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© que faz a histéria oral diferente” IRIA: Revista do Programa de Emus Pés-Gradundos em Histda © do Depa du PUCSP (Pontfis Universidade Catlin de So Paule), Sto Paulo, 21 Table! em maior ample soe eta ae no er polio, Transformazioni dt um rppons", ion cad fe Blograa dt wna cits (Fino, Fina 1585, Alessandro Portelli Tradupdo: Maria Therezinha Janine Ribeiro Revisdo técnica: Dea Ribeiro Fenelon ‘asa de fcontac de tet baa, sobre wm slemoro expands, conserva a stuagdo como um pegueno volume efvlado de Tetras gétcas,e 0 exudeva cam 0 telo de i aforabta Washington Irving ip Van Wile dts sora rae, sparcen em Prima Maggio, 1 (Milano, Hh, poclidade of oat history”, em History Workhop ei ser taduido figurativaments como wabatho de una tag de bibles, Proj. Histéria, Sto Paulo, (14), fev 1997 Proj. Histéria, Sto Paulo, (4), fer. 1997 2s ‘Um espectro esta assombrando os muros da academia: 0 espectto da hist6ria oral A comunidade intelectual italiana, sempre sa das novidades de fora ~ ¢ ainda assim to subserviente para “descobertas * -, se apressou a par de lado a hist6ria oral antes de procurar entendé-la © saber como usé-la, O método empregado foi o de imputar & historia oral pretensbes que esta nfo ‘de modo a deixar a ‘mente de todos & vontade para recusé-las. Por exemplo, La Repubblica, o jomal didtio ‘mais intelectual e intemacionalmente orientado, pi 3 a destituir “descrigbes Populares © os pacotes artificiais da histéria oral em Parece se temer que uma vez abertos os porties da oralidade, a escrita (e a racio- nalidade junto com ela) sera varrida como que por uma massa espontiniea incontrolével e fluidos, material amorfo. Mas esta atitude cega-nos para o fato de que nosso temor respeitoso de escrever tena distorcido nossa percepedo de linguagem © comunicagio ‘que a outta). Mas a de- qualidade rir algum dos caminhos I, especificamente nos quais a historia oral 6 diferente, intrinsecamen A oralidade das fontes orais Fontes orais sio fontes orais. Os académicos estio querendo admitir que o docu- ‘mento real € 0 teipe gravado; mas quase tudo fica para © trabalho das transcrigdes, e 1 Beviamino, P. La Replies, oaabeo de 1978. 26 Proj, Histria, Sto Paulo, (14), fen 1997 somente0s transritos sio pubicados.* Ocasionalment,teipes sio realmente destufdos: vio por que creio ser desnecessério dar de wansrigd, A expettiva da io aspecto que ¢ usualmente des 1agBes sobre 0 pov ileado ou grupos ida. Outro aspecto diz respeito 20 conteddo: a vida didria e a cultura material destas pessoas e grupos. Entretanto, mio hd referéncias especificas a fontes, orais. Cartas de emigrantes, por exemplo, tm a mesma origem e teor, mas foram es- critas. Por outro lado, muitos projetos de hist6ria oral t@m coletado entrevistas com cobertos por material de arquivo de io sfo suficientes para distingu Social em geral assim, muitas teorias da histria oral so. de. fato teorias de histria dizar, Nao € provavel que necessitemos repetit que a escrita representa a linguagem quase exclusivamente por meio de tragos segmentéri sentengas). Mas a linguagem também & composta por outro conjunto de wagos, que no Podem ser contides dentro de um vnico segmento, mas também sio portadores do significado. A filera de tom e volume eo ritno do discurso popular carregam implicitos significados ¢ conotapdes sociais ireproduziveis na escrita ~ a ndo ser, eentio de modo jinadequado € mio facilmente acessivel, como notago musical A mesma afirmativa pode ter considerdveis significagSes contraditérias, de acordo com a entonagao do re- lator, que pode ser representado objetivamente na transcrigo, mas somente descrito ontuago, sempre, mais ou menos, adicio arbitréria do transcritor. A pontuagéo indica pausas distribuidas de acordo com regras gramaticais: cada ional, significago ¢ comprimento, Estes quase-nunca coincidem com os ritmos e pau- ses do sujeito falant, ¢, portato, temminam por confinar 0 discurso dentro de regras sramaticais e I6gicas nto necessariamente seguidas por ele. A posigéo ¢ 0 exato com- Drimento da pausa tém uma importante Fungo no entendimento do significado do dis- ‘curso, pausas gramaticais regulares tendem a organizar 0 que € dito em toro de um ‘modelo referencial basicamente explicative, 20 passo que pausas de posigio e compri- ‘mento irregulares acentuam © contetdo emocional, ¢ pausas ritmicas muito pesadas lembram 0 estilo de narrativas épicas. Muitos narradores desviam-se de um tipo de ritmo para outro na mesma entrevista, quando sua atitude em relagéo & matéria em iscussio muda. Naturalmente, isto pode somente ser percebido se se ouve,tiio se se 18 Pode-se notar uma situaro similar em relagdo & velocidade do discurso suas mudangas durante a entrevista, Nao hé regras fixas de interpretacdo: diminuiggo de ritmo pode significar tanto énfase maior como maior dificuldade, e a aceleracio pode ‘mostrar um desejo de escorregar sobre certos pontos também como maior familiaridade 0u facilidade, Em todos os casos, a andlise de mudangas na velocidade deve ser com- binada com andlises ritmicas, Mudan centretanto, a norma no discurso, enquanto que a regularidade € a norma da escrit essa mais de todas) e a norma presumida da leitura: variagdes so introduzidas © no pelo texto em si. 4 Sobre «nose musica com repro 28 Pro, Historia, Sto Paulo, (14), fen 1997 Isto ndo € uma questo de pureza filol6gica. Tragos que n&o podem set contidos local (no exclusivo, mas muito importante) das fungées yelam as emogdes do narrador, sua participagdo na histéria © a forma pela qual a hist6ria 0 afetou. Isto sempre envolve atitudes de que quem fala Podia no estar apto (ou desejar) a se expressar de outro modo, ou elementos nid0 totalmente dentro de seu controle, Abolindo estes, tomamos insfpido o contesido emo- ional do discurso inclinado para a equanimidade e objetividade do documento escrito. Isto 6 mais verdadeiro quando informantes do povo esto envolvides: eles podem ser pobres em vocabulério, mas sempre mais ricos em variages de matizes, volume entonagio que os oradores da classe média, os quais aprendem a imitar no discurso a ‘monotonia da escrita* A histéria oral como narrativa As fontes histiricas orais so fontes nar Daf a andlise dos materiais da histia oral dover se avaliag & pantr Wag tora narrativa na literatura ¢ no folclore, Isto & to verdadero no testemunho recolhido em entrevisias livres quanto nos materiais de folcloceorganizados de mod mais formal Por exemplo,algumas narrativas contém recursos na “velocidade” da nasrasio, isto ma proporgio entre a duraglo dos eventos deserites & a duraglo da narragéo. Um “iformante pode reiatar em poucas palavras experitncias que duraram longo tempo oa discorrer minuciosamente Sobre breves epissdios. Estas oscilagées sio significativas, embora no possamos estabelecer uma norma geral de imierpretagao: apoiar-se em wm ~PPISCGS pode set um cami para salientar sua importincia, mas também pode ser uma’ estatégia para desviar a atengdo de outsos pontos mais delicados, Em todos 05 casos, id uma relay entre a velocidade da narragoe a intenglo do narrador, O mesmo Pode ser dito de outras categorias entre aquelas elaboradas por Gérard Genette, tais como “distincia” ou “perspectiva” que definem a pesigo do narrador com relagdo & histria® 5 Ver Labov, W. "The Lop of Non Standard Bagh. In: Kampf. L. © Laut, (es). The politics of erature. New York, Randoms House, 1970, pp. 194-244 sabe as qualdadesexpesivas do disuse 6 News aig, wo estes trmos como foram definide © uiizdee por Gfred Genet, em Figures I (Pati, Sea, 1972) Proj Histéria, Sa0 Paulo, (14), fex. 1997 Fonts oni de clases no hegemnicas slo ligndas 8 digo da narativa popula Nesia digo as distingtes enue gveros de naalva so preebldasdierentoments pelo qual os naradores se a tadigio seria das classes educadas. Iso € vetdade na dsinglo gensrica enve samratvas “facta” © “ances, enue "evenes”e sentimento ou inaginagdo, En. quanto prepsio de um resto como “verdad” relevant tanto pa a lena somo. par expences e para a memati, no Eee de staal : especificamente destinados a transmitirem informagdes histricas; as narrativas hist6ri- " © &2s, posticas © miticas sempre se tomam inextricavelmente misturadas.” O resultado so, narratvas nas quis a frontcia enre © que toma o lugar fora do narador © 0 que acontece dent, ente 0 que di respeito ao individual eg que die respeto ao grap Pode Se tomar mas engatasa que os goers escios estielecidos, de modo ue g “verdade” pessoal poss concdir com a "imaginal compat, _” Cada um dest fatores pode se revelad po agentes formas etlstens. A maior 5 ov menor presenga de mattasfonmalizados(provérios,canges,fmulas enero, coleivo este denzo da naraiva descompasos ene a lingagem padrio ¢ dileo sio sempre conuole que os expostres tm sobre sus fla ‘Uma esraturarecomente pica 6 aquea na qual a inguagem sandard & usa de Eventos e significados primeira coisa que nenhuma out fonte poss aproximago para a busca € su da subjetividade de um grupo ou classe pode emergi. apenas © que 0 povo fez, mas 0 que queria fazer, © que que agora pensa que fez. Fontes orais podem nao adicionar muito ao que sabemos, por exemplo, 0 custo de uma greve para os trabalhadores envolvidos; mas con- ialeto narrativo quando se relaciona com temas mais profundamente conectados com a estera publica, tal como ‘politica. Outra vee, isto pode significar simultancaments um grau de cor ‘ou menor de indiferenga ou um processo de “conquista” de uma forma e expresso comerando com participagao em politica. Por outro lado, enredo ~ 0 caminho no qual os ‘grande empenho na relagdo do relator com a sua Subjetivamente, faz tanto parte da historia qu: 6 informantes acreditam é na verdade em um fato hist ceréem), tanto como naquilo que realmente aconteceu. Qt colocam mal um evento crucial de sua historia (a morte de Luigi Trastuli), de uma 30 Pio. Histria, Sd0 Paulo, (14), few 1997 Proj, Histria, Sto Paulo, (14), few. 1997 data e contexto para outro, isto niio langa diividas na atual cronologia, mas forga-nos 4 rearranjar nossa interpretacio de uma fase inteira da historia da cidade. Quando um velho lider de tropa, também em Temi, imagina uma hist6ria sobre como ele quase cconseguiu reverter a estratégia do Partido Comunista, ap6s a Segunda Grande Guerra, no revisamos nossas reconsirugdes de debates politicas dentro da esquerda, mas apren- demos a extensio do custo real de certas decisdes para aqueles militantes ativos que tiveram de enterrar no iente suas necessidades e desejo de revolugdo, Quando descobrimos que histGrias similares so contadas em outras partes do pais, reconhecemos uum complexo legendéri formado no qual os “devaneios senis” de um velho ho- ‘mem desapontado revelam muito sobre a histria do seu partido, no contada na ex- tenso e memérias licidas de seus lideres oficiais.” Acreditariamos nas fontes orais? Fontes orais so aceitaveis mas com uma eredibilidade diferente. A importincia do ‘estemunho oral pode se situar ndo em sua aderBncia ao falo, mas de preferéncia em seu afastamento dele, como imaginag%o, simbolismo e desejo de emergir. Por iss0, no hh “falsas” fontes orais. Uma vez que tenhamos checado sua eredibilidade factual com todos os critérios estabelecidos do criticismo filoldgico e verificago factual, que so roqueridos por todos os tipos de fontes em qualquer circunstincia, a diversidade da historia oral consiste no fato de que afirmativas “erradas” so ainda psicologicamente “corretas”, © que esta verdade pode ser igualmente to importante quanto registros fac- tuais configveis. Naturalmente, isto nio quer dizer que aceitemos o preconceito dominante que vé a credibilidade factual como monopélio dos documentos escritos, Constantemente, do- ccumentos escritos séo somente a transmissfo sem controle de fontes orais niio identi- ficadas (como no caso do relato da morte de Trastlli, que comega: “De acordo com informacio oral obtida..”). A passagem desias “Ur-fontes” para o documento escrito & sempre 0 resultado de processos que nao tém credibilidade cientifica e esto freqien- temente carregados com tendéncias de classe. Em gravactes de julgamentos (ao menos na Ttélia, onde nenhum valor legal ¢ dado ao teipe gravado ou a transcrigsies taquigrs- ficas), 0 que efetivamente € registrado ndo so as palavras realmente ditas pelas teste- 10 Bots sti foram discus nos epitaos 1 6 2 Proj. Histria, Sto Paulo, (14), few 1997 ‘muntas, mas um sumério ditado pelo juz para 0 escrivlo. A distoreo inerente em tal ‘procedimento fica além da avaliaso, especialmente quando os narradores originalmente se expressaram em dialeto, Mesmo assim, muitos historiadores que viram seus narizes para fontes orais aceitam essas transcrigbes legais sem as questionarem. Numa medida -menor (grapas ao freqlente uso da taquigrafia aplica a gravagbes parlamentares, ‘minutas de reunides e convengSes e entrevistas reportadas em jomais: todas as fontes ue sto legitima e largamente usadas em pesquisas histéricas standard, ‘Um sub-produto deste preconceito ¢ a insistincia de que as fontes oras se situam dlistantes dos eventos e, por isso, submetem-se & distorgio da meméria imperfeita, Na ‘verdade, este problema existe para muitos documentos escritos, comumenté elaborados algum tempo apés 0 evento a0 qual se referem, re por niio-paticipantes. As fontes orais podiam compensar a distinc cronolégica com um envolvimento pessoal mais intimo, Enquanto as memérias escritas de polficos ou de lideres dos trabalhadores so usvalmente creditadas até prova em contrério, elas sio tio distantes de alguns‘2s- pectos do evento que relataram como so muitas entrevstas histéricas, e somente es- condem sua dependéncia ao tempo assumindo a forma imutével de um “texto”. Por ‘outro lado, narradores orais tém dentro de sua cultura certas ajudas para a meméria. ‘Muitas historias so contadas repetidas vezes ou discatidas com membros da comuni- dade; a narrativa formalizada, mesmo a métrica, pode ajudar a preservar uma verso textual de um evento De fato, ndo se deve esquecer que informantes orais podem também ser versados em letras. Tiberio Ducei, um antigo lider da liga de tatabalhadores rurais de Genzano, nas, pode ser atipico; além de lembrar sua propria experiéncia, ele também havia pesquisado os arquivos locals. Mas muitos informantes Ieem livros e jomais, ouvem radio e TY, esctam sermdes e discursos politicos e guardam dig ‘cartas, recortes ¢ Albuns de fotografias. A fala e a eserita, por muitos séculos, no cexisiram separadamente: se muitas fontes escritas lo bascadas na oralidade, a oralidade modema, por si, est saturada de escrit, Mas o realmente importante 6 no ser a meméria apenas um depositirio sivo, de fats, tas tambien it proeesso avo do exiacdo de sighiticagSes. Assim, a wiidade ‘specifica das fontes orais para o historiador repousa no tanto em suas habiliddés de reservar o passado quanto nas muitas mudangas forjadas pela meméria, Estas modi-_ ficagées revelam 0 esforgo dos narradores em buscar sentido no passado ¢ dar forma as suas vidas, e Colocar a entrevista e a narragiio em seu contoxto hist6rico, Proj, Histéria, Sdo Paulo, (14), fox. 1997 3 Mudangas que tenham subseqientemente tomado lugar na consciéncia subjetiva pessoal do narrador, ou em sua situasio scio-econOmica, podem afetar, se no 0 relato de eventos anteriores, pelo menos a avaliagao e o “colorido” da histria, Muitas pessoas formas ilegais de luta, tais como rmacio mais preciosa pode estar no que os informantes escondem, «eno fato que os fizeram esconder mais que no que eles contaram. Freqiientemente, entretanto, 0s narradores so capazes de reconstruir suas atitudes ‘centes, mas ainda as recordaram com grande luci apropriadas no momento da ocorténcia. Num dos mais de nosso tempo, A autobiografia de Malcolm X, 0 narrador descreve mi ‘como sua mente trabalhava antes de alcangar sua atual consciéncia, ¢ entio julgar s ppeWprio passado pelas norinas atuais de sua consciéncia politica ¢ religiosa. Se a ldosamente seus propdsitos so claros para os narradores, no para eles fazerem uma distingio entre o proprio passado e o presente, € do presente, Nestes casos — Malcolm X, de ‘0 ~ a ironia € a principal forma narrativa: dois diferentes standard 6tico on eligiosos) emaratvo itererem ¢ se sobre, ea tens ene cles 44 forma ao narrar a hist6ria, Por ouzo lado, podemos também nos encontrar com narradores euja consciencia objetivar 0 passado em si como di parece ter sido ‘membros da Resisténcia, ou veteranos de guerra, e talvez alguns militantes estudantis dos anos 60. Freqiientemente, estes individuos S20 absorvidos integralmente pela tota- lidade do evento hist6rico do qual participaram, e sou relato assume cadéncias ¢ fra- seolo; entre um estilo épico ou irSnico implica uma distin centre persy ue deviam ser levadas em consideragdo em nossa inter pretagio do t ua Proj. Histéria, Sto Poudo, (14), few 1997 Objetividade propria das font sendo que elas so arifficiais, varidveis e pa A introdugio de Alex Haley para A autabiografia de Malcolm X descreve como Maloolm desviow sua abordagem narrativa ndo espontaneamente, mas porque © ques- ramente piblica e oficial dele condigao para da fonteescrta 6 a emissto; para fontes oras € a transmiss: uma diferenga ocla descrita por Roman Jakobson ¢ Piotr Bozatyrev ene 08 processoscria- do folclore ¢ aqucles da literatura," 0 contaido da indopendente das nocessidades hipdteses do pes- quisador, € um texto estdvel, que no pode ser apenas interpretado. O contetido das fontes orais, por outro lado, depende largamente do que os entrevistadores péem em termos das questées, didlogos e relagdes pessoais. “E 0 pesquisador que decide, em primeio luger, que haveré uma entrevista. Pes quisadores sempre introduzem distoreBes espectica: informantes contam-Ihes 0 que caem eles queiram ouvir e assim revelam quem eles pensam que 0 pesquisador ¢, De ouxo lado, enevistas rigidamente esiutradas podem excluir elementos cuja existéncia ‘on selevancia fossem desconhecidespreviamente para 0 entevistadore no contempla- das nas quests inventriadas, Tas enrevstas tendem 2 confimae a moldura de rele- sci peévia do historiador Proj Histria, Sd0 Paulo, (14), fox 1997 38 revista, A comunicagio sempre funciona de ambos os lados. Os entrevistados esto sempre, embora talvez discretamente, estudando os entrevistadores que os “estudam”. (s historiadores podem reconhecer este fato e tirar dele vantagens, em ver. de experi- rmentar eliminé-lo em razo de uma noutralidade impossivel (e talver indesejavel) ( resultado final da entrevista 6 0 produto de ambos, narrador e pesquisador. Quan- do as enirevistas, como € frogiientemente 0 caso, si0 arrumadas para a publicaséi ‘omitindo inteiramente a voz. do entrovistador, uma sutil distorgo tem lugar: 0 as respostas sem as questées, dando a impressio que determinado narrador (© testemuniho oral, de fato, nunca € igual duas vezes. Isto € uma caracteristica de todas as comunicagbes omis, mas 6 especialmente verdadeira das formas relativamente io extraturadas, tas como declaragses autobiogréficas ou hisrcas fomecidas em en- revista, Até o mesmo enirevstador presenta diferentes verses do mesmo arador fem tempos diversos. Quando 8 dois passam a se conhecer melo, a “igilania” do narrador pode ser atenuada. A subordinagto de classe ~ experimentando identificar 0 {que o natrador pensa sero interesse do entrevistdor ~ pode ser recolocada por maior independEncia ou por melhor compreensio dos propéstos da entrevista, Ou uma en- trevsta prévia pode tr simplesmente desperiado memérias que so entio contadas em encontros posterior ( fato de que entrevista com a mesma pessoa possam ser continuadas indefini- damente guianos para a questo da imperfcigo inerentc fonts ors. Bimposstvel txauri a memria completa de um dni informant, dados extras de eada entrevista {0 sempre o resultado de uma seleso produzida pelo rlacionamento mituo. Pesquist histrica com fontes oras, por iS, sempre tém a nature inconcusa de um tabalbo em andamento, De modo a mergular em todas asfones orais possiveis para as greves de Temi de 1949 a 1953, deva-se entrevistar em profundidade mil pessoas: qualquer fxemplo seria somente to confidvel quanto os métodos de amosta uiizados © nunca a vor do pesquisador € cortada, a vor do narrador € distorcida garantiriam contra digno de dez seleci (© inconcluso de fontes oraisafeta todas as outras fontes. Dado que nenhuma pes- quisa (concemente 20 tempo histérico para 0 qual as memérias de vida so validas) & ‘completa, a menos que se tenha exaurido tanto as fontes orais como as escrita, © as primeiras so inesgotaveis, a meta ideal de i através de “todas” as fontes posstveis se 46 Proj. Histria, Sao Paulo, (14), feu 1997 torna impossivel. © trabalho histérico que se utiliza de fontes orais é infindavel, dada ‘a natureza das fontes; 0 trabalho iswrico qi exctui Tontes orais (quando vélidas) é “jacomipleto por definicao. Quem fala na historia oral? onde as classes operitias falam por si pr6prias. A afi wo seria totalmente infundada:"o relato de uma grove sobre a escrita e deixaram atrds de si ui re; Nao obstante, 0 controte do discurso que dé ao testemunho sua forma € contexto finais rmontagem e transcrico). Embora aceitando que a lasse nfo fala no abstrato, mas fala para o historiador, com 0 ‘que 0 material ¢ publicado, através do historiador. através do testemunho do historiador permanece importante ap menos como um c paleo” da entrevista, ou como um “or fontes, partidérios da hist6ria oral de certo modo Longe de se tomarem meros intéepretes do operariado, eles podem estar usando as palavras do povo, mas so ainda esponsiveis pela totalidade do discurso. Muito mais que documentos escritos, que freqientementecarregam a aura impes- soal das institwigées que os editaram ~ mesmo se, naturalmente, compostos por indivi- pessoa do historiador, sem 0 qual nao haveria entrevista, Ambos os discursos, do in- Proj Histiria, Sao Paulo, (14), fen 1997 7 3 J prOpe ormante e do historiador, sao em forma narrativa, que raramente € 0 caso dos docu- mentos de arquivo, Informantes s20 historiadores, de certo miodo; € o historiador é, algumas vezes, uma parte da fonte, minam inteiramente e de cima (acima da consciéncia dos priprios par- ira pessoa. Parecem fazer comentérios paralelos, & maneira de alguns novelistas do istéria da mesma mancira que a novela modema transformou a forma de escrever dei ficgao literéra: a mais im- ortante mudanca é que 0 narrador € agora empurrado para dentro da narrativa ¢ sc oma parte da histsria. ira para a primeira pessoa, mas € agora uma das personagens 0 ndo contada. Isto implicitamente indica vumir a responsabilidade que 0 xonomo de narra, basicas. verdade objetiva a atiwide tradicional que {Gria que estavam escreven sujeitos do discurso, mas, de fato, ‘mediario” entre 0 operariado ¢ 0 | ‘Ao eserever historia, do me ‘a fungo do narrador ocasiona Jim de Joseph Conrad, 0 persons fontes orais. Explicitamente entrando na hist6ria, os historiadores devem permitir as fontes entrarem no conto com A histéria oral nao tem suj ‘confrontago de suas = eofrontagdo como nlagdo como “busca pela unidade” ~ € uma das coisas que faz a historia oral ante. Proj. Historia, Sao Paulo, (14), fox 1997 2»

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