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y i ae sa nts ea tts = vos SS eee © Os 2.3 be o 3 A-2 oe wW ie SISTEMA ARI DESA Diregdo de Conteddo Pedagégico Georgia Marinho Coordenssio Pedagégico-tdiorial Erick Teodésio Coordenagio de Novos Protos Editorials Emilia Ohno Coordenacie de Arte Aulete Santiago Coordenagio de Producso Editoral vie Menezoe Coordenacie de Qualidade Editorial Débora Montenesro AQWBZVISIOD? Edigdo de Texto Erick Teadéxo Diagramasio Supervsora Manusla Menezes Responsivel Emanos! Berea Equipe Cele Braga, Miguel Siva, Rosin Rabelo f Responsivel OnissLopes Equipe Guilherme Cameo, Marina Pompeu, Priscila Barbosa Coneeite da Capa Arlete Santiago Projeto Grifico Rossini Rabelo ‘QualidadeEeltril Responsvel_ Tata Pompeu Equipe Lucas Compos, Marcos Lima IIOGVOOISIDE GOOD Autoria José Aiton de Farias Leftura Critica Webster Pinhwiro Rodigues ‘Dados Internacionais de Catalogaglo na Publicagio (CIP) a“ Fins, Jose Aiton de o Incigenas ro Bras « povos de Ace brovshistrias Jou Aiton de Farias in ~1.ed. Fortaleza: Sstome Arde 3 deEnsino, 2016 (Colao Pé-Universtio} ep IBN 978.85-206.0510-1(CU) ISBN 978-85-446-0827.2(L8) 1. Pré Universiti, 2, EducagSo.b.Tiula, 00-370 ssrewsamoesk + Frans CE Avenide Enger Santry, 33% —Cooh| OE, 92:25 T5246) 3525 7 fo Plo $n Volare da Pt, Sr apaar “Saran [CEP O20/0000~ Tl: (1) 231.84 A Bode Janno RI~ Aveda das Arey, 1250 sla 25 Bara Tea [CE 2990-70— Tel) 36899608 < $o dat dos Comper SP fue ebics do hag 4, na 204 -deuhn Ooelde Que] OE Hate a0 > avptas SP Run Aguas 171, sas 201g CEP 19099921 = tl (99 2600921 <2 Foro Angra Aoi Fret rin Reenvey S82 - Nevegates CEP %0290-008Tl(51 32113288 Floraneple Mua Saldanha Warnho, 3) -Carto| CEP: BH0¥0480 el (8) 2107 S099 s Der ence 8002755000 ‘ Apresentagao Prezado (a) Aluno (a), De acordo com # Lei de Diretrizes ¢ Bases da Educac8o e as Diretrizes Curriculares Nacio- nals para o Ensino Médio, acompanhando a reformulacao da identidade das Ciéncias Humanas ro Ensino Médio, que prope a contemplagio de temsticas relativas &s manifestagdes culturais, regionais, & historia e as culturas afrodescendentes (Lei n® 10639/03} e indigenas brasileiras (Lei 1 11645/08), como elementos fundamentais para 0 convivio com a diversidade, o Sistema Ari de Sé de Ensino Ihe traz @ obra Indigenas no Brasil e povos da Africa: breves histérias, organiza- da e dividida em 12 aulas, sendo 8 explorande o continente africano, desde o periodo pré-colo- nial a0s dias atuais, ¢ 4 sobre os indigenas do Brasil, dos aspectos socioeconémicos, politicos, culturais e religiosos anteriores 8 chegada dos portugueses, 20s nossos dias. Cada aula vem acompanhada de exercicios que sequem as normas do Exame Nacional do Ensino Médio. Primando pela exceléncia, associada 20 compromisso de contribuir para a formagéo de Cidadios eriticos, perticipativos, solidérios e signatérios da justica social em sua comunidade, em seu Estado, a nivel nacional, bem como para além das fronteiras de nosso pais, as aulas de indigenas no Brasil e Povos da Africa: breves histérias propdem uma viséo heterogénea de mundo e o exeicicio da sensiblidade, da autocritica e da criatividade na convivencia com a diversidade, Desse modo, esperamos colaborar na formago de valores éticos, do respeito & liberdade & pluralidade e & sustentabilidade, além dos valores anteriormente citados. Além do exposto, este material objetiva preparé-lola) para os desafios propostos pelo ENEM, assim como os contetidos exigidos pelos vestibulares tradicionais, equilibrando as competéncias e habilidades estabelecidas pela Matriz de Referéncia do ENEM as requisicoes, de instituigdes que adotem outras vias de acesso. Nosso propésito, portanto, é contribuirpara que vocé construa um aprendizado que Ihe assegure excelente desempenho nas avaliacdes seletivas e na vida, Povos da Africa ‘Aula 1 Uma visée geal Civilzagio hush; Eipio. 7 Aula 2 Gane; Mali; Songai:orubé e Daomé 13 Aula 3 Congo, Ndongo e Zimbébue: Religies natives da Africa: Esccavilio domestica na Akica 18 Aula 4 Escravidéo comercial mugulmana e cist Imperialsmo eneocolonisisme. m4 Aula 5 Os impérios coloniais europeus na Africa; A descolonizacéo da Aico 2B Aula 6 A fica na Gusta ia; Aia do Sul © 0 aparteid 35 ‘Aula7 Independéncia da Africa portuguess; Arca recente 2” Aula 8 Unido arcane; Uma visio acerca des interessesrecentes do Brasil na Arica 6 Indigenas no Brasil ‘Aula Ospovos da terra 7 ‘Aula 10 A catéstofe: Excambo, voléncia, eszravidéo indigena, catequese e a expansio territorial 6 Aula 1 ‘A questioincigena recente | 7 Aula 12 ‘A questo incigena recente I %6 Exercicios Exercicos 31 Gabarito 3 Biblografia 95 a » Fovos da me Africa Aula 1 Uma visao geral; Civilizagao kush; Etiépia Introdugaéo Em algum lugar, vocé estudou que o homem surgiu na Africa, hd milhdes de anos, e depois passou a povoar o planeta. Apareceram, depois, vérias civilizacoes, dentre as quais a egincia, que é lembrada pelo Rio Nilo, pelas pirdmides, pelas mix mias etc. Mencionavamos aquele continente de novo, indiretamente, quando falvarnos do Império Romano, dos arabes, dda Expansio Maritime Europsia e da escravidio dos negros,irazidos contra vontade e acs montes para 8 América. Pronto. Era isso que até bem pouco tempo estudavamos sobre a Africa, Em um pais como 0 Brasil, construido em trés séculos de escravidao, nao sabfamos quase nada sobre o que havia no continente negro. Recentemente, com a forca dos movimentos negros no Brasil, surgiu toda uma preocupagao em falar dos africanos no apenas como escravos. Buscou-se entendé-los quanto a cultura, religido, cotidiano e costumes, enfim, como agentes histéricos destacados. Estas paginas so uma pequena contribuicéo para este novo olhar sobre a Africa, mie de todos nés. Esperamos que vocé aproveite e, por que no, se identifique com o que estudard, ‘Os povos e sociedades da Africa anresentavam aspectos diversos e viveram processos histéricos variados, que devern ser entendidos como uma parte natural da histéria da humanidade. Nao erarn sociedades perfeitas (tinharn muitas contra- digdes, como a escravidao} e muito menos constituiam-se povos inferiores, selvagens ou exéticos. E fundamental ressaltar a diversidade que marca a histéria africana. E quase impossivel falar da Africa no singular, de uma s6 Arico: na verdade, so muitas 98 origens, 0€ povos, as trajetéras, as culturas daquele continente (embora existam elementos culturais comuns também). A prépria nogao de atricano nao existia entre os escravos até o século XIX. Aiden- tidade de cada povo, que o mundo escravocrata dissolvia, ainda assim prevalecia sobre a ideia da identidade africana, da Africa como terra de todos. Esta s6 se desenvolveria no proprio continente nos séculos XIX e XX, a partir das lutas de independéncia, que, por sua vez, culminariom, meis adiante, em ideérios como © do par-africanismo Mama Africa Mama Africa Aminha mae E mie solteira Etem que Fazer mamadeira Todo dia Além de trabalhar Como empacotadeira Nas Casas Bahia Mama Africa, tem Tanto o que fazer Alem de cuidar neném Além de fazer denguim Filhinho tern que entender Mama Africa vai e ver Mas nao se alasta de voce, Mama Africa Aminha mae € mie solteira E tem que Fazer mamadeira Todo dia Alem de trabalhar ‘Como empacotadeira Nas Casas Bahia, Filhinho dé um tempo Etanto contratempo No ritmo de vida de mama. Mama Africa Aminhe mae E mae solteira Etem que Fazer mamadeire Todo dia Alem de trabalhar Come empacotadeira Nas Casas Bahia, Edo Senegal Ser negao, Senegal. Deve ser legal Ser negao, Senegal Mama Africa Aminhe mae E mie solteira Etem que Fazer mamadeira Todo dia Além de trabalhar ‘Come empacotadeira Nas Casas Bahia. Quando Mama sai de casa Mama Africa Seus filhos de olodunzam Aminha mae Rola 0 maior jazz Mama Africa Mama tem calo nos pés Aminha mae Mame precisa de paz Mame Africa Mama nao quer brincar mais Chico ces (O terme Africa nao tem origem definida. H3 quem afirme que deriva de avringa ou afti, nome de uma tribo berbere que, ne Antiguidade, habiteva © norte do continente; outros dizem que significa feganha, proezs, valentia, algo dificil de realizar, trmo usado pelos europeus evidenciando as dificuldades de se conquistar 0 continente. nome Africa comecou ra ANA’ Fors arin ar a 7 ‘ser usado pelos romanos a partir da conquista da cidade de Cartago, para designar provincias a noroeste do Mar Me- diterraneo africano, onde hoje situam-se a Tunisia ¢ a Argélia. No século XVI, com a necessidade dos europeus (especial- ‘mente os portugueses) de avancarem para o interior e para o sul do continente negro, o nome Africa generalizou-se para todo 0 continente. Ac longo da historia, houve diversos tipos de sociedades ne continente africano, algumas née tinham Estado, ou seja, eram sociedades nas quais predominavam as formas familiares de oxqanizacao social (geralmente familias cujas origensre- montavam a um deus ou herdi fundador, muitas vezes sob a forma de um animal. Na unidade familia, o horem controlava filhos, esposas, parentes mais pobres e outros dependentes, Era a partir dessas unidades familiares que se constituiam as aldeias e os nicleos comerciais. Poderia até haver offcios e saberes especiais ou especificos (um rei ou um chefe, lider da linhagem; um curandeiro, que dominava os segredos da magia e da medicine etc. militares, mercadores, agricultores etc), mas no geral predominavam as tradicdes e normas familiares, com lagos de reciprocidade, fidelidade e vinculos de paren- tesco, baseados em tradigdes e costumes mantidos pelos mais velhos, crengas religiosas e préticas sociais. A maturidade e 108 conselhos dos mais velhos eram valorizados, 0 que ajudava a conservar a ardem social familiar (embora, por outro lado, fossem igualmente exaltadas a virlidade e a coragem dos mais novos) Geralmente, 2 terre e/ou os rebanhes eram bens coletivos (isto é, néo havia propriedade privada ou indlviduel, assim todos os membros da unidade familiar trabalhavam e dividiam a produgao). Os pais de familia recebiam um lote de terra do chefe local ¢ tinham a obrigacao de pagar um tribuio em troca (geralmente parte da produ¢ao). Por tal razdo, alguns homens possuiam varias mulhoras muitos filhos para aumentar a produce - 0 que ficou conhecide como "economia de poligamia’. Nela, © pai era valorizado pelo tamanho da familia, e as mulheres, pela quantidade de filhos. Também se en- tende assim a necessidade da escravidéo doméstica, quando mulheres e criangas de grupos inimigos eram sequestradas € reduzidas a condiggo de cativas, para também ajudar na producao, Poderiam,nesse caso de sociedades sem Estado, existir povos ndmades cujos grupos, vivendo do comércio, da colets @ da caga, da agricultura ou do pastorcio, deslocavam-se sempre que as condigdes climatices ou as oportunidades de negécios os obrigassem, Outros povos eram sedentrios, vivendo da agricultura (normalmente modesta, utilizando instru- mentos rudimentares como o machado) e do pastoreio. No trabalho, os homens ficavarn com a tarefa de desmatar a terra, enquanto as mulheres cultivavam, embora a colheita fosse uma atividade coletiva Havia também sociedades de Estado que se organizavam como grandes civilzacées, quiadas por uma dinastia domi nnante, com economias diversificadas (artesanato, mineragdo, comércio ete), obras de irrigagao e destacadas construgdes, expandindo-se, dominando e explorando outros povos ~ nesses casos, a organiza¢o social familiar e 0 trabalho coletivo das comunidades aldeas poderiam continuar existindo, embora a posse da terra passasse a ser de grandes proprietérios ou do Estado, As comunidades tiravam 0 sustento, mas deveriam prestar servigos e entregar parte da produgdo a0 domi- rrador, em uma espécie de servidéo coletiva. Outras vezes, a populago conquistada acabava escravizada, culminando com povos sendo dominados, mantendo a organizacao familiar praticamente inalterada, Impérios lutaram entre si, conheceram épocas esplendorosas, construiram grandes obras arquitet6nicas, produziram extraordindrios conhecimentos e entraram em decadéncia, Uma visao geral A Africa étida como 0 “berco da humanidade". Cientistas creem que os primeiros ancestrais dos seres humanos tenham. vivido nesse continente hé cerca de 4,4 milhdes de anos. Em 2009, foram encontrados na Etidpia os restos do esqueleto de uma fémea (o mais antigo f6ssi de um hominideo até hoje achado), reforcando ainda mais essa tase, Em torno de 200 mil e 10 mit anos atrés, surgiu, igualmente nas terras africanas, o Homo sapiens, possivelmente nas areas fronteirigas das atuais, Angola e Namibie. Acredita-se que hé 50 mil anos.o homem tenha deixado a Africa, espslhando-se pelo resto do planeta Se foi a regio onde primeiro surgiu 0 Homo sapiens, a Africa conheceu a metalurgia pouco depois de ela ter surgido, no século V2.C,, ne regio da Anatolia, atual Turquia. A época das prime'ras grandes cvllizag6es da Antiguidade, 0 Egito, 9 porto mediterrénico de Alexandria, a Nubia ~ articulada aos circuitos do Mar Vermelho pelo porto de Axum, na atual Etiopia - e cidades como Zanzibar, no Oceano Indico, estiveram ligados a circuitos comerciais e culturais do Mediterraneo. e do Oriente. No final do século |, © cristianismo chega ao continente, através do Egito, propagando-se e chegando a Etiépia. Com a expanséo da religiao islamica no século VIl,ocristianismo se reteaiu. Apenas a partir do século XV, com a expansdo maritima europeia, feita sob © discurso da “difusao da fé crist3”, que missionérios europeus passaram a atuar com mais intensidede na conversao dos nativos africanos, especialmente no sul do continente. Como eram grandes os contatos comerciais e culturais entre o norte/nordeste da Africa e os érabes, néo surpreende que toda a regiao do Sara e seu entorno, e partes das costas indicas (ou seja, litoral oriental africano), adotassem o islamis- mo coma religido e forma de vida por volta do século Vil, atribuindo-the, porém, algumas vezes, caracteristicas proprias. Em muitos lugares, @ fé em Ald e os cultos ancestrais conviverarn; em outros, a conversao ficou restrita ao soberano e & aris- tocracia, enquanto as pessoas comuns centinuavam a professar as crengas herdadas dos antepassados, Ocorreu também a conversao de populagées inteiras, fosse para escapar do risco do cativeiro, j4 que apenas os infiéis podiam ser escravizados, fosse por sincera conviegio religiosa O islamismo foi propagado pela force da palavra (acao de professores e misticos), dos acordos comerciais e, principal- mente, das armas. Eram ss guerras santas, as jihad, destinadas a islamizar populagSes, converter lideres politicos e escravizar 08 “infgis’, ou seja, quem se recusasse @ professar a f$ em Als, Um dos primeiros povos a se converter ao islamismo, na Povosde rica - 8 Africa do Norte, foram os berberes, que, em suas andangas comerciais, ajudaram a difundir novo credo. Foi téo forte a influéncia muguimana naquela ares que 8 porco ocidental do norte da Africa ficou conhecida como Magreb (em arabe, “oeste” — atuais Marrocos, Argélia, Tunisia, Mauritania, Libia e toda a porgao ocidental do Saara). O isla tentou expandir-se do norte africano em dire¢o ao sul e 20 leste, mas esbarrou em alguns reinos cristianizedos, como 2 Nubia e a Etiépia (embors possam ser encontradas comunidades mugulmanas na chamada Africa subsaariana). Arabes iqualmente fundaram comunidades islamicas no litoral oriental africano, a exemplo do atual Mogambique ¢ das ithas de Zanzibar. No meio de populagées nativas originariamente politeistas, os muculmanos se aproximavam dos monarcas e chefes, ue os empregavam como administradores letrados @ se beneficiavam da suposta “superioridade” do deus inico do isla para ganhar batalhas e consolidar sua legitimidade. Com isso, croscia a adog3o dos preceitos mugulmanos pela popul embora 0s cultos tradicionais continuassem existindo e no raramente se misturando & nova {é~ assim, por exemplo, houve tribos islamicas que mantiveram seus amuletos e curandeiros. Os berberes (que chamam a si préprios imazighen, ou seja, "homens livres") s80 um conjunto de povos do norte da Africa, Ficaram famosos por viverem como ndmades no Deserto do Saara, Desde muito tempo, esse povo enfrenta as tempestades de areia ea falta de 4gua, para atravessar com suas caravanas (chamadas cifilas) aquele terrtério, fazendo comércio. Costumavam camercializar diversos produtos, como objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas e até mesmo escravos. Possuiam também o hdbito de parar nos odsis para obter gue, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como prin- cipal meio de transporte, devido & resisténcia desse animal e & sua adeptacao ao meio desértico, Durante as viagens, os berberes levavam ¢ traziam informagées e aspectos culturais, Logo, eles foram de extrema impor- tncia para a troca cultural que ocorreu no norte do continente, 2 exemplo da difusdo dos valores istimicos. Na Idiacle Moderna (séculos XV-XVIlN, com as grandes navegagSes europeias, as sociedades africanas do Itoral atlantico € do sul do continente (até ento desconhecidos por povos de fora da Africa) também passarem a fazer parte de circuitos de relagSes intercontinentais, Os portugueses no século XV buscavam descobrir rotas para as especiarias das Incias e en- contrar metais preciosos. Em pouco tempo, 08 lusitanos (e outros povas europeus posteriormente} entrariam também no lucrativo negécio da escravidao, que jé era proticado pelos arabes. Algumas das sociedades africanas forneceram grande parte da forga de trabalho escravo utilizada na América E a partir de ento que a historia des sociedades africanas se aproxima da nossa. O sistema colonial portugues incluia 2 Arica; a economia do Brasil dependis dos africanos; 0 povo brasileiro se formou com a participacso maciga dos afrodes- cendentes, ¢ a sua cultura, principalmente a popular, deve muito as contribuigdes das cultures africanas trazidas pelos que foram escravizados em suas terras natais. Esses constatages nunca foram questionadas, mas, mesmo assim, o olhar dos brasileiros raramente se voltou para a Africa, Para justificar a escravidéo e @ conquista colonial, os europeus e 2s elites brancas buscaram desprezar os negros € suas culturas, passando a ideia de que eram animais e inferiores, sem moral ¢ supersticiosos. Assim, a colonizacdo e 0 tréfico negreira deveriam ser aceitos como partes de um “processo civilizatério". (Os povos da Africa, porém, apresentavam grandes conhecimentos em éreas diversas, elgumas vezes bem superiores 20s dos brancos europeus. O saber médico, sanitério, os célculos matematicos e 0 universo astronémico existiam no continente ha séculos. © conhecimento médico no estava apenas no Egito como estudamos normalmente — relatos dio conta que um irurgiao inglés, em 1879, 20 visitar a regido africana que hoje compreende Uganda, testemunhou e registrou uma cesa- nana feita por médicos do povo banyoro, os quais demonstraram profundo conhecimento dos conceitos e técnicas de assepsia, anestesia, hemostasia, cauterizagao e outros. Enquanto isso, na Inglaterra, o ndmero de mortes de operarios e seus familiares crescia devido as péssimas condicdes sanitérias, resultado da Revolugao Industrial No Mali hevia operegdes nos olhos, nas quais removiem-se as cateratas, No Egito, hé cerca de 4600 anos, j8 se fazia 2 cirurgia para a retirada dos tumores cerebrais. Os banyoro também detinham hé séculos o conhecimento acerca da vacinacao e da farmacologia. Assim, conciui-se que as técnicas médicas e terapéuticas africanas nao estavam voltadas somente para o sobrenatural, como durante séculos os conquistadores difundiram, Em outras palavras, havia um estudo racional ¢ diricido para prevenir e remediar doengas, ‘© conhecimento do povo africano dogon, no Mali, em relago 8 astronomia & antigo, Dados informam que conhe- ciam, desde 5 ou 7 séculos antes da Era Crista, o Sistema Solar, a Via Lactea (com sua estrutura espiral) as luas de Jupiter @ 08 anéis de Saturno. Compreendiam também que o Universo era habitado por milhdes de estrelas © que a Lua era deserta e inabitads, sendo refletica pelo Sol & noite. Inimeros foram os povos africanos que lidarar com a metalurgia ha milhares de anos. O povo haya (povo de fala bento, habitante de uma regio da Tanzénia, perto do Lago Vit6rial, entre 1500-2000 anos atras, produzia ago em fornos que atingiam temperaturas mais altas que os fornos europeus do século XIX. Uma obra de engenharia bastante im- pressionante do povo africano £40 as ruinas da muralha de complexo urbano do Grande Zimbabue, uma monumental construgao onde as pedras foram colocadas uma em cima da outra, sem cimento, de forma semnelhante 4s construgSes dos incas, no Peru Paves dadfien 9 >» £4 © comércio de escravos intensificou os conflitos internos e os desequilibrios populacionais africanos. No final do século XVII 0s movimentos liberais europeus em expansao intensificaram as crticas & escravidéo. Na Inglaterra e na Franga, nas- ceu 0 movimento abolicionista. Aos poucos, 0 tréfico e a escravido foram deixando de existr. ( distanciamento radical entre o Brasil e a Africa ocorreu no 6 devido a0 fim do trafico de escravos, em 1850, pela Lei Eusébio de Queiroz, ea interrupgdo do fluxo de entrada de africanos, mas também devide & adogao, porparte da elite politica e intelectual brasileira, das ideias evolucionistas e racistas ento predominantes na Europa. Com a lei que aboliu 2 escravidao (1888) e a instauragao do regime republicano (1889), o negro ficou associado a uma situagao de atraso, a um Brasil arcaico que @ elite queria deixar para trés, tanto por remeter a um passado escravista como 2 uma Africa entendida como primitiva. Vale lembrar que a escravidao interna na Africa nao cessou por completo no século XIX e demorou ainda algun tempo para acabar, situacao revertida lentamente. No Congo, a escravidao durou até 1889; no Senegal, até 1892; na Gambia, até 1894; na Nigéria, até 1900; e em Serra Leoa, até 1928. Em meados do século XIX, um novo processo de conquista europeu da Africa comegou @ acontecer: era o neoco- lonialismo/imperialismo, ligado 8 consolidacdo do capitalismo e 4 Revolucao Industrial europeia, Praticamente toda a Africa foi repartida entre ingleses, franceses, belgas, alemses ¢ italianos. A segregacao racial tomou grandes proporcées: 08 brancos e descendentes de europeus passaram a ser os donos das terras e riquezas, discriminando @ maioria negra nativa. Um exemplo dessa heranca na histéria do continente foi o regime do apartheid, na Africa do Sul, a0 longo do século XX A partir dos anos 1950, os paises afticanos conseguiram a independéncie politica, Entretanto, os colonizadores im- puseram fronteiras artificiais que deram origem aos novos paises, Separaram grupos humanos pertencentes as mesmas ‘ribos, com dialetos e costumes comuns; e mantiveram, por meio de legislago imposta aos novos governos, a hege- monia europea. Isso gerou um violento processo de segregacae racial no qual o africano foi considerado inferior em sua prépria patria. As consequéncias foram guerras, massacres, genocidios entre os proprios africanos e uma estrutu- ra social injusta. No Zimbabue atval, por exemplo, 2% da populagéo brance detém & quase totalidade das terras e da economia, Civilizagao kush Nea Antiguidade, a Africa apresentou uma enorme diversidade de povos e civilizagdes. A mais conhecida por nés foi a egipcia, muitas vezes, porém, vista apenas como uma civilizagao mediterranea. O Egito, na verdade, apresentava grandes infludncias e contatos com o interior da Africa — hoje se sabe mesmo que boa parte da populacdo egipcia era negra, Ainda na Antiguidade, por volta de 1700 a.C,, a0 sul do Egito, na regio mais tarde conhecida como Nubia (onde hoje se encontra o Sudo) existia 2 civilizagao kush, Os niibios apresentavam a pele bem escura (dai a palavra Sudo, que em arabe signifi "Terre de Negros") As relacbes entre Egito e Kush eram de influéncia métua e de disputa. As minas de ouro da Nabia sempre desperta- ram a atengao do Egito, que no século XV aC. atacou e conquistou aquela érea, erguendo varias fortalezas militares para vigilncis e controle. Em Kush, existia uma crigem divina dos governantes: 0 rei, quando nio era tido como um deus, era concebido como um representante das divindades na Terra, sendo sagrado por uma série de rituais (isso no nos lembra © fara6 egipcio?}. © povo de Kush desenvolveu uma escrita hieroglifica até hoje néo decifrada e construiu piramides como as egipcias, embora menores. As mulheres tinham prestigio na sociedade kush, ocupando, inclusive, posigdes de poder ~ destacaram-se em sua historia varias rainhas, como Amanirenas, que em 23 a.C., com um poderoso exército, conseguit barrar a expanséo do Império Romano no norte da Africa. Conta-se até que os kushitas colocaram um busto do imperador romano Otévio Augusto na entrada de um templo, para que todos pisassem em sua cabeca, Os kushitas acreditavam que a fertiidade do solo, as chuvas e o bem-estar da comunidade dependiam da vontade de ‘seu monarca. Quando este adoecis, era um desastre para o reino, pois tudo poderia ruir Ao falecer, 0 rei era enterrado com uma rica ¢ elaborada cariménia, Raramente via-se 0 soberano em puiblico. No geral, ele dava audiéncia atrés de uma espécie de cortina e comunicava-se essencialmente por meio de porta-vozes. Nao podia ser visto realizando simples atos *mundanes’, como comer e beber. Abaixe do rei, havia uma hierarquia de grandes funcionsrios (nobres), sacerdotes e mili tares, que se ocupavam da corte e impunham a ordem e os tributos aos siitos des comunidades camponesas, submetidas a0 regime da servido coletive. or volta de 900 a.C., Kush obteve sua independéncia do Egito, pasando a possuir uma nova capital, Napata, que se destacou pelo caréterreligioso, com diversos templos de culto aos deuses (e capital, anteriormente, era Kerma, tida como 2 cidade mais antiga da Africa). A civlizacao de Kush tornou-se uma grande poténcie africana, chegando mesmo a dominar 0 Egito entre 750. 700 a.C. A capital passou para Meroé, um importante centro comercial. A economia de Kush baseava-se, sobretudo, no comércio de produtos agricolas, de pedras preciosas, madeira, pele e marfim (presas de elefantes). Era um onto estratégico para o comércio entre os povos do Deserto do Saara, do leste da Africa e do Mediterraneo. Regio rica fem ferro, Kush influenciou também varios povos quanto & metalurgia. Nao se sabe bem como ocorreu 0 declinio dese império (fala-se em ataques externos e revoltas intemnas da populagio cexplorede). Kush foi 208 poucos sendo inyadida por tribos rivais, em especial o reino de Axum, que, por fim, atacou Meroé no ano 325. a destruiu. Com a expansio arabe, a partir do século Vil @regido aderiu ao islamnismo. owes dala oer 10 —— Aa Si -» 4 ‘Axum foi um reino afticano que se tornou conhecido pelos poves da regio, incluindo o MediterrSneo, por volta do século |. Tinha a sua capital na cidade de Aksum, na atual Etidpia, embora as cidades mais prosperas fossem as dos portos do Mar Vermelho de Adulis e Matera, na atual Ertreia, Assim como os reis da EtiSpia, os monarcas exumitas acre- ditavam ser descendentes do rei Salorao e de rainha de Sabé. ‘Aparentemente, esse reino comegou a se formar por volta do século V aC, uma vez que muitos dos monumentos de ‘Aksum s80 dessa época. No entanto, nao hé muita informacao sobre esses tempos antigos, até Axum atingiro seu apogeu. No século ll, Axum adquiriu estados na Peninsula Arabica, conquistou o norte da Etiépia e, finalmente, o estado de Kush, por volta do ano 350. Os axumitas controlavam uma des mais importantes rotas comerciais da Africa e ocupavam uma das mais férteis regides no mundo. Axum encontrava-se diretamente no caminho das crescentes rotas comerciais entre a Africa, a Arabia, a Pérsia e a India e, como resultado, tornou-se fabulosamente rica, € as suas maiores cidades tornaram-se_ centios cosmopolitas, com populagdes de judeus, ndbios, cristios e até budistas. Etidpia Em tomno de 1000 aC, formou-se o reino da Etidpia fem grego, althiops, pele escura ou caras queimades) ou Abissinia, com capital em Aksum. Por essa época, aquela regiao conheceu certa prosperidade, gracas em muito ao comércio de mar fim e ouro pelo Mar Vermnelho. O auge da Etidpia ocorreu no reinado do imperador Azana: (300-350), que muito contribuiu pare a instelagéo do crstianismo, A lgreja Cristé-Catdlica tornou-se bastante rica e influente na Etiépia, justificando o poder dos governiantes e a exploragao dos camponeses. De acordo com 0 Tord e 0 Velho Testamento, a rainha da terra de Sabs/Etiopia (cujo nome, Makeda, nao &mencio- nado nos textos) teria ouvido sobre a grande sabedoria do rei Salomao e viajado até Israel com presentes (especiarias, ‘ura, pedras preciosas e belas madeiras), pretendendo testar o monarca hebreu com perguntas. O relato prossegue aportando a rainha come maravilhada pela grande sabedoria e riqueza do rei Saloméo e pronunciando uma béncso sobre a divindade do rei, Salomao respondeu, por sua vez, com presentes e "tudo 0 que ela desejou”, em sequida a rainha retornou ao seu pais, A tradigo etfope posterior afirma que © rei Salomao seduziu e engravidou sua convide- da — isso tem uma importancia considerével para o povo etiope, jé que a linhagem de seus imperadores remontaria aquela unio. Na Idade Moderna, no século XVI, a Etidpia crist& passou a ter varias guerras contra os vizinhos muculmanos ~ muitos povos do norte da Africa haviam se convertido ao islamismo, a partir do final do século Vil. No fundo, ndo eram apenas guerras religiosas, mas disputas econémicas para controlar rotas comecisis © éreas com riquezes minersis. O fato de a EiGpia serum ino cist, em meio a varios mugumanos, fee surgi a lenca do Reino de Preste Joao Allenda de Preste Jodo teria chegado & Europa por volta do século Xil. No século XV, com a expansao maritima, ‘05 europeus tentaram comprovar essa lenda na Africa, Para eles, Preste Jodo seria um soberano cristao que dominava regides cercadas por territérios muculmanos. Essa lenda surgiu pela existéncia de dois grupos cristios isolados do cristianismo ocidental na Africa, sem nunca terem sido submetidos 4 autoridade do papa. Falava-se que Preste Joao poderia ser descendente de Baltasar, um dos trés reis magos. Por Preste Joao ser considerado um grande soberano, com indmeres terras e um enorme poder, D. Job ll, de Portugal, nos fins do século XV, mandou procuré-lo para firmar uma alianga. \ IX Exercicios 1. ALei 10639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currieulo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais ¢ partculares, @ obrigatoriedade do ensino sobre Historie ¢ Cultura Afro-Brasileira e determina que o contetido programatico incluiré 0 estudo de Histéria da Africa ¢ dos africanos, a {uta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira eo negro na formac3o da sociedade nacional, resgatando a contribuicéo do povo negro nas éreas social, econémica ¢ politica pert- rnentes 8 Histéria do Brasil, além de institut, no calendrio escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do "Dia da Consciéncia Negra”, Dipole: hte/Hmwmpliralo gout: Ace a 7 ju 2010 adaptade) A referida lei representa um avanco para a educa¢ao nacional e para a sociedade brasileira, porque 2a) legitima o ensino das Ciéncias Humans nas escolas. ') divlga conhecimentos para a populacdo afro-brasileira, 4) refarca a concepeao etnocéntrica sobre a Africa e sua cultura, ) garente 20s afrodescendentes a igualdade no acesso & educacao. ¢} impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do pais. ~~ os dalrca ots it Homem moderno nasceu na Africa Homo sapiens ndo deve ter surgido em varios locais simultaneamente Os pesquisadores, dirigidos pelo bidlogo e geneticis- ta Ulf Gyllensten, da Universidade de Uppsala, na Suécia, analisaram © DNA mitocondrial (ONAmt) de 53 pessoas de diversas localidades. A andlise, feita pela primeira vez em todas as sequéncias do DNAmt (pesquisas anteriores se ba- seavam emmenos de 7% da molécula), permitiu estabelecer com preciso 0s lacos de parentesco de varias geracdes por meio da identificagao das sequéncias desse DNA que so- freram mutacSes. Os resultados apontam que 0 ancestral ‘comum do homem moderno viveu na Africa hé 171500 anos © parte de sue descendéncia comecou a emigracéo. © Homo erectus, surgido na Africa ha dois milhées de ‘anos, deslocou-se em uma primeira onda de emigracao que ‘originou © Homem de Java, o Homem de Pequim @ 0 Ho- mem de Tautavel (sul da Franca). Esses homens pré-histdricos sao a base da teoria multirregional, que sustenta que, ‘partir de um ancestral arcaico comum, o homem moderno teria evoluido simultaneamente em diferentes partes do mundo. Segundo essa teoria, na Europa, por exemplo, o Homo erectus teria originado o Homem de Neandertal, adap- tado ao rigoroso clima da era glacial, que posteriormente deu origem ao Homo sapiens. “hae Fernndes 22 AP Considerando os dados anteriores, podemos inferir que 2} de acordo com estudes recentemente publicades, os Homo sapiens partiram do continente africano por volta de 130 mil anos e teriam chegado & América ha 13 mil anos, apds cruzarem o Oceano Atléntico. 'b) a confirmagio da teoria de que o homem modemno teve origem na Africa é um dos resultados mais recentes da parceria entre genética e arqueologia, Dali, eles seguiram em direcdo & Europa, Oriente Médio ¢ Asia e promoveram a expanso para o resto do mundo. 1 por serem os primeiros hominideos @ habitarem a terra, os povos africanos mentiveram homogeneidade éinico-cultural cujos tracos se percebem na lingua, na organizacéo social, politica, econémica e religiosa, rompendo as barreiras do tempo. ©) a origem africana é cientiicamente contestada em virtude da visdo eurocéntrica do mundo, que defende que menos de 7% da molécula do DNAmt esta presente nos hominideos africanos. @) segundo os mais recentes estucios, o Homem de Neandertal, adeptado a0 rigoroso clima da era glacial, teria sobrevivido e dado origem,na sequéncia, ao Homo erectus, mais moderno, e, posteriormente, ao Homo sapiens. (© reino de Kush foi um antigo reino atricano situado 20 sul de Assua, entre a primeira @ a sexta caterata do Ric Nilo, onde hoje se localiza a reptiblica do Sudo. Assinale a alternativa que apresenta informagdes corretas sobre o reino de Kush. a} Uma destacada caracteristica do reino de Kush fol a posigéo feminina no topo do poder politico, possuindo rainhas de ‘enorme prestigio, come Amanirenas, que, contando com um poderoso exército, conseguiy barrar o avango de Império Romano, no norte da Africa b) Oreino de Kush localizava-se no Baixo Egito, préximo & foz do Rio Nilo, e seu povo dedicava-se essencialmente 8 aari- cultura, desconhecendo 3 metalurgia. Destacavam-se pela cor predominantemente branca da pele, ao contrério dos egipcios. €) Apesarda proximidade geografica, os kushitas ndo receberam influéncia egipcia, ndo desenvolveram escrita nem cultua- ‘vem seus mortos. A teocracia também no influenciava sua orgarizacao politica, ao contrario dos povos situedos ao norte. 4} Ocomércio foi a mais importante atividade econémica entre os kushitas, devido & proximidace do Rio Nilo. A terra ers de propriedade coletiva, e a mobilidade social, frequente, devido aos baixos tributos cobrados 20s camponeses ¢ arteséos. @) Considerando © reino kushita, situado s margens do Nilo, dentro do chamiado Crescente Fértl, o Estado era oligérqui co, € 2 religi8o, monoteista, com o culto exclusive & Grande Me. E incorreto, pois, afirmar que o meio natural exerce influéncia sobre o povo. Rovesdaiicn 2 4, Osberberes sao poves afticancs autéctones da regido do Magreb (“oeste”, em gabe), de origem afro-asiatica, Atualmente, 198 antropélogos no os classificam como um povo nico, mas como um conjunto de povos com caracteristicas socials € linguisticas bem parecidas, Nao constituem, 2té hoje, um Estado unificado, apesar de uma identidade cultural bem comum entre as diversas tribos. Sobre 0s berberes, & correto afitmar que so povos 2 cristdos e sedentétios que habitaram # Africa subsasriana, tendo como base econémica @ agricultura, porterem origem na Nabia, no vale do Alto Nilo. b) némades que, desde os primérdios, destacaram-se no comércio, abrindo as primeiras rotas de comércio como Oriente, tendo se convertido a0 islamismo. ¢) de origem semita, que praticaram Intenso comércio com a Africa Setentrional, tendo introduzido os prinefpios do isla- mismo na Peninsula Arabica 4) politelstes oriuncos da Africa Oriental, tendo recebido fort influéncia da civlizacdo egipcia, de quem herdaram a crenca na vida apés a morte. €) monotelstas que atualmente falam francés e tém economia sustentada no comércio ¢ no extrativismo de especiarias da floresia equatorial aul y Gana; Mali; Songa Gana Entre os séculos IX e XY, surgiram importantes reinos na regio conhecida como Sudo Ocidental, a exemplo de Gana, Mali e Songai, 08 quais ficaram famosos pelo controle das minas de ouro das rotas de comércio da regido norte afticana, Tis reinos comercializavam com varias regides do mundo, como a Europa, a Peninsula Arabe e 0 Oriente. Tal comércio (com destaque para ouro, sal e marfim) era feito por meio de rotas de caravanas que atravessavam o deserto do Saara, ¢ por meio de rotas maritimas que, vencendo 0 Oceano Indico, atingiam @ India e @ China. Além do comércio, havia igualmente as trocas culturais e de conhecimentos. Gana (que ndo deve ser confundida com o pais atual) surgiu no século IV, constituindo-se ao longo dos séculos como um poderoso império do continente africano, com territérios abrangendo os atuais Mali e Mauritania, em urna area de transigdo entre o Deserto do Saara e as florestas tropicais, e sem saida para o mar. Embora apresentasse 6 comércio, a agri cultura e a criagdo de gado como atividades econdmicas de destaque (sua posicdo era estratégica para as rotas mercantis entre norte da Africa, Egito e Sudo), a riqueza de Gana estava na extraordingria quantidade de ouro extraida do subsolo, A abundancia desse metal precioso fez com que a regide ficasse conhecida como a Terra do Ouro. A produgo aurifera permitia manter cidades como a capital Kumbi Saleh, com mais de 15 mil habitantese um poderoso exército com 200 mil soldados, des quais 40 mil eram arqueiros, que protegiam 2s rotas comerciais que cruzavam o pais. Os principais produtos comercializados eram 0 sal raro nas savanas e que apresentava quase o mesmo valor do our), tecidos, avalos, témaras, escravos e ouro. Toda a atividade comercial era controlada pelo Estado. Entre os centros urbano-comer- Giais mais importantes, destecava-se a cidade de Bambuque. O ouro era muito negociado com os érabes, que o usavam para fabricar moedas. ‘Curiosamente, Gana nao foi um império expansionista ~ nao pretendia ampliar seu territorio conquistando outros po- vos. As populagdes de Gana, contudo, tinham que trabalhar nas terras da nobreza, pagar tributos e servir como soldados 80 rei, 0 qual tinha o titulo de "gana", ou seja, “senhor do ouro”, dai o nome do reino, embora as pessoas chamassem aquelas terras de Uagady, “peis dos rebarhos’ Assucessio de Gana, como em alguns outros povos afticanos, era matrlinear: era o filho da irma do rei que herdaria o trono. O rei era rodeado de pompa - usava roupas de luxo e colares de ouro, Ao avistar o monarca, todos batiam palmas, curvavam-se até 0 cho e jogavam areia sobre as cabecas, Politeistas a principio, entre as divindades mais cultuadas de Gana estava o Deus-Serpente - inclusive, a serpente era tida como guardié do Estado, e quando o rei morria, uma era tra- ida para escolher 0 nove menarca, 80 picar um dos pretendentes. Depois, boa parte da populago de Gana converteu-se 20 islamismo. Gana atingiu seu auge no século Vill, mas 0 esgotamento das minas, a expansao do islamismo e as disputas internas pelo poder contribuiram para seu declinio no século IX. Em 1240, o pais foi conquistado pelo povo Mali CO lmpério Mali foi um verdadeiro herdeiro de Gana, Teria surgido por volta do século Xill,na regio do Rio Niger (onde esto hoje Senegal, Niger e Mauritania). Atribui-se 2 fundago de Mali a Sundiata Keita, charnado de Mari Djata (0 Leso do Mali Relatos lendérios sobre esse rei foram transmitidos pelos griots, nome dado aos contadores de histérias, 05 quais per- cortiam as savanas felando a0 povo dos acontecimentos. Até hoje, tais lendas ainda sao relatadas, fazendo parte da cultura da Africa Ocidental. Para os africanos, a oralidade é de grande importancia. A palavra tem origern divina, nao devendo ser usads de forma imprudent i; loruba e Daomé ovo da frien B Muitas lendas contam a origem de Sundiata Keita, 0 "Le3o do Mali". Filho do rei Naré, nasceu ‘com deficiéncia motora e mental ~ quando crianca no podia andar e falar. Quando inimigos con- Quistaram o Mali e assassinaram toda a familia real, Sundiata foi poupado, pois acreditaram que ele 1éo representava nenhum perigo. Os conquistadores lamentariam esse erro depois. Sundiata refugiou-se no Gana e ali tornou-se um mago poderoso, @ ponto de curar suas enfer- mmidades. Virou iguaimente um grande cagador e guerreiro, Formou, entao, um podieroso exército com soldados, arqueiros e cavalelros para libertar a terra natal. A noticia da vinda de Sundiata deixou euférico 0 povo do Mali O chefe dos invasores também era um feiticsiro que, porém, tinha um ponto fraco: poderia ser destruido pelo esporéo de um galo branco, ‘Ao saber disso, Sundiata construiu um arco de madeira com um esporao branco em uma das extremidades para a batalha decisiva, em Kirina. No momento final do confronto, Sundiata lancou a flecha “especial” de seu arco e atingiu o ombro do adversério. Este, enfraquecido, ainda conseguiu fugir, mas perdeu seus dominios. Sundiata, entao, foi procia- mado “rei dos reis’. Era © nascimento do Império Mali. Tal como o nascimento, a morte de Sundiata Keita encontra-se envolvida em mistérios. Segundo uma versio, ele morreu durante uma ceriméria, atingido por uma flecha, Outra verséo afirma que ele morreu afogado em circunstancias inexplicdveis. O que se sabe & que realmente falecou por volta do ano 1255. ‘Apés conquistar Gana, Sundiata Keita expandiu ainda mais o territério mali, que foi um dos maiores e mais importantes impérios da Africa. Em suas fronteiras estavam as trés principais minas de ouro da regia ~ de onde vinha a riqueza do império. © comércio se apresentava igualmente importante, pois rotas comerciais salam do Mali em dirego a0 norte do continente, pasando pelo Saara e atingindo o Egito. A cidade de Djenné era um grande centro comercial e agropecua- rista ~ seus habitantes criavam gado e produziam milhete (espécie de milo com gros menores), sorgo, arroz, fabricavam artesanato de couro, plantavam algodio, extraiam ouro etc. Esses produtos eram conduzidos em canoas e negociados a0 longo do Rio Niger Uma das caracteristicas desse império foi a tolerancia cultural com os povos conquistades, que tisham respeitados seus costumes. Abubakar’ Il, outro governante farioso do Mali, enviou, no século XIV, uma expedi¢ao cam mais de dois mil pequencs barcos, "para ver até onde ia o mar” (Oceano Atlantica). Deseas embarcagdes, nenhuma retornou. Apesar disso, estudiosos levantaram a hipétese de que aqueles navegantes tenham talvez chegado & América, “descobrindo” 0 continente antes de Colombo, Nao hd, porém, nenhuma prova acerca dessa possibilidade. Contudo, 0 envio da expedi¢ao j8 mostra o preparo maritimo do povo mali e a organizagao palitico-social para promover uma expedicao desse porte, CO Império Mali conheceu 0 apageu no inicio do século XIV, durante o reinado de Mansa Muse (sucessor de Abubakar’ I) Convertide ao islamismo, fundou escolas muculmanasna capital Tembuctu, trazendo sabios arabes pare ministrar aulas~ 0 que nao surpreende, afinal, uma das obrigagdes do istimico é lero livro sagrado (Alcoréo}. Com isso, além de centro co- mercial, Tombuctu virou centro de estudos religiosos. Também foram fundadas universidades, atraindo pessoas de toda a Aftice em busca de conhecimento. Conta-se que havia um intenso comércio de livros, eujo luero era maior do que de varias, coutras mercadorias. Para impressionar os governantes arabes e mostrar 0 esplendor do Mali, Mansa Musa realizou, em 1324, uma peregri- ago Moca (cidade sagrada is!émica, situada onde hoje é a Arabia Saudita) com uma comitiva de 15 mil pessoas ¢ muito ure (duas toneladas), distribuido fartamente. Tal fato tornou Mali bastante conhecido, a ponto de aparecer nos mapas europeus. De volta ao Mali, mandou construira grande mesquita (tempo islamico) de Djinger-ber, em Tombuctu, tida como uma joia da arquitetura universal Depois do reinado de Mansa Musa, 0 Mali teve dificuldade de manter um territério tao vasto. Ataques externos {motiva- dos pelas riquezas existentes na regido) e disputas internas pelo poder marcaram o inicio da decadéncia daquele poderoso império. Vizinhos fortes comegaram a conquistar parte do territério mali, No século XV, o Império Songai se tornou o mais importante da regio. Como outras civilizagées de Africa, a religiso do Mali era uma mistura de varias influéncias, mesclando principalmente © islamismo e religibes tradicionzis. Por exemplo, a populagao alimentava-se com cares suinas (0 que & proibido pelo isla), € sacerdotes praticavam rites com mascaras de passaros. Por outio lado, as festas muculmanas eram feitas com luxo ¢ todos tinham que aprender 0 Alcorso. Songai Do comeso do século XV a0 final do século XVI, 6 Império Songai foi uma poténcia da Africa. Sua capital era a cidade de Gao, centro comercial cujas origens remontam ao século Vill. Ao que parece, 0 povo songai era originério do noroeste da Nigéria e lentamente expandiu-se, conquistando boa parte do territério do Mali, quando este entrou em decadéncia. Organizou-se na regio do Rio Niger, onde esto os atuais paises de Niger, Nigéria e Burkina Faso. No ano 1000, parte do Império Songai aderiu ao islamismo, Um dos mais importantes governantes foi Askia Moham- med, que, da mesma forma que Mansa Musa, do Mali, também realizou uma luxuosa peregrinagao a Meca em 1496, com quinhentos cavaleiros, mil homens @ pé e um tesouro de 300000 pecas de ouro, um terco distribuido em esmolas durante an A Powe da lien a as seonlitenssa emen 4 neem ie. a viagem. Vale ressaltar que @ maioria da popula¢ao continuou com préticas religiosas tradicionais, mesmo quando conver- tida 20 islamismo. Cultuavam-se varios deuses ¢ espiritos, como aqueles do trovio e do rio. Os curandeiros eram respeita- dos pela populacio @ protegiam as cidades contra as coisas ruins. Com um poderoso exército, o Império Songai realizou varias querras e ampliou cada vez mais o territorio— chegoua ter mais de dois mil quilémetros. O império era mais organizado que o do Mali, com controle forte por parte do imperador € dos altos funcionérios piiblicos. A estrutura administrativa do reino de Songai era bastante complexa: 0 territério era dividi- do em quatro vice-reinos, havia um sistema regular de arrecadacdo de impostos, prevalecia o sistema de pesos e medidas arabe e um exército que chegou @ contar com cerca de cinquenta mil escravos, ‘A economia girava em tomo da agricultura, comércio, artesanato ¢ explorago das minas auriferas e salinas. O ouro 0 sal servi como moeda, embora também fossem aceitos os cauris, conchas de moluscos. Os povos conquistados deveriam pagar pesados tributos. Os lavradores € criadores de animais das aldeias tinham que entregar parte da pro. ducdo anualmente ao Estado — relatos dae conta que sobrava muito pouco para as comunidades locais, que viviam em situacéo de extema pobreze. Escravos eram igualmente empregados na produce, transportes de mercadorias e até no comércio. As cidades eram bastante populosas e muitas delas eram centros de estudos religiosos e de direito ~ apresentava-se ‘como destaque a Universidade de Sankore, em Tombuctu (conquistada pelos songais), que chegou a ter mais de 25 mil es. tudantes. Tinham grandes bibliotecas (com até 20 mil volumes} que atraiarn muitos pensadores. A maioria des casas, como em outros locais do continent, era de ergila e madeira, cobertas com palha, embora também fossem encontrados templos € palécios feitos de pedra. As cidades eram abastecidas com agua canalizada do Rio Niger. A partir do século XVI, as riquezas de Songai, sobretudo ouro e sal, despertaram os desejos de conquista do Império do Marrocos. Em 1591, Marrocos conquista Songai, saqueando-o impiedosamente. Ainda hoje 0 povo songai habita a Africa Ocidental, disperso por Mali, Niger, Nigéria, Burkina Faso e Benin. lorubé e Daomé A regido do Golfo da Guiné (que nio corresponde ao pais chamado hoje por este nome) caracteriza-se pelas densas florestas e clima quente ¢ Umido. Favorecida pela quantidade de gua, solos férteis e outros recursos naturais, além de ser um local estratégico comercialmente (era rota obrigatéria para as pessoas e mercadorias vindas da deserto em diregio 20 rman), nfo surpreende que ali tenham existido varias civilizages, a exemplo da lorubé, situadas no sudeste da atual Nigéria. Acredita-se que os iorubas tenham migrado do nordeste africano (talvez do Egito} em varias levas entre os séculos VI e XI A capital da civilizacao lorubé era Ifé, grande centro comercial e, principalmente, religioso, tida mesmo como cidade santa que estaria “no centro do mundo” - segundo uma lenda, uma divindade chamada Oduduwa teria descido dos céus no inicio dos tempos e posto sobre as éguas um punhado de terras e ura galinha, que, a0 ciscar, lancou a terra por todos os lados, gerando o mundo. Era um povo profundamente religioso, adepto das tradicionais religides africanas e depois do islamismo e do cristianismo. Ficou famosa a produgao artistica dos iorubés, com mascaras, cabegas e figuras de bronze, latao e barro cozido. Igual- mente destacavam-se os tecidos de alaodio, as joias de ouro e as cerdmicas ricamente decoradas. Era uma sociedade pre- dominantemente urbana, com cidades grandes e populosas, sendo intensas as atividades mercantis (ficaram conhecidos como um povo de comerciantes) Passa-se a ideia de que a sociedade era uma “grande familia", na qual cada individuo tinha um papel a cumprir. Logi- camente que esse tipo de ideia era étima para o rei e demais membros das elites governantes. No século XV, quando da Expansdo Maritima Europeia, Portugal chegou équela regido, passando a haver relacdes diplomaticas e comerciais entre Portugal e loruba. ‘A civiliza¢éo ioruba entrou em decadéncia no século XVII, em virtude de disputas intemas pelo poder, pelas agressdes dos europeus, pels escravidao e ataque do rival povo peile (este vivia no que hoje é o Sudo). Os petiles acabaram con- quistando e escravizando os iorubés, Virios destes foram escravizados ¢ trazidos & forga para a América, onde, através do trabalho, ajudaram a construir 0 Novo Mundo - no Brasil, ficaram conhecidos como nagés. Outra grande civilizagdo da regiao do Golfo da Guiné foi a de Daomé ("no ventre da serpente"). Atualmente chama- da de Benin, foi fundada no século XVil, apresentando um governo fortemente centralizado e um poderoso exército. O Reino de Daomé ficaria famoso pelo comércio de escravos negros (falaremos depcis sobre a escravidao na Africa) ~ as fortes tropes de Daomé expandiam o territério, atacando outros povos e os vendendo como escravos aos europeus (estes haviam se estabelecido em varios pontos do litoral africano). Escravos eram também empregados na economia interna do reino ~ calcula-se que no século XIX um tergo da populagi era escrava. Sua capital era a cidade de Abomei, atual Porto Novo, Todo 0 comércio era contiolado pelo rei, que também era proprietério das terras — eram exigidos impostos @ a prestacdo de servicos das pessoas que ali trabalhavam e tiravam o sustento, Adore’ teve 0 auge no inicio do século XIX e igualmente se destacou pela vende e produgao de azeite de dendé, cultivado em grandes plantagées. O Reino de Daomé acabou conquistado pela Franga no século XIX. Desta regido vieram para o Brasil, sobretudo, aqueles escravos chamados de je Roves adn or ere Um dos fatos que mais chamavam a atengSo no Reino de Daomé era a existéncia de um corpo militar $6 de mulheres, verdaceiras amazonas africanas. Estas eram selecionadas ainda jovens, treinadas para a guerra e funcionavam como uma tropa de elite e guarda pessoal do rei treinamento era duro, tornando-as preparads para nao ter medo, enfrentar a dor, ngo temer a morte e serem extremamente leais 20 monarca. Nao podiam casar-se, excecao feita Aquelas designadas para serem esposas do rei Manejavam bem varies armas, sobretudo espadas, cutelos e furis. Conta-se que a prova prin- cipal para ser aceita como membro dos batalhdes de mulheres estava em decapitar um homem ebeber seu sangue. ‘Quando ocorreu no século XIX 0 ataque das tropas francesas (aliadas de exércitos senega leses), objetivando conquistar 0 Reino de Daomé, as guerreiras foram as que mais resistiram na defesa do pove dacmeano. As valorosas guerreiras assustavem e confundiam os invasores, pela valentia e intrepidez na arte da guerra, enfrentando fuzis, baionetas e canhdes e lutando brava- mente corpo @ corpo. Relatos dao conta de que muitas das querreiras cortavam um dos seios € jogavam nos rostos dos adversérios, demonstrando valentia. isso, contudo, nao foi suficiente para evitara derrota de Daomé diante da superioridade armamentista do Império Colonial Francés. Exercicios © Preste Jodo: mito, literatura e historia A lenda do Preste Joao foi divulgada na Europa no tempo da Primera Cruzada, em finais do século XI. A necessi- dade de aliados favoreceu a crenca, entre os cruzaclos, de que iriam receber 0 auxilio de um poderosissimo soberano, vindo da Asia, @ que atacarla o Isldo pelas costas. Ora comerara entdo a circular uma mensagem dirigida ao Imperador Manuel Coménio, de Bizancio, que alimentava tal esperana. Era uma carta enviada por alguém cuja grandeza assumia dues dimensdes: uma sagrada, relacionada com o divino, a outra secular, em conjugacdo com o mais alto poder na terra— 0 Preste Joao era um rei- sacerdote cristo, ur misteriaso saberano, suserano de muitas dezenas de vassalos. Tao misterioso que o seu reino se situara sucessivamente na Mesopotmia, na China, nas Indias, na Arébia, na Africa Ocidental e, finalmente, na Etidpia. Nesses tempos, os conhecimentos geograficos eram ainda muito deficientes. ace da Concise Whens Sobre a lende de Preste Jodo, é correto afirmar que 2) retrata a figura de um soberano egipcio que difunciu 0 crstianismo catélico na Africa Setentrional e em Bizancio. b) esta relacionads a um rabino judeu ortodoxo que combateu o islamismo na Arabia, nas Indias e na Africa Ocidental ©) pode ter sido um soberano cristo descendente do rei mago Baltazar, que combateu os muculmanos na Eti6pia. d) foi um soberano kushita que combateu exército de D. Jodo Il, de Portugal, quando este tentou conquistar seu reino, 20 sul do Egito. «) seria um lider islimico que lutou contra a Primeira Cruzada catélica, em finais do século XI, destituindo 0 imperador bizantino Manuel Coménio. Nova espécie do género humano é descoberta na Africa do Sul, dizem pesquisadores Uma antiga espécie do género humano desconhecids até agora foi descoberta em uma caverna da Africa do Sul, onde foram exumados 05 ossos de 15 hominideos, anunciou nesta quinta-feira uma equipe internacional de cientistas. Os fésseis foram encontrados em uma caverna profunda de dificil acesso, perto de Johannesburgo, na area arqueoldgica conhecida como Berco da Humanidade, que é conside- rada patriménio mundial pela Unesco. (© Museu de Historia Natural de Lonetes classificou a descoberta de “extraordinaria”. “Alguns aspectos do Homo Naledi, como suas mos, seus punhos e seus pés, esto mui- to préximos aos do homem modemo, Ao mesmo tempo, seu pequeno cérebro @ a forma da parte superior de seu corpo s80 mais préximos 20s de um grupo pré-humano chamado australopithecus", explicou o professor Chris Stringer, do Museu de Histéria Natural de Londres, autor de um artigo sobre o tema publicado ne revista cientifica el.ife, Considerando a noticia publicada no canal National Geographic e reproduzida pela Foiha de $.Pauilo, & correto afirmar que 2) adescoberta foi considerada “extraordinéria” por reforgar a teoria de que os primeiros hominidleos teriam origem nonor deste da Africa, a exemple do australopithecus,cujos iSsseis mais remotes foram encontrados entre o Quénia e a Etiépia, b) adescoberta relutaa ide'a até entéo.aceita de que os primeiros horninideos teriam surgido na Europa, conforme ossadas encontradas no complexo de cavernas em Lascaux, sudoeste da Franca. Powe de dfien 6 €) segundo o professor Chris Stringer, do Museu de Histéria Natural de Londres, a semelhanga entre © Homo Neledi eo australopithecus comprova a origem asiética do género humano, que migrou para 2 Africa, 4d) 08 15hhominideos cujos ossos foram exumados no chamado Berco da Humanidade, fossil do esqueleto encontrado no mesmo lugar, apelidado de "Lucy", comprovam a arigem também sul-aricana do australopithecus. @) até a recente descoberta das ossadas no Bergo da Humanidade, préximo de Johannesburgo, prevalecia entre os ar- queélogos, bidlogos e demeis estudiosos a teoria eurocéntrica da origem do género human. . Situado na parte ocidental da Africa, ern uma érea de transicéo entre o deserto do Saara e as florestas tropicais, este pals surgiu no século IV, constituindo-se camo um poderoso império, cuja principal fiqueza era 0 ouro extraido de seu subsolo, cuja abundéncia concedeu a esse territério 0 titulo de Terra do Ouro. Na religido, inicialmente seu povo era politeista, tendo come principal divindade o Deus-Serpente, inclusive cultuando a serpente como quardi do Estado (© trecho lido faz referéncia a0 reine de 2) Mali b) Gana, ) Sudo, ) Mauritania ©) Esito. O reino de Gana surg por volta do século IV, tendo ecupado territérios correspondentes aos atuais Mauritania e Mali, margeado pelos Rios Senegal ¢ Niger. Sua origem est associada aos soninques, habitantes do Seara Ocidental, muito antes de Cristo, Ocomécio do reino de Gana ora feito por meio de caravanas de camelos, pois esses animais conseguem viver com pouca quentidade de aqua, e o principal artigo transportado era o ouro retirado das minas do sul de Gana, Utlizando tal contexto, assinale a alternativa que relata umn importants aspecto do reino de Gana, 2) O comércio de Gana era uma atividads livre da intervengéo estatal. © Estado apenas recebia doagées dos mercadores que controlavam as caravanas que cruzavam o deserto. b) E similar ac Império de Uagadu, politicamente centralizado, no quel a sucesso do rei cabia a0 sobrinho mais velho por parte de itm3, o que configurava, um sistema matrlinear. €) O reino de Gana foi exemplo impar na Africa de um Estado descentralizado, sendo 0 governante supremo escolhido em assembleia geral como representante legitimo do povo. d) A sucesso ao poder no reino de Gana se processava como em qualquer monarquia tradicional, vitalice @ hereditaria- mente, e o rei adotava habitos simples, dispensando ostentacdes. ©) Gana caracterizou-se por uma cultura militarizada ou expansionista, tendo conquistado vastos teritérios em seucontorno em busca do monopélio sobre a produgio auritera, Reino do Daomé foi fortemente centralizado e se desenvolveu a partir de 1700 com o proprio trafico atléntico. Como ra imprescindivel a um reino tio intimamente dependente do comércio [..J, inclusive, no final do século XVIll, entre as populagdes sob © dominio do reino de Oi6. O trafico era tao fundamental para o reino de Daomé que em 1750, 1795 1805 foram enviados embaixadores deomeanos & Bahia com a incumbéncia de firmar acordos de monopélio comercial para o envio de catives. |. 0s negécios entre as elites do Deomé e os proprietérios baianos garantiram a regularidade do tréfico [..J para © Brasil. Nesta mesma época, os portugueses jd negaciavam com os povos da Africa Centro-Ocidental, e com eles estabeleceram vinculos politicos e religiosos mais estreitos e negécios bem lucrativos, |. ALBUQUERQUE, Why de FRAGA LH, Waar Lina hts co nag no Bra Seder Can de Eos Ato: sentis ra Fund Calta! Parr, 2005p. 28 O reino de Daomé ou Dahomey (nome que significa "no ventre da serpente"), que corresponde atualmente a Benin, sur giv no século XVII, constituindo um governo fortemiente centralzado € um poderoso exército, que garantiu a expansio territorial a partir da conquista de outros poves. Sobre o Reino de Daomé, € correto inferir que 2) caracterizou-se pela organizagao social patriarcal e machista, senda a mulher submissa ao homem e realizando tarefas exclusivamente domésticas, por seu caraterfragil bb) teve no comércio maritimo sua base Ge sustentagao econdmica, favorecido pela proximidade com o Rio Nilo e corn o Mar Vermatho, para onde transitavam suas caravanas. 0s daomeanos se especializaram no comércio de escravos capturados de outras tribos, os quais eram vendides ou trocados por armas com os traficentes do Brasil e das Aniilhas, ) caracterizou-se pela respeito as tradigdes culturais dos povos dominados e pela auséncia de trabalho cativo, tendo combatido implacavelmente o tréfico negreiro em seu litoral @) durante as constontes investidas das poténcias imperialistas europeias, resistiu bravamente aos franceses, derrotando-os e mantendo sua soberania por todo o século XX. A Fores da fircn 4 v = wi Aula } Congo, Ndongo e Zimbabue; Religides nativas 3 hk da Africa; Escravidao doméstica na Africa Congo, Ndongo e Zimbabue O Império do Congo estavs localizado no sudeste africano, no territorio atual de Angola e Republica do Congo [antigo Zaire}. Fundado no século Xill, sua capital, M'banza Kongo (Cidade do Congo, depois rebatizada de Sao Salvador), chegou 2 possuir mais de 30 mil habitantes, No século XY, com a presenca dos portugueses, 0 cristianismo/catolicismo propagou- “se no império, embora as préticas religiosas tradicionais tenham continuado ~ a populagdo resistiu muito & monogamia {0u seja, ter um tnico conjuge) dos cristdos. Foi outra éree da Africa famosa pela realizagio do tréfico de escravos negros, mantendo intensos contatos e negécios com Portugal e Brasil. Apesar disso, a influéncia cada vez maior de Portugal (para no dizer dominio) e 0 trafico negreiro provocaram tenses no Congo e causaram lusofobia (aversdo aos portuguases). (© Império de Congo possvia terras férte's, boas para agricultura, Os camponeses cultivavam milhete (carn 0 quel fabri- cavam o asida, antecessor do cuscuz), sorgo, bananas, inhames etc., além de criar porcos, ovelhas, galinhas, entre outros animais domésticos. Fabricavam também um vinho fortissimo a partir de palmeiras, capaz de embriagar rapidamente. A moedsa era 0 zimbo, um tipo de buizio. Destacavam-se também como riquezas 0 marfim, as minas de cobre e a pesca. Os congoleses desconheciam a escrita, mas dominavam a metalurgia e eram habilidosos artesdos, produzindo ceramicas panos com a casca do baobé (os portugueses até usaram tais panos nas velas de seus navios). A populace tinha que pagar impostos e prestar trabalho ou servir no exército quando necessério No século XVlll, explorado pelos europeus e atacado por inimigos préximos, o Império do Congo sucumbiu, fragmen- tando-se. O dominio da regido passou para Ndongo. Situado ao sul do Congo, o Reine de Ndongo apresentava um monarca com o titulo de ngola ~ dai Angola, nome do atual pals em que se localizava esse reino. Ndongo tormou-se uma das principals regides do tréfico negreiro, Esse reino scabou sendo conquistado pelos portugueses no século XVI, isso depois de extraordinaria luta armada de resisténcia dos africanos, na qual destacou-se a rainha Nzings. Em 1576, os lusitanos fundaram a cidade fortificada de Sao Paulo de Luanda {stual Luanda) para defender sous interesses na regis ¢ melhor obter cativos. Luanda rapidamente se tornou uma grande feira de comércio de gente. Angola, desde fins do século XVI até a primeira metade do século XVIII, foi o maior fornecedor de escravos para as Américas portuguesa e espanhola. Entre 1575 e 1591, foram embarcados di regidio de Angola mais de 52 mil africanos para o Brasil, especialmente da etnia banto. Foram muito fortes os lacos entre Angola e Brasil, n3o sé em virtude do tréfico negreiro, mas por contatos culturais, families, comerciaie ete. — para se ter ideia, com a Independéncia brasilaira, em 1822, lideres politicos angolanos quiseram até mesmo incorporer o pais africano ao Brasil Um dos maiores simbolos da resisténcia africana aos europeus foi Nzinga Mbandi - pro- rnuncia-se inzinga imbandi~ (1582-1663), rainha de Ndongo, atual Angola. Ficou famosa como combatemte destemida, eximia estrategiste militar e diplomata astuciosa. Para se ter ideia da fibra dessa mulher, com 73 anos ela chefiou pessoalmente um exército contra os invasores portugueses, que a respeitavam profundamente, Angola s6 foi dominada depois dz morte de Nzinga, aos 81 anos. ‘Afora a nvasdo dos portugueses, Nzinga Mbanditinha que se preocupar com os ataques de inimigos vizinhos e a oposigéo interna, que ndo aceltava o governo de uma mulher, sobretudo de uma mulher que era filha de escrava, como era 0 caso da rainha (as relagdes de parentesco ceram importantes no Reino de Ndongo). Para chegar ao poder, Nzinga havia travado uma ardua disputa com 0 imo, Kia Mbamdi, que assumira 0 trono apés a morte do pai em 1617. Ela 56 virou rainha em 1624, apés o assassinato de Kia, em meio 20 avanco dos portugueses e de uma das piores crises do reino. H5 quem atribua a Nzinga a morte do irmao. Teve intimeros amantes obrigava-os a se vestir de mulher, enquanto ela usave roupas de homens uma forma talvez de mostrar seu poder, em uma sociedade machista que via com estranheza uma mulher no governo. Nao aceitava a escravidiio de seu povo, mas vendia outros povos derrotados em guerra como escravos para os tra- ficantes europeus. Igualmente defendia 2 religiéo tradicional de Ndongo, embora durante uma tentativa de acordo de paz com os lusitanos, tenha se convertido a0 catolicismo, recebendo o nome cristéo de Dona Anna de Souza - depois, contudo, abandonou o catolicismo. Nas lutas contra os portugueses, dirigia pessoalmente as tropas africanas, exigindo que seus homens a chamassem de rei Em 1671, j4 ap6s a morte da rainha, os portugueses passaram a controlar totalmente a regiéo de Angola. Nzinga Mbandi tornou-se um verdadeiro mito, dando origem a um imaginario popular presente inclusive em manifestacées populares (folguedos negros} do Brasil como a rainha Ginga. Ainda hoje é tida como uma heroina para os nacionalistas de Angola, ak os da sen Aw B O Império Monometapa localizava-se no que hoje € 0 Zimbébue e Mogambique, no sudeste da Africa, Foi outta importante e poderosa civilizago africana entre os séculos IX e Xi, o que se deveu as suas minas de ferro e ouro, a0 de minio da metalurgia, @ ao Intenso comércio que mantinha com o norte da Africa, Peninsula Arabe, Pérsia e até com a India (converteram-se também ao islamismo). Sua capital era a cidade de Zimbabue, onde foram erguidos grandes palacios de pedra, entre os quais destaca-se o Grande Zimbabue (Casa de Pedra), o maior de todos, com muros de 10 metros de altura eextensao de 240 metros - importante notar que os tijolos de pedra eram perfeitamente ajustacos, sem qualquer material ente eles, @ exemplo de cimento, 0 que mostrs a impressionante capacidade técnica desse pove. Tinha perto de 200 mil habitantes que, contudo, moravam em casas humildes de barro e cobertas de palha. No século XVI, os portugueses se instalaram na regio (destecadamente em Mocambiquel, interessados no ouro, no marfim @ no trafico negreiro. As agressdes portuguesas e disputas internas pelo poder levaram & decadéncia do Império Monomotapa, conquistado por Portugal no século XVIL © cinema de Hollywood difundiu uma ideia estereotipada da Alrica Negra, como um territério de florestas impe- netraveis, habitadas por tribos esparsas da Idade da Pedra. Na verdade, a floresta tropical ocupa ums rea pequena do continente, especialmente 2 bacia do Rio Congo até a regiao dos Grandes Lagos, no centro do continente, Nessas 4reas, era comum a vinculagao de simbolos sivvestres as préticas religioses e 20 poder (por exemplo, faziam-se oferen- das aos deuses da mata e 0 leopardo era associedo aos reis, sendo sua pele muito apreciade). A maior parte da Africa encontre-se dividida entre as savenas e as formagées desérticas. No geral, predominam muitas cidades por quase todo © continente, com intensa atividade comercial e cultural Uma das personagens do cinema e des histérias em quadrinhos que mais contriouiu para agquela visso esterectipads africana fol Tarzan, Essa personagem, criada por Edgar Rice Burroughs, apareceu pela primeira vez ern um romance de 1912 ¢ posteriormente em vinte e ‘rs continuagées, Tarzan 6 filho de ingleses, porém foi criado por macacos “mangani” na Africa, depois da morte de seus pais. Seu verdadeiro nome é John Clayton Il, Lorde Greystoke. Tarzan & como os macacos o chamam e quer dizer “pele branca’”. Tarzan € ume histéria rnoderna que rtepete a tradigio mitolégico-literéria de herdis criados por animais. Uma dessas historias & a de Romulo e Remo, que foram ciados por lobos e posteriormente fundaram Roma. ‘No entanto, a lenda de Tarzan se diferencia das lendas da Antiguidade pelo fato de estar re- lacionada ao imperielismo inglés na Africa: um lorde inglés branco se perde na selva e, crescido, tomna-se "tei da selva" africana. capa so prime eo Religides nativas da Africa Costumeiramenta, quando se fala em religido na Africa ou dos cultos afro-brasileiros, algumas pessoas associarn & “macumbs", nao raras vezes com grande preconceito, Ora, se havia uma diversidade de povos e civilizagées na Africa, fica facil concluir que existiam diversas religides e crengas também, a maioria com seus deuses e rites préprios, em- bora também apresentassem caracteristicas parecidas, pois os africanos, Sbvio, mantinham muitos contatos entre si € apresentavam igualmente alguns elementos culturais comuns, E sobre esses aspectos religiosos comuns e gersis que trataremos aqui © universo das religides afro-brasileiras € muito complexe, visto que diferentes grupos étnicos africanos deram corigem @ uma diversidade de denominagSes religiosas, destacando-se o candomblé ¢ a umbanda, ‘A figor, macumba € um instrumento musical de origem africana, Como nas festas e ceriménias religiosas os negros usavam agusle instrumento, as elites brancas cristas pessaram a empregar o termo macumba genericamente. Os prati- antes dos cultos afro-brasileiras, porém, recusam fortemente a expressao. © candomblé é uma religiéo afro-brasileira que cultua os orixés, trazidos da Africa pelos znegros. Orixés so entidades espirituais ligadas & natureza e ao comportamento humano, O can- domblé sofreu grande repressio das elites e autoridades ao longo dos séculos. Para contornar as perseguicées, os adeptos passaram a associar os orixés aos santos catdlicos, em um processo chamado de sincretismo religioso, No sineretismo, por exemplo, lemanjé é associada & Nossa Senhora da Conceigdo; lansd, 2 Santa Barbara etc. A Lavagem das Escadatias da igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador (BA), é um dos exemplos mais claros da fusao religiosa do catolicismo com 0 candomblé. ‘As ceriménias do candomblé ocorrem em templos chamados terreiros; sua preparagéo é fe- chada e envolve muitas vezes 0 sacrifcio de pequenos animais. So celebradas em lingua africa- na e marcades por cantos e ritmo dos atabaques (tambores}, que variam segundo o orixé homenageado. Nos terreiros, ‘além de chefiar os rituais, os pais de santo e as maes de santo recebem os figis en sessdes individuais para revelar 0 orixa de cada urn, tradicionalmente pelo jogo de bizios. A identificacao de orixé, ou santo no sincretismo, ajudz 0 fiel a enton era prépria personalidade. Para 0 fel, cultuar.o candomblé significa equilibrar suas energias (axés) com as energias de seu orixd ° Poves dn dficn » Umbanda é um culto afro-brasileiro de origem mais recente (sécule XIX ou comego do século XX), mesclando ele- mentos do candomblé, catolicismo e espiritismo. A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, os ‘guias, que epresentam uma hierarquia e entram em contato com os homens por intermédio le um iniciado (o médiur), ue 08 incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-velho @ a pomba-gira. Os ele- mentos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificaaa de orixés com santos. Outra influéncia ¢ o espi tismo kardecista, que acredita na possibilidade de contato entre vivos e morios e na evolucao espiritual apés sucessivas vidas na Terra, Incorpora ainda ritos indigenas e praticas magicas europaias. Civilizagdes como a de Kush cultuavam deuses semelhantes aqueles do Egito (Amon-Ré, Isis etc). O cristianismo atingiu a Africa em toro do século | da Era Crista, obtendo muitos adeptos na regiao do Egito, Nubia e Etidpia. O cristianismo, & ser escravizada. [..] O comércio transatlantico L..1fazia parte de um processo de integrago econémica do Atlantico, que ‘envolvia a produgao © a comercializac3o, em grande escala, de agticar, algodo, tabaco, café e outros bens tropicais, um pprocesso no qual a Europa entrava com 6 capital, as Américas com a terra e a Africa como trabalho, isto &, com a mao de obra cativa Aten erplcad 206 shox de bert do Coste Sh, 208 oda) Ao caracterizar a escravidio na Africa e a venda de escravos por africanos para europeus nos séculos XVI a XIX, 0 texto 2) reconhece que # escravido era uma instituigéo presente em todo o planeta e que a diferenciago entre homens lives @ homens escravos era definida pelas caracteristcas raciais dos individuos. by) critica a interferéncia europeia nas disputas internas do continente africeno e demonstra a rejeigo do comércio escra- vagista pelos lideres dos reinos e aldeias entao existentes na Africa. diferencia a escravidéo que havia na Africa da que existia na Europa ou nas col6nias americanas, a partir da constatagéo da heterogeneidade do continente afticano e dos povos que Ié viviam, d) afirma que a presenca europeia na Africa e na América provocou profundas mudangas nas relagdes entre os povos nativos cesses continentes permitiu maior integracao e colaboracao interna, ) considera que os tinicos responséveis pela escraviza¢So de afticanos foram os proprios afticanos, que eproveitaram as disputas tribais para obter ganhos finenceiros, (SEDUC-CE) Leia o texto a seguir CO imperialiemo ou neocolonialismo do século XIX se canstituiu como movimento de dominio, conquista ¢ explora ¢30 politica e econémica das nagdes industrializadas europeias (Inglaterra, Franca, Alemanha, Bélgica e Holanda) sobre os continentes africano e asistico [.]. A principal hipétese pare a legitimagéo do dominio imperialista europeu sobre 8 Aitica e a Asia foia utilizagao ideolégica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. [.] Dispel em: chief mundoeduacse cr, Acne 17a 204 agent) De acordo com esse texto, cual argumento foi utiizado pars 3 ocupagao da Asia e da Africa? a) Conflte de natureza religiosa. b) Expansdo africana no Atlantico 0) Guerra entre Europa e Asia. <) Superioridade europeia no mundo. «#) Unido politica entre esses continentes. (Uritio} A expansio imperialista das poténcias europeias sobre o continente africano, entre a segunda metade do século XIX @ o inicio do século XX, alterou as estruturas das vérias nagbes e territ6rios nos quais se manifestou, Sobre o imperialisme europeu na Africa, nesse contexto, é correto afirmar que €l justificou sua dominagio na ideologia que defendia a aco europeia como uma missio civlizadora capaz de conduzir ‘0s povos do continente a melhores condigSes de vida sob a tutela europeie. b) buscou a integrac3o econémica das deas dominadas como produtoras de manufaturados ¢ exportadoras de capitais ‘excedentes que atendessem &s demandas de consumo geradas pela expansao demografica europea 6) instituiu a dominaczo politica e territorial sobre as reas litoréneas e as antigas feitorias coloniais, tendo em vista © desenvolvimento do rico comércio das rotas maritimas da Africa oriental ¢) promoveu os confltos culturais no continente, ac privilegiar as culturas tredicionais nas fungSes administrativas locais ‘em detrimento das etnias europeizadas. ¢) fortaleceu as liderangas tribais e o provincianismo como forma de controle social dos contingentes demograticos nativos majoritarios frente 20s europeus. Aidentidade negra ndo surge da tomada de consciéncia de uma diferenca de pigmentacao ou de uma diferenca biologica entre populegdes negras e brancas e/ou negras e amarelas, Ela resulta de um longo processo histérico que comega como escobrimento, no século XV, no continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento ‘esse que abriu 0 caminho as relagdes mercantilistas com a Africa, a0 trafico negreiro, & escravidso e, enfim, 3 colonizacéc do continent africano e de seus povos. RINANGA, Kagel Agar origins abe a iad 3 ieee negra no Bras In Duos nena eees experince Bashy SEMTECIMEC, 208 37 Com relagio ao assunto tratado no texto, & corteto afiimar que a} a colonizagio da Africa pelos europeus foi simulténea ao descobrimento desse continente. b) 3 existéncia de lucrative comércio na Africa levou 8 portugueses 2 desenvolverem esse continent. @) 0 surgimento do tréfico negreiro foi posterior 20 inicio da escravidao negra no Bresi 6) a exploragio da Africa decorreu do movimento de expanso europela do inicio da Idade Modema €) a colonizagio da Africa antecedeu as relacbes comerciais ene esse continente e a Europa, “as eves din A vcetanealeeme a ee Aula Z \ Os impérios coloniais europeus na Africa; C4 5 \ Adescolonizacao da Africa Os impérios coloniais europeus na Africa No inicio do século XIX, eram poucas as reas do continente africano dominadas pelos europeus. A Africa era vista, até entao, como uma fornecedora de produtos exéticos (pimenta, marfim atc) € sabretudo de escravos. Com a Revolucao In- dustrial, porém, as poténcias europeias passaram a ver a Africa como mercado fornecedor de matérias-primas, consumidor de produtos industrializados e éree para aplicacao de capitais ferrovias, industrias, portos, exploraco de diamantes etc). Um marco importante da pertlha de AVrica foi a realizacao da Conferéncia de Berlim (1884-1885), na Alemanha, quan- do as potincias capitalstes reuniram-se para estabelecer as "regras” da diviso do continente africano, levando em conta ‘apenas seus interesses geopoliticos e econdmicos. O objetivo era delimitar as fronteiras e as éreas de influéncia de cada poténcia colonizadora — dai por que se criararn muitas fronteiras artificias, deixando em um mesmo territorio povos afri- ‘canes rivais ou 0 mesmo povo dividide entre terrtérios distintos. Era evidente que isso iia provocar varios confrontos guerras, 0 que repercute ainda hoje na Africa ‘A dominagao das poténcias imperialistas sobre os povos da Africa e da Asia era brutal e sanguinéria, sem nenhum respeito pelas populages locais, o que custou a morte de milhares de pessoas e a desarticulagao daquelas sociedades, ‘A Franca estava presente na Africa desde 1830, quando conquistou a Argélia. Com o passar do tempo, dominou Sene- gal, Guiné, Daomé, Mali, Costa do Marfim e Marrocos - 0 que ficou conhecido como Africa Ocidental Francesa. A.conquis- ta do Maitocos pela Franca fi complicada, nao sé pela resisténcia dos martaquinos, mas pelos interesses da Alemanha ‘também na regizo (como sabemos, a rivalidade franco-getmanica contribuiria para a ecloséo de Primeira Guerra Mundial). Entre 1837 e 1901, a rainha Vitoria esteve no trono da Inglaterra, coincidindo com 0 auge ecanémico e politico do pais. A Inglaterra virou nesse momento a grande poténcia do mundo, abastecendo 0s mercados com seus produtos incustiali- 22008. Na Alrica, os ingleses buscaram estabelecer um dominio vertical do continente, ou seja, dominando éreas desde Mar Mediterraneo, ao norte, até 0 antigo cabo ds Boa Esperanca, 20 sul. Assim, os ingleses conquistarem a Africa do Sul Rodésia, Ruanda, Tanganica, Quénia, Uganda, Somalia, Sudo e Ego. A expansio francesa acabou entrande em choque com os ingleses no Egito. Para dominar essa regido, os franceses investiram pesado inicialmente, construindo, por exempio, o Canal de Suez (1864). O Egito, endividado, viu-se obrigado a vender a sue parte do canal a0s ingleses, que assim, passaram a adentrar no pais (2 Inglaterra tinha interesse em dominar uma rota mais curta para 0 Oriente). Porém essa venda no salvou @ Egito da bancarrata, o que ocasionou uma crescente dependéncia egipcia para com estrangeiros e provocou a exploséo de uma revolta nacionalista, chamada de Arabi Paxd. Antecipando-se a Franca, os ingleses invadiram 0 Egito © esmagaram a revolta (1882), tornando o pats sua col6nic(" torado”). Em decorréncia, a Franga foi afastada totalmente do Egito (embora, em troca, os ingleses tenham depois apoiado 98 franceses na conquista do Marrocos} Em 1876, 0 rei da Bélgica, Leopoldo Il, tomou 0 Congo como propriedade pessoal, massacrando as populacées locais, O detalhe é que o Congo apresentava um territério dez vezes maior que 0 belga. No inicio do sécula XX, os dois tnicos paises africanos livres eram a Abissinia {atual Etiépia) e a Libéria (habitada por negros emigrados dos Estados Unidos). Itdlia © Alemanha, paises que se unificaram apenas na segunda metade do século XIX, lancaram-se tardiamente na “corride imperilista" de conquistas de colnias - por isso, domminaram areas de "menor importsncia* da Arica e da Asia. A ‘Alemanha conquistou Camardes, Togo e o sudeste e 0 oriente da Africa. A Italia conquistou a Libia, a Eritreia e a Somalia, Italia e Alemanhs iriam pressionar por uma “redivis8o" dos mercados coloniais. Isso provocou vsrias tens6es e confrontos, levando & Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Portugal, cada vez mais decadente, manteve © dominio em Guiné Bissau, Cabo Verde, Sa0 Tomé e Principe, Angola e Mocambique ~ tal manutencao se dev, sobretudo, pelas rivalidades e falta de acordo entre as potncias acerca de uma divisio das colénias lusitanas. Apés a Guerra da Independéncia (1776-1783) dos Estados Unidos, muitos negros americanos que lutavam contra @ Inglaterra ganharam como prémio a liberdade. Assim, exesctaves passaram a circular livremente pelas cidades, para infitagéo e medo das racistas elites brancas norte-americanas. Para estas, 0s “negros nao seriam nunca capazes de se integrar na sociedade do pais", de modo que o regresso 8 Africa seria uma solucao para evitar certos “perigos” imagi- nados como resultado da presenca negra, como 0 casamento inter-racial ou a criminalidade. Em 1816, um ano apés a prolbigao do tréfico de escravos nos Estados Unidos, foi fundada @ ACS (sigla para American Colonization Society, ou "Sociedade Americana para a Colonizagio”), uma entidade sem fins lucratives @ que contava com 0 apoio de érgdos govemamentais, politicos, fazendeiros e trabalhadores com o propésito de colocar em pratica o envio de ex-escravos americanos para o continente africano. Foi assim que surgiu a Libéria, um pals na Africa formado por negros emigrados dos Estados Unidos, Em 1821, a American Colonization Society conseguiu adquirir uma parcela de terra no litoral ocidental da Africa. Es- colheu uma érea que foi chamada de Cabo Mesurado - local da atual capital da Libéria, Contudo, a terra ja tinha dono, pertencia 8s tribos Dey e Bassa, habitantes do local ha séculos, Depois de negociages nem sempre amistoses, os chefes ‘ribais coderam aos americanos uma fang litorénea de 40 quilémetros de comprimento por 4 quilémetros de largura em troca de armas e garrafas de rum que hoje valeriam, juntas, 300 délares. Povos dn fiien B Em 1824, 0 governo ameticano fundou oftcialmente 2 colénia da Libéria e passou a chamar sua capital de Monrévia, em homenagem ao presidente dos Estados Unidos, James Monroe. Em seguida, comegaram a chegar levas de negros americanos. Na expectativa de aumentar as reas cultiviveis, esses primeiros moradores passaram a adquirir mais terras e avancar suas fazendas além das fronteiras originais. Em menos de 40 anos, 0 pais cresceu duas vezes de tamanho. Nao fo) surpresa para ninguém quando surgiram as primeras desavencas com as tibos locals, principalmente com os grebos e crus. Ai estaria a origem de varios confrontos, ditadu- ras, guerras civis, assassinatos em larga escala que marcariam a Libéria a0 longo do século XX. Dominando os povos da Africa, os europeus organizaram os territérios conforme seus interesses. As aldeias dos nativos foram deslocadas ou dispersadas (nao em raras vezes, violentamente) e suas terras entreques a colonos brancos e empre- +35 capitalistas, enquanto os africanos eram amontoados em freas ost6rois ou forcados a trabalhar como assalariados para anova elite dominante. ‘A produgao (agricola, mineral, comercial etc foi direcionada para a exportagao. A lavoura da subsisténcia fot substituida (0v deslocads para éreas menos férteis) pela agricultura de plantation praticada por grandes empresas estrangeiras em lati- fndios ali eram explorados milhares de africanos expropriados de suas terras, dedicando-se a monocultura de café, amen- doim, cacauetc.paraomercado extero, Comisso, as organizagées tradicionaisafricanas—assentadas na emilie,na produgso. de subsisténcia - possuiam grande quantidade de mao de obra, muita terra e propriedade coletiva, que foram desestrutu- ‘ades. |ss0 iia provocar 0 aumento da forme e das mortes por doengas e subnutricao de milhoes de pessoas no centinente, Aideia dos europeus era mesmo destruir aquela organizacao tradicional para tornar as populagées nativas totalmente dependentes dos colonos brancos. Com mao de obra farta e barata, eram pagos irrisérios salérios, com isso os lucros dos europeus aumentavam. 16 0s africanos, sem terras férteis, submetidos a pesados impostos, cada vez mais pobros o muitas vezes coagidos, viam-se obrigados a trabalhar nas lavouras, minas, construgao de rodovias, portos, ferrovias, cidades etc. E verdade que o imperislismo europeu construlu varias obras “modernizantes” na AVrica, mas o sentido dessas obras era assegurar 0 contato do continente com a Europa e facilitar 0 escoamento da producao, nunca para o beneficio dos nativos. A expansio do imperialismo provocou vsrias revoltas das populagées coloniais. No territério que hoje é a Africa do Sul, aconteceu a chamada Guerra dos Béeres (1899-1902), entre os descendentes de holandeses (chamados de béeres ou afticanderes) e ingleses Originariamente, a Africa do Sul era habitada por varios povos negros, por exemplo bosquimanos, khois, xhosas ¢ zulus. Os europeus chegaram em 1487, quando o navegador portugués Bartolomeu Dias contornou o cabo das Tormentas/Boa Esaeranca. A partir do século XVI, imigrantes holandeses, inicialmente interessados em explorar a rota comercial para 3 India, passaram a ocupar a regiao. Em 1806, os ingleses se instalaram no lugar, atraidos pelas riquezas minerais (ouro e diamantes}, passando a lutar con- tra os nativos negros e contra os boeres, palavra que significa "fazendeiro” ou “cultivador” etribuida pelos ingleses aos colonos holandeses. Os choques atravessaram todo o século XIX, provocando movimentos migratérios dos boeres para ‘© nordeste do pats, onde fundaram duas republicas, o Transvaal e 0 Estado Livre de Orange. Na passagem para o século, XX, a Guerra dos Béeres resultou na vitéria dos ingleses, que estabeleceram o total dominio sobre a regio. Os Estados eres foram anexados pela Coroa Britinica. Os negros, no entanto, eram a imensa maioria @ constituiam uma ameaga 20 dominio da minoria branca. Por tal azéo, os brancos eram privilegiados (para manter o dominio e os interesses brit8nicos na érea} € 0s negros reprimidos e explorados. Dai nasceria, no século XX, o apartheid, um dos mais racistas e segregaci nistas regimes politicos do mundo do sécule XX, em que os brancos nao reconheciam direitos aos negros, @ que durow até, acredite, a década do 1990, A descolonizagcao da Africa Na segunda metade do século XX, cresceu 0 proceso de emancipacdo politica (ou seja, de independéncia) de varios paises da Africa e da Asia, até entao coldnias subordinadas as poténcias europeias, uma heranca ainda do imperialismo do século anterior. A independéncia afro-asiética deve ser associada & Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Terrinado esse devastador confronto, as poténcias europeias estavam em decadncia e no tinham mais o poder de antes para manter sob dominio 08 povos da Africa e da Asia. Mesmo nas nacdes europeias, marcadas pelas idetas a favor da liberdade e da democracia do pés-guerra, havia certa pressio da sociedade (especialmente das o-ganizagées de esquerda) para o fim dos impérios coloniais, mantidos & custa da violéncia e da exploragio (as sociedades europeias tinham sofrido com a violéncia e a explo- ago aplicedas pelo nazismo). (Os povos “colonizados" igualmente pressionavam por suas independéncias, fosse com lutas armadas, fosse com nego- ciag6es politicas, pois ao longo dos anos foram tomando consciéncia da exploragio da qual eram vitimas, Havia igualmante uma solidariedade de vérias outras nagées do mundo aos africanos e aos asisticos, apoiando a emancipacso - a ONU (Organizacao des Nacdes Unidas), criada em 1945, tinha entre seus principios a autadeterminagao dos povos, ou seja, que cada pove deve ser independente e livre. A Guerra Fria igualmente contribuiu para a descolonizagéo afro-asiética, pois tanto norte-americanos como russos tinham interesses em ampliar suas dreas de influéncias e apoiaram as mobilizacées pels independéncia de afticanos € asisticas. ss0 explica também porque houve varios projetos para a independéncia (socialistas e iberais) e porque depois, eclodiram lutas dentro dos paises independentes ou entre as nacées independentes, reproduzindo os antagonismes da Guerra Fria Povo da iin 29 »y fr De modo geral, a descolonizacao afro-asiatica ocorreu de duas maneiras = de forma pacifica, ou sej, a independéncia deu-se sem grandes confrontos, em acordo firmado com a metrépole europeia, ‘que mantinha ainda alguma influ&ncia sobre 2 colénia e preservava as estruturas sociopoliticas (as quais eram favorévels aos brancos de origem europeia e &s elites colonials) Isso se deu especialmente nas coldnias inglesas - 0s colonizadores britanicos recorreram quando de sua expan- 280 imperialista, vie de regre, ¢ um sistema de colonizago que procureve conservar a autoridade das elites nativas nos escalées intermediérios ¢ inferiores da administracéo colonial, agregando o mais amplamente possivel 3s aris- tocracias tradicionais para um sistema de parceria subordinada. Assim, por ocasiao do processo de descolonizacao, a Inglaterra adotou, como recurso frequente em suas antigas possessées africanas, uma estratégia de “sair para ficar’, ou seja, substituir o controle dos postos-chave do governo des colénias por elementos loceis formados politica e culturalmen- te nos marcos do sistema colonial briténico, procurando reintegré-los posteriormente & Comunidade Econémica Briténica Giitish Commonwealth), garantindo, assim, a primazia de seus interesses econémicos e empresariais na nova ordem poli- ‘ica pés-colonial Durante 0 século XX, teriamos assim, nos anos 1950, 2 independéncia da Libia (1951), do Sudo, da Tunisia, do Marro- 0s (1956), de Gana (1957) e da Guiné (1958), No emblematico ano de 1960, verificar-se-iam as libertacdes de Camardes, Togo, Madagascar, Zaire, Somalia, Mel, Benin, Nigéria, Niger, Alto Volta (etual Burkina Fasc), Costa de Marfim, Chae, Repiiblica Centro-Africana, Congo, Gabao, Senegal e Mautitsnia; em 1961, Serra Leoa: em 1962, Ruanda, Burundi, Argé- lia e Uganda; o Quenia, em 1963; Malaul, Zambia e Tanzénia em 1964; Gambia em 1965; Botsuana e Lesoto em 1966; lIhas Mauricio e Guiné Equatorial em 1968. Na década de 1970, Guiné Bissau em 1974; S80 Tomé e Principe, Mocambique, Cabo Verde, Comores e Angola em 1975; IIhas Seychelles, em 1976; Djibouti, em 1977; Suazilandia, em 1968. Jé nos anos 1980, Zimbabue, em 1980 ¢, fnalmente, 2 Namibia, em 1990. = de forma violenta, obtida mediante luta armada, envolvendo as tropas metropolitanas © grupos de libertaco colonial —nesse caso, ern muitas ocasibes, a luta nao era apenas pela independéncia, mas por mudancas nas estruturas socials & implantagao do socialismo. Isso aconteceu particularmente nas colénias francesas. A Franca, segunds maior poténcia colonizadora europea na Africa, apegou-se aos métodos de dominacao colonial direta e a pratica ostensiva da assimilacao cultural (ou seja, des- truigdo das culturas nativas). O resultado foi um enfrentamento, na maior parte das vezes, bastante violento entre as ad- ministracdes coloniais e os movimentos de libertaco nacional, do qual sao exemplos os dois casos rais emblematicos de revolugo anticolonial verificados na Asia e na Africa: a Guerra de Independéncia da Argélia ¢ o conflito do Vietna. Algum tempo passaria até que a Franca, seguindo os passos da Inglaterra, procurasse reintagrar suas antigas colénias africanas sua area de influéncia econdmice (e, por conseguinte, militar e diplomatica), investindo na criagao de uma zona comercial e financeira, Casos de descolonizagao: Argélia, Congo e Ruanda Das lutas anticoleniais afticanas, uma das mais violentas foi a independéncia da Argélia. Nessa colbnia francesa, durante 0 anos 1950, a Frente de Libertagao Nacional passou a promover agdes terroristas visando a independéncia do pais. Es- timulade pela derrota francesa na Indochina (o que levaria 8 emancipago de Lacs, Vietnd e Camboja, na Asia) e contando com simpatia internacional, a FLN (que apresentava o apoio dos comunistas) promoveu, em 1954, grande levante, atacando (08 colonos franceses em dezenas de lugares. A partir dai, a Argélia entrou em guerra civil, pois comegou uma luta aberta dos argelinos contra as milicias organizadas pelos colonos franceses, apelidados de pieds noirs (pés pretos), donos das Fiquezas e de um terco das terras, que n&o aceitavam a independéncia. A metrépole enviou cerca de 500 mil soldados para manter o controle sobre a Argélia ~ 0 exército francés notabilizou-se pela pritica de torturas e assassinatos dos defonsores da independéncia (0 governo francés chegava a censurar os jornais da Franca para no ser divulgado 0 que estava aconte- endo no norte da Africa). Os pieds noirs igualmente praticavam atos de terrorismo e de guersilha ‘A opinigo publics francesa era favordvel 8 independéncia argalina, contra o que se posicionam, porém, parte das dire tas, das elites (em especial as que negociavam com os pieds noirs ou tinham investimentos da Argélia) e dos militares, que no viarn com bons olhos o fim do império colonial de Franca (que cada vez mais se tornava uma poténcia de segunda cate- goria no mundo da Guerra Fria). Em 1962, 0 presidente francés Cherles De Gaulle reconheceu a independancia da Argélia, que se tornou uma repiblice presidida por Bem Bella, da Frente de Libertag3o Nacional. Aproximadamente um milhao de argalinos morreram no proceso de independéncia, ‘A experiéncia belga na Africa talvez simbolize o sistema colonial europeu no continente em suas contradicdes de bru: talidade, autoritarismo e discriminago, bem como de esforcos da metrOpole no sentido de garantir a preservagéo dos interesses econémicos e estratégicos nas antigas colénias. (© Antigo Conge Belga, no centro da Africa, havia sido entregue pela conferéncia de Berlim ao rei Leopoldo Il, de Bélgica, em 1855. Até 0 ano de 1908, a drea era tida como propriedade pessoal do rei, que impunha condigdes brutais de trabalho aos nativos. Para se ter ideia, se os nativos negros ndo cumprissem suas cotas, os agentes de Leopoldo - que ganhavarn por comissio ~ se encarregavam de acoita-los, mutilé-los ou maté-los. Naquele ano, 0 Congo, com suas muitas riquezas minerais, tornou-se formalmente uma colénia belga Lam ATA ves din wer setae 30 ed Nos anos 1950, movimentos nacionalistas do Congo, liderados pelo poeta socialista Patrice Lumumba, iniciam uma luta armada, questionando o dominio colonial, sendo brutalmente reprimidos pelos belgas. Em 1960, a Bélgica viu-se obrigada a dar a emancipacao do Congo. Lumumba aproximou-se da Unige Soviética e acabou sequestrado e assassinado em 1961, ‘em um golpe de Estado apoiado por Bélgica e Estados Unidos. Os anos seguintes foram de instabilidade e muitos golpes, até 1965, quando Joseph Mobutu desferiu mais um golpe e implantou uma ditadura pessoal e aliada dos Estados Unidos @ da Bélgica, Em 1971, o Congo passou a chamar-se Zaire (voltou a chamar-se Congo em 1997). ‘Uma manhi no coragao da Africa Durante mil anos tu, negro, sofreste como um animal tuas cinzas foram espalhades 20 vento do deserto. Teus tiranos construlfam os templos mAgicos e brilhantes, onde preservam o teu softimento: 9 baxbaro direito dos punhos @ o direito branco ao chicote. Tu tinhas direito de morrer, também podias chorar [J Enquanto rompes tuas cadeias, os grilhées pesados ‘9s templos malvados e cruéis itéo para no voltar mais Um Congo livre © bravo surgiré da alma negra, um Congo livre e bravo, o florescer negro, a semente negra! Mobutu criou uma verdadeira cleptocracia, ou seja, um regime politico-social em que préticas corruptas, especialmente com 0 dinheiro piblico, s8o implicitamente admitidas ou mesmo consagradas. Finenciado pelos EUA e pela Franga— que compravam sua fidelidade por temerem que a Unido Soviética passasse @ controlar o centro da Africa -, Mobutu amiealhou ‘ume fortuna incaiculdvel. Seu longo governo se restringiu a sufacar rebeli6es, manter o pais em permanente crise econé~ mica, dar emprego a parentes e aumentar sua fortuna pessoal. Com o fim da Guerra Fria, 0 Congo/Zaire ja nao tinha mais tanta importancia geopolitica para as poténcias ocidentais, e Mobutu foi abandonado 2 prépria sorte. Em 1997, rebeldes ‘opositores tomaram o poder. Mobutu fugiu para o exilio, no Marrocos, onde viria a falecer em setembro do mesmo ano. Jé Ruanda (e Burunci) era uma antiga coléria alema que, com a derrota germanica na Primeira Guerra Mundial (1914- 1918), passou para o controle da Bélgica, Ruanda foi ocupada originariamente pelos pigmeus (grupo étnico famoso pela baixa estatura) e, depois, pelos hutus, povo banto da bacia do Rio Congo. No século XV, Ruanda fo) invadida pelos tsi, pastores de grande estatura oriundos da Etiépia e que dominaram os hutus, embora estes fossem maioria. Com a domina- 0 belga, 0s titsis foram privilegiados (aproximavam-se mais do modelo de beleza europeu), virando uma “aristocracia"” detentora do poder politico e econémico de Ruande Nos anos 1950, contudo, corn o movimento de descolonizacao também se manifestando em Ruanda, a Bélgica passoua Usar a tatica de “dividir para governar", favorecendo a formacao de uma elite hutu e incitando 0 confronto contra os ttsis. Em 1962, com a independéncia de Ruanda, os titsis foram perseguidos e muitos foram expulsos para paises vizinhos, de onde lancavam ataques 20 seu antigo pats. Ao mesmo tempo, correntes internas hutus disputavam o poder entre si gerando instabilidade politica e golpes de Estado. Os tutsis exilados criaram a Frente Patriétice Ruandesa (FPR) eno comego dos anos 1990 invadiram o norte de Ruanda, adotando taticas de guerrilha. A partir dai, intensificaram-se os massacres de civis promovidos pela FPR e pelo governo hutu de Juvenal Habyarimana (no poder desde 1973), Milhares de pessoas foram mortas e milhdes tiveram de se exilar nas fronteiras de Tanzania e Uganda, Em 1993, foram feitos acordos de paz intermediades pela Tanzania @ pela ONU. Formou-se, entéo, um governo de transi¢go com a participagao da FPR e outros grupos de oposi¢ae. Em 19%, Habyarimana morreu em um atentaco aéreo. Os hutus respensabilizaram os tutsis pela morte, A guarda presidencial, parte do exército e um némero enorme de esque- dies da morte, perseguiram os titsis, conforme um plano bem elaborado. As vitimas do exterminio, segundo estimativas cautelosas, foram quinhentas mil; segundo os maiores criticos, um milhio de mortos. Varias das mulheres que sobreviveram a0 genocidio foram violentadas sexualmente e muitos dos 5000 meninos nascidos dessas violacdes foram assassinados, Na guerra civil que se seguiu, porém, a FPR saiu-se vitoriose e tomou 0 poder, sob a presidéncia de Pasteur Bizimungu, Milhares de hutus foram perseguidos e assassinados, Na descolonizacao africana, surgiram vérios movimentos politicos e ideol6gicos, como o pan-africanismo, O pan- -africanismo pregava a uniao dos africanos, na intenco de conquistar 2 independéncia @ potencializar as relvindica- ges do continente no contexta internacional. Camo o imperialismo europeu criou divisGes territoriais arbitrérias sem Considerar as diferengas entres os povos africanos, 0 pan-airicanismo defendia ¢ necessidade de organizar federagdes regionais de Estados, até se criar no futuro os Estados Unidos AVricanos. Relativamente popular entre as elites africanas ao longo das lutas pela independéncia da segunda metade do século XX, 0 pan-africanismo tem sido mais defendido fora da Africa entre os descendentes dos escravos africanos que foram levados para as Américas até ao século XIX e dos emigrantes mais recentes. Um dos principais defensores foi o lider negro Jomo Kenyatta, do Quénia. ‘O pan-africanismo levoua tentativas de reagrupamento politico de novos Estados surgidos nas décadas de 1950-1960, como as efémeras unides de Guiné e Gana (1958-1960), da Federagao da AVrice Central reuniao de Zambie e Malaul, em 1959) etc. As particularidades de cada povo, a8 diversidades culturais ¢ linguisticas, as divergéncias ideolégicas, a lute pelo comands e lideranga dos notos Estados e a presso das grandes poténcias inviebilizaram esses projetos, ‘Povos da ifrica 3 UN Exercicios 1. (UFRR)Até o final da década de 80, existiam na Arica treze conflitos regionais (Angola, Etiépia, Libéria, Suddo, Chade, entre outros). Um ano depois, esse nimero diminuiu para seis, diante dos altos custos de sua manutengao. Com o relaxarento das tenses EUA-URSS (distensao), 0s paises sfricanos também deixaram de ser 0 desencalhe de armas convencionais dos dois paises, Entre 1984 e 1987, as despesas militares diminuiram de 5,2% do PNB, acumulado dos paises em conflito para cerca de 4,3%, O cenario que resulta ¢ desolador. Destruigo econémica e destruigo social, com a disseminagso da fome e da epidemia da aids. ‘OVA J: GLANSANT,R pepo madera temas dl grerae mond SBo Paso: Atl 1S. Os conflitos existentes na Africa, juntamente com a fome e as epidemias, so elementos que constituem o triste censrio desse continente. Entre as explicagdes para compreendermos a existéncia dessas interminaveis querras regionais, podemos apontar que a} aatual disputa pelo potencial mercado de alimentos impulsiona as grandes poténcias afticanas a investirem macigamente na produgao e vends de armamentos. b) continente afiicano exerce importante papel estratégico nas relagdes polticas ¢ ideolégices entre os paises que compaem os blocos economicos munciais. ©) osconftos ocorrem por conta do interesse de diversas tribos, em constituirem um espaco comum africano paraagregar as diversas comunidades em um mesmo grupo étnico-linguistico cultural. ) as atusisfronteiras foram tragadas pelos colonizadores europous sem respeitar a antiga organizagao tribal ea distribuigso geografica das etnias no continente, «) a8 comunidades étnicas optaram por entrar er conflitos srmados, estimulados pela insereéo do capitalismo neoliberal , principalmente, por conta dos diversos prodltos indlustralizados disponiveis nos mercadhos africanos. 2. (ENEM) A formagao dos Estados foi certamente distinta na Europa, na América Latina, na AVtica © na Asia. Os Estados atuais, em especialna América Latina —onde as instituigGes das populagdes locais existentes & épocadda conguista ou foram eliminadas, como no caso do México e do Peru, ou eram frageis, como no caso do Brasil -, s80 0 resultado, em geral, da evolugdo do transplante de instituig6es europeias feito pelas metrépoles para suas colénias. Na Africa, as colénias tiveram fronteiras arbitrariamente tragadas, separando etnias, idiomas e tradicdes, que, mais tarde, sobreviveram ao processo de descolonizaga0, dando razéo pare conflitos que, muitas vezes, tm sua verdadeira origem em disputas pela exploracso de recursos naturais. Na Asia, a colonizago europela se fez de forma mais indireta e encontrou sistemas politicos e admi- nistrativos mais sofsticedos, aos quais se superpés. Hoje, aquelas formas anteriores de organizacio, ou pelo menos seu espirito, sobrevivem nas organizacies politicas do Estado asiatico. GUIMARAES.5 NS, nconteno, Edo, Go rangados Sia Pauls EAS: 29 2a 708 adopted} Relacionando as informagées ao contexto histérico ¢ geogréfico por elas evocado, assinale a op¢o correta acerca do processo de formapso socioeconémica dos continentes mencionados no texto, a) Devido a falta de recursos naturais a serem explorados no Brasil, confitos étnicos e culturais como os ocorridos na Alice estiveram ausentes no periodo da independéncia e formagao do Estado brasileiro. 'b) Amaicr distingdo entre os processos historico-formativos des continentes citados é a que se estabelece entre colonizador @ colonizado, ou seja, entre a Europa e os demais. ©) Aépoca das conquistas, 2 América Latina, a Africa ¢ 2 Asia tinham sistemas politicos e administrativos muito mals 50- fisticados que aqueles que Ihes foram impostos pelo colonizador. d) Comparadas 20 México e 20 Peru, as instituigSes brasileiras, por terem sido eliminadas 8 époce da conquista, sofreram mais influéncia dos modelos institucionais europeus. ©} Omodela histérico da formacio do Estado esiético equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se manteve o espirito das formas de organizagéo anteriores & conquista. 3. (Cesgranrio) Morre um homem por minuto em Ruanda Um homem morre por minuto numa nago do continente onde o Homo sapiens surgiu hé um milhao de anos... Para © ano 2000 sé faltam seis, mas a Humanidade nao ingressara no torceiro milénio, enquanto a Africa for o tumule da paz NUNES, isto. 0 GLOBO, 69:94. A situagéo de instabilidade no continente afficano & 0 resultado de diversos fatoreshistéricas, denire os quai destacamos ola) 2} fortalecimento politico dos antigos impérios coloniais na regido, apoiado pela Conferéncia de Bandung. ') declinio dos nacionalismos africanos causado pelo final da Guerra Fria. ©) acirramento das guerras interribais no proceso de descolonizacao que nao respeitou as caracteristicas culturais do ccontinente. 4d) fim da dependéncia econémice ocotrida com as iidependéncias politicas dos paises aficanos, apés a décade de 50, ¢) difuséo da industralizagao no continente africano, que provocou suas grandes desigualdaces sociais, Povos da ica 2 4. (Fuvest) Assolado pela miséria, superpopulacdo e pelos flagelos mortiferos da fome e das querras civis, a situagdo de praticamente todo 0 continente africano é, neste momento de sus historia, catastrdfica, Este quadro trégico decorre 2) de fatores corjunturais que nade tém a ver com a heranca do neocolonialismo, uma vez que a dominacde colonial europeia se encerrou logo apés @ segunda guerra mundial by) exclusivamente ce um fator estrutural, posterior a0 colonialismo europeu, mas interno a0 continonte, queé o tribalismo, que impede sua modernizaczo. ©) da insergao da maioria dos pa'ses africanos na economia mundial como fornecedores de matérias-primas cujos pregos tem baixado continuamente. €) exclusivamente de um fator estrutural, externo a0 continente, 2 espoliagao imposta e mantida pelo Ocidente que blo- queie a sua autodeterminacéo. ©) da heranga combinada de ‘ribalismo ¢ colonialismo, que redundou na formagéo de micronacionalismos incepazes de reconstruir antigas formas de associagso bern como de construir novas. 5. (Fuvest) As resistencias & descolonizagdo da Argélia derivaram essencialmente da 2) reagao de setores politicos conservadores na Franca, associados aos franceses que viviam na Argélia bb) pressio das grandes poténcias que temiam a implantago do fundamentalismo islamico na regiso. © inicitiva dos Estados Unidos que pressionaram a Franca a manter a col6nia a qualquer preco. 4) aco pessoal do general De Gaulle que se opunha aos projetos hegeménicas dos Estados Unidos. ©) atitude de Frange que desejava expandir suas colémnias, apds @ Segunda Guerra Mundial 6. (Unicamp) A longa presenga de povos érabes no norte da Africa, mesmo antes de Maomé, possibilitou uma interagdo cul- tural, um conhecimento das linguas e costumes, o que facilitou posteriormente a expansao do islamismo. Por outro lado, deve -se considerar a superioridade bélica de alguns poves africanos, como os suclaneses, que efetivaram a conversio e 8 conquista de varios grupos na regio da Nubia, promavendo uma expansio do IsI3 que nao se apoia na presenca érabe. ARRLAUT Ll LOPES Ano Mice. Man oe Aico. Bele Hortons Cis, 5 p00 apc) Sobre a presenga islamica na Attica, é correto afirmar que 2) oprincipio religioso do esforgo de conversdo, ajhad, fo marcado pela violéncia no norte da Arica e pela aceita¢so do islamismo em todo o continente africano. bb) os processos de interacao cultural entre érabes e africanos, como os propiciados peles relagdes comercais, s80 anteriores 20 surgimento do islamismo. ©) aexpanséo do isiamismona Alrica ocorreu pele a¢do dos érabes, suprimindo as crencas religiosas tradicionais do continente. €) 0 islamnismo € a principal religi8o dos povos africanos e sua expanséo ocorreu durante a corrida imperialista do século XIX 7. (UERJ) A Africa subsaariana conheceu, a0 longo dos tiltimos quarenta anos, trinta e tr8s confitos armados que fizeram no total mais de sete milhdes de mortos. Muitos desses confltos foram provocados por motivos étnico-regionais, como os massacres ocorridos em Ruanda e no Burundi Le MendeDplomatiue a 193 ekptde) Das alternativas a sequir, aquela que identifica uma das raizes histéricas desses conflitos no continente africano é 2) a chegada dos portugueses, que, em busca de homens para escravizacéo, extinguiram intimeros reinos existentes. b) a Guerra Fria, que, 20 provocar disputas entre EUA e URS, transformou a Africa num palco de guerras localizadas, ) © Imperialismo, que, ao agrupar as diferentes nacionalidades segundo tradigdes e costumes, anulou direitos de con- auista <€) oprocesso de descolonizagio, que, mantendo as mesmas fronteiras do calonialismo europeu, desrespeitou as diferentes etnias € nacionalidades. «@) 08 referidos conflitos decorrem da disputa por espagos ricos em recursos minerais, mas dissociados de fatores externos, como 0 imperialisrno, 8. Nos anos 1526-1550, antes do deslanche do tréfico para o Brasil, saia da Guiné-Bissau e da Senegémbia uma média de mil cativos por ano, cfra representando 49% dos individuos deportados do continente. Da Africa Central, vinham outros 34%, enquanto 13% eram provenientes do Golfo da Guiné. Versos célebres de Garcia de Resende retratam o lucro @ 08 fluxos do trato de aficanos para Sevilha, iso, Setibal, Cabo Verde, Madeira, Canérias, Sa0 Tomé e para o Caribe. wat oe vented Fp les, impacto do procesco descrito nas sociedades africanas foi a 2) inttodugSo de préticas econémicas fundamentadss no liberalism, desorganizande as antigas sociadades de auxiio mituo. ») implantagSo da escravidéo como modo de produgao dominante, determinando a extingao da servidao anteriormente existente. ©) implentagio de redes internas de tréfico, com envolvimento de sociedades locais, que passam a ter nesse negéciouma fonte fundamental de recursos. 4d) introdugo da escravido nas sociedades africanas, que até ento desconheciam qualquer forma de exploracéo do trabalho. ) dissolugde do tradicional caréter igualitério’ predominante nas sociedades africanas, sendo substituide por regimes rigidamente hierarquizados. a vos divin TIO 3 : Paani ttisers _ tr 9. (Fuvest) Na década de 1950, dois paises istémicos tornaram decisdes importantes: em 1951, o governo iraniano de Mossadegh decreta 2 nacionalizacao do petréleo; em 1956, 0 presidente egipcio, Nasser, anuncia a nacionalizago do canal de Suez. Esses fatos esto associados 2) &s lutas dos paises islamicos para se livrarem da dominagéo das poténcias ocidentais. 'b) ao combate dos paises érabes contra o dominio militar norte-americano na regio. 4) politica nacionalista do Ira e do Egito decorrente de uma concepsao religiosa fundamentalista, 4d) a0s acordes dos paises arabes com 0 bloco sovistico, visendo @ destruigao do Estado de Israel. @) a organizagio de um Estado unificado, controlado por religiosos islamicos sunitas. 10.{PUC-SP) A economia dos patses africanos caracteriza-se por alto endividamento extemno, elevadas taxas de inflacdo, constante desvalorizac3o da moeda e grande grau de concentracao de renda, mantidos pela auséncia ou fraqueza dos mecanismos de redistribuigao da riqueza e pelo aprofundamento da dependéncia da ajuda financeira internacional, em tums escala que alguns paises néo tiveram nem durante 0 colonialism, HERNANDEZ, Les Unite. Alice ss aun So Paolo Negi Eig, 205. 5 O fragmento caracteriza a atual situagio geral dos paises afticanos que obtiveram sua independéncia na segunda metade do século XX. Sobre tal caracterizaco, pode-se afirmar que @) deriva sobretudo da falta de unidade politica entre os Estados nacionais africanos, que impede o desenvolvimento de uma luta conjunta contra o controle do comérco internacional peles grandes blocos econémicos. by & resultado da precariedade de recursos naturais no continente africano e da falta de experiéncia politica dos novos governantes, que facilitam 0 agravamento da corrupsao e dificultam a contencdo dos gastos pilblicos. ©) derivasobretudo das dificuldades de formacao dos Estados nacionais africanos, que nao conseguiram compertotalmente, aps a independéncia, com os sistemas econémicos, culturais e politico-administrativos das antigas metrépoles d) é resultado exclusivo da globalizago econdmica, que submeteu as economias dos paises pobres as dos paises ricos, visando & exploracao econdmica direta e estabelecendo hegemonia norte-americana sobre todo o planeta. €) deriva sobretudo do desperdicio provocado pelas guerras internes no continente africano, que tiveram sua origem no periodo anterior & colonizagao europea e se reacenderam em meio as lutas de independéncia @ ao processo de formacéo nacional. 11.(Unesp) A Ingjatersa, detentora do mais rico e poderoso impsério maritimo, chegou a0 auge de sua supremacia no século XIX. A decadéncia do Império Briténico e o processo de descolonizacao nas colénias oriundas de povoarento inglés relacionam-se com 2) aeducagéo politica veiculeda pelos dominadores, procurando desenvolver a consciéncia anti-imperialista dos dominados. bb) a transformagao de alguns dominios em comunidades auténomas e iguais, no subordinadas umas as outras, embora Uniclas por uma fidelidade comum & Coroa briténica ¢ livremente associa, 4) o controle administrativo direto das terras érabes, segundo fundamentos filantrépicos e zelo missionéro. 4) oprolongado govemo pela forga e sem nenhum grau de autonomia dos dominios do Canads, Australia e Nova Zeléndia, €) a transferéncia de tecnologia para os dominios da A\rica e da Asia, a fim de assegurar imediata independéncia econémica. 12.0 navio negreiro (O sobrecarga Mynherr van Kock Calcula no seu camarote As rendas provaveis da carga, Lucro e perde em cads lote. Borracha, pimenta, marfim E ouro em pé... Resurnindo, eu digo: Mercadoria nao me falta, Mas 0 negro & 0 melhor artigo. Seiscentas pecas barganhei = Que pechinchal ~ no Senegal, Accatne é rija, 0s muisculos de aco, Boa liga do melhor metal Em troca dei s6 aguardente, Contas, lato — um peso morto! Eu ganho oitocentos por cento Se ametade chegar ao porto Se chegarem trezentos negro Ao porto Rio de Janeiro Pagaré cem ducados por pega Acasa Gonzales Perreiro. ich Hein ya ANA Poni Aa ae, Assinale a alternativa coreta. a] Com 0 verso "Boa liga do melhor metal”, o autor esta elogiando a qualidade dos metais preciosos encontracos no Senegal, colénia cue Portugal estava explorando. b) Os versos do posta referem-se @ uma atividade do tempo do Brasil Colénia, relacionada & origem da mo de obra utilizada na produgo de agicar nos engenhos ali instalados. } Do trecho do poema se conclui que 0 tréfico negreiro era uma atividade que nao recompensava economicamente aos traficantes, pois sé 2 metade da carga chegava em condicées a0 porto de destino. 4d) Opcema nose refere 8 colonizaco portuguesa no Brasil, porque a mo de obra escravizada foi s6 do indio, portanto, 1ndo havia transporte de lange distancia em navios. ©) O Estado portugués e a Igreja Catélica foram radicelmente contra a escravizagio dos africanos, combatendo 0 trafico de pessoas em qualquer parte do mundo. A Africa na Guerra Fria; Africa do Sule o . apartheid A Africa na Guerra Fria e o Movimento dos Nao Alinhados ou terceiro-mundismo ‘Mesmo com sua extrema pobreza, a Africa nao ficou indiferente aos interesses da Guerra Fria. A URSS apoiava e estimu lava os movimentos nacionalistas ¢ de independéncia contra as antigas poténcias imperialistas (Franca, Inglaterra, Belgica, Portugal etc). O apoio a esses movimentos, mesmo aqueles que nao se identificavam com o socialismo, trazia pontos para 2 Unie Seviética na "guerra de propaganda” que também caracterizou a Guerra Fri. J 05 EUA, para nao permitir a expansao soviética no continente, pressionavam seus aliados europeus a conceder a independéncia e assim conservar suas influéncias politicas e econémicas ~ e, légico, 0 capitalismo. Outras vezes, diante da ameaca comunista, os norte-americanos apoiavam a instalaco de ditaduras, as mais brutais ¢ corruptas, financiavam grupos guerrilheiros responséveis por crimes brutais contra civis por guerras civis, ou apoiavam regimes odiosos, como © apartheid na Africa do Sul Carentes de quadros técnicos, de tecnologia industrial, de capitais e até de mercados (pela pobreza das populagdes nativas), 0s paises africanos independentes estavam mergulhados em uma situago de subalternidade politica e econémi- ca em 2mbito internacional. As jovens nagdes, em geral, eram produtoras e exportadoras de matérias-primas e géneros agropecuérios e no se adaptaram 4 Nova Ordem Mundial regide pelos ideais da Guerra Fria e pelo sistema comercial vi- gente, caracterizado pela deterioracao constante do valor de seus produtos primérias em relagdo cos bens industrializedos produzides pelos paises centrais (os paises da Europa, o Japéo e 0 Estados Unidos) e pelo monopélio dos capitais e da tecnologia por parte destes, em muitos casos, suas antigas metrOpoles coloniais. Lideres africanos, nao obstante, compreendiam que o continente possvia riquezas naturals extraordinérias, capazes de propiciar as bases de seu crescimento econémico, como as maiores reservas de ferro e carvdo mineral do mundo, enormes jazidas de petréleo e o notavel potencial hidrelétrico. Por outro lado, esses lideres eram capazes de identificar também os obstaculos 20 progresso material de suas sociedades: a grande fragmentacio politico-territorial, a dependéncia tecnolé gica, a falta de capitais para a exploracao de suas proprias riquezas, as rivelidades étnicas internas, a falta de competitivi- dade econémica de sua produgo agropecusria e proprio controle de seus principais recursos pelas grandes empresas ocidentais, Diante de tais constatages, uma parcela mais engajada da primeira geragdo de lideres da Africa independents (como co ganense N’Krumah, 0 tanzaniano Nyerere, 0 queniano Kenyatta e 0 congolés Lumumba) procurau adotar procedimentos praticos que poderiam superar as mazelas deixadas pela dominacao colonial. Assim, alguns adotaram internamente 0 50- Gialismo, e outros uma postura nacionaliste, apresentando o Estaco enquanto ator fundamental para promover 0 processo de desenvolvimento econdmico. Paralelamente, no ambito externo, os lideres afticanos trataram de somar esforgos na criagdo de um movimento de paises ndo alinhades, juntamente com outros estados da Asia e da América Latina, que tinham entre suas principais reivin- Gicagdes 2 revisio das regras do comércio mundial, valorizando 03 paises exportadores do Terceiro Mundo. Assim, a descolonizacao afro-asiética e os interesses das superpoténcias levaram um grupo de paises, nos anos 1950, ‘a langar © movimento terceiro-mundista ou dos no alinhados, isto é, um grupo de palses do Terceiro Mundo (paises pobres da Africa, Asia e América) que se mobilizava no sentido de ter maior presen¢a na politica internacional, Tal movi- mento ganhou mais forca a partir da chamada Conferéncia de Bandung (na Indonésia), em 1955, ¢ rejeitava o alinhamento ‘automatico com os Estados Unidos e a Unido Soviética, alam de defender a independéncia das nacdes ainda submetidas a0 colonialismo, © combate ac racismo, a cooperagio e a ajuda para os patses pobres do mundo, Apés Bandung e com a pressdo da ONU sobre as antigas metrépoles, 0 processo de independéncia das nagées africanas e asiéticas acelerou- “se — nfo por acaso, apenas nos anos 1960, dezessete colénias da Franca e da Inglaterra conquistaram o status de nagdes auténomas, vas dates « aA “a steltonmditinemine 5 Bec cas O lider egipcio Gamal Abdel Nasser foi o principal articulador do movimento nacionalista chamado pan-arabismo, que propunha a unigo de todos os paises de meioria arabe-rmuculmana, como forma de fortalecer a cultura e a causa is- mica frente 20 mundo ocidlental. Em funcao da identificegao do Egito cam o isla, © pais estave mais prdximo do Oriente Médio, do ponto de vista cultural e politico, do que dos paises da Africa Negra. De cualquer forma, o pan-arabismo de Nasser foi de grande importancia para a causa pan-africanista,jé que as duas iniciativas tinham em comum a luta contra 05 interesses estrangeiros em seus paises ¢ um dos pilares dessa luta, ro caso da Africa, era exatamente a descoloniza- 0 do continente. Um marco importante da lideranca de Nasser foi a nacionalizagio do Canal de Suez, que resultou na Guerra de Suez (1956). Gamal Abdel Nasser era um politico carismético e nacionalista. Ele fazia parte de um grupo de militares que derrubou a monarquia egipcia em 1952, instituindo um governo favoravel & unificacao de todos os arabes em uma Gnica grande nagao. Nasser nacionalizou o Canal, desafiando abertamenta britanicos e franceses. Além disso, proibiuo trfe- _go de navios israelenses, diminuindo o fornecimento de petréleo 20 Estado judeu. Em resposta, Israel, Franca e Gré-Bretanha organizaram uma agao militar conjunta contra Nasser. © chefe de Estado agipcio teria sido derrotado nao fosse a intervencao americana e soviética no conflito. Os soviéticos queriam evitar que © Egito fosse novamente controlado pelos europeus aliados dos Estados Unidos (sem falar que Nasser tinha uma retérica simpatica ao nacionalismo de esquerds), e Washington no estava disposta a brigar com Moscou pelo Canal de Suez (sem falar na estratégia americana de se opor ao colonialismo tradicional). A saida foi um acordo: franceses e briténicos teriam de aceiter a nacionalizacao do Suez, © 05 egipcios, em compensacio, terlam de garantir a todos o direito de ut 10 canal, inclusive aos israelenses. Houve, porém, sérios problemas para as nagdes africanas nesse processo, em virtude dos interesses conflitantes das grandes poténcias ocidentais, particularmente dos Estados Unidos. Como varios paises africans se declararam socialistas u assumiram posturas nacionalistas, os norte-americanos implementaram, desde os anos 1950, uma estratégia voltada para a substituiggo da influéncia europeta por sua propria influéncia sobre a Africa, assumindo a responsabilidade pela contengéo do avanco da infiuéncia soviética no continente, Usando a chamada “diplomacia do délar”, os norte-americanos procuraram, a principio, influenciar os estados africa- nos, condicionando sva incluso em programas de ajuda econémica e militar & concessao de privilégios para a operacao de ‘empresas estadunidenses nestes paises ¢ a0 alinhamento diplomatico e militar com Washington na Guerra Fria, Em outros

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