ICONOGRAFIA E ICONOLOGIA
[Um] nativo australian nao poderia reconhecer o tema da Ultima
Ceia; para ele, a cena apenas evocaria a idéia de um alegre jantar.
ERWIN PANOFSKY
‘Antes de tentar ler imagens “entre as linhas’, e de usé-las como evidén-
cia histérica é prudente iniciar pelo seu sentido. Porém, pode o sentido de
imagens ser traduzido em palavras? O leitor deve ter observado que 0 capi-
tulo anterior descreveu imagens como nos “contando” alguma coisa. De uma
certa maneira elas assim o fazem; imagens sao feitas para comunicar. Num
outro sentido elas nada nos revelam. Imagens sio irremediavelmente mudas.
Como disse Michel Foucault, “o que vemos nunca esta no que dizemos”.
Como outras formas de evidencia, imagens nao foram criadas, pelo
menos em sua grande maioria, tendo em mente os futuros historiadores.
Seus criadores tinham suas préprias preocupagoes, suas préprias mensagens.
‘A interpretacdo dessas mensagens € conhecida como “iconografia” ou “ico-
nologia’, termos algumas vezes utilizados como sinénimos, porém, em ou-
tras, distintos, como veremos a seguir.
A IDEIA DE ICONOGRAFIA
Os termos “iconografia” e “iconologia” foram langados no mundo da
historia da arte durante as décadas de 1920 e 1930. Para ser mais preciso, eles
foram relancados — um famoso livro renascentista de imagens, publicado por
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