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DOUTRINA Proscripefio om materia criminal ‘A. prescripefo em direito criminal ‘Simatoria proceseual ¢ como tal sujeita 4 Tele catadones? Com 0 intuito unigo de provocar o parecer dos doutos, fir mand ponto juriico qty Tele diversidade do diet’ pro~ cessual dos Estados, pide gerar abusos e invasdes da. compe- tencia legislativa firmada no art. 34 § 23da Const. Feder. © prodare grave damno aos direitos indvidaaes, vines expender igeiras consideragies em desaccordo com a Opinio do emi- nente jurisconsulto Dr. Levindo Ferreira Lopes. A’ preseripeo em dirvito criminal @ materia provessual e como fal sujeita as leis estadoaes? ‘Sim, diz illastrado deputade av Congreso Mineiro ; nao, direnios nds, salvo a onsadia que, si a incompetencia augmenta, © dosejo de ver elucldada o these muito justtica. 0 Dr. Levinde, no sea magnifico « Manual dos juives de paz.» (0. Preto—1892), commentando a lei mineira n. 17 de 20 de Novembro ie 4891, que no art. 4.° establecen 0 proceso criminal do Rstado de’ Minas (4), diz a pag. 444, nota 28: « Pa~ rece que em relagio a esta materia (a preeeripgdo no direito pe- nal) devem sor observadas as disposigdes do Cod. do Proc. Crim., com as alteragies.feitas pela lei de 3. de Dezembro de A841 © Regul. n. 120 de 31 de Janeiro de 1842 € nio as do Cod. Pen., por se incluir nas leis do proc. da competencia dos (Diz o art, 40 it, :« Ao proceseo erirainal applica co-hio as dis- posigdes do Codigo do Brocosta io 20 do Novembro do 1832, das leis fe dle Dezembro de. 1841 20 de Setembro de 1871, dos regdlamentoe 40 81 deJanciro vo 1842, do 22 de No 1871 @ 6618 de 2 de Maio do 1874, com as eeguintes modifleagdes », etc, — 324 — Estados (2), segundo a Const. Feder. ¢4 vista do art. 4+ da lei 1. 17 de 1891 (3), ‘Assim pensando, 0 douto advogado estabelece no. seu « Manual » 03 prazos da _prescripgo estabelecidos pela legisla- ‘ga0 processual do extincto Imperio (Man., § 489). ‘Com apoio na doutrina, na legislagdo de povos cultos e no proprio espirito da Const. Feder., no nos parece rasoavel a opinido do illustre publicista © entendemos que a preseripezo néo é materia processual, ‘A preseripcao, em geral, ¢ um institute juridico cujo effeito €. avguisigdo ov extinosao do direitos. ‘Néo obstante a distinegao profunda que a escola classica de direito criminal faz entre os fandamentos philosophicos da pre- scripedo civil e da penal, todavia podemos dizer que, assim como em materia civil—ella gera e extingue direitos, assim tambem, em direito penal, ella gera direitos por parte do delinquente, qual o de nao ser mais perseguido pelo crime ou o de nao ser mais punido ¢ extingue direitos da sociedade ou do offen dido, quaes o da acpi pablica ou privada ou o da coacgao ao cumprimento da pena. Drest'arte, parece logieu que ao legislative federal incumbe regalar a preseriplo civil penal ena insitutos juries, es- tabelecendo us seus prazos ¢ condiydes e ao legislidor estadoal compete apenas estatuir as formults, isto é, 0 proceso para actuagdo do direito de preseripedo, quer civil, quer penal. K’ o que nos parece doutrinario : 0 processo para invocal-a. e julgal-a sera de competencia do Estido (e neste ponto tera pleno effeitoa lei mineira n. 17), mas a prescripgdo, em si, nao é ‘materia processual ; é, pelu contrario, um institito Tigado’ a es sencia do direitoe cam» tal pertinente aos codigos civil e penal, ‘Assim o tm entendido quasi todos os codigos penacs mo- dernos, © para nao tornar nivito longo um trabalho que visa apenas pedir Inz.a0s doutos, citaremos o da Allemanha e o da Italia. Aquelle, promulgavo em 1870, dispundo sobre as < causas que excluem a pena », legisla a respeily nin si da prescripgia da pena, como tambem da prescripeao da ucedo penal. Ges IV, arts. 66, 67 e 70). da Italia, em vigor desde 1 de Janeiro de 1890, tratando «da exlincgiv da acyiv penal e das condemnagies penaes », estabelece tambem us prazos no sb da preseripgio da pen como da prescripgio da acvdo penal. (Tit. IX arts. 91 € 95.) (2) 0 erypho é noseo, (8) Vide o art. 4° ne nota. — 385 — Nenhum valor possue a objecgio da diversidade entre 0 nosso regimen politico eo da Allemanba ¢ Italia, De Tacto: i 6 eerto que o regimen constitueional italiano é diverso do nosso,¢ tambem certo quo alli existem leis processuaes. Nestas e nav no codigo penal deveria ser incluida a prescripao, siclla fosseeonsiderada materia processual. 11.0 regimen politico da Allemanha, eomo confederagao, tem muitos pontos de contacto eom 0 nosso e um delles 6 sobre ma- I, Assim que, o pacto fundamental da confede- ragdo germanica deixon aos estados confederados a liberdade na. organisagdo e funeclonamenty das respectivas magistra- furas e, em materia precessual, s6 creon a unidade do proc. civil (art. 4.° § 13). B’ por esse motivo qu Carrara, no proprio comentario a0 Cod. Pen. allemdo, referindo-so a lei de34 de Maio de 1870, que o poz em vigor, diz. que essa Icl ereou nao sb providencias de caracter transitario, como provideneias nevessarias & coorde- nagio da coezistencia do mesmo codigo com a legislapio au- tonoma dos dioersos membros da federagao germanica. E Piy Margall, no seu hello, tivro—Zas nacionalidades, diz. este respeito que, na Allemanha, « cada Estado tem.o seu poder judiciario e sua'lei organica de tribunaes; eada Estado nomeia sens juizes. Néo ha nem siquer um tribanal commum para os delicios enmmettidos contra a Confederagio, A magis~ tratnra do Estado em gow so praticados € a eompetente para julgal-os. esta exagerada independencia da administragao da na Allemanha sindo o preceito da validade ¢ ex- todo o Imperio, das providencias dos tribunaes. git; keide 24 dedulho de 1800.) femenie, com preeeitos identicos aos do nosso jireito Federal { Const. Braz. ert 34 23; Const. All. art. 4 § 13. ) o lexislador da eulta Allemanba, regulando a preseri= pedo pelas disposigdes do Cod. Pen., tornon hem claro gue ella nao 6 materia proeessual, pois do éontrario aquelle Cod. nko poderia determinal-a, eomo fez. Em face, pois, da doutrina ¢ da legislagdo dos povos cultos, reseripyad em materia criminal név péde, em si, ser conside~ rada assumpto processval @ sim verdadeiro institato juridico, i ale apenas subordinado, 6m sia apylicagao, dy leis do prvcesso. Este loi tambem o espirito da nossa lei organica federal, (Const. art. Consegu De facto, a identidade de raca, indole, costumes e tradiegBes baslam para determinar o estabelecimonto da unidade dos codi gos civil, commercial e penal (Const. Feder. art. 34 §23), a0 passo que a diversidade de recursos, do meio social e ‘das. cunstencias locaes de cada Bstado, impedindo a ereagdo de uma magistratura wniforme para o Brazil Federal, tornou necessaria aliberdade dos Bstados em materia processnal. Seria realmente irrisoria a unidade processual, com a diversidade das organisagies judiciarias. Todavia, si ficou aos Estados a liberdade no estabelecimento das leis de actuagio do direito civil, commercial e penal, ¢ certo que a Const. Fed. exigin a igualdade da lei para todos e 0 mesmo effeito uridica das leis feeraes em todos os membros da Unido. ‘Admittida, porém, a liberdade dos Estados em materia le Gislalva sobre aprestipgio onal (nfo falas, na evi, como quer o Sr. Dr. Levindo F. Lopes, haverd ignsldade e iden tidade 2 punigio do deliclo” © nus effeltos juridicos da lei penal ® Digam os dontos. ‘Além disso, admiltida ainda c si por hypothese,a Hiberdade dos Rstados yuanto 4 losislagio sobre a preserineo em ma- teria eriminal, tal liberdade nic poderin ir alom da preseripero da aopio penal e jamais recahir sobre a preseripeao dit pena. 'No primeito caso (prescripemo da accion) pderia parecer que se trata realmente de prucesso, o que todavia, contestamos, ‘do 86 com v apoio dos endigos penaes eltados, eaino eom o apoio de qualquer tratado elassico de dircito penal, 9 de Ortolan, por exemplo (6). No segundo easo (preserip tencia dolegislador federal. ‘A. preseripedo da pena jamais se poder considerar niateria processual. Alem dos codigos penaes allemto e italiano, ve mos 0 lela e muitos outros consagrarem a preseripgio da pena, oF no eonsideral-a materia de prucesso. Todos os. eseriptores le direito penal oecupam-se da preseripoto du pena na theor geral do direito penal ¢ nfo no tratsdy do proceso. E’ o quefazem Ortolan, Hans, Villey, ete. (4) A classifcagio das matorins na obeade Ortolan mostra por si 16 que preseripgio, quer da. pena, ier da acgio penal,e. materia iy Girlto penal. e ifo do procorgo erniual, Do facto, 0 eit, autor divide nba ome ron ire Dirt Pol propria ti ‘he vir resort da aera e ta exeengd penal Avro Tutndiogie penaee: Lio LiProceeso Penal xsi de pena) éevidente a eompe= — 3 0 provecto Sr. Dr. Levindo, entretanto, nenhuma distinegio fez, ou melhor, considerou abolida na legislagio do Estado do Minas a preseripeio da pena (Cod. Pen. art 72);, porgnanto, en~ tendend> quo esta em vigor a respeito da materia 0 Cod. Proc. e leis connexas, em virtude da Iein. 17@ nio admittindo este codigo sino a preseripefio da aegio, nao poderia o emerito es- i |. 72 do Cod. Penal, quanto E’ admissivel o seu parecer? Digam ainda os dontos ¢ até la fieamos convietos de que: TA prescripedo, em direito penal, nao 6 maleria processual ©, por eonseguinte, esta em pleno vigor a lei lederal—Cod. Pen. 6 tuagio d i do a proceso para actuagio do preseripeio, sendo da competencia do Estado, nos delictos snjoitos a algada’ da justica estadal, Gem nas oda lin, 17 de 20 de Novembre de 4804, art, 4. B’o que nos parece juridico, salvo a opiniéo dos mestres. Campanha (Minas), 29 de Margo de 1893. Joxo Lo Atves.

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