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savreee2000, Psicologia e religido: psicologia da identidade religiosa na constituicao de singularidades’ Geraldo José de Paiva (coordenador) Marilia Ancona-Lopez José Paulo Giovanetti Mauro Martins Amatuzzi Miguel Mahfoud Gilberto Safra 0 GT Psicologia & Religido foi constituido em 1997, pouco antes do VII Simpésio ANPEPP, realizado em Gramado, RS, de 18 a 21 de maio de 1998. Proposto pelo Prof. Dr. Geraldo José de Paiva, da Universidade de Sdo Paulo, conta, desde o inicio, como ‘membros, os Profs. Dr. Gilberto Safra (USP e PUCSP), Dr. José Paulo Giovanetti (UFMG), Dra, Marilia Ancona- ‘Lépez (PUCSP ¢ UNIP), Dr. Mauro Martins Amatuzzi (PUC-Campinas) e Dr. Miguel Mahfoud (UFMG). De acordo com a Proposta de-Constituigo do Grupo de Trabalho, sio objetivos do GT: a)desenvolver estudos, de natureza tedrica e empirica, que tenham como objeto a experiéncia religiosa; b) promover tais estudos nos programas de pés-graduacio dos participantes do GT por meio de projetos integrados de pesquisa; (c)cuidar da publicacdo, preferencialmente conjunta, dos estudos realizados. O estudo da psicologia da experiéncia religiosa respeita as preferéncias teéricas e metodolégicas dos participantes. Utiliza-se 0 termo experiéncia, contemplando a discussao tedrica de um conceito com miiltiplas denotagdes ¢ conotagdes, Da mesma forma, o adjetivo religiosa refere-se & pluralidade de religives, principalmente aquelas encontradas no Brasil. Alguns temas vém sendo privilegiados pelos componentes do Grupo: natureza da cexperineia religiosa e sua influéncia no desenvolvimento da personalidade; o atravessamento das crengas religiosas nas praticas clinicas e na formagdo do psicdlogo; elaboragdo da experiéncia religiosa na cultura popular; mudangas psicolégicas induzidas pelas religides orientais no sincretismo religioso. Jéem 1997, antes da constituigo formal do GT, os futuros participantes compuseram uma Mesa Redonda no XXVI Congresso Interamericano de Psicologia, realizado em So Paulo, que debateu as seguintes contribuigdes integradas: “Experiéncia religiosa: conceituar e pesquisat” (Miguel Mahfoud), “O conceito de Deus e a experiéneia religiosa na Fenomenologia: provocagdes” (Marilia Ancona-L6pez), “A experiéncia religiosa segundo Martin Buber, ¢ sua possibilidade de pesquisa” (Mauro Amatuzzi) ¢ “Variedades da experiéncia religiosa académica” (Geraldo J. de Paiva). Ainda em 1997, na XXViI Reunido Anual de Psicologia, da Sociedade Brasileira de Psicologia, os futuros integrantes do GT apresentaram, na modalidade do Simpésio“A Experiéncia Religiosa como Campo de Pesquisa para a Psicologia”, os trabalhos: “Questdes epistemoldgicas surgidas durante uma pesquisa descritiva da experiéneia religiosa” (Mauro Amatuzzi); “Relagdes entre ciéncia e religido na Academia” (Geraldo J.de Paiva); “Experiéncia religiosa: constituigao de um campo de pesquisa” (Marilia Ancona-Lépez)e “Experiéncia religiosa : dizer Tu a0 Mistério presente na realidade” (Miguel Mahfoud). Em 1998, no VII Simpésio da ANPEPP, o Grupo de Trabalho apresentou as seguintes contribuigdes: “Sineretismo religioso: Imagindrio ou Simbélico nas crengas e praticas de convertidos a religides orientais” (Geraldo J.de Paiva); “Encantamento e Devogio” (Gilberto Safa); “P6s-Modernidade ¢ expe- riéncia religiosa” (José Paulo Giovanetti), “Concepgdes de experiéncia transcendente e seus atravessamentos nas 26 0000 OCOOOOOHOHSOOOHOHOHOHHEHOHHHHHHHOHHHHOOCSEOO: © OCOOHOOOOEHOSHHHHHOOH OOH HOHHOOOOHOHOHOOEOOO: ‘VU SmpisaBrsieidePosuisae Ierembio Cecio priticas clinicas” Marilia Ancona-Lépez); “Figurando o Sagrado: experiéncid religiosa na Semana Santa mineira” Miguel Mehfoud); Desenvolvimento humano e experiéncia religiosa” (Mauro Amatuzzi). A primeira contribuigao foi publicada por Psicologia: Reflexdo e Critica, 1999, 2(2), p. 521-535, sob o titulo Imaginério, Simbélico € Sincrético: aspectos psicoldgicos da filiagdo a novas religides japonesas. Ainda em 1998, no 2° Seminério de Psicologia e Senso Religioso, realizadona Faculdade de Filosofiae Ciéncias Himanas da UFMG, nos dias 25 e26 de setembro, sob a coordenago de Miguel Mahfoud, os membros do GT participaram de trés Meses Redondas: “Experiéncia religiosa e Cultura’, “Leituras da experiénciareligiosa: alcances e limites”, e” Experiéneia religiosana clinica psicol6gica’, Na primeira Mesa, Geraldo J. de Paiva apresentou o texto “Literatura, Religido e Psicologia: 0 conhecimento pela metafora”; Miguel Mahfoud “Encomendagio das Almas: mistério e mundo de vida em uma comunidade rural tradicional mineira”. Na segunda Mesa, Gilberto Safa desenvolveu o tema “Sacralidade € fenémenos transicionais: visio winnicottiana”, e na terceira Mesa, Marilia Ancona-Lépez discorreu acerca de “Religido e Psicologia clinica: quatro atitudes basicas”; Mauro, Amatuzzi discutiu"Desenvolvimento psicolégicoe experiéncia religiosa’, ¢ José Paulo Giovanetti tratoiu de “O sagrado.e a experiéincia religiosa na psicoterapia”. Digna de nota é a publicagéo dos trabalhos do Seminério em forma de livro, Diante do Mistério: Psicologia e Senso Religioso, pelas Edigdes Loyola, Sao Paulo, 1998, 182 pp. Ainda em 1998, na XXVIII Reuniio Anual de Psicologia, da Sociedade Brasileira de Psicologia, realizada de 27 a 31 de outubro, o GT marcou sua participag3o com um Simpésio ¢ com uma Sesto Coordenada. © Simpésio, presidido por Geraldo J. de Paiva, teve como tema “A Religido e o Sagrado: Psicologia da experiéncia religiosa na Modernidade e na Pds-Modernidade”, e teve como subtemas Psicologia dai Experiéncia Religiosa” (Geraldo J. de Paiva), “A vivéncia do Sagrado e a organizagao do Self” (Gilberto Safta), e "A consciéncia teligiosa do homem pds-modemo" (José Paulo Giovanetti). A Sessiio Coordenada, presidida por Marilia Acona-Lépez, teve como tema “Psicologia ¢ Religido”, e como subtemas Aproximagées entre compreensées psicoldgicas ¢ religiosas na pritica clinica em Psicologia" (Marilia Acona- Lopez), “Experiéncia religiosa e desenvolvimento psicolégico” (Mauro Amatuzzi), “Experiéncia religiosa ¢ enraizamento social: festa e devogdo de emigrados em visita 8 comunidade rural de origem” (Miguel Mahfoud). Em 1999, no 3° Seminario de Psicologia e Senso Religioso: a Necessidade e 0 Desejo, realizado em So Paulo, no Centro Universitario Maria Anténia, da Universidade de Sao Paulo, nos dias 22 ¢ 23 de outubro, com © apoio da FAPESP e do CNPq, o GT apresentou um programa integrado ao redor do tema proposto, sob fora de exposigdes € debates. Mauro Amamzzi propos um “Esbogo de teoria do desenvolvimento religioso”, que foi debatido por Gilberto Satta (“Resumo das reflexes a partir de ‘Esbogo de teoria do desenvolvimento religioso’, de Amatuzzi")e por Marilia Acona-Lépez (“Caminhos, pressupostos e didlogos: comentario sobre "Esbogo de teoria-do desenvol- ‘vimento religioso’, de Amatuzzi"), Geraldo José de Paiva apresentou “Psicologia e Senso Religioso: a Necessidade e © Desejo. Modalidades do Desejo”, que foi debatido por Miguel Mahfoud (“Necessidade, Desejo e. Exigéncias: Cultura como ambito de experiéncias”) e por José Paulo Giovanetti (“Psicologia e Senso Religioso: a Necessidade ¢ ‘0 Desejo, Modalidades da Epoca”). Mengio especial deve ser feita 8 iniciativa do GT de trazer ao Seminario o Prof. Antoine Vergote, professor emérito da Katholieke Universiteit te Leuven (Lovaina), um dos principais lideres internacionais em Psicologia da Religiaio, que deu inicio a0 Seminario com a conferéncia “La Nécessité et le Désir de Ja Religion dans optique de la Psychologie” e que fez 0 encerramento com uma apreciagao critica dos trabalhos, Resumos alentados da conferéncia do prof. Vergote, das Comunicagdes dos membros do GT, bem como o texto dos painéis aprovados para exposigdo no Seminirio encontram-se, ja disponiveis no Cadernas de Resumos, de 102 paginas. Por ocasiao do 3° Seminario, o GT ensaiow o encontro do Prof. Vergote com Professores e pés-graduandos interessados em Psicologia da Religido. Assim, no dia 19/10/99 o Prof. Vergote apresentou a pés-graduandos da Psicologia clinica, da PUCSP, o tema “Processos psicolégicos -vergonha e sentimento de culpa-e sentido biblico de pecado”; no dia 20/10/99, 0 tema “A Psicanilise 4 prova da Sublimagio”, a Professores ¢ pds-graduandos em Psicologia Social da USP, no dia 21/10/99, o Prof. Vergote conduziu, no Instituto de Psicologia da USP, um Seminario de pesquisa para mestrandos e doutorandos da USP e da PUCSP que pesquisam temas em Psicologia da Religiéo. Com isso, o GT atendeu ao objetivo de promover os estudos da experiéncia religiosa nos programas de pos-graduagio. Ainda em 1999, na XIX Rewnidio Anual de Psicologia, da Sociedade Brasileira de Psicologia, realizada em ‘Campinas, de 28 a 31 de outubro, o GT apresentou uma Sessdo Coordenada e uma Mesa Redonda. A Sessao Coorde- nada, presidida por Marilia Acona-Lépez Lépeze integrada por Miguel Mabfoud e por orientandos de doutorado de u ute? 2000, Ancona-Lépez, teve como tema “Psicologia e Transcendéncia”, abordado pelos participantes do GT citados respectivamente. como “Alteragdes na vivéncia do espago em experiéncias consideradas transcendemtes” € “Meméria coletiva e religiosidade na Festa do Rosério: um estudo decaso”. A Mesa Redonda, presidida por Gilberto Safa, ¢ integrada por Mauro Amatuzzi e Geraldo J. de Paiva, teve como tema “Perspectivas no Estudo da Experiéncia Religiosa’”, tema abordado pelos participantes respectivamente como “Religiosidade e o acontecer do homem”, “Religido ou Sentido basico da vida” e “Substratos neurolégicos da experiéncia religiosa: a estrutura subjacente a0 desejo”. © historico das realizagdes do Grupo, que inclui, até mesmo para a continuidade e 0 progress do GT, a orientagdo de mestrandos e doutorandos em pesquisas explicitamente voltadas para temas da Psicologia da Religido, comprova, a nosso ver, o pleno atingimerito dos objetivos consignados quando da constituigdo do GT. Assim, o GT entende que sua avaliagao deveria utilizar os recursos tradicionais, quais saiam a participagdo em eventos cientificos na area de Psicologia, a organizagao de eventos especificos em Psicologie e Religido, o intercdmbio nacional e internacional, o ensino na ps-graduagdo, a orientagao de dissertagdes e teses, a produgio bibliografica, Para os préximos dois anos, o GT propde pesquisar a psicologia da identidade religiosa, particularmente a constituigao de singularidades sob a ética da Psicologia e da Religido. Essa perspectiva abrange adequedamente os trabalhos que os membros do GT vém realizando e unifica-os de um ponto de vista relevante para a psicologia, especialmente para a psicologia da personalidade, a psicologia social e a psicologia clinica, Pluralismo e identidade: identidade religiosa psicossocial e pessoal de adeptos brasileiros de ‘novas religides’ japonesas Geraldo José de Paiva Universidade de Sdo Paulo Discute-se a identidade religiosa no contexto ndo de qualquer pluralismo, mas do pluralismo religioso, ou sineretismo. A filiago de brasileiros, catdlicos de nascenga e sem ascendéncia japonesa, a Seicho-no-ié e @ Instituigao Religiosa Perfect Liberty (PL), ‘novas religiées’ japonesas, 6 discutida como processo de transformagio da identidade religiosa tanto no nivel da pertenga grupal como no da organizacio da pessoa singular. As referéncias te6ricas no nivel psicossocial séo a teoria da identidade social de Tajfel e Turner ca teoria da identidade de Stryker; a referéncia tedrica no nivel pessoal sio os conceitos, de inspiragdo lacaniana, de imaginario e simbélico, Os dados, referentes 4 participagdo no culto, sio colhidos por meio de entrevistas semi-estruturadas. Aplicam-se, posteriormente, a uma amostra de adeptos de ambas as ‘novas religides’ algumas escalas relacionadas com a percepedo in/outgroup, autoprototipicalidade e centralidade. Testam-se as hipéteses de que os filiados & Seicho-no- ié sio mais orientados para o proprio grupo e mais autotoprototipicos do que os filiados a Perfect Liberty, e de que os filiados PL tendem a.ealizar maior mudanca religiosa no registrodo simbdlico do que osadeptos da Seicho-no-ié. Praticas profissionais singulares: entre o pluralisma tedrico e 0 eclatismo pragmatico Marilia Ancona-Lopez im Pontificia Universidade Catélica de Sao Paulo O trabalho de orientagao de psicélogos clinicos que desenvolvem suas dissertagdes ¢ teses na interface das reas da Psicologia e da Religio mostra que a aproximagao entre valores religiosos e pratica clinica se da através de ‘movimentos de recortes te6ricos e dere-leituras conceituais que vio se realizando ao longo da vida profissional, sem serem submetidosa andlises rigorosas. Conseqlentemente, os fundamentos da pratica clinica no podem ser explici- tados com clareza, Esta caracteriza-se por um ecletismo pragmitico. A andlise de casos de orientagio mostra que 0 B SHOHCHOHHESNSSOHHHSSSHHSHSHHSHHHHOHHHHHOHHCHHHHSCECEHOR* SOSHOSOHOSHSHSHHSSSHSHSHHROSSHHEOHOOCOOOOOEHOOOOOOOS: AW Sits Sri de Pesquisa lntecinbie Cention clareamento das relagdees estabelecidas entre as reas exige porum lado capacitago conceitual e metodolégicanos dois campos, que suportea construstio de problematizagses ¢ odidlogo com autores, e, por outro, oenfrentamento de resisténcias e preconceitos intemnos e externos que se fazem presentes quando se irata do assunto Religido. Através desses movimentos ¢ possivel transformar 0 ecletismo pragmético em um pluralismo te6rico ¢ integrar uma pratica profissional singular. A orientagdo, assim desenvolvida, adquire conotagdes terapéutcicas ¢ coloce-se no limite entre uma atividade educacional e uma ago clinica. Religido e subjetividade pds-modema José Paulo Giovanetti Universidade Federal de Minas Gerais Oprocesso de seculariza¢o desencadeado na era modema provocou uma reviravolta no papel da religido na vida humana. O homem atual néo tem mais areligido como um principio unificador de sua existéncia, ocupando agora essa um papel secundariono seu dia-a-dia. O mundo modemo vive, hoje, dentro de uma ideologia individualista, isto €,a inspirago de seus atos é movida pela idéia de que o individuo é0 tinico principio e a nica referéncia possivel de ‘sua vida. Hoje, 0 individuo ndo é mais membro de um grupo, a cujas diretrizes se deve submeter; muito pelo contré- tio, ele é referéncia maxima dessa comunidade que se organiza a partir de sua auto-definigdo. A referéacia a algo transcendente nao faz mais parte da vida do homem. O proceso de constituigao de sua subjetividade tem como ponto departida o proprio sujeito que acaba se tomandos tinicareferéncia, A morte de Deus, anunciada por Nietzsche, foi o primeiro passo para a absolutizagao do homem. © panorama contemporfineo cria assim uma infinidade de possibilidades a partir das quais a subjetividade moderna se estrutura, Se, de um lado, temos um valor importante conquistado, que é a diversidade dos impulsos e desejos pessoais, do utro lado temos o perige da fragmentagao desse sujeito diante dessa infinidade de demandas. Dessa forma, nosso trabalho, depois de explicitar a ideologia indivi- dualista do mundo modemo ede caracterizar a subjetividade pés-modema, se debrugard sobre o papel dareligito na vida do homem atual. Talvez diante da perda de referéncias transcendentes, propria dos iltimos séculos, 0 hhomem de hoje tenha mais do que nunca necessidade de encontrar algo que lhe possibilite redimensionarsua vida, ea experiéncia religiosa possa oferecer ao homem de hoje tim elemento de reorganizagio de sua cxisténcia. Analise de depoimentos de histdrias religiosas Mauro Martins Amatuzzi Pontificia Universidade Catélica de Campinas Apresentagao de forma sistematizada de algumas andlises de depoimentos colhidos no contexto da pesquisa em andamento sobre o desenvolvimento religioso e suas relagdes com 0 desenvolvimento pessoal em geral. Serzo apresentados alguns dos 17 depoimentos colhidos e sua respectiva‘andlise.’ Serdo escolhidos depoimentos que ilustrem situagdes diferentes de desenvolvimento. A discussdo abrangera 1) a propria forma da anélise, na verdadé uma leitura fenomenolégica, ¢ 2) sua contribuigdo para a construgdo de uma teoria psicolégica do desenvolvimento religioso. a ‘pee 2000 * Meméria, historia e experiéncia religiosa: morro vermelho tece sua identidade : . Miguel Mahfoud Universidade Federal de Minas Gerais Na busca da compreensio do dinamismo caracteristico das comunidades tradicionais, pesquisa-se o papel da meméria coletiva na estruturagio da identidade pesssoal e comunitaria. Em pesquisa de campo na comunidade rural tradicional de Morro Vermelho, em Caeté, MG, entrevistas de histéria de vida e depoimentos associados a observacao participante possibilitam a leitura fenomenolégica do material coletado, tomado como expresses do vivido. Foi identificada a relagao entre meméria, historia e experiéncia religiosa: o trabalho da memoria pessoal € coletiva faz referéncia a momentos do pasado, mitificando e historicizando aqueles momentos. Por um lado, a meméria coletiva apoia-se em momentos de origem vivenciados como miticos. Assim, 0s sofrimentos de Cristo, na Semana Santa, so tomados como origem, explicagio e fonte de normas comportamentais e morais do presente; a festa de Nossa Senhora de Nazareth, com a celebragao da Cavalhada, faz memdria de sua intervengdona guerra entre moutos ¢ eristios ¢ traz.a potente intervengo de Nossa Senhora para 0 tempo € 0 espago presente. De outro lado, Morto Vermelho conserva nameméria coletivamomentos histéricos importantes para a identidade local, associados a religiosidade: a indulgéncia plendria perpétua concedida por Pio IX, em 1866, ¢ o titulo de nobreza concedido a uma familia do lugar por Pio XI, em 1932. Verifica-se nos sujeitos vivo interesse pela manutencZo das tradi¢Bes religiosas locais como cuidado com a propria identidade e com tragos de carter e de comportamento dos habitantes do lugar. Experiéncia religiosa, consciéncia religiosa e desenvolvimento Gilberto Safra Universidade de Sao Paulo . Com base em V.Solovyov, distingo experiéncia religiosa, pensamento religioso e consciéncia experiéncias da natureza humana distingo ainda o nivel éntico e o psicolégico. As experiéncias énticas dao condi¢aio para ser humano constituir-se ¢ alcangar seu porvir: visitam o individuo sem convite ¢ acontecem sem a intermediago de representagdes. As experiéncias psicoldgicas decorrem do fluxo do desejo acontecido na relagio com 0 outro, ¢ organizam-se em representage, fantasias ¢ simbolos. E no campo das exp. localizo as vivencias religiosas propriamente ditas, que ndo se condicionam 2o processo de desenvolvimento do ser humano. Contudo em determinado momento do processo maturacional as vivéncias religiosas, ao serem compartilhadas com um outro, integram-se as concepgées religiosas que 0 individuo desenvolveu por influéncia das, tradigdes culturais. Enquanto, pois, compartilhadas com um outro, as vivéncias religiosas podem vir a ser representadas, conceituadas ¢ articuladas, levando o individuo a ter concepgdes religiosas que avangam com 0 seu desenvolvimento como ser humano. Aparece ai a consciéncia religiosa 30

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