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MARIA LEONOR LEIfE VIEIRA , A SUSPENSAO DA EXIGIBILIDADE DO CREDITO TRIBUTARIO [pwuzmical SAO PAULO - 1:97 oer 2 A Stseensto 08 Exouosse 90 Créomo TeavrAno! O vineulo, substanciado no langamento, perdura, vive, até en= ccontrar seu término com uma das f6rmulas estipuladas no art, 156 do CIN, enquanto isto no ocorre, na plena vigéncia do vineulo, algu- ‘mas situagées - se acontecidas - t8m a fungo de sustar a exigibil dade do crédito isto 6, de suspender a possibilidade de ser o crédito exigido, cobrado judicial mente, E Roque Carrazza quem ensina: “A exigibilidade do crédito tributdrio poderd ser suspensa, isto 6, ter sua eficdcia temporariamente paralisada, por atos ou fatos juridicos previstos em lei”, para concluir mais adiante que “depois de exigivel o tributo nada que surja, um ato ou fato novo, prestigiado pelo direito, que impede que a Fazenda Publica efetue a cobranea tributéria, mas to-somente a exigibilidade do crédito tributério™”. Exigido, neste contexto, deve ser entendido no sentido que a processualistica Ihe empresta: aciondvel, ajuizdvel, execurdvel. Incumbe, a partir desta parte, analisar, uma a uma, as formas de suspensio, de sustagdo, do direito de exigir que a Fazenda Pabli- ca detinha desde 0 nascimento da obrigacio tributéria. Para tanto, Passemos ao tépico que ocupar a atengéo e que &omiclea dest tra? 29 "i" "Dépasito do montane itera do ert tbo” «Ars 151, 1. doCTN €38. ig wibadio™- Ant. 151, do CTN 38 Lei das Bxecugbes Fis. Garanta em éinheito,Poribilidade juriica de sea substi 20", Revista de Proceso - RT, vol, 65.48 5. A Suspensio da Exigibilidade do Crédito Tributario 0 Cédigo Tributério Nacional, nos arts. 151 a 155, cuidow das hipéteses de “suspensio do crédito tributdrio” sem atinar para a erronia cometida, Na verdade suspende, tlo-somente e a rigor, @ pos- sibilidade de ser ele exigido € nfo o préprio crédito; ele, como vimos. de ver, permanece intocével, ileso, rstomando sua marcha regular apés a sustagio do impedimento e s6 st-extinguindo por uma daquelas hip6teses arroladas no art 156, do mesmo diploma legal Estabelece o art. 151, menc:onado: “Suspendem a exigibilidade do crédito tributério: I-a moratéria; IL-0 depésito de seu montaate integral; IIT - as reclamazées ¢ os recursos, nos termos das leis re- guladoras do proceso tributério administrativo; TV - aconcessi de medida liminar em mandado de segu- ranga, . Pardgrafo tnico - O disposto neste artigo néo dispensa 0 cumprimento das obrigagdus acessérias dependentes da obrigagio principal cujo cré: ito seja suspenso, ou dela con- seqientes". Como se vé, embora o titulo do Capitulo IIf pratique a erronia comentada, 0 “caput” do art. 151 reve a situagio, adequando-o a rea- Jidade, e detimitando tratar-se de chit sula de suspensio da exigibi- lidade. A evidéncia, a suspensio do crédito tributario consiste na sustago tempordirin dos stos atinente::A obrigagao “principal”, sem dispensar 0 sujeito passivo das charradas “obrigagGes acessGrias” (deveres instruments) que dependem ou sejam consequentes daque- Ja cujo crédito esteja suspenso Em geral, a suspenitio la exigibilidade do crédito opera-se por iniciativa do sujeito passivo da obrigaciio tributiria, seja quando efe- 1a 0 depésito do montante integral slo tributo - para eximir-se da io monetéria (a) soja quando « presenta razbes de defesa da exigéncia efou recorre para a i 1 superior (b) ou, aind do bate 2s portas do Poder Judie querer Med “ A Suertseio 04 Excauonce oo Caton TeavtANo em Mandado de Seguranga cont-a decisfo da autoridade administra~ tiva que esté a Ihe exigit 0 pagamento de determinado crédito tribu~ trio (c), ou, mesmo, quando requer o favor da moratoria (d). De qualquer modo, enquanto nao solucionada a pendenga, ‘erédito permanece incélume, ileso, pois que pendurado em uma das algas, em um dos obsticulos arrclados no art. 151 transcrito; somente ‘ap6s 0 rompimento daquele estorvo, daquele embarago ou daquela barreira, estard o sujeito ativo livre para, de imediato, na forma de- signada pelo legislador, ajuizar 0 “quantum” a que tem direito, 8.1, Da Moratéria 0 instituto da moratéria -elencado no item I, do art. 151 = no provocou, até esta parte, grandes discussdes da doutrina, Resume-se em ser adilagao, 0 adiamento, a demora, a procrastinagdo do prazo cestipulado para o pagamento do crédito ou para o implemento da p tagio, convencionado pelas partes que o podem fazer para o cumpri- ‘mento de uma s6 vez ou de maneira parcelada. O termo significa, tlo- 86, prorrogacdo do prazo para pagamento ou, como no verbete cons- tante do “Dicionario Escolar da Lingua Portuguesa” ““moritéria - dilagdo de prazo concedida pelo credor ao de- vedor para pagamento de uma divida”™. No Direito Tributério, a moratéria deve obediéncia aos prima- dos da legalidade e a0 da indisponibilidade dos bens puiblicos em raziio de a matéria necessitar de autorizagdo da lei, conformie deixa assente, em obediéncia ao Texto Supremo, o art. 152 do CTN que pede transcrigho: “152 - A morat6ria somente pode ser concedida: I~ em cardter geral: a) pela pessoa juridica de direito publico competente para instituir 0 tributo a que se refira”, portanto, por ato do Poder Legislativo especifico, da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municfpios. “b) pela Unitio, quanto a tributos de competéncia dos Es- tados, do Distrito Federal ou dos muniefpios, quando simul- taneamente concedida quanto aos tributos de competénci federal e as obrigagdes.de direito privado”. ‘A moratéria é, pois, a concessio legal de um perfodo de tole- rincia para o exercicio da exigéncia da divida, Nesse caso, o credor 30 ciondvo Excolat do Lingus Ponuges - Pranciseo da Silveira Bueno - Minstério dx Edvsngdoe Cultara 7" edgdo- p. 831 Manis Leowor Ler Yi = sujeito ativo - niia tem agiio, no sentido genérico do termo, contra fo devedor, nfo the podendo protestar o cxéito. Como ensina Aliomar Baleeiro “a exigibilidade de seu crédito juz em ponto morto, ainda que fluam, ot nio, os jros” Com efeito, a moratiria decorte da necessidade de tender raabes de ordem geral ou individual ao verificarem-se fatos que, pe- Jas consequéncins na vida social e econimica, impéer a dilagio de prazos que normalmente estio provistos na legislagio para cumpri- mento das obrigagdes assumidas, ens sjcdoras do crédito tributirio. S.).1, Moratéria « parcelamento, tre sugiio ¢ novagdo ‘Autores hd que enxergum na n cratéria, ow mesmo no parce: Jamento de dividas tributdrias ou, tind, na transagio (Forma extintiva do crédito - art, 156 do CTN) a vestin enta da “nowagéin™” sem aten tar, todavia, para as earacteristicas bitvieas desta entidade do Direita Civil que ndo pode ser trazida para 0 Ambito clo Direito Tributirio pelas proprias qualidades individvalizantes ca obrigagiotributaria fem assim de svu objeto - 0 crédito (que com ela nasce ¢ se extin- ‘gue; desaparecido 0 crédito decompe sta estard a obrigagio tribut ria) e cla, por razSes jé expostas, tem ict! nascimento, sua vida ¢ sua textingilo determinadas pela lei de regincia, de maneira precisa, cla- ra, perempt6ria, exaustiva ¢ rigida. 1, ali, onde estio arrolndas as modalidades de extingiio do crédito tributdrio (art. 156) nao hit men {Glo a tl figura; nem poderia haver, re vta-se. Em verdade, a novagio E simultanvamente causa extintiva e geradora de obrigagbes, Ci6vis Bevilacqua & enfitico ao dizer: "A novagiio & a conversio d2uma divida por outea para ex- tinguir a primeira”! ou, ainda, “a novagiio € a extingiio cle uma obrigagfo pela criago de ‘uma obrigagio nova, destinada a substituf-la"™ Impende coneluir, s6 por af, qe de “novatio” ndo se cuida, B se hi necessidade de bem sopesar 6 tema, socorramo-nos dali da professora de Direito Civil da Universidade Cat6lica de So Pau- Jo, Maria Helena Diniz “Contudo, sera desnecessé io, como nos ensina Washing- ton de Barros Monteiro, a exteriorizagio da intengio de 21 "Comentrios a0 Cédigo Civil = Vol 4 i, Saniseo Alves 1985. p. 187 32 “Apu Maria Helena Dia» Cues de Dirin Civ ei - 9-236 2 A Susrevsto on Enciuotoe 09 Catora Taurén novar pot meio de palavras sacramentais ou f6rmulas pré~ determinadas; apenas se requer que tal fnimo resulte de maneira clara, sem que haja possibilidade de impugnagao. Se a intengiio de novar nao se revelar claramente, dever-se- {entender que as partes quiseram tio-somente confirmar 0 negécio anteriormente feito, sem alterd-lo. A doutrina nao aos fornece nenhum critério seguro que possibilite a iden- tifieago do ‘animus novandi’, de forma que a intengio de novar ter de ser investigada em cada caso, atendendo-se as suas peculiaridades. Todavia, de um modo geral haveré alguma possibilidade de se afirmar que quando 0 &nimo de novar no estiver expresso, ele estard presente sempre que houver incompatibilidade entre a antiga e a nova obrigagae Assim, nfo se terd a intencio de novar quando: a) se adi- cionarem A obrigagdo novas garantias (RT, 479:57, 436:121), como, por exemplo, a pactuagiio de uma garan- tia hipotecéria que nfo atinge, de modé algum, a esséncia da obrigagdo; b) se debate prego (RF 93:239); c) se conce- dem maiores facilidades de pagamento (RF 160:163, RT 382:174, 394:311,.496:168); se dilata ou prorroga o pra- 20 do vencimento (RT 487:214, RF 22:163); e) se reduz 0 montante da divida (RT 143:645, 485, 51)” » (grifo poste- tior). Caio Mario da Silva Pereira, por outra parte, ensina que “nunea se presume a novagiio, pois o contrario dissonaria. de sua natureza extintiva do vinculo, devendo resultar sem- pte da vontade das partes, O que se faculta é, tiio-somente, a apuragio desta vontade, aceitar-se, a par da declaragiio explicita, a claramente dedutfvel dos termos da nova”™. A fungo essencial, pade-se dizer, da novagéo & extinguir, de maneira automiética, a obrigagio antiga, libertando o devedor daquele vinculo, e, nesse sentido, é bilateral, embora nZio chegue a se reves- tir das caracterfsticas de um contrato, em seu sentido técnico, B bem verdade que o Direito Tributério, na auséncia de dispo- sigdo expressa, permite que os princfpios gerais de direito privado lizados para pesquisa da definigo, do contetido ¢ do alcance. de seus institutos, conceitos e formas; & verdade, também, que ele no [33 "Curso de Dict Civil Brasileiro” et» pp. 2367237, 234 “Insiigdes de Direito Civil" 2 eigdo = Foren - vol, «1993 =. 161 Mana tsovon Ler Vian #8 autoriza, por outro lado, que sejam eles utilizaclos para definiglo dos efeitos tributérios e pretender explicar pelo instituto da novagio - ¢ pelas conseqtiéncias dali advindas - as figuras juricicas antes men- cionadas (moratéria e transagdio) seria extrapotar 0 campo de atu ¢i9, provocando, quig4, entendimento enganoso, com sérias c qiigncias para a exigibilidade do erédito, ‘A erronia talvez tenha sido cometida pelos dcutrinadores bra- sileiros embasados nas ligcs de Hector Villegas, da escola argenti- na de Direito Tributério, que, analisamlo as formas extintivas do cré- dito tributério naquele pats, esclarecev que, no caso de dividas tribu- térias no pagas em scu devido tempc, podem elas ser extintas me- diante 0 submetimento do devedor io regime de “regularizagio patrimonial” “Quando se produz o fendmeno”, diz ele, “os devedores de claram seus gravames omitidos e sobre tais montantes se aplica uma aliguota reduzida, da qual surge uma divida ti butdria inferior & origindria, se tivesse sido cumprida no tempo ¢ na forma devidos. Surge, entio, uma nova divida para com 0 fisco, cujo montante depencter’ da aliquota q vier a ser fixada sobre os mentantes impositivos omiticos. Produz-se, entio, o que pars o dirvita civil & a causa ex tintiva denominada novagdo, e que consiste na transforma. o gio de uma obrigagio em ontra, 0 que vem a significar a Substituigio de uma obrigag’ 0 por outra diferente, a0 mes. ‘mo tempo em que fiea extirta a primeira, Nio ha divi quanto 8 extingao da origindria obrigagdo substancialtribu- tia, porquanto, em seu luga, aparece outra obrigagio cl ramente diferencidvel, nada menos que par seu objeto, que passa a ser um tributo de menor mont Nao & possivel conceber-se, portanto, a utilizagto d da novagdo no rol das chiusulas que definem a existéncia ou a extingo de crédito de indole tributdri, sopesados que estiio nos li mites constitucionais, sobretudo no prinefpio da supremacia do in- teresse piiblico, que exalta a superior dade dos interesses coletivos sobre 0s do individuo, e um valioso “nstrumento para coordenar as atividades sociais; postulado essencia para a compreensao do regi: ime juridico-administrativo, bem assim, no principio da indispo nibilidade dos interesses piblicos que, segundo a ihistre Professora do institato 35 “Cuno de Dito Titutro" EA, RT- Slo Pann Tra de Rogue A-Carrrza 1980, dda Universidade Cat6lica de Sao Paulo, Lucia Valle Figueitedo, tra- duz-se “n’aquele interesse que deve ser curado com prevaléncia e, para tanto, com a sutorga de titularidade de poder & Admi- nistragio, e cujo contetido reflete prerrogativas especiais” eque “somente a andlise exaustiva do ordenamento faré aflorar quais os interesses piblicos que devem ser perseguidos pela Administracdo, bem como seus graus, este ou aguele regi- me juridico"™ O titular do érgio administrativo incumbido de representar os interesses piiblicos ndo tem poder de disposigdo, havendo de geti-los nna mais estreita conformidade do que preceitua a lei Paulo de Barros Carvalho assinala, a propésito: ““A disponibilidade dos interesses piblicos estd permanen- temente retida no ambito do Estado, que a manipula de mo- do soberano, exertitando sua fungao legislativa. Corolério desse princ{pio, no terreno dos tributos, é a preméncia ab- soluta de lei, em toda a circunstincia em que ao adminis- trador tributdrio cabe remitir débitos,transigir,efetuar com- pensagées ou lidar, de algum modo, com a titularidade de bens ou interesses do Erério"”. Tudo isto porque o Direito Tributério esté intimamente atre~ lado ao principio da vinculabilidade da tributacdo, jé que a atuagio administrativa, neste setor, est pautada por uma estrita vin- culabilidade aos termos da ‘ei ¢ liberar 0 sujeito passivo do cum ‘mento de suas obrigagdes, anteriormente assumidas, para, em seu proveito, fazer nascer nova obrigagio, ou novas.obrigagées ¢ novo crédito, foge as fronteiras do Administrador, a ndo ser em situagdes especificamente determinacas pela lei (remiss e anistia). ‘Transpondo estes ensinaniientos, gue enedntram assento no * Direito Civil e que até podem ser trazidos aos lindes do Direito Tri- butdrio, nos moldes dos arts. 109 ¢ 110 do Cédigo Tributério Nacio- nal, podemos concluir, com Paulo de Barros Carvalho que “qualquer hip6tese extintiva da relagiio obrigacional que possamos aventar estard contida, inexoravelmente, num dos cinco itens que enumeramos. Carece de possibilidade légica 36 “Curso e Direito Adminis 37 “Curso de Divito Tribus Jo itp 35, et 7.97 imaginar uma sext: solugtio, fisionomia basica da existéncia de um vineulo de tal na reza"™ Antes, houvera 0 ilustre professor paulista decomposto a cextingio da figura obrigacionat dentre das soguintes possibilidades: *y) pelo desaparecimento de sujeito ativo; }) pelo desaparecimento do sujcito passivo; ¢) pelo desaparecimento do 2bjeto @) pelo desaparecimento do stireito subjetivo de q lar o sujeito pretensor, que cquivale desnparigl dito; ¢) pelo desaparceimento do clever jurid jeito passivo, que equivale & desaparigio do ds s@ estas silo as manciras de se extinguir a relago obi gacional a que adstritos os sujeitos ativo e passivo, faci € conctuir, também por este caminho, que ox prirefpios que norteiam 0 Direito Tributério néo deixam espago para a figura da novagda, Aqui, na tri- tha do Direito Tributario, ie $2 Fakir em crédito e obrigagiio, seniio naquelas nascidas com a ocorrinci do fato imponfvel (Fato Jurtdieo tributério), suspenscs nas consigoes eleneadas © extintos pe ‘uma das modalidades estipaladas na lei de regéncia. Em qualquer uma das hipéteses arroladasno art, 15, o crédito permanece penden- te de solugio, subsiste inediume c es:e obsticulo rompico dard, de imediato, ensejo & exigibilidade por p ute do sujeito pretensor, 0 su- jeito ativo, . ‘A moratéria pode, também, ser concedida em cariter “indivie dual”, por despacho da autoridade ad-ninistrativa, desde que autori- zada por lei nas concligdes estipuladlas para aquela concedida em ca riter geral, quais sejam: a) tei editada pela pessoa de direito piblico competent para insttuiro tributo a que se reir b} pela Unido quan- toa tributos de competéncia dos Estavlos, do Distrito Federal ou dos Municfpios, quando simultaneamente concedida a tributos federais 2s obrigagées de cardter privado. Com efeito, mesmo se consentida em cardter individual, ou seja, para aguele contribuinte que a houver requerido, haverd que obececer a privisio contida na lei que tiver autorizado stia concessti. ‘A lei que consentir « morat6ris, todavia, pode detimitar,¢ pressamente, a sua aplicabilidade a determinada regio do tervitério 38 "Curso de Direito Tibi itp. 298 39 "Cso de Direito Tbui" cit 7-298 de que é titu do cré- 10 cometido ao su w. A Sueprete na Fncnsinan no Cara da pessoa jurfdica de direito publico competente que a expedir, a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos, Diversos so 0s requisitos estipulados ao legislador ordindrio para a concessao do beneficio. Estdo eles arrolados no art. 153, quais sejam: = 0 prazo de duragio do beneficio; +08 tributos a que se aplic = 0 mimero de prestagées e seus vencimentos; as condigdes necessérias para seu gozo e as garantias que devem ser fomecidas pelo panicular interessado na wilizagio. Prescreve, ainda, oCTN, que amoratéria, ani ser emcaso de disposigdoem contrério da lei especifica que. institu, somenteabran- g¢ 08 ctéditos definitivamente "constitufdos” (formalizados, langa- dos) a data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo langamento Jé tenha sido iniciado, naquela data, por ato regularmente noticiado 40 sujeito passivo, ou, no caso de “langamento por homologacio” ~ nos termos do ait, 150, do mesmo diploma legal - que tenha sido, de alguma maneira, oferecido 3 tributagdo. $6 assim se pode entender, em sua inteireza, aquele dispositivo, pois que, em tal hipétese, 0 su- Jeito passivo temo deverde anteciparo pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa e esta, tomando conhecimento da ativi dade exercida pelo obrigado, expressamente a homologa, dentro da- quele intertegno estipulado no pardgrafo 4°, do mesmo artigo. Todavia, aquele sujeito passivo que tiver agido com dolo, frau- de ou simulagiio, em proveito proprio ou de terceiro, no poderd uti- Tizar-se do favor fiscal. Como se v8, a lei complementar - que tem por incumbéncia “dispor sobré conflitos de competéncia, em matéria tri- butéria, entre a Unifio, os Estados, 0 Distrito Federal e os Munict- pios; regular as limitagbes constitucionais 20 poder de tributar, além de estabelecer normas gerais em matéria tributéria” (art. 146 da CF) = tragon todas as caracteristicas da moratéria, deseendo a pormeno- res, pouco deixando ao legislador ordindrio no uso de sua competén- cia specifica, o que, se de certa maneira limita o legislador ordiné- rio, por outro prisma, acentua o cardter de exaustividade e rigidez do sistema tributério, delineando todas as regras para limitar o campo de attiagio do legislador federal, estadual ou municipal, até mesmo em obediéncia a0 principio da igualdade, insculpido no art. 5°, inciso I, do Texto maior. De outra parte, o CTN estabelece, ainda, que a concessio da ‘moratéria em,cunho individual nao gera direito adquirido, e poder mais satisfaz ou deixou de satisfazer as condigdes estipa! cumpriu ou deixou de cumprir os requisitos pelos quais 0 beneficio foi concedido, podendo a autoridade competente passar a cobrar a totalidade: 0 crédito remanescente acre scido de juros de mora ¢ de penalidade, se o sujeito passivo tiver a ido com doto ot simulagio ou de terceiro em beneficio seu e, af, rortanto, haverd solugtio de continuidade da suspensio da exigibil dade do crédito. Tais casos podem ocorrer, por exemplo, se o sujeito passivo deixar de pagar pontualmente suas obrigagdes ou s¢ 0 findor do devedor tornar-se insolvente, sem que seja substituido po iniciativa do devedor. Como se vé, a revogagiio da moratéria ~ mesmo aquela con- cedida em caréter individual - exige motivagio como, ali, qualquer ato administrativo, jf que esti ela condicionada 4 apuragio da inadimpléneia por parte do devedor nas ondigdes mencionadas. Niio fosse assim ¢ estar-se-in atentando cont 2 0 direito do administrado Acexpressiio "sempre qu e", por dbvio, de perempt6ria, exi ge tal motivagio. O procedimento do ec ntribuinte, contrério ao pac tuado, deverd ser comprovado. A lei tributaria também stabelece que nfio poder ser com= putados, para efeito de prescrisio do direito de cobrar o crédito, © tempo decorrido entre a data da conce:sio da moratéria ¢ a de sun revogacio, se esta tiver por causa qualquer dos motivos justificados de penalidade (nos casos de doto ou sim lagZo do beneficiado, ov de terceiro em beneficio daquele). Ao contririo, se 0 ato revogat6rio ver assentado em qualquer outra razio a revogago somente po- derd ser baixada antes de prescrito o relerido direito. Por tudo quanto se expds é de corchuir que, no Brasil, o parce Jamento concedido para pagamento da raaioria dos tributos, reveste- se das caracteristicas de moratéria. E, realmente, outra figura nao &, J que, durante sua vigncia, suspensa estard a exigibilidade do crédi- to, € conferido por lei que autoriza a autoridade administrativa com- petente a concedé-Ic;& dilagio de prazo: é concedido por prazo certo, 5.2. Do Depésito do Montante Integral No inciso I, do art. 151, do CTH encontra-se arrolada outra modalidade de suspensio da exigibilidase do crédito tribuldrio, qual seja, 0 depésito do seu montante integral, que hii de ser efetuado acrescido dos encargos moratérios (pel mora, demora) e da corre- ‘fo monetdria devidos até a data de sua efetivagio, 6 A Susensio on Entcauoroe 99 Crforo TasurAno A questio parece simples, 0 que tem inibido a doutrina dela cuidar com maior esmero; todavia, hoje os intimeros desdobramen tos que se tém apresentado esto a exigir mais e maior reflexao. Hé que ponderar-se, de inicio, que o dep6sito de que fala o CTNE vohintério, pois que, de outro modo, estar-se-ia ferindo 0 Tex- to Constitucional, especialmente aquele principio que garante a tini- versalidade de jurisdigao, que, esté gravadg no art. 5°, XXXV, do Texto Constitucional: - . “A lei nfo excluird da apreciagio do Poder'Judicidrio lestin ou ameaga a direito Jf que, somente a0 Poder Judicifrio incumbe decidir qualquer maté- tia em caréter de definitividade, além de fazer “coisa julgada”. Q “depésito” aqui discutido pode ser promovido pelo sujeito passivo, quer antecedendo (preparatério) a procedimento adminis- trativo ou processo judicial, quer no decorrer de seu andamento (incidental). No primeiro caso tem por escopo barraro fluxo da cor- regio monetdria, tendo em vista a desvalorizagio da moeda, em re- gime econémico onde atua 0 problema inflacionério, tio comum e avassalador.nos dias que correm, No segundo, além de prevenir a corrosio inflacionéria, ainda impede o ajuizamento da agao de exe cugiio fiscal por parte da Fazenda Publica. A doutrina ou a legislagao ordindtia dele nfo cuidou, o que tem levado juizes ¢ advogados a discutir 0 assunto, « cada momento em que surge, dentro das circunstincias de cada caso, sem que se possa considerar como questo pacffica, que nio enseja desdobres consti- tucionais, Ao contrério, esbarra neles a cada instante. Muito jé se discutiv acerca da inconstitucionalidade da exigén- cia do depésito para que o sujeito passivo pudesse exercer 0 sett di- reito de recorrer As esferas administrativas ou judictérias, contra de- cisdes que entendia lesivas a seus interesses e direitos. O depésito, perante a esfera administrativa, hoje tem sido re- gulado por normas internas provocadas pelos sujeitos passivos que pretendiam discutir os langamentos efetuados, porém sem os riscos de ver sua divida avolumar-se a cada dia, corrofda pela desvaloriza- go e assim a providéncia continua incomum ja que nao é de interesse do administrado comprometer ou reduzir o capital de giro, a ndo ser em casos excepcionais quando requer & autoridade administrativa a autorizagdo para fazé-lo ou a informa, tornando o depésito vineula- do ao processo administrative em curso, 4“ 5.21. Depésito incidental ou preparate ria Como preparatdrio ou incidenta" em processo judicial, as di- ficuldades tém surgido e sido sinadas inalogicamente a outros co- mandos do Cédigo de Processo Civil, pois que, para alguns, exige a propositura de agic cautelar e, mesmo a auitorizagio judicial; utros- se é Faculdade do sujeito passivo - 0 juiz. nao pode interferie tna sua realizagio, tem a incumbéncia, apenas, de vincular aos autos e noticiar a Fazenda Piblica acerca da suspensfio da eaigibilidede, seja sticessivo ou no (quando uma s6 agao for proposta mas diver- sas forem as parcelas devidas e cujo vencimento seja mensal ou fracionado)e, ainda, em que momento st deve executar a decisio que determina a conversio do depSsito em ienda da Fazenda Piiblica "Sens{vel a toda esta preblemstic:, o Poder Judiciirio vem to- mando providéncias que, a par de asses urar o livre acesso do suijei- to passivo que se sente lesado, ov na imingncia de sé-lo, facilita -€ acelera - 0 andamento de processos, como & ¢ caso da Resolugio 58, da Justiga Federal em Sfo Paulo, que determina: ™Os depésitos voluntérios fact liativos destinados & suspen- slo da exigibilidade do erédi o tributtrio e assemelhados previstos pelo art. 151, 11,do CTN, combinado com o art. 1P, II, do Decreto-lei a? 1.737 de 30 de dezembro de 1979, bem como aqueles de que trat 0 art. 38 da Lei n® 6.830/80, serio feitos independentemente de autorizagio judicial, diretamente na Caixa Econémica Federal que fomeceré aos interessados guias especificas para este fim, em conta 8 or dem do Jufzo por onde tramitar o respective process. Pardgrafo nico - Efetuado 0 dep6sito a Caixa Econdmica Federal encarinhari eépias da guia respectiva ao dro responsavel pela arecadagio Jo crédito ¢ ao Juiz a dispo- siglo do qual ‘0 realizado. ‘Ad. 2°- Os den6sitos sucessivas relativos a um mesmo pro- ‘ees50 serio feitos na mesma zonta do primeiro depésito e antes () [Ait. 4° - Apés transitar em julgado a sentenga que aprecie a questo 2 qual se relaciona 0 depésito, o Juiz autorizara a Caixa Econémica Federal o seu levantamento em favor da parte ou determinard a sta converstio em renda da parte contréria, conforme 0 caso, Gay" 50 A Susroisto o4 Encewoace 00 Cxtoro Tneurdeio Por af se v8 que a questdo tem provocado providéncias & mar- gem da legislagio e& margem, também, da doutrina e, por isto, des- pertado problemas processuais de gtavidade vitanda, como, por exemplo, nos casos de compensagdo de eréditos, autorizados pela Lein® 8.383/91 5.2.2. Depésita parcial (possiilidade e efeitos) © depésito, segundo a redago constante do ifciso Il, do art 151 do CTN, hayerd de ser integral, e esta totalidade - segundo a doutrina - refere-se no valor que a Fazenda Publica entende devido cenio aquele valor que o sujeito passivo entende ser seu débito, Me- Ihor dizendo, se 0 contribuinte - sujeito passivo - est sendo cobra- do em "X" e entends lesiva a exigéncia, mas concorda com a cobran- a de "X-1" e deposita tal valor perante o Poder Judicifrio para dis- cutir, em exemplo armado ao propésito, a inconstitucionalidade ou a legalidade da pretensfo, é de se perguntar: pode a Fazenda Pabli- cca nffo reconhecer a suspensio da exigibilidade do erédito e propor execugio fiscal pela totalidade, jf que © sujeito passive depositou ‘apenas parte dela? (Caso do Finsocial e de ContribuigSes Sociais) Entendo que nfo pode a Fazenda Publica, no easo proposto, propor execugdo fiscal para exigir o pagamento da totalidade que compreende devida (no Finsocial -aliquota de 2%, quando o STF jé entendeu, em alguns casos, que a alfquota a ser aplicada é de 0,5%). (O que pode 6 ela propor a agao para cobrar a diferenga entre "X" "XI", pois que, se a aco proposta pelo sujeito passivo, no caso 0 autor, for julgada improcedente, aquele depdsito seré convertido em renda e satisfeito 0 crédito em sua totalidade, somando-se os dois valores - de um e outro processo. Nao sendo assim, e que efeito pro- duz o depésito a nfo ser a suspensio da exigibilidade se, a0 depois, ele nao serd convertido em renda, j& que na outra ago (nia execugo fiscal), teve bens penhorados que cobriam todo 0 débito? © Direito - especialmente 0 Tributério - coma rigidez de seus, prinefpios, nflo dé guarida a interpretacdes ampliativas ov restritivas de direitos individuais; quando o faz jé’determina, de-logo, todas as suas balizas; bem por isso, a Fazenda somente pode propor Execu- ‘sdo Fiscal da diferenca entre 0 depésito e o valor do erédito tributd- rio que entende devido. Pequends comehtirios, qui e aoolé na dou-* trina, permitem entrever que, néstes casos, poder-se-ia aceitar, am- bbém, que o sujeito passivo fosse intimado a depositar a diferenga para nfo sofrer a execugio fiscal. Mann Leovon Lene Viewma st Interessante 6 abrir espago para nalisar, com maior detenca, ‘0 caso do Finsocial eitado (ages ainda rao definitivamente julgadas fem que dispares sio as situagdes em que se encontram os sujeitos passivos): 4) contribuintes que recolheram com 2% de alfquota e, agora, pedem, no Judicifrio, o reconhecimento de inconstitucionalidade da cia ¢ a restituigio de 1.3%, uma vez que a alfquota foi modi- ficada sem atinéncia a seus pressupostos;, ») conteibuintes cue propuseram *g6es (declaratérias, manda dos de seguranga) e, em antecedéncia A acito principal - ou no curso. dela - efetuaram o depésito de 2% e, ac depois de decis6es no STF que reconheceu a ilegitimidade da exig¢ ncia naquela base, acatanco 2 alfquota de 0,5% (pam os casos especificos) e pediram o Jevanta- mento (ou, mesmo, a compensagio de gue fala a Lei n° 8.383/91) € ccontinuam a discussio pelo depésito de 0,5%: <¢) contribuintes que nacia recolhe 1m e esperam a ago do Fis- co para as providéncias cabiveis (discussio administrativa ou Exe- cugio Fiscal (penhora e embargos), cor forme a etapa em que o cré- dito se encontra E de se ropetir, aqui, portanto, a pergunta: no caso do itera b acima, se ja langado o débito, pode o Fisco propor a Execugdo Fis- cal - uma vez que entende devido 0 Fin‘ocial com a aliquota de 2%, pela totalidade do erédito, se 0 depositado corresponde a 05% de aliquota e, por conseqiiéncia, consttanger © sujeito passive a ter penhorados os bers que bastem & execugiio quando parte desse débito esté depositado sob a guarda do Poder Judicisrio e transfor- rmar-seeii em renda (nos termos do art. 1$6) se decidida favoravelmen- te A Fazenda? Entendo que nfo, pois qt, assim, estar-se-ia cobran- do crédito maior que 0 devido, pois qu ele surgi no momento em {que ocorreu 0 fato imgonivel do tribut>, dentro dos pardimetros ali estatufdos e com a aliquota vigente & época ¢ a Fazenda Pablica ja teré o crédito inteiramente satisfeito quando vencedora em ambas as causas. De duas, uma: ou 0 crédito tributrio ser nila, se ganha a causa pelo sujeito passivo que tera o direito, imediato, de levantar valor depositado ov o crédito sera satisfeito com a converstio do de- pésito em renda - se-o depositante com isto concardar -, nos termos do art, 156 do CTN e que serd, mais adiante, examinado com maior detenga, ‘Como se vé, 0 sujeito passivo - contribuinte - devedor do tri buto - tem direito ao depésito, isto é, a medidu independe de qualquer 2 {A Susrevsho on Encmuane oo Catora Taovréno providéncia administrativa ou judicifria; 6 de seu exclusivo interes- se a suspenstio da exigibilidade, por esta forma, e, por conseguinte, nao pode ficar A merc8 de decisGes a tal respeito. Se assim fosse, poderia o juiz negar 0 depésito ou o efeito conseqilente: a suspensio da exigibilidade? N&o, responderia, categoricamente, a doutrina ¢ ‘maciga jurisprudéncia, uma vez que o comando irradiado da lei per iti que ele'(o sujeito passivo) o fizesse para resguardar-se da co- branga executiva, enquanto pendente de julgamento. ‘Ao fim da discussio, nos autos do processo onde foi efetuado © depésito, como preparatério ou incidental, 0 crédito retoma sua forma coercitiva padendo ser transformado em renda para a Fazen- da Publica, pessoa de direito pilblico interno que estava sendo deman- dada, ou colocado A disposigao do sujeito passivo, no caso, 0 depositante, Com efeito, 0 crédito permaneceu incélume até 0 transito em julgado da ago proposta. Nao sofreu nenhuma modificayao, apenas foi atualizado pela incidéncia da corregfio monetaria ¢ dos juros moratérios, que nada mais so do que meta acomodacio do valor 20 ‘momento da extingfio daquele crédito, o que difere, frontalmente, da ‘garantia - quando se faz a penhora para garanti 0 credor - que con- Siste, ao lado da obrigacio, no estabelecimento de uma nova relagao juridica, com condigées préprias de existéncia, mas a ela unida pelo ‘valor patrimonial da prestago que contém, que alarga 0 objeto so- bore o qual hé de exercer-se 0 diteito do eredor, ou dat-Ihe estabili- dade, dar-the protegio, seguranga. ‘A suspensiio da exigibilidade decorre, automaticamente, por- tanto, da efetivagio do depésito € ndo de decisto judicial que o au- torize; € conseqiiéncia do simples depésito, da conduta tinica do su- jeito passivo, do “animus” demonstrado por ele, tudo na conformi- ‘dade do que dispSe 0 inciso II, do art. 151 do Cédigo Tributsrio Na- cional 5.2.3, Depésito e mandado de seguranga No émbito do Mandado de Seguranga, todavia, tem'sido fre- Giiente a exigéneia de depésito como condigao para a concessio de Medida Liminar, o que representa erronia sobremods alarmante, fla- srante, jf que fere, de morte o principio da universalidade de juris- digdo, insculpido no art. 5°, XXXV, da Constituiglo Federal, jétrans- crito péginas atrés, A necessidade - e obrigatoriedade - de se promo- ver 0 depésito é um empeco que tolhe o sujeito passivo interessado, Mana Leowon Ler Vina 52 desencorajando-o de predicar a defesa dos seus legitimos di ‘Além do mais, nfo ofende em nada, ni:m prejudica a Fazenda Pabli- ca, porquanto, se nfo hé cldusula de suspensiio da exigibilidade sen- do exercida, nada a impede de ingressar com ago de execucio fis- cal, agora garantida pela penhiora de bens do devedor. 5.2.4, Depésito e execugéo fiscal Por outra parte: se suspensa a exigibilidade e, mesmo assim, a Fazenda Pablica promove a proposit sra de Execugio Fiscal - igno- rando 0 depésito - para constranger 0 sujeito passivo a saldar 0 cré- dito, a providéncia a ser tomada circunscreve-se & determinagio do arquivamento do processo; se tiver cor heeimento do depésito,o Juiz deverd determiné-1o no primeiro momanto indeferindo a petigao ini- cial, fundamentando-se no préprio de>6sito, Se tomar conhecimen- to do depésito posteriormente 2 citagiio, deve, neste caso, em juiz0 de admissibilidade, reconsiderar 0 des pacho de citagao ¢ determinar ‘0 arquivamento do feito, jf que, se acuele crédito esti com a exigi- bilidade suspensa, ndo pode, por conseguinte, ser exigido, ser acio nado. Por abedizncia a0 prinefpio da prevenedo, se for a 6 fiscal proposta em vara diversa daquela por oncle tramita a agao pri meiramente proposta, deveri o juiz, q 1e a tiver recebido, determinar fa remessa para aquel outra 5.2.5. Levantamenta do valor deposit do De outro lado, se o depésito fot efetuado voluntariamente (hé hip6teses em que o juiz o determina) cle pode ser liberado a qualquer tempo, Basta 0 pedido do depositan e. Sua negagio equivaleria a desobedecer o prinetpio da ignaldade. Erromeamente tem sido decidico pelo Poder Judiciério que 0 levantamento somente pode ser efetuado apés 0 trinsito em julgado, em decisfo favorivel ao contribuinte (depositante), fundamentada no entendimento de que a Fazenda Péblica, que ficou impedida de promover a execugio fiscal, restaria prejudicada. Ora, liberado o de- pésito, que suspenders a exigibilidad, a Fazenda recupera a possi- bilidade de promover a execusao fiscal, sem que nenhum prejutzo The seja acarretado. (© Tribunal Regional Federal da Terceita Regio (Séo Paulo Mato Grosso do Sul) jf editou siimu as a respeito do depésito, ora examinado, na tentativa de solucion ir as controvérsias existentes. se ‘A Susteneho on Encimuctce 90 Créoro TasurA8io Assim: “Sémula 01 - Em matéria fiscal é cabfvel medida cautelar de depésito, inclusive quando a ago principal for declara- t6ria de inexisténcia de obrigagio tributéria.” “Simula 02 - E direito do contribuinte, ainda que em ago cautelar, fazer 0 depésito integral de quantia em dinheiro para suspender a exigibilidade de crédito tributério.” ‘Ainda: se 0 depésito for efetuado tendo em vista decisfo ju- dicial que condicionou a concessto dé liminar a depésito - situagio ‘muito comum - 0 levantamento sera possivel em Mandado de Segu- ranga contra 0 ato judicial (por ofensa aos primados da isonomiia e da universalidade da jurisdigdo) ou, sé Com ele concordat, com 0 trlinsito em julgado de decisio favordvel ao contribuinte depositante (autor ou impetrante). ‘Como contracautela - se imprescindfvel na hipétese - 0 juiz pode autorizar a substituigtio da penhora ou outra contracautela, como fianga bancéria, em exemplo armado ao propésito. 5.2.6. Depésitos sucessivos Nada impede que, em uma tinica ago, sejam feitos depésitos sucessivos, Efetuado 0 depésito, o depositante deveré encaminhar petigtio ao juiz da causa requerendo que seja dada ciéncia & Fazenda Pblica, para os efeitos do art. 151, If, do CTN, jé qué tal suspensio da exigibilidade é conseqiiéncia do depésito do valor colocado em discussdo perante 0 Pode Judiciério. Desta maneira, antes de apreciar o pedidd, 0 Juiz mandaré ofi- ciar a0 depositirio determinando 0 seu bloqueio. O depositirio, a0 confirmar 0 depésito, fard a anotagzo de sua indisponibilidade e a sua colocagio a disposigdo do Jurzo, apds 0 que 0 Juiz determinaré que se comunique a existéncia de dep6sito & Fazenda Pablica interessa- da, para surtir 0s efeitos pretendidos pelo depositante (sujeito passi- vo na relagio tributéria). Os comprovantes de tal depésito devem ser antnados - em se~ parado - na vara de origem, mesmo que os autos sejam encaminha- dos 3 instincia superior por recursos suspensivos ou devolutivos, para garantia de uma ¢ outa parte e, mesmo, em caso de depésitos suces- sivos, para controle da suspensio da exigibilidade por parte da Fa- zenda Publica credora e do préprio sujeito passivo depositante, pro- prietério do valor depositado, von Lee Ve 5.2.7: 0 depdsito € 0 problema da conversiio em renda (forma de extingdo do crédito tributdrio) ‘Como se procurau demonstrar, v depdsita & faculdade do su- jeito passivo no caso de pretender quc aexigibilidade do erédito ti- uidrio fique suspensa (seja por que raziio for). O valor retido, ¢ & disposigdo do jufzo da causa, permanece sendo propriedade do ‘depositante, A iei tributéria estabelec: que, no caso de ser reconhe- ido o direito do sujeito ativo (na rela gio juridica tributdria e réu, na relagiio juridica processual formalizada, ja que ela ~ a Fazenda Pa blica - somente é autora na Execuigdo Fiscal) “converter-se-d em ren- da 0 valor depasitado”, com o que se 2xtingue 0 crédito (art.156, VI, do CTN). . ‘A interpretagao sistemstica das regras, prinefpios e normas tr- butérias, no permite acatar tal enien Jimento simplista que, até este tempo, hilo sofreu, por parte da douttina, investigagio mais profun- dae nem poderd recebé-Ia agora, ser Jo em répidas pinceladas para ser, mais tarde - em trabalho aproprialo - desenvolvida; mas a curio- sidade cientifiea, bem assim o amor A argumentagio, nfo permite saltar 0 t6pico relative a conseqhiéncia, legitimidade e condigbes, da conversio do depésito eh renda. "A doutrina ¢ jurisprudéncia sf uninimes em fazer tal afirma- tiva (“o depdsito converte-se em renda”) sem deter a atengfio em par- ficularidades de suma televlncin: se. juiz simplesmente converte em renda o valor depositado - ao fim da ago - estar‘ ele imiseuindo-se em seara a que niio esté permitid, ov a que esti impedid, pois que, nlém de adentrar na propriedade de sujeito passive (autor) estar, fem muitos casos (quigd em todos), lengamndo tributo cuja competén- ‘ia € exclusiva da Administragio Paliea. De outro modo, se aquele crédito jé fora langndo, antes ou no curso da ago - nZo vern a0 caso vestard ele executando um crédito e, portanto, aparelhando um tite Jo niio previsto na lei processus A Fazenda Pabiien tem os meios adequados para sttisfazer 08 cerédltos de que & titular e deles deve utilizar-se deniro da alterativa que the eabe: inserever a dfvida e promover execusio fiscal, penho- rando bens que bastem; o que niio é permitido que esta incumbén- cin - exclusiva - seja ignorada para apenar o contribuinte (sujeite passivo). E veja que nesta conversfo singela, muitas vezes, estar-se-ia. transferindo para os cofres piblicos valores niio Tangados na épocr apropriada, demarcada no art. 173 d» Cédigo Tributério Nacional, a 6 A Susrewsio os Eareuane 99 Cairo TonutAno que 0 sujeito Btivo j4 nem teria direito por ocorréncia da caducida- de. Forgoso € convir que, se 0 valor depositado pertence ao con tribuinte, 0 juiz da causa paderd converté-lo em renda se 0 deposi- tando der stia anuéncia e, com isto, pagar (forma extintiva do erédi- to- art, 156, 1) a quantid de que é devedor, Se, 20 contrétio, nfo con- cordar, deverd requerer o levantamento. A Fazenda Piiblioa incum- be, portanto, tomar as providéncias cabfveis para haver o'valor que Ihe € devido, requerendo, por exemplo, a penhora do valor depiosita- do para, posteriormente, e de imediato, promover a execusiio fiscal. Aquele depésito, jd se disse, servia, apenas, de meio assecurat6rio da corregio monetitia e juros. Por Sbvio que, como levantamento, efetuado pelo sujeito pas- sivo (autor), o depositante passa a estar em mora perante a Fazenda Piblica e deverd responder por isto com o acréscimo na importincia devida; mas esta conseqiiéncia nfo pode servir de fundamento para a transferéncia de um valor que Ihe pertencia e, portanto, dele pode “usar, gozar e dispor” (art. 524 do Cédigo Civil) como bem the aprouver. Pode ele, entio, aguardar a propositura de execugio fiscal © a conseqiente penhora de bens, tantos quantos bastem para cobrir a divida e que nio necessariamente recairA sobre dinheiro, Somente com 0 fito de deixar patente 0 raciocfnio convém perquirir: se 0 sujeito passivo (na relagao juridica tributdria e autor, nna relagdo processual) interpde ago declaratéria onde seu “interes: se limita-se & declaragio da existéncia ou da inexisténcia de relacio Juridica” (art 4° do Cédigo de Processo Civil) e, pretendendo preser- var sua propriedade dos efeitos da inflagio, deposita o valor que se- ria devido, esté correta a sentenga que dectara a relagto juridica exis- tente ¢ transforma o valor depositado em renda da Fazenda Piblica, sem que esta tenha tornado qualquer providéncia administrativa que Ihe incumbia? Mais: se 0 dep6sito for convertido em renda sem que o cor tribuinte tenha apresentado sua concordiincia com a medida e, se puder mais falar em levantamento da importancia, a solugao plau- sfvel seria a impetrago de mandado de seguranga contra a sentenga que feriu 0 seu direito tiquido e certo, ” 6. Da Reclamagiio ¢ Recui Administrativos No que conceme a “reclamagi recurso administrati- vos" cabe ponderar, de logo, que tal fxrma de suspensio da exigibi- Tidade, nos termos do inciso TIT do art 151 em exame, esteve vincu- lada a depésito. Posteriormente, reco thecida a inconstitucionalida- de dele, nos moldes do demonstrado linhas atras, foi abandonada a exigéncia, tanto na esfera federal, c1imo na estadual ¢ municipal, embora ainda se localize, em um ou outro municfpio, tal con- dicionante, 0 que, sem divida, tem silo objeto de discussao perante 0 Poder Judicifrio (se ndo deveria sé-10, sob pena de, ferindo o prin- cfpio constitucional da universalidade da juriscigdo, bem assim, 0 da isonomia, desmoronar 0 arcabouco juridico tributario) Com efeito, a apresentagio de defesa ¢ recurso administrati- vo suspendem a exigibilidade do eré dito em debate jf que, em sua pendéncia, 0 crédito niio é revestido de definitividade exigida para propositura de Execugio Fiscal, somente a aleangando com a edig de decistio que no mais possa ser relormada na érbita da Adminis- tragio, Assim, tal & pois que tem por escopo deliberar a respeito de atos administrativos, controlar a legatidade de taisatos © esse o ilti= ‘mo reduto do procedimento aedministrativo. “Administrar € aplicar a lei de offcio” no t&o difundido - por preciso - esclarecimento, E 0 procedimento persegue a aplicagio da Tei, a0 controlar a legalidade dos atos emanados da Administragao a ela adstritos. Efetuado o langamento, as normas que regulam.o processo tri- butério (procedimento) assinarn um prazo dentro do qual 0 sujeito passivo poderé apresentar sua defesa » propria autoridade responsé- vel pela escrituragio (administrativa) do crédito do Pisco, uma vez que pode ele ser lavrado por agente competente (nos termos do art 142 do CTN), sob a responsabilidace le uma autoridade superior que decide a questio em controvérsia, poc endo julgar procedente ou im- procedente a pega impugnatéria prop asta pelo contribuinte - sujeito passivo, Em caso de procedéncia da dFesa, improcedente, portanto, © langamento. Se, a0 contririo, a devisio for favordvel & Fazenda Pablica, com a mantenga do langamento, caberé & autoridade notifi-

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