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ne gh a en - beeen OM 8 * COAL LE EAI oO CT - 63 TEXT0 3 i Vv, GY) EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI DECADENCIA E PRESCRICAO NO DIREITO TRIBUTARIO LiM3kad . 160 Her stage us uN SANE dica, Portanto a formigio de suas hipéteses hé de respeitar extenso conduta omissiva, desde o inicio do percurso do fata decadencial ou preseri:ional - : ; Sendo assim, cm regra geral, so os dispositivos vigen- tes no momento.do cles a quo que determinam a formagio ai bipéteses normativas dus regras de decadéncia Presergio definindo a extensio, interrupgio e suspensio dos prazos. Uma eventual lei nova s6 ¢ aplicdvel a marcos iniciais ulteriores i sua vigéneia, CAPITULO 8 Decadéncia do direito do Fisco 8.1. Critérios para composigao das normas juridicas da Aecadéncia do direito do Fisco Winculo da imputago rormativa a umn Consequente abstrato que Pode apresentar por objeto a extingao do direito de langar ou do bréprio crédito teibutério. Enirevé-se, logo, que so. normas pagamento antecipado, concomi- {antemente, com o prazo para 0 Fisco, no caso de no homolo- Bago, empreender o conespondente langamento tributivio, Sendo assim, no termo fnal desse perfodo, consolidam-se simultaneamente a homolo ago técita, a perda do direito de homologar expressamente ¢, conseqlientemente, a impossibili- dade juridica de langar de oticio DECADENCIA EPRHSCRICAO NO DIRE TRIUFA RIO 169 Nessa guisa, pode-se afirmar que a homologagio técita do pagamento antecipado € 0 verso da moeda, cujo anverso & a decadéncia do direito de 0 Fisco langar de oficio. 8.2.4, Regra da decadéncia do direito de langar com Pagamento antecipado, ilfito e notificagao Esta regra apresenta na sua hipétese a seguinte combi- hago dos quatro primeiros critérios: previséo de pagamento antecipado; ocorréncia do paganiento antecipado; ocorréncia de dolo, fraude ou simulagio, e ocorréncia da notificacio por parte do Fisco, ‘ Essa notificugio no pode .ser realizada a qualquer tempo: submete-se também a prazo decadencial de cinco anos, onforme previsto na regra da decadéncia do direito de lancar com pagamento antecipado. O ato-norma administrative for. tmalizador do ilfeito tributério serviré como dies w quo do novo Prazo'decadencial de cinco anos, previsto por esta regra Portantu, transcorridos cinco anos sem que a autoridade administrativa se pronuncie, produzindo a indigitada notif casho formalizadora do ilfcito, operar-se-4 a0 mesmo tempo a decadéncia do direito de langar de oficio, a decadéncia do dlreito de constituir juridicamente o dolo, fraude ou simulagio Para os efeitos do Art. 173, pardgrafo nico do CTN e a extin. $40 do crédito tributério em razio da homologagio técita do Pagamento antecipado, Assim, a notificagdo a0 contribuinte, ao mesmo tempo que constitui administrativamente o fato do dolo, fraude ou simulagio, serve como medida indispensdvel”™ para justificar a ee 235, Bniendemeos que para configurar adminisrativamenteo dolo, a frawde e 2 ‘Hmulasto, a notiicago haverd de conter uma norina individual ¢ concela que iprevenle no antecedents atpificagdo do fto alga eno consequente a swat Cai jurtdie dessa stgdo dole, fraud ou simul). A eonsinugde ako Walia dessa reer & woh ° : 170. miCH MLaKCOS DINiZ DE SANT realizagio do ulterior ang mento, Contudo, hi que se conside- Tar que, s¢ 0 ilicito alegads na notificagiio no se mantiver nos quadrantes do direito, em ruzdio de qualquer problema material ou formal com o :to-norma administrative que euida da cons- tituigdo desse fato ilieito, testa comprometido também o ulte- rior langamento que eventuslmente tenha sido realizado sob a tutela do novo prazo decudencial, fundado na indigitada medida preparatéria, Portanto, se ndio ho.ver a realizago desse ato-norma ou se for verificado qualquer vicio em sua produglo, esta regrt decadencial torna-se inapl.ciivel, ficando © prazo decadenciul restard fixado pela regra la decadéncia do direito de langar com pagamento antecipacl Conquanto a notifizigiio a que faz alusio o parigralo nico do Ant. 173 do CTH, no contexto em que nto ha pa- gamento antecipado, tenha 0 condio de adiantar 0 dies a quo do prazo decadencial, conforme verificamos na regra da decadén- cia do direito de langur sem pagamento antecipado e com nati Ficagdo, outro é 0 sentido que esse preceptivo assume quando da ocorréncia do pagumento antecipado combinado com a Constituigio juridica di ocorréncia de dolo, fraude ou simula- gio. Nesse caso, além de ndo haver antecipagio, acaba havendo uma ampliagdo do prazo decadencial, uma vez que esta regra fixa um novo dies « quo, qve sera a constituigdo juridica do fio do dolo, fraude ou simulagii. O conseqilente norriativo dessa regra, como as demais, aps 0 decurso do prazo 0 Fiseo empreender o langa- mento tributdrio, 8.2.6, Regra da decadéncia do direito de eré do Fisco Enquanto as cinco regras de decadéncia supradescritas mantiveram a extingio do direito de langar como foco, esta regra dirige sua forga extintiva para 0 crédito tributdrio. Aque- las extinguem o direita de constituir o crédito; esta extingue o crédito tibutdrio, seja ele resultado de languimento ou de ato de formalizagGo do particular intempestivos, que gozario de pre- sungfo de validade até que esta regra decadencial os retire do sistema juridico, Assim, a hipdtese da regra da decudéncia do direito de crédito do Fisco pressupde créc ito anterior, posto que s6 € pos- Sivel extinguir crédito que haji sido constitufdo, conforme se aduz do Ant. 156, V do CTN. Esse crédito € sujeito a extingo, pois foi constituido pelo particular ou pelo Fisco extempora. Reamente, ou seja, 0 langamen‘o ou o ato de formalizagio do particular que o constituiu foi realizado apés o decurso do prazo decadencial de uma das cinco regras anteriores, configurando aquilo que GIAN ANTONI) MICHELE,?® seguido por et 238. Exemplo do fendmeno da subreposigiv: o ICMS inci sobre a incidgncia de um contrato de eompn e vend me eantil. Concepede dndmien da discs tributirio p10, DECADENCIA E RRESCHRIGAO NO DIREITO TRIBUTARL, 13 GERALDO ATALIBA.™ chamou de fendmeno da sobteposi- sco no dlireito wibutdri, ¢ exjo suporte de formagio PAULO. AYRES BARRETO denominou de fato complexo.™ A conseqiiéncia desta regra seré'a extingio do crédito tributério com a invalidagdo do langamento ou do ato de for- malizagdo do particular que the servia de suporte. Nio obstante prescreva expressamente que a decadéncia extingue 0 crédito tributério, 0 Art. 156, inciso V do CTN é trutudo pela doutrina, por vezes, como um equivoco do legis- lador. Conforme argumenta AMERICO MASSET LACOMBE, "Se o Art. 142 determina que ‘compete privativamente & autori- dade administrativa constituir 0 erédito tributério pelo langa- inento’, se 0 Art. 173 diz que 'o direito de a fazenda constituir 0 crédito tributirio extingue-se apés 5 (cinco) anos’ fixarido-se af © prazo decadencial, temos que o termo final deste prazo ocorre antes da constituigdo do erédito (obligatio), e, assim, iio poderd a decadéncia extinguir © que ainda ndo foi consti tuido”." E conclui que a decadéncia “nio extingue, assim, a obligatio, ¢ € um grave erro técnico do CTN relacioné-la como forma de extingdo do crédito”.** Nio é possivel accitar esse raviocinio quando identifi- camos, a partir do Arts. 173, 1 156, V do CTN, duas regras Gistintas: esta regra da decadéncia do direito de crédito do Fisco e a regra du decadéncia do direito de langar sem paga- inento antecipado. De fato, nesta dltima, no se fala ainda em crédito, apenas em direito de langar, mas naquela pressupde-se crédito constituido extemporaneamente, A raiz do: problema est em confundir a decadéncia do direito ao crédito (Art. 156, V do CTN) € a decadéncia do direito de constituir 0 crédito 239, Hindtese de incidéneia tibutdria, p, 66. 240. Fato complexo edmo a plurivocidade de fats simples. Ci, PAULO AYRES. BARRETO, upto sobre a renda ¢ presos de transferéucia,p. 89, 241. Obrigae tludria, p. 92 242. dem, biden, 114 one 1 daees nnn san (Ar. 173, Hdo CPN). quando, em verdad, partem de hipdteses diversas e produzem efvites igualmente diversos, 8:3. Outros casos pertinentes decadéncia do direito do A pritiea & a parte div teoria que ainda nio foi pensid Simplesmente porque aeciiece: independer do interesse, de 8éni0 ou du ous e expacidaue de articulagdo do jurista Sendo o direito positive algo finito, em termos de disc Plina da conduts. seria possivel edificar uma teoria que agi ase € previsse todos o: casos ielevantes para o direito, de maneira que aquilo que nio pertencesse a esse sistema sie plesmente niio seria juridivo. Todavia, weoria assim, to rea ¢ Go plena de possibilidices quanto a pritica, jo complex que se toraria pragmatics ente indtil A doutrina clege os easos mais relevantes pura consti Auir as prineipais normas juridlicas que diseiplinam a conduta ‘humana e, nos outros casos, fica a espera da ocorréncia con, desses eventos para construir « solugio juridiea espectf Elegemos, assim, alguns casos em que hd controvérsix com relagdo A decadéncia cio Fisco, propondo solugdes base:- das nas seis regras ucima descritus, S40 estes os casos (i) “interrupeao” da decadénein, (ii) decadéncia do diteito de o Fisco efetuar a homologagio expressa, (ii) decadéncia do dirsito de 0 Fisco efetuar revisio de langamento anterior, iv) efeito da suspensto da cxigibilidade sobre os prazos deca, denciais ¢ (¥) tese do STI cos dez anos do diteito de o Fisco efetuar 0 langamento no ei so dos tributes sujeltos 20 p mento antecipado, ret adéneia 8.3.1. A “interrupgiio” da ds Muitos autores criticam 0 enungiado do Art, 173, Il do ‘CN, simplesmente porque : doutina nfo aceita essa interrup. DECADENCIA K HRESCRIAG No DnKEITO THIUTARIO vs io." Que fazer seo direito Positivo prescreve que o prazo lencial interrompe ou suspende? Se subemos que o dircito cria suas préprias realidades,™* como ‘dizer que o direito esti érrado, que nio corresponde a realidade? Que ciéncia é essa que pretende dizer que seu objeto estd errado?™ E como 88,0 ged- logo, fazendo cigneia, gritasse para 0 terremoto: “Voce nilo pode acontecer, niio esti em meus ci culos”. Entendemos, pois, que 0 foco de resisténcia contra a interrupgio da deeadéncia se encontra thstalado no argumento tle autoridude importado weriticamente da teoria do direito pri- vador magister dixit, como faz alusio ROQUE CARRAZZA.* Calla, por isso, perfeitamente o seguinte excerto de RICARDO GUIBOURG: En 1610, Galileo vefa por su telescopio los satélites de Jupiter. Sus colegas, los astrénomos de Pisa, no crefan que tales satélites existieran, porque Aristételes nada habia dicho de ellos. Tan seguros estaban, que se hegaron a mirae por el telescopio: “si ese tubo hace ver Cosus que sabemos que no existen — razonabin — ha de ser un instrumento del demonio. Nosotros, los juristas, gmirariamos por ef telescopio?"2” A interrupedo da decadéneia do direito do Fisco: nada mais € do que o reinfcio (termo preferivel aquele) de um novo ee 20. Cl, LUCIANO AMARO, Dita tbat brasleio,p. 38 4. supra lo de CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO. 245, Asim, segundo FABIO FANUCHI, 3 lei coinplemena ea! "o pron de decaocia& fle ininerupto,tomendo-ss inopeante qulquce proces ‘ornament insdequads, vssado paki ests de maniesiago von Sula do disto pens poteneialoenteassegurado, Logo, nie pone el ‘wnplenentr tibudr ere, adoiando eri de suspanao inerupeie to irowo dscudencil, come se provack a seguir. (Jstacainos), A decide 9 esr em dria wid, p89, 246, Ciao eta sure a aulvidade de Aritltes. Nous tagugrdcas de aula ‘neva curso de expectant da PUCSE ‘derecho y las ciencias exactas,p,2 176 HURICG MARCOS Divi De SANE prazo decadencial, clecorienie do fato juridlieo da anulaigae do langamento anterior por vicio formal. Bo que estabelece i regra da decudéncia do slireito de langar perante anulagéio « langamento anterior, qu wiio imerrompe prazo de outra regra hem tem seu prazo interrompido, ela simplesmente incide quando realizado 0 evento decadencial previsto em sua hipdtese (Gecorrer cinco anos do fi to da anulago do Jangamento anterior Por vicio formal). Deveri.s, os prazos de formagio relativos ‘is diversas regras decadenciais so intercorrentes, conformando normativamente fatos jtridicos decadenciais distintos, cada qual com seu termo inicial A no aceitagtio da possibilidade da “interrupgio” da decadEncia decorre da crenga de que existe apenas uma regra de decadéncia, Isto nfo é verdade no direito tributério, que con- ‘rega diversas hipéteses com contetidos e objetivos distintos ex vi: da primeira parte do § 4" do Art. 150; da segunda parte do § 4° do 150; do Art. 173, I; do 173, II; do pargrafo tnico do Art. 173, € do Art. 156, V Assim, no direito tributério, nio hi que se falur em uma sé regra de decadéncia, mas em seis normas decadenciais, cujas hipSteses normativas concorrem na formagio de fatos juridicos diversos, erigidos sob trechos tem- porais distintos, DARDO SCAVINO, introduzindo 0 “giro lingtifstico” — Rova postura filos6fica em que a linguagem deixa de ser um melo, algo que esturia entre o eu e a realidade, ¢ se converte num Iéxico capaz de criar tanto 0 eu como a realidade —,traz A colaglio exemplo que pode ser de uilidade para entender por gue defendemos a existéncia de seis nommas decadenciais no direito tributério positivo: © lingiiista dinamarqués LOUIS HIEMSLEY verificou que os esquimés tém cinco substantivos diferentes, que ndo sio sindnimos, para referir-se a “neve”, enquanto, nas linguas européias, bi apenas um.™* Assim, os cinco substantivos re-presntam para os esquimés cinco fatos 248, Lafilosoftaaewal: pensar sin cenezos, p. 30. DCAD INCI EESCRICAO NO IRESTO TRIUTARIO 7 diferentes; um europer nativo, vivenciando & mesma experich cia, presenciaria a repetigdo do mesmo fato cinco vezes. Assim como os esquimés e as europeus se baseiam em sistemas de referéneia distintos para denominar a “neve”, os juristus também podem basear-se em sistemas de referéncia distintos para identifiear as normes decadenciais. Na visto sedimentada pela doutrina que nfo ac “interrupgao” (em verdade 0 reincio) do prazo decadencial, hd apenas uma regra dle decadéncia; na perspectiva proposta por este trabalho, ha seis normas de decadéncia, Mas ha também quem reconhega que nfo hi qualquer embarago jurfdico que impeca o Cécigo Tributirio Nacional de disciplinar © reinicio do prazo de. decadéncia. Como diz PONTES DE MIRANDA, “se a técnica legislativa decide per- mitir a interrupgo do prazo prectusivo, nada obsia a que o de- termine”"” Na mesma linha, reconhecem expressamente a possibilidade do Cédigo Tributério Nacional tratar dessa hipé- tese de interrupedo do prazo de decadéncia, entre.outros ALCI- DES JORGE COSTA,“ PAULO DE BARROS CARVA- LHO*" ¢ RICARDO LOBO TORRES.** 249. Trutado de dircite privade, vol. 6, 136. Advedi MIRANDA, usa o termo "preclusao", em vez de “decadéncia", pois, conforme jé cesclarecemos, entende que o “direito cai no decai”. Idem, ibidem. p. 135. 280, "O incigo It do argo 173 do CTN ¢ infel2, mas existe eo que dele decore E que a decadéncia no se opera se 0 langamento anulado for feito dentro do pu Parecesnos que exereida 0 direite de forma inadequada de molde a torné-10 alive, abrese novo prazo para que sea estado novo langemento. A deca- ‘Encia € instiuto eujos contomos esto fixades em lei, e a lei pode alteri-tos Pusingdo das obrigagdes wributdras,p, 251, 251. Curso de diveitatributiria, p, 313. 282. Curso de direto financeiro ewibutdrio,p. 258, 178 okie nance ae SAE 8.3.2. A decadéneia do di homologagio expres Se, como diz PAULO DE BARROS CARVALHO, “as relagdes juridicas nasce m com o advento de enunciados lin: alisticos, individualizacos pela presenga da sintese de6ntica, usada ¢ ndo simplesmerte mencionada, instalando-se no lugat sintitico de conseqiiente da norma individual e conereta, expe- dida pelo Poder Piiblico. niio podemos deixar de convir em que suas eventuais modificazSes, bem como sua extingdio, operar- se-Zo, também e necesseriamente, por forga de outro enunciade de linguagem como jé referido”.2* Assim, s¢ 0 crédito tributirio nasce pela forga das reg que regem 0 langamenio ou 0 ato de formalizagio’ do crédito realizado pelo contribuinte, a sua extingdo nasce pela forga da realizagiio de uma das h’péteses do Art. 156 do CTN, dentre as quais a homologagio exp ressa, A homologugdo express consiste — conforme escélio de JOSE SOUTO MAICR BORGES" — no exereicio de uma Fungo administrativa ct jo efeito & em sentido amplo, x a vagio do payamenio antzcipado, exercido pelo sujeito passivo, ex vi do Ant. 150 cuput e seus parigrafos do CTN. Assim, 0 pagamento feito pelo sujeito passivo serd 0 antecedente ou 3: motivaggo da norma individual e conereta da_homologacio expressa, conforme assinala LUCIA VALLE FIGUEIREDO,” © a determinagio da extingio do crédito, seu consegiiente nor mativo. Essa homologagio servird simultaneamente como condictio juris resolutéria © vefculo da norma que ratifica a extingdo do crédito, anteriormente constituido extinto peli: atividade do contribwints, conforme prevé o Art. 156, VII do vito deo Fisco efetuar a 23, Direito wibutdro: onde ates juices da ineidléncia, p. 188 254, Langamento tvbwuiio, p, 154. 255, Curso dediveto uiminisir iva, p. 197. DecaDiNeta E MeSCIIGAO No DuRIATO YRiNUTARIO I CTN, fazendo que, sob condigdes regulares, seja inexigivel o crédito devidamente pago ¢ homologado. Para efetuar a homo- logagio expressa, o Fisco tem prazo de cinco anos contados da data do acontecimento do fato jurfdico tributdrio, ao final do qual operar-se~d a homologagio tacita. No caso de >agamento antecipado irregular em relagdo A cldusula extintiva do Art. 156, VII do CTN, o pardgrafo tnico desse preceptivo determina que sejam aplicados o Art. 149 do CTN, especialmente nos incisos V, VI, VII, VIII e no seu pari- grafo nico. Sendo assim, ainda que o crédito tenha sido expressamente homologado, a autoridade administrativa deverd efetuar o langamento de offcio, desde que dentro do prazo de decadéncia da regra aplicdvel: (i) quando se comprove omissio ou inexatidio, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exerefcio da atividude a que se refere o Art. 150; (ii) quando se comprove agio ou omissio do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dé lugar 3 aplicagio de penalidade pecunidiria; ou (iii) quando se comprove que 0 sujeito passivo, ou terceiro em beneficio daquele, agiu com dolo, fraude ou simulagio, Além disso, 0 parigrafo nico do Art. 156 do CTN remete uo Art, 144, Ido CTN que a esse novo langamento seja aplicada a legislagio que, posteriormente & ocorréncia do fato juridico tributério, tenha instituido novos eritérios de apuragao ou processos de fiscalizagio, ampliando os poderes de investi- gagdo das autoridades administrativas, ou outorgando a0 crédito maiores garantias ou privilégios. Dessa forma, quando hi homologagio expressa, & pos- sivel haver dois tipos de prazos decadenciais ‘coincidentes: um para a homologagio e outro para a realizagdo do langamento tendente a formalizar novo crédito tributério., 8.3.3. A decadéncia do direito de o Fiseo efetuar revisio de langamento anterior Revisar & exercer 0 controle de legalidade sobre: (i) 0 angamento de oficio, (ii) 0 ato administrativo ‘da homologagio 180 LUC SAKES PINT AE SANT expressa ou (ii) norma individual € concreta produzida pelo particular na conformidace do Art. 150. Ao fazer-se a revisio de qualquer uma dessis (12s normas, pratica-se ulterior ato de langamento. Preceitua o parigrifo tnico do Art. 149 que a revistio do langamento s6 pode ser iriciada enquanto nio extinto o direito da Fazenda Piblica, ou s¢ja, dentro do prazo de decadéncia da vel a cada um: das indigitadas hipéteses. Dessa forma, tarbém quando ha revisdo, & possivel haver dois tipos de prazos decadenciais coincidentes: um para a revisio ¢ outro para u realizugdo do ato de produgio da norma que se esti revisando. 8.3.4. O efeito da suspensio da exigibilidade do eréulito sobre 0s prazos decadenciais As cliusulas previ tus nos incisos do Art. 151 do CTN, que tratam da suspensio da exigibilidade do crédito, visam a inibir 0 direito de exigir « crédito, mas ndo necessariamente direito de exercer 0 lung unento. Assim, suspender o crédito significa inibir 0 proceso de positivagao do direito tendente ao ato de inserigdo da dtvida ativa e do conseqilente processo exe- cutivo fiscal. Sendo assim, nilo se cogita que a suspensio da exigibi- lidade do crédito possa impedir a pritica do langamento. Nesse caso, como diz o Min. ARI PARGENDLER,™® “a Fazenda pode constituir o crédito tributirio, s6 nfo Ihe sendo Ifcito exigi- Jo” Consegiientemente, nao hi que se falar em suspensiio do 256. Cf. Voto do relator no Recurio Especial 46,237 ~ Rio de Janciro (94 8944.9) Ds 17021997 257. No mesiny send, MARI LEONOR LEITE VIEIRA: “O entendimento segundo o qual, com a stspensio da exigibilidade, esté a Fazenda Pablicainpe- dida de efetuar o lanyamento, por intermédio de auto de infragio, assim, parcee cequivocado, pois que o langamerio comida na pesa mencionada consubstancia DDECADINCIA EPMESCHICAO NO DIREITO TRINUTARLO 181 prazo decadencial do direito de o Fisco langar, a menos que tenha havido medida liminar proibindo expressamente a efeti- vagio do langamento, mas, nesse caso, o que ocorre é a suspen- sfio da possibilidade de langar. Sendo cassada a medida, aplica- se a regra do direito de langar sem pagamento antecipado, deslocando-se 0 inicio do prazo decadencial do primeiro dia do exercicio seguinte Mquele em que a medida foi cassada, con- forme prescreve o Art. 173, 1, do CTN. Portanto, como ji salientamos, a suspensio da exigibili- dade do crédito tributdrio nio afeta 0 prazo de decadéncia do direito de o Fisco efetuar 0 langamento tributério, salvo quando houver liminar impeditiva do exercicio desse dever. A tese do STJ dos dez anos do direito de o Fisco langar A ampliagio do prazo de cinco para dez anos, proposta pelo STJ para o Fisco efetuar o langamento no caso dos tributos sujeitos a pagamento antecipado, € objeto central desta tese. A proposi¢io é nova, surgiu no meio da década de noventa: com- pulsando obras anteriores a 1995 ndo encontramos nem na doutrina*® nem na jurisprudéncia {ndices ou paralelo da arro- um pretensio legiina do Fisco”. A suspensdo da exigibilidade do crédito tribute vio, 7.85. 258. Nada consta a respeito no 1° Cader le Pesquisas Tributdrias coordenadk por IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, que serviu de alicerce para o Simpdsio de Direito Tributsro, realizado em 23 de outubro de. 1976 e cujo foco tcmiieo foi justamente “Decadéncia e Prescrigfo’. Nele se encontram trabalhos ds BERNARDO RIBEIRO DE MORAIS, CARLOS DA ROCHA GUIMA: RAES, EDVALDO BRITO, FABIO FANUCHI, IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, JOS CARLOS GRAGA WAGNER, LEONEL DE ANDRADE YELLOSO, NOE WINKLER, RAFAEL MORENO RODRIGUES, ROBERTO ©. FREYTES, RUBENS APPROBATO MACHADO, SEBASTIAO DE OLI- \VEIRA LIMA, YVES JOSE DE MIRANDA GUIMARAES, PAULO DE BAR. ROS CARVALHO ¢ AIRES FERNANDINO BARRETO, Tembém em outro 'omo, Decadéncia e Prescrigdo, publicado em 1976 pela Editora Resenha Tribu- 182 err nfeCoS PN SAN jada posigio que ven orientando o STI, que constituiu rege especifica de decadénci 1 do direito de 0 Fisco langar a partir ca interpretaeio cumulativa dos prazos do Art. 150 $4" & do Art. 173, ldo CTN Essa fese dos dez anos de decadéneia do direito de 0 Fisco efemar o langanento nos casos das tributos sujeitos ao Jangamenwo por homolegaga surgiu quase como contrapa da denom nada tese dos dez anos de decadéncia do direito de 0 sujeito passivo repetir o indébito wibutério, proposta também inovadora em relago ans pudrées da época. A inteligancia cess nova propos que a dousrina registra rebates e divergéncias com relagio interpretacio.™” Por isso, pretendemos trazer 2 colugio os Ct ct € indiscutivel, tanto 0A st ‘SEBASTIAO DE OLIVEIRA LIMA. . 90-1, Confarme adiantamis nio podemos assemlir com a proposta iranserita, DECADINCIA REMESCIRGRO NO B REED TRIMUYAIKD 183 argumentos ue fundamentaram ess decisdo de modo claro ¢ inteligivel, evitando qualquer espécie de abordagem de con- t ido eritico que possa distorcer a intelecgo do aresto, 0 Acérdio ¢ os argumentos do STJ Apresentamos inicialmente a ementa do Acérdio do STJ que propds a tese dos dez anos de decadéncia do direito de © Fisco efetuar 0 langamento nos casos dos tributos sujeitos a pagamento antecipado: RECURSO ESPECIAL N. 58.318-5/RJ (95/0001216-2) RELATOR: MIN. HUMBERTO GOMES DE BARROS EMENTA: i TRIBUTARIO — CONTRIBUICAO PREVIDENCIA — CONSTITUIGAO DO CREDITO TRIBUTARIO — DECADENCIA — PRAZO (ART. 173, I, DO CTN). 1-0 Ant. 173, 1, do CTN deve ser interpretudo em con- Junto com seu Art, 150, § 4°, IL O termo inicial da decadéncia prevista no Art. 173, 1, do CTN nao é a data em que scorreu o fato gerador. IIL - A decad@ncia relativa’ao direito de constituir cré- dito tributario somente ocorre depois de cinco anos, evfodo “se refere & evbringa do eréuito; nfo, yaa-se de prazo decadencial do tirsio de tanger, aeore,entetano, que & dilagZo do prazo decadencial implica Prolongamento do prescricional, o qual, por sua vez, tem como terme ini Jisamente, a constituigfo do eréito, Em sum, o alongamento do prazo depres. triglo decor da distensio do prazo decadencial, reitere-se: nfo do fato da tese ‘estar sobre preserigio, © que no 60 caso. Ein sentido semelhainte, mus sob supedneo distinto, ESTEVAO HORVATH em ‘unferéneia proferida no XIL Congresso brasileiro de direitotributrio do Instituto GERALDO ATALIBA ~ IDEPE, tanserita na RDT 75, tombéo parees entender «we segundo Inpso refer pelo ST) 6 presericional, quando afta: “A partir Uso se pode dizer, no maximo, que comega a cone prazo de prescrigfo, Nao hd rnsis que se falar em decadéneia. Ou seja, o pram decadencial coincide com 0 braze para langar, ao eonirério do que diz, infelizehente, acho eu, o ST)". Mesa de slhares “A decadéncia e preseriio”, p. 23. 184 ‘GOMES DE BARROS, com citagiio de eUHICO MARCOS DINE BE SANTI contidos do exervicio seguinte iquele em que se extin- gui o direito potestativo de 0 Estado rever 0 lunga- mento (Art. 159, § 4°) IV - Se o fato gerador ocorreu em outubro de 1974, a decudéncia opera-se em 1" ce janeiro de 1985. DIU 19/06/95 Transcrevemos © voto do relator, Min. HUMBERTO ispositivos e destaques efetuados pelo prépriv autor, essenciais para a apreensio da seqiiéncia do raciocini» aduzido no referido acérdac: A reccrrente intentou a cobranga judicial de contribuigdes previdencidrics relativas aos meses conti- dos no perfode iniciado em outubro de 1974 e termi nado em dezembro de 1975 E oportuno registrar, desde logo, que se cuida de fatos geradotes ocortidos artes da Emenda Constitucio- nal n, 8/77. 0 V. Acérdio recomrido declarou extinta a exe- cugio, porque, verbis: “Assim. correspondendo o iltimo alegado débito ao més de dezembro de 1975, prazo decaden- cial comegou . fluir em I° de janeiro de 1976 ¢ se extinguiu em ° de janeiro de 1981. Quando inscrita assim, em 17 Je maio de 1983, data da inserigio da divida, a decadiincia jé se consumara”.(fl. 36). Como se percebe, a lide remanescente envolve 0 confronto de duas teses: a) de um lado, 0 Aresto adota como termo ini- cial da decad@ncia, a data a gartir da qual, seria possfvel cconsuinarr-se 0 iangamento; b) de outra parte, a Autarquia afirma que o prazo decadencial inicia-se quando escoa o prazo deferido ao eredor, para consumar o langamento. Vale dizer, desde quando ji no € mais possivel o langamento. DECADENCIA E PRESCRICAONO DIREFTO THIDUTARIO 185 O Art. 173 do CTN express: “O direito de a Fazenda Piblica consti- tuir 0 crédito tributdrio extingue-se apés cinco anos, contados: nessas palavras: 1 do primeito dia do exercicio seguinte Aquele em que o langamento poderia ter sido efetuado;” E prossegue o Ministro, em sucinta andlise: Com efeito, a utilizagio do verbo poder, em seu modo condicional, autoriza o entendimento de que prazo comega a partir do momento em que seria licito & administragiio fazer 0 langamento. Por igual, 0 termo “poderia”, permite dizer que 0 prazo somente comega, depois que jé no mais € licita a prética do langamento. A dificuldade desaparece, quando se examina 0 Art. 173, em conjunto com o preceito contido no Art. 150, § 4° do CTN: © Art. 150 trata do langamerito por homolo- gag. ‘Seu pargrafo 4° estabelece o prazo,para a pré- tica deste ato, Tal prazo é de cinco anos, a contar da ocorréncia do fato gerador. Pardgrafo 4° adverte para a circunstincia de que, expirado este prazo sem que a Fazenda Piblica se tenha pronunciado, considera-se definitive o langa- mento. Vale dizer que o iangamento ‘apenas se pode considerar definitivo, em duas situagdes: 2) depois de expressamente homologado; b) cinco anos depois’ de ocorridé 0 fato gerador, sem homologagdo expressa, Na hipétese de que-agora cuidamos, 0 langa- mento poderia ter sido efetuado durante cinco anos, a contar do vencimento de cada uma das contribuigGes. 186 HC SHARC DINE DESANTL Se nie houve homologagio express, a Tacul dade de revei_o langamento correspondente a mais ‘antiga das con ribuigdes (outubro/74) estaria extinta em outubro de 1979. Hiv desadéneia ocorreria cinco anos depois “de primeiro dia s2guinte & extingdo do direito potestative de homologar (1° de janeiro de 1980). Ou seja: em pri- meiro de janeiio de 1985. Ora, a insctigio da divida verificou-se em mio de 1983 (CF. 47) Niio heuve devadéneia Provejo 0 recurso, para que a execugio retome seu curso, 0 voto merece transcrigdo nio s6 pela qualidade de sua tessitura, objetiva e precisa, mas também pela forga mobiliz: dora com que foi recelsido pela comunidade juridica: tratu-se decisfo histérica que modificou radicalmente o entendimento de matéria de decadér cia, em fungio da interpretagiio do voc: bbulo poderia insctito no Art. 173, 1 do CTN, que era prati- camente pacifi edigio do CTN, Decisio assim subverte a ordem das coisas: no reverso do que diz RECASENS SICHES.™ Ora, somos agora nés interpretes que intuimos no ser essa a melhor solugo. Entre- mentes, como encontr ir 0 caminho para o desenlagar est pro- posta exegstica? 260.0 mejor dicho, ov minus de mayyr sincerda, lo yue Inia prin ex buscar esa solucion, lamas justa entre todas las posible y depués se preoeypada de ver cull entre aguelos custro métodos podiaservir para justificar esa decisiin due ya de antemano hada tom in mente”. Flexo del derecho, 9.631 DeCADENCIA HNCESCRIGAD NO DIRETTO NAMUTA 17 Primeira refutagio da tese de dez anos: a impossibilidade de tratar 0 verbo modalizador poder como objeto de conduta Segundo a argumentagio do relator, 0 vocdbulo poderia no Art. 173 do CTN permite a seguinte interpretagao do Inciso |: “o langamento no foi efetuado dentro do exercicio do fato serador, mas pode ser ainda efetuado no prazo de cinco anos a contar do primeiro dia do exercicio seguinte”, Combinando esse dispositive com 0 Art. 150 do CTN, o relator dé uma outra interpretagiio para o Inciso I: “o langamento nao foi efetuado no prazo de cinco anos contados a partir do fato gerador, configu- fando, no sltimo exereicio do poder de langur, a perda desse poder, @ partir da qual contam-se mais cinco anos do primeiro dia do exercicio seguinte Esta Gltima foi a utilizada na nova interpretagdo pro- posta pelo STJ; aquela é a que tradicionalmente orienta a compreensio do dispositive, Uma e outra designam momentos ficticos diversos: a primeira aponta (em linhas gerais) para 0 primeito dia do exercfcio seguinte aquele em que o langamento poderia ter sido efetuado, i, para o primeiro dia do exereicio seguinte a0 da ocorréncia do fato juridico tributério; a segunda, para 0 primeiro dia do exercicio sepuinte Aquele em que o lan. samento deixou de poder ser efetuado, i.&, na objetiva redagio di ementa do julgado, para 0 primeiro dia do ano posterior ‘iquele “em que se extinguiu 0 direito potestativo de 0 Es'ado ‘ever € homologar 0 langamento (CTN, Art, 150 § 4°)". Damos, aqui, um exemplo da conseqiigncia desse jul- o na contagem do pruzo decadencial. Suponha-se que o fato gerudor de tributo sujeito a “pagamento antecipado” tenha ocor- Fido no dia 01/06/2000, sem que houvesse pagamento. Segundo + primeira interpretagio, o prazo de cinco anos comeca a partir de 01/01/2001. A aplicago da segunda interpretago tomaria, como inicial. © primeira dia do exercicio subseqiiente Aquele cm que se expirou o poder de langar (direito potestativo), que 18 ce MARCOS DINEZ SANT contado do falo juridizo tributério, conforme determinagio do ‘Art. 150 § 4°, seria 01/01/2006. Assim, nesse caso espectfico, 0 prazo de decadéncia seria, ao todo, Je dez anos ¢ seis meses: cinco anos entre 0 falo gerador (01/01/2000) ¢ a extingio do “direito potestativo de langar” (31/05/2005), seis meses entre a ‘extingdo desse direito >a data do primeiro dia do exercfcio sub- segiiente (01/01/2006), e mais cinco a contar desse primeiro do exercicio seguinte ao termo desse direito. A decadéncia assim, operar-se-ia env 01/01/2011 Defende o incigitado aresto que poderia, numa inter- pretagdo sistemiitica, 2xige 0 cotejo do “Art. 173, em conjuntc com 0 preceito contido no Art. 150, § 4? do CTN”. Baseade apenas no Art, 173, acérdlo outorga a poderia o sentido de seria licito” e, portar to, 0 sentido de que 0 langamento ndo foi efetuado, Baseado ros dois dispositivos juntos, o acérdao outorga a poderia o sentido de que “jf nao é mais leita a pré tica do langamento” ¢, portanto, 0 sentido de que 0 langamento ndo pode mais ser ¢ etuado. Ou seja, prope uma situagio de “poder que no pode mais”. Reside af © primeiro problema dessa decisio. No direito, “poder” no & conduta, € modatiza- dor® de conduta: poderia fazer, poderia comprar, poderia vender, poderia negociar, poderia langar; nunca poderia poder. 0 poder & modalizador da conduta; 0 langar, a prdpria conduta (verbo modalizado). Em suma, poderia, seja no “condicional”, ou futuro do pretéritc,.%* seja em qualquer outro tempo ou modo 261. CL DIANA LUZ PE SOA DE BARROS, Teoria semistea do test, p43 262, NAPOLFAO MEND 1S DEE ALMEIDA no preticio da Gramétiea ae dd Lingus Porngesa cic, inconfoamado, a Porta 0,36, de 1Ost1959 {DOU que prseteveu a tenvinologia de “fluro do presto” eo condicions i suminento = scgunde reyira no Diclondro. de queer vemdculs, stad $e aria down profesor espanhol de Dom Pe Eto dist Prev eran nuns sia rides ¢ resales, agar ering & srdpra Lingus so siete quo dito lem poder sobre a Lingus, 0 em res vor ge pode olvidar a Lingus 6 o codigo que constitu a linguagem do rs e Tein inguagem noo bi dteto.£ o drat sautoconstuindo ein evdsne rl ‘fto ds Teoria os Autopoiss, ida @ nds por PAULO DE BARROS DreADENCIA Ter RIGRO NO BIREITO TRIBUTANO 189 verbal, & qualificador da conduta de langar, no é a prépria con- duta, Portanto, 0 paderia como o poder-que-niio-pode-mais & imprestvel na fungio demarcadora de prazo decadencial, dis- late que submeteria 0 direito ao indesejavel fenémeno da recur sividade, como veremos adiante. Na Légica Jurfdiea, segundo LOURIVAL VILA- NOVA, o esquema da norma jurfdica é: se H, entdo C, em que H € hipétese e C conseqiiéncia. Na conseqiiéncia, moda- liza-se a conduta como sendo obrigatéria (Op), permitida (Pp) ou proibida (Vp). Modalizadores — sincategoremas ou functors, na Logica Classica — so invaridveis operaciona {que qualificam a conduta, articulando internamente o enunciado proposicional. Sio termos incornpletos, que, por si s6, néio podem prnduzir sentido: prescrever “é obtigetério” sem de- signar a conduta objeto dessa modalizagio, € no dizer juridi camente nada.“ Conforme adverte PAULO DE BARROS CARVALHO, o direito incide sobre o ser da conduta, nao iso- ladamente sobre seu modalizador. O direito regula conduta humanas, nilo functors. Assim, os modais modalidades sobre a conduta de langar: é proibido langar, é permitido langar ¢ é obrigatério langar. A conduta modalizada, veja-se, é ainda con- duta (a proibigiio de langar, a permissio de langar ea obrigagio de langar). Nao 0 6, entretanto, 0 modalizador desvinculado da conduta, porque modalizador nio € comportamento. Sendo —_—_— CARVALHO, presente na cosmovisio de LOURIVAL VILANOVA, intuida por HANS KELSEN, descuberta por MATURANA ¢ VARELLA, sistematizada por NIKLAS LUHMANN e sustentada admiravelmente par MARCELO NEVES ¢ CELSO FERNANDES CAMPILONGO. 263. Causlilade relagdo no direto,p. 55 e 264, Notese que, em proibida proibr, de CAETANO VELOSO. v segundo, praibie & epnduta, “eomportamente de proibir", sendo 0 arimsiro 0 modaliza- dor, este sim invaridvel, consante, como sincategorema guaifcador do segund 265. Cf, LOURIVAL VILANOVA, Extnutra ligiease sistema do direito past iva, p, 910. 190 io take AS INE BESANT assim, a norma que tem somo consegiiéncia a decadéneia ona como hipétese, o descumprimento da conduta de langar, nunca a extingio do poder (permissiio), que modaliza a conduta de langar, Eis o vicio insinivel em que incorreu 0 acérdio. O relator deixou de tomar como hipétese a conduta de langar mo- dalizada pelo poder pars eleger 0 poder extinto, qual fosse con- duta, como referencial i icial da contagem do prazo para instau- rar uma nova conduta di langar modalizada por um novo poder. Com isso, deslocou a i:eidéncia da regra decadencial da con- duta omissiva de langer para 0 estado juridico da perda do poder. 8.3.5.3. Segunda refut: io da tese de dez anos: a recursividade gerada pelo uso indevido do verbo modalizador poder corio objeto de conduta Recursividade, egundo JEAN DUBOIS, é “a proprie dade do que pode ser repetido de modo infinito”.* Imagine-se — 0 exemplo é de CHARLES SANDERS PEIRCE — um mapa de tal forma minucioso que a cada ponto do pais corres. ponde um panto io mapa, Ora, “uma vez que todas as coisas dt superficie do pais estic representadas no mapa, € que o mapa ele préprio se encontra nessa superficie, ele também serd retra- tado no mapa, ¢ neste r:apa do mapa todas as coisas na super cie do pais sio discerniveis, incluindo 0 proprio mapa com 0 mapa do mapa dentro de sua fronteira. Assim existird, dentro do mapa, um mapa do mara, e dentro deste, um mapa de mapa do mapa, € assim por dic te, ad infinitum "2" Outro exemplo, “realmente” doméstico de “recursividade”, citdvel aqui no 266, No mesino sentido, A.J. SREIMAS & J. COURTES, Dieiiuirio le seni tia, p. 374 267, Conferéneas sabre praguasiiom, p. 20. DECADENEIA I PRESCRIGAONO DIREFFO TRIMUTARID 191 Brasil como em Portugal, € 0 da lata de azeite di marca Maria: Nela, na lata, hilo desenho de unna muther, a qual suponhamos chamar-se Maria, que segura uma outra lata de azeite Mari esta Maria, menorzinhii, segura outra lata na qual figura a ima- gem dessa mesma Maria, segurando, por sua vez, outra lata e assim se seguem, sucessivamente, Marias e latas,,ad infinitum, Tal qual espelho frente outro espelho, tio 20 gosto de BORGES, e que, indo ao Rio, podemos vislumbrar na tradicio- nal confeitaria Colombo. A mesma recursividade do mapa, dos espelhos contra ostos e da lata de azeite Maria se verifica na interpretagfo que HUMBERTO GOMES DE BARROS deu ao vocdbulo poderia. Ao deslocar a incid@ncia da regra’decadencial da conduta amis- siva de langar para 0 estude juridico da perda desse poder, i Administragio toma o reconhecimento da perda de seu poder como hipétese para o surgimento de novo poder, em prazo sub- segtiente, de modo que, a0 cabo dessa “nova” competéncia, se dé, novamente, outro poderia, que, outra vez, faz iniciar prazo para langar, ao término do qual outra ocorréncia do malsinado poderia inauguraria outro prazo, outro, outro, ad infinitwn: poder gerando poder em insana circularidade. Imagens assim, infinitas, so auto-suficientes, Servem bein wos sonhos e aos poetws, que tanto gostam de espelhos, mas no ao direito, Direito que tanto nao quer ser infinito, eterno, que ele mesmo cuida de se extinguir, por exemplo, me- diante a decadéncia e a prescrigio, O direito ndo compadece 0 infinite. Esta recursividade nfo escapou a percepgio de TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR™ nem ao ‘espirito 268. Ressalie-se, alegada “impreseriibilide” dos direitos da personalidade ‘ambém éfinita extinguemse com a morte. 269, "u.) contar 0 prazo daquela outre modatidade a panir do exerefcio seguinte iqucle em que se eonsuiou o prazo para realizagdo do langamento por homoto- tsagdo seria incorrer numa especie de petigho de prinefpo: se 0 prazo de uma 'modalidade ("A") prneipiase ap6s 0 esgotamento do prazo da outta (* 192 Hic makes pint Sant analitica de LUCIANO DA SILVA AMARO:” “Atici, assim, se sio cinco anos a partir do diltimo ano em que o Fiseo poderia lungar, por que no quinze? Porque no tiltimo dos dez anos ele tumbém pode langar, Ora, se ele pode no tiltimo dos ez, que tal dar mais cinco, e af vamos a quinze? E se dermos mais cinco, no ultimo dos quinze ele também poderd langar. Ora, meu Deus, & 0 ‘poderi’ priimeiro que acontecer no tempo ¢ no 0 wihtimo ‘podera’™, ; Ocorre, como issinala A. J. GREIMAS, a “recursivi- dade € toricamente in inita no campo da competéncia” Programa narralivo reltivo a essa forma de interpretagio do Art. 173, I do CTN, o «lestinador-manipulador (Administragéo) condiciona ocorrénei: de outro programa nasrativo, 0 reco- nhecimento do fim de suit competéncia para langar, como pres suposto para atribuigio de nova competéneia modal uo sujeito destinatirio do iangar (a prépria Adminis:ragio). Poder, assi- nala FRANCISCO DA SILVA BORBA”” indica estado, ¢ se 0 poder é estatul, & estuclo conferido pelo priprio Estado, estado Prescrito pelo Estado. Como pode o Estado tomar o estado que ele proprio se Ihe atribui qual conduta hipotética de regra que Ihe confere, a ele préprio, novo estado de poder: poder impli- cando poder. ara que, esgotado o pra:o da primeira (*A"), tambéin principiasse o prazo Suma Lapin CE) cate eee mt 0 36 prinepiaria aps 0 pewzo docadenciall” Sobre a decadéncia do enédita trib io, p 81-2 70 asin pez ee sobr ema mo XH Congreso sli azo sd HET, eons es nee nas tis x6 €0 incr por eas denen» regis do arg 173, cL undo fo ca de So ead cx tog oss dente @ cue da exceyio tea ds ent prana do dao (a0 person nee To jane doa seuinieeno, uo menos de Ide ane Uo eat a ce © epuine wo cao as cin dno do ua aco deer Sade eee ata lio pr ser qi il eomjaro pra Seekers 6a delangr Ales deaths “A deeulelee paecntoars 211. Disionin deena, . 394 22. Vette per, icon raat de verbo DECADENCIA EIRESCRICAO No DIREITO TRIDUTARKD 193 Sob outra dptica, seguindo a intuigip Juridica de JOSE ARTUR LIMA GONCALVES,”” vislumbramos a conexio dos aludidos programas narrativos e de performance, estudados na Teoria Semidtica do Texto, com a Proposta de NORBERTO BOBBIO™ que classifica 0 direito em normas de estrutura ¢ nonmas de conduta, $6 hi norma de estrutura-onde houver tran. sitividade de competéncia, ou seja quando 0 sujeito destinador. manipulador (Adminisirago) transferir ao sujeito-destinatério (autoridade administrativa) a eonjungio (9) com 0 poder ju. ico de fazer. De outra parte, percebemos que 0 dever juridice de Tangar do agente administrative em face da Administragao nio € disciplinado por norma de estrutura, mas norma de eon. Guta, tanto que a sangdo é a tipificagso de erime de responsabi- ide (ex vi do parigrafo Unico do Art. 142 do CTN), Portanto, & decudéncia decorre da omissio da conduta de o Fisco produziy © ato de langamento num determinado lapso temporal, determi nando a disjungiio (U) da auteridade com o direito de efetuar 0 langamento, ou seja, a decadéncia € norma que se pospde, no Uexe de caustlidade juridica, & norma de estrutura'de compe- (Gncia administrativa. Essa visio concilia a Proposta de BOBBIO com a critica de PAULO DE BARROS CARVA. LHO,”* para quem o problema dessa classificagio reside na sircunstincia de que o direito sempre se ocupa com o ser da conduta (comportamento). A norma é de comportamento ou estrutura, no em razdo de descrever ou ndo conduta, mas em fungio da possibilidade de inovar o ordenamento, produzindo Hovas regras. Daqui também 6 observavel que o ST pretenden ee Tae a conferéncia proferda no Curso de especalizagao em ditt tributio do iweTagpr. emaastt fodoordenameto, 20 lado ds nornis de onda, existe ooo tipo de hams, que costumamos chamar de norma de etrdura ou de commperenehe Seg audits orntas que nfo preserevem a condata que se deve ter ou nfo ter, mas a Sones § OS rocedimentos aravés dos quais emanam normas de conioa Vilidas”. Teoria do ordeneimentajuriieo, 3, 75, Direitowibutivi: fandamento juridicos da incidéacia, p37. 194 URI 2 MARCOS DINE DESANE tomar a regra extintiva lo direito de langar como nova regra de competéicia, alrituindo ao niio exercicio da regra de estrutura outra regra de estrutura, © outta, € outra, enclausurando-se ness seqiiéncia, Além do inexorivel problema légico de pretender tomar © modalizador purer como conduta, além de desvirtuar a finali- dade do dispositivo, qui: € extinguir o direito de langar, e no eternizi-lo, tal interpre:agio esharra num problema pritica como a prescrigio inicia, ordinariamente, eom o termo da deca- déncia, o preceptivo do 4rt. 195, pardgrafo tinico do CTN obri- garia 0 contribuinte a guardar para sempre todos os documen- tos. Reiteramos: o direito ndo compadece a eternidade. 8.3.5.4. Terceira refutagiio da tese de dez anos: a inaplicabilidade do Ari. 150 § 4° jufzo do intérprete interpoe-se entre a lei e a decis: que se manifesta neces: uriamente numa estrutura condicional se 0 fundamento, entdo 9 dispositivo; se 0 fato, entdo a obriga- go; se a hipétese, entdo 0 conseqliente; se 0 descritor, entio 0 prescritor. Ha légica ro direito, € certo, mas — sentencia LOURIVAL VILANOVA — “a Légica ndo é suficientemenie potente para ir & conciegdo material da experiéncia jurtdica. Da experiéncia integral, isola, como temdtico, o formal, o sinti- tico das estruturas prope sicionais das normas. Tio-s6"."* Como: adverte, desde-o inicio, na introdugio do Estruturas ldgicas ¢ sistema do Direita Pasitivo, “O reducionismo, da norma ao Fato Gociologismo), di norina positiva & norma ideal Gusnatura- lismo), dos valores ¢ normas as estruturas Iégicas (logicismo) ¢ sempre um desconhecimento da experiéncia integral do Direito (.) Ha um quantum de légica no Direito positive, mas 216, Estruuras higicase sist ada direito positive, 9. 28, DDECADENCIA EPRESCIRGAO No PIRETFO MUTA 195 Direito € mais que légiea”?” Por isso, recorda: “quando os Juristas da escola da exegese pensavam que somente com a Logica 0 juiz podia decidir os casos ‘controvertidos da vida cotidiana, nfo procediam como Mr. Jourdan, que fazia prosa sem 0 saber: acreditavam fazer Légica, mas faziam outra coisa sem o saber. Faziam interpretagdo e aplicago do Direito posi- ‘ivo, que se niJo consomem no formal do silogismo, sem valora- ‘96es € sem referéncias & realidade social subjacente” 2" E 0 inverso também é verdadeiro. O juiz — no esforgo do ato de decidir, valorando e cotejando direito e realidade, para ali proferir a sentenga, quer queira quer niio, e mesmo sem 0 saber, — faz Idgica. O sentido é escravo da ldgica. E 0 contra- sentido, também. E 0 que nio tem légica? Ora, se conseguisse- mos diz8-lo, ja teria!” ._,_ A estrutura I6gica das normas dispostas no indigitado acérdio do STJ é reveladora. O relator edifica, a partir 4e dois dispositivos do Cédigo Tributério Nacional, duas normas juri- dicas encadeadas sucessivamente. Na primeita, a hipétese con- Brega os seguintes aspectos: (i) 0 tributo sujeito a0 pagamento antecipado, (ii) 0 pagamento nio efetuado ¢ (ii) 0 fluxo tempo- ral de cinco anos, contados da ocorréncia do fato tributirio; o conseqllente € a extingdo do “direito potestativo de 0 Estado rever ¢ homologar lancamento (CTN, Art. 150 § 4°)", Na es 277, Estrturas ligicase sistema do direito positive, p, XXU 278, Estruturas ldgicas« sistema do dreito positive, p. 248, 27.0 ‘ocioal € diferenga especies que ds destaea do sino aime. Afnal pele Diethética, eee ae 280. CF. item il da ementa do julgude, 196 tyico macs one SANTI segunda. norma, a hipétese &, justamente, 0 efeito da primeira regra, quer dizer, (i) 0 fato da esting do direito potestative de 0 Estado rever ¢ homologar 0 langaiento e (ii) 0 fluxo tempo- tal de cinco anos, contudos. agora, do primeiro dia do exercicio subseqllente ao da extingio; 0 conseqlente, aqui, é a extingao do direito de a Fazenda Piblica constituir 0 crédito, mediante 0 langamento de oficio (caput do Art. 173 do CTN). Pode-se reduzir a cois os problemas fundamentais na estrutura dessas duas normias, postas pelo aludido aresto. © primeiro deles € 0 fato de ue a segunda regra de decadén fem como hipdtese o conscqiiente da primeira regra de deca- dEncia, supondo que essas juas regras de decadéncia se apre- sentem em relagio de ccusalidade: decadéncia implicando decadéncia. Ocorre que nllo se pode aplicar duas regras de extingdo cumulativamente. © segundo problema é a incoeréncia entre parte da hipdtese da primeira regra (no se efetuou nenhum pagamento) € seu conseqiiente (u revisio e a homolo- gagdo do langamento): se nd houve pagamento antecipado, nto hé 0 que rever ou homologir. © ato de rever supde algo i se visto por uma segunda vez: +€ o sujeito passivo nada fez, niio hi © que rever. E, ainda que houvesse, rever aqui sigiificaria “fazer o langamento de offc 0”, recaindo nuquela recursividade que aludimos no item ante ior: cinco anos para langar, mais cinco anos para langar, mais cinco e cinco, O ato de homologar, conforme diego do Art. 150 § 4° do CTN, pressupde o efetivo agamento antecipado, ¢ o chamado “langamento por homolo- gagdo", sem pagumento, fica sem objeto"! 281. Neste sentido, diz PAULO DF: BARROS CARVALHO, “(..) howwlogsyie € cemtiddo de obito”. Curse de direito mibutiri, .283. Tambein LUCKANO AMARO: “Sem que haja antecipag?a de pagamento, nfo pode haver tanganncnia por homol Laniceaneno por hronologugd eleealéucia, p. 30. B LUCIA VALLE FIGUEIREDO: “no chumado awolauigumeny, que, na veidide, nad langamento, o sujcito pasivo pun o tibuto para, posterionmente, o sito slr deelarar ou no 3 extingi da obriga’e teutdvia™. Curso de direitaeininisir tivo, p. 137. B, ainds, RICARDO LOBO TORRES, Curso de divite finance tributério p, 242 DPEEADENCIA EESCRIGAO No buRE Fe YUAN 197 Diante da falta de pagamento antecipado, apenas duas egris serium upliciveis: a que denominamos. (i) regra do direito de langar sem pagamento antecipado (Item 8.2.1) e (ii) a regra da decadéncia do direito de langar sem pagamento antecipado e com notificagco (tem 8.2.2}. Entretanto, como ‘io hi noticia, no suporte do Acérdio, de qualquer notificago 40 sujeito passivo de medida preparatéria indispensivel ao langamento, entio somente a primeira regra é aplicdvel ao caso, Relembramos que essa regra apresenta corho hipstese a circunstancia em que a legislagio nfo prevé o pagamento ante- cipado (Art, 149, I do CTN) ou, ainda que o determine (caput do Art. 150 do CTN), supde que este néo seja empreendido no Prazo previsto € que nio haja notificagdo (pardgrafo nico do Art. 173 do CTN), de tal forma que o dies a quo do prazo deca. dencial € 0 primeiro dia do exerefcio seguinte aquele em tenha ocorrido o evento tributdrio, Seu conseqilente é a extingdo do direito de a Fazenda Publica constituir 0 erédito, na precisa diego do caput do Art, 173 do CTN. Tomemos 0 caso concreto julgado. O fato juridico ti- butdrio da mais antiga das contribuigdes ocorreu em outubro de '974, Como nfo houve pagamento antecipado nem notficagio, © dies a quo do prazo decadencial foi.1° de janeiro de 1975 ¢ 0 ‘ermo final do direito de langar deu-se em 31 de dezembro de 1979. Sendo assimn, ocorrido apés esse térmo, o langamento que ensejou a inscrigio da divida seria extemporineo, 3.4, Formas juridicas de constituicio do crédito tridutirio ref As regras de decadéncia do direito do Fisco © langumento tributétio, no Sistema Tributirio Brasi- Icito, nfo € a nica forma de constituigao do crédito tributério, © crédito poder ser constituido, ainda, segundo 0 CTN, pelo ato de formalizagio do sujeito passivo naqueles tributes cuja ‘sgislagio atribua ao particular 0 dever de antecipar ¢ paga- 198 us acs pa SANE mento, sem prévio exame da autoridude administrativa, E, ent bora em casos muito espesificos, também pela via judicial, me: diante decisio de mérito que expressamente constitua 0 erédito tributério, 8.4.1. Crédito constituido pelo particular Do mesiio modo que a autoridade administrativa se obrigada a efetuar o langamento tributirio, a legislagao tributi- tia prescreve a0 sujeito pissivo o dever de constituir 0 crédito para efeito de realizar 0 jugamento antecipado e viab lizar, a0 Fisco, 0 exercicio de sus atividide controladora. Nio basta, nesta hipétese, que o part cular pague, & essencial que se cons- titua 0 crédito, identifican Jo-se 0 sujeito ativo, o sujeito passivo € 0 fato juridico que Ihe serve de fundamento. Sem esses dados, objetivados documentalmente — mediante os suportes eleitos pelas regras que discipliram sua formalizagio (livros de con- trole, guias de arrecadaga- etc)" — 0 crédito tributirio, juridi- camente, nao existe. E, pois, por intermédio desse atc do par- ticular que se formaliza em linguagem prescritiva 0 “crédito tributdrio” nos chamados “lungamentos por homologagio”.* Ora, se 0 sujeito passivo aplica as normas que prescievem os deveres instrumentais, er inciando a ocorréncia € a data do futo tributério, © dever de pasar um determinado valor a titulo de tributo, 0 sujeito ativo titular desse direito e o sujeito passivo; 282. Tamibéin para ESTEVAO 4ORVATH a eaoliquilacsn x6 penta elsiws jurfdicos quando materializade em um alo ox documento corereto, La ‘auloliquidacién ributria,p, 14 283. Sobre a preferéncia técnica do “autolangamento” na aplicagio da lei tribut tia, ». ESTEVAO HORVATH, Aspects tedricus do langamenio inbutiriv no direito positive brasileiro. 34 DHEEADENC IA EIRUSCRICAD NO DAREITO TRIITARIO 9 entio, concluimos: o produto deste ato constitui crédito wributé- rom Entre as seis regras de decadéncia que construfmos a partir dos critérios positivados no Cédigo Tributdrio Nacional, cinco delas tém por objeto o direito de o Fisco langar; a sexta, 0 Gireito de crédito do proprio Fisco. Nenhuma delas cuida do crédito formalizado pelo particular, que, se niio houver sido extinto, poderd ser normalmente cobrado no procésso executivo fiscal 8.4.2. Crédito constituido pela via judi Discutimos aqui a possibilidade de o Poder Judicidrio, exercendo a tutela jurisdicional, constituir 0 crédito tributério, descartando a necessidade de ato administrativo especifico da Fazenda Publica, com base no seguinte voto de LUCIA VALLE. FIGUEIREDO: EMENTA TRIBUTARIO. ACAO DECLARATORIA DE INE- XISTENCIA DE RELACAO JURIDICA TRIBUTA- RIA, LEI N.7.799/89. ALEGAGAO POSTERIOR DE OCORRENCIA DA DECADENCIA ENQUANTO PERCORRIA O PROCESSO INTER JUDICIAL. IM- PROVIMENTO. I - Prejudicial de decadéncia refutada em face de ter sido ajuizada agdo declaratéria com cautelar incidental 24. Inteligéncia diversa & a de ALBERTO XAVIER, paca quem a “elshoragio tas refevidos documentos, de armonia com a le-iseal, bem coma indica neles do imposto corresponlente uo valor da trnsagSo, constitu, porém ni Forma de uma ato jurdico de aplicuglo da norma material, anterior so pagamscato, ‘as a simples realizagZo de um dever wibutério acessbro, imposto por lei para eros eleitos de fisalizago ou controle de legalidade dos pagamentas efetus- dos", Da langamentatributirio,p. 74 200 WOO AREAS DINE SAN de depdsito. Adonis, 0 objeto du declaratéria & a cer teza juridica da teluzio controvertida, IL- O depésito suspensivo da execugio distingue-se do depésito para suspensio da exigibilidade da obrigagio ‘ributéria. Somente aquele veda-se 0 levantamento antes do trinsito em julgado da sentenga, j4 que imposto por lei, III - Desnecessidade de 0 Fisco praticar 0 ato adminis trativo de langamen‘o ou outro equivalent, se a relagio Juridica esta sendo discutida em jutzo. Inutilidade do langamento para possibilitar a defesa do contribuinte que, judicialmente, esté a discutir todos os aspectos da relagio juridicu ¢, vlém disso, deposita, mensal e dis- criminadamente, as importancias discutidas. IV - Se é verdude que a suspensio da exigibilidade do crédito tributdrio pe 0 depésito nao inibe a atuagdo do Fisco, na hipétese sib judice seria desnecessario o lat gamento, Inocorréne.a de preclusio administrat V - Refutida a decacléncia, examina-se a tese de mérito ce estit no socorre o contribuinte. MI.- A conversio ein BTN fiscal do valor do IPI no Constitui majoragio «lo tributo, mas, sim, mera atualiza- gio. VIL - Na verdade, 0 contribuinte de direito apropria-se do direito do contr:buinte de fato em data anterior Aquela em que se ceve pagar o IPI. Confiram-se os arestos’ dens. AMS — 91,02.004945/RJ; AMS 90.05.001885/PE; AMS 92.03.076345/SP; EDAMS 90.02.23139/RJ; AMS 95.03.027998-7).. VIIL- Ap improvida. Apelagiio civel n, 3315522 — REG. N. 96.03.060402-0 RELATORA: JUIZA LUCIA FIGUEIREDO Norma priméria — regra-matriz. ributdria — & norma secundéria — oriunda de norma de direito processwal objetivo —compéem, dentro de modelo simplificado, a bimembridade DECAIDENCIAF PRESCRICAO NO DIET TaINUTARIO 201 dia norma juridica completa, Esta ¢ aquela sio interdependentes, diz LOURIVAL VILANOVA: “a'priméria sem a secundiria desjuridiciza-se; a secundaria sem a pi ja reduz-se a instru- ‘mento, meio, sem fim material, a adjetivo sem o suporte do substantive". Entre uma e outra,’nio obstante, se interpée norma que disciplina 0 diteito ao contencioso administrativo ¢ ue também é primaria, Assim, elo pés elo, entrelagam-se tais ‘egras, formando 0 fluxo da causalidade jurfdica, tendente, mas 86 tendente, a0 mundo das condutas intersubjetivas, Para valer-se da cago, 0 sujeito do direito “reveste-se de capacidade p.ocessual, que advém como efeito da incidéncia de norma processual; do mesmo modo, 0 sujeito passivo investe-se de cupacidade processual para se opor. Ao direito de agdo contrapde-se o direito de defesa. No exercicio de um ou de outro, os sujeitos dirigem-se ao Estado-juiz, com este, consti- tuindo relugdo: o exercicio do direito de ago provoca no 6: Julgador 0 dever jurisdicional de acolher 0 pedido, o dever de praticar 9 ato processual — despachar e mandar citar o sujeito passive”. Objeto comum de ambos, sujeito ativo € passivo, é + prestagio jurisdicional do Estado demarcada no pedido da ago proposta. 8.4.2.1. A decisio declaratéria como artificialidade do direito para produzir certeza a partir da incerteza Nas sentengas cuja eficdcia é meramente declaratéria de existéncia ou de inexisténeia de relagdo juridica, a declaragio, sublinha LOURIVAL VILANOVA, “nio Ihe suprime o carter de ato de império estatal, como vontade jurisdicional, nem vonfere & sentenga a forma l6gica de enunciado descritivo, E cnunciado prescritivo, representa preceito (como advertem eS : 285. Canslidae rela no drei, p24, 26, dem, idem. p. 1245, 202 EUHICO sakes bie De SANT, LIEBMAN e PONTES DL. MIRANDA)".*” Antes da sentenga declatéria, esti 0 que sind: no é jurfdico, a incerteza. No mo- mento em que a sentenga se efetiva, constituisse 0 dircito ¢, Portanto, a cericzi. A deciavatividade na sentenga & artificiali- dade inventada pelo diteito para produzir certeza a partir da incerteza, O direito vido reconhece ou declara direitos, cria-os no presénte du decisio, induzindo & crenga de que hi um direito Jd constitufdo no pussado ¢ ii ilustio de que a decisio judicial ¢ uunivoca, predéterminada e certa: como disse RAFFAELLE DI GIORGI, “Direito ¢ Estado resistem ao tempo porque mediante co controle do presente. controlam o futuro”."* Como notou CELSO FERNANDES CAMPILONGO,”” 14 contrasenso na prépria expresstio “decisio declaratérin' se realmente € declaratétia, rio cabe decisio, 86 mera revelagio; agora, se realmente & dec sio, e 0 horizonte do decidir exige utra agdo diferente da ago ou fato passado, objeto da declara- G40 que se pleiteia, eniZo, qui, no se hé de cogitar em “decia- ragio”, mas de formagio orientada por uma nova vontade. A ago de decidir implica a constituigdo de uma decisio, sintese do ato e do produto de dec'dir. Alids, a contradigio estende-se aos efeitos da decisiio declaratéria: de um lado, sustenta-se como declarativa, na m dida em que, apesar de rsconhecer a inexisténcia da relagio Jjuridica tributéria, admite ue 0 crédito que constituido por ato de langamento anterior a sentenga, subsiste e & eficaz enquanto nfo for expurgado pelos meios processuais adequados;”” de outro, impde-se como constitutiva, na medida em que 0 langa- ‘mento praticado posteriorriente & sentenga declaratéria, relativo ‘aos mesmos fatos abrangitlos pela sentenga, padece de “ilegali- 287, Idem, tides. p, 127 288. Diritoclemocracia e vseo: vinenlos com o faturo,p. 67. 289. pusipa dor wibunais na entice e na periferia do sistema mundi, p. 5 290, Cf. ALBERTO XAVIER, Do fanganeit, teoria geral do ate, do pracetl ‘mento ¢ do processo tribuii,p, 365. DDECADENCIA EMRESCRIGAO NO BIREITO TRBUTANIO 203. dade originiria, por deseumprimento da sentenga, que tem forga. dle caso julgado entre as partes”! + 7 Ora, se langamento anterior no pode ser desfeito. porque © efeito da sentenga € meramente “declaratério”, pelo nesmo motivo, no se pode imprecar de “ilegalidade originé- tia" langamento posterior; tampouco se excogitar em “descum- primento” da sentenga, descumpre-se lei, descumpre-se obriga- so, descumpre-se dever; descumpre-se precsito; nio declara- gio.” Ha sincretismo de eritérios aqui: efeito declaratério para © langamento anterior; efeito constitutivo, para o pasterior. 8.4.2.2. A sub-rogagio da competénéia para aplicar o direito tributario material O 6rgio jurisdicional é titular do poder, de aplicar 0 direito 20 fato alegado, que advém das normas processuais constitucionais que Ihe demarcam a competéncia. Em relago & Administragio Publica, 0 jufzo s6 é instado a decidir porque & provocado, Assim, satisfeitos os pressupostes e as condigdes do direito de agir, investe-se 0 rgio jurisdicional de competéncia para decidir a contenda, aplicando o direito material ao fato.” Obtida a decisio, opera-se a eficdcia processual por via obliqua: impede-se a relagio material de percorrer, outra vez, o caminho 291. Ider, ibidem, p. 362 292. Cl, verbetes cumprir © descumprir, CAUDAS AULETE, Dicion ontempordneo des lings portuguesa, 293. Nese diapasio, ontende PASQUALE RUSSO que o "Juiz se debruga sobre © mito, fixando giretamente « montante do impasto, avis de sentenga que xe substitui ao ato de Tangamento, 0 qual funcionaré no como objeto, mas como mero pressuposto do processo", Diriua e processo, p.368-9, apn ALBERTO XAVIER, Do lanpameni, teoria geral do ate, do procedimento e do processo tmibutdro, p. 354, 204 {RK 2 WC BINT ESA da cognigio jurisdicional, pois sobre cla jit se pronunciow o 6rgio julgador.” Se se permitisse novo langamento sobre 0 mesmo direito material, a eventual impugnagio judicial desse ato esbar- taria na preclusiio, pois um sem ‘sentido-juridico inserir * cumulativamente, num Gnico ordenamento, 0 produto da apli- cagdo da mesma norma ao mesmo fato duas vezes. Por isso, como ensina ALBERTO XAVIER, vedaese 0 “exercicio cu mulativo dos meios adminisirativos e jurisdicionais de impug- nagio (..). O principio da niio cumulatividade opera sempre em beneficio do proceso judicial: a propositura de processo judi- cial determina ex lege a extingiia do processo administrativo; invés, a propositura dv impug'iagio administrativa na pendéneia Proceso judicial conduz 4 declarago de inadmissibilidade daquela impugnagio, salvo ato de desisténcia expressa do pro- cesso judicial pelo particular" Logicamente, como a norma processual, que & secundir a, pospde-se & norma priméria clo Processo administrativo, o sentido da causalidade juridica fui desta para aquel, admititido-se assim que sobre 0 mesmo direito, seqiiencialmente, se manifeste primeiro a via adminis- trativa e depois a judicial, esta sobrepondo-se aquela, mas niio 0 inverso. A coisa julgada no processo judicial ndo pode ser ob Jeto do procedimento administrative,” Ora, quando o préprio sujeito passivo prefere a via judi: cial & administrativa e, antecipando-se a qualquer procedimento fiscal, ajuiza agdo declaratéria objetivando o reconhecimento da inexisténcia de relugio jurid ca a fim de obter a “declarugio” do Jireito, ele tica obrigado w sujeitar-se & prestagdo jurisdicional, independentemente do pere.rso do prazo decadencial. Incon- 294. CI, LOURIVAL VILANOVA, Causalidade ¢relogdo no diveito, 9.139, 295, Do langeaento, teavia geral ele ao, do prccedimentoe do process riba a, p. 285, 296 Pois o revestinenty form Ua covisdn desse nove procedimente dia ene} 8 outro processo jursicinal, ease iz iit etwas -ADINCIA CrRESCRICRONO DiREITO TAMUTARIO 205 formada, LUCIA VALLE FIGUEIREDO”” afirma que o fato de chegar, “ao fim e ao cabo da outorga da prestagfo judicial, Gonclusdo que se operou a decadéncia, seria, 2 meu entender éssprezar-se todo 0 contexto sisiemilico sobre o qual deve incidir a interpretagao, chegar-se & negagio da necessidade e da ulilidade da prestagdo jurisdicional. Demais disso, seria enten- der-se possivel interpretar o ordenamento juridico com apenas tt norma, a do Ast. 173 do Cédigo Tributério Nacional” Co, Hiciona, em seguida, acérdiio da lavra do Ministto “ARI PARGENDLER: EMENTA TRIBUTARIO, DISCUSSAO A RESPEITO DA OBRIGAGAQ. TRIBUTARIA, ANTES DA CONSTI- TUICAO DO CREDITO TRIBUTARIO. A antecipagio da controvérsia, pelo contribuinte a pro- Pésito da obrigngio tributria, exclui a hiptese de que, ‘no decurso do processo judicial, em razio da demore no respectivo julgamento, a Fazenda Piblica decaia do di. reito de constituir 0 crédito tribitério, Recurso especial ndo-conhecido, (Resp n. 46,237-RJ, 2° T,, vat. 13.12.96), E conclui: “Em face de todos esses motivos expostos, Por no reconhecer a prejudicial de decadéncia, passo 20 exame Ge ese jurdica, tal seja, a discussio acerca da Lei 7.799789, arts. 67, 68 e 69, ¢ no a destaco por ser a decadéncia também matéria de mérito’ «iyi gto declaratéria de negativa de existéncia de relae Ho Juridica tibutéria com a efetivagao de depésito, a decisdo denegatéria que “declarar" a existéncia da relagio juridien ui, butiia,identticando o sujeito ativo, sueito passive, a base de préprio contribuinte, descontados desses cinco anos os intervalos em que a exigibilidade do crédito se encontrava suspensa, consegiiente normativo desta regra extingue o direito de agiio de 0 Fisco cobrar judicialmente o crédito tributério, conforme prevé o Art. 174 do CTN. 9.5.2. Regra da prescrigdo do direito do Fisco com constituigio do crédito pelo contribuinte e com suspenstio da exigibilidade Esta regra apresenta na sua hipétese a seguinte combi- nago dos quatro critérios: ocorréncia da constituigio do crédito pelo contribuinte sem pagamento antecipaco, ndo acor- réncia da constituigao do crédito pelo langamente, ocorréncia da suspensiio da exigibilidade antes do vencimer to do. prazo para pagamento do crédito tributirio, e ndo ocorrér cia de reint- cio do prazo de prescrigio do direito do Fisco. O fato prescricional supde o fluxo de cinco anos qualifi- cados ps iva do Fisco, contados da data em que for suprimida a condigio que, antes de o crédite constituido 26 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI pelo contribuinte tornar-se exigivel, suspendeu sua exigibili- dade. conseqiiente normativo desta regra extingue 0 dircito de agtio de 0 Fisco cobrar judicialmente o crédito tributario, conforme prevé o Art. 174 do CTN. 9.5.3. Regra da prescrigdo do direito do Fisco com lancamento Esta regra apresenta na sua hipdtest a seguinte combi- nagio dos quatro critérios: néo ocorréncia da constituigao clo crédito pelo contribuinte sem pagamento antecipado, ocorrén 4 da constituigtio do crédito pelo langamento, ndo ocorréncia da suspensio da exigibilidade antes do vencimento do prazo para pagamento do crédito tributdrio, e néio ocorréncia de reini- cio do prazo de prescrigao do direito do Fisco. fato prescricional sup6e 0 fluxo de cinco anos qualifi- cados pela conduta omissiva do Fisco, contados da data em que © contribuinte for regularmente notificado do langamento tri- butério realizado pela autoridade administrativa ex vi dos Atts. 145 ¢ 174 do CTN. O conseqiiente normativo desta regra, conforme prevé 0 Art. 174 do CTN, extingue o direito de agio de o Fisco cobrar judicialmente o crédito tributario, 9.5.4. Regra da prescrig&o do direito do Fisco com langamento e com suspensio da exigibilidade Esta regra apresenta na sua hipétese a seguinte combi- hago dos quatro critérios: ndo ocorréncia da constituigao do crédito pelo contribuinte sem pagamento antecipado, ocorrén- cia da constituigdo do crédito pelo langamento, ocorréncia da suspensio da exigibilidade antes do vencimento do prazo para DECADENCIA E PRFSCRICAO NO DIRETO TRIAUTARIO 2 paganiento do crédito tributaio, e'ndo acorréucie de reinicio do prazo de prescrigiio do direito do Fisco. fato prescricional supde o fluxo de sinco anos qualifi- cados pela conduta omissiva do Fisco, contacos da data em que for suprimida a condigiio que, antes de 0 crédito constituido pelo angamento tornar-se exigivel, suspendeu sua exigibili- dade. conseqiiente normativo desta regra extingue 0 direito de agio de 0 Fisco cobrar judicialmente 0 crédito tributério, conforme prevé o Art. 174 do CTN, 9.5.5, Regra de reinicio do prazo de presci do dircito do fisco Aspecto peculiar desta regra de preserigdo 6 tomar como suposto a realizagiio do quinto critério, ou seja, a ocor- réncia de qualquer uma das hipéteses de reinicio do prazo de prescrigio anterior, consolidando 0 que a doutrina chama de “interrupgio” do prazo e que preferimos desi znar como “reini- cio" de novo prazo de prescrigio, Assim, na hipétese desta regra temes a configuragio juridica de despacho do juiz ordenando a citagio, ou protesto judicial, ou ato judicial que constitua em mora 0 devedor, ou reconhecimento do débito pelo devedor. A data em que ocorrer qualquer uma dessas hipdteses serviré como dies a quo do novo prazo prescricional de cinco anos, qualificedo pela conduta omissiva de 0 Fisco exercer 0 direito de agi No conseqiiente desta norma, temos a previsio abstrata da extingio do diteito de o Fisco cobrar judicialmente o crédito tributério constitufdo pelo langamento ou por ato de formaliza- ¢i0 do contribuinte. 9.5.6. Regra da prescrigiio do direito do Fisco ao crédito crigi Enguanto as cinco regras de prescrigio supradescritas mantiveram a extingiio do direito de acdo como foco, esta regra 208 #UKICO stagcos Dive DE SANE dirige sua forga extintiva para o crédito tributério. Aquelas extinguem o direito de agao de cobranga do crédito; esta extin- gue 0 proprio crédito tributirio, seja ele resultado de langa- mento ou de ato de formalizagao do particular. A hipétese desta regra 6 0 transcurso do prazo preseri- ional previsto em todas‘as regras anteriores, configurando a impossibilidade jurfdica de 0 Fisco exercer seu direito de ago, conforme pressupde o Art, 156, V do CIN. A conseqiléncia desta regra seré a extinglo do erédito tributério, constitufdo pelo langamento ou por alo de formali- zago do particular. 9.6. Outros casos per do direito do Fisco lentes A prescrigio Elegemos, nesse tépico, alguns casos que se situam na fronteira entre a ciéncia e a experiéncia; casos em que hi con- twovérsia com relagio & prescrigio do direito do Fisco, para os quais nropamns saluctes baseadas nas seis reorag aeima des. : (i) efeitos da suspensio da exigibilidade do crédito apss © vencimento do prazo para pagamento, (ii) dies ad quem € 0 dies ad quo do prazo de prescrigdo do direito do Fisco eo § 2° do Art. 8° da LEF, (iii) hipdtese de suspensio do prazo prescri- cional do Art. 2°, § 3° da LEF, (iv) suspensio da execugdo fiscal € 0 Art. 40 da LEP, (v) prescrigdo intercorrente no direito po: tivo, (vi) direito ao débito do Fisco no caso de pagamento de crédito prescrito, (vii) prescrigiio da execugio fiscal em relagiio 20 s6cio responsdvel,.e (viii) execugdo fiscal dos créditos cons- titufdos pelo contribuinte. 325. Deveras, a hiptese dessa regia € a ocorncin da presergio. Como ix PONTES DE MIRANDA: “Ninguém perde dieito por prestiqaos se bem que so ssa perder o direito em virude de fato juridico em euj suport Tctico eseja 0 fato prescricional (eg. a 739, VI). Tratado de diretoprivado, vo. 6p. 104 DECADENCIA E MRRSCRIGAO NO DIREITO THIBUYA {HO 22 9.6.1. Efeitos da suspensio da exigibilidade e prescrigio apés 0 vencimento do prazo para pagamento regra da prescrigiio do direito do Fisco com cons- tituigdo do crédito pelo contribuinte e coin suspensdo da exi- gibilidade e na regra da prescrigdo do direito do Fisco com langameno ¢ com suspensdo da exigibilidade, a suspensio da exigibilidide se di em momento anterior a0 vencimento do prazo para pagamento do crédito e, por isso, desloca o dies a quo dos p eos prescricionais para 0 momento da supressio da suspen: Cem relagio aos casos em que a suspensio da exigibili- dade ocorce em momento posterior ao vencimento do prazo para pagamento do crédito, aplicam-se outras regras: a regra da prescricgdo do direito do Fisco com constituigdo do crédito pelo conti buinte © a regra da prescrigdo do direito do Fisco com langamento, Essa suspensio da exigibilidade ser configurada (i) pela moratéria, que recebeu disciplina expresia a esse res- peito ex vi do pardgrafo Unico do Art. 155 do CTN, (ii) pelo depésito do montante integral do crédito tributdri ou (iii) pela concessio de medida limiriar em mandado de scguranga, nos termos do Art. 151 do CTN. Assim, estando 0 prazo prescricional jé em curso, a rea- lizagdo de qualquer das aludidas hipéteses suspens.vas tornard 0 crédito inexigivel, de tal fornia que no se poderé qualificar a conduta do Fisco como omissiva até que desaparega a cldusula suspensiva. Conseqiientemente, também a contag2m do. prazo de prescrigao restard suspensa™* durante o perfoco em que se suceder a suspensio da exigibilidade do crédito, sendo reto- mada com a supressio da causa suspensiva. caus 326, Cf. RICARDO LOBO TORRES, Curso de direito financeiro e tributério, p. 259, 230 EURICO MARCOS DINIZ DE SANT 9.6.2. O dies ad quem eo dies ad quo do prazo de prescrigio do direito do Fisco e 0 § 2° do Art. 8° da LEF Devemos a ALFREDO AUGUSTO BECKER a ligdo sobre o perigo da contaminagio que prostitui a atitude mental Juridica, induzindo o jurista (sem que disso se aperceba) a ra ciocinio pseudojuridico que produz. a “conclusio invertebrada ¢ de borracha que se molda e adapta ao caso concreto segundo o critério pessoal (arbitrio) do intérprete do direito positivo (regra Juridica). Em sfntese: aquele tipo de racioc{nio introduz clan- destinamente a incerteza e a contradigdo para dentro do mundo juridico; incertezas ¢ contradigdes que conduzem todos ao ma- nic6mio jurfdico tributdrio ¢ & terapéutica e & cirurgia do deses- pero” 2? E continua esse autor, agora com supedineo em NORBERTO BOBBIO: “O rigoroso cuidado na terminologia ndo’€ exigéncia ditada pela gramética para a beleza do estilo, mas é uma exigéncia fundamental para se construir qualquer Ciéncia. (...) Toda e qualquer Ciéncia inicia-se com a formagao de sua propria linguagem cientifica, isto é, com aquela lingua- ‘gem que faz de um conhecimento puramente subjetivo (a minha percepgdo) um conhecimento de maximo grau inter-subjetivo (a percepgo pelos outros)”."* Exemplo contundente dessa inestimével ligdo pode ser encontrado no artigo em que SERGIO MARTINS RSTOU” trata da prescrigao intercorrente no processo civil brasileiro: A prescrigdo intercorrente é um assunto muito pouco tratado pelos doutrinadores patrfcios, embora possa cau- sar a extingio do processo com o julgamento do mérito, liberando 0 devedor do encargo. Essa prescrigio tem 321. Teoria geral do direto tribuiéri 328, Idem, ibidem, p. 40-1 329. A prescrigdo intercorrente no processo civil brasileiro, p. 4, DECADENCIA EPRESCRICAO NO DukEO TRINUTARIC como requisitos a inércia da parte interessa 4a em desar- quivar 0 processo e o lapso temporal No dizer de Anténio Lufs da Camara Leal, “interrom- pide a prescrigio, a agdo permanece ¢ s6 se extinguird por um novo percurso prescricional, cujo inicio ¢ dura- Gio é fixado pelo momento em que cessa a causa inter- ruptiva”. (Da prescrigdo e da decadéncia, p. 216, ed. Forcnse, 1982). A citago vélida e regular interrompe a prescrigo (Att. 219, “caput” do Cédigo de Processo Civil Brasileiro). | autor s6 péde interpretar que ANTONIO LUIS DA CAMARA LEAL aceita a prescrigio intercorrente porque entendeu o termo agdo™” ‘como se fosse processo."’ Se con- textualizarmos a aludida citago com o pardgrafo seguinte do original, veremos que ‘0 autor citado falava de agio, como direito subjetivo piblico de pleitear ao Estado-juiz decisio sobre dada pretensao, e no de processo: Interrompida a prescrigdo, a agdo permarece € sé se extinguird por um novo percurso prescricional, cujo 0 inicio e duraglo é fixado pelo momento emt. que cessa a causa interruptiva Mas, se a interrupgo se da pelo exercicio da ago, ou pelo ajuizamento do direito, submetido a decisio do juiz, por meio de defesa oferecida na agio intentada pelo precribente, a apio perde a possibiliaade de revi- ver, extinguindo-se pela sentenga que decidir o direito, salvo se © processo vier a finalizar-se sem essa sen- 330, Ientitien bem essa ambiguidsde do termo ado PAULO CONRADO, {quando difere weia 0 direita de aedo (diseto, decantado, de acesiar a jurisdigio) deed no sentca de Tide, de demanda,", Anoroduga dear eral do process, p.70, 331, Cf, PAULO CONRADO: “0 process constitu uma cate oria relacionsl, tspociticamen ¢ denominada de relugio juridica processual, ot, simplesmente. relagio process. Insrodugdo &teoria geral do processo, p. 98 232 [EURICO MARCOS DINYZ BESANT tenga, ou por absolvigio ou perempedo de instiincia, ov por perempgio, desisténcia ou anulago da agi (destacamos) Para CAMARA LEAL, como a prescrigdo decorre do no exercicio do direito de aco, 0 exercicio da ago impoe a interrupgo do prazo de prescrigio € faz que a ago perca a “possibilidade de reviver”, pois ndo hd sentido @ priori em fazer reviver algo que jé foi vivido (exercicio da ago) e encontra-se em seu pleno exercicio (proceso). Ou seja, 0 exercicio do direito de ago faz cessaz a prescrigdo. Alias, esse € também o diretivo do Cédigo de Proceso Civil: Art 219. A citagio valida torna prevento o jufzo, induz litispendéncia e faz litigiosa a coisa; ¢, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor ¢ intertompe a prescrigao. § 1° A interrupeio da prescrigio retroagiré A data da propositura da ago, Ge) ; Se a interrupgao retroage A data da propositura da ago, isso significa que € a propositura, ¢ ndo a citagio, que inter- rompe a prescri¢do. Nada mais coerente, posto que a propo: tura da ago representa a efetivacdo do direito de ago, cujo prazo prescricional perdé sentido em razio do seu exerci que seré expressamente reconhecido pelo juiz no ato da citagio, Nesse caso, 0 que ocorte & que o fator conduta, que é a omissio do direito de ago, € desqualificado pelo exercicio da agio, fixando-se, assim, seu termo consumativo.™? Quando isso ocorre, o fator tempo torna-se imrelevante, deixando de haver um fermo temporal da prescrigio. Ao interpretar 0 § 2° do Art. 8 da Lei n° 6.830/80, que prescreve um termo consumativo, podemos considerar o inter- rompe a prescrigdo como “faz. cessar definitivamente” ou “faz. 332, f inevitvel a aproximagdo dessa das com a precluso ternporal,Kgica © -consumativa,dspostas no distoprocssua evil nc aDONcHa I rRESCIER ZO NO BIRT a 4 cessar ter porariamente, reiniciando-se posterior nente”. Sendo assim, este dispositivo serve como base empirice para definir 0 dies ad quem, ou termo final, da regra da prescrigao, que € a propositu'a da agio, bem como o dies a quo, ot termo inicial, que ird instaurar novo prazo de prescrigiio no caso de coisa jul- gada formal, propiciando a formagdo de ulterior processo, pois indo haveria sentido em se cogitar de perda do direito de agdo no curso do srocesso que decorre féctica e logicamente do exerci- cio dessa agio. CARVALHO SANTOS, explicando os casos conven- cionais de interrupgio da prescrigo, aduz que “Quando a inter- rupgdo € operada pela citagdo inicial da demanda, o mesmo [encerramento do prazo inicial e fixagdo de nove prazo] nio se sucede. Porque o prazo da prescrigao anteriormente decorrido & inutilizado com a citagdo, mas deste’ momento ja citago nao comega a correr novo pfazo. Verifica-se um inte rregno, dentro do qual 0 novo prazo no comega a correr. Somente com 0 tiltimo termo da demanda ou quando esta tiver fim € que co- ‘mega a correr prazo para a.prescrigao”.** Assim, o despacho do juiz. ordenando a citagao tem a finalidade de reconhecer juridicamente que, com a propositura da ago, se operou 0 termo consumativo da prescrigio, inter- rompendo-se 0 seu curso, Ao mesmo tempo, esse ato incide € realiza a hipstese da regra de reinicio do prazo de prescrigiio do direito do fisco, estipulando 0 final do proce:so como novo prazo para 0 eventual exercicio do direito de agi, e.g., no caso de suceder a coisa julgada formal. 9.6.3, A hipétese de suspensio do prazo prescricional do Art, 2°, § 3° da LEF Além das hipéteses que delineiam a formagio do fato- prescricinnal mediante a suspensio da exigibilicade do crédito 393. Céilige civil interpretado, vol Il, p.436. 234 EURICO MARCOS DINIZ DE SANT em momento posterior ao vencimento do prizo para opie gamento (moratéria, depésito judicial e liminar em mandado de seguranga), previstas no Art. 151 do CTN, a Constituigdo Fede- ral de 1988 recepcionou outra condicionante que cozrobora na composi¢o do suporte factual das cinco primeiras regras de prescrigdo. ‘Segundo o Art. 2° § 3° da Lei n. 6.830/80, a inserigo do crédito tributério nos livros da divida ativa suspende a compo- sigdo do prazo de prescrigo por 180 dias ou até a distribuigdio da execugdo fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.™ Trata-se de dispositivo que, diferentemente das trés hipéteses do item anterior, altera objetivamente a contagem do tempo, uma vez que fixa um limite maximo de 180 dias para a suspensio, ¢ nio desqualifica a conduta do agente, pois admite a distribuigdio da execugiio fiscal como termo consumativo" do prazo de prescrigio. Ora, se jé foi distribuida a ago de execu- ¢40 fiscal, nfo hé por que se continuar contando prazo de pres- crigdo, pois a conduta de exercitar a agdo interrompe o fluxo da prescrigao © consegiientemente, como neste caso, o fluxo da suspensio da exigibilidade, 9.6.4. A suspensio da execuco fiscal eo Art. 40 da LEF Consoante o Art. 40 da Lei n. 6.830/80, 0 ato de o juiz suspender 0 curso da execugio fiscal enquanto nao for locali- zado © devedor ou nao forem encontrados bens sobre os quais 334, Idem, ibidem. 335, Bese “terma consumativa” foi utlizade em slusio § aplicasio que © voek onsumativo” recebe no Direito Processual Civil, quando se constr6i a 0 entre preclustio comsumativa, preclusio ldgica ¢ preclustio temporal, Em que a primeira designa a perda do exercfcio de um ato processual em razio da pritica de outro ato processual incompativel com o exercicio do primero. Assim, 0 alo da distribuigzo da agdo ¢ incompativel com a continuidade da contagem do prazo de prescriglo que supe o nfo exerefcio do dieito de agio, DECADENCIA KPRESCHICAD No OnREILD TRIBUYAL 10 235 possa rect ir a penhora, suspende também a cont: gem do prazo prescricio val Scbre a interpretago desse dispositivo, pairam algumas afirmagdes que podem se encontradas em varios julgados do STI e esto concentradas na Ementa do REsp 35540-96/SP. A primeira alega trazar-se de dispositive que impde a indefinigdo da prescrigéo: “1.0 Art, 40, da Lei num, 6.830/80, nos termos.em que foi admitido em nosso ordenamento juridico, nao tem prevaléncia. A sua aplicago hd de sofrer os limites im- postos pelo Art. 174 do Cédigo Tributiriy Nacional. 2. Repugna aos princfpios informadores do nosso sistema tributdrio a prescrigic indefinida” A segunda sustenta que a prescrigZo impde seguranca Juridica aos litigantes: “3. Ha de, apés o decurso de determinaao tempo sem promogio da parte interessada, se estabilizar 0 conflito, pela via da prescrigio impondo seguranga juridica aos litigantes”. A terceira trata de prescritibilidade das obigagées: “O Art. 40 da LEF estabelece uma injustificdvel exce- ‘gio 20 principio geral da prescritibilidade das obriga~ goes” A quarta diz respeito ao problema das normas gerais de direito tributdrio: “4, Os casos de interrupgdo da prescrig&ic esto previs- to: no Art. 174 do CIN, nele ndo incluide os do Art. 40 da Lei 6.830/80, 5. H4 de ser sempre le nbrado que 0 Ait. 174 do CTN tem natureza de lei com lementar”."¢ 336.'CI. MANOEL ALVARES: “o Art. 40 da LEF 6 inaplicdvel porque estabe lece caso de suspensio da prescrigio por lel ordingra, em natéria tributéria, contrarianddo a regea da Lei Maioe no Art, 146, Il, 6", Cédigo Tributrio Nacio- ral comentu'a, p. 672. 236 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI 9.6.4.1. O Art, 40 da LEF nao pode tratar de prescricio Entendida a prescrigiio como a perda do direito de a no cabe cogitar-se de prescrigdo no curso do processo, pois, se hd proceso, € porque a ago jé foi exercida, Nao se trata, portanto, de “prescrigdo indefinida”, mas de duragiio indefinida do processo, matéria que refoge ao tema da prescrigio. Nem se pode pretender oferecer pela via da pres- crigdo “seguranga juridica aos litigantes”; a seguranga juridica dos litigantes no processo esta na certeza da prestagio jurisdi- ional, segundo os principios constitucionais informadores do rocesso, no no problema da durago do processo, Tampouco, quadra pensar numa “injustificdvel excegdo ao principio geral da prescritibilidade das obrigagdes", pois a prescrigio incide sobre 0 direito de agio, e nio sobre obrigagdes nem sobre 0 Proceso que se instaura em decorréncia do exercicio desse direito € da realizagio da citagdo. B disso que trata o Art. 156, V do CTN, ou seja, da extingdo do direito de ago, que tem como conseqliéncia a extingao do crédito. 9.6.4.2. 0 Art, 40 da LEF é preceito de direito processual civil © Art. 40 da Lei n, 6.830/80 nao trata de prescrigio, nem pode, pois refere-se & suspensio do processo de execugio, que somente se constituiu porque ndo houve a prescrigio, Assim, no hé que se falar neste caso em prescrigo, que é ma- téria de direito tributério, € sim em suspensio da execugio, matéria nitidamente de direito processual civil, Alias, calha cotejar o Art. 40 da LEF com os Arts. 791, 794 e 795 do CPC: Art.40 - O juiz suspenderd o curso da execugio, enquanto, néo for localizado 0 devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, no corteré o prazo de prescri DECADENCTA EPRESCIIGAO NO DIREITO TRIUUTARIO B Art. 791 - Suspende-se a execugiio: = no todo ou em parte quando recebidos os embargos do devedor (Art. 739, § 2"); IL- nas hipéteses previstas no Art. 265, I a I; III- quando 0 devedor nao possuir bens penhordveis. Art. 794 - Extingue-se a execugdo quando: 1-0 devedor satisfaz a obrigagio; II - 0 devedor obtém, por transagio ow por. qualquer outro meio, a remissio total da divida; III - 0 credor renunciar ao crédito. Ant. 795 ~ A extingio s6 produz efeito quando declarada por sentenga, © Art.40 da LEF, simplesmente, reproduz nq campo das execugdes fiscais a matéria dla suspensio da execugio, tra tada genericamente pelo Art. 791 do CPC. Como extingue direito de ago, a prescrig&o ndo tem o condo de extinguir 0 processo de execugilo e, piova disso,,é que no consta entre as hipéteses de extingio previstas no Art. 794 do CFC. Poder-se-ia alegar que o Art. 40 da LEF s2 dirige nfo ao devedor executado, mas a0 sécio responsével tributério pelo débito fiscal. Entretanto, como o aludido responsivel s6 entra no proceso por ocasido do redirecionamente da execugio fiscal, nio faz sentido opor-lhe nesse momente suspensio do prazo de prescrigdo. Oprazo de prescrigdo po ariza credor € Estado-juiz, na consectigao do direito de ago; no hi espago nessa relagdo juridica linear para as figuras do cevedor ou res- ponsivel. Em suma, a prescrigio corre entre Fisco_¢ Estado- |juiz, € 86 pode ocorrer antes do processo de ¢ menta 238 "HURICO MARCOS DINtZ BESANT 9.6.5. Prescrigdo intercorrente no direito positivo Fala-se em prescrigdo intercorrente™” tanto no proce- dimento administrative — quando ha decurso de determinado tempo sem julgamento de impugnagio ou recurso administra- tivo depois de iniciado 0 processo — quanto no processo de execugdo fiscal — quando hi decurso de determinado tempo sem promogio da parte interessada depois de iniciado 0 pro- cesso,” . Representa bem a primeira proposta ANGELO VEROSPI."? : Interposta uma impugnagdo ou recurso, € no julgados pela autoridade competente dentro do prazo, estaria fluindo a contagem da prescrigio. Terfamos, assim, 0 que se chama de “prescrigao intercorrente”, pois ocorre durante o procedimento administrativo. Representa bem a segunda proposta o Min, JOSE DEL- GADO,™ conforme extrato de ementa do REsp 208345/PR do STJ, em que foi relator: Ap6s 0 decurso de determinado tempo sem promogio da parte interessada, deve-se estabilizar o conflito, pela via da prescrigio, impordo seguranga juridica aos liti- gantes. 337. Cf, EDUARDO MARCIAL FERREIRA JARDIM, Diciondrio juridico ‘ribuidrio p.129, 338, Segundo HUMBERTO TEODORO JUNIOR, “Hoje, pode-se dizer tranquilo 0 entendimento juisprudencial de que a Fazenda Publica nfo pode abandonar a ‘execuso fiscal pendente sem correr 0 risco da prescrig intervorrentc, desde claro que a paralizagio dure mais do que o quinaténio legal”. Lei de execugto Siscal,p, 121, 339. Os direitos do contribuinte ea prescrigto intercorrente, p. 41. 340. CF. httpuiwww.stj.gov-br. DECADENCIA BRESCKIG AU NO DIREHTO TRIUTARIO 2 9.6.5.1. Inexisténcia da pres no proceso administrative rigiio intercorrente Consideramos que ndo pode haver preserigdo intercor rente no processo administrativo porque, quando hd impugna- gio ou recurso adr rativo durante 0 prazo para pagamento do tributo, suspende-se a exigibilidade do crédito, o que sim- plesmente impede a fixagdo do inicio do prazo f rescricional MARCO AURELIO GRECO™' interpreta 0 prazo do pardgrafo Gnico do Art. 173 do CTN como prazi de perempsio, € nio de prescrigiio ou decadéncia, Assim, prefere o temo perempedo 2 expresso prescri¢do intercorrente no processo administrativo, Para tanto, diferencia 0 “direito de langar” do “direito de constituir o crédito” e entende langamento como procedimento administrativo, regido pela perempgdo, prazo fatal estabelecido para a Administragio concluir 0 procedi- mento de langamento, sob pena de extingo do diveito de fazé-lo. Também nao aderimos a essa tese, primeiro porque entendemos que no & admissivel a distingdo entre “direito de langar” ¢ “direito de constituir 0 cf€dito” e, segundo, porque tanto © pardgrafo nico quanto o caput do Ait. 173 do CTN fazem referéncia & decadéncia do direito de 3 Fisco langar. Aléin disso, 0 fato de o pardgrafo nico deter inar um termo inicial (i notificagdo, ao sujeito passivo, dé medida preparatéria indispensdvel ao langamento) diferente dos ter nos iniciais do inciso I (primeiro dia do exercicio seguinte acuele em que 0 Jangamento poderia ter-sido efetuado) e do inciso II (a data que tornar definitiva a decistio que anular 0 langarento por vicio formal) nio é suficiente para caracterizar uma ouitra modalidade de extingao."* 341, Perenpeao no langamento tributéri p, SOB. 342, Nao tereditamos que exista qualguer emburago para qus o legistador com plemntar nstitua a aludida perempedo, mas, diante do direita posto, nfo encon- {ramos bas: empirica para construgdo da perempao. 240 EURICO MARCOS DINIZ DE SANTI 9.6.5.2. Inexisténcia da prescrigio intercorrente no processo executive Q objeto da prescrigdo € a relagio jurfdica linear que se estabelece entre Fisco e Estado-Juiz, nada tem a ver coma rela- 0 angular formada na composigio do processo, Portanto, a prescrigo extingue 0 direito de ago, endo 0 processo execu- tivo fiscal, que € decorrente do exercfcio do direito de agio. A nogao da prescrigdo intercorrente decorre da idéia de que a “citagio pessoal feita a0 devedor” conforme dispée 0 Art. 172, I do CC (Art. 174 pardgrafo tnico, Inciso I do CTN) tem 0 condo de reiniciar novo prazo prescricional, agora, no decorrer do processv. Tal visto deflui da confusio criada pela nogio de interrupedo (Item 7.5) sempre associada a reinicio, quando a nosso ver, essa hipStese simplesmente corta a conta- ‘gem do prazo de prescri¢ao, interrompendo seu fluxo pelo sim- les fato de reconhecer como pressuposto da citagdo 0 efetivo exercicio do direito de ago. Para que continuar 0 curso de prazo extintivo do direito de agtio se esta jd foi exercidal? Entende ANTONIO LUIS DA CAMARA LEAL que “Enquanto corre a demanda judicial, o direito est em atividade pleiteando o seu reconhecimento pela sentenca; a ago esté sendo exercitada para fazer valer o direito por ela protegido; 0 titular vigilante ¢ ativo, pde em movimento os meios judiciais de defesa de seu direito; como, pois, durante essa atividade afirmativa do direito, correr contra ele a prescrig&o, se essa tem ‘como causa eficiente a inércia e supde a negligéncia do titular como uma de suas condigdes elementares?”. E segue sen- tenciando: “Uma vez, pois, que a interrupcio da prescrigio se dé pela citagio para a demanda judicial, ou pela alegagao do direito em jufzo, subordinando-o a0 pronunciamento da sen- tenga, a prescrigo se toma impossivel, durante 0 processo, ‘Porque nao mais se poderd atribuir ao titular a inéreia e a negli- géncia, ‘suas causas eficientes, e, por isso, enquanto dura a demanda, néo se inicia um novo prazo prescricional. A perpe- DDECADENCIA E PRESCRIGAC NO DIRENO TRINUTARIO 241 tuagiio di Tide, no sentido de nio correr a prescrigio da ayio enquanto essa se processa, € uma conseqtiéncia necessiria do conceito © fundamento juridicos da prescrigio, e, portanto, independentemente de preceito expresso, ela existe, como parte integrante da teoria prescricional, Os que discut’m ¢ lhe negam existéncia em nosso direito positive olvidam os princfpios ba- silares do instituto da prescrigdo e estudam o Jireito, em um terreno movedigo, fora dos alicerces fundamen:ais em que se assenta a sua construgdo doutrinéria”."” Quadra, ainda, consignar que também descabe qualquer aproximagdo desarticulada entre 0 esbogo da prescrigio no direito tributdrio e a prescrigdo 10 direito penal, com 0 fito de suscitar fundamentagio jurfdica 4 preserigao_intercorrente, porque uma é completamente diferente da outra Em direito penal, segundo DAMASIO 3. DE JESUS, prescrigio ¢ “a perda do poder-dever de punir slo Estado pelo nio-exercicio da pretensio punitiva ou da pretensio executéria durante certo tempo”. Vé-se, portanto, que no direito penal a prescrigio incide durante 0 processo, pois nic é a perda do direito de ago, mas do poder-dever de o Estade aplicar a pena em razio da demora no ‘decurso do processo enquanto, no direito tributdrio, a prescrigao s6 € possivel quando de seu su- cesso antes do processo. 9.6.6. Direito a0 débito do Fiseo no caso de pagamento de crédito prescrito 4, doutrina entende que 0 pagamento de crédito tributd- rio apés 9 prazo decadencial faz surgir 0 direito 3e repeti¢ao do indébito, pois, como a decadéncia extingue o «lireito, 0 Fisco no detém titularidade jurfdica para reter ess quantia paga 343, Da preseripdo e da decadéncia, p. 210 344, Presevigdo penal, p. 17. 242 EUKICO MARCOS DINIZDE SANT extemporaneamente, Diversamente, se contribuinte extingue crédito tributério prescrito, nao tem direito a pleitear a restitui- $40 do montante pago, pois a prescricio extingue a ago, ma no o direito, que remanesce em estado latente. Em sintese, em caso de pagamento de divida objeto da decadéncia, cabe o di- reito de restituigio; em caso de pagamento de divida prescrita, niio cabe direito de restituigao, O direito positivo tributério superou essa questio, com a redagdo do Art. 156 V do CTN, segundo a qual “extinguem o crédito tributério” a prescrigdo e decadéncia, Operando-se a decadéncia, fica extinto o direito de constituir 0 crédito tributério pelo langamento ou por ato do contribuinte. E, se ainda assim for constitufdo por ato de autori- dade ou do contribuinte, aplica-se a regra da decadéncia do direito de crédito do Fisco, que determina a extingao do crédito tritutério constitu(do intempestivamente. Operando-se a prescrigio, fica extinto 0 direito de ago de 0 Fisco cobrar o crédito tributério, E se, ainda-assim, 0 con- tribuinte espontaneamente pagar esse crédito prescrito, aplica- se a regra da prescrigiio do direito do Fisco ao crédito, que determina que a ocorréncia da prescrigio extingue 0 crédito tributério, Em suma, o pagamento de crédito tributério decatdo ou Prescrito, em razio das aludidas normas que cuidam da extingio do crédito tributério, faz surgir para 0 contribuinte o direito 20 débito do Fisco, 9.6.7. Prescrigio da execugio fiscal em relacao a0 sécio responsdvel ____ HERBERT HART, analisando a definitividade ¢ a infalibilidade das decis6es dos tribunais superiores, faz uma 345. 0 conceito de direito, p, 155-6 DECADENCIA EIRESCIICAD NO OIKEITO THELIAL 24% instigante analogia com os jogos em que, num primeiro mo mento, ndo hd a figura do juiz, que, quando irstituido, funcio nar como marcador oficial dos pontos e cujas diretivas sera definitivas, Explica que nesse tipo de sistema passa a ocorrer um novo tipo de interagdo entre os actantes do j go, que deixam de opinar sobre a pontuagio ou sobre as regras do jogo, porque as determinagdes do marcador sio indisputave's e definitivas, E continua: Neste sentido, -€ verdade que, para fins do jogo, “o resultado é aquilo que o marcador diz que &”. Mas é im- portante ver que a regra da pontuagio continua a ser 0 que era antes e é dever do marcador ap icé-la 0 methor que puder. A afirmacdo “O resultado € aquilo que o marcador diz que €” seria falsa se tivesie o significado de que nio havia regra para pontuar, salvo a que o mar- cador escolhesse, discricionariamente aplicar. Podia fazer de, facto um jogo com (al regrt e poder-se-ia encontrar algum divertimento ao jogé-Ic, se a discricio- nariedade do marcador fosse exercida com alguma regularidade; mas seria um jogo difeente. Podemos chamar a tal jogo o jogo da “discriciona iedade do mar- cador”, Nao € diferente dessa situagio 0 que oco-re nos julgados do STI (“mareado: oficial”) com relagiio as regras de prescrigio da execugio fiscal em relagio ao s6cio responsi vel M6 reiterada jurisprudéncia do STJ eniendendo que o redirecicnamento da execugilo fiscal, requerenlo a citagio de um dos :écios coobrigados, apés decorridos cinz0 anos desde ordem dz citagiio da pessoa juridica, autoriza 1 declaragio da ocorréncia da prescrigao. Diante desses casos, 0 STI firma a posigiio fe que o Art. 40 da Lei n. 6.830/80 é inaplicavel, posto que diz respeito ac devedor, no ao responsivel. 244 [BURICO MARCOS DINIZ DESANTI As duas ementas abaixo transcritas retratam bem o entendimento do STI“ nessa matéri Tributirio, Prescrigdo. Redirecionamento da execugiio fiscal. Prazo. A ordem de citagio da pessoa juridica interrompe a presctigdo em relagdio ao s6cio quando se The imputa a responsabilidade solidaria pelo débito (CIN, Art. 125, Ill); 0 redirecionamento da execugio fiscal, nesse caso, deve se dar no prazo de cinco anos, inaplicdvel o Art. 40 da Lei 6,830, de 1980, que diz res- peito ao devedor, nao ao responsdvel, Recurso especial conhecido e provido. (STJ, 2* Turma, REsp 142397-97/SP, rel, Min, Ari Par- gendler, j,-16.09. 1997, DJU 06.10.1997; P. 49.955). Tributdrio, Prescrigdo. Sécio, Art. 125, Ill, CTN. 1, De acordo com o Art. 125, Ill, do CTN, em combina- gio com, o Art. 8°, Pardgrafo 2°, da Lei n, 6.830, de 1980, a ordem de Citago ca pessoa juridica interrompe 4 prescrigtio em relagao a0 sdcio responsavel tributirio pelo débito fiscal 2. Fendmeno integrativo de responsabilidade que no pode deixar de ser -econhecido pelo instituto da prescrigo, sob pena de se considerar nao prescrito 0 débito para a pessoa Juridica e prescrito para 0 sécio responsével. ogicidade no homenageada pela ciéncia juridica. 3. Recurso provide. (STJ, 1° Turma, REsp 146629-97/RS, rel. Mi Delgado, j.09.12.1997, DJU 16.03.1998, p. 30). José A telagao juridica processual em face do sécio decorre do processo de execugio original, iniciado com o respectivo exercicio do direito de ago, no momento da propositura da 346, No mesmo sentido: REsp 138847/2S, REsp 139930/MG, AERESP ‘45636/SP, REsp 142397/SP, REsp 45636/SP, REsp 34461/SP, REsp 3096/RS, DECADENCIA EYRESCRIGAO NO DIKENTO NRIMUTARIO 24s demanda, ¢ no bojo do qual o despacho que ordenou a citagio reconheceu 0 fermo consumativo da prescrigco que até e cortia, Entendemos, portanto, que apés 0 exercfcio da ago que instaurou o processo, descabe falar-se em presc igo. Os Arts. 156, V do CTN, que cuida da extinglo do cré- dito tributério em decorréncia da prescrigdo, e 174 do CTN, que trata da extingdio do direito de agiio, nio tém o zondio de extin- guir proceso executivo, conforme vimos nos itens anteriores, nem tampouco podem servir de fundamento jurfdico sara impe- dir a citagdo do sécio responsivel e a consegiiente formagio da relagdo juridica subsididria. Nao ha fundame to juridico que justifique esse impedimento, pois a agdo Ici exercida, no havendo mais, portanto, que se falar em prescriviio.""” Além disso, descabe a dissensio sobre a ap!icabilidade do prazo prescricional ao devedor ou ao responsdvel: a nosso ver, em relagdo a nenhum dos dois cabe exvogitar de prazo prescricional, pois a prescrigio dirige-se ao credor: a prescriga0 extingue o direito de agZo que se estabelece enite sujeito-credor e Bstado-juiz. O devedor e os sécios encontra n-se em relagao de dire to material com 0 sujeito-credor, relagzo esta que nao objeto «a prescrigio. ‘Sendo assim, pressupondo-se que cons: da certidao da divida stiva 0 nome do devedor € dos co-responséveis ex vi do Art. 202, I do CTN,™* divida esta que regu armente inscrita 347. Refirimo-nos aqui & argumentagdo desenvolvida em dspacho tansrito na relatério do Min, JOSE DELGADO, relativo 4 ementa ¢o STJ acima citada: ‘“TRIBU”ARIO. EXECUCAO FISCAL. FALTA DE CI\’ACAO DO SOCIO- GEREN”. PRESCRICAO. A citagfo do séco-gerene a)6s cine (S) anos do Tangamet to do débito fiscal, ainda que a empresa tenha s do cited, afo tem © condo de inlerromper a presrigfo prevstano at. 156 ne. V,corjugado com 0 a I74, ambos do. C6digo Tributiio Nacional Divida jresrta & inexigive, Recurso mprovido.(f1.93.). 348, Cr, HUMBERTO TEODORO JUNIOR: “ jendo a exccugie fiscal regulada pela Lei ». 6.430 puro procedimento exceutivo, continus a neu ver, inadmissive, tm fcito la espécie, pretender a Fazenda o acertamento de respansabitidades be fereeiros ou coobrigados que nie figuraram no processo aulministativa © contr 246 EURICO MARCOS DINIZ DESANTI goza de presungio de certeza ¢ liquidez € tem efeito de prova pré-constituda, conforme diego do Art. 204 do CTN, nao hi como admitir que, exercida a agdo, alegue-se ainda prescri¢zo, No direito tributério, onde a matéria da presctigio ¢ colocada de forma expressa ¢ objetiva, afigura-se renitente absurdo aceitar a prescri¢ao como modalidade extintiva do pro- cesso executivo, pretendendo implementar “a paz entre os li- tigantes” ou “estabilizar a relagio juridica entre as partes inte- ressadas, afastando 9.conflito”. Alids, nessa matéria, a alusio 3 impossibilidade de aderir & “corrente que defende ago impres- critivel”™” denota mais uma vez a confusio entre agdo e pro- cesso, conforme apontamos em item anterior, fato que parece fomentar essa vitanda idéia de que a prescrigo deve extinguir 0 processo: a prescrigtio em direito tributdrio nao tem esse fim consuma-se no exercicio do direito de ago. Conforme ensina ANTONIO LUIS DA CAMARA LEAL: “Seria uma aberragio da lei, se ela permitisse a prescri- ¢40 da ago, como fundamento na inércia de seu titular, quando essa agdo se acha em movimento e, por ela, o'titular se poe & conserva em atividade”."” Como reza o Art.262 do CPC, “O processo civil comega por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”. O impulso ao processo é responsabilidade do Estado- juiz, ndo do credor, ainda que o autor seja o Estado-administra- 40. A prestagio jurisdicional é dever do Estado-juiz. A ndo- agdo (inago) no processo € outra ago irrelevante para a pres- quem nio se formou o tio executive, que € a Certidio da Divida Ativa", Lei de execugdo fiscal, p. 24 349. Cr. voto do Min, JOSE DELGADO: “O fendmeno da preserigdo em nosso Uireito segue a tendéncia contemporinea de que através do decurso do tempo aliado & inéria da parte interessada, quer pessoa jurfdica, quer pessoa privada, estabilcar @ relagao Juridica entre as partes, afastano o confit, Firms nessa onstrugdo doutrindia¢ jurisprudencial, insplrada na missto do diteto este! cer a paz enire os lgaies, ndo consigo me far a corrente que defen ago Jimprescritvel”, REsp n. 146629, Voto, p. 3 (destecamos). 350. Da preserigao e da decadéncia, p, 210. DECADENCIA 1 PRESCIIGAO NO DIREITO TRIBUTALIO 267 crigio, & outra conduta, nio & direito de agé,*" por isso nio pode ¢ niio deve ser objeto da prescrigio. E certo que a autoridade e a definitividade das decises do STI sio inquestiondveis. Contudo, como easina HERBERT HART:*? “0 resultado é que o marcador diz que é’ nio é uma regra de marcagio: € uma regra que atribui autoridade e defini- tividade & aplicagdo por ele em casos concretos da regra de pontuagaio”. Remanesce assim, o seguinte problema, como diz. 0 egenctirio regente da Cadeira de Jurisprudércia da Universi- dade de Oxford: © fato de as decisdes oficiais em deszompasso com a regra de pontuagio serem aceitas ndo significa que o jogo de criquete ou de basebol ja nao esteja a jogar-se; por outro lado, se estas distorgdes fo.:m freqiientes ou se 0 marcador repudiar a regra de pontuagao positivada, hd que chegar um ponto em que, ou os jogadores nao aceitam j4 as determinagdes destoante: do marcador ou, se 0 fazem, 0 jogo vem a alterar-se; jé nao é criquete ou basebol que se joga, mas “discricionatiedade do marca- dor Desse modo, segundo as premissas deste trabalho, partir Jo direito positivo, entencemos que nav corre prescrigio no processo de execugdo, no havendo, portato, qualquer res: trigio dessa natureza que impega o redirecionamento da execu- glo fiscal em relagiio & pessoa do sécio. 351. So we a eonfisfo provacada pelo voestulo “agi, ver 0 estudo de PAULO CONI/.100, Jntraduge i teoria gerul da process, p. 10. 352, O comeeito de delta, p. 156-9... 353, ‘Traduglo livre do original: The concept of law, Oxford university Press 1961 248 EURICO MARCOS DINE DE SANTI 9.6.8. Execusio fiscal dos créditos constitufdos pelo contribuinte A Lei n, 6.374, de 1° de margo de 1989, do Estado de Sio Paulo, que dispée sobre ICMS, estabelece no seu Art. 57 que “o imposto a recolher, deélarado em guia de informagio, é exigivel independentemente da lavratura do auto de infragiio ou de notificagdo” € 0 Art. 62 acrescenta que “o imposto devido, declarado € nao pago, deve ser inscrito na Divida Ativa, apés 30 (trinta) dias cdntados do vencimento”. Conforme Art. 150 do CTN, remanesce o crédito tribu- tério constituido pelo préprio contribuinte, que apura o quantum devido sem qualquer interferéncia do Fisco (ICMS, IR, IPI, PIS, Finsocial etc), mas nao realiza o pagamento. E a entrega da declaragao que perfaz juridicamente a constituigdo do crédito formalizado pelo contribuinte, operando a intersubjetividade exigida pelo direito para introduzir no ordenamento juridico essa norma jurfdica individual e concreta.* Nesse caso, conforme vimos em capftulo anterior, aplica-se a regra da prescrigdo do direito do Kisco com consti- tuigdo do crédito pelo contribuinte, cuja hipstese supse 0 fluxo de cinico anos, contados da data da entrega do documento de formalizagio do crédito a0 Fisco (DCTR, GIA etc), sem pa- gamento antecipado, ex vi dos Arts. 150 e 174,do CTN, € cujo conseqiiente cuida da extingiio do direito de agio do Fisco 354, Como diz DANIEL MENDONCA, a comunicagio nfo se produe até que 0 Feceptor tenha decifrado a mensagem, Por isso, 6 imperative, no procssto intr pretativo do direto,investigar nfo s6 a capacidade coiicadora do legslader. mas, também, a capacidade decodificadora do cidadso e as dificuldades que prazo dvcadencial da regra da decadéncia do direito do cont ibuinte com desfazimento da decisdo, de maneira que, se nio ocorrer fato impeditivo do curso espectfico de um desses prezos, a0 final do lapso de cinco anos contados da extingao do crédito, as duas regras sTo uplicdveis, operando-se simultaneamente a decadéncia ¢ a prescrigao do direito do contribuinte. 10.6, Outros casos pertinentes A prescrigio € A decadincia do direito do contribuinte Selecicnamos, neste t6piéo, alguns casos contro-ertidos com relagdo & decadéncia e & preserigdo do direito do contr buinte, para 05 quais propomos solugdes baseadas nas cinco regras acima descritus. So estes os casos: (i) suspensio ¢ inter- rupgio dos prazos de decadéncia e de prescrigZo, do di eito do contribuinte, (ji) a interrupgdo prevista no Pardgrafo taico do Art, 169 do C7’N, (iii) a tese dos dez anos do direito de o con- twibuinte efetuar a restituigio do indébito tributirio ¢ (iv)a hipétese de ADIN. 10.6.1. Suspensio e interrupsao dos prazos de decadéncia e de prescrigio do direito do contribuinte Os fatos extintivos caracterizam-se pela conduts omis- siva do sujeito titular do direito ¢ pelo curso do tempo, rodendo a suspensio recair sobre um ou outro desses aspectos. Falare- mos: em suspensdo féctica, quando houver impedimento do exercicio do direito™” ow exercicio efetivo desse direito”* que 1367. Exemplo: a suspensto do prazo decadencial em razHo da liminar que impede 2 pritica do ato adminisiratvo de langamento, 262 EUKICO MARCOS DINIZ DE SANTI desqualifiquem como omissiva a conduta do titular do direito, e em suspensdo legal, quando a descontinuagao do prazo for determinada expressumente por lei, independentemente de hhaver qualquer circunstancia efetiva que impega 0 exercicio do direito.” Assim, a composigdo desses prazos de decadéncia ¢ Prescrigdo haverd sempre de respeitar a suspensdo fiictica, ou seja, nio corre prazo decadencial ou prescricional sem que se qualifique como omissiva a conduta do titular do direito. Diversamente da suspensio factica, que é intrinseca as hipdteses das regras de decadéncia e prescrig&o, as hipoteses de suspensilo legal e interrupedo exigem expressa previsio legal Por isso, ndo ha coincidéncia das hipéteses de interrup- G40 ¢ suspensio legal das regras de decadéncia ou prescrigio do direito do Fisco com as das regras de decadéncia ¢ prescri $40 do direito do contribuinte.” Trata-se de regras totalmente diversas, com fins ¢ objetivos dfspares: as primeiras cuidam da constituigdo © cobranga de obrigagdes tributérias; as segundas, da constituigo e cobranga de débitos do Fisco. Além disso, uma € outra percorrem processos de positivagtio absoluramente diversos, fato que impossibilita a0 aplicador do direito utilizar as previsOes de interupeio e suspensio legal destinadas is regras de decadéncia ou prescrigaéo do direito do Pisco para compor e informar as regras de decadéncia e prescrigao do direito do contribuinte, e vice-versa. — 368, Exemplo: durante o periodo de tempo em que se discute administrativamente (0u judicialmente o débito do Fisco cam suspensos, respectivamente, os prazos de decadéncia e de preserigi. 369, Exemplo: a suspenslo do prazo de preserigio por 180 dis por oc inscrigio da dvida aiva, 370, Cf. PONTES DE MIRANDA: “As regrasjuriieas sobre preserigdo hilo de ser interpretadas estritamente, repelindo-se a prépria interpretagGo analégica’ .) “Os casos de nfo corres, de suspensio e de interrupgio da prescrigio sio taxativos”, Trarado de direitoprivado, vl. 6, p. 126. io da DECADENCIA € PRESCRIGAO NO DIREITO TRBUTARIO 263 Qual seria para o contribuinte 0 correspondent Ja sus- pensio do prazo por 180 dias no caso de inscrigio da divida ativa, que esti previsto legalmente para o diteito do Fisco? Seria impossivel fixar qualquer suspensio porque o conttibuinte do inscreve divida ativa, nem realiza qualquer outro ato que seja equivalent: a este. : - Imagine-se, ainda, 0 que poderia ocorrer se o agente pl blico aplicasse para o Fisco a interrupgio orevista no Art, 165, III do CTN, que dilata 0 prazo para o ccntribuinte exzrcer 0 direito ao indésito. Diante do desfazimento de decisio cond nat6ria desfavcrivel ao Fisco, seria reaberto 0 prazo de prescri- fo de cinco anos para que o Fised cobrasse, novamente, 0 cré- dito pela via executiva. Isto é claro se a igualdade pre:endida valesse para arabos os lados, 0 que evidentemente seria neces- siio, caso se pretenda instaurar realmente a igualdade! 10.6.2. A intercupgao prevista no pardgrafo tinico do Art. 169 do CN Dois aspectos relativos ao Art. 169 do CTN sao comba- tidos pela douttina: primeiro 0.prazo mais exiguo de dois anos; segundo, a interrupedo prevista no parfgra‘o Unico desse dispo- sitivo que recomega seu curso pela metade, a partir da “intima- go validamente feita ao representante judicial da Fazenda Publica interessada”. Quanto a0 primeiro aspecto, parece haver una interpretago dos efeitos desse prazo de dois anos. A partir da 371, Assim, se como pretende 0 STI: “Em face do principio da igualdede das parle, no processo (isonomia processual),idéntico tatamento deve ser dispen~ sado so contribuinte nas agBes em que postula a repetizio do indébito". Tabém, ‘em face dos mesino principio, déntico trtamento deve ser dispensido 20 Fisco nas ngGes que postula o crédito tributéio! O que causaria, isto sim, una grande

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