © dia com vitude © bondade, os pessoas encantadoras que 880 capares de exticir um goto dicto das coisas, o:Iiios do campo que ndo trabalhom nom fant", Gue tocante, que poético, que sedutot! Vislo mais de perio, no entanto, o discuso keynesano sobre «© mitcculosa convetsio daquele ser que, po insinlo natural, & lum ganhadorde-dinhelio - conversio que, segundo se prev if, dave ocorter mais ou mencs um século apés 1930 - passa a fer uma opinigo Intetiamente gratula. Sem qualquer base de apoio e, malt quo io, conka tous prépos argumentos sobre a forga da “natuteza* enunciados poueas linhas celma, Keynes contapée com cega arbittaiedade © mundo impotente do “dover sof & teaidade exstento do *é,subinhando sua pola dade attavés do abismo temporal que coloca entre eles. De quaique! modo, a redencéo quare-elgiota que Keynes propée como teal nao & 0 verdadeio propésto de seu discur 0. Be ofetece 0 prémio moralcligioso da "tecompensa final {0 indvidues - para quem a tera promefida esté no mundo do além, pols em cem anos estardo todos mottos - com a ccondigdo de que troquem @ busca por uma possvel mudanga radical num futuro néo tao distante pelo seu adomento paia alérn de qualquer possivel expectativa de vido, aceltando as- sim com santa tesignagéo a ordem estabelecida das cols. Desa maneiia, Keynes, imediatamente depois do trecho cllade, levarns de volta & sua prépiia viséo da reaidade, muito pro: saica e absolutamente msificadora, Fis como prossegue seu Ensaio sobre o Persuaséo, depois de elogiar os lis do campo: ‘Mas cuidadol Ainda néo chegou a hota. Ourante pelo menos Cutios com anos devemes fing para née meumes © para todos ©¢ outtos que o bom 6 1uim © o nim é bom: pois 0 ruin & dil © 0 bom ndo 6. A avarezo, a usu @ a caulela devem ser Nostos douses por algum tempo ainda, Somento elas podem fos faze si do Hine! da necesidade econdmica para a liz Keynes desovienta seu pilblico, tuncindo (@ contundindo) de- loetadamente "Wii" com fuccative (o terme operativo eal sob sua ftateologia divetsva). Esté convicto (ou melhor, qust nos convener) de que os problemas de ‘necesidade econémicat #80 problemas técnicos, a seiem delxados @ cargo dos “espe- 13, p. 39-70, V4 wp. 372. unoDuGAO. TA_ANAWUREZA DA 1DEOIOG clatsas* em geténcla da usura @ odontologia econémica. Nes: se spit, Keynes insste em que os especialstas *hurrldes mas compotenter” pot ele recomendados cettamente hao de no: fazer sait do “Ninel da necessidade econémica" para nosso “destino de bem-aventuranga econémica’'s, contanto que in ccondicionelmente nos confiemos a eles - afinal, nenhum sotie dor de dor de dentes, estando em seu juzo petfeito, questo naila a sensatez de se entiegar & compeléncia de dentistas ‘especiaizados para o alvio de sua dor. Na verdade, Keynes os 16 to convencide da vaidade de sua visio “odontolégica” do “problema econémico' que conciti sou onsalo com estas polo: vas: "Se 08 economistas conseguissern fazer com que os outios 108 vissam como pessoas despretensiosas e competontes, no ‘mesmo nivel que os dentistas, Iso seria espléndido™. Mos, infelamente, a apenas 42 anos do limite estabelecido pelo propio Keynes para ctingir nosso destino prometido de "bem-aventuranga econérrica’, estamos hoje muito mais aston: tos do fim do tunel do que $8 anos atiés, apesar dos enorme: ‘avangot na produtvidade tealzados nessos décadas, lsx0 ocorte porque, na reclidade, o "problema econémicot de que Keynes fala néo 6 de modo algum 0 da ‘necessidado econémica" - que, em sua opiniéo, seria auloraticamente et rrinado no devido tempo pela bem-aventutade “acurnulagao de fiquezct -, mas um problema essonciaimente social (0 so cloeconérrice), Nae hé quantidade de riqueza ceumulada que: possa sequer Comegar a elminar as restigées pralsantes dos determinagdes socioeconérricas atuaimente impastas se a cre ‘cente riqueza social é despejada (como ocorte hoje em ci Re pogo sem fundo do compioxo miltarindusticl, assim como de outias vaiedades de disipagdo do tiqueza, em vez de sa: tisfazer & necesidade humana. Do mesmo modo, a despolto do tratamento autocondescen: donte que Keynes dé co problema (e que, exatamente pot ‘esse motivo, 6 muito popular em nossa época), ndo eviste um “desemprego fecnolégico’. 0 desemprego em’ massa ~ muito maior hoje que em 1930, quando Keynes nos piometeu ‘pore breve’ © luz do dia no final do tinel - poderia, em principio, set eliminado vitualmante da noite para o dia. Néo mediante 1 milagiosa ciiagéo de novos empiegos pot obra de uma “ter celta’ ou *quaria revolugao industiat, mos por uma estratégio social conscientemente adolada e destinada a reduit ¢ quan fidade de tempo de trabalho realizado pelos membros do socledade, de acordo com os necesidades reais © os objetivos proditives da forga de trabalho cisponive ‘Asim, 08 interesses ideolégicos que Keynes defende sem he: silage apiiionam numa posigao sem esperanca até aqueles 15m p.aT ra sswvAN méstAROS or o0en ba OFLA ‘dentistas’ econémicos ‘ecnicamente mais competentes. Pois, ‘dades 0 pressupostos nacessétios de seu ponto de vista social “ipressupostoe que surgam do objetivo conscientemente adota- do de defender os dieltos adqutidos da "burguea educada’ ~ Keynes fica Impedido ce perceber o dbvio. Ou seja, apesar dos garantias de seu samao econérrico consolador, nem da~ qui mil anos consoguiiomos chegar mais perto da prometida luz no fim do tinal, pola simples 1azd0 de que estamos cami- nhando na diregao oposia, buscando 0 Iucro sob o pretexto da ‘ullidade' ¢ destuinco com temetéta “eficiéncia técnica" os ‘mals precioses recutsos humanos e materials, ao confer & ce- {ga ‘maquina econémica® do capital a farefa de solucionar o "ptoblema econémico da humanidade’, 114 ica claro, pottante, quo © poder da ideciogia nao exté sondo suporostimado, Eo afeta tanto of que dosojam ne {gat sua oxisténcia quarto aqueles quo teconhecem aberta- Tento os interesses © os valores intinsecos das vétios idecogis. € absolutamente indi Fretender outta siuagdo. A crenga na posiblidade de se Ivict da ideologia no mundo conternporé- foo - ou mesmo no fuluo provvel - ndo 6 mais realista que @ idéia do ‘valoros0 companhelo" de Man, que pensava que 6s homens se afogavam por esarern Imbuldes da fdélo de gro- Vidade. No entanto, ternos testemunhado muitos tentativas, mesmo no passado mulo recente, que seguitam 0 mesmo co- tminho deste “valoreso camponhei idealsia, postulando que a ideologia nao € mais que ua idéa sypensicioso, religiosa: me: ta ‘lusdo, a ser permanentomente dspada pelos boos obras da “objotvidade cientica’ @ pela aceitagdo dos piocedmen- {08 infolectuats “axiclogicamonte rout. Na vetdade, porém, 3 idedlogia ndo 6 tuséo nom supert- a0 religiosa de incivicuos matorientados, mos uma forma expeciica de consciénela social, matetaimente ancorada © suntentada. Como ta, 6 insyperdvel nas soctedades de clase. ‘Sua peisiténcia obstinaca se deve ao fato do ola so constr ‘bjetivemente (@ teconsthitse corstantemente) como conser la prética inevitével das sociedades de closse, relaclonada ‘com a aticulacéo de conjuntos de valores @ estratégios vais Aue visam ao contcle do metaboismo social sob todos os seus piineipals ospectos. Os irtereses sociis que se revelam 00 lon- {90 da historia © se entralagam cle modo confiftueso manites- fame, no piano da consciéncia socla, na grande diveridade | | i | nmRopucho A NATURE DA WOEOIOGA do dlscuttos Ideclégicos felatvamente autdnomes (mas de tor ma nenhuma independentes), que exercem foite infuéncia mesmo sobre os piocessos mateials mais fangiels do metabo- Ismo soci. Uma vez que os sociedades em quesido s6o elas préptas in teinamente divididas, as ideclogias mais importantes devern defini suas tespecivas pasigées, de ur lado, como “Yofatzado- res! em suas explcagées 0, de outto, como affenatves estaté- icas umas ds outias. Assim, as ideclogias confitantes de qua ‘Quet petiodo histéico consituem a consciéncia prética neces séila ottavés da qual os principais classos da tociedade se Telacionam @ at, do ceria forma, so conitontam abertamento, aticulando sua visho da ordom social corota © apropiada eo- mo, um todo abrangente. compreensivel quo o confito mois fundamental na orena social diga tespeio & prépria estutua social que propaciona o quodio reguador das prdticas produtivas e dstbutvas de quar ust sociedade especifca, Exctamente por ser t80 fundamen- tal & que esse confito ndo pode ser simplesmente deixado & mete’ do mecanismo cego de colsées inadmissvelmente dis adores e potencialmont letel. Na realdade, quanto menor for tol contiole, maior seré 0 reco de se reczarem as color dades impicitas no ciescente poder de desiuigto & dspasgao dos antagonistas. Ese confiio tampouco pode ser res0lvido no dominio lagisa- tivo da “raxéo tediica"Isoladg, independentemente do nome dda moda que the s9ja dado. E pot iso que o confio estutual mais impotante - cujo objeto é manter ou, ao conto, negor © modo dominante de contole sobre 0 metabolsrno social, dentio dos imites dos relagées de produgéo estobelecidas - tenconita suas manifesiagSes necesstras nas “tomas ideolégicas {orentadas para o prética] em que os homens se fam cons: lentes desse confito e o resoem atiavés da lute”. Nese senfide, 0 que determina a natureza da ideologia, act ma de qualquer condderagée, 6 0 Imperato de se tomar pro- ticomente consciante do conlito social fundamental - @ part dos pontos do vita mutuamente excludentes das cltemativas hhegeménicas que se dettontam em deterrinada oidem socicl = com 0 piopéato de resalvévo através do Wit. Em outtos pa lavas os vétos formas ideckégicas de conscéncia social acor tetam (mesmo se em glaus vaidves, deta ou indictomente) divetsas impicagées prdticas de longo alconce em todas as, suas vatiedades, na tle e na ierature, bem como na flosota €@ ng teo‘a soci, independentemnente de ester vinculados a PosigGes sociopolticas progresistas ou conservadoras. 17, MARX, Poléclo © A Cantibuton fo the Cique of Foca Eeonamy. Ea ‘ivan mészhros OpODK Dé OEOLOGA 116, E esta ofientagdo prdtica que define também 0 tipo de. tacionalidade proptiado co discuso ideolégico, cujos in- foresee nao dever s@ aficular como propasigdes tedticas abs fratas das quais nada suigié a nGo ser outras proposgées te6- ticas abstralas da mesma espécie, mas, pelo contiéio, devem 9 articular como indicadotes préticos bem fundamentados & estimulos efetivamente mobilizadores, ditecionados as agées s0- clalmente viévels dos sujltos coletivos reais (e néo de “tipos ideais' atifcialmente constiuidos). ‘Além dio, sob os condigées da sociedade de clases, os in toresses socials representados e conceituades pelas idectogias tivals néo 26 extéo enredados de forna contitante (0 que é um fato), mas também enredados de tal fora que problemas pparciois ficam profundamente afetados por sua poseao no in- Tetiot da dinérrica global do confito hegeménico vigente, Pot conseguinte, 0 que poderia parecer tacional (ou 0 contiétio) ros limites de um determinado problema parcial pode muito ‘bem vir @ ser 0 exato opesto quando inseiido em seu contexto mais amplo, de acordo com a maigem de agdo histocamen: te mutével dos principals agentes socias Asim, @ questéo da racionaiidade ideotégica 6 inseparével do reconhecimento das imitagdes objetivas dentio dos quois se formuiam as estiarégias alternativas a tavor ou conta tepro- ducéo de uma determinada oidem social. Nao 6 uma quesiéio de conforidade ou néo confornidade @ algum conjunto predeteminado de normas lbgices, pot con- ta das quais certos pensadores dever ser louvados ou eiica- dos, conforme © caso. Mais exatomente, trate-se de compie- ‘ender como as caracterisices estruturais fundamentals de uma determinada ordem socicl se fazem valet na escola petfnente © circunscievern os modos altematives de conceituagao de to- dos 0$ problomas préticos mois importantes. As deteminagées estruturis em questo confetem pontos de vista significativa- ‘mente diferentes aos sujeitos sociais rivals, de acordo com suas respectivas posgées em relagGo cos insrumentos disponivels do contiole social. A avalagéo destes, por sua ver, & sualia & im- pottante queséo de saber por quanto tempo podeld se con- servar sua vicbildade socioeconérrica @ poltce-culturl, em fungéo da dinamica irepiimivel do desenvolvimento histéico ‘lobe Ea combinagdo das duas cosas - 0 ponto de vista adota- do, om sua postura de afimacéo-sustentacéo ou de cifica- egagao em face da rede instiumentobinsifucional dominante de contiole social, © « eficdcia e legitiridade historcamenie ‘mutévels dos prépriosinstiumentos dsponivels - que define @ 1a clonalidade prdtica des ideologias em relacdo & sua época e, ioougio “TAA NAIUEZA DA DEOIOG : no Inletiot dela, em telagdo és faxes ascendentes ou deoina’ tes do desenvolvimento das f2x¢as sociois cujos interesses susien tam, 11s. im consoqiiénela de fois determinagdes inerentemente E fratcas tque poder ser ientficadas com clara on uma e:cala temporal e social abrangente), os piincipais ideolo las levam a marca importantsima da formagao sccio! cuss rdticas produlivas dominantes (como, por exemplo, 0 hoiizon fe de valores da empresa piivada copitalista) elas adotarn ‘como quadio final de roferéncla, A questo da “falsa conscién cia" - que é fieqientomente apreseniada de modo parcial, « fim do fayotecer aqueles que @ alimentam - um momento subordinado dessa consciéncia pidtica deteiminada pela épo- (ea, Como fal, esié sujeta a uma mullipicidade de concicos ‘especificadoras que devem ser avaiadas concretamente om s2U prépiio cendtio. {As ideclogat so determiradas pela época de duas manci Pimelro, na medida em que @ oiientagdo contitante vétias formas de consciéncia social pidtica constiui a coracto- tifica mals proerinente dessas formas de consciéncia enquanio (0s sociedades forem divides em classes. £m outtos polavias, onsciéncla social piética de todas ess0s sociedades nao pode Geivar de set ideologica - islo 6, Idéntica 4 ideologia - em de corréncia do carder insureravelmente antagénico de sua fesfulutas socials, (A tealidade dessa otientacao confitante ca jeclogia, que é estruturolmente detenrinada, néo é absolut: mente eliminada pelo discuso pacificador da ideciogia dorm: rhanto, Pois esta ulfma deve apelar para a “unidade’ e para <1 tmoderagac" - a partir do ponto de vista dos relagées de po det estabelecidos, e no ineresse desias mosmas relagées - pre ‘csamente para legtimar suas revindicagées hegemanicas ern home do ‘inferesse coum da sociedade como um todo.) E, segundo, na medida em que o cardter especilico do contito social fundamental, que dea sua marca indelével na: Ideciogias confitantes ert dierentes petiodos histricos, surge clo ‘catéter histoficamente mutdvel - ¢ nao a curto piezo - das praticas produtivas © dstibulvas da sociedade e da neces Go cortespondente do se questionar a continuidade da impos: {G00 dos tolagdes socloecorémicas e pollico-culurais que, ante Tiormenta vidveis, toinam-se cada vez menos eficazes no or oni ba Beare — docorer do desenvolvimento histético. Desse modo, os mites do tal quastionamento s80 fixados pela épcea, colocando em ppiimeiio plano novas formas de desafio ideolbgico intmamente Tigadas co suigimento de meios mais avangades de salstagdo dat erigéncias fundamentals do metabolismo social. Sem £0 feconhece! @ consciéncia social pritioa des sociedo- des de classe como a deteiminagio de época dos ideciogias, sua_esitulua inteina permonece completamente inintelgive. Contudo, devemos estadelecer a difetenca entte 1185 pos- (g6es ideodgicas fundamentaimente disintas, com séas impice: $6es para os tines de conhecimento compativeis com cada Uma datas ‘A plimsira apdia a ofdem estabelecida com uma ofitude crfica, adotando e excltando a fora vigente do sstema do- rminante - por mais que soja poblematico e repleto de contra digdes - como o hotlzante absoiuto da vida soctal em s. ‘A segunda, exemplificada por pensadores radicals como Rousseau, revela com certo éxito as inacionalidades da forma espectica da sociedade de classes anacrénica que ela reeita @ partir da um novo ponto de vista. Mas sua erica 6 viclada elas corttadigoes de sua prépiia posigdo social - iguaimente svjeita as determinagées de classe, ainda que historcamente mais evollda. E.a tetceia, contiapondose és duas antetores, question a Viablidade histbica da préptia sociedade de classes, propondo, ‘como objetivo de sua intervengéo pidtica consciente, a supera- {980 de todas as formas de antagonisme de classe. Naturaimente, na histéia do pensamento, desde os tempos mais temotos até 0 presente, mesmo as formas mois posiivas de tomada de consciéncia do contito social fundamental néo dekaram de ser afetadas pelos lmitagées estruturais do con fronto de classes. $6 0 terceio tipo de ideologia pode tentar superar os iritagées associados & produgéo do conhecknento prdtico ne inteior da consciéncia social dvicida, sob as cond (60s da sociedade dividida em classes ‘A e880 fospaito, 6 importante lembiar a visto matsiana de que, na atual conjuntura do desenvovimento histético, a ques- tao da ‘hanscendéncia" deve ser fornulada om tormos da Recexidade de se ir otém da sociedade de closses como fa, @ nao apenas além de um deferminado tivo de sociedade de lasies em favor de um outro. Essa propasgao, porém, néo sig- niflea que se possa escapar da necessidade de aiticular a consciéncia social - atientada para 0 objetivo estatégico de femodelar @ tociedade de acordo com as potencialdades pro- dutivas teprimidas de um.agente coletivo ideniicével - como ‘uma ideoiagla coetente e vigorosa. A questéo prdtica petinen- te permanece a mesma, ou seja, como “resolver através da |uta’ © confito fundamental relative co cielo estutural de con frolar © matabolsmo social como um todo. 42.08 O NDAD ‘Asim, imaginar qua a toctia socialsta podela ser ‘ideolog- ‘camente neulttat @ pratender que ela definise sua posgdo nes 528 fermos - 0 que 86 6 vidvel no terreno lmitedo do ‘ciscurso teético" vazio - 6, na realidade, uma estiatégia auto-desarman- te, uma estratégia que s6 pode beneticiar © adversétio, que tem profundo intetesse em apresentar sua préptia posigao co- mo genuinamente “consensual, “objetiva’,‘cionifica’ @ comple- tamente "ienta de viés Ideolégico". A questéo ndo & opor a cléncia & ideologia numa dicotorria posiivsta, mas estabstecer sua unidade praieamente vidvel a partir do novo ponto de vis Ja hisldiice do prejeto socialista, 12, DA *MODERNIDADE' A ‘CRISE DA POS-MODERNDDADE 121. © wise cater dos, routes tbtens noo pod st Geterminado por escolhas arbitrétas, emibota @ arbitia- liedade se manifeste com frequéncla nas mutavels proposicoes das tendénclas ideol6gicc:intelectucis dorrinantes. No entanto, ‘observando-se mais de petto as autodetinigder de tals tencén- ‘clas, via de tegta elas revelam um padréo e uma objetvidade caractetticos, embora nao sejam Isentas de problemas. Con- hrastando com 0 glau telativamente alto de objetividade das préprias tendéncias, a excentticidade e a atbitariedade podem predomrinar nas op¢es inclviduais dos intelactuais que acolhem © ofientagao ideoiégica dominante de um dado periodo, ban- deando-s2, por exemplo, sem uma mofivagde muito profunda, para 0 giupo dos parliddrios da "modemidade’. Mas este ten6- Teno deve ser dsinguido da consituigao do otépio giupo ot ginal de partidos. Para expicar por que alguns indlviduos prontamente se iden- tiicam com uma otientagao ideclégicointelestual dominante, Go & necessétia mais motivagao objetiva de que, po! exem- plo, 0 modo como as pesioas em questao percebem sua pis- iia situagao e papel no foro académico da época; ou em Telagdo & divulgagao altarente tendenciosa do que os meios de comunicagéo podetiam chamar de ‘impattantes debates cultura inteinacionals"; cu em face dos padides mutévels de propiledade - concentiagao do capital ne eampo da produ- {660 curl - que deterrinam @ stuagio do setor editotial ete. Em certo sentido, ¢ ‘axomético’ que através de tals motivagées pessoas (mais ou menos acidentais) as tendéncias ideciOgicoin- NM VAN MéSzAROS DPOUER DA DELO telectucis dominantes se tomam preponderantes e amplamente difundidas, Eniictanto, o reconhecimento desta clcunstancia néo nos uxlic muito @ descobiir a natuteza inerente ea conveniénela Ideolégica das préprias tendéncias, Pols, mosno que o poder da indistia editorial (e da midia ern geral) expiqua o mecanis mo da ampla dituséo das tendéncias adotadas, este fato em ‘Go revela por que uma deteminada tendéncia culturalideotS- gica (de proferéncia @ uma tendéncia altemativa importante) {ci escolhida para fins de divuigagao geral, Aquele fato néo evidencia quase nada, exceto a conelagéo muito dbvia de que a tendéncia em questo deve ser compativel com os into. testes materiais dominantes de ordem estabelecida, Be qualquer maneita, precisamente em vittude do imperat. vo de assegurar a compatiolidade entio os interesses dominan, tes @ os tendéncics infelectucis adotadas, ¢ estiutura categoral das estatégias ideolégicas dominantes deve ser suttentavel © ‘costente” em sou pidprio campo, independentemonte da fie: aiiéncia e da extensio das mudangas de autocaractetagao Gferecidas em resposta de varias mudangas corjunturals. Quan. to 4 isto, 0 que se espera das auto-Imagens da ideologia dominante no é a reflexdo verdadera do mundo social, eon @ tepresentagdo objetiva dos principals agentes socials e seus confliios hegeménices. Antes de tudo, elas devem fomecer apenas uma explicagdo plausivel, @ parlir da qual se possa Projetar a estabilcade da ordem estabelecida, Por isso, @ ideologia dorrinante tende a produair urna estutu- fa eategorial que atenuc os confitos vigentes © efemolzo os Parimatios extutursis do munca soviel estabelecido, Compleen de-se que, quanto maior for a importéncia dos interesses que ativan © conflto antagénico dos piincipais agentes socials, ‘mais pronunciada soré esta caractersticn, 1.2.2 | a A\Giteaeiig de "modemidade’ é um exemplo notével des- sa tendéncia ideolégica & atenuacdo a-histérica do. Conflto, Sem divide, o que esta em questao aqui ndo & 0 sentido ctonclégico simples, segundo © qual até as autocon. cepgées Ideolégicas do final da Idade Média so contrapu. ham, como ‘modeinas’, & antiguidade ckissica. Nem nos inte. fessa a oposigao entie o “ancien régime @ as “formagées Potticas modemas" da burguesia, que saltam vitoiiovas desso conftonto, liquidando os tesquicios anaciénices da ordem feu. INtRODUCAO. 42.04 Wi A "CRS DA POSSTODERNIDADE" dal. (E neste sentido que Mar contrapée 0 anacronismo histé- fico da Alemanha és condigées pollicas # econémicas avin | " Ingatera e a Franga,) | Gasatide nendoe modana? come a etn $Delngunéote nildcmonte dose opoagso ébua, o wo pro blemético do termo "modeinc™ se caracteita pela tendéncia canesiar a dimensio sécio-hstétca, a sonizo dos intressos co | minantes da ordem estabelecida, Nesse eéplito, as definigdos de “modomidade" sto constiuidas de tal mancia que as espo- ciiicidades soclooconémicas so apagadas ou deixadas em segundo plano, para que a formagdo hisériea chamada co ‘sociedade modaia" nos vétios discursos Hdeokégicos sobre | ‘modemidade" possa adquitr um caréter peradoxalmente intem- poral tum ao futuro, em vitude de sua conkoposigéo, exage- ada de modo acrtico, co passado mais ov menos ditant. ‘Ass, de forma nao dicléica, o momento da descontinuc de © da ‘rupture’ tende a set exageraco tendenciosamento até s0 toma’ iteconhectel, & custa de algumas continuidados do impotténcia exsencial - como, por exempo, 0 carter insu Potavelmente ciosskta e explorador da sotledade capitasa, Pot mais ‘modeina" e “avangada" que seja -, de modo a pio | Bla 9 vad de “nvasalcader agin © das corespon dentes *solugées fiticias para problemas dolorosamente rec, due, no pres # podeom se estos os do conn 40 concreto das principas classes da sociedade, De acordo com esta fendéncia, Hegel define “0 princibio do ‘mundo modemo! - dectetando sua identidade com "o pens ‘mento @ 0 univesa* - de manelia a poder tragat de modo ‘éo-dlalético, no momento hstéico ideologcamente oportuno. uma forte tha de demarcagao entie 0 “etemamente presen, te" © 0 pasado especulativamente “hranscendido’. O signi ado de fal monobra manifestomente ndo-alética, realzada Pot um grande pensador dialético, 6 0 de prociarat, om toto {G0 ao presente estado do coisas (com o estado buigubs mo deino om seu épice), a “teconcliagdo" apissicamente previs 4a do E:piito do Mundo consigo mesmo, fechendo 0 ciicuio Ideolégico - louvado pelo préptio Hegel como “o ciiculo dos p. 22 1 HEGEL Ihe Pooh of Hg, Crandon Pew, Of 182-0212, 19, Cae ie Head a pane 0 poss ot ma exer ue Ba seus patos =, 88 nos de rempetlo equlo que & pero 0 lost. na med {a em quo #0 procipo com @ Vercade, lem ost gam 6 oluramrte Eo Sone Wage no pound fe rte par, pos 6a el me pst: | i'd rnp ono tte psa no ef oa, et Sarco apa to mpi neceanarenle ce o fora pase dE io cemeende em seu itor todo os ponca anion fos. com ele, (eestor evanceraani rn est mon ote © te {al sompre, exensiatmene; o& Gringbet to apencr 0 Gexenvaivmento deo | natrezo exencek A vida do Epo tamore premrie & um ciculo de nooo ‘ede pense obra pao dev Somer oo sagan. he roaungder que © pla porece ter ued porate. ee on £5 ot post protntsaue co feu prose” (legal the Piophy oH toy Wbve Yor Dover Pubications. 19h p72) — » ree & a (a ISIVAN MEszAROS D-RODER DA IDFOLOGA cliculos® - ctavés da excitagdo idealsta da “otualdade racio- naF do existente. Gragas a esse procedimento, o paiciaismo explorador da ordem copitaista ‘moderna’ - presenado pot He- gel nas contiadigdes praticamente intocadas, mas fctciomente ‘ouperadas’, da “sociedade civit buigueta - é elevado & nobre condigto de autoxealizagéo tanto da Razéo quanto da liber- ‘dade, no postulada “universalidadet do estado, Na opinigo de Hegel, 'o Universal encontia-se no Estadl, em suas lelg. em suas dispodgées universas @ racionals. O Estado 6 a Jala Divina tal como existe na Tera. /../ A Hisiétia do Mundo vieja do Oiien- te para o Ocidente, pois @ Europa & absolutamente o final da Hise, ‘Asim, a concepgéo hegeliana de ‘modernidadet - definida ‘como a “univetsaldade racional" do ‘estado aleméo modeinot (isto & @ Europa imperaisia dorrinante)* que representa “abso- lutamente © final da histério" - resume:se & etemizagao ideclé- gica da ordem dominante, transformando a dinémiea histérica de um processo de desenvolvimento aberto na permanéncla ‘atemporal de uma entidade metatisica congelada, a seivigo da atenuagao de confitos Durante © século que se soguiu & motte de Hegel, esta ten- dancia tonou-se ainda mais difundida entre as concepcoes Ideclégicas dominantes, diuséo que se propaga cada ver mais Quanto mais nos aproximamos de nossa prépia época, Com efeito, uma observagéo mais detathada dos debates ideoiégh cotediicas da época do pés-guetta revela claramente que a butea da atenuagéo de contlfos consiful um de sous mais im- pottantes piincipios estiuturadores. Durante algum tempo, eles se cesenvolvem em tomo da re IsigGe veletaia do projelo socials, consderado 0 O Opio dor Inielectuais (Raymond Aron), logo seguida pela celebragéo ain da mals veleitéia do sucesso dessa aboidagem, como O Fim da Ideologia (Daniel el). Esta linho, por sua ver, & sucedida elas teotizagbes ‘pésideclégicas’ que desejam elrrinar até a Possiblidade do contito hegeménico entie capital e trabalho, discontendo, em ver disso, sobie O Sistema Industal (Aron, no- Yomente) @ O Novo Estado Industral (John Kenneth Galbraith), postulando supostas *convergéncias" - conforme a estictégia ‘neutit e, sob tal ponto de vista, universaimente pratiedvel da ‘modemizagéo" e do ‘avangot - que jamais se concretizam. NGo surpreende, pottanto, que, quando @ recomendada ‘mo. deinizagéo universal” (Segundo 0 modelo do eapitalimo norte- ‘americano) masta set uma fontasa ineal, a fase soguinte pro- ‘cure escapar das novas dificuldades falando sobre a ‘socie- 21 HEGEL, to Phisopny of tery p 9. Nees gene rs SSS Se a ene INTRODUGAD 412. A ‘HODERRIDADE" A ‘RSE DE POSODERNDADE* doce pésindustia’, oferecendo a promessa de tronscende: as ‘contiadiget ainda’ remanescentes do copitalirno contemport neo. E agora que as expectatives desta ima so mostraram totalmente fuséias, uma vez que of importantes problemas lo- ccalzados nos raies da ideclogia se recusam obstinadamente a desapatecer, dettontarmo-nos com as ideclogias requentadas da ‘modomidade e sous dissabores' © com o postulado da “pés- modoinidade tomada presente’. Com efelto, pata teaigar o ex toma fragiidade de todas estas supostas "superacées, ternos ‘agora também tectzagées da dlisolugéo desta diima - pouco dapos de seu suigimento no polco ideolégico - em mancheles ‘que anunciam *A Ciise da PésModernidade, ‘Asim, 00 mesmo tempo em que as contradigées do mundo social se toinam mais fortes que runca, manifestando-se ern es ala cada vez mais global, séo repetidamente deciaradas 4 “superadas’ - ou prostes a ser “ulkopassadas" - em uma suces- s40 Intormindvel de construgdes ideolégicas que metamotto- selam, sob um novo rétulo “pés", dessocializado, a mesma ra- cionaizacae apariguadora, no momento mesmo em que sua vvetséo antetor peice crecibiidade, 1.2.3, aturaimente, estes deservolvimentos nao podem ser adequadamonte expicades através da meta referéncia {& conjuntura do confito social no pésguetra, Suas rates inte- lectuais remontam a um passado mais longinguo: no que iz tospeito a sous temas @ catagories, as duas piimeias décadas do século; em suas bases teéicas mais profundas, & "foso herd ca" da visdo de mundo burguesa (to é, 0 século XVII @ 0 Ink cio do XX), agora chamada a un cético acerto de contas. Entielanto, naqulo que nos interessa dietamente, 0 elo cru al 6 Max Weber. Sua influéncia - anto metodclégica quanto clégica - néo podetia ser suicenteente enfafzada. No co: pitulo 3, consideraremos em maiores detalhes o papel de Weber nos desenvalvimentos ideciSgicos do pés-guetra. Por en: ‘quanto, s6 podemos langar um ‘épido olhar sobre alguns de 228 piincipios metodolégicas fundamentgis, a patr dos qua a “modemridade' 6 definida em fungéo de uma suposta oporigto & chamada "sociedade tradicionar. Weber justiica sua ‘andise cientiica tipolégicat com base svat sznos D PODER DA DECLOG ‘ern sua protensa ‘conveniéncia%®, Sua clentifldade 6 existe, potém, por dafinigéo. Na verdade, a aparéncia de “clentificida: de tipolégica rigorosa" surge das definigées "inequivecas' & “convenientes’ com que Max Weber sempre empreende a ds- ‘cussdo dos problemas selecionados. Ele & 0 mestie consumado dos definigdes cliculates, justicando seu préptio procedirmenio, tedilco em fungéo da ‘clataza @ auséncia de embigiidade" de seus “pos idea’, e da “convenlénciat que, segundo se diz, eles oferecem. Por outto lado, Weber nunea permite que o leitor quesfione © contetide das pidptias definigdes nem, com efeito, G legtimidade e vaidade cientifica de seu método, ediicads sobre suposigdes ideclogicamente convenientes © detnigées ci- culares "igorosamente” auto-sustentadas. Tomemos, por exemplo, a seguinte afimagao de Weber em telago ao que podetia - ou antes, ao que néo podetia - ser considerade empiricamente (ou historicamente) possivel de corde com a naturoza inerente de una “autoidade traciclo: oP: "No fipo puro da autcridade tradicional, 6 impossvel que o direito ou as regres administratvas sejam deliberadamente cria- dos por um ato legislative, Uma vez que, segundo Wober, 0 “tipo purot da autoridade ttadicional se supde disinto da ‘autoridade legal pela auséncia de legiimacéo legislative, na medida om que seu mandato & Gutoldade tepousa, por definicao, nas “tradigdes @ na legitim- dade do status daqueles que exercem a autotidade®”, 0 aft magao que o autor faz nd passagem citada é exttemnamente problemética. Desmentindo a afimagéo de Weber de quo seus “tipos ideais* possuem a vittude da clareza e da “auséncia de cambigtidade’, a maneiia pela qual ele excl categofcamente © polenclal legislative da "autoiidade tradicional" ndo podetia set, ng vetdade, mais ambigua, pois sua teferéncia empiica & tolalmente desprovida de conteddo. AA suposta ‘impossbildade" 86 € vilida em fungao da tautclogia oiiginal da definigao, uma ez que o "ipo purot da autoiidade tradicional, em conseqiién- cia da definiggo webeiiana (e nada mai), € @ prior incompa- tivel com 0 fipo de logislagéo caracterisica da “autoridade legidativa" (outto tipo puro estabelecido por definiga). Por isso, 80 na reaiidade histélica encontramos exemplos que desmen- tom c hipéstase webeiiana, 0 autor pode faciimente rejeltélos ‘em nome da vélvula do escape universal: ndo esto em con foiridade com seu ‘tipo puro’ gO, fnesmo se aplica ao tratamento que Weber dé & “moder nidade’, om seu encadeamento cliewar com as formas "trad Slonals de sociedade. O *modemo" so define aliavés da Proclamada eposigao ao “tradicional, ¢ vice-versa. Além diss, 25. Max WEBER, The Theory of Scola anc Eeanemis Organtation, pubisado {Gam uma htodugSo de TokcoM Ponony Nova York he foe Press sep. 9 2b, p. M2 27.1. p 328 Introougho 4.2. DA ‘ODERNDADE "CASE DA POSMODERMDADE™ (© método websiiano tem a vantagem aticional de que tor pode oscolher de modo absolutamente atbitidiio os terme de seus pressupostos definiétos, de modo a sei, a seu aibitio, ‘mais ou menos “econdmico com a verdade’. Ele tenta justica suas escalhas em nome da ‘conveniéncia’. No entanto, subme: tida a um exame mols rrinucioso, esta dima mostiase funda: mentada, néo em citétios objetives, mas apenas na propio conveniéncia ideolégica do autor. Asim, no caso do ‘capitals mo racional’, a definigéo de Weber é constiuida a partir do suposta "postbiidade de cdlcuo racional* do processo capita: Ista de produgdo ¢ distibuigéo. Neste sentido, Weber Indste orn ue "uma fra capita raion & aqua que post una escituragé0 de copital, J.J uma firma que determina sua ren tablidade através do cdiculo, de acorde com os métodos da confabifclade moda’, acrescentando que "Uma época, no seu Conjunto, s6 pode ser designada como tipleamente capita: Ista se safisagéo das necesidades for organizada de modo copitalsfa a um grau tao predainante que, se imagindsser eliminada esta forma de oiganizagao, todo 0 sistema econ: co necessaticmente entiaria em colapso™. ‘Asm, por um lado, Weber nos oferece aqui a dupla taulo- logia que define 0 “ipico" (sto 6, 0 "tipo puro’ dorrinado peias supostas caractetisticas que excluem todas as outias) como o “predominante’, e 0 “capitalitat como 0 “organizado de mocic capltotsta’, Por outio lado, a seletividade tendenciosa dos ier ‘mos escolhides polo autor resulta na auséncla ideslogicamenie convenient de uma das caracteisticas mais ébvias do sistema: Ccapitalita (disterna que esté longe de sar haroricsamente ic clonal) - sua deteminagdo estiutural inemedaveimente expio- radoro de close © antagérica, A auséncla dessa caractetsica ‘em fal “andise tipologicamente cientfica’ do copitatsmo cha: ma a atengao. ‘A sclatividade © @ aibitatiedade ideclogicamente determine das podem, assim, reinar soberanas na estutura conceitual "tl pico-ideal" webetiana, que se apresenta falsamente como 0 aradigma da racionalidade, Uma ver que os pressupostos do finidores so simplesmente enunclados, espeta:se quo as pos 5005 05 aceltem tacitamente @ tratem-nos como 0 padidic absolut da andiise “tacionar. A possioidade de haver algo ‘substontivamenta erado com 6s eitécs de tal “ansise ‘ipolod: camente clentifica’ © com seus tetmos de avaliagée é uma questo excluida a prior. Em ver disso, expera-se que nos sub» metamos, sem a mals leve sombia de diivda, & evidente sol dez da sentenga websriana, segundo a quai "Um pinico no bolsa de valores, por exemplo, pode ser analsado do modo ‘mals conveniente tentando-se piimeko deteiminor 0 turno quo 28. M, WEBER, Gonert Eoonamie Hoy, Lonees, Coir Books 1981, p. 207 29. ISTVAN MESTAROS IniroouGho CPODER DA FOLIOS 12, DA ‘NODE AOR DA POSSMODERONDADE 1 560 talla tomado se ndo tivesse sido influenciada por senti- |_| ments racionois, depots, podemse Intoduah 08 cornponentes | 4 itracionais para considerar os desvios observadas em relogéo sta esse rurro hipotético™ ‘Com efeto, € exttemamente *convenionte* analisar um péni- co na tolsa de valores em fungéo da “inaclonalidade’, em ‘contiaposgdo 6 definigéo webetiana do capitalimo como um cdleulo ractonal. Entretanto, como podemos mais uma vez ob: satvar, esa “conveniéncia’ & puramente ideolégica. Weber trata {odes os sintomas de crise da orem socioeconérica capitals: fa elemizada como meios ‘desvios" em relagdo a sua raciona- lidade intinseca enquanto sistema global. € extemamente ‘embarageso (@ absolutarnents ‘inconveriont") que "um péirico na bolsd de valores" possa ser 0 resultado dlieto do td ideal- zado ‘célculo tacionat': a ‘onda de venda" simplesmente ocorte = por "motives raclonaist muito vélides do ponto de visla copita- lista - en previsao da chegada de uma tase de recesséo (uma ‘eipral descendente’), frazendo consigo a agéo racional- Mente ‘adequada’ dos individuos capitalstas, destinada a mini mmizar suas provavels perdas. Este foto ndo se encaixa na esti ura conceltual webetiana. Uma andise verdadeliamente eifica do fenémeno do "panico na bolsa de valores exigiia, néo fejeigdo ‘conveniente" e tacita da “intacionalidade® dos inciv- duos, mas, co contiétio, © questionamento radical das limita- 960s estuturais da racionaiidade copitaista em si. E esta dima do teria de ser questionada somente em relagéo a0 tipo de ‘reciprocidade’ manifesta nas agdes dos agentes capitalistas parficures situados no mercadi = ideaizado por Weber -, mas também em relagéo acs antagonismos bésicos desta “socieda- de modaina* como um todo. fm ver disso, Weber ofeiece a s2u5 leltotes estas suposigées extremamente convenientes do pponto de visa ideclégico: “A participagdo em um mercado /../ estimula a associagdo entre as partes individuas /.. em que todos concordam com regras destinadas a regulamentar as ‘transagées © garaniir condigées gerals favordvels pare todos. Podeso ainda observar que o meicado ¢ a econorria compe- ‘itiva nele apoiada formam o tipo mais importante de detarni- nagéo reciproca da agéo em termos de puro interesse prépro, {ipo este caracterisico’ da vida econémica moderna Dados tais suposigées, 6 impossivel uma cifica significative do que ocarre dento dos parémetios idealzados da ‘vida eco- nérrica modeina’, Tudo 0 que se pode fazer é opresentar uma ‘condencgae genéica dos fipos de agdo que podem ser rot lados como “desvios imacionais" em relagéo a reciprocidade Ideal do ‘puro interesso prdprio", procedimento que peca por peligéo de piliplo © - attavés da deterrinagéo por datrigeo 30. M. WELER, Ing Mow of Socal and Feanemie Crgmabation 92. 31D, Be eo , hnunee, @ elena valdade do sstema *modeio’ coro um todo, fem que o “puro interesse prdprio’ dos inclviduos, por um lado, & {as “condigdes getais favorévels para todos’, por outro, encon- tram-se em perfeita hamonia. Caracterisicamente, 0: minisios das Finangas @ vétios outros defensores poltices ¢ intelectuals da ‘modemidade’ capitaista Teagem do mesmo modo que Max Weber aos sintemas de cf se com que se deparam, independentemente do faio de serem diseipulos confassos do sociélogo alemao ou, ao conté: tio, nao tere lido jamais ume Gnica linha de scus escritos Quando chamados a expicar algo como “um pénico na bolsa de valores" (a “Segunda-Fera Negra’, por exemplo}, invatiavel- mente folam sobre a “alia no mercado" que se transforma em "baka no metcade' como resutado do ‘comportamento itacio- nal deploréver (a “loucura total etc.) de alguns indviduos que Interpretoram mal as “utuacées temporatias’ do siderna fnan- Ccelto internacional, Asien, exatamente como 0 Bourgeots Geni- Thomme de Molite, que conversava ‘om prosa’ som perceber que 0 faa, todos o¢ dofensares do “sstema econémico moder ‘not mesttam:se fluentes no piosoico dscuso webefano da ‘ta: Clonalidade versus inacionaldadet sem ter consciéncia disso. O ‘que 05 liga a Weber ndo ¢ sua famiiaidade com seu “dscur 50 fipologicamente cientifico™ (que podem ignotat totaimente), ‘mas 0s intereses Idaclégicos exploradores e ciasistas que com: parttham intelramente com ele 1 A Seber procloma quo " petal elo de cviigade W ftecidona! sore ot nodes Go avidode ecanérica ceudime tes de menat ufo gro © de fotlecer es aft Ser foclonaee? nonwotreno, le popbe relees 0 Pe fundus guanto, ese ecorca dos efees de “ouloteade mode do “evade cident madeno™ sore “huet modomer om rags Soivdede econenica.€suendo ter eeaucloser 9 coptatew mode” como al ee 0 cane "glee Heclagesfondenson e @efeaaidodo Go igs Wet com uno "oul em ale pine domnaie 32, p. 954 [SLICE oem © ©. WAC MALE (rf Mar Wobar Brey Soar Tencies Rouge & Kegon Rout 19, p. 27 > (SIVAN MéSzAROS Tr PODER OA DEOLOGTA 6 0 investimento do capital privado'™, Quanto a isto, & patticularmente importante modo pelo qual 0 tipo websriano de abordagem ‘sistemdtica" (baseada “ULM. WEBER Obey. pula em EA. SS @ HA. FC (998) The Mancosogy of te Socei Sanco, Nova Ytx Tha‘ Pets 1986 B41" A Gtngao ge Weber o coptolno coro uma cule em fv °s ince Stents 0 ivennenio do coplel vada & conicrads'um “hse sae texto, fisona, cor cecoo! Ns algum impo ai °Aexscha de fos focjotnco comtoanes. cond, eas onge Se sr csougeamene nevi ‘sro0a, apeelrene, paega exresa na verdode evo ou 114 Quo coptatimo_e o hvesimento oo coptal prado ereo dietomente tocar, thar ft ebviomente: conta wa mara verdoge tuoi e” do macs o- Gum mato cewado reve tonlao. ha esingdo de Wet 0 ue eit para Siem do pure louloogls os oeadvanen deligco © com vi race, {20 to ~ou of mero chon Kclagcomentefendonci 0 fal, 7 detigso de Weber 6 formas o parr eum pon de via defo: ‘ee eauee do "glen pur mas ecune que comenienterente logue 2 Fetsode do cater me corr em nos r Fira pas, A caopto cade tp Kel caro.o pthc de slego0 Ge fo Sar or doce cpa ccorea nosesosorent, gue a peealescelce: tent auiocontladc’ 0 ite o dosor que to encahemn cory facade no {fuodo Keiégeo oor rempestons cantons na dtgee Ge Weber ‘Bromnames raptsanan. come 2 dogo webesona‘da Sopot pee he not hinges lola fob @ Onan oe uma kemagto "nea ed lSgea'e ‘ceive’ 0 miner axpecto sus emer o csanet 8.6 ecth So {emo ‘Satz’ (em Ugot oe obercivos pov os amo leapt tot a "modo de produgée’ ely: um lomo gue pedipse gum celetnnada t fe antl ani 0 dant lays wel capa se rrpata, ves wa oborsopem em & Eloa Potions 0 Epi, n coo Protetnte 6 9 Exit “an segundo yar © voplstne de Webet 6 corectettada pelo spot Ge im pine nofeadr. sem nena lenovo Ge explcoge dor hncamon {ox - se ower dlgum » dena esonno enigode melatica, As eonogusnot mmelocaigcar dota to so exemomente goves pos suo odog00 nua © ponblidade do uma pesauis hslica abrangente sabre or bares {ak do desenvovimento do copia. Em teu loge, sncon¥oros Uma ro Jegd0 atsiétca da toma devervehiga que retocade oo pasado. a ave nebo norleacor deve tt moskado em todos er estgcn, (0&0 toto ola qua em dima ent, ele deve ser Kienlicado com 9 ‘esphfo do co Pialamo’ um tonto mafefono) & os exctogoer de Weber concomenfos oo Ilacapero nie 9 ipo eor 0 elande engi to, ne tna ode rok que uma "van do excane’ Kecliglea para fe fexguardr Ce Pot” Bes sitet oteu rede ge Feet apt im tecolo liga, © sesipora conto na detnigao de ‘nvestmanto do co- ‘la prec como o prise notoadr do captain, acl convents: fo @ quedo abiollomenls crcl do ner selaccnametto esl en © copia 0 rabaho. 0 leimo conptssomente auzenie do ipo do. dec \ebotane 6, sem alvca, “roboho’ £ que nenhm ‘et= nem meso 2 elo do captioko’- corsque expen o veal costhdcdo do copa (0 ‘mrecanisyo' devo contigo, por astm dz), fob quesieas Gaver so dlescatads o wlegadar oo pln, hilaclusiente scent, lum doleminaco esto da emi Pofeno,¢ ideogicame Spocesntaie rattan oe aera en pebloread como prin nae co ‘coolant Sage ee eee OTe! nn ann SSSB Hee Tai ete serene creas ame Sree therapies oreo reams co cate Sheiaes oni apes eer caren: ormesckeae & Mama feng ans cee Ot ams 42.on WORD Toe POEM ‘em definigées) das contradigées historicamente especticas ca sociedade copltalsta acaba por cesisforicixéos, transfoiando fs caractariicas estruturais © as Imalicagées explodvas de una ‘idem social antagénica em um conjunto de categotias em que a ‘modermidadet (com sous “dlsabores') e a “racionalizo: ‘g60" (considerada rerponsdvel pot tois dissabores @ “desencan fof) ocupam a posgao cential, Fol isto que velo a se toinar 180 infuente depois dos duas guetras mundial, ndo apenas no “teotia eftiec® alemd, mas no desenvolvimento do pensomento ‘vada & Invetdo somente quando se prey8 Wro - bo &. que o ‘pincpio foteader subjacente & ho, @ nao o fvesimento como Jo» & flo vis [rss sgntcantemente ecuiads dos powuporios eaniser na cetny6o do Weer. "Em auto ugar, ndo ¢ veldads de modo algumn que 0 copa 29 6a ferts pelo ‘investmento'de copiol pivaco'. Como #8 be, 0 captlimo Igusiments corocletsodo por ndo sa Inver 0 capil excedenis e, consequen [Bronle por efter perddoor v Conusbes socbls. Ao formato pot @ “ever fimonto de coptal pevado" como 0 “nsipo neteador do caplose, Weber Dleguela, com ao, una éfea fundamantal de pesquta:espeeizamento um {guistonamanta tice do easter extemomente protemeiticn do tho cop {Bs de Invesiento, na mecda om quo esd necessofonente assis 6 ci 6s 6 conmutses. i : “Em erfo ugar & bastanie mprecko descrever 0 copia em ger com {erdo corocfeizada pelo "nverlmonia da capt! pvado'. Tol coreeeraacS0 ebteg - com os retlgeerfellor ockna = somenfo pora un determinada I fe hutotco ao desenvovimento copitolia, © Ge Forma olguma cam um > faear, no eeu santco weberiano. Ao enfaiuar 0 Invesimento de cop fv 1, Veber parocha, go maneto acca, © pono de vlo lye do cop {Suis maMBucl 00 texma tempo deena ue Tose ura dos lendncle ole {er mos Inporianies da ceeenvolvmenlo do mado de proauyao captalsia: ° {ober 6 envoimento sempre crescenle do copa! exo! no feprocug80 Om pioda do stema copitolsto. fm pine, o tle eriemo dese “62 stonsto Ot suas roi joe iotincl dos deerinaptor caved rclprocidades de longo aleance atavés dor cust x pompeciver ie tse Imonio nas sccladados capitalites avancad se orcas Go eararnenta ot peas eticos do Yeostomnse de scesafamenlo produatTeofas extomarrenis auc oes me Que suas pietonsios seam consonfoments barnes ee Pol capitalistas do. ocidente. Mas afiimar que um “pragmatis- Unive potia ser deivado de prosupedos nce 2 nyo ey a Fr peler Dews. Loncios, Verso, 1986, p. 187, Somintas «coma 4 tr co (eats felintar ne angen emg ro han = a dos nas consderagées estreita © tendenciosamente ‘eurocénti Cas" da existéncia “capitalsta avangada* como fal 8 uma con tradigdo evidente. Port isto, no & de modo algum acidental ‘que neste tipo de teotizagdo néo hoja lugar pata a dindmica objetiva do desenvolvimento hsiérico capitalsta global, de que & absolutamente impossvel exclur of problemas veementes do “mundo subdesenvolvidor ‘A concepgao original de Habermas taz as marcos da “pol: fica de consenso" do pésguera, pols manifesta claramente, no momento de sua fornulagéo, uma alitude pesiiva em relagdo &s fendéncias dorrinantes ‘da acomodacéo pailica e exalia as fealzagées *pés:manistas' da ordem sociosconémica e politica prevalecente®, Em uma obja postetor, A Teoria do Agéio Comunicatva, Ho: bermas tenta desiocar sev discuiso para um plano mais abs ‘ato, de modo @ decitiar © ‘fundamentar’ 0 consenso a patti do “pragmatismo universal", que 6 de um oportunismo transcen: dental, bso ocoire numa época em que, na realidade, a con tinuidade do consenso do pés-guerta néo & mais digna de crédito no plano socioeconémico e pollo. lronicamente, no entanto, depois de haver declarado que as categorias mania nas de classe, consciéncia de classe, exploragda, forcas ¢ relc- 960s do produgéo, e varias outias, 96 se aplicam & “fase de desenvolvimento do capitalsmo liberal, e néo antes ou de- ois®, Habermas & agora obrigado a tomar conhecimento do tessuigimento dos confitos socials, ainda que apenas como pos sibiidade, Ele dé este passo potenciaimente ciico néo apenas com atraso, mas também com ceria reluténcia, mesmo em face dos ctcunsténcias mais recentes, quando |é existe exomplos ‘abundantes de pertuibacées © conttontos sociais sétios na vido ccofidiana, inclusive nas socledades capitalsias pibilegiadas. En- fretanto, a estutura tedica geral de Habermas néo the pernite ‘admilr clata e inequivocamente as implicagées objetivas do ue ele realmente considera ser uma tendéncia teciicamente ‘embaragosa e polticamente petturbadora, Ao contidtio, dada sua bate fediica *pésmarsiana, ele tesste & idéia de que o ‘possbildade" de novos confitos (até mesmo confitos de os 2), agora telutantemente admitida, possa ter importéncia est: tégica. Declara, em ver disso, de modo um tanto peculiar, que embora a poltica econémica de um govemo de tipo monet: fista pudesse conduit ao desmantelamento do estado de bem- estar, @ isso, ‘por sua vez, pudesse provocar um renascimento das lutas de classe tradicional’, néo obstante, “presumo que fol governo também seiia hdbil o bastante pata levar tals iscos em conta, 42. Ver sobre Blo a tapso 38. 48. HABERMAS, Tower Ratlen Soctey, Londres, Helnemann, 1971. p. 113, 44, HABERMAS, Autonomy and Sofcarty, . 82 SVAN wszAnos homoge rnc oueeaste Yanan cok Nabamas ear ipl ce ede soa ocencontrco« pts eae Geet seem reteset “conroagor de gore sptoarans ema came mana autos pe Guo "na tocledade caplet tvenguae oo eee eee Como comproendé-fo sob a nova conjuntura previsia, em que orth Sse eden year Sac Ea Poe lio pando too j Cy bercenedo Piévia do perigo de ressuigimento dos confitos ! cxooacoc ts cena, on aarts 8 as 48. HABERMAS, Toward 0 Ratna! Society, p. 10. >—————_. ntroDugho RIDADE’ A *ORSE DA POSMODERUDADE emancipatésia’ A dificuldade insuperdvel € que Habermas desoja aprosontar uma teotia da “cilia emancipatétia’ do fundo ‘quaso-tanscon- dental, quo ele vislumibra estar em plona concordéncia com {as exigncias de um consonso enraizado na ‘compaténcia co- municativa universal da espécie'. Para demonstiévia, tom de piojetar a ficgdo da ‘comunicagao totat" como garantia aprio- tisfica de sucesso. Em oulras palavias, tem de pressupor - na forma de uma *competéncia universal da espécie" - que aqui- lo que ele deseja provar & uma estiatégia praticamente viével de emancipagao em relagao as restigées mutiadoias dos siste- mas de dominagéo estabelecidos, Richard Rorty, parcebendo contradigao entie a posigdo inerentemente “eurocéntiica’ (ou, mais precisamente, “etnocéntica’ ocidental) de Habetrnas © suas protensées univetsalstas, comenta com razdo: “Os cilicos orte-americanos simpdticos a Habermas, como Beinstein®”, Gouss# @ McCarthy’ /.. duvidam que os estudos de compe- Y8ncia comunicativa possom realizar o que a flosofla tronscen- dental nao consegulu: proporcionar eiitétios ‘universalistas’ Também duvidam que 0 universalimno seja 80 Impiescindlvel &s necesidades do pensamento social Iberal quanto pensa Haber ‘mas /..J. Habeinas elogia os “ideas burgueses' em virlude dos ‘elementos da razdo’ neies contidos; no entanto, setia melhor apenas elogiar aqueles discursos narratives nao-teéricos que ‘compéem a fala poltica das democracias ocidentas. Seta me- Ihot ser francamente einocéntiico /...®. Sendo-se etnacéntico neste sentido, pode-se ver o que Habernas chama de ‘diam ca fedtica Interna que constantemente impulsiona as ciéncias Jud pata olém da ciiagao de um conhacimento tecnologica- monte ullizéver, néo como uma dinémica facica, mas como uma prética social. Toma-se possivel ver a rozdo por que a clénela modeina 6 mais que a simples engenharia, mas nao enquanto teleclogia a-histéiica - por exemplo, um impuso evo- luciondtio rumo & conespondéncia com a realidade, ou com a ‘natureza da linguagem =, © sim, como exemplo particuiarmen- te bom das vitudes socials da buiguega européia" Na verdade, Habermas acredita snceramente nos vitudes 5. chord J. BERNSTEN, nkeugto @ Habermer anc Modarnty,orgenited © {preronfodo por RJ. Gamelan, Combige, Poly Pres, 1986 p17. 47. VorRichoad J. BEINSTEN, Tre Resiuctung of Soctl ond Poli Thea, Ox {eta Boat Slockwek 197, pariculamento pp. 182225. 48. Ver Raymond GEUS, Tho ea of @ Cie Tear: Hobamos and the Fron fut Senocy Ordre, 1976, 49. Ver dos enscios de Thomos MeCARINY, ‘Rofonaly ond relatsm: Habermas, ‘overcoming’ of heraneuicr, om John 3. THOMPSON e Dovid HELD (09s), Ho amor’ Ciel Debotes, Lond, Macrilon Pos, T9E2 pp. 87-7, o Rafectone ‘on ratonatzation inthe Thoery of Communicative Aeiton, em R. J. BERNSTEN {G'9), Habermas ond Modemty. pp. 17692 50. ficnarg PORT, “Habermas ana Lyotord cn postmodemiy, em RJ. BERN: STEN (01g), Habarmas and Modemty, . 184 SIs os po 1654, svn bstins TOKE DA BEOLOSA hnadicionals do Sberalimo burgués. E agora que vétios partidos *eurocomunistas’ abandonaram seus pilnciplos radicals, Haber- mas pode defender trangilamente a postura neo-social demo- Cctdtica desses mosmos partidos, uma vez que a visdo tradi- clonal da socia-demociacia, exposta em sua defesa anterior ‘da chamada ‘comunidade Ideal de comunicagao’, etd total mente desacreditada, (Os detalhes da ‘comunidade ideal de comunicagio" so discutidos adiante, no capitulo 3.4. O que nos Interessa dreta- ‘mente aqui 6 que @ nova smpatia de Habermas pelo euroco- munismo equipata a “liberalizagao* & *normalizacao" @ 0 ‘ayango social como tal & melhoria das perspectives de uma ‘mindscula elt intelectual no quadto, de uma ‘cultura poltica f- borat (em suas prépiias polavias). £ neste espitito que Haber. mas defende clgumas medidas de fberalzagdo no campo da poflica e da cultura, chefdo muitblionéio da Fit italona, Glovanri Agnell, fof ainda mais longe. Be pediu a abertura do préprio govemo do pais & plena patticipagéo do Partido Co- munista ttaliano, Entretanto, Agnelli nGo se apresenta como defensor radical da "emancipagéo universar. Na veidade, néo hé nada de radical no dscuso eurocénti- co de Habermas sobre a modemidade, a poltica e a Ideolo- la. Se houveste, ele jamais denunciotia as aspiiagées revolu- clonérias da esquerda clema como “fasclsmo de esquerda'S, no mesmo explo de seu mentor, Adorno™. ‘As motivagées @ interesses tediicos de Habermas do intoligi £2. Come Habamas declxou em uma entevita: Também na Repco Fede fol da Alemonha. um paride euosomunita mals fle poder ser de muitos Imonett um Yolor de lberalzaydo, har Colas setlam normatiodar. Pot ferempla, nese pok no to pods tr profescr ou dele do tuto Max Planck 00 reumo lerroo, sr mani. Enguanio he oconst, @ base do Cua Or Tico noo srs tbort” (abermos, Autonomy’ and Sola. p65) 153, HoneJigen IGAHL (un cicfuo todcal ce Adora) obsorou com tone sere 0 Nlexbldace" opofunita. de Habermas. Nd um ano, Hobemas derun- ou como fascismo de erquerde 0 quo hoje ebgia coma 0 “ciayao, plana 188 faniasls, do novos leer de rarilesagso" E acroscentou que "a toh (2a de Heber orale © verguotaa radar Ver HorsJgen KEARL, “An Wort aul Jogen Habra. om Koh, onsiuton und Kasontamt 2 fis ‘chon Dialai von bargoicner Emantipation und proletariehar Revolution, Fronkturt, Vetog Nove Kn, 1971. Clogder das pp. 2445. ‘5. Como dso Adamo: “Quando cil ev Mode eto, NGO podaia magk ar que es pesos Hom queer fot coquetée Mokstov com es Cllado em Morin JAY, Ado, Lends, Fontana Popetbocks, 184, p. $6. Oignalmente ‘apareceu émn Di Sieutiche Paling. 2627 de abl Go 1989p. 10, Een Mente, 9 movimento radcol mal cogtou © ettaléga de longa *eoquelss Maloov. 0 que aconleceu, na verdode, fl ave a questo de como dar um sanfdo prdtiso 6 “Teer eile’ fo cescada na ordem do a quondo oi meta cite soca! mporonta do péequena nos paves coptolies vangodos do ‘cident, opésaéeados de "ages econémicer@ corespondenies consensot Poltcos. tetonta, una ver que 0 *nadsio Yeéeco" de Adomo retove cole: ‘Goicomenle 0 posiidode de ume iiewengeo prt sgnicaiva, cola {ene aricitado no mando ssl “lotamonte elicaco, quake! mownens ‘adcal que eprentose una tlda puboa de sia teteasGo oulo-ence {ada feta deer rejeado e denunciade como “asckmo do exquerda" © nanopugho 112. DA 1MODERNDADE” A *ORSE DA POSHODEEMDADE rao pn neat in ec see vas &s ofientagées de Kant) é parte importante da ee cf la der comezrcae Now ee a ce pes iin ha pos ea Coe a es cue sp cnn ipso Ses om 8 exist focal ow NS © Pees rtrae ica ony Oe cleo fe pena ee eg eae Tune afore ot lg tase oe a SF, ears st ee ccteoice ® pin ei, te ae oder Be far soca do os, eae ee make de decorate 00 Ge ar ca crtopeche sino gto crm ce BS cael oo ses od ras 20 Pe acco i ia’ eerie sr "Hr pln, corer Condes wa indice do meso do oe cane den ny cor Ge cs oe oie cee rt eg pause de um doa? © cmoazo de coquss Naboo. Sie STEN fog), Hobemes ond Modo. pT a IVAN NESTAROS inioDucko PODER OA BEOLOG 4.2. DA ‘MODEPRIDADE* A *CRSE DA POSODERNIDADEY ponténeo @ néo-condicionado & absolutomente idealsta -, os Individuos em questo deve confesfor ou apolar as posigées de poder da orcem social exstonte, dentro da estutua de co- municagao estabelacida © om picl de suas pretensées hege- ménicas mutuamente excludentes. Considerando-se a impor tancia estiatégica das questées em jogo e 0 podet de controle dos compietos instucionais hievarqulzades*, 0 tipo do “didlogot que pode ocorrer dentto de fois mites 6 na tealidade estutu- raimente viciado conita a possbilidade de um resultado que os desafiar objetivamente os patémettos estrulurals da ordem social estabelecica, Pois os mesmissimos parémetios devem att bur (@ de fato aliibuem) aos participantes seu papel - como. ‘membros de uma classe - no modo prevalacente de agéo co- muricativa, fortalecendo 0 tefoigando desea forma 0 poder deste ciculo viciaso matetial © ideclogicamente precondiciona- do, em vez de abiio na forma de um genuino dldlogo. ‘Assim, como resulado de tal “didloga” necesscriamente vicia- do, 0 que parece set um ‘consenso" é na verdade o resultado, dos relagées de poder dominantes, Imposto de manelia mais ‘ou menos unilateral, © que assume muitas vezes a forma de lum intercambio comunicativo "piodutor de concordncia’, for- ma que s6 néo é problemética na aparéncia, O resultado & imposto de modo mois ou menos unilateral (so 6, sob seu as ecto comunicativo, de modo mals ou menos “consonsuar’) de- endehdo da "capacidade de incorporagéo"” ou, sendo, das Concess6es feitos pelas classes dominantes, segundo - em nos- 9 piéptia época - a vantagem piodutiva ‘elativa que o capi ‘al pode extra dos acordos concluidos com sua classe adver séiia, em teimos de maior produtvidade e da expansio da “maisvatia relative Do mesmo modo, aos periodos de consenso pottice neces: satiamente sucedem confiontos socials mais agudos - donde a Ctescente proeminéncia dos ‘neoconservadores culturcis” que, segundo Habermas, curiosamente nao dialogam, assim como Stace nano ono wocongmele ent o ck dont: ‘one de una seclecedo ews “loser Gomnate, osteo por Nok en A lovologia Aiemé. i pote “poapartezods”nd0 igntca cau 9 spot “hlegrobikade do coe ‘coatador, ano que por um peioce inoca falters ti copoctinse shana copia ee rt We ay a ea cen ee siete eet he Seance Sante states icra an en doric ea ern hana ot Soe ie ater mn er centaur Hari is Mehl es he ter ess Fat ares Set te ae er oe Tana hai at Sa cas ny a ferris entity cee oan Sas War IsAN wészénos ‘0 PODER DA OFCLOGH, 40 ideolégica do "neoconservadorismo’. Pelo mesmo motivo, lo entanto, Lyotard rejeita as Ideologias da "modemnidad Que, em sua opinido, fazer tum apelo explicito a algume grande narrative, como a dialética do Esplito, a hermencutiog do significado, a emancipagao do syjeto tacional ou opetonto, 0U a etiagéo da riqueza"” - @ insste em que o objetivo dy “consenso universal" buscado por Habeimas ‘Vilonta @ hetero. Gene'dade dos jogos de linguagem. [Po] a invencao & tompre ofiunda da dissengao. O conhecimento pésmodemo nao & simplesmente uma fenamonta das autoridades ele telina nossa sensbildade as diferoncas © reforga nossa capacidade de tole. fat o incomensurével. Seu principio ndo é a homologia do es. ecialsta, mas o paralogismo do inventor*" Por ist, Lyotard recomend, come modelo piéptio de discur £0 nao Ieckégico, © que ele choma - em ébvia contiapedeo 4 “grande narrative’, ideologicamente culpada - de "pequena Raativa’ [petit récif), descrevendo-a como ‘a forma da inven. 960 imaginativa levada & quinta-esséncia’™, |, abismo parece assim intransponivel aos olhos dos conten: dores. No entanto, um olhar mais detido tevela que grande parle de sua controvérsia é mais imagindila que teal. 0 con. senso defendido por Habermas tem sido definido de maneia ‘muito mais cautelosa nos titimos anos, em relagéo @ sua poss blldade de tealzagdo sob as condigées da “sociedade indus. ftial modeina’, do que na época do’ consenso paliico do pos ‘guetta; isso porque Habermas foi lavade a reconhecer © tessut Gimento dos confitos de classe - j4 supostamente mottos © enterrados - mesmo nos ‘paises indushiais avancades", como 16 vimes. € um consenso transcendentalmente pressuposto de un futuro ‘postive’, em nome dos postulades ‘principios univetscis da moratidade’, isto é, um Sollen abstiato (um mero "dover ser), No que se refere 8 condigées reals, Habermas chega a Concordar com uma perspectiva pluralsta que se assomelha & de Lyotard - se ndo por poixéo, entéio pot descuido -, aftman- do que 0 ‘padiéo comum’ quo ele propde para a avallagdo dg moralidade das ordens legiimas ‘nde pode julgar © valor de formas de vida rivals" nas atuagdes histoico-coneretas, pol 2 respeito apenas & “infia-estutura communicative de formas de Vida possivels'”, Sob ambos os aspectos, pottanto, ele esta mals préximo de tyotaid do que eles parecem imaginar, uma vver que também Lyotard 6 pode propor um dever ser ainda. que le 0 chame de um ‘preckor ser™ - quando patte para a Cemonstiagao da viabllidade de seu modelo de pésmodem- FR, Joor-rangok LYOTARO, he Postmacem Condon: A Repod en Krowledge, Menchetey Unvry Mes, 197, 9, oak Shei pa ° 0. po. 93. Vor Nita 6s, 94 LYOIRRD, Tho Posinecem Constion, pd a Iniroougio. 4.2. DA SiODERRIDADE" A *ORSE DA POSWODERNIDADE™ rade or rag oo que exe no preven, $Pdetese de Lylerd do poricuctano pSsrodeino shat ice beer 0 ea de rn Bo inca ca tlesoe Se "boqJana Nara ou “Pouce & Bou seers 0 latonre® (ou helana) pando nave $2)ace embem nese ipecte, Habornes So re malo ae tance to toe rea fi aua etcopbo do need ca ipo covets de condula hol tctmendeds, ober ro, uta at weds Goffe rou sytronteheado rr SSerpodede soci sttomemets sevace'6 9 cence Pate Maponistdede de ovclogte dan lervengber, 6 Imapor "oto don clones ectetétcer, caro & pesos Tanne ako “olrapeessohuras er eigdoseselomen te complexas*, como vimos no topico antetior®, Sint duo cuanlo 5: Getorinagbe epladoro mals ob- solo Tonto Hobemngs guenfo ofa etedtor no tome Ber por mets peblemation quo so id ieindoageo om teloges 6 o1dom slaboloclés. Ne feota do Nobemes, exo Gags se manta na efrnopeo dealt @ Mecodsia de Gn feo comerioubva nic oo etonta Srplernrfe com inten © stones bo prenonenfesporioba Ga etungeo daquilo que deve ser preservado™™, Guanto ao procedimento ifedimanle dockedo Je tolera, oe chame goagse mule Ghehenle & de Habermas o que de fopeto o una cute te" toncopgte Se Stents ave ne perme choger 6 cones ‘Bo Teguete pare lnitea'e "isome cboto" gue delonde: Se dana medica om sus a cnc clowns, seu pos moto properlona o nlimodelo de um sstema stfove Ua atrmagéo é conddovade agra do tw conerade, aor treats iva dream ropes sata ae 6 onkecio.6 dopan de se cnconelr atgenontos Pves Fe a cord giepeereg tet ne ‘ual ume etimagéo comoga o Tore parle so "gee aéar ou seja, se gera cutras afimacées e oultas tegros do jogo. A Clete repel une metingsger gut om go eet Gr oulosInguopers powcr sar Tonserfone segundo © qua feiam avaladas, € iso que impede que ea so identiique cain 0 ster‘, om titra ondke, com © fo. So ei na Comunidode confice une avsGe er casas que Tomern Gh decheeo cuvlr que ot orecuars (oa xsl, oof tin foo oo sifane socecondmico © néo eo progmdice do ciéncia em sr”. Totes, © modelo Heattade do “sera abet (asim co mmo.o da oclodede aber) & gerade pao exclsco, me dione detain, do tudo aus 0 centepag cotta & imagem que cele se poss’ Em outos pasos, 0 ee fa (5. Vor nota 0 54 HABEMAAS, tho Theo of Communicatve Maton, VoL. p. 398, ‘7. WYOTARO, fo, m6 IVAN MESTAROS WP ONER DA DELO excluido de tol dscurso exatamento a reaiidade da ciéneia fal como funciona na socledade om quesido. Visando a este propésto, ndo somente “aquales que tomam as decisbes" © os “que as executam’ so opostos uns aos outtos - como s0 Isso tt vvesse algo a ver com o real funcionamento da pesquisa cien- fica na estutura do complexo miltarindustil -, mas, de modo ainda mais problemdtico, a estanque "pragmética da ciéncia ‘em s* € contiazosta co ‘sistema socloeconérico' como ta Deste modo chegamos ao "modelo de um sstera aberto’, que 6 simultaneamente o ‘antimodelo de um sstema estéver. Mas © que tudo isso pode significar na realdade? Sord que ec to “pragmatismo' 6 mais realsta que 0 ‘progmatime universal de Habermas, que néo pode nem mesmo julgar 0 valot das foimas de vido tivais, sem folar em influenciar postivamente 0 tesullado dos contiias em andamento? O autor nao devetia 1e- felt sobre @ inconveniente questéo da viabiidade da ‘piagmé- fica da ciéncia em si? Pols se a pidpiia ciéncia, apesor do seu pretenso pragmatismo ideal, ndo pode escapar, em seu J mitado dominic, & maciga infuéncia negativa daqueles que ‘tomam as deckdes’ e do ‘ssterna socioeconémico' em geral, como ela podetia servi como modelo universal - a nao set que se trate de um modelo totalmente impotente - do inter- ‘cambio pés-modeino, em um ‘sitema aberto" material @ cullu- ralmente orliculado? E altamente significative que, sob as condigdes do capitals mo pés-consenssal, as pretensbes © argumentos fanto da ‘mo: denidadet quanto da *pés-modemidade' sojam assim formu- laces de modo "quase-transcendentof". Naturalmente, nesse 8. Poro fonor os cots cinéa mais derconcetnles em uma dot nolos achin- {os 0 The Posimodan Conan, Lyolad eexeve: “Apes 0 sepciagee oa © op exiage, Fa Feyerobend (Agast Method) races em noma 6 maim ‘ipo "elge’a repetosso ca cence @ do etlodo. Mas © quanls hac © 29 dnhetot fb, p. 12. € mul dil cesscb quo sgafcoco cave se oF 4 a esio obseragee. Metmo o lala de Feyorobend de tepoer 0 ence © ‘© watuds wn abot © propo esodo 6 aman quettendrer Gon sta pe ‘dee alimor qua © v2paia¢80 Ga lace do eslodo = que & em pine, lum emereendimento muito mas wével do que 0 seperazao do exlado © dd Cléncio fo, em Toca: os sus Yotadodor hilescomente eorhecid un fact leagéo mo imioca. Os probiemes otndet da teporazao go ciincla ¢ 0 {11860 tatiam incomporavelmente mores, Erba a Iga dsiomponhe Uh Papel mportante no proces de rartogugio cull eeogica, seu papel no recess 6e reprodusto materal& baxoamente 9 da um Gonder cabo fiando ssa parle 6 rodulo soci garal Em canto, 0 céncla 6 tna loya ‘recive wal da tocecsde. Consequantomenie, sa topa/agoo Tadeo a ago eva mpleagdee ae longo cleance pa'o @ bore moral e.0 vod piéico do prio etaso. Asm tendo, vaunbia, poxende par cine doa cr liculdode ebtulual nto resalva, @ molementagao matesoimant eleva 30 {os deleminasdes por pare do cine "emparade”-fendo-g por bare © ‘plogmolame da pia Cencic, em uma opoigdo abiholoweisiea 00 tele- ma tociosconémieo"e ao “cielo embow ecellondo a avicicode police 6 stlaso e of Imperatives motarat ap tema co coptl(queions roc aiante ei otado oo una gondenoreia caer ve. face uma contack6o not temo, —-—— so yn 4.2. A NMODERNIDADE injeim, 0 necesiade do consento por parte do stoma réo Gesoparoceu, Tendo apenas pasado para segundo plan. NEO Sostanto, s00 of novas crcunsiéncias, modelo operatvo real S impotto pelo prépia cise coptaista, Enquanto esta citina Subist, os Fogtat quo provalecem so ce da competigdo mols @quda - recotendo descaradamente @ todo tipo de viciénca gm nome da “racionalzegéo"-, atiavés da qual, na osfara econémica, a independéncia anterior das unidades superprodu- 2idas do capital (como “atores’ auténomes) é implacavelmente Gstulda, sondo absonvda petemptotomente pels sotores mais podorosos 0 dinémicos. Ao motmo tempo, 0 relacionameonto tntetor entie captole tiadalho também & fundamentalmerte tedefnido @ reesutuado, cinda que iso envelva @ intioducéo do guns atos roguadoresjuiciee polices obertamente repes- fiver, em concordéncia com as deterninagées @ imperatives dbjalves emanados das muciangos ocorides na esfera da oa ‘maagao © contaizagée do capitcl £ por sso quo, nestor cit Cunsléneias, os tetas cloros do "consorso' @ do “im da ideo- loge" s80 descartadas em favor daquelas que fornulam sous “modelos” @ tevindioagdes de tal modo que nao contradigam beriamente @ evidéncia do. quo os coniifos vem s@ fornardo ‘mois agudos. Decett, quando o stoma & roconstuido © ree fablizedo conforme as novas r6lagées de poder (do lado do capital ¢ também do trabalho), es fanililzantes ideologas Cconsensuals podem ser noverente algadas ao pimeio plore Entretanto, esta 6 uma perspectiva muito remota nesta éporx fem que a cite esulucl do capital da sinois de se inlensfcer, fem ver de ser abiandada por uma nova fase de expanséo tranatila @ sustentavel por cetto perodo de tempo ‘As feolas da ‘medenidade’ © da ‘pérmodemigadet pres chom a8 exigénciasideclégicas dos crounsténcias de conti mals ogudo, Ambos evifom fore: suas proposgoes tebicas {un ddamentais @ pari da siuacdo histoica doda. As referéncas ‘28 procosos socials exifentes parecem mais cbsowvagées lus Kravas oeevionsit do. que parte etsoncial da. prépia toon Nao hd conoxao inorento entra 0 discurto fosrico goral ¢ 0 ‘mundo da atvidede concrata’ da adem sécionsiéica dada, Na vedade, a separagdo radical entie ambos & muitas veres . foimulada teoticamente de modo explicit, como vimos na ‘pesigdo estabelecida por Habermas entie 0 abstiato “posivel © 0 concieto “rear. Em decorténcia disso, 0 mundo real nao) exeice qualquer infuéncia sobre a teofa geral, sola para fort lecéla, seja para convocéia a uma impottante revisdo, pols as pretensées de validade da teoiia so auto-eferencials e encer- fadas om sf mesmas. Mesmo que os autores cometam eros em '9us dlscursos sobre aqui que realmente existe © tenham mo- fivos para lamentar proteitios, podem piossegur como se nada howvesse econtecido. Como j@ vimos, Habermas tanto pode dectarar que ‘na sociedade capitalsta avancada oF grupos ca: SIVAN méstéRos OFODER DA EOL rentes @ 05 ptileglados ndo mals se deftontam como classes socioeconémicas, como pode dizer 0 oposto, €, significative. mente, pode fazer tals deciaracées contraditéias sem modiicar fern nada sua teoria gercl. A ideologia "ndo-Ideolégica" que teotlas deste tipo apresentam na forma de seus discursos sobre {a "modemnidade' @ a ‘pésmodernidade® prova ser totalmente Imune aos tscos das inversées categoriais devidas ds inevitivels flutuagées ¢ altoragées nas circunsténcias sécio-histéricas recis Tendo tal afastamento (teorizado de modo mais ou menos ‘aberto) em relagéo ao tumulto do mundo histético-concreto ‘como base de seu discurso, os autores contiapéem & ordem social e cultural reconhecidamente instével - sob a forma do ideals negatives ou contra-Imagens do um tipo ou de outro = sous préprios modelos (ou “antimodelos’). Eles sto construidos ‘em fungdo de algum discuso absliato baseado em postulados da andise floséfica Iingilstice, na suposta *compeléncia cornu nicativa universal da espécie', em deteiminagées estuturais © funcionais aptiotisticas, em elementos da teotia dos jogos, em ‘eoncepgées variadamente ideolizadas da cléncia etc. ‘Além ‘disso, a natureza do vinculo que estabelecem entre o eine altamente abstiato de suos reflexdes produtoras de mo- doles @ a realdade histérica dada & a de um meio dever sor que, precisamente por esta ra2d0, néo pode inten efetvamen- te nos processes socloscenémicos e politicos em andamento, por mais desttutivos quo possam parecer alé mesmo para 0 teéricos em questao, Isto 6 claramente visivel no argumento de Lyotard sobre a consitulgao do “relacionamento entre © antimodelo da prog- mética da ciéncia e a sociedade". Como jé se disse, elo subslitul dever ser por precisar ser e constiél suas recomenda- {$605 da soguinte maneiia: “O consenso se toinou um valor ant- quado © suspelto. Mas a justiga, como volot, nao € antiquada nem suspeita, Precisames, por isso, chegar a uma idéia ea ‘uma pidtica da justiga que néo estelam vinculadas & do con- senso, O reconhecimento da natureza heteromorta dos jogos de linguagem 6 um piimoro passo nessa ditegGo. /..J O segur do patto & 0 prnaiplo de que qualquer consenso aobra ao fegtas que dofnem um jogo e os ‘movimentos’ possiveis dentro esse jogo precisa set focal; em outias polavias, precisa ter 0 ‘aval de seus atuais jogadores ¢ estar sujelto a um eventual concelamento, Esta ofiontagdo favorece uma mulipicidade de meta-argumenics fiitos, polos quois entendo a argumentagéo que a ferpeto ax motopreseigées 0 6 Iitada no expago.o pore _ Cutlosomente, no entanto, ficamos sem saber quem val mo- dificar 0 valor ustiea’ - que 6, na verdade, de fato un valor 98. LYOTARD, i. p. 64 eo. 1a, p &. | MRODUGAO 412. DA NODERNDADE A ‘CRE DA POSAIDDERNDADE. citamente suspelio em nossas socledades, em vitude de sus onstante violagéo tob todos os cspectos @ em todas os esle- for = de um postulado moral abstiato para uma prdtica socio! idvel que s2 adapte ao modalo. Nem nos é dito quem tem o poder de transfornat - isto 6, do teestuturar radicalmente = 0 Estema de decisto eistente, altamente centraizado e burocta- zado, no “dever ser ideal (0 “precisar ser’ de Lyotard) de uma ‘atemnativa amplamenta democidtica @ genuimmente participa: va. itso 6 tanto meis probleratico (@ imea), por haver uma con- tredigoo Sbvia entre 0 carditer Intinsecamente globo 0 esirutu- ral da propia tarefa (sto 6, como arrancar 0 poder do sisterna ‘cenitalzado e daqueles que “tomam as decisées’) @ a conde: nagdo explicta, por parte de Lyotard, da idéa de uma inter Yengdo estutural radical que dosafiasse o préprio sistema. A jdéia de tal Intervongéo 6 execrada por Lyotard como uma ‘grande nattative" que necessariamente resultaia em teror. Ele imaging que a vidumbrada ‘mudanga de pardigma’ que le- Vata das praticas toclals dominantes a "poltica da pésmoder ridade" pode sor realzada & maigem do sstema em questo @ pot obta € giaca do proprio sistema, Coloca sua 8, multo ingenuamente, em uma imagindsia tendéncia ao ‘contato tert- ordre", que se supde estar “suplantando as insituigbes pera: rentes nos dominios profsional, eocional, sexual, cultural, fami fiat e Intemacioncl, asim como nos assuntos polticos", ati mando que “Deveriamos ficar felizes pelo fato de a tendéncia {20 contiato tempordtio set ambigua; ola nao é fofaimente su bordinada ao objetivo do sstema, mas o sistema a folero"™. Nao obstante, caractetizar sumatiamente a posigao de iyo: aid - ou, « ete piopétito, de Foucault © Derida - ‘como *neo- conservadora" setia abcolutamente injsticado™. Hles néo so fem um pouco mals conservadores (ou "neoconservadores") ‘que 0 proptio Habermas, com sous sermdes sobre o juste mifeu (@ teino dos “modetadoe’) 0 @ hnaltetabilidade estrutural do "si ema extrernamente eomploxo" da "sociedade industial moder Tic. Na verdade, Lyotard assume uma posigdo alivsta em favor a evelagao dos sogredos cumnputadoiados do estado. Faz ic £0 visando ao mesmo tempo defender ou amplar as fiberdades ‘eis © a dat um uso postive ds infornagées adquiidas, se-gun- do seu equema de democracia patticipatva, inssindo em que Iso iia *Ajudar os grupos de discussao dos metopresciigées, su piindo-os com a infoimagdo de que eles em goral carecerm para tomar dacisées fundadas. A linha a sor seguida na infor ‘maética /... 6, em piinciplo, bastante simples: dar do piblico livte acesso & memidtia e cos bancos de dades. Os jogos de 1. ta, 12. 123, Lyotard se ysente com axdo db tol coacteitagto. Vero est respeto ‘8a reblea toretson @ Hobemos na p. 73 de The Poslnedem Cerion IVAN MESLAKOS CPODER DA IDEOLOGTA linguagem setiam entéo, a quclquer momento, jogos de porte ta Informagéo"™. Apetar diso, ¢ dificudade é que, mois uma ver, nao se dé nenhuma indicagéo de como tals objetivos poderiam ser teal- zados diante da obstinada oposi¢ae das autoridades do es ado, que com freqiéncia cinicamente a impéem em nome dos propos volores de “ibordade’, ‘democracia" e “jusiga". As Teferéncias ologiosas de Lyotard co uso da informtica no mu- ricipio de Yverdon'® s6o, sob esse aspecto, no rninimo ingé- hues. Por isso, néo surpreende que, como resumo final de sua teoria, néo tenhamos sendo uma exottagée retética: “Movamos guera 6 fotaldade: sefamos testemunhas do néo-apresentvet Ativemas as dierengas e sclvemos a honta do nome", A previséo da lula e da vitéia numa “guerta & fotalidade" ‘em 3, pot melo do antiquado computador local de Yverdon {(nstolado em 1981, segundo Lyotard, em nome da ‘peat in- foimagéo’), & algo que dificimente podetia ser considerado redlizével, mesmo pelo meis ofirista dos crentes na ‘polica da pésmodernidade’t Mas, para fazer justiga a Lyotard, a dificuldade subjacente néo € de foima alguma aspecto exclusivo de sua prépiia ver s60 da pésmodemidade. Ele o compartiha com muitos outros pensadores, independentemente de sua identiicagéo com a podgéo da "moderridade' ou da "pésmodarnidad™. O'ceine ideclégico deste problema esté na aiitude sumaiia mente negativa que esses fedricos assumem em relagao ao potenciol emancipador do trabalho. Vimos a formulacéo desia Tejelgdo aptioisica na teotia de Habermas, tanto do afimar que 0s confltos de classe, enquanto fato histéice, desoparece- ram da “sociedade copitaista avangado* (quando nada deste tipo ocorteu) quanto asseverando - de forma cinds mais getal @ categética - que o conceito de trabatho perdeu completa: mente sua importincia emancipatésia na flcsofia social, devido et yo 8 (NE ns men hem te (Be gear fs memes noe oe Vai sn Seer rasta ecco Si specter eetreessnae as marae fee cer ictredaeget ee Suctepeen Faeyr tape eee a ees Sates Ges heme comeamarae seat Serle ices au acca sweetie SE Re te Si See at ca ees Spe seme maraesncemn tye Sea carne erat eran ee bis ecg ga camebones ate cere a rae eon wage Tncle teatvarnte brtoca. fo ets, ce tao, ro longo ‘concigao eade dos “ogor da intormagdo perteic’. rica ee Sg iniRovuGf 4.2, ‘NMODERMIDADE” A *ORSE DA POSSVODERMDADE™ tua prépria “desvalotagéo no mundo da vido". Paredoxalmente, sob este aspecto, Lyotard néo é de modo ‘igum menos categdiico © destutivo que Habermas, embora Garedite que sua podgéo soja radicalmente diferente doquela Go ‘modemidade", Na reclidade, a substéncia Idoldgica de Sua abordagem 8 exencialmente a mesma. Ainda que a for mule como uma rejeigéo categérica de todos os ‘metaciseu- for" (pecado Imperdodvel que alibul ao "modemo’), o signif Gado substantive desta tejeigdo é a desquaiiicagdo aptotstica Go pi6piic idéla da *emancipacéo do syjeto oporunte fou tro- bahader]"®”, pols esta se enconiratia inexticavelmente igada {s impicagées tentaistas do metadiscurso, ‘A. conseqineia teéiica de tudo iso @ que, taro na estat: fa da "moderidade* quanto na da "pésmodernidade’, néo ha ‘espago pata um agente de emancipagte historcamente klen {ifedvel ndo obstante o fato de nenhurna das teotas haver ex picilomente abandonado sua preocupagae com a possibilda~ Ge da emancipagao, so se aplica até o Adorno, que limita gua idéia de Intervengao emancipatétia no presente co langa~ mento ao rar de “mensagens em garrafos’, desinadas a um possvel, mas totalmente ndo-identicdvel, futuro leitor. ‘Assim, depatamo-nos com taotias gercis de um tipo ou de ‘outro que s8o todas muito problematicas, até mesmo em sous prdpties termos de roferénela. Emm sua absoluta negatividade, Glas parasitam as formas rejeitadas de discurso emancipate fio! sem setem capazes de indicat, ao mesmo tempo, com base na dinémiea histérica real, algumas forgas possiveis da ‘emancipagao Indvidual ¢ social, juntamente com as modaiéa- des provavels do sya agéo, através da qual a superagao das Condigbes de dominagao (geneiicamente cicadas), hoje em dia prevalecentes, podetia ser aleangada, fsta lacuna - que decore da tejcigtio categdica do traba- lho como agente de emencipagao - raz consig conseqién- clos metocoldgieas profundas, compartihadas tanto pelos ideo logos da ‘modemidade" quanto pelos da ‘pésmodemnidade’. Em primeira lugar, dado seu afastamento em relagéo co contexto séciotistéico teal, associado & declaagGo de uma ‘pitagdo emancipatéia abstiata e genético, sua estrulura 126 fica £6 pode sot afticulada como um tipo de metadsourso. 107. pa 18, Se es doondonawem fotainante 1k pteocupagées enancloatbias eo tem civds sennaa elgumar dos eiiuldodosoqu afer Entlono, no {cots es esean Malo pela Conkéio. A kBogbo rode de foda preoc poze armncpotien, por rat sate ov Polmica que si Paso st ov remenie Gesiuta ar consigeesfasico fanfo da Tmedendade’ quero 2 "Plemmodenidace eve dependem ieramosie de un poedamo bre os de Guo pomodoro eanapagso ou cov pa, 0p ot ETS ‘mente dotominacet, Heo Tombém oF fomnaia ebsooment Indo’ do ponta 4s velo Ledlgea, pou os ver fotos da ernancpoyde -ocme de NCO & oncepgdo manisia = pemmonecedam Inconel SIVAN MESzAROS ‘DPODER DA DFOLOGH bbto ocore mesmo quando tentam ser ciiticos deste ditimo, ‘como Lyotard, expicita @ programatcamente, proclama sat. En. fnetanto, o nico contoudo real que ele pode propoicionar sua *pequena nairativa" idealizada 6 a dlcussao das ‘meto. prescrigSes' a serem adotadas pelos varios grupos (pressupcetos pelos principios reguiadores absolutos do “tegionalismo esttiot ¢ do “eventual cancelamento’). Ao mesmo tempo, no entanta, clo evita examiner a viabilade dos prineipios postulados de arlculaismo Irestifo (que estruturalmente néo é muito diferen fe daquele postulado de Habermas da ‘comunicagéo Inesiter, fm vista da exigéncia inevitével de um relacionamento social ‘amplo. Desse modo, Lyotard fica preso entre a cruz @ a espada. Por lum lado, se procedesse de mansita diferente, tentando estabe. lecer os interconexdes @ mediagées globais que se faze ecossérias, sec levado a reformular oulto “metadiscurso" (ou “giande nantativa’) tematizado. For outto lado, entietanto, pelo ‘modo como se piopée a solucionar seu dilema, sua teota ge. ‘ol néo temina com uma estrutura exeqiivel, kenta de corae. terfsticas metadicursivas, mas, ao centrério, comm um metas. curso de segunda ardem que se esgota na discussio de regras de oplicablidade estuturaimente dubia, Pot isso, ndo surpreen. de que, no fim, as linhas de demareagao entie esta concep. a0 de "pésmodemnidade' © a de ‘modeiidade" sejam com: Bletamente obliteradas. Lyotard Indaga: “0 que. é, entao, © Pésmodeino?, © tesponde da seguinte maneira: “€ sem divida luma porte do medemo /...) Uma obra s6 pode se tomar mo- dina 2 for primeito pésvmadema. © péemodeinismo enten. dido desta forma nao 6 © modemismo em seu final, mas no tado nascente, @ este estado é constante'®, Eta fusdo © confuséo dos planos da tempordidade histérica | #86 quase como um sofisma vazio. O mais importante, no en- | Tanto, @ que Lyotard é foicado.a adotar sua posigdo peculiar pela Insustentabiidade de sua reivindicagao ofiginal de suplan. fat 0 "metadlscursot da ‘modemidade" de Habermas sem desta- 2arse de sua molivagdo, os pressuposies ideologicos = "pos. Manianos' - de seu adversiiio tediico, que tejeltam © potencial _emaneipatéiio do trabalho. © segundo coroldsio metodoidgico fundamental da negagto | de um agente social emancipatoio 6 que a mediagde neces. Sétia entre, “particulaidade" e “universalidade" - absolutornente essonclal pata a avaliagdo dialética dos complexes socials € das fendéncias de desenvolvimento - nao pode encontrar lugat estas concepgées fediicas. Sob este aspecto, realmente ndo importa se é a ‘univetsak dade’ ou @ ‘particulaidade" que predominam nas teotias em uestao. No final, chega-se ao mesmo ponto. A predominéneta 109, WOTARD, ip. 7 unlversaldode absrata. Do mesmo modo, 0 cuito da “dlileren- go" @ do parlculatsmot na "pésmodemidade" permanece tes fito pelas limitagées inetentes & porficulaidode abstata, No verdade, conseqiéncia teérica da auséncia de meciagdes fousentes porque s6 podem ser formuladas em relacdo aos su: jeltos sociais recis © as suas stuacdes histéicas concretas - é ‘que os pélos catogatiais de paticulaidade e universaidade sto imedoatamente encadeados. Este encadeamento diioto se esta bolece atiavés de posiulados explcttos, mas ndo-demonstiados (Habermas), ou pot meio de suposigées getols nao-expeciica dos (Lyotard), uma vez que, em dima andtse, nenhuma das ‘duos abordagens se content em permanecer ligada exctusva: mente a um dos dois pélos. O “universalimo quase-tianscen dental" deve fomar sua aplcobildade empica plausivel dancio cexemplos particuiares de suas revindicacées gerais, © 0 discur t0 ofientado para a diversidade deve pelo menos deixar imp ella o postblldade de generalizagéo de seu patticulatsmo, para sxstentar suas relvindieagées de ser um emproendimento fedtico legtimo e vidvel Js vos quo, na "péimodenidede" do Yetai, o patie timo progiamaticamente néo-generalizado (atientado para 0 anfimetadiscurso) no pode ser sustentado. Paradoxaimente, or liso, pata Ihe proporcionar caréte: teéico adequado, 0 au: fot € forgado a volerse da categoria das ‘metaprescrigées ue, no entanio, néo podem set sendo universaistas, mesmo ue sejom ditetamente identiicados com as préticas decursivas dos grupos locals. Quanto & teotia de Habesmas, vemos nela. a Identifcacdo direta das postuladas determinacées universastas ‘com a situagéo particular dos indvicuos, quando ela dectara ot exemplo, que ‘A petspectiva ulépica da teconciiagao & da lbeidade esté ataigade nos condigées que detorminam o ‘G80 social comuricativa dos incvicuos: exté embutida no mo: ceaniime lingdisfico da toprodugao da espécie™®, Max citicou Fouerbach por det abstratamente a “esséncia hurnana’ = em vez do compreendoa om tungoo do “eoniunto das telagées socicist - ‘apenas como ‘espécie’, como cariter Inlet, stencioro 2 gerol que une or muitos hcvcuoe de ma aia nofurcl", Habermas nos oferece o mesmo tipo de sok 40, implantando nos individuos a “slenciosa generolidade feuerbachiana de um ‘mecanismo ingistice’ miracuioso, ata Vs do qual se supde que a expécie emancipe os incividuos, cleangando a teconeliagdo e conquitando a liberdade. Assim como Lyotard esperava grandes coisas do computador exer Plat de Yverdon - © ndo smplesmente para os cidadéos de Werden, mas pata a espécie humana em getal, “pés-grande Wo. WABERIAS, Te Tory of Communicotive Action, Vl. p. 388 M1 MARK: "“Thosos on Feuerbach MECW, VoL 5p. ne ee Eee I aon DA EOI narrativat -, Habermas também descobre seu equivalente “qua se-transcendentat" no miaculos mecanismo Inguisico da espa. cle, implantado em todos os individuos. 0 fato de tal meca nism nao haver realizado seus milagies até 0 dia de hoje, Podetla aigumentar Habeimas, néo tem qualquer relagao com 1 questo. Afinal, a “perspectiva utépica" a que ele se telere & ‘stitamente ‘comportamantar’, relacionada apenas a “fornas de Vida possve’’, @ partir das quais nao se pode frat *conclusses sobre as categotias de felicidade' nas stuagées histéicas reals, 1, 3, ARTICULAGAO IDEOLOGICA DAS NECESSIDADES SOCIAS 13a, 7 A ixendineias © mosismosintelectuals dominantes- incti- sve @ tacionalzagao da ordem estabelacida em nome, do “fim da ideclogia’, uplaudida hé ndo mulo tempo - tem, fakes mais profundas ¢ com rarriicagées muito mais complexa: do que se podria suspeitar. f ‘evidente - ninguérn negatia iso, especialmente no século XX = 0 poder dos vérios insttumentos @ instiulgdes culturabideo- légicos para manipular a opiniéo piblica, Asim fazendo, po: dem néo apenas distorcer gravemente a impotténcia relativa doquelas manitestagées ideolégicas que se confoimam aos in- tetesses materiais dominantes da soclodade em questao, mas também prolongar artificialmente seu tempo de vida. Mas, ainda assim, tis fatores de distorgae decorrentes da manipulagéo Insfitucionaiizada ndo explicam @ mudanga cult Tatideolégica em si. Emboia, sem divida, eles possam prclongar © tompo de vida dos movimentos intelectuals estabelecidos quando estes peiciem sua importéncia objefive, nao podem ‘agit desse modo & vontade nem por um petfode indafinido. Nesias questées, 0 que esta em jogo @ arliculagao cultural os intetesses materiais domninantes da ordem estabelecida; por ls80, as necessidades mutavels do complaxo social total e de sua classe hegeménica acabam por prevalacer até mesmo £0 bie 0s gtupos Ideoiégicos a que sé0 mais vineuladas do ponto do vist insttucionel caro eos ojam ineapazes de alferar, pa 1d 88u préprio uso, 0 “iumo da mudanga” das pressoes ‘9 s0u pi 1ga" dos pi socicis Com efeito, 6 esta estiatégia de determinagde do tumo da mmudanga, apesor de suas embaragosas Ides @ vindas, que os fepresentantes das tendéncias intelectuais dominantes costu: ‘mam adotar; ©, giagas & sua posigdo privlegiada na estrutura ITRODUGAO anc A DES SOAS da produgéo cultursHideolégica - que 6 sempre, ao mesmo tempo, uma foira de teproducéo ideolbgica -, obtém éxito fom multa difculdade, Além disso, as exigéncias Inetentos &s prépics ertrutucs socials objetivas favorecem fois recjusles ideo Féglcos também no que diz respeito ds pessoas dos idedlogos. ‘A constante subvetsio das hiorarquias idedkégicas estabelecidas fa concomitante dastuigdo de toputagées inteloctuais ardua- mente consiruidas - sojam olas reais ou imagindrias ~ seriam textternamente rinosas ¢ (ndo somente em vitude do despordi- clo econérrico, mas também da instabildade Ideolégica resu- ante) Inadmissivelmente piejudicials para o sistema, ‘Asim sendo, as estranhas "conversoes" @ retiatagées de Inte lectuals supostamente "independentes"'"? dizem pelo menos tanto sobre 0 mecanismo social dominante, alfamente econd- mico e ofientado para @ establidade, desinado a garantir a continuidade da teprodugdo culturakideotégica, quanto sobre 1s motivagées © lurrinagées estitamiente pessoais em cujos ter- ‘mes fols acontecimentos sao em gerol aprasentades pelas pat tos intoressadas. Neste sentido, néo suppreende que os mesmos Idedlogos que. s@ compiometeram inteliarnente com o proseliisrno do “im da Ideologia’ fenham sdo ito bern-sucedidos em reabastecer seus ‘estoquis infelectuals esgotados, apesar do clamoroso fracasso de sia petspectiva antator, Sob as novas cheunsténcias, carac- teizadas por contiontagées socicis ctescentes, eles reaparecem rho topo da pitémide culturatideotégica - como se nada hov- vesse acontecido a seu discurso passado - como os principals teéiicos da ‘Sociedade pésindustial, de seu ‘mal-estar tarcia- mente reconhecido, e até de As Contradigées Cultura’ do Co pitaiimo"®, Ager assim porque sua aboidagem geral de ate- ‘Ruagéo dos confitos, diigida & questao prdtica fundamental do antagonismo social, no era simplesmente uma abenagdo pessoal. Foi antes formulada em resposta ds necessidades flu: uontes (mas nao menos objetivas) de uma classe dominante ‘que mantinha © contiole sobre a sociedade depois de a ra- clonalizagae e legiimagde ideolégicas prévias de sua hege- monia terem perdido a plausibilidade sob 0 impacto de conftontagées socicis signficativamente mais agudas. Desse modo, embora a forma especiica da ideclogia de alenuagéo dos confltes fivasse de sar modificada sob as novas elrcuns- Tancias, a necessidade de reproduai sua substéncia sob uma forma adequadamente alterada pers mcis forte que nun- ca, Foi asim que os miitiplas variedades do novo dscuno fdeo- 112. Uitondose o expresto cotoctetitea de Monnnel, que otibula un po: der maginare de obsragem supetot Os case, okchwobender hilgon (o 6, @ infebjenta “ndependene’ ov 920 comprometco), 1a, Tio to ce Daniel BELL pubieaco por Base Books, Nova Yor, em Wi. naman sin wészénos ‘OPODER DA IDECLOGIA légico ficaram em yoga apés a abdicagde da tese simplsta do “im da ideologic’, em vitude de sua capacidade para fo. altar a atengéo sobre contiadicées “culturds’ vagamente def rides, quando a pettiténcia obstinada da ideologia e 0 reapa. Fecimento dos detagiaddves contltos de classe nao poderlam ‘mais ser ignorados ou negados. Dessa maneita, as ideologias ‘adaptados és novas clicunsténcias podiam pretender uma pos. tura levemente citica em face das manifestagées superficials do sistema em cise, sem sujeltar & ctiica real 06 antagonisnos Intemnos fundamentalmente explosivos da ordem estabelecida, Quanto ao carster duradoure ou efémero dos produtos into- loctuais contraditérios de um determinade petiodo histérico, neste momento esa questo néo necessta nos preocupar de. Masiado, © que nos interessa no presente contexto é a verda. delta natureza do relacionamento entie © complexo histotica: mente especiico das necestidades socials e a varias manifes. tages culturaLideolégicas que emergem de sua base. As de. teiinagées de tal relacionamento nao e&0 uniateralmente me- Enicas, mas dialético-teciprocas. Em seu dmbito, as préticas cultural-ideolégicas concotrentes da époce respondem ative. ‘mente © ojudam a arficular as necesidades quo proliferam no Sociedade, Atavés de tol papel, elas intervém ciiea ou apclo- geticamente, com maior ou menor eficdcla, no decotrer dos desenvolvimentos histéicos e colaborande para a realzagGo de ‘lgumas potenciaidades de preferéncia a outs. 1.3.2 IN Si contiowétdes idectdgicas do pés-guetra, alguns ropre 1 N Sentantos dos Estados Unidos vieram a ocupar uma pos- 980 de grande importincia. Evidentemente, sua influéncia na Europa nao foi de modo algum unifoime. £ compreensivel que 9 Alemanha, miitarmente dewolada e ocupada, tenha sido a primelia a set profundamente afetada por ela, e a Franca, som diivida, a lima. Mas, soja como for, no final nenhum dos pat 825 da Europa-ocidental péde escapar co impacto da hege- ™onia notte-americana, manifestada também no campo da cultura © da ideologia. fis como Hicbermas caractetzou a conexéo entre os desen- volvimentos polfice-intelectuals do pés-guetia na Alemanha Och dental e nos Estados Unidos: “A cultura politica da Republica Federal ceria plot, hoje em dia, se néo houvese adotado of impulos do cultura poltica norte-ameicana durante as primet tas décadas do pér-guerra. A Repiblica Federal pela pimeita popugio 4,3 AmnCuTIGHO EOI ver se abiiy sem reservas ao ocidente: adotamos a teotia p fica do lurinismo, apegamo-nos ao plurcismo que, piopagado de inicio por seltas religiosas, moldou a mentalidade poltica: & ros farrifrizamos com 0 espiito democratice radical do prag matiamo norte-ameticano de Peitce, Mead e Dewey". Entietanto, a lnfuéncia da poliica e da cultura norto-amat ccanas sobre os desenvolvmentos Ideciégicos europeus foi muito mals problemética do que so poderia pensar baseando-se no Teltura dessas linhas, Ads, também néo s0 Iniciou no pés-guer ra. Na tealdade, este relacionamento - que remonta a meados da década de 30 - fol (@ pemaneceu desde entac) particular mente forte no caso dos pensadores que pertenciam ao Insi- tuto de Posquisa Social de Fiankfurt; e a conexdo que £9 asta beleceu dificimente podetia ser considerada posiivamente fu rrinedora © democratizante, Na ojientagéo do hstuto Frankfurt, péde-se fastemunhar desde o Inicio o impacto conservador da intagragdo a0 novo cenéirlo politico e intelectual, quando o mesmo tito fol transplantado pora os Eslados Unidos apés a ‘ascenséo de Hiller co poder. (Marcuse, Leo Lowenthal, Eich Fromm, Franz Neumann e alguns outtos - que, significativamen to, fomaramse cada ver menos ligados a alvidades do Insi tufo & medida que o tempo foi passando - constitram as no- taveis excegdes quanto a este aspecto.) ‘Uma forte ironia envolveu essa reotientagdo ideolbgica do Insituto de Franktut segundo « poltica dominante @ © elma in telectual dos Estados Unidos; reotiontagao esta que persist também apés a repatiiagao do Insfituto para a Alormanha Oc- dental, em 1949. O ditetor do Insitulo do Frantfutt, Max Herkhe met, [4 demonstrava na década de 80 o oportunismo ideo: ‘gico "pés-marxiano' da nova ofientagao, censurando as pas- sagens ‘esquetdistas’ nos artigos de sou anligo amigo @ camo: rado, Walter Benjarrin, ¢ completou sua acomodagéo intelec- tual apés a guerra, nao apenas proibindo clgumas publcagdes do Insituto anteriores & guetta, mas censurando alé seus pr6- pos esciitos. | Alguns desses desenvolvimentos s40 discutidos no capitulo 34., no contexto do teoria citica de Adoino, Neste momento, basiatia recordar as circunsténcios sob as quais Waller Benjarnin foi censurado: *O manuscito orginal de Baudelate [de auto do Benjamin} tem inicio com uma discusséo politica da aval. {$00 que Marx fez dos conspiradores revolucionétios profisionais da década de 1840; contém, do inicio ao fim, alusbes constan- tes as lutos proletérias nas baricadas da Franga do século XD e termina com uma evocagéo comovente de Blanqui. E imoro- Vavel que soja acidental o desaparecimento de todas essas assagens no ensaio afinal publicado no Zaischii! far Soxalor sehung. Se Benjamin, na ocasiéo em Pais, acreditava piamen: 114 WABERIUAS, Necconsawatve cute eich, p. 9 he 7 be IVAN MESZAROS —DPOOER DA DEOLOGA te na vitude taumatiigica do ‘chamar as colsas pelot préprios rnomes’, sous colegas om Nova York certamente nao sotiam de qualquer tipo de Iteralsmo: estavam so tomando pratieantes muito adeptos da cite dipiomética do eufemismo e da pettr: 82, que conscientemente ndo chamam as coisas pelo pioptio Este dole [é #9 evidenclara no thatamento que o Instituto pro- poteionou ao ensaio anterior de Benjamin, ‘A Obra de Arte na Era da Reprodugdo Mecénica’, cinda que em menor escola. A versdo publeada no Zeisciuift ern 1936 foi tpicamente alterada Por subsituigdes como ‘doutina fotaltéria’ em lugar de ‘fasois- ‘mo’, “forgat construtivas da humanidade’ em lugar de ‘comu- rismo' e “cuetta modema’ em lugar de ‘guerra Imperalsta fenquanto su profécio, que invocava Marx diretamente, foi fo- falmente omitide"', Compreensivelmente, esta indesculpdvel Interteréncia em sua obia teve efeitos tragicos sobre Walter Benjamin, pois era sua plofunda dedicagde & teavaliagao de algumas questées vitais dos desenvohimentos culturais e ‘polices do capltalmo moder Ro que mantinha seu explo vivo na Franga ocupada. Quanto & autocensuia de Horkheimer, néo fol uma questéo tétiea sem importncia Nao se limitou cos artigos menores", mas abar- ‘cou alé uma obra de ments, eseiita em conjunto com Adomo, 4 Dioiética do uminimo'””. Horkheimer intervelo dietamente na ecasido da publicagao italiana da Dialética do lluminismo, sol- citondo ao editor, Giulio Einaudi, que se afastaste do toxto ot Ginal e realzasse os cottes especticados!® Como ten sido observado pelos cificos!"? (que relataram também as sétias apreensées daqueles membros do hnsitule de Fronkfur que permaneceram nos Estados Unidos), 0 lnsituto re- attiado, prmeito sob a diiecdo de Hortheimer, depois sob 0 comand de Adomo, desempenhou um papel diibio - néo 1a- dicalmente demociatizante, mas ativamente americanizador ~ nos desenvdvimentos culturais da Alemanha do pés-guerta, En- 1S A00NO etc, Aeshets ond Fotis: Debs bowen Ent Boch Geog {es Bott echt te Brann neocon andes M177 Pe, TEA le etpota vero copiio 43 1. deci de ung’ do RSMO @ HORE. eto conte 0 a puchevdo pet Sera vor Pot Wiss Ge Annee we UES Bree ecgao rm inque Mga fo PucaK or Hoe ond Hotoa, Nove Feigao Bas ike cae peo wo 18; Segundo tetemunn pubtcaco de um dot coneheot mos chegodes 8 Gath, Cera Cons Cu ‘movroue éoacue’ © sal oot Bloger ke Xai novembre de TP, bp, 7019. ao! da Daktice covaumnis (79 sro deh cabrio Honea cad mvefone | press Se ee edo m0, Ver também sou ag iste @ conspordsnels ds Wie Seria com Gator Sehaem Gua Sermon suo soy Ao Vt Bp. ub) en ae Se een ctr tuto“ o"aadcnaranis er ie bonamin« Adana eo evento aeroyco pot Adsmno Got leer de Bo Jamin publicades postumament yal chain Tit. Vera bblegate clogs no copa 3.43, nanopugho 4. 3 ARDCUTAGRO TOFOLOGICA DAS NECESDADES SOOIAS tretanto, © mols significative no presente contexto & que a in: fuéncia intemacional de suas principais figuras teve um inicio relativamente tardio, Coincidiu, de fate, com o tiunfo da pers pectiva “atlanticista’ na Europa (que consideraremos mals ‘diante)!®, depois de vencer uma faite ressténcia politica Tdeckigica entte os Intelactuais em vétios paises europeus, expe claimente na Franca Uma vez que petspectiva geral da Etcola de Frankfurt - elaborada em grande paite nos Estadcs Uridos, de meados da

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