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Geraldo Severo de Souza Avila Introducao A Analise Matematica Edgard Blucher 1999 PDF
Geraldo Severo de Souza Avila Introducao A Analise Matematica Edgard Blucher 1999 PDF
1, sendo mcon- clustvo 0 caso ea que esse limsup for 1 Demonstragao. Na primeita hipétese, seja g < 1 um mimero maior que fo referido limite superior. Entao, a partit de um certo N, teremos Yan < 9, donde a,1, existe uma infinidade de indices » tais que Y@q > 1, donde existem infinitos elementos a, > 1 ¢ a série dada diverge ‘A demonstragao do teorema deixa claro que vale 0 corolério seguinte 3.15. Corolario. A série de termos positivas Tay é convergente se existe wm twimero q <1 tal que, a partir de certo indice N, yan <9 (0 gue é verdude, fem particular, se lim ga existe e é menor do que 1); ¢ divergente se YOn 2 162 Capitulo 3: Séries Infinitas 2 Tota PER. [in 3) OSIM, y ROEM ase, gy SMa eet 387 fa-) Ga 9) HEMeemow 4 Savarese Dada uma série convergent de termes positivas Joy — S, prove que, se a pact de umn cert indie N, gy q< Iventovalea sequints citimativa deerto: SS, gh" /(1) para n> N 4. Com a mesma notagio de exercicio anterior, prove que 8 Gnas luW, entdo SS,N 4. Domonstre a primeira desigualdade em (3.5) 5. Seat an © Sty séres de eros Hasitive, esta dima convergent. Suponhanies que cine Wil gw’ Wage beie Pre Serge 6. Obtenha a primeira parte do Teorema 3.16 (p. 58) como conseiéncis do exerci antevin 7. Supondo ax > 0, determine Rta que a séie > on2” sea convergente para <2 < R f.cieente para 2 > Re Prow que w exit ohmiteZideane'en, emo R= W/L = i n/n Sugestées 2. Observe que (On 9) 2 i) yay = GAO) 2 ven We 3 5. Eecreva.adesigualdade do enuniado pars indices N, Nv, ne muliplique, membre a membro, a desigualdades obtdas O.Sendo L 0 por pequeno que seja, 2 ty eTiog 3" Lett fy zllog zp ~ eflogz)° 2 — 1 _ 6 convergente, lloginyire © convergent donde concluimos que a série $= Bxercicios 1, Use o teste ds integral para mostrar que a série harménica & divergente 2. Faga o mesmo para mostrar que a sirie S71/n® 6 convergente se x > 1 ¢ divergente se rel 3. Bstabelega 4s saguintes desigualdades 4, Mostre, pelo teste da integral, que as ities seguintes sho convergentes: [este iltima exemple k é um niimeto real qualque:60 Capitulo 3: Séries Infinitas Multiplicando membro a membro essas desigualdades, obtemos dn < ke", onde k= awe". Entéo, yea N, yay b > 0): 1+ ag + bg? + ag* + bg’... = Dan. ‘ade a, = ag" se n for fmpar & a, = bg" se n for par. Entao, Van =qV5, npar © Yoa=qi/a, 1 imper’ cen consegiiéncia, lim ¢aq = ¢ <1, donde convergéncia de séric. Ao mesino tmpo, fast Doni St = Fan par) ou 1. Veja bem: nste caso, embora seibamos que existem infinitos an. /t > 1, iss0 nao ajuda, io € como no teste da raiz, onde infinitos (faq > 1 ja decidem pela divergéucia du série © teste da razio & adequado ¢ suficiente para lidar com a majoria dos exem- pos que ocorrem freqientemente nas aplicagdes (Veja o Fxerc. M4 da p. 223), Capitulo 3: Séries Infinitas 61 0 pasco que o teste da raiz é decisivo na determinagio do chamado “raio de convergéncia” das séries de poténcias (Veja 0 Exerc, 7 adiante e as formulas (09) ¢ (0-10) nas pp. 219 ¢ 220). Fases exempios das aplicagdes e muitas das séties freqiientemente propostas como exercicios nos cursos de Anélise, cujs con vergéncia é decidida de maneira natutal com o teste da razo, acabam deixando a impressio de que este teste & de aplicagio mais fécil que o teste da rais. Mas isso depende, evidentemente, da forma em que se apresentam a vaziio an1/an € araiz iq. O exemplo seguinte ilustra uma situagio em que é mais fécil aplicex o teste da raiz que o de razao. 3.22, Exemplo. Consideremos a série Sy an, onde am = [n/(n + ai. Sua convergéncia é prontamente estabelecida pelo teste da raiz, pois ve (553) = ase um caleulo relativamente facil ‘Vejainos agora a aplicagao do teste da razo: (yy lies Ga) anti On onde Aq © By sao os dois fatores que aparecem nesta titima linha. na ordem fem que aparecem, respectivamente. © célculo do limite de By nao oferece dificuldade, veja pon \t tin Pos (SF 7) * G+inpP 2 Jé 0 cAloulo do limite de An ¢ mais trabalhoso; nele usaremos o fato de que a fungao a~} log(1 +z) tem limite 1 com x — 0. Assim, mez 2 tL)” ot acy 1 y= (Fa) soe s(t aeea)] -* Comhecidos esses limites de A, € By, vemos que 0 lim an.41/aq existe e ¢ igual 2a L/e, © mesmo que o limite da raiz. An Exercicios 1 Tete coda uma dass suntes,vercando te convene ob aSreocach oH OTM, a PS aro,66 Cap. 3: Séries Infinitas desde que 0 valor absoluto do termo geral tenda a zero decrescentemente. Eo. que veremos a seguir. 3.27. Teorema (teste de Leibniz). Seja (an) uma segiiéncia que tende a zero decresrentemente, isto ¢, a, 2 a2 > ..., dy — 0. Entdo, a série al: ternada D{-1)""an converge, Além disgo, 9 erro que se comete tomando-se ume reduzida qualguer da série como valor aprozimado de sua soma é, em nelor absoluto, menor ou igual ao primeiro termo despresads Demonstracéo. Consideremos separadamente as reduzidas de ordem par e de ordem impar da série dada, as quais podem ser escritas assim: Sap = (ay ~ 02) + (09 ~ 04) +... + (2-1 ~ an) Sansa = 01 — (a2 ~ 03) ~~ (@2n ~ @2n~2), por onde vemos claramente que (Son) nao decrescente © (Syeii} € no de- crescente. Além disso, Sq = Sit ~ @ant S Sant $ a1, isto 6, (San) 6 nao decresconte ¢ limitada, portanto, convergente para um certo mimero S. Este é também o limite da seqiiéncia de reduzidas de ordem smpar, como se v* pas- sando 4o limite em S241 = Sin + aansi- Concluimos que a seqiiéncia (Sq) converge para o mesmo mimero $ (Exerc. 2 da p, #2) Quanto ao erro, observe que a¢ desigualdades Sin SSS Sasi © Sai2 SS < Sant nos dio OS $ ~ Sm € Sings ~ Son = amt 0S Sanna — $$ Sapat — Sane2 = arms. Isso prova que |Sn—S Sani para todo ne conclu} @ demonstragao. 9.28. Exemplo. A série harménica alternads, 1 ee (-1yeet ba ppg ES 6 convengente, pelo teorema anterior; portanto, condicionalmente convergente, pois a série de médulos, 5 1/n, é a série harménica que, como sabemes, diverge Cap. 3: Séries Infinitas 67 [As séries condicionalmente convergentes sio, por natureza, vagarosas no convergir, A mudanca da ordem de seus termos muda a soma da série e pode mudar tanto que ¢ possivel reordenar convenjentemente os vermos da série para ‘que sua soma seja qualquer mimero dado de anteman. Esse surpreendente re- sultado, que discutiremos a seguir, € descrito e demonstrado por Riemann [R1), e1n stus comentarios sobre o trabalho de Dirichlet. 3.29. Teorema, Se wma dada série Dan € condicionalmente connergente, seus termos podem ser reordenados de maneire gue a série convirja para qual- quer mimero S que se presereva. Demonstracdo. Com a mesma notagio do Teorema 3.25, como Ta —* a, vemos, por (3.7), que o mestno ocorre com pn Ou ge. Mas Sx converse, logo, por (3.8), ambos pn € gq tendem a infinite. Agora é facil ver como reordenar os termos da série para que sua soma seja $: da seqiiéncia ay, a2,... vamos tirando elementos positivos, na ordem em que aparecem, e somando-os até obtermos um nimeto maior do que $; em seguida vamos adicionando a esse resultado elementos negatives até obtermos uma soma menor do que J, e voltamos a adicionar elementos positivos. depois negatives, € assim por diente. Como a série original converge, an — 0. de sorte que, dado qualquer « > 0, existe N tal que n > N= lap] J, $! incorpara todos 0% elementos da série original com indices que vao de 1 até N-+1 4e forma que 6 sitimo elemento da série original que aparece em Si tem indice n; > 1; logo, tem valor absolute menor do que =. E foi esse elemento que fez a soma $! ultrapassar o mimero $, seja pars 2 ditvita ou para a esquerda, de sorte que |S ~ S| < jan,|. Assim, podemos coneluir que p> JAS -Sice, © isso completa a demonstragio do teorema, Deste siltimo teorema e do Teorema 8.25 segue faciaente 0 corokirio que enunciamos a sexuir. 3.80. Corolirio. Uma condigio necessiria e swficiente para que uma série seja comutativamente conuergents € gue ela seja absolutamente convergente, Os resultados sobre séries aqui discutidos sdo os mais freqiientemente u- sados, Porém, muitos outros existe, principalmente testes de convergéncia64 Capitulo 3: Séries Infinitas 5. Estabelega a convergincia da série >\¢/n)* e prove a convergéncis da integral [re 6: ac coms tn 3 rs 1. Sendo f(2) ume fngiaerscnte em 22 1, prove que yay spon ys [sents 1/e, um resultado j6 obtide anteriormente 9. Verifique que os testes da rai ¢ da razio no permitem saber sea sie J" e"n!/n® converge ou nao. Prowe que esta série ¢ divergente, usando o resultado do exersiio anterior. Sugesties 3. Integre, em cada cso, uma fungio f(=) apropriada 5. A convergéncia da série pode ser cbtide. como consegitncia da convergéncia das dae kas ries enn (34) (p- 55), pols (/n)* = e"/n(n'/0") 6, Basta provar que é convergent a integral, de 2 oo, da Fungo fl) = (logz) "MEE = elesiients = goat) conde o(2) vr significado Sbvio. (E fic verifear que f(z) & decresente a partir de um certo 20, pois o(z) = = ‘(loglog +1) > O a partir de um certo ze.) Para isso fazemos & substituigio y (iu), integral esta que sabomos ser convergente pelo exercicio anterior Convergéncia absoluta e condicional Dizse que uma série ay converge absolutament., ou 6 absolutamente conver- ante, se a série Y-lan. 6 convergente. Pode acontecer, como veremos adiante, que ay seja convergente € 5. jaa) divergente, etn cujo caso dizemos que a série ¥ ay € condictonalmente convergente. 3.25, Teorema. Toda série absolutamente convergente € convergente. Mais do que isso, ¢ comutativamente convergente, isto &, a soma da série dada independe da ordem de seus termos. Cap. 3: Séries Infinitas 65 Demonstracao. Sejam p, 2 soma dos termos a > 0 € gr @ soma dos valores absolutos dos termos ar negatives, onde, em ambos os casos, r 0, existe um indice V tal que n > N acarreta esta iiltima soma ser menor do que ¢, logo, © mesino acontece com a primeira, 3.26, Exemplo. Vanios provar que a série s one Fe TT genta var 6 absolutamente convergente, Para isso observamos que a partir den = 20 denorinador é positive e 2 n?jsen 3n2) BEG Payne de sorte que, @ partir de um certo N, n%jaq\ < 2 e isso prova que Elan’ € convergente. Séries alternadas e convergéncia condicional Diz-se que uma série é alternada quando seus termos tém sinais alternadamente positives negativos. Para essas séries vale a reciproca do Teorema 3.1 (p. 48),70 Capitulo 3: Séries Infinitas Fig 31 intervalo de tempo [D, 1] da seguinte maneira: a volocidade permanece constante e igual & 1 durante a primeira metade do interval, de zero a 1/2: dobra de valor no segunda sub-inter~alo (de durago 1/4), triplica no terceito sub-intervalo (de duragéo 1/8), quadruplica no quarto sub-intervalo (de duragio 1/16) etc. Como se ve, a soma da série assim construida € a soma os produtas da velocidade pelo tempo em cada ium dos sucessivos sub-intervaios de tempo © representa 0 espaco total percorrido pelo mével (Fig. 8.1a) ‘Swineshead achou o valor 2 para a soma através de um longo e complicado argumento verbal, Mais tarde, Oresme, dew uma explicagéo geomeétrice bastante interessante para a some a série. Observe que essa soma é igual & area da figura formads com uma infinidade de retAngulos verticas, coma ilustra 4 Fig. 51a, O raciocinio de Swineshead, combinado com & Interpretacio geométrica de Oresme, se tradue simplesmente no sqpuinte: soma das éreas dos retangulos verticais da Fig. 9.18 ¢ igual a soma das dreas dos retangules horizontais da Fig. 3.1b. Ora, is60 € o mesmo que substitair 0 movimento original por uma sucessza infinite de movimentos, todos com velocidade igual & velocidade original” o primeira no intervalo de tempo [0,1 0 segundo no intervalo de tempo 1/2, 1}: 0 tercsiro no intervalo 8/4, 1; e assim por diante. Vé-se assim que o espaco percorrida (soma das reas dos relangulos da Fig. $.1b) agora dado pela soma da série geométrica aytua es sershately od Isso permite obter a soma da série original, pos sabemos somar uma série geométriea: no caso ‘desta tltima o valor €2. Hoje em dia & maneire natural de somar a série de Swineshead & esta: eanat isn s HDR donde $ = 2, Dexamos ao er {docini Ge Seinesead ¢ Orem ‘ire inGniae, com diseiosacima,tivram um papel importante no deseo tmento do Cie, deade ¢ inicio des Gesemolvmento no seco RVI. Ms fo seule SIX que tiie do comvergtocae sora nites atingram plena matusidde. ese devo, princalmnte ao tabalo de Cancy de ve fltomes sepuir tarefa de interpretar esse procedimento em termos do Cauchy e as séries infinitas Augustin-Louls Cauchy (1789-1857) é 2 figura mais infuente da Matemética na Franca de sa época. Come professor da Escola Politéonica ele escreveu vérios livres didéticos, bastante Inovadores, por isso mesmo tiveram grande infuéncia por varias décadas. 0 primeien dessee Capitulo 3: Séries Infinites 71 livros & 0 Cours d’Analyse de 1821 ICI, cujo capitulo VI & dedicado as series, e contém quase todos os resultados que discutimes no presente capitulo, E também ai que aparece o ertério de convergéncia que viria ser chamado “de Cauchy", formulado nos seguintes termes: *... para que a série uo, us, Unssstns tna, Kors. sen convergente, & necessdrio fe suficiente que valores crescentes dem facam convergir indefinudamente a some Sq = uy Huy $2 + kee... tina para um valor fizo s: em owtras polewras, € necessdrio ¢ ru fciente que, para valores anfinitamente grandes do ruimero m, a8 somes &ny Snax, Sno KE. ‘fram da soma s, pur conseqiineio entre elas, por quontidades infitamente peuenas.” © pouco mais que Cauchy escreve em seguida sobre ese critério nada acrescente de subs- tncia, apenas esclarece ser {..necessrio e suficente] "gue, para valores crescentes de n, as somas das quantidades tn, tn, tna, Ke... tomadas, a partir da primeira, tontas quantas se queiram, resultem semipre cm valores numércae anferires a tode limite proserito." ‘ho contrivio de Bolzano (p. 45), Cauchy sequer acena com uma demonstragio parece Julgtindesnecessria—,limitando-se aur ete erro para provar que asiie harmnic € ivergente e que» ste alternada S-(_1)"/n cconvergente, Ne primeio cago ole obsorva que Laat Seo ST ad m2 donde conclui que a série ¢ divergente, No segundo caso 0 raclocinio é © seguinte, supondo mon ember pee -(¢a-ca)- = a ora Em qualquer desses casos, |S ~ Sy < 1/, 0 que prova a comvergéncia desejata. 6 féct vericar que ese ultimo raciocinio se opicatambem & serie alterada S-(—1)"sn, onde (on) uma seqieneia nula no crescent. Alls, a convergéncia dessa sri & ee sabia de Leibniz (a6i6 1716) que he faz referencia numa carta de 2713, 0 que expicaatsibuirse a leo tee dado no Teorema 3.27 (p. 66) acas sip a0 Gnicas aplicagtes em que Cauchy utiliza seu critsio de comvergéncin, podendo-se entio dizer que tl ertrio nfo teria feito falta alguna a Cauchy. Sua importancia 5 se fara ventir mais tarde, no final do séeulo, no teato de importantes problemas Ge aprox imagio, em equagds diferencias eeilulo de variage. Enibora, como dssenos,o trabalho de Cauchy tenba tido infuncia decisva no desen- volvimento e consolidacio do estudo da convergéncia das série no século XIX, esse desen- ‘olvimento vinha desabrochando desde o nal do seca anterior. Ea ease respite devernor rnencionar aqui importante trabalho de um ilusre autor portugwis, José Anastco da Cunla ‘Assis infisitas so dscutidas no capitulo IX (“wro" IX) de sua obra “Principios Mathe- ratiese (C3), onde se pode identificar uma verdadoira antecipario de muitas das idéias de Cauchy e seu: contempordnecs, incisive 0 "Crterio de Conversénesa de Cauchy". (Vein [Q) as referncias al contidas68 Capitulo 3: Séries Infinitas Indicamos ao leitor interessado os livros de Knopp (Kj ¢ [K2]), como fonte onde ele pode encontrar uma profusao de outras propriedades de séries ¢ testes de convergéncia. Mais tarde, no capitulo 9, sobre séries de fungbes. acrescentaremos, alguns resultados mais, pertinentes & matéria 1é tratada. Exercicios Verifique, em cads um dos exercicios seguintes, se a série dada & convergente;¢ em sendo, se absoluta on condicionalmente. Notas histéricas ¢ complementares A origem das séries infinitas A possibilidade de representar foncoes por meio de séries infinitas, particularmente séries de soténcias, foi percebida desde o inicio do desenvolvimento do Caleulo no sécuo XVI, tendo-xe ‘enstituido num dos mais poderoses estimnulos a esse desenvolvimento, e sobre isso falarernes 10 final do capitulo 8. ‘Mas as séries infinitas s8o conhecidas desde a antiguidade. A primeira 8 ocorrer na Historia da Matematica é uma série geométvica de razio 1/4, que intervém no cileulo da fea da paréhola, feito por Arquimedes. Seguindo a tradicio grega de evitar 0 infinito, pelas lificuldades Ligicas que esse conceito pode trazer em seu hoje, Arquimedes nio soma todos os termos da refeida série; ele observa que a soma de uma certa quantidade & reduzida de orden ‘ produz uma quantidade independente de n, que &a soma da série. (Vela (AZ) p41.) Depois dessa ocorréncia de uma série geomeétrice num trabalho de Arquimeds, ax sésiee infinitas 56 volteriam a aparccer na Matemética circa de 1500 anos mais tarde, no século XIN. Nessa época havia um grupo de mateméticos na Universidade de Oxford que estudava a ‘onematica, ow fenémeno do movimento; e, ao que parece, Inj ese astudo que levou & reconside rugio das séries infinitas. (Veja [E, p. 86 e seguintes.) E fol nessa época que se descobriu que Capitulo 3: Séries Infinitas 69 ‘0 termo geral de uma série pode tender 2 vero sem que série seja convergente. Isto corren ‘em conexo com a série harmanica e a descoberta fol eita por Oresme, B a ele que devemos ‘a demanstracio dada na p. 49 de que essa série diverge ‘A divergincia da sévie harméniea é um fato notavel, que jamais seria descoberto exper ‘mentalmente, De fato, se fossemos capazes de somar cada vermo da série em um segundo de ‘tompo, como um ano tem aproximadamenre 365,25 x 24 x 60 x 60 ~ 31.557.600 segundos, esse periodo de tempo seriamos eapazes de somar a série até n = $1.557:600, obtendo para ‘2 soma um valor pouco superior a 17; em 10 anos a soma chegaria a pouco mais de 20: em 100 anos, & pouco mais de 22 Como se vé, asses mimeros so muito pequenos para indicar divergéncia da série; nio somente isso, mar depois de 100 anos jé estariamos somando algo muita pequeno, de ordem de 3x 10~*. B claro também que é impossivel efetuar essar somas para valores to grandes de ‘Vamos fazer mais um exercicio de imaginagio. Hoje em dia temos computadores muito épidos, ¢ 8 tecnologia esta produsindo miquinas cads vee mais répides. Mas isso tem um Timite, pois, como sabemos, nenhum sina fisco pode ser transmitido com velocidade superior ‘da luz. Portanto, nenhum computador poders efrtuar uma soma em tempo inferior @ 10? segundos, que 6 0 tempo gasto pela luz para percorrer distancia igual ao diametro de um elétron PPois bem, com tal computador, ens um ano, mil anos ¢ um bilo de anos, respoctivamente, poderiamos somar termos em mimeros iguals © 315.576 x 10%, 315.576 x 10% © 315.576 x 10% vojo os resultados aproximados que obteriames para a soma da série harménica, em cada tum desses cases, respectivamente: 70,804, 77,718 © 91,5273 Imagine, fnalmente, que esse computador estivesse ligado desde a origem do universe, ha 16 Dilhoes de anos. Ele etaria hoje obtendo o valor aproximado de 94,2009 para soma da série Dharmnica, um niimero ainda muito pequeno para fazer suspeitar que a série diverge. ‘Mas como se chega ao mimero 04,208, se o (idealizado) computador mais répido que se possa construir deveria fear ligado durante 16 bows de ance? ‘Sim, nfo ha como fazer essa soma, mas existem métodos que permiten substicuir a soma Sp dos m primsiros termos da série por tums expresso matemética que aproximia Sq © que pode ser calculada numericamente; e ot msteméticos saber disso hé mais de 300 anos! Jeitor curiso pode ver a explicagi desses meétodos ex: [AQ], pp. 55-00. Nicole Oresme e a série de Swineshead Nicole Oresme (1525 1882) foi um destacado intelectual em wérios ramos do conhecimento, ‘como Filosofia, Matemitics, Astronomia, Cincias Pisicas © Naturais. Além de professor uni versitévio, Oreime era consélheiro do ri, principalmente na érea de finangas piblieas; e nessa Fungo revelow-se um homem de larga Visis, recomendanda medidas monetérise que tiveram _grande sucesso na pritica. Ao lado de tudo isso, Oresme foi também bispo de Lisieux. Oresine mantinh contato com o grapo de pesquisadores de Oxford e contribuiu no estudo de varias das séries estudadas nessa época, Uma decsas séries ¢ a seguinte: “ES Essa sétie foi considerada, por volta de 1350, por Richard Swineshead, sm dos matematicos de Oxford. Ela surge « propésito de um movimento que se desenvolve durante 074 Capitulo 4: Fungdes, Limite e Continuidade € uma familia indexada pelos inteiros positivos; esse é exemplo de uma familia, enumerdvel. A restrigdo do indice a um subconjunto do conjunto de indices nos leva a. uma subjamitia da familia original; assim, (Aj, 2, ..., Ar) € uma familia, finita, que é, ao mesmo tempo, uma subfamilia da femilia dada. Outro exemplo é dado pela familia de intervalos fz = (2/2, 5x), 2 varian- do, digamos, no intervalo (0, 1). ‘Temos aqui uma familia ndo enumerdvel de conjuntos A uniao ea intersecan de conjuntos se estencle, de maneira Sbvis, a mais de dois conjuntos e, em geral, @ uma familia qualquer. Assim, dade uma f (Aijicr, sua unido e sua interseceao so definidas como UAs ie TD jn: © © A para algum ¢ € 1); MAG bE T} = (2: we A, para todoé € I} Por exemplo, seja A; 0 intervalo aberto (i/3, i), onde i percorre o intervalo 1 =(0, 1). E fécil verificar que UA: #€ 1} =(0,1) e fA ded} As leis de De Morgan séo vélidas no caso de uma familia qualquer de conjuntos indexados por uma famflia J : (C,)ser Tetos entao: (UG: FEN =aNCH FET} (MG: TEN =ulCf: iN, ou seja, 0 complementar da unido € a intersego dos eomplementares « 0 com plementar da intersecéo € a uniéo dos complementares Deixamos ao leitor a tarefa de verificar, como exereieio, todas as pro- priedades mencionadas atrés. (Exerc. 1 adiante.) Nogées topolégicas na retia Apresentaremos nesta secio algumas nocdes topologicas na reta, apenas os pre- requisites necessérios ao estudo das fungdes. © leitor interessado em maiores detalhes deve procurar um texto sobre o assunto, como (L3} ‘Sempre que falarmos em “niimero” sem quaiquer qualificagdo, entendere- mos tratar-se de um niimero real. Como os nimeros reais sio representados por pontos de uma reta, através de suas abscissas, é costume usar a palavra “ponto” em lugar de “niimero”; assim, “ponto 2” significa “niimero 2” Diz-se que um mimero real x & ponto interior de um dado conjunto C, ou ponto interno a C, se esse conjunto contém um intervaio (a, 6), que por sua vez contém . isto é, x € (a, 6) CC. Segundo essa definigaio, todos os elementos de um intervalo aberto so pontos interiores desse intervalo. O interior de um. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 75 conjunto C € © conjunto de todos os seus pontos interiores. Assim, o intervalo {a, 8) é seu proprio interior; é também o interior do intervalo fechado a, 8 Diz-se que um conjunto C é aberto se todo ponto de C ¢ interior a C, isto 6, se 0 conjunto coincide com seu interior. E esse o caso de um intervalo (a, 5), do tipo que ja vinha sendo chamado “aberto”. O conjunto vazio é aberto, pois caincice com seu interior, que & também vazio. O conjunto de todos os mimeros reais também ¢ aberto Chama-se wzinkanca de um ponto a qualquer conjunto que contenha a inte- riormente. Mas, a menos que o contrario seja dito explicitamente, “vizinhanca” para nds significard sempre um intervalo aberto, Em particular, dado ¢ > 0, 0 intervalo V.(a) = (a —¢,a +) € uma vizinhanca de a, chamada naturalmente visinhanga simétrica de a, ou vizinhanga ¢ de ¢. As vezes interessa considerar uma vizinhanga ¢ de a, excluido o proprio ponto a, em cujo caso escreveremos, V;(a), a chamada vizinhanga perfurada: Vila) = Vela) = {a) = {2 0 < fe ~ a] 0,V!(a) contém aloum elemento de C. O conjunto dos pontos de acumulagao de C seré aqui denotado com o sfmbolo C" ‘Um ponto de acumulagéo de um conjunto pode ou néo pertencer ao con- Junto; por exemplo, os extremos @ eb de um intervalo aberto (0, 6) so pontos de acumulacao desse intervalo, mas nao pertencem a ele. Todos 08 pontos do intervalo também so seus pontos de acumulagao e pertencem a ele Um ponto « de um conjunto C diz-se isolado se nao for ponto de acumulacio de C. Isso € equivalente a dizer que existe « > 0 tal que V(x) nao contém qualquer elemento de C. Chama-se discreto todo conjunto cujos elementos so todos isolados. Diz-se que um mimero x 6 ponto de aderéucia de um conjunto C, ou ponto aderente & C, se qualquer vizinhanga de « contém algum elemento de C. Isso significa que x pode ser um elemento de C ou nao, mas se ndo for certamente serd ponto de acumulacdo de C. O conjunto dos pontas aderentes aC é chamado © fecho ou aderéncia de C, denotado com 0 simbolo ©. Como se vé, C é a unio de C com 0 conjunto C! de seus pontos de acumulacio, Diz-se que um conjunto € fechado quando ele coincide com sua aderéncia (C=C = CUC), ou seja, quando ele contém todos os seus pontos de acu- mulagdo: C’ CC. B esse 0 caso de um intervalo |e, 8), do tipo que jé vinha sendo charnado “fechado” © conjuntoCapitulo 4 FUNCOES, LIMITE E CONTINUIDADE Preliminares ‘niciamos neste capitulo 0 estudo das fungies. Nosso objetivo é dar um trata- mento logicamente bem fundamentado das fungdes reais de uma variavel real. esse trabalho, ao contrério do que acontece nos cursos de Céleulo, ndo nos spoiaremos na intuigo geométrica, pois a Andlise Matematica fundamenta-se 105 mtimeros reais, néo na Geometria, Mas isso nfo quer dizer que as id geométricas sejam abandonadas; elas continuarao sendo, como no Céleulo, um guia importante da intuigao, um auxiliar indispensavel na busca dos caminhos ca construcéo légics, mas apenas como instrumento didatico. ‘Muitas das fungdes elementares so introduzidas no Caleulo com base na Geometria. B assim com as fungées trigonométricas, a comegar com 0 seno ecosseno, Emi contraste, aqui ne Anilise definiremos essas fungdes de mancira puramente analitica, como séries de poténcias (p. 221), sem apelo a nodes mométricas anteriores, O logaritmo seré introduzido em termos da integral (p. 173); ea fungio exponencial e*, como sua inversa; em terinos da exponenciel Cefiniremos a exponencial geral o®, com a > 0, mediante @ expresso elloaa}e, Esses procedimentos dispensam os processos puramente intuitives do Célwlo, taseados na Geomettia, Mas, embora um dos nossos objetivas seja o de mostrar como as fungies Gementares podem ser introduaidas e suas propriedades estudadas, sem apelo A imtuigdo geométrica, estaremos sempre nos valendo das fungées elementares ‘camo ilustragies da teoria, antes mesmo que elas sejam introduzidas na devida, ‘oportunidade em nosso estudo. Portanto, como recursos ilustrativas da teoria. pe estaremos desenvolvendo, vamos nos valer sempre das fungies elementares {jt aprendidas no Calculo, com todas as suas propriedades. Nogées sobre conjuntos Coletamos aqui as nogdes bisicas de conjuntos que serdo utilizadas em nosso estudo e que, varias delas, certamente, j4 so do conhecimento do leitor. Todos Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 73 0s conjuntos sob consideragio serio conjuntos de niimeros reais, isto é, subcon: juntos de R. As notagoes “r © A” e “A CB” significam, 2 primeira delas, que “r pertence a A” ou “x é elemento de A”; ¢ a segunda, que “A é um sub- conjunto de B” on “todo elemento de 4 esta em B°. "A = B” é 0 mesmo que ‘AC Be BCA simultaneamente. Dados dois conjuntos A e B, define-se @ nido AUB como 0 conjunto de todos os elementos que esto em pelo menos uum dos conjuntos A e B; a intersegdo ANB € definida coro © conjunto de todos os clementos que estio em A e em B simultaneamente. Pode acontecer que © B nao tenham elementos comuns, em cujo caso 4B nao teria significado. Excecies como essa séo evitadas cot & initoducio do conjunto vazio, indicado com 0 simbolo 4: ele é 0 conjunto que néo tem elemento algum, - Daremos @ seguir uma série de igualdades entre conjuntos, as quais sito demonstradas facilmente provando, em cada caso, que 0 primeizo membro esta contido no segundo e que o segundo esta contido no primeiro: AUB=BUA; AIB= BNA; AD(BUC)=(AUB)UC) AP(BNC)=(ANB)NC; AU{BAC) ={AUB)NALC). AD (BUC) =(A> B)L(ANC). © complementar de um conjunte A, indicado pelo simbolo A® , é definido como 0 conjunto dos elementos que ndo estéo em A, isto €, Ao=R-A R: 2g A} E claro que Ré = o e 6 = R. O complementar relativo de um conjunto A em relagdo 4 outro conjunto B ¢ definide por B-A={2eB: «¢ A) B facil ver que B- A= BM ASequeBCC+A-CCA-B ‘As chamadas leis de De Morgan, no caso de dois conjuntos A ¢ B, afirmam . (ALB) = Aon BE e (ANB) = AUB, ou seja, 0 complementar da uniiio € a yntersepdo dos complemtentares « 0 com- plementar da interseedo ¢ @ unido dos complementares. ; ‘As vezes temos de considerar um conjunto de conjuntes, isto é, um con- junto eujos elementos sto conjuntos, em cujo caso falamos de uma “classe” ou “familia” de canjuntos. As palavras “classe”, “familia” e “colegio” so usadas como sinénimas de “conjunto” , uso de cada uma sendo ditasto apenas pela con- veniéncia da situagéo. Muitas vezes uma familie de conjuntos é indexada por elementos de outro conjunto; por exemplo, (Aninens onde An = (1, 2,..., m)78 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade 2) qualquer vizinhanga de a contém infinitos elementos de C: ») qualquer visinhanga ae a contém um elemento de C diferente de ] qualquer que seja 6 > 0, Via) contém algum elemento de C. 3. Prove que um ponto aderente a um conjunte C, que nio pertence aC, é ponto de acu rmulacao de C- Prove, igualmente, que um ponto adevente a uma seqiéncia (um), que nfo coineida com nenhur) elemento aq, & panto de acumulagio do eonjunta de valores da sequencia, fas, 44,-- Demanstre a seguinte versio do Teorema 4.1: dado um eonjunto qualquer C, todo panto de acumulacdo de C « ponte de acumulago de C. 8. Mostre que a unio dos intervalos Ay = (e/2, 25), com > percorrendo o intervalo (0. 1) & © intervato (Q, 2) © que a intersesio da familia Jn = (~1'n, 141m): m= 1, 2-60 Intervalo fechado [0,1 7. Demonstre @ parte b) do Teorema 42 8. Termine » demonstracio do Teorema 4.3, provande que se A é um conjunte aberto, entdo AP 6 fechado. 9, Demonstre que se A ¢ F sho conjuntos aberto e fechado,sespectivamente, emia A — F & berto © F — A é feehado. 10, Demonstre @ parte b) da Teorema 4.4 11, Construs uma familia de conjuntos fechados cus unio seja um conjunto aberto. 12, Demonstre o Teorema 4.4 com base nas leis de De Morgan nos Teoremas 4.2 € 4.3 18, Prove que se um conjunto A é denso na reta (A ~ R), entéo todo numero real ponto de ‘scumulacao de Fungées 4.5. Definigao. Uma fungdo “f: D+ ¥” é uma lei que associa elemen- tos de wm conjunto D, chamado o dominio da fungao, o elementos de um outro conjunto Y, chamado 0 contradominio da funcéo. Em geral, 0 contradominio ¢ um conjunto fixo, 0 mesmo para toda uma classe de fungdes sob consideragio, ndo acontecendo necessariamente que todo elemento de Y corresponda a algum elemento do dominio pela acdo da funcao ‘que esteja sendo considerada, 58 com o dominio a situagio é diferente, pois cada fungao tem seu dominio prdprio, e todos as elementos do dominio so objeto de aco da funcéo, Em nosso estudo estaremos interessados tao somente em fungbes cujos dominios sejam subconjuntos dos mimeros reais, prineipalmente intervalos dos -vérios tipos considerados logo no inicio do capitulo 1. © contradominio sera sempre 0 mesmo, conjunto dos miimeros reais Para indicar que uma fungao f associa o elemento y ao elemento z escreve-se y= f(z). Bsse simbolo é também usado para indicar a prépria funcao f. embora Cap. 4: Funcoes, Limite e Continuidade 73 com certa impropriedade, pois f(z) 0 valor da funcéo num valor particular de D. Portanto, quando a notagao y = f(x) 6 usedo para indicar a fungio, deve-se entender que x denota qualquer valor no dominio D, por ‘sso mesmo chama-se varidvel de dominio D, a chamada varidvel independente. y € a imsgem de x pela fungdo f, a chamada varidvel dependente. O conjunte de todos os valores da fungao, Ty = {y= fe): © DY, é chamado a imagem de D pela f, freqitentemente indicavio por f(D) De um modo geral, sendo A um subconjunto de D, define-se a imagem de A mediante a expresso F(A) = {f(@): © © A} (fl): rE AND} no caso de qualquer subconjunto de mimeros reais A. Um modo bastante usado para denotar uma fungao / consiste em escrever 8g: 2€ Dy = 5(2)", significando com isso que “y é a imagem de x pela f” Outro modo consiste em identificar a fungBo com seu grafico, que ¢ 0 conjunto f={(, f(@)): 2€ D} Para caracterizar uma fungdo nao basta prescrever « lei de correspondéncia fi € necessério também especificar seu dominio D. Fregiientemente as funcoes ‘so dadas por férmulas algébricas ou analiticas, como fe 2 y fay=zten fay= fe fey=X 3 Mas net sempre ¢ assim; teremos oportunidade de lidar com funcdes dadas por Jeis bem gerais. que nao se enquadram nessas catexorias, Muitas vezes o dominio de uma fungao nao é mencionado, ficando suben- tendido tretar-se do maior conjunto para o qual a expressio que define a fungio faz sentido, Assim, nos dois primeiros exemplos acima, o dominio é o eonjunto, de todos os niimeros reais, enquanto no tltimo € o semi-eixo x > 1 Uma fangio f com dominio D € dita limiteda a esquerda ou limitada inje- riormente se existe um niimero A tal que A < f(x) para todo x € D;e limitada 4 direita ow limitada superiormente se existe um mimero B tal que f(x) < B para todo x € D. Umea fungdo que ¢ limitada & direita e & esquerda 80 mesmo tempo é dita, simplesmente, limitada: 6 claro que isso equivale a dizer que existe um miimero M tal que |f(2)\ < Mf para todo = € D.76 Capitulo 4: Fungées, Limite ¢ Continuidade Ediscreto, pois seus pontos sao todos isolados, ¢ seu tinico ponto de acumulagéo €o miimero 1, que nao pertence 20 conjunto, Naturalmente, se o incluirmos no conjunto A, obteremos a aderéncia de A, que € 0 conjunto 128 1 Baaut= {lb 5 po ae } Observe que esse conjunto B é fechado. E isso acontece sempre, ou sea, sempre que juntarmos a um conjunto Co conjunto C’ de seus pontos de acu- mulagdo, a aderéncia C = CU C' nao teré outros pontos de acumulagio além dos que ja estavam em ©’. B o que veremos a seguir. 4.1. Teorema. 4 aderéncia T de qualguer conjunto C é wm conjunto jechado. Demonstragéo. Seja x ura ponto aderente a C. Devemos provar que z é aderente 2 C. Qualquer vizinhanga V de z conterd algum ponto y de C (que pode ou nao ser o prdprio z). Mas V é também vizinhanga de y; logo, conterd slgum ponto = de C. Isso prova que « é aderente a Ce conelui a demonstracio. 4.2, Teorema. a) A intersecdo de wm niimero finito de conjuntos aber- fos & um conjunto aberto, isto €, $€ Ai, ..., An so conjuntos aberios, entio é também aberto 0 conjunto AiN.+.[An; 5) 0 unido de uma familia qualquer de conjuntos abertos é um conjunto aberto Demonstragao. Para provar a parte a), seja r € A= AiO... Ap. Entdo LEA), J =1,....M, € como A; 4 aberto, existe 6, > 0 tal que Vs,(2) C Ay Seja 6 = min(6,,...,5n}. B claro entao que Vs(x) C A, 0 que prove que A é aberto, A demonstragio da parte b) é mais fécil e fica a cargo do leitor. (Exerc. 7 adiante,) Observe que 0 item b) do teorema se refere @ ume familia qualquer, que pode ser infinita, até mesmo nio enumeravel. Por exemplo, para cade nimero eal x do intervalo (0, 1), considere o intervalo As = (x/2, 22), que é um con- junto aberto. # facil verificar que a unio de todos esses conjuntos Ay , com 7 percorrendo o intervalo (0, 1), € 0 intervalo (0, 2) FB interessante observar que a intersegio dessa mesma familia de conjuntos é 6 conjunto vazio, que é também aberto. Mas nfo é verdade, em geral, ‘que toda intersegdo de abertos é um aberto; por exemplo, é facil verifiear que a familia de abertos (—1/n, 1+ 1/n),n = 1,2,... tem por intersegio o intervalo [0, 1} Capitulo 4: Funcdes, Limite ¢ Continuidade 77 que é fechado, © nao aberto, 4.3, Teorema. Um conjunto F é fechado se, ¢ somente se, seu comple mentar A= F°= R—F é aberto, Demonstrasio. Supondo F fechado. para provar que A é aberto, devemos provar que qualquer x € A é ponto interior de A. Como 2 ¢ Fe F é fechado, x nio € pomo de acumulagio de F, logo existe 6 > 0 tal que Vs(z) VF =. Isso. significa que Vs(xv) C A, portanto é interior a A. Deixamos ao leitor a tarefa de demonstrar a reciproca: se A é aberto, F=A®= RA é fechado. (Exerc. 8 adiante.) 4.4. Teorema. a) A unido de um mimero finito de conjuntos fechados € um conjunto fechado, isto é, se Fi, ..., Fy so conjuntos fechados, entéo é também fechado 0 conjunto F = F,U...UFq; b) a intersecdo de uma famitia ‘qualquer de conjuntos fechados é um conjunte fechado. Demonstragdo. Para demonstrar 2 primeira parte, seja a um ponto de acummlagao de F; devemos provar que a € F. Raciocinando por absurdo. suponhamos que a ¢ F. Entao, a ¢ Fj, i= 1,....n. Bm conseqiiéncia, existe, para cada i, uma vizinhanca Vs,(a) tal que V5,(a) Fi = @. E claro, entio, que V = Vi,(a) 9... Vs,(a) & uma vizinhanga de @ sem pontos em comum com F. Isso contradiz 0 fato de a ser ponto de acumulagéo de F e completa a demonstragio. A segunda parte do teorema & de demonstracéc mais facil e fica a cargo do Ieitor. (Exerc. 10 adiante.) © teorema anterior pode tainbéan ser provado como conseqiiéncia dos dois precedentes, utilizando as leis de De Morgan. (Exerc. 12 adiante.) Diz-se que um conjunto A 6 denso em outro conjunto B se BC A, isto é, se todo ponto de B é aderente @ A. Dito de outra maneira, A ser denso em B significa que 0s pontos de B que ndo pertencem 0 A certamente siio pontos de acumnulacdo de A. Em particular, um conjunto A é denso na reta toda se A= Rj isso significa que todo mimero real € ponto de acumulacio de A. (Exerc. 13 adiante.) Exercicios 1. Prove todas as propriedades sobre conjuntos referidas nas paiginas 78-74, inclusive as Tabs de De Morgen, que bo de importéncia fundamental, 2, Prove a equivaléncia das seguintes proposigies referents a um conjunto C:82 Capitulo 4: Fungdes, Limite ¢ Continuidade ‘LL Seja f uma fungéo com dominio D. Por supp f, sup f(z), ou simplesmente sup f, designa- suena conto (0) = {fe ¢ Bh algae pf 1), Sut, Sno fey ae a mie Dr poe sup(f +g) inf f + infg. De exes meant qe se ulin podn st ot 12. Seja f uma funsdo limitada num dominio D. A oseilagdo de f em D, denotada por w ou, mais precisamente, w(f, D), é definida por w = Mm, onde M = supf em = inf. Prove que w = supA onde A — (f(r) ~ fly): #€ D, ve D). Sugestdes solugdes Sla)+ fl-2) , fle) 2 5. fe) = 2 6. Com referéncia & incluso, sey € (ANB), y = f(z), com z € ANB, logo y€ f(A) NFB) Pode acontecer que um certo y esteja em f(A) 9 f(B) sem estar em f(A B). Para iso basta que p ja igual a f(a) ¢ igual a {10}, com ae Aeb€ B, sem que haja um ce ANB tal que y= f(c). Dé um exempla concrete desea situngio. 10. max{f, 9) FASE 6 expressio ‘anéloga para min{f, 9). ‘LL. Observe que (f + 9)(D) = (f(a) + 9{z): © =D} ¢ f(D) + 9(D) € aplique o resultado dos: Exercs. Ie 13 dae pp, 5.¢6. Ou, entio, observe que, qualquer que seja = € D, inf f +intg 0, existem ze y em D tais que f(z) > Mele fly) © 6; € sso prov quew < sup A Limite e continuidade Historicamente, o conceito de limite & posterior ao de derivada. Ele surge da necessidade de calcular limites de razdes incrementais, que definem derivadas, E esses limites sio sempre do tipo 0/0. Por aj ja se vé que os exemplos interessantes de limites devem envolver situacdes que s8 comecam a parecer num curso de Caleulo depois que o aluno adquire familiaridade com uina classe raaodvel de fungoes. Alkés, os primeiros limites interessantes a ocorrer nos cursos de Clculo silo os das fungies senz , Locos = = com x tendendo a zero. Isso acontece no célculo da derivada da'fungdo y = sen ¢. Mais tarde, no estudo das integrais impréprias, surge a necessidade de considerar limites de fungées como * sont [oS (42) (41) Cap. 4: Funcdes, Limite e Continuidade 83 com x tendendo a 1 Observe que, em todos esses casos ¢ outros parecidos, a varidvel x deve aproximar um certo valor, sem nunca coincidir com esse valor, € que o valor do qual 2 se aproxima deve ser ponto de acumulagéo do dominio da fungao. Bssas observagdes ajudam a bem compreender a definicao que damos a seguir. 4.6. Definigées. Dada ume fungio f com dominio D, seja a um ponto de acumularao de D (que pode ou nao pertencer a D). Dis-se que um nimero L €0 limite de f(z) com tendendo aa se, dado qualquer e > 0, existe § > 0 tal ame TED, 0<|e~e]< 55 [f(2)—L L-e< f(a) 0,0 mesmo da fungio A(z) = vz. Sejam f e g dues fungées, com dominios Dy € Dy, respectivamente. Supon- hhamos que g(Dq) © Dy: assim, qualquer que seja 2 € Dy, oz) € Dy e podemos considerar f(g(2)). A fungio h : 2 + f(g[x)), com dominio Dy. & chamada 2 composta das fungoes f ¢ g, ireqiientemente indicada com 0 simbolo “fo Por exemplo, h(a) = Vz—T € fungdo composta das fungdes f(r) = yz e ale) = z7— 1, Como 0 dominio de f o semi-eixo 2 > 0, 0 dominio de h é 0 eonjunto dos mimeros x tais que 2| > 1. Diz-se que uma fungdo f com dominio D & injetiva ou invertivel se 242s fe) 4s) sso € 0 mesmo que afirmar: f(x) = f(x!) + 2 = 2's ¢ significa que cada eemento y da imagem de f provém de um tinico elemento 2 no dominio de fy = f(c). Iss0 nos permite defiair a chamada funcdo inverse da fungio f freqiientemente indicada com o simbolo f~ , que leva y € f(D) no elemento © D tal que f(z) = y. E claro, entao, que f(f(z)) > # para toda x De SUF Uy)) = v para todo y € f(D) Diz-se que ume fungéo f definida num intervalo 6 crescente se 2 < 2! > Fle) < f(a"); decrescente se x < x’ = f(x) > f(2"); ndo decrescente se 2 < 2° = f(z) < f{z!) © nao crescente se x < 2! = f(z) 2 f(e!), Em todos esses casos f € chamade funcéo mondtona, Diz-se que f € uma fungdo par se seu dominio D ¢ simétrico em relagao 4 origem (isto 6 2 € D @ -2 € D) © f(z) = f(z): J € fungdo impar se 0 dominio € do mesmo tipo e f(-2) = — F(z). Chama-se sobrejetiva toda funcéo f com dominio D tal que f(D) coincide com seu contradominio Y. Uma furigéo que ¢ ao mesmo tempo injetiva e so- brejetiva tem inversa definida em todo 0 conjunto Y.. Bla estabelece assim uma correspondéncia entre os elementos € D ¢ os elementos v = f(x) € ¥, que é cianada correspondéncia biunivoca, justamente por ser univoca nos dois senti- os: cada elemento em D tem um e um sé correspondente em ¥ pela J; « cada cemento de ¥ tem um e um s6 correspondente em D pela inversa f—!. Uma fungdo nessas condigdes € chamada uma birevdo ou fungdo bijetiva. E claro que toda funcao injetiva ¢ uma hijeydo de D sobre (Di Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 81 Dada uma fungio f: D — ¥ e 8 um subconjunto de ¥, define-se f 1(B) (mesmo que f nao seja invertivel) mediante PMB) ={zeD: f(x) eB} B facil ver, segundo essa definicéo, que f-(Y) = De f-(B) = 9 se Br f(D) Bxercicios 1. Consider a seguint fungi, conhecida como fungi de Dirichlet f(z) =} ge x & rcional © f(a) =0 se 2 ¢ irracional. Descreva a funcso g(2) = f(v2) 2.Se J ¢ a funsio de Dirichlet, descreva conjunto {z+ flz) a é que, para toda seqiéncia tm € D~(a} tal que t, +a, se tenha f(t) — L. Fin particular, f é continua mum ponto a se, © somente se, para toda seqiiéncia t, € D—{a),tq — @, s€ tenha f(tn) > Fla) Comentério. O teorema afirma a equivaléncia de duas proposigies A e B, ue sao: Proposigdo A: dado qualquer ¢ > 0, existe 6 > 0 tal que x € Vj(a) OD = Slee) € Ve(E). Proposi¢ao B: tq € D— {a}, m%-+a= f(tn) — L. Demonstragéo. Vamos provar primeiro a parte mais facil: a condigéo necessaria, ou seja, A + B. Supomos, entio, que f(x) + L com x + a. Seja am € D~ {a}, 3_ —+ a; devemos provar que f(izq) — L. Ora, dado qualquer € > 0, existe 6 > 0 tal que z € Via) D = f(z) € V_(L). Com esse 6 > 0 determinamos N tal que n > N = xq € V(a)i logo, n > N= frm) € Ve(L), ¢ isso prova B. Provaremos em seguida que a condicdo ¢ suficiente, ou seja, que B => A Raciocinaremos por absurdo, provando que a negacéo de A acarreta a negacao de B. Vamos escrever essas negagdes em detalhe, j4 que clas so freqiientemente uum tropego para o aluno menos experiente. Negacéo de A: existe um ¢ > 0 tal que, qualquer que seja 6 > 0, sempre existe 2 € Vj(a) 0 D com f(z) ¢ Ve(L). Negagao de B: existe uma seqiiéncia tn € D- {a}, tm —a, tal que flan) nao converge para L. Como estamos negando A, sxiste um ¢ > 0 com 0 qual podemos tomar qualquer 6; tomemos entia toda uma seqiiéncia 6, = 1/n. Em correspon déncia a cada um desses én, escolhemos ¢ fixamos um ty € V{j_(a) %D com f(n) € V-(L). Besse, maneira produzimos a negagao de B, como desejvamos, pois exibimos uma seqiiéncia ty € D,tq # @, Zn — 0, tal que f(z) ndo converge para Z. Isso completa a demonstragao do teorema. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 87 Como dissemos, esse teorema permite deduzir 0 Teorema 4.11 do Teo- rema 28 (p. 22). Por exemplo, supondo que f(x) e g(z) tenham limites F © G, respectivamente, com — a, vamos provar que o limite do produto é 0 produto dos limites. Seja tn € D— {a} uma seqiiéncia convergindo para a. Entéo, pela hipétese do Teorema 4.11 f(t») —+ F € g(tn) > G; ¢, pelo Teo- rema 28, {(¢n)9(tm) + FG, donde o Teorema 4.12 nos leva a concluir que S(x)g(2) > FG, que € 0 item c) do Teorema 4.11 4.18. Corolirio. Uma condigéo necesséria ¢ suficiente para que uma fungéo f com dominio D tenha limite com x + a € que f(x) tenha limite, qualguer que seja a segiiéncia zy € D ~ {a},2n +a. Demonstragéo. Tendo em conta 0 Teorema 4.12, a tinica coisa que deve mos provar é que o limite de f(z) ¢ 0 mesmo, qualquer que seja seatiéncia tm € D~{a},x_ — @. Em outras palavras, basta provar que se tivermos duas seqiiéncias, tn € D — {a},an ae ta € D~ {a}, Ye — a, entao f(atm) € £(%n) tém 0 mesmo limite. Sejam L’ e 1" esses limites, respectivamente, Devemos mostrar que L’ = L", Formemos a seqiiéncia (2,), onde 224 = 2k © 294—1 = Ye B claro que 2 — a (Exerc. 2 dap. 32), logo, f(a) converge para um certo nuimero L. Mas f(x) € f (yn) s80 subseqiiéncias de f(z_), logo convergem para © mesmo limite L, donde Z’ = L" = L, como queriamos demonstrar. 4.14. Teorema. Se f ¢ 9 sao funcdes continuas em 2 = a, entao sdo também continuas em x =a as funcées f +9,f9 kf, onde k é uma constante qualquer; ¢ € também continua em x =a a funcao f/9, desde que g(a) 4 0. Esse teorema é conseqiitncia imediata do Teorema 4.11 4.15. Teorema (critério de convergéneia de Cauchy). Uma condigao necessdiria ¢ sufictente para que uma fungao f(x) com domirio D tenha limite com xa £ que, dado qualguer ¢ > 0, exista é > 0 tal que ye Vela) OD = |F(e)~ Fy) <=. (46) Demonstracdo. Para provar que a condigdo € suficiente, seja zy < D — {a} uma seaiiéncia qualquer, convergindo para a, Entio, em virtude de (4.6), dado ‘qualquer ¢ > 0, existe N tal que nym > N= |f(tn) — flem)) << Pelo critério de convergéncia de Cauchy para seqiiéncias (Teorema 2.26, p. 39) segue-se que (zn) converge; © pelo Coroléio 4.1% concluimos que f(2) temSM Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade seja dito explicitamente. F entendemos também que a seja ponto de acumulagio do dominio D da funcio J, a0 investigarmos se f é continua nesse ponto. Um procedimento mais geral consiste em adotar a seguinte definicao: f é continua no pontoa se, dado qualquer > 0, eriste 6 > 0 tal quex € Vs(aJND > F(2) ~ f(e)| < ©. Mas assim a fungo sera continua em todo ponto isolado de seu dominio, pois, neste caso, basta tomar 6 suficientemente pequeno para que Ysa) > D 86 contenha o ponto a e, consegiientemente, para que a condigéo de continuidade esteja satisfeita. Para evitar essa situagao, que nao tem utilidade em nosso estudo, a sera sempre ponto de acumulagao de D, ao considerarmos ‘mite ou investigarmos a continuidade de f nesse ponto, Propriedades do Ii © Paya os limites de fungdes valem propriedades andiogas as de limites de segiténcias, com demonstragées também anéloges. 4.7. Teorema. Se uma juncio f tem limite com 2 + a, entdo |f(e) tem limite € litnsa [f(2)] = |limsg f(x) . Em particular, se f @ continua em x = 6, entao |f(2)| também € continua nesse ponto, isto é limzo, (2), = [f(@) Para a demonstragdo observe que, sendo Lo limite, ' \f(x)|- |< f(z) = L]. Como no Exerc. 9 da p. 25, a reciptoca 36 ¢ verdadeira, em geral, quando £ = 0. 4.8. Teorema. Se uma funedo f com dominio D tem limite L com x — a, se A 0 tal quer E Vila) D> Ax f(z) 0 tal que f(z) ¢ lemitada em Vila) D A demonstraéo imediata, considerando, por exemplo, A = L- 1 e B = L +1 no teorema anterior. 4.10. Corolirio (permanéneia do sinal). Se ume funcae f com dominio D tem limite L 2 0 com 2 — a. entao existe § > 0 tal gue, em Vie) D, f(z) > Lise b> Oe f(t) 0 faga A = L/2 no teorema; ¢ se L < 0 faga B = L/2. Esse resultado 6 comhecido como 0 teorema da permanéncia do ‘inal, justamente porque, numa vizinhanga do ponto a, a fungio permanece com fo mesmo sinal de L. Porém, mais do que permanéncia do sinal, ¢ importante cobservar que a fungao permancee afastada de zero, ou seja, [f(x)] > |Z|/2 em Vila) M.D. Observe a utilizagéo deste resultado na demoustragi do item d) do ceorema seguinte. 4.11. Teorema. Se duas fungées f € g com o mesmo dominio D tém limites com x a, entéo (Nos limites indicados a seguir, é claro, 1 + a.) 4a) f(x) ~ ofc) tem limite e lim [f (x) + g(@)] = lim f(c) ~ lim g(a) ) sendo k constante, kf(z) tem limite e lim[kf(z)} = K-lim f(x), ¢) fla)alz) tem limite ¢ lim [f(x)g(2)] = lim f(z). lim g(2)s d se, além das hipsteses feitas, lim g(x) #0, entéo f(z)/g(x) tem kmite lim f(z) lim gt) Demonstragdo. Vamos demonstrar apenas o item 4), deixando os demais a cago do leitor, jé que as demonstragSes de todos eles sio inteiramente andlogas as do Teorema 2.8 da p. 22. Sendo L #0 0 limite de g, vamos provar que 1/g(z) — 1/L com = ~ a © procedimento é o mesmo da demonstragao dada na p. 22 para o item d) do ‘Toorema 2.8 Dado qualquer ¢ > 0, sabemos que existe é > 0 tal que tim ate el? - 44) Les (44) Se necessério, diminuimos o § de maneira a termos também, de acordo com 0 Corolétio 4.10, Ee Yla\eD = io 2 Vila) D = ig(z)' > IL|/2. (45) Entéio, com 2 € Va) > D, teremos 2 UW _ dole) ett ek? 2 ae Ti" Wg@y * Flay 2 ¢ isso completa a demonstragao. Se g(z) tende a zero f(x) tem limite diferente de zero, entao o quociente flx)/glx) pode tender a 20 (limites infinitos serdo tratados mais adiante), tudo dependendo do comportamento particular de fe g. Quando f(x) ¢ g(x) tendem ambas a zero, o quociente f(z)/g(2) pode ter limites os mais variados, dependendo novamente do comportamento particular de f ¢ g. Trata-se aqui90 Cap. 4: Fungées, Limite ¢ Continuidede 13, Prove que se fiz) ¢ continua em x = a € f(2) > 0, entdo g(x) = V/FB) € continua em 14, Demonstze o Teorema 4.11 (p. 85) diretamente, de manera andloga so procedimento usado para demonstzar @ Teorems 28, p. 22 15. Demonstre © Teovema 4.11 reduaindo-o 20 Teorema 2.8 com auxitia do Teorema 4.12 16. Se fg sto funges continues num conjunto D, prove que so também cortinuse ern J) as fungies maxi, 9) min( J, 9) 17. Seam 9 fongbee cominuas no meno d (ED: fle) < o(2)) € abort, 18. Sejam J € 9 fungSescoutinuas no mesmno dominio fechado D. Prove que o conjuntos = (2€D: fla) < a}} ¢fechado 18, Nas mesmas hipéteses do exercicio anterior, prove que o emjunio = {2 € Ds f(a) = o{a)}€ fecha nio aberto D. Prove que 0 coujunto A = Sugesties e solugdes 2 Como contra-exemplo considere a fungio f(r) = sen (1/2), que no tem limite com = +o (Essa fungSo est detalhadamente descrita no Exemplo 2 a Seq. 4.4 de [Al!.) Tome, por exemplo, D’ = {I/nmn=1, 2, 3} 6, Suponhamos f restrita ao conjunte Q dos racionais¢ a um mimeo real qualquer. Observe que, numa dada vizinhanga V de 2, sé existe um nilmera finito de mimeras racionais da forma p/2. um mimero fasta da forma p'3, um mimera finite da forma p)4; ¢ assim por iante. Dade qualquer « > D,seja qo > 0 um ntimero inteira tal que 1/ar < e. Como sto finitos os mimeros da forma pig, com 9 < 4p . que jazem na vizinhanca V, seja D2 a aguele dentre eles que esta mais proxiine de a. Tomandn § < ya ~ pq’! €, se necessério, menor ainda para que Vj(e) C V. certamente as mimeros racionais p/q em V;(a) sexo tais que I/g.ce. 10. Sendo 2 #0, If(2) ~ fla) Com j2| > ja/2, ste) = Hla) < (2/eP)hz— a Dado qualquer ¢ > 0, basta tomar é igual ao menor dos mimeros 2/2 €\a\/2 (esse altima condigao & necesséria para garantir|z\ > /a|/2) para termos 2—a| < 8 = /f{z)~f{(e)| <= 11. f(a) = x 6 continua, pois, dado qualquer ¢ > 0. basta tomar § = ¢ para que |2 ~ al < 4 = If(2)- fla)l < & Repetidas aplicanées do Teorema 4.1 permitem verficar que sso cantinuas as anges 24 " 23,...,2", a2”, enfim, um polinomi, que é a soma de monomios, «etambém quociente de polinomios em todo ponto que no sja raiz do denominado: 12 Sea dado qualquer ¢> 0, tome 6 =e? para que O<2cbe vice Se @ > 0, obeerve que eave a Dado qualquer ¢ > 0, omamos = evi para termos 2> 0, 2€ Vala) = WWE val < 13, Aplique o Teorema 416 Iv - vat Capitulo 4: Fungies, Limite e Continuidade 91 17. Observe que fe: (f—si(2) <0} Limites laterais e fungdes monstonas ‘As Definigdes 4.6 (p. 83), de limite e continuidade, sio gerais e abrangem também 03 casos chamados limites @ diretia e & esquerda, bem como con- tinuidade & direita e continuidade & esquerda. Hssas nogdes surgem quando lidamos com uma fungZo f cujo dominio s6 tenha pontos & direita ou & es querda, respectivamente, do ponto x = a, onde desejamos considerar o limite. Por exemplo, a fungSo y = Vz tem dominio x > 0; podemes considerar seu limite com 2 — 0 segundo a definig&o data, porém isso resultaré numa aproxi- magao de x ~ 0 somente por valores positivos. Dai escrevermos, para enfatizar esse fato, “r+ 0+". Igualmente, o limite de Vz com 2 — 0, seré um limite com “x 0" De um modo geral, sendo f uma fungae cujo dominio D sé contenha pontos A diteita de um ponto « = a, que seja ponto de acumulagio de D, entdo 6 limite de f(x) com x — a, se existir, ser um limite & direita, Ao contrério, se D s6 contiver pontos & esquerda de x = a, o limite de f(x) com 2 — a, se existir, seri ur limite é esquerda. Esses limites sao indicados com os simbotos slim, f(2) ou flat) © tim fla) on fle) respectivamente. Diz-se que f # continua d direita (resp, & esquerda) em x =a se f estd definida nesse ponto, onde seu limite & direita (resp. © a esquerda”) & F(a). ‘Se o dorninio de f contiver pontos a diveita & esquerda de x restringir esse dominio aos pontes z > @ ou © < a para considerarmos seus limites * & direita” ¢ * a esquerda” respectivamente, Evidentemente, para que isso seja possivel € preciso que 2 = a seja ponto de acumulagao dos domfnios restritos. Diremos que z = a ¢ ponto de acumulagdo a direita do dominio D se ele € ponto de acumulagio do dominio restrito a valores x > a: e ponto de acumulagéo 4 esquerda se € ponto de acumulagéo do dominio restrito a valores 2 0ea—1 se 2 <0 tem limites Iterais em 2 = 0 , devernos aim Ga AOL elim £(0-) = 1 Bla seré continue d direita em x = 0 se definirmos f(0) = 1; ¢ sera continua & esquerda nesse mesmo ponto se pusermos f(0) = =1 0 teorema que consideramos a seguir é um resultado fundamental nz teoria das fungdes monétonas, 6 anélogo do Teorema 2.12 (p. 26} para seqiiéncias88 Capitulo 4: Fungées, Limite « Continuidade mite. como querfamos provar. Deixamos ao leitor a tarefa de provar que a condigdo é necesséria, que é a parte mais f 4.16. Teorema (continuidade da fungio composta). Sejam f eg Jfungdes com dominios Dy ¢ Dy respectivamente, com o(Dy) C Dy. Seg é continua em xo € f € continua em yo = g(x), entdo h(x) = f(g(x)) € continua em 2. Demonstragao. Pela continuidade da fungo f, dado qualquer ¢ > 0, existe # > O tal que v€ Very) 0 Dy = |F(u) — Fluo) <= Analogamente, pela continuidade da fungdo 9, existe J > 0 em correspondéncia, 6’ tal que © € Vo(arg) 7 Dy = Ig(x) ~ glo)! < 8 E claro entao que FE V(E)OD, = [F(9(2)) ~ Flol20)) c} e Ba{reD: f(x) c. Pelo Corolério 4.10 (p. 84) existe um 6 > 0 tal que x € Vs(a)N.D = f(z) > c, isto é W(a) 1D c A. Como esse conjunto Vs(a) 1D € aberto, por ser a intersegao de dois conjuntos abertos, fica assim provado que a é ponto interior de A, provando que A € aberto, j& que a ¢ arbitrario. A demonstragao de que B é aberto pode ser feita de maneira anéloga; ou entio, basta observar que B= {x ; — f(z) > —c} um eonjunto do tipo A para a fungio —f, que também é continva 4.18, Teorema, Se f é uma fungdo continua com dominio fechado D ec £m mimere real qualquer, entéo também séo fechados os conjuntos Po{reD: f(x) >ch. G={eeD: f(a) 0. Prove que, qualquer gue sea, lits—e (2 por valores racionais ¢ também, separadamente, por valores irracionals. Conelia, entio, ‘que / € contfaua em todo panto irracional descontfnua nos racionais. Sejam J ¢ 9 fancSes com o mesmo dominio D, ambs possuindo limites Le £’. respecti- vamente, com x. Prove que se f(z) < g(x) para todo z € D, entéo L <1’. Dé um ‘exemplo concroto mastrando que a igualdade L = L’ pode acorrer mesmo que se tenhs fia) < ale) Sejam f e g fungdes com o mesmo dominio D, ambas possnindo limites L e L', respective mente, com x — a. Prove quese £< L’,entio existe 6> 0 tal quer € Vi(a)D = f(z) < a{z). Em particular, se fe 9 sie continuas, fza) = L g(20) = L',entso f(z) < g(a) em Vela) D, (Critério de confronto ou da fungio interealada). Sejat f, gh tres fungies com ‘0 mesmo dominio D, sendo flz) < g(x) < hlz). Prow gue se f(z) @ A(z) tem o mesmo limite L com x — a, entie gz) também tems limite L com x — a. 1, Prove, diretamente da definigio de liste, que a fungiw fz) < Iya ¢ continua em todo © seu dominio 2 #9. 11. Prove que um polinémio é uma fungio continua em todo pento + = 2, © mesmo sendo verdade de quotiente de dots polinimivs, nos pontos que nbn anulam o denominador. 12, Prove que a funcio v3 € continua para todo x > 0.94 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade de sua varidve] independente. Isso pode ser ilustrado em exemplos simples como estes: lim, = = Ox: lim (2-2)? =0F; lim ee ee Deum modo geral, f(z) —+ a+ com x — a significa: dado qualguer © > 0, existe 6 > 0 tai que, sendo D o dominio de J, FEVi(@) ID SLX flz}< hte Para @ definigdo de f(x) — L— basta trocar as dltimas desigualdades por boe< f(z) Sb 4.23. Teorema. Seja f uma fungéo com dominio D, f(z) # 0. Se G(2) = OF com x + a, entio 1/f(x) + +00 com x + a; € se f(z) + O- com 2 — a, entéo 1) f(z) ~ -o0 com x — a, Demonstracio. Pela hipétese, dado qualquer # > 0, existe ¢ > 0 tal que 2 € Vila) VD = 0< f(z) < 1/k, portanto 1/ f(z) > k. Isso prova a primeira parte, A segunda parte é andloge e fica a cargo do leitor. 4.24, Teorema. Suponhamos que f(z) ~ A e g(x) ~ B com x tendendo @ infinsto. Entéo, com z + +00, a) f(x) +9(2) + A+B; 6) sendo k constante, kef(w) = kA; 6) f(x)g(a) > ABs d) F(@)/ala) + A/B, desde que B #0. Este teorema 6 andlogo ac Teorema 4.11 (p. 85); a demonstragio também 6 andloga e fica a cargo do leitor 4.25. Teorema. a) Se fx) — +o com x = @ ¢ s¢ az) > k, entio Slz)+ gl2) + +00 com x —+ a. Além disso, se k > 0, f(r)glz) + 00 com A demonstragio fica a cargo do leitor. Os teoremas acitna sdo ilustragées de varios resultados envolvendo limites no infinito ou limites infinitos. leitor nao teré dificuldade em verificar @ vali- dade de resultados anslogos, seje com a varidvel independente ou com os valores das fungées tendendo a —oo. Convém observar que muitos resultados vilidos para limites finitos nao sito validos no caso de limites infinitos. Por exemplo, se duas fungées tendem a --oc, sua diferenca pode ter limite +00, —o0 ou qualquer valor finito. Esse é um dos casos de forma indeterminada, do tipo 20 ~ co, estudada nos cursos de Caleuio. Capitulo 4: Fungées, Limite e Continuidade 95 Outros tipos de formas indeterminadas so o0/o0, 0°, 1% e oo", Nao vamos nos deter na consideragio dessas formas, por serem elas bastante estudadas nos cursos de Céleulo, (Veja [A1,, Secs. 4.7 € 5.4.) As descontinuidades de uma fungao Do mesmo modo que s6 consideramos contimuidade de uma fungao em pontos de acumulagaa de seu dominio (p. 83), a nogao de descontinuidade seré igualmente considerada nesses pontos. Sendo a um ponto de acumulagao do dominio D de uma fungéo f, dizemos que f é descontinus em 2 = ase, ou f nao tem limite com x a, ou esse limite existe © € diferente de f(a), ou f néo esté definida em x =a. Analogamente Gefinimos descontinuidade d direita e descontinuidade & esquerda. De acordo com essa definicao, estamos admitindo que umn ponto possa ser descontinuidade de uins funcao, mesmo que ele nfo pertenga a0 dominio de f. A rigor, no deveria ser assim, s6 deveriamos admitir descontinuidades em pontos pertencentes ao dominio da fungéo. Mas 6 natural considerar 0 que se passa nas, proximidades de pontos de acumulagdo do dominio de uma funcéo, mesmo que tais pontos nao pertencam ao dominio. Assim, as funges a see © sen=, (47) ‘Go todas continuas em seus dominios (iguais a R ~ {0}); e, embora z= 0 no pertenga a esse dominio, € natural considerar 0 que acontece com essas funcdes quando x tende a zero De acordo com nossa definigio, a primeira das fungdes em (4.7) seria clas- sificada como descontinua em x = 0 simplesmente por néo estar ai definida, pois tem limite 1 quando x — 0, Atribuindo-the o valor em x = 0, ela ficard definida e seré continua em toda a reta, por isso mesmo dizemos que esse tipo de descontinuidade & removivel. A segunda tom limites laterais diferentes com 2 +0; ela seré continua & direita se pusermos f(0) = 1 € contivua & esquerda se definirmos f(0) = —1. A terceira fungao tende a too com x — 0 pela direita ou pela esquerda, respectivamente. Finalmente, 2 quarta funcio no ter limite com 1 —+ 0. Nao hi, pois, como remover a descontinuidade, mesmo lateral- mente, no caso das duas tltimas fungées. ‘As descontinuidades de uma fungéo costumam ser classificadas em trés tipos: removivel, de primeira espécie ¢ de segunda espécie. A descontinuidade removivel € aquela que pode ser eliminada por uma conveniente definigdo de faneao no ponto considerado, como no primeiro exemplo de (4.7). Como se vé , ela nem é bem uma descontinuidade, pois a fungio tem limite no ponto conside- rado, apenas nao esté adequadamente definida nesse ponto. A descontimuidade