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INTRODUCAO A ANALISE MATEMATICA GERALDO AVILA INTRODUGAO A ANALISE MATEMATICA 22 edicao revista EDITORA BLUCHER 950 anos www.blucher.com.br Prefacio (0 presente livro, langado em fevereiro de 1993, teve uma reimpresséo en 1995 © agora aparece em sua segunda edicao, que incorpora as correcdes dos erros encontrados, alguns exercicios a mais ¢ uma parte final sobre o teorema de Ascoli Um curso de Anélise, Céleulo, ou qualquer outra diseiplina mateméti. ca, deve, antes de tudo, transmitir idéias, B isto, muitas vezes, € prejudi- cado om exposicdes carregadas de formalismo ¢ rigor. Até mesmo em cur sos mais avancados, a insisténcie excessiva nesses elementos da apresentacio freqiientemente dificulta a transmissao das idéias e o proprio aprendizado. © testemunho histérieo nos ensina que 150 anos decorreram desde o surgimento do CAlculo, com Newton e Leibniz, no século XVII, até o inicio de sua formulacao rigorosa por volta de 1820, E nao foi por falta de eérebros capazes que nesse interregno nada se fez de satisfatério sobre os fundamentos. Esse longo perfodo de tempo viu. passar génios de primeira grandeza, como os Bernoulli, Euler, @Alombert e Lagrange, E varios deles tentaram, sem sucesso, prover 0 Célculo de uma fundamentagéo rigorosa, Como bem observa Dieudonné (na p. 22 da roferéncia [D2)), “a falta de rigor imputade aos matematicos do século XVITT provém sobretudo das dificuldades por eles enfrentadas em definir de maneira precisa as nogbes bésicas do Célculo, das quais, todavia, tinham muitas vezes ‘uma boa concepgao intuitiva”. Fat precisamente essa concepedo intuitiva que os iow com muito sucesso durante todo o século, Por isso mesmo, embora rigor ¢ formalisme sejam ingredientes essenciais de uin curso de Anélise, procuramos {208-los presentes, enti nossa apresentagao, de maneita equilibrada, sem descurar as virtudes do pensainento intuitivo. O presente livro cobre o material que costume ser apresentado num primeiro ‘curso de Anilise de final de graduagao on inicio da pés-graduagio. Ele pressupde que © aluno jé tenha feito um curso de Caleulo de uma varidvel, incluindo derivadas e integrais, o estudo do comportamento das fungoes, esbocos de curvas e séries de Taylor e MacLaurin. Basta isso como pré-requisito: por isso mestno, cremos ser bastante aconzelhivel que um curso de Anzlise nos moldes do presente livro seja ministrado logo apés um primeiro curso de Calculo © capitulo 1 introdirz © aluno a0 conjunto dos mimeros reais como corpo ordenado completo, poréim de um ponto de vista pritico, enfatizando a pro- cpriedade do supremo € 8 desigualdade do triangulo. Os capitulos 2 ¢ 3, sobre seqiiéncias ¢ séries numéricas, cobrem, em grande parte, material que faz parte de um segundo curso de Célculo. Por isso mesmo, dependendo do preparo prévio dos alunos, talvez possam ser dispensados; mas apenas em parte, pois ai aparecem resultados importantes, como o teorema de Bolzano- Weierstrass, 05 conceitos de “limite superioe” ¢ “limite inferior” de uma seqiiéncia, o teorema dos intervalos encaixados, a forma mais geral do teste da raiz sobre convergéncia de séries etc., t6picos esses que sao imprescindiveis para 0 que viré depois. Tudo Inrodugdo @ andlise matemética © 1999 Ceraido Severo de Souza Avila 2 edigdo - 1999 6 relmptessio » 2011 Eitora Edgard lucter Leda, ara Neuza, de coragto Blucher CHA CATALOGRARCA ua Pedroso Alvarenga, 1245, 4° andar Ta, Geri Severo ve Souza (04531-012 - Séo Paulo - SP Brasil nero 4 arlise matemates / Geraldo Te!55 11 3078-5366 Severo Sours Avia ~ S20 Paul: Bucher, 1999, editora@blucher.com.br www. blucher.com.br beara. isan 978.8521201687 { pings a reproduc tral ou para | ansise matemaia Tale saraasquer meses, sem autoraaeio skerta da Eto, 06.0499 consis odes anos reservados pla ara indies para atloge siatemanico ‘dir Bucher 1. Anise matemavca: $15 limites no infinito, 92. As descontinuidades de uma fungao, 95. O conjunto © a fungao de Cantor, 98. Exercfcios, 101. Sugestdes e solugies, 102. Notas historicas e complementares, 103. O Inicio do rigor na Andlise Matemética, 103. Carl Friedrich Gauss (1777-1855), 107. CapiruLo §: Fungdes GLOBALMENTE Conrinuas 108 Conjuntos compactos. 108. Fungdes continuas em dominios compactos ¢ Intervalos, 109. Exerefcios, 113. Sugesties, 114. Teorema de Borel-Lebeseue, 115. Continuidade uniforme, 116. Exercicios, 118. Sugesties e solucies, 119 Notas histéricas e complementares, 120. O ‘Teorema do valor intermedi 120. Weierstrass e os fundamentos da Andlise, 121. O teorema de Borel- Lebesgue, 121, Capiruro 6: O CéLovLo DIFERENCIAL 123 Derivada e diferencial, 123. Derivada da fungéo inversa, 127, Exercicios, 128. Sugestes, 129. Méximos ¢ minimos locais, 129. Teorema do valor médio, 130. Exercicios, 134. Sugestdes, 136. Notas histéricas e complementares, 137. As origens do Célculo, 137. O eélculo fluxional de Newton, 138. 0 cAleulo formal de Leibniz, 139. Newton e Leibniz, 140. O problema dos fundamentos, 140. CapiruLo 7: A INTEGRAL DE RIEMANN 142 Introdugdo, 142. Somas inferiores e superiores, fungées integréveis, 142 Exercicios, 148. Critérios de integrabilidade, 48. Exercicios, 151. Sugestdes, 151. Propriedades da integral, 151. Exercicios, 155. Sugesties, 155. Somas de Riemann, 156. Exercicios, 158. Conjuntos de medida zero e integrabilida- de, 159. Notas histéricas e complementares, 163. Cauchy e a integral, 163. Dirichiet e a série de Fourier, 163. Riemann e a integral, 164. CapiruLo 8: O TEOREMA PUNDAMENTAL B APLICAGOES DO CALCULO 167 Primitivas de fungdes eontinuas, 169, Integracdo por partes e substituigao, 171, Bxerefcios, 172, Sugestdes, 173. A fungio logaritmica, 173. A fungao exponencial e 0 miimero e, 175. A exponencial a, 176, Exercicios, 177. Ordem de grandeza, 178. Exercicios, 81. Sugestdes, 181. Regra de I'Hopital, 181, Exercicios, 183. Sugesties, 184. Integrais impréprias, 184, Exercicios, 188, Sugestées, 190. Pérmula de Taylor, 190, Exercicios, 195. Respostas sugesties, 196. Férmula de Taylor com resto integral, 196. Notas histéricas e compiementares, 197. O inicio do Célculo, 197. © teorema fundamental segundo Newton, 198, O teorema fundamental segundo Leibniz, 199. O logaritmo como Area, 199. Leibniz, os irmios Bernoulli e Hopital, 200. A interpolagio ¢ o polinomio de Taylor, 200, Leonhard Buler (1707-1783), 201. Capiruto 9: SEqiiavcias © SERIES DE FUNGOES 202 Introdugao, 202. Convergéncia simples e convergéncia uniforme, 202. Exer- icios, 206. Sugestdes e solugdes, 207, Conseqiiéncias da convergéncia unifor- me, 208. Séries de fungdes, 213, Exercicios, 215. Sugestées e solucées, 216. Séries de poténcias, 217. Raio de convergéncia, 219. Propriedades das séries de poténcias, 220. Fungées C™ e fungées analiticas, 222. Exercicios, 223, ‘Sugestes, 224. As fungées trigonométricas, 224. Exercicios, 226. Sugesties, 226. Multiplicagdo de séries, 226. Divisio de séries de poténcias, 228. Exer- cicios, 229. Teoremas de Abel e Tauber, 230. Séries trigonométricas, 232 Exercicios, 235. Equicontinuidade, 235. Notas histéricas e complementares, 240, As séries de poténcias, 240. Lagrange e as funcdes analiticas, 241, A convergéncia uniforme, 241. A aritinetizagio de Andlise, 243, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 245 BIBLIOGRAFIA ADICIONAL 248 inpice ALrABérico 249 inpice pe Nomes 253 (© mais, a partir do capitulo 4, é material consagrado de um curso de Anélise. O livro traz, evidentemente, a marca do autor; primeiro, € claro, no es- tilo da exposigao, Mas sua principal caracteristica, que 0 distingue dos textos congéneres, sao as "Notas hist6ricas e complementares” no final de cada capftulo. Aqa 0 propdsito nao é apenas o de registrar dados biogrdficos ¢ fatos pitorescos, ‘mas sobretudo, o de otientar 0 leitor no entendimento da evolugao das idéias. Muias teorias matemdticas so de dificil compreensio, no seu porqué, quando vistas isoladamente ou separadas do contexto histérico em que se desenvolveram. Crenos que 0 estudo de Matemética, auxiliado pelo acompanhamento de sua evolagéo histérica, de seu papel num contexto cientifico mais amplo, ¢ do Fasc nante jogo das idéias no cenério de invengdo e descoberta, € estimulante ¢ en- Fiqueedor na formagao do alumo, sobretudo de sua capacidade de apreciagéo critica da disciplina, Essa mesma linha de idéias nos guia na escolha das demonstragées, quando pod:mos optar entre duas ou mais disponiveis na literatura, Nem sempre prefe- Fimis a demonstrago mais “elegantemente” formalizads, porém aquela que sei mais natural, mais didética ou mais criativa: e como esses elementos esto muito presntes ns evolugio histérica das idéias, varias vezes nossas apresentagdes sio as mesmas originais ou delas muito se aproximam. Exemplo disso € @ demons- tracio de Oresme sobre a divergéncia da série harménica (p. 48), a de Riemann pare o Teorema 3.29 (p. 67) sobre séries condicionalmente convergentes, ou a aptesentacio da formula de Taylor (p. 190 e seguintes) Na organizagio do texto, adotamas o costume de alguns autores, com nu- merigio unica para ax definigdos, teoremas, exemplos e formulas, fazendo refe- réndas diretamente as paginas. Isto muito faclita e torna mais amena a leitura. Os exereicios propostos sio sempre seguidos de sugestées em muitos casos € soluzdes completas para os mais dificeis. Evidentemente, o leitor deve primeiro tentar resolvé-los sozinho, s6 recorrendo as sugestoes e solucoes apds um razodvel esforge proprio. Agradecimentos aos colegas © estudantes, de perto ¢ de longe, que nos procuraramn, pessoalmente e por carta, com sugestées de mudangas, criticas cons- trutivas, correges de etros, tudo contribuindo pare melhorar nosso trabalho. Agnidecemos também a Josenildo Ramiro e Silva e Mauro Timbé pela ajuda comos desenhos no computador Esperamos que o livro continue servindo « jovens estudantes e profes: sores universitarios, de quem esperamos continuar recebendo criticas € suges- toes que possam contribuir para aprimoré-lo ainda mais. Aqueles que assim se dspuserem a colaborar conosco, pedimos que nos escrevam, utilizando-se do enderego da Editora. Geraido Avila Brasilia, agosto de 2000 Contetido Capiruto 1: Os NUMEROs Reals, 1 Generalidades, 1. Supremo ¢ infimo de um conjunto, 2. Exercicios, 5. Su- gestdes e solugies, 6. Desigualdade do triangulo, 7. O prinefpio de indugao, © a desigualdade de Bernoulli, 8. Exercicios, 9. Sugestdes solugies, 9. Notas histdricas ¢ complementares, 10, Q é um conjunto enumeravel, 10. O conjunto R nao ¢ enumeravel, 11. Os nimeros reais, de Budoxo a Dedekind, LL. Definigao de corpo, 15. Capiruvo 2: SeQiEncias INFintras 16 Primeiras nogées, 16. Conceito de limite ¢ primeiras propriedades, 17. Ope- rages com limites, 22. Exercieios, 24. Sugesties e solugdes, 25. Seqiiéncias monétonas, 26, O nimero , 27. Subsegiiéncias, 28, Limites infinitos, 28. Seqiiéncias recorrentes, 31. Exercicios. 32. Sugestdes e solugdes, 34. Pontos aderentes ¢ teorema de Bolzano-Weierstrass, 35. Limite superior e limite infe- ior, 37, O etitério de convergéncia de Cauchy, 39. Intervaios encaixados, 40 Ainda o teorema de Bolzano-Weierstrass, 41. Exercicios, 41. Sugestoes, 42. Notas historicas e complementares, 43. A ndo enumerabilidade dos mimeros reais, 43, Cantor e os niimeros reais, 43. Bolzano, o critério de Cauchy ¢ o teorema de Bolzano-Weierstrass, 45. Capiruto 3: Séries INFiNiTAS ar Primeiras definigées e propriedades, 47. Séries de termos positivos, 50. Exer~ cicios, 51. Sugesties, 51. Teste de comparagio, 52. Irracionalidade do mimero ¢, 53. Exercicios, 56, Sugestoes, 57. Testes da raiz e da razdo, 57. Exercicios, 61. Sugestées, 62. O teste da integral, 62. Fxercicios, 63. Sugestdes, 64. Convergéncis absoluta e condicional, 64. Séries alternadas e convergéncia condicional, 65. Exercicios, 68. Notas histéricas e comple- mentares, 68. A origem das séries infinitas, 68. Nicole Oreste ¢ a série de Swineshead, 69, Cauchy e as séries infinitas, 70 Capiruto 4: Fungss, Litre CONTINUIDADE 72 Preliminares, 72. Nogdes sobre conjuntos, 72. Nogdes topologicas na reta, 74. Exercicios, 77. Fungdes, 78. Exercicios, 81. Sugestées e solucies, 82, Limite ¢ continuidade, 82. Propriedades do limite, 84, Exereicios, 89. Sugesties solugdes, 90. Limites laterais ¢ fungdes mondtonas, 91, Limites infinitos e 2 Cap. I: Os Nimeros Reais Sempre que nos referirmos aos intervalos (a, 6), [a, Bh, (a, 8] ou (a, 6), 0 & serio nimeros finitos, com a 0, existe um elemento c€ C tal que S—2 (loys 2. Seja A um conjunta limitada infesiormente e soja B 0 canjunto de todas as eotas fnferioves de A. E claro que B nio ¢ vazio¢ é limitado superiormente por qualquer elemento de A. de forma que B tem supremo: alean disso, sendo S este supremo, todo nimero menor do ue S pertence a B. Vamos provar que § € 0 infimo de A. Observamos que a) $< a para tode a € A, pois qualquer nlimero menor do que S est em B. Ademais, b) dado < > 0. existe 2 € A tal gue a < S +6, senso todo mimero menor do que $+ estaria em Be S ro seria © supremo de B. Suponhamos por um momento que existisse um numero racional m/n tal que (mn)? = 2 Entao m? = 2n?. Ora, ofator prime 2 aparece um mtimero impar de vezes em 2n* © um niimero par de vezes em m? Como @ decomposicgo de ur) minnera em fatores primos ¢ tiniea, a qualdade m? = 2n? & absurda, logo a hipétese incialé alsa 5. procedimento é anilogo se que usamas no Bxemplo 1-4 pare provar que o conjunto no tem maximo: sendo © qualquer elemento de E, eat mee et > Pa Oee ‘Como ¢ > 2, basta fazer ¢ < (e® ~2)’2e para termes (¢ ~ ej? > 2, portanto, e~ © © E. Andiogo 20 Bxere, 2 a> 1 a? > logo e? > @ > 1, foo, por sun vez, implica «? > rosseguimos até chegsimos aa" > a '> >a >a. Assim Observe que b= Le > 1 ‘Supomes, evidentemente, que m > 1. Devemos provar que existe um mimero b > 0 cal que bY =a. Para isso consideramos ¢ conjunto C dos mimeros ¢ 0 rais que c” < a. ‘Trata-se de umm conjunte nie wari, pois eontém o mimero 1 se a > 1 de acordo com o exercicio anterior, contém © mimero a sea < 1. Vamos também que C é limitado superiormente pelo nimero 1 se a < Le pelo proprio @ se a > 1, Designando por b seu supremo, vamos rovar que 6” = a, Para isso, tnostremos primeiro que ¢ absurd ser b* a. Isso implica (1'0)" < 1/a, Entio, com 2acioeinio andloge ao que acabamos de fazer, existe «> 0 tal gue («Gey o by" > (ai) concluir que 6” = a, como desejévamos. onde obtemes Desigualdade do triangulo © leitor certamente conhece a definigho de valor absoluto de um nimero r, indicado pelo simbolo jr,, ¢ que € igual ar ser > Oe@a—rser <0, Muito importante para nosso estudo é a chamada desigualdade do tridngulo, segundo a qual, a+ | < |al-+ foi, (14) quaisquer que sejam os mimeros a e 6. Para demonstré-la observarmos que Jota? (a+b)? = a? +6? + 2ab = a(* + |b)? + 20d S laf? + BP + 2a)l6] = (lat + 0). Agora é s6 extrair a raiz quadrada para obtermos o resultado desejado. A desigualdade (1.4) pode também ser estabelecida por verificacio direta, considerando as varias hipéteses: 1) @ > 0b > 0;2)a<0eb<0;3)a>0>b ea [bl ete. Deixamos ao leitor a tarefa de verificar que em (1.4) vale o sinal de igualdade se e somente se a € 6 tiverem o mesmo sinal Observagao. A desigualdade (1.4) ¢ chamada “desigualdade do triéngulo” porque ela ¢ valida também quando a e b so vetores, digamos ae b. Neste caso, a, be a+b sao 05 trés lados de um triégulo ¢ a desigualdade tradivz a propriedade geométrica bem conhecidia: em um tridngulo qualquer lado é menor do que a some dos outros dots, isto é, sc ae b nao sao colineares e nienhum deles 6 vetor nulo, entio la +i < jal + [bi Deixamos ao leitor a tarefa de demonstrar, como exercicios, as outras de- sigualdades seguintes: a= 5) < Jal +105 Jal — [oj < job) (15) 4. Capitulo I: Os Nimeros Reais A nogio de infimo é introduzida de maneira andloga & de supremo. 1.3. Definigéo. Chama-se tnfimo de um conjunto C & maior de suas cotas infrriores; ou ainda Chama-se infimo de um conjunto C ao mimero s que satisjaz as duas cordigdes seguintes; a) s 0, exite wm elemento c€ C tal quee 0, 67> 2} (3) Com um raciocinio inteiramente anélogo ao que desenvolvemos aciina, demonstra-se que 0 conjunto E ngo tem minimo (Exerc. 5 adiante). Ora, se F no tem maximo e B nio tem minimo, entio, no conjunte dos riimeros racionais F no tem supremo. Com efeito, tal supremo, se existisse, teria de ser um elemento de E, 0 que nio é possivel, pois & nao tem um ‘menor elemento. Analogamente, prove-se que E nao tem infimo no conjunto dos mimeros racionais Commo F 6 limitado superiormente, pela Proposigao 1.2 ele tem supremo, 56 ‘que esse supremo nio é racional, mas o niimero irracional v%, que é também 0 infimo do conjunto B Bxercicios 1. Prove que o numero 1 6 fetivamente o supremo do conjunto definide em (1.1), mostrando que, dado © > 0, existe tal que nezNai-eca Prove que todo conjunto imitade inferiormente tetn infin. Prove que no existe nimero racional y tal que +? = 2. Prove que nfo existe nero racionalr tal que 7? = p, onde p & um msimero primo qualquer Prove que o conjunto £ definido em (1.3) no tem minimo, Do mesmo modo que postulamos a existéncia do supremo © provamos existencia do imo, podiamos ter postulaco & existencia do infime de qualquer conjunto Iimitad infe- lurmente e provado que tode conjunto limitedo superiormente possv' supreme. Face iso 7. Prove que a> 1-4" > @ para todo inteiro n > 1 Prove que 0 1 ‘Use a propriedade do supremo para provar a existéncia da ais n-ésima positiva de qualquer rnimero «> Qa #1 10, Sojam 4 w B conjuntos numéricas nio vazios. Prove que ACB infA> infB © supAcmuph 11 Sejam A e B dois conjuntos numéricor nio vasios, tals que e O,existem ae debe Bair qued- ace 10 Capitulo 1: Os Niimeros Reais 4. Observe que ler ton tes tag| = fan + (a2 b+ O4)) 2 lanl laa +s. + an) 2 Loa) ~ Jaa] +. foal) = Jan] ~ foal ~~ lal 9. Fstue a Fangio (2) = o(2)—A (2) considerando o comportamento de suas das primenas derivadas, f° [" Gonclua entao que » griSco de f passe por um msinimo rlativo em = Ge tem a concovidade sempre voltada para cima se for pts e, no caso ” > Dimper, f tem a coneavidade yoltada para cima ein 2 > 1 e pare bao em 3 < ~1,tendendo & —ce com 2 + oo, de sorte que el passa por um minim celativo em algui valor s =a< 2 fe deve se anlar em algum valor zo r. Como interessante aplicagao desse principio, vamos estabelecer @ seguinte dcsigualdade: quaisquer que sejam o niimero = > —1 ¢ 9 mimero inteiro n > 1, vale a seguintc desigualdade [devida a Jacques Bernoulli (1654-1705)}; (+2) > 1+nz Se x > 0, essa desigualdade segue facilmente da formula binomial, pois nln) 2, nla=Vin=2) » (i+ a)" = 1+ ne + Sa! oe +e «© todas 0s termos que aj aparecem so ndo negativos: Para provar a desigualdade no caso mais geral x > ~1 (x podendo ser negativo), observamos que ela € uma proposicao P(n). B facil verificar que P(1) 6 verdadeira. Vamos provar que P(x) implica P(k + 1): para isso partimos de Pik), isto 6 (ta) Le ke, Maltiplicando esse desigualdade pelo mimero nao negativo 1 + 2, obteros: (4a) > (1+ ke) +2) 14 (b+ Ve + ke?. Como kz? > 0, podemos desprezar este termo, obtendo P(k + 1) Gta 214+ De Isso completa a demonstragio de que P() > P(k +1). Como ja sabemos que P'1) 6 verdadeira, concluimos, pelo prinefpio de inducio, que Pin} é verdadeira pera todo mimero natural n. Cap. 1: Os Niimeros Reais 9 Exercicios 1. Prove as quatro desigualdades em (1.5) ¢ (1.6). 2, Prove que se & desigualdade jo|~ [bj < jab] ¢ valida quaisquer que sejam 4 €8.0 mesmo é verdade de \a +8) < lal + [bh 8: Prove por indo ae jan + 2 «+ |< fn) + jal + + ox unisuer ave sjam Prove que a; +03 +... Gq > im— [az ~... lta, Quaitpurr que sejam os mimeros: ‘Sabemos, das progresses aritméticas, que ales) 1-2 Prove ease resultado por indus, ©. Prove, por indusao, a expansio binomial tev" =D (Sarr, onde () Ba Din 2) FFD 66 chamado onfciente binomial 1 Prove, por indugo, ate, pata todo into. 2 0, [tetas =n 8, Prove que © principio de induce como enunciado no texto € equivalente a seguinte for mulagio: Seja Pn} wma propriedade referente ao mimero natural n ¢ suponhames que 2) P(r) € verdadesra, onde F & um miimero natural 8) P(n) ser verdadeire pare torn € Nyt r 8, Dé uma interpretacdo geométrina 4 desigualdade de Bernoulli, construindo os gréficos das fangdes g(e) = (1+ 2)" © A(z) = 1 nz. Mostre que a desigualdade vale estritamente se 2% De n> 1. Mostre também que se n for par a desigualdade ¢ vilida para todo 2 © s© n for impar > 3 ela 6 valida para todo 2 > ~2. (Veja [AB], p. 52 © seguintes,) Sugestdes e solucées 1. A primeira desigualdade em (1.5) ¢ consegiéncia de (1.4) com —b em lugar de 5. Quanto 2 seganda com sinal negative, observe, por (1:8), que (2-0) +0) < lab) +h ‘Trocando 6 por ~b abtemos a desigualdade com sinal positive. A primeira desigualdade em (16) segue du segunda de (1.5) com a troca dea com b. Finalmente, a segunda desigualdade fem (1.6) segue das duas tltimas mencionades; basta observar que bere -rcrebler 2. Foca a b= ce observe que se a 6 sio arbitririos, o mesmo é verdade de be 6 1d Cap. 1: Os Mimeros Reais conjunto de todas as classes ¢ um corpo ordenade (Veja a definicao de corpo no final desta [Nota], como o corpo Q dos nimeros racionals Seja 6 # apliragdo que leve cada r € Q na classe (B, D) eujo elemento de separacio € r Podenios verifier facmente que dlrs) = dlr) + alah Ars) = Hr} ALS): resem dr) ©» é indicada por zy. Os faxiomas de corpo so: 1. (Associtividade) Dados quaisquer £,y.2€C, (ena e=2~ (94 2) 6 (aye ated, 2, (Comutatividede) Quaisquer que sajam 2,9 € C, yore xyaus 3, (Distributividade da muliplicagio em relagio & adigSo) Qualequer que sejam £, y. = € Crys s)a utes 4. (Bxisteneia do zero! Exists um closest em ©, chamado “vero” ou *alemento neutra,” indicado pelo simbolo °0", tal que x +0 = para todo 2 € C 5, (Existéneia do elemento oposto) A todo elemento 7 € C carresponde um elementa HEC tal que z +2" = 0) (Esse elemento 2", que Se demonstra ser unico para cada z, € Indicado por -2-) 4, (Faistencia do elemento unidade) Existe um elemento em C, designado “elemento sunidade” e indicado com o simbolo “I”. tal que Lz = = para todo x € C 7. (Eaxistencia de elemento inverso) A tado elemento z © C, x = 0, corresponde um elemento 2" © C tal que 22” +1. Esse elemento 2". que se demonstra st nico para cada 1, 4 indicado com 2°! ov 1/x (© corpo 2¢ diz ordenado se nele existe um subconjunta P, chamado 0 conyunto das ele- rmentos positios, tal que: a) a soma € 0 produta de elementos positives resulta em elementos positivos; b) dado x © C, ou 2 P.ov2~ 0, ou “2 P. 12 Cap. 1: Os Niimeros Reais A sada. dessa crise se reaizou através da eriagin da “teoria das proporcies,” que est desrita no Livro V dos “Elementos" de Euchides, e que acredita-se ser devida a Eudoxo matemstico e astronomo da escola de Patio, que vivew na primeira metade do século 1V a.C. Ne base dessa teoria esta a definigdo que Eudaxo dew de “igualdade de duas razbes" valendo ‘mesmo para o caso de grandezasincomensuravels. Para far as idéias, imaginemos que nossas srundezas sejam segments de relas. Antes da dessoberta dee incomensuréveis, pensava-se ‘que dados dois segmentos quaisquer, 4 e B, fosse sempre verdade que existisse um segmento o coatido um niimero inteiro de vezes em A e outro nimoro inteito de vezes em 2, digamos, m 7, respectivamente. Entio, a razao de A para B & , por definigio, mj. Iso é equivalente dizer que existem niimeros m e n tals que © segmento nA ¢ congruente ao segmento mB, ou, nd= mB, Com essa definigio, dizer que “o segmento A ests pare 0 segmento B assim como fo segmento C esta para o sesmento significa simplesmente que nA = mB 2 nC = mD. ‘Acontece que se A eH forem incomensuréveis, igualdades do tipe nA = mB munca ocor- rerio. Entretanto, dados dois nimeros m « n, podemos testar ren imB, nA > mB ou nA < mB: nC =mD, n> mD ou nC < mD. Eudoxo imaginow esse teste pare definir igualdade de razaes mesmo no caso incomensuravel, de scordo com a seguinte defnigto 1.6. Definigio. Dados quatro segmentos A,B,C « D, dio-se que A estd pare B ossim como C esté pars D (em notagio de hoje, AJR — CD) se, quaisquer que sajam os miimeros A= mB @ nC —mby nA > mB = AC > mDs mA mB ou mA < mB. Os nimeros Frcionais (positives) Ream entao separados em dias clases,» clase E (esquerda) daqueles ‘nin que attsfarem na > mB es clase D (Citeta) dos que satisfaem nA < mB. O leitor Pade verifarfaclmente que todo nimero ds classe E ¢ menor que todo numero da clase. D (Verifigue io. Mas atengio: nio pode escrever A/B > m/n ou A/B < min, pois Ae B sio sejinentos, nao nimeros! A rasio A/B wo € um niimers) Asim, a defnigio da azo A) B como nimro¢impossvel apenas porque iio existe nimere (acional) que esti entre as duae lasses Ee D, iso & que stja maior que todo elemento de £ « menor que todo elemento de 1D. Seria preciso inventar novos nimeros, os srracionais, oan que Eudoxo nao fet, bora Cap, L: Os Niimeros Reais 13 ‘ele tenha desenvolvido uma interessante teoria des proporsies, que permitia um tratamento Figoroso das relacdes geométricas sem precisar dos nimerot srracionsls Dedekind decerto observou, na definicio de Eudoxo, s separagio dos uiimeros racionais ‘em dnas classes, sem que entre uma claste © outra houvesse um elemento separador. A situacio faqui descrita é a mesma no caso dos conjuntos Fe £ definidos em (J.2)¢ (1.3), onde também falta um elemento separador, no caso 0 vrracional V/2. Dedekind teve a idéia de earacterizar ‘os itracionais através dessas classes “exquerda” © "dire E-claro que antes mesmo de Dedekind ji se trabsliavam com os iracionais, manipulando- segundo as leis formsis do cdlenlo com o8 racionais. Assim, embora V3 e VT2 nio tivessem, significade preciso, eles eram multiplicados entze s, preduzindo um resultado claro ¢ inequt voce: VE.V12 = V36 = 6. O que faltava ers uma tearia que justifiasse operagées como Partimos do pressuposto de que jé temos uma tooria deg niimeros racionais, que justiica todas a+ operagies conhecidas com esses niimeros. Definimos corte de Dedekind como urn par de classes E e D de mimeras racionais, tals que: a) F 6 D so canjuntos ni vazioscuja unio é ‘© conjunto @ dos nimeros racionais;b) todo niimero menor que algum nimero de E pertence ' B,,¢ todo nimero maior que algum mimero de D pertence a D. (Esta iltima afirmagio pode ser demonstrada, ¢ letor deve fazer essa demonstragao, que € fil) Qualquer imero racional r determina um corte em que £ 6 o conjunto de todos os rimeros raciontis . 4), reumido com os mimeros racionais < 0, e D © complementar de E. Observe que ‘os cortes do primeito tipo, determinadcs por um mimere racional r, possuem como elemento de separagio entre as asses Ee D. Dedekind portulos, de wm modo geral, que todo corte ossut wn elemento dc separagdo (supremo da classe E ¢ infimo da classe D): sso, como se ve, fequivale a postular que E tem supremo ou que D tem infimo. Bo efeito dasce postulado © a criegdo dos mimeras iracionais © postulado de Dedekind & apenas o comeco da construgao dos mimeros veais (incor: poracio dos irracionais ao conjunto dos mimeros racionais). Para completar o trabalho & preciso deiinir adigSo e multiplicagio de cortes, € preciso demonstrat as propriedades associs tiva, dsteibutiva comutativa pata essas operagies, com base nas propriedades ja estabelecis para os racionais; ¢ preciso defnit ordem, isto ¢, 0 que significa um corte ser menor do que outro, ete. A igualdade de dois cortes (B,D) e (E", D'), por exemple, significa que F = 5” fe D=D’. Exatamente isso é 0 que acontece ne defisigio de Eudoxo sobre igualdade de das andes: 64 que ele ndo definiu nimera irracional, portanto nio atribuin significado numérica & xazio de duas grandezas, Examines por um momento a definigdo de adigdo de dats cortes, a = (E, D) ¢ 8 = (F'.D'), que Co cores = (E", D"), onde 2” 6 0 conjunto de todas as somas de um elemento de E com um elemento de E",¢ analogamente com D”. Provs-te entio que ~ é ur corte. Nao 6 exatamente isso © que jé se fazia ao somar, par exemplo, v'2 com v3? Sim, do mesmo modo ‘que sé conhecenios esses wimeros pelas suas aproximagies racionais, por falta ou por excemo, € claro que sus soma sé ¢ conhecida pelas somae de suas aproximagies por falta ou excesso, espectivamente . Outra coisa que o leitor deve observar & que nem precisamos considerar as duas classes de cada corte, podemos trabalhar somente com as classes da esquerda ou somente com as da Sizeita, pois umas ov outras bastam para caracterizar as nimeros que elas definew. Se usamos as classes da esquerds, postulamos a existéncis de supremo em cada classe; se usamos as d0 diteta, postulamas que cada classe poss ffi. ‘ma vez demonstradas todas as propriedades das operagGes definides, verificamos que © 18 Cap. 2 Seqiiéncias Infinitas certo V’ tal que n 2 N' jan — Li < ¢, entio, € claro que (2.1} vale com N = N'=1, Ese possivel fazer jay — L! <¢ com qualquer ¢ > 0, certamente 6 possivel fazer Jan — L) $¢/2, portanto, jan — Lj < Observe também que tanto faz fazer lan — Lj < ¢ 0U lam ~ Lj < ke, onde & € uma constante positiva, pois se é possivel fazer Jan — L| < ke com qualquer € > 0, certamente é possivel fazer Jag — Lj < K(e/k) Se suprimirmos de uma seqiiéncia (an) um niimero finito de seus termos, em particular, s¢ eliminarmos seus + peimeiros termos, isso em nada altera © cardter da seqiiéncia com n + oo, Assim, se a seqiiéncia original converge para L, ou diverge, a nova seqiiéncia convergita para L ou divergira, respectivamente. Observe ainda que lan = L| N jag ~ £1 < ¢ equivale a escrever n>N a b-e 0, L nat L en? 0, existe (= 1/e ~ 1) tal que n> N= len I< ey que é precisamente & condigdo (2.1) exigida na deSinigao de limite Esse exemplo mostra claramente que quanto menor 0 tanto mais exigentes e&taremos sendo quanto a proximidade entre an € © limite 1, exigéncia essa que se traduz em termos de fazer o indice n cada vez maior, De fato, quanto menot Cap. 2: Seqiténcias Infinitas 19 © € tanto maior © mimero N = Ife ~1. Assim, se ¢ = 1/10, = 9 se € = 1/100, = 99; em geral, se = = 10", V = 10-1. Isso ilastra 0 que dissemos antes: a determinagéo do mimero N depende do niimero ¢ particular que se considere. Ao contrério, se dermos um ¢ muito grande, pode até acontecer que nio haja qualquer condigéo no indive n; € 0 que acontece com = = 1 ng exemplo que estamos considerando, que resulta em N 9 raciocinio usado em (2.2) permite escrever: 1 lon A) 2-7 No entanto, poderiamos também ter racionado assim: 12 1 Wm —H= a hes lance, que é também sufciente para a comprovacio de que 1 0 limite, Perdemos a im- plicasao contréria por causa da primeira desigualdade em (2.3), em consequéncia do que 1/(n +1) < ¢ néo implica n > 1/¢; pode agora ovorter 1/(n +1) < ¢ com n < L/e, desde que seja n> je = 1 2.8, Exemplo. Consideremos a seqiiéneia Bn ue senda E fcil ver que seu limite deve ser 3, bastando para isso dividir numerador ¢ denominador por n e notar que (sen 2n),/n = 0: 3 On T¥ (sen Bay ya Para a demonstragao, observamos que 3'sen 2n (24) Capitulo 2 SEQUENCIAS INFINITAS Primeiras nogdes Uma segiténcia numérica 1, a, 03)... amy é uma fungdo , definida no conjunto dos nimeros naturais, ou inteiros positives: J:0 f(r) = an. O miimero n que af aparece & chamado 0 indice ¢ an on-ésimo elemento da seqiiéncia, ou termo geral. Um exemplo de seqiiéncia é dado pela seviiéncia dos mimeras pares positivos, ay = 2n, m= 1, 2, 9,... A seqiiéncia ddcs niimeros impares positivos também tem uma férmula simples para o termo geral, que € ay = 2n~ 1, comn=l, 2, 3 Mas nem sempre o termo geral de uma segiéncia é dado por uma formule, embora. evidentemente, sempre haja uma lei de formacio hem definida que permite determinar o termo geral da seqiiéncia. E esse o caso das aproximacies devimais por falta de V2, que formam a seqiiéncia infinita oy S14. a2 = 1,41, as = 1,414, ag = 1,4142, 41421, ag = 1.414213, Outro exemplo é a segiiéncia dos mimeros primos, 2, 8,5, 7, 11, 13, 17, 19, 28, 29, 31, 37, 41... Como € bem sabido, néo existe formula para seu termo geral, mas todos os temnos esto determinados. A notagéo (ay) muito usada para designar uma seqiiéneie. Também se es- cereve (@n)nen, (@2- 02, a3...) ou Simplesmente an. Alguns autores costumam escrever {on} em ver de (am), mas preferimos reservar essa notagio para 0 con- Juato de valores da seqiiéncia. Essa distingao é importante, pois uma-seqiiéncia possi infinitos elementos, mesmo que seu conjunto de valores seja finito. Por exemplo, a seqiencia, 1-41 -1L = 6 infinita, com elemento genérico ay = —(—1)" = (—1)"?; mas seu conjunto de valores possui apenas dois elementos. +1 e —1, de forma que, segundo conven- cicnamos, {on} 1, +1} Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 17 Pela definigdo, uma seqiiéncia (an) é indexada a partir den = 1, de forma que a; 6 sou primeiro termo, Mas, as vezes, € conveniente considerar seqiiéncias indexadas a partir de um certo m # 1; € esse 0 caso da seqiiéncia ay = vn — 6, que 86 faz sentido paran = 6, 7, 8,..., de forma que ag 60 primeiro termo dessa seqiiéncia. Mas, mesmo nesses casos, com uma translagdo de tndices, pode-se fazer com que a seqiiéncia tenha. primeiro indice n = 1. Assim, no exemplo que demos, & $6 definit by = @n45 = vn I para que a seqiténcia fique definida a partir den Conceito de limite ¢ primeiras propriedades De interesse especial so as chamadas segiiéncias convergentes. Em termos su- gestivos, uma seqiiéncia (an) & convergente se, & medida que o indice n cresce, ‘© elemento ay vai-se tornando arbitrariamente préximo de um certo niimero L, chamade o limite da segiiéncia. A proximidade entre ay ¢ L é medida pelo valor absoluto da diference entre esses dois mimeros, isto 6, por jay ~ L;. Portanto, dizer que a,, vai-se tornando arbitrariamente proximo de L significa dizer que lan ~ £| torna-se inferior a qualquer niimero positivo ¢, por pequeno que seja, desde que fagamos o indice n suficientemente grande. Dai a definigao precisa de convergéncia que damos u seguir. 2.1. Definigao. Dis-se que uma segiiéncia (ax) converge para o ntimero L, ou tem limite L se, dado qualquer miimero ¢ > 0, € sempre posstvel encontrar ‘um miimera N tal que n>N > aq-L 0° esta implicito que © pode ser arbitrariamente pequeno, ou seja, t2o pequeno quanto quisermos. Es condicao (2.1), ume vez satisfeita para um certo ¢ = 9, estard tatisleita com qualquer > <9; portento, baste prové-la para todo ¢ positivo, menor do que um certo eq, como muitas vezes se faz, para que ela fique provada para qualquer ¢ > 0. Quanto ao mimero VY, podemos supé-lo inteiro positivo, portanto, um indice da seaiiéncia; pois se nao for assim, é claro que ele pode ser substituido por qualquer inteiro maior. primeiro sina de desigualdade em (2.1) tanto pode ser > como >, do mesmo modo que 0 segindo tanto pode ser < como <. De fato, se existe um 22 Cap, 2: Seqiiéncias Infinitas Demonstracdo. Dado qualquer ¢ > 0, existe N tal que, @ partir desse indice, L—¢ < aq < L +e. Portanto, é apenas uma questéo de prescrever, de inicio, ¢ menor que o menor dos niimeros LA ¢ B ~ L, pata termos L-€>L-(L-A)=A e Ltr N= A< ay < B, como queriamos demonstrar, Corolério 2.7. Se uma sepifncia (on) converge para um limite L # 0, entio, « partir de certo éadice N, len| > |L{/2. Para a demonstragio, se L$ 0, tome A= L/2. Se L <0, tome B = © teorema anterior ¢ seu coroldrio sao muito titeis nas aplicagies e sera0 usados repetidamente em nosso estudo, como o leitor devers notar. Observe que, sempre que tivermos uma seqiéncia com limite diferente de zero, podere- mos encontrar mimeros Ae B de mesmo sinal nas condigies do teoreza, Em geral, nas aplicagées, utilizamos apenas uma das desigualdades, ou A < a, ou an < B. Operagées com limites 2.8, Teorema. Sejam (an) € (bn) duas segiiéncias convergentes, com tte mites a ¢ b respectivamente. Entio, (an +), (Gnbn) € (Kan), onde k wna constante qualquer, sdo segiéneias convergentes, além do que, 4a) lim(an + by) = lim an + limby = a+ 8; 1) lim( kan) = (lim Gn) = ke; em porticular, k = —1 nos dé on + a > ¢)lim( nbn) ~ (lim a) lim by) = ab; 4) se, além das hipdteses acima, b #0, entdo existe o limite de an!bn, igual eal Demonstrasae. Demonstraremos os dois iltimos tens, deixando os dois primeicos, que S80 mais faceis, para os exercicios. Para demonstrar a terceira propriedade, utilizamos a desigualdade do triangulo e o fato de que a seqiiéncia by € limitads por uma constante p tiva M, de sorte que podemos eserever: Man —a)bn + a(bn ~ 6)! S lan allbn + jailbn — 6] Man al + |allbn — 8 Janda ~ abj 1” Ora, tanto i@q—a' como [bb podem ser fotos arbitrariamente pequenos, desde que n seja suficientemente grande, Assim, dado qualquer ¢ > 0, podemos fazer jan —a) menor do que N satisfard n> Men > Np simultaneamente; logo, n> NS anda ~ abl < como queriamos demonstrar Observe, nesse raciocinio, que se nos contentissemos em fazer Jan — al € Jbn — 6| menores do que 2, em vez de lay — al < £/2Mf @ Ibn ~ 6) < ¢/2lal, o resultado final seria > N > janby ~ 0b) < (M+ ial)e = ke Esse procedimento é tio satisfatério quanto @ anterior, como jé tivemos opor- tunidade de observar; se quiséssemos terminar com , bastaria comecar com 0 riimero ¢ k em ve2 de ¢ Para a demonstragio da quarta propriedade, observamos que © quociente an/bn pode ser interpretado como 0 produto aq(1/bn), de forma que, em vista da propriedade js demonstrada, basta provar que I/be ~ i/6. Temos: 12 bn [Pn = 6) Tend Como 6 # 0, a partir de um certo Ny, [bn| > (bl/2; e, dado © > 0, a partir de tum certo No, Ibn — bi pode ser feito menor do que [b!%e/2, de sorte que, vendo N = max{i, Na}, teremos: 1a), lwPe/2 ied a < (pe? = ¢ isso completa a demanstrarao, Em vista desse teorema, fica fieil lidar com certos limites, como vemas pelo exemplo seguinte Tim An gy 9A ti im) i Tn? lim(5 - 7/n?) lim 3 + lim(4/1 3 iim = ima?) ~ 5 ‘Terminamos esta seco com dois exemplos importantes de limites. 20 Cap. 2: Seqiténcias Infinitas fas duas iiltimas desigualdades havendo sido obtidas gracas as desigualdades in -+sen2n| > n—|sen2n] > n— 1. Fazendo agora intervir o niimero ¢, obtemos uma desigualdade ficil de resolver em n’ lon 3) < Sceensin’ (25) wa z de sorte que n>143/e 5 fan Ice, (26) que estabelece o limite desejado. © leitor deve notar, as passayens ofetuades em (2.4), que procuramos chegar a uma expresséo simples, como I/(n ~ 1), para depois fazer intervic » ¢, obtendo entéo uma desigualdade ficil de resolver, como em (2.4). Nao fizéssemos tais simplificagdes e teriamos de enfrentar a intratdvel inequacio 3] sen 2n| jn + sen Qn 2 claro que as transformagies feitas 86 permitem, em (2.6). a inplicagéo no sentido ai indicado, que € suficiente para nossos propésitos. 2.4. Exemplo. E fécil descobrir o limite do quociente de dois polinémios ‘de mesmo grau. dividindo numerador e denominador pela maior potfncia de x Assim, _Snttdn _ 844/n = Pon -4 Ia 1n- apt 0) n=12 n+12 wads Jon 8 nad € a partir dea = 12,n-712 < 2n 4 < n2/2, de sorte que n?—4 > n? 22/2, Assim, Qn 4 man <® jan - 8 < desde que n soja maior que o maior dos niimeros, 4/¢ € 12, isto é, n> N =max(4/e, 12} Isso concluj a demonstragao. Cap. 2: Seqliéncias Infinitas 21 Esse exemplo mostra, em particular, que, com n tendendo a infinito, os termos com maior expoente no numerador ¢ no denominador sio dominantes sobre os demais. 0 céiculo de limites pode tornat-se mais e mais complicado, se insistirmos ‘em fazé-lo diretamente da definigao de limite, Feliamente, com essa definicio podemos estabelecer as propriedades tratadas logo adiante, no Teorema 2.8, as quais permite simplificar bastante o célculo de limites. Demonstraremos primeizo dois teoremas de importancia fundamental, 0 primeiro dos quais en- volvendo @ nogio de “segiiéncia limitada”. Diz-se que uma seqiiéncia (0) ¢ limitada @ esquerda, ou limitada inferiormente, se existe um niimero A tal que ‘A < ay para todo n: ¢ limitada a direita, on hmitada superiormente, se existe um nimero B tal que an < B para todo n. Quando # seqiiéncia ¢ limitada. A esquerda ¢ & direita. ao mesmo tempo, dizemos simplesmente que ela € lémi- tada. Como ¢ ficil ver, isso equivale a afirmar que existe um mimero M tal que len| 0, existe um indice N tal que n>NSL-s 0, escotha + sufisentemente grande para que ja, ~ L, < ¢'2 desde que 3 > r Fixer eseja W=lay— 2,4. ar Li entio le? M 2M f= fon. 8. Anéloge ao exeteiio anterior. lide, o exercicio anterior é um caso particular deste, com =P Seqiiéncias monétonas Hé pouco vimos que toda seqiiéncia convergente € limitada. Mas nem toda seqiléncia Jimitacla € convergente, como podemos ver através de exemplos sim- ples como os seguintes: 1) an = (-1)* assume alternadamente os valores +1 € ~1, portanto, nao converge para nenhum desses valores: 2) an = (-1)*(1+1/n) € um exemplo parecide com o anterior, mas agora a seqiiéncia assume uma infinidade de valores, formando um conjunto de pontos que se acumulam em tomo de ~1e +1. Mas a seaiiéncia nao converge para nenhum desses valores. Se ela fosse simplesmente 1 + 1/n, entdo converairia para o mimero 1 ‘Veremos, entretanto, que hii uma.classe importante de seqiiéncias limitadas fs chamadas segiiéncias “monstonas” ~ que so convergentes AL. Definigdes. Dis-se que uma seqiéneia (aq) € crescente se ar < 02 a2 >... > am > +. Diese que @ seqiéncia ¢ no decrescemte se a) < a7 < +.dq S «.. € ndo crescente se a1 2 a2 2... > ng 2... Diese que a seqiéncia € mondtona s+ ela satisf qualquer ume dessas condicées AAs seqiiéncias monétonas limitadas sio convergentes, como veremos logo 2 seguir. Esse 6 0 primeira resultado que vamos estabelecer, em cuja demonstra- ‘0 utilizames a propriedade do supremo. Aliés, como jé observamos na p. 12, foi a necessidade de fazer tal demonstracio pare “fungBes monétonas” (Veja 0 ‘Teorema 4.19, p. 92) a principal motivagio que teve Dedekind em sua construe 0 dos mitneros reais. 2.12, Teorema. Todr seqiiéncia mondtona ¢ limitada & convergente. Demonstragdo. Consideremos, para fixar as idéias, uma seqiiéncia no de- crescente (an) (portanto, limitada inferiotmente pelo elemento a1). A hipétese de ser limitads: significa que ela € limttada. superiormente; Jogo, seu conjunto de valores possui supremo . Vamos provar que esse mimero $ € 0 limite de an Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 27 Dado ¢ > 0, existe um elemento da seqiiéncia. com ui certo indice N, tal que S—e < ay WN, de sorte que n> N= SnecancSre, que 6 0 que desejavamos demonstrar. A demonstrac#o do teorema no caso de uma seqiiéncla nao erescente & analoga e fica para os exercicios © nimero ¢ (0 mimero «, base dos logatitmos naturais, aparentemente surgiu ta Matematica pela consideracao de umn problema de jutros compostos instantaneamente (Veja {Al}, Sec. 5.6). Nesse contexto ele & definido mediante o limite c=im() ‘Trata-se, evidentemente. de uma forme indeterminada do tipo 1°, pois enquanto © expoente tende a infinito, a base 1+ 1/n tende decrescentemente a 1 ‘Vamos provar que a seqiiéncia que define « 6 crescente ¢ limitada, portant, tem limite. Pela formula do binémio de Newton, an (4) Lyne 1p aire dein (noth 7 hI DOCS) em Uma expresso para an: 1, como essa ditima, conterd um termo a mais no final, além dos que af aparecem, com n+ 1 em lugar de n, exceto em n! Mesmo sor levar em conta 0 termo a mais, pode-se ver que cada um dos termos de (2.7) € inferior a cada um dos correspondentes com n + 1 em lugar de n. Isso prova que dy < anor, isto &, a seqiiéncia (a,) é crescente. Para provarmos que ela € limitada, basta observar que cada parénteses que aparece em (2.7) € menor do que 1, de sorte que 1a <242e5 45+ 1 an<2the. +t es) 2 a 24. Cap. 2: Seqiiéncias tnfinitas 2.9. Exemplo. Dado um mimero a > 0, {/@ — 1. Isso € evidente se @ = 1, quando a segiiéncia é constantemente igual a 1. Suponhamos a > 1, bgo, Ya = 1+ hy, onde hn é um mimero positivo conveniente. Utilizando a cesigualdade de Bernoulli, teremos 0 = (1 thy)" 21+ aha > nly Assim, hn = | Ya 1, < a/n ¢ isso serd menor do que qualquer = > 0 fixado de antemao, desde que n > ale. No caso 0 < a < 1, temos que 1/a > 1, donde 1/ fa — 1. Entao, pelo item 4d) do Teorema 2.8, concluimos que Y@— 1 2.10. Exemplo. yi — 1, Ainda aqui temos que YF = 1 + hn, onde ‘hy novamente é um niimero positive conveniente, Mas agora a desigualdade de Bernoulli é insuficiente para nossos propésitos, pois, com cla, n= (1+ hg)" 1+ nhy > tha, donde hy <1 essa desigualdade nao basta para provar que fn tende 2 zero, Apelamnos para a formula do bindmio, que permite escrever, jd que hn > 0 n= (14 hy)” = 14 nha tags MODe, dende hj < 2/(n ~ 1). Agora sim, dado © > 0, 2/(n ~ 1) seré menor do que <# desde que n seja maior do que 2, =? + 1 =, Conseqtientemente, n> Nw ive hace, provando 0 resultado desejado. Exercicios 1 (Unieidade do limite) Prove que ume seqién 2 Prove, diretamente da definigio de limite, que cada ume das seqiéncias 1/(n? =1) © y(n) = 7) tende & 2010 6 pode convergir para um tnieo limite, VaTR- Ve o*, onde Oca <1 53 Faga 0 mesmo para a seqiéncis a 41 Paca 6 mesmo para a vinci a {5 Prove, igualmente. aue griamte1 5 By In=3 2 6 Prove of fens a) «b) do Teorema 2.8, Generalize propriedade da some, provando que a Jimite de uma soina qualquer de seqiéncias convergentes é a soma dos limites. Generalize também @ propriedade do produto para 0 caso de varios fatores. Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 25 1 Prove que se és — L, entéo o mesmo ¢ verdade da seqiéncia das médias aritméticar Sn (0402-4 -.. 8 Gg). 18 Prove que se an — L € (pn) € uma sesiéncia de milmeros positives, tal que (ps ~-..-rPe) = ‘oo, entin também tende 2 L a sequiéncia pia tt Pate pt Pe o, Prove qs ne nit enti em init. Msi gna eos va repletacres 10 esas) ¢ wan gna qu coeg para (hy) un enc Tina eee eee er io ont) emvage pasa ree cance wnt, cg bento inn Cae ee naan wo cae > eee emus somerpttn com er < ty. Brow gv Hinae < ibs aoe eer cous vara ei pode corer alae dsmites ee ee eo tan am cso pre Ste eee 1a ene Ge contonts on toon ds seein nterealada) Seam (a), bl ie ne ecg an) emerge pan asm ie ee arene mer 14. Prove que YU 1 Sugestdes © solugdes 1. Suponie exitirem di limites ditnion Le Le tome e< [é— 1/2, Raaense reece partie de um coro Ny jen 17 | N caret smaltaneamonte n> ce > Np Ken tes tot! etd nog) slaneL)etennk waged <2 < EL! Se abearde ; Muiplgnsmumeroredenominadr pela soma at eies qu aparecem na dein da 4.Gomob= 1051, 824 6 com e> 0. Bain : we caters ienes ne ge a! <2 Cute ode, tzandoo logit, ase ne segue . dope oP cee nage clogs n> Me ess kia pasegem, 20 divide desiguldade por logs, levamos em costa que ose pura €ogatve a! a madanga de snl da deniguldade 6. (aq + bn) — (4 +8)! S [an — @) + lb — Of 7 Observe que Mor = b) + (az - L) +. + (an ~ LI Jar Etre, larg) — bet * fan en 8, 30 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas €) Se (bn) & uma segiiéncia limitada ¢ an + +0¢ ova 00, entio segiiéncia (dn ba) tende a +00 ou. a —00 respectivamente. 9) Se aq + +0 € by > ¢, onde c é um mtimero positive, entdo dnb, > ~co (Bm particular, a, + +90 € by + +00 = Gaby > +00.) Formule © de- monstre as outras possibilidades: a, —+ +00 € by SC <0, aq + 00 € by 2 0>0, ay + 00 € by S 0 <0. 9) S€ Gx ~* +00 € dy by, Entdo by > 700. 2.17. Exemplo. A seqiiéncia a”, com a > 1, tende a infinito. De fato, 0 < 1/a <1, de forma que, pelo Exerc. 4 da p. 24, (I/a)" = 1/a” tende a zero: logo, pelo item d) do teorema anterior, a” — co, Podemos também raciocinar assim: @ = 1+ h, onde h > 0, Entao at = (14h) > Linh > nh> keen kih. Outro mado de tratar esse limite faz, uso do logaritio, assim: » log k a" > ke nloga > logk @ n> ee Outre maneira ainda apoia-se na igualdade a* = e(*8*!", pressupondo o ‘conhecimento da fungao exponencial e de suas propriedades; em particular, propriedade segundo a qual (> tende a infinito com x — co. Como a seqiiéncia. em pauta é uma restrigéo dessa fungé0 ao dominio dos niimeros na- turais, 6 claro que ela também tende a infinito. 2.18. Exemplo. A seqiiéncia ay =n, onde k € umn inteiro positivo, tende a infinito por ser 0 produto de k fatores que tendem a infinito. No entanto. ela tende a infinito “mais devagar” do que a (a > 1, evidendentemento). Podemos ver isso considerando a razao r = ni*/a" como restrigéo da fungac kok 7 aoe 5 (a) a qual, como sabemos do Cileulo, tende a zero com x — 00. Concluimos assim que rh tende a zero, ¢ & isso 0 significado preciso de dizer que o numerador n* tende a infinito “mais devagar” do que a”. Outro modo de tratar a mesma questo baseia-se na propriedade do Exere. 8 adiante, Para isso basta observar que ‘ =(1+2) ated tm an) a Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 31 2.19. Exemplo. Mostraremos agora que a seqiléncia a", com a > 1, tende ‘2 infinito mais devagar que n! Para isso, notamos que, senda n > Fixando N tal que a/N < 1/2, cada um dos n—V fatores do segundo parénteses serd inferior @ 1/2, logo. ah 2 (2.8 8 Yvan an, we (P gg)? onde c = (2a) /N! é uma constante que sé depende de NV’, que ja esta fixado. Essa desigualdade prova entio que a razo de a” para n! tende a 2er0, signi- ficando que a primeira dessas seqiiéncias tende a infinito mais devagar que a segunda. 2.20. Exemplo. Provemos finalmente que @ seqiiéncia n! é ainda mais vagarosa que n". De fato, basta notar que o (2.10) Na linguagem sugestiva que vimos usando, isso significa que, embora as quatro segiiéncias n*, a”, n! en” tendam todas a infinito, cada uma tende a infinite mais devagar do que a seguinte. Segiiéncias recorrentes Fregiientemente o termo geral de uma seqiiéncia é definido por uma fungéo de ‘um ou mais de seus termos precedentes. A seqiiéneia se chama, entao, apropri- adamente, indutiva ou recorrente. Verernos a seguir um exemplo interessante de seaiiéncia recorrente. Outros exemplos sio dados nos exercicios. Exemplo 2.21. Consideramos agui uma seqiiéncia que tem origem num método de extragio da raiz quadrada, aparentemente 4 conhecido na Mesopotamia de 18 séculos antes de Cristo! Dado um aiimero positive qual- quer N', deseja-se achar um mimezo ¢ tal que aa = N. Acontece que, em geral, ndo dispomes do valor exato da raiz, e 0 niimero a apenas um valor 28 Cap. 2: Segiiéncias Infinitas Sendo cresconte ¢ limitada, (an) tem limite, que é 0 mimero e. Fica claro tembém que esse mimero esta compreendido entre 2 ¢ 3. Da expressio (2.7) para am decorre que, sendo m > nm, ay ay aya) wed or eeg(ig) re ral-al-a) 24+1/2!+...+ Ayn!. Daqui e de (2.8) obtemos, finalmente, com n — 00, +3) (2.9) 1 ina be Mostzemos também que lim (1= 7)" =e. Para iss, notamos que, sendo -1, (=a) Gra) En vista disso podemos escrever: co tea(en) Subseqiiéncias Quando eliminamos um ou varios termos de uma dada seqiiéncia, obtemos o que se chama uma “subsegiiéncia” da primeira. Assim, a seqiéncia dos niimeros pares positives € uma subseaiiéncia da seniiéncia dos mimcros naturais. O mesmo € verdade da seqtiencie dos ntimeros impares positives; da seqiiéncia dos mimeros primos; ou da seqiiéneie 1, 3, 20, 37, 42, 47,..., ito é a) =1, ap = 13, ay = 20, a, =5n417 para n>4 Uma definicdo precisa desse conceito é dada a seguir 2.18, Definigao. Uma subsegiéncia de uma dada segiiéncia (aq) ¢ uma restrigéo dessa seqiiéncia a um subconjunto infinito N’ do conjunto N dos nimeros naturais, Dito de outra maneira, uma subsegiléncia de (en) € ume segiiéncia do tipo (bj) = (an,), onde (nj) ¢ uma seviéncia crescente de inteiros positivos, isto é ni 0 existe N tal que n > N= [aq —L| j, de forma que j > N= (nj > N+ jan, — L <6), 0 que completa a demonstracao. Limites infinitos Cortas seqiiéncias, embora nfo convergentes, apresentam regwiaridade de com- portamento, 0 termo geral tornando-se ou arbitrariamente grande ou arbitrari- amente pequeno com 0 crescer do indice Diz-se entao que a seaiiéncia diverge para +oc ou para —oo respectivamente. Damos a seguir as definigées precisas esses conceitos. 2.15. Definigdes. Diz-se gue a segiiéncia (ay) diverge (ou tende) para +90 e escreve-se lita = +00 ou lima, = oc se, dado qualquer niimero positive k, existe N tal que n > N = aq > k. Analogamente, (an) diverge (ou tende) para 00 se, dado qualquer niimero negativo k, existe N tal quen > N = aq < ky neste caso, escreve-se lim ay = 00. Por exemplo, & facil verificar, & nz dessas definigdes, que as seaiiéncias en nf 1€ aq = y/n tendem, todas elas, a ~00, enquanto que 3—n? € an = 6 vm tendem a —o0. As propriedades relacionadas no teorema seguinte sio de facil demoustragio ¢ ficam para os exercicios, 2.16, Teorema, 4) an + +00 4 Gn > 00. 8) Seja (an) uma seqiiéncia néo limitada. Sendo néo decrescente, ela tende @ +00; € sendo ndo erescente, ela tende a —co. ©) Se liman = 00, entéo 1/an tende a zero. d) Se limay = 0, entio I/an tende a +20 $€ dn > 0, € tende s —o0 se ty <0. 34 Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas Sugestées e solugées 3. Basta fazer aan = -3 6 aan = 8. 5.1.1, 2, 1.2, 3, 1. 23, 4... Outro mode: decomponts 0 conjunto dos nimeros naturais 1 nume unio de conjuntos infinitose disjuntos N;, N2,... Porexemplo, IN, pode ser & Conjunto des nimeros impares, 2 = 281, Ny = 222)... em goral, Vm = 2" 2N. Agora ($6 definir a segiiencia assim aq =1n sen € Nm Outro modo: considere wma. seqiéncia ‘hu ra. ra... ebtide por enumeragia de todos os mimeros racionais. Este exemplo também responde hs exigencias dos Exercs. 3 a8 5.A seqliéncia (ra) do exercteio anterior resolve. Outta soluyio, ainda com a notagio do fexercicio anterior: defina an = rm 58.0 © Xm auiba, onde by € a expresso entre parénteses, que s(t 12, Observe que pin) tende a1 16. Supondo por um momento que (Gx) convitia para um certo L, pessamos 20 limite em eee ree i renolvemas a equacso resutantee achamos L = 2. (Mas € preciso prova Srrsténcis do limite! Vela ste exemple: a sequéneis 1,3, 7,18, 31.3 em gerl, 0, = saat vevidentemente no converte, logo, nao podemossimplesnente passa ao limite eles ulna igualdade pare obser L= 2L-+ 1.00 L=—1) Prove que a seqncis dads € Crecente ¢limitade superiormente por 2. 11 Seja 8 = max{e, y@, 2). Claramente, or < be, supondo a < 6, teremos aria S eee VES s Bo teva prove ques seqiencia € hnitads superiormente. Prove-se Mithun que ela € erecente,notande que a2 > a € que, supordo ay > orci, entho sve JEFas > Vimar wen, Agore¢ 0 passr a0 limite na rma de deni thar a Tae postive de L? 2a, to 6, b= (1-4 VI a),2 18, Por um céleulo simples, a a v¥= eo 7 rovando gut e1 > VF (mesmo que < VW), Alem disso, ea > VX, oy - VN = oa? YR og vm) < MoV 2) < 72> Ty <5 0 que faz suspeitar que x2, seja crescente © ra, decrrscente, De fata, zo < x2 € x1 > 13 por outro lado, + —1 __;_ 1 Teed Teiisma) 1 Pea Como a fungie 1 —1/(2 +2) é crescente, vemos que donde 72n é mesmo crescente € zn =1 deerescente. Sendo limitadas, io convergentes. Sue limites sio iguais, por serem ambos a solugéo positiva da equagao #” + 9 ~1=0, obtida fazenda n+ 3 em a 28, Observe que an = (Gn-1 ~ 2)/(an-1 +1) € que se an converge, seu limite é VB. Prove sucessivamente. que €, > V2 e ay 1 © V2, que ainsi € crescente © aay decrescente portanto, convergentes para v2 Pontos aderentes e teorema de Bolzano-Weierstrass Ja vimos que se uma seqiiéncia converge para um certo limite, qualquer sua subseqiiéncia. converge para esse mesmo limite. Quando a seqiiéncia néo con- verge, nem tende para +oo ou 20, diz-se que ela € oscilante. De fato, como veremos, ness? caso ela sempre teré varias subseqtiénciss, cada uma tendendo para um limite diferente, Por exemplo, as seqiiéncias (-1)", (-1)"(1+1/n), € (-1)"(1 — In) possuem, todas elas, subseqtiéncias convergindo ou para] ou para —1. Esses miimeros so chamados “valores de aderéncia” da seqiiéncia sob consideracao. Mais precisamente, diz-se que L € um valor de aderéncia ou ponto de aderéncia de uma dada seqiiéncia (aq) se (ax) possui uma subseqiiéncia con- vergindo para L Quando a seqiiéncia nao é limitada, seus elementos podem se espalher por toda a reta, distanciando-se uns dos outres, como acontece com aq = 1, Gn = 1 =n ou eq = (—1)"(2n + 1), Em casos como esses nao hé, ¢ clero, pontos aderentes Se a seqiiéncia for limitada, estando seus elementos confinsdos a um inter- valo (4, B}, eles so forcados a se acumularem em um ou mais “lugares” desse intervalo, 0 que resulta em um ou mais pontos aderentes da seqiiencia, Esse € 0 contetido do “teorema de Bolzano-Weierstrass", considerado a seguir, cuja demonstragio esta baseara na propriedade do supremo. Aconselhamos o leitor ‘2 acompanhar a demonstrago tendo sempre em mente exemplos concretos de 32 Cap. 2: Segiiéncias Infinitas ‘proximado, Sendo assim, 0 fator que deve multiplicar a para produzir N néo é necessariamente a, mas sim 0 niimero N/a, Entao, em ver de a-a=.¥, temos ‘Vemos, nese produto, que se o fator u aumenta, o fator Na diminui; e se o diminui, N/a aumenta. O valor desejado de a € aquele que faz com que ele seja igual a W/o, quando seré a raiz quadrads exata de N. Em geral, sendo a uma raiz aproximada por falta, N/a seré raiz aproximada por excesso e vice-versa, de sorte que a raiz exata esté compreendida entre un e outro desses fatores Dai a idéia de tomar 8 média aritmética deles. isto 6, — cn alr ue eer pons de Vd qe stron o"Soqund ego Sesr speat ge 1 N eee ar seja melhor aproximagéo sinda. Prosseguindo dessa maneita, construimos a seqiiéncia recorrente a= 5(« E notavel que essa seqiiéncia, cujas origens datam de to alte antiguidade, seje talvez o mais eficiente método de extragao da raiz quadrada, como se prova com relativa facilidade. (Veja o Exerc. 18 adiante.) Exereicios 1. Seja (ay) ma seqiancia monétona que possul uma subseqiléncia convegindo para um limite L. Prove que [an) também converge pare L. 2 Sejam N, © Nz subconjuntos infinitos © disjuntos do conjunto dos mimeros naturais ¥, ‘cuja unido € 0 préprio MN Seje (on) uma seqliéncia cujas restrigges 8 Ne Np convergent ‘ara o mesmo limite L. Prove que (ex) converge para L. 5. Construa uma seqiéneia que tenha uma subseqiéncls convergindo para ~3 e outra com vvergindo para 8 4 Construs uma senténcia que tenha t1és subseqiéncias convergindo, cada ums para cada tum dos mimeror 3, 4, 3. Geuerabae” dados os nimeros L,, L2,....L;, distintos entre ‘construs uns sequéneia que tenha k subseqiiencias eonverginds, cada uma para cade um sdesses mimeros Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 33 Construa uma seqiéncla que tenha subseqiiéncias convergindo, cada uma para cads ur os mimeros inteitos positives. Construa uma segiéncia que tenhe subseqiiéncias convergind, cada uma para cada um sos nimeras reais, 7. Prove que 3¢ a > Oe axyi/an <0, onde c < 1, entdo a, — 0. 5. Prove que s@ ay > 06 dnat/ty —€, onde ¢ <1, endo ay — 0 9, Demonstre o teorems 2.16. 10. n 2, 8 14 6. 16 18. 18. a1 2. Prove que se ay — +00 € by = [> 0, entdn aqh — +0. Examine também as demats condinagbes de aq — cto com positive 08 negative. Prove que 5n® ~ én? + 7 tende a infinite, Prove que um polinémio p(n} = ayn* + a,—an*—! ‘aint og tende a 2c conforme sea Gx postive ov ongativo respectivamente Seja p(n) como no exerci anterior, com ay > 0. Mostre que 4/200) ~> 1 Mostee que v= 1 ~ Va= R= Mostre que V7 — Considere & seaiiéncia assim definida: a1 = V,aq = VTP acy para n > 1. Bscrova ‘expleitamente os primeiros quatro ou cinco terme desea seqiineia, Prove que ela é uma seqiiéncia convergente ¢ calcue sex limite Generalize o exercicio anterior consideranda a seqiéneia a ~ y@, a = Yaa, a, onde a>u Dado umm nimero ’ > Oe fixado um niimero qualquer ap = 0, 52 On = (ay 1-7 Njan-1) 2 para n > 1. Prove que, a excessio, eventualmente, de as, essa seqiéneia ¢ decrescente, Prove que ela aproxitia VN ¢ dé uma estimativa do erxo que Se comete ao se tomar ay como aproximagio de VN. Prove que a seqiincia anterior 6 exatamente a mesma que se obtém com a aplicagao do rmétodo de Newton pare achar a raiz eproximade de 2° — N= 0, (Divisio aurea). Diz-se que um ponto Ay de um segmento OA efetua a divisdo durea desse eagmento se ¢ = OAy/OA = AA/OAr. O nimero 6, raiz positiva de 0? = @ 1 O [= (VS~1)/2~ 0,61], échamade » rardo durea, Considere um eixo de coordenadas com origem O, a9 = 1a abscissa de A{~ 4g) e or =o a abscissa de jy, Construa a seqiiéncia Ge pontos Ay com abscissa a, = an-2~ dy-1. Prove que Ay efetua a divieso durea do segmento OAy-1 © ave dn — 0. Define f, indutivamente assim: fo= fi = 1 fa = fan + Prove que essa seqiéncia esté Tolacionada com a do exercicio anterior mediante ‘rma HI)" 'Ueaefet), n2 8. Jn fos & convergente ¢ seu limite € 0 niimero ¢ Prove que a seqiéncia 2 Com a mesma notagio do exerccio anterior, prove que ty = 1/(L-+-tq-4) € use essa relagdo para provar que Za converge para raiz positiva de o? + 0 — Prove que a sealiéncia a se Pr 'tavornde m= a = LP = Pat 2on-i €4 comerge para 2 Poot tonnts 88 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas ‘casos excepcionais, & fécil ver que (ly) € seqiiéncia numérica (quer dizer, sem elementos infinitos) ndo decrescente e (In) & seqiténcie numérica no crescente WSS .Sh So 0 22. 2ly2os Além disso, In © Ln. Concluimos entao que esses das seqiiéncias tém limites Le £ respectivamente, sendo ( < L. Isso continua sendo verdade, mesmo nos casos excepcionais mencionados acimna, desde que aceitemos a possibilidade de valores infinitos para {¢ L. Em vista se (2.11), podemos, entao, escrever: C= Jim. inf a; = supla = sup inf aj: (2.12) nite Jan SS pat 2m ZL inf supa, (2.13) wie fim, sup a; = jaf Ln ite Senna Mostraromos a seguir que Le aqul definidos, quando finitos, tam as mesmes caracterizacdes dos pontos a e A dadas no Teorema 2.23. Por isso mesmo eles sio chamados, respectivamente, 0 limite superior eo limite snferior da seqiténcia (an), Sea essa seqiiéncia limitada ou Para nrovarmos que 6 L de (2.13) coincide com 0 niimero A do Teorema 2.23, seja © um niimero positivo arbitrétio. Como L, suposto finito, € 0 fnfimo do conjunto {L1,L2,.--}; a partir de um certo indier N, Ly < L +=; mas am < In para m > m, logo, am < L+e param > N, 0 que prova que sé pode haver um miimero finito de elementos ap & dircita de [+ ¢. Por outra lado. seja m; um indice qualquer; por ser Lm, tun supremo, existe my > my tal gue en, > Lm, ~€ € portanto, da, > Le. Com 0 mesmo raciocinio, tomando mz > ny, determinamos a, > L~ ¢, com mz > nm. Continuando indefinidamente com esse procedimento, determinamos toda uma subseqtiéncia de (an), cujos elementos tn, esto todos & direita.de Le, Tss0 prova que existe ‘uma infinidade de elementos da seqiiéncia dada & dizita de L — ee completa a demonstracao de que L= A. “A demonstragao de que o definido em (2.12), quando finito, coincide com 0 miimero a do Teorema 2.23, € andloga- fica a cargo do leitor. (Exerc. 2 adiante,) 2.24. Exemplos. A seqiiéncia (—1)" tem lim inf=~1 e lim sup=f; 0 mesmo € verdade das seqiiéncias (~1)"(1+1/n} e (~1}"(1-1/n). Jé.a seqiiéncia (-1)"/n tem lim inf=limr sup=0. A seqiiéncia definida por aan = 12/(n +1) ¢ Ginny = 2+ (-1)"/n tem lim sup=oo e lim inf=2. Ja vimos que toda seqliéncis convergente é limitada; e, pelo que acabamos de ver, possui pontns de aderéncis maximo ¢ minima. Mas, sendo convergente, esses pontos tém de ser iguais. Mais precisamente, temos 0 teorema seguinte, Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 39 cia demonstragéo deve ficar como exercicio, (Exerc. 8 adiante.) 2.25. Teorema. Uma condigdo necessiria ¢ suficiente para que uma seqiléncia timitada (an) convirja para um niimero L é gue seus liminf € lim- sup sejamn Yquais a esse nsimero L, isto é, lim inf a,=limsupan= L. 0 critério de convergéncia de Cauchy Ja vimos (Teorema 2.22, p. 26) um “eritério de convergéncia.” ou seja, um teorema que permite saber se uma dada seaiiéncia € convergente, sem conhecer seu limite de antemao. Mas « Teorema 2.12 refere-se a um tipo particular de seqiiéncias, as seqiiéncias mondtonas. Em contraste, 0 teorema seguinte, de carter geral, € um critério de convergéncia que se aplico quaiquer seqiiéncia, ‘Trata-se de um teorema de impartancia fundamental, como teremos oportt- nidade de ver 2a fongo do nosso estudo. 2.26. Teorema (critério de convergéncia de Cauchy), Uma con- igo necessdric ¢ suficiente para que uma segiiéncia (aq) seia convergente € que, qualquer que sejae > 0, exista N tal que nm > Nig an) Se (2a) Observagéo. A condigao do teorema costuma ser escrita da seguinte maneira equivalente: dado €>0, existe um indice N tal que, para todo inteiro positive p, > N= jog ~antp! 0, existe N tal que n>Nem>N = ian Li <2 © lam LE] 0, existem infinitos indices tals que A~e < ay @ somente um mimero finito satisfazendo Are < ay. De fito, sendo A o supremo de X, existe x € X & direita de A ~ ¢ infinitos ay a Greita desse «, portanto, & direita de A —£; ao mesmo tempo, sé pode existir um niimero finito de elementos a, > A +6; do contrério, qualquer miimero entre Ae Ate estaria em X. 0 leitor ndo deve pensat que sempre existem infinitos ay & direita de A. Tis0 é falso! Veja o exemplo a), onde A = 0, como tacit ver, e nao ha elementos ca seqiiéncia & direita de A, Jé no exemplo b), A é sinda zero (Vexifquc isso), nas agora hd infinitos elementos da seqiiéncia & direita de A (embora somente um niimero finito de an > A-+<). No exemplo c), 4 = 1 (como o leitor deve serificar), © ocorre © mesmo gue em b). No exemplo d), A = 5 e voltamos a ter ume situaciio como enti). Continuando « demonstragéo, seja c = 1 € an, umn elemento da seqiiéncia ro intervalo (A= 1, A+1). Em seguida, seja an,, com nz > mi, um elemento da eqiencia no intervalo (A — 1/2, Ar 1/2). Em soguida, soja an. com na > n2, im elemento da seqiiéncia no intervalo (A — 13, A+1/3). Continuando dessa rancira, construimos uma subseqiéncia (x3) = (an,), que certamente converge yara A, pois z,— A <1.7. Isso completa a demonstracdo do teorema. Na demonstragao que acabamas de dar, A resulta ser o maior valor possivel co limite de uma subseqiiencia de (an), pois, como vimos, essa seqiiéncia 36 rode ter um mimero finito de elementos 4 direita de A + =, qualquer que seja > 0, Tivéssemos definide X como sendo o conjunto dos niimeros = tais que ‘existe uma infinidade de elementos da seqiiencia esquerda de 2, esse conjunto Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 37 X teria infimo, digamos, a. Podemos fazer uma demonstragao andloga & ante- rior, provando que existe uma subseqiiéncia de (an) convergindo para a, Para isso, com raciocinio inteiramente andlogo ao da demonstragao anterior, prova-se primeiro que, dado qualquer > 0, existe uma infinidade de indices n tais que ‘aq, < a+€ e somente um ntimero finito Com dq < a—E. Feito isso, fica facil con- struir, como antes, no caso de A, uma subseaiiéncia convergindo para a. Esse a € agora o menor niimero para o qual uma subsegiléncia de (an) pode convergir. E claro que a < A Limite superior e limite inferior ‘Tendo em vista a demonstracdo que demos do teorema de Bolzano-Weierstxass, pademos reformulé-lo como segue. 2.28. Teorema. Tuda segiiéncia linitade (an) possui um ponte aderen- te marimo Ae um ponto aderente minimo a, caructerizados pelas sequintes condisées: a) qualquer gue seja © > 0, existem infinitos indices n tais que Ae 0, eristem infintos indices n tais que ay 0, existem infinitos elementos a, > ke Ly = La =... = toc. Analogamente, se algum [; for -o0, entao hh = ly =... = ~c0. Afora esses 42 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 5. Sabemor que o coujunto @ dos nimeros racionais ¢ enumerdvel. Seja (re) uma seaiiéneia esses mlimeros numa certa enumerarao, isto &, uma seqivncia com elementos distintes, culo conjunto de valores € Q. Prove que todo nimero real ¢ panto de aderéncis dessa seqioneia. 6. Prove que se um dos elementos introduzides em (2.12) ¢ (2.18) for 00, enti a saqiéucia (aq) €ilimitade, Construa uma seqiéncia que nio tenda a +00, mas euje lim sup sa +00 00 lim sup = Te que tenha uma infnkiade de Construa gma seqiiéncia com lim inf elementos maiores do que 7. 9. Prove que se uma seqiitncia néo ¢ limitada & direita, entdo certamente L ~ +20; 0 9¢ no limitada & esquerda, entio = ~oo. 10, Dé exemplo de uma seqilincia com I= L = +00 ¢ de outra com I= 11. Seja (on) una seqiénela qualquer. Prove que, se x > 0, entéo lim supray = 28 supés € liminf 209 = 2liminfans lim nt, 2 passo que, se ¢ <0, imsup 20, 12, Observe, pelo Teorema 2.27, que a proptiedade do supremo tem como conseqiéneia. & propriedade dos intervalos encaixados, que diz: se Iq = lan, by] € uma famdia de ntervales fechasdos-tats que Ty 2 Iz >... 2 In D --- € 0 comprimento |Iyl = by =a tende & 2e1, entdo existe um ¢ um 36 nooner © pertencende a todas 03 rolervalos In. Prove qur essa tltima propriedade implica a propriedads do supremo, Rando assim provado que a propriedade do supremo equivale & propriedade dos intervalos encaixados. 15, Prove que se postularmos que “toda seqiéncia nic decrescente elimitads & convergente” Cconseguiremes prorar 8 propriedede dos intervalas encaixades, portanto, camabém a pro- priedade do supremo, estabelecendo assim que essa propriedade ¢ equivalente & afirmar ‘que “toda seatiéncia nio deerescente ¢ limitada converge.” 14, Chama-se seyiéncta de Cauchy 9 toda seqléncia (a,) que satisfaz a propriedade emyneiada rio Teorema 2.2, isto & qualquer que sejn © > 0, ezuste N tal quen, m> N= \dn~ dm < ‘= Observe, pele Teorema 2.26, que @ propriedade da supremo tem como conseqiencia que toda seqiiencia de Cauchy converge. Prove a reciprova dessa proposigio, isto é, prove que se toda seqiiéncia de Cauchy converge, entdo vale a propriedade do supremo, lcande assim provado que esta propriedade é equivalente 2 tods seqivnea de Couch ser convergente, Sugestées 4, Qualquer into positive m 2 se escreve n = hy rq, onde ge 2 1 €0< rm < k. Pena Oy = Lost + My 12, Saja C um conjunto nio vazi ¢ limitado superiormente. Querens provar que C’ possvi supremo. Seja a, < algum elemento de Ce 6, > a) wma cota superior de C.”Seje 2 (a1 + i)/2 © ein (on, by aele dos imervalor ‘a, oe (a, by] tal ue a2 < slgum tlemento de C'e by & cota superior de C. Assim prosteguindo, indefnidamente, constraimos ‘uma familia de intervalos encsiados fx = [an ol, caja intesegio determina wm mimeo real e. Prove que ef supremo de C 13. Prove primeiro que toda seqiéncia nio crescentee limitads converge. 14, Basta provar que vale a propriedade dos intervalos encaixados. Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 43 Notas histéricas e complementares A nfo enumerabilidade dos nuimeros reais 0 Teoreme 2.27 permite dar outra demonstragio de que o conjunto dos wimeros reais nio ¢ enurmeravel, alids, mais proxima da demonsteagio original de Cantor, reproduzisa na p. 185 de (Gal. Raciocinando por absurdo, suponhamos que todos 0s nismerae reais estivessem contides numa seqiéncia (zq). Seja fi = (ay, by) um intervalo que néo contenha 21, Em seguida tomames um intervalo Iz = fax. bl C Jy, que no contenhs zs; depois um intervala Ty = [as, bs. c Ja, que mio contenha 2s; e assim par disnte. Dessa mancira obtemes uma seqienela (Iq) de intervalaefechados © encaisados, tal que Mn conters ao menos ts nimero real c. Isso contradiz a hipstese inicial de que todos of aimeros reais estio na segiéacia (9), visto que sq @Oln. Somos, pois, forcadcs » abandonar a hipétese iniial ¢ conciuir que & conjunto dce nimeros reais nio é enumerdvel Cantor ¢ os miimeros reais {14 vimes [p, 11 ¢ seguintes) como Dedekind constr 0s miimeros reais a partir dos racionais Varies outros matemsticas do século XIX também apresentaram construgbes dos mimeros reais, dentre eles Kat] Weierstrass, Charles Mézay © Georg Cantor. Wieerstracs divulgou sua teoria em sis aulas nas décadas de sessenta e setenta. Mas as construgées dos numeros reais ‘que permaneoeram pela seu valor, evidentemente — foram a de Dedekind © a de Cantor Essa ltima seré exposta logo adiante. ‘Georg Cantor (1845 1918) nasceu em Sao Petersburgo, onde viveu até 1856, quando sua familie traneferiu-se para o sul da Alemanha. Doutorot.se pela Universidade de Herlim, onde fol aluno de Weierstrass, de quem teve grande infiuéncia em sus formacdo matematica. ‘Toda sua carreira profisional desenvolveu-se em Halle, para onde transferiuse logo que terminou seu doutorado em Berlimn, Como no método de Dedekind, também no de Castor partimos do pressuposto de que jé estamos de posse dos avmeros racionais, com todas as suas propriedades. Comecames com fa seguinte defnigdo: die-se que une sepdéncia (aq) de mimeros racionais é uma sepiéncia de Cauchy se, qualquer gue sej0 0 rsimero (Purional) € > 0, este N tal gue nm > N => Jou ~ nl < 6. Uma tal saqiiéncla costuma também ser chamada “seqliéncie fondamental” O'préptio Cantor usou essa designacio. Observe que existem pelo menos tantas seqincias de Cavehy quantos sio os mimeros racionais, pois, qualquer que sels 0 mimero racional r, seqiencia constante (ra) = (r, 7, %---]€de Cauchy. Dentro as seqligncias de Cauchy, algumias sho convergentes, como estas SeqUénciss constantes, uma seqiéncia como (1/2, 2/3, 8/4,...) € uma infinidade de outras mais. Mas hé também tode ume infnidade de seqiencias de Cauchy ‘que néo convergem, como a seqiléncia das aproximagées decimais por falta de V2, (ra) = (1, 14, 3,47, 1,414, 1.4142...) (215) ‘ou a seqiéncia ay = (2+ 1/n)" que define 0 mimero e, Como se ve , essas seqiénetas 86 nio ‘onvergem por ndo exstirem ainda os nimeros chamados Nrracionais " Para eriélos, podemos smplesmente pastular que “toda seqiiéncia de Cauchy (de niimeres racionss) converge.” Feito {sso trees de mnostrar como esses novos nimeros se juntam aos antigos (os racionais) de forms ‘ produsir um corpo ordenado completo. E nesse trabalho teriames de prover que diferentes seqifneias definem o mesma niimero irracional; par exemplo, a seqiéncia (2.15) € a sequencia dan aproximacies decimass por excesso de V2 dever definir o mesmo atirero irracional y/2 40 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas Fazendo m = N-+-1em (2.14), teremos: n> N = anyi—e < ap < anes donde se vé que a seqiiéncia, a partir do indice N +1, é limitada. Ora, os termos correspondentes aos primeiros IV indices so em mimero finito, portante, Jimitados, ou seja, a seqiiéncia toda ¢ limitade pelo maior dos mimeros lai},---sJan|, Jawsa ~el, lanes + el. Pelo teorema de Bolzano-Weierstrass, (an) possui uma subseqiiéncis (4a,) que converge para um certo L. Fixemos j suficientemente grande pare. termos, simultaneamente, lon, ~ L| <€ € nj >. Entio, como lax, ~ L! = lan ~n,) + (Ong = £)! < Jn ~ Gy! + [ty ~ Diy teremos, finalmente: R> N= ld — Lj Slay — 0p) + Hq, — | ee = 2a € isso estabelece o resultado desejado. Intervalos encaixados Uma importante conseqiiéncia da proptiedade do supremo (1, € 0 teorema, que consideramos a seguir. Como veremos, no Exerc. 12 adiante, 0 contetido esse teorema é equivalente & propriedade do supremo. 2.27, Teorema. Seja In = [am Salam = 1. 2,..., uma familia de inter- alos fechados ¢ encaizados, isto é I, 3 Iz >... > In D -».. Entéo existe pelo menos um tiimero pertencendo a todos os intervalos In (ou, 0 que ¢ 0 mesmo, ¢€ Ina. --MUn!...). Se, além das hipsteses feitas, 0 comprimento ifn’ = bn — aq do n-ésimo intervalo tender a zero, entido o niimero c seré tinico, to 6 TL, Ta® «= {0} Demonstracdo. E claro que as seqiiéncias (an) ¢ (bn) so, respectivamente, no decrescente ¢ nao crescente, Além disso, como 01 Say < by Sb, vemos que (dn) 6 limitada & direita por by ¢ (bn) é limitada a esquerda por ay; logo, essas duas seqiiéneias possuem limites, digamos, A e B respectivamente Gomo dm < bp, 6 claro que a SAS BS Oy Asso significa que (A, B’ C I, para todo n. Entio, se A < B, a intersecao diag intervalos I, é 6 proprio intervalo [4, BY; ¢ se A = B, como é o caso se Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 41 by — an tende a zero, essa intersesao € 0 nsimero c= A= B. Isso completa a demnonstracao, ‘A condiggo de que os intervalos Ip sejam fechados é essencial no teorema, anterior. Por exemplo, os intervalos In = (0, 1/) sio encaixadas e limitados, mas néo séo fechados. E fécil ver que sua intersegio é varia, no havendo um 6 miimero que pertenga a todas esses intervalos. E também essencial que 08 in- tervalos sejem limitados. Por exemplo, In = [n, 00) ¢ uma familia de intervalos fechados ¢ encaixados, mas sua interseg3o 6 vazia; eles no sao limitados, Ainda o teorema de Bolzano-Weierstrass © teorema anterior permite fazer ontra demonstracio de Teorema 2.22 pelo ‘chamado método de bisseco, como explicaremos agora. Seja (aq) uma seqiiéncia limitada, portanto, toda contida num intervalo fechado , de comprimento c. Dividindo esse intervalo 20 meio, obtemos dois novos intervalos (fechados) de ‘mesmo comprimento c/2, um dos quais necessariamente conterd infinitos ele- mentos da seqiiéncia; seja I, esse intervalo. (Se 08 dois intervalos contiverem infinitos elementos da seqiiéncia, escolhe-se um deles para ser Jy.) O mesmo pro- cedimento aplicado a J; nos conduz a um intervalo fechado Ja, de comprimento /22, contendo infinitos elementos da seqiiéncia, Continuando indefinidamente ‘com esse procedimento, obtemos tuma seqiiéncia de intervalos fechados e encai- xados In, de comprimento ¢/2", que tende a zero, cada um contexvio infinitos elementos da seaiiéncia ay. Seja Eo elemento que, pelo Teorema 2.27, esté con- tido em todos os intervalos Jn. Agora é s6 tomar um elemento Gn, da seqiiéncia (aq) no intervalo Jy, an NO intervalo Ip etc., tomando-os um apés outro de forma que m; < np <... Assim obtemos uma subseqiténcia (dm,) convergindo para L. De fato, dado qualquer = > 0, seja N tal que o/2% < e, de sorte que Im C (Le, L-+e) para m > N. Portanto, para j > N, , seré maior do que N (pois nj = J), 10g0, da, estaré no intervalo (L~¢, L~e), 0 que prova que Gn, Exercicios 1, Sejam (an) uma seqiiéncia limitads e X 0 conjunto dos mimeros > tais que existe uma infinidade de elementos da seqincia A exquerda de 2. Prove que X possu! infimo le que ‘existe nma subseqiléncia de (ay) converginde para l 2, Prove que o niimero l definido em (2.12) € 0 ponto aderente minimo carscterizadio na parte 'b} do Teorema 2.28. 43, Prove o Teorema 2.25. Observe, em particular, que uma seqiiéncia converge para Le» L é seu nico ponto de aderénci, 4. Construa uma seqiiéncia com elementos todes distintos entre si, tendo como pontos de aderéncip nimeros distintos dados, L, <...< Ly ¢ somente esses. 46 Capitulo 2 Seqiiéncias Infinitas na p. 71), que teve grande divulgagio e infiuéncia no moio matemético. Bernhard Bolzano (1781-1848) nasceu, viven e morreu em Praga. Era sacerdote catdlico ‘que, além de se dedicar a estudos de Filosofia, Teolosia © Matemética, tinha grander pre ‘ccupagées com os problemas socias de sua épeca. Seu ativisma em fesor de seformas edica- ionais, sua condenagSe do militarisme e da guerra, 2:0 defeta da liberdade de consciéncia © fom favor da diminuigho das desigualdades sociais custaram-Ihe sérios embaragas com @ goves- no. As iis de Bolesno em Matemética néo foram menos avancadas. E até sdmirdvel que, -vivezdo em relativo Isolamento em Praga, afastado do principal centro cientifica da époce, que ‘ra Paris, € com outras ocupagées, ele tena tido sensiblidade para problemas de vanguarda no desenvolvimento ds Matematica. Infelizmente, seus tabalhos permaneceram praticamente ‘deseonhecidos até por volta de 1870. Sou trabalho de 1817 [B2 (com o longe titulo de Prova puramente anattiea da afrmagéo de que enire dois valores que gerantem sinais oposter (de tama funglo) ja: ao menes uma rais da equacdo [fungSo}) representa wat dos primeltos es- forgos na eliminacio da intuigso geométsica das demonstracéee, Seu objetivo era provar © teorema do valor intermedisrio (p. 129) por meios purameate analitios, sem recorrer & in ‘wigs geométrica, E ¥ ai que aparece, pela primeira vee, a proposigéo que fiaria conhecida, eomo “eritério de Cauchy” (Veja 0 coméntarie sobre Cauchy no final do préximo eapituo), formulado para © caco de uma seqliéncia de Fangbes, nos seguintes termes “Se wma seaiéncia de grandezas F@) le eos, Paley Parole estd seta & condieao de que 0 diferenca entre seu n-ésime membra Fa(2) ¢ cada membro sepuinte Fer(2), néo tmporta quéo distante do n-ésimo termo este vltsmo posse ester, seja menor do que qualruer guontiiade dado, desde que n seja tomado bastante grande; entao, existe luma ¢ seeende ume determinads grandeza, da qual se aprazima mais « mais os membros da sequencia, € da gual eles podem se lornar tde présimos quanto se desege, desde que a sient, eye levada bastante lange", Como s2 ve, essa proposigi ¢ 0 enunciado de uma consign sufciente de convergéncia 48 seqilencia. (A necessidade da condicéo fora notada por varios matematicos antes de Bolzano & Cauchy.) A demonstragio tentada por Bolzano é incomplets;¢ nio podia ser de outro modo, j3 que ela depende de uma teoria dos nimeros reais, que ainda nao estava go alcance de Bolzanc. Be usa essa condicdo para demonstrar outza proposicio (enunciada nap, 120) sobre existencia de supremo dle um certo conjunto, a qual, por sua vez, é usada na demonstragéo do tecrema, ddo valor intermedidrio, O metodo (de bissegSo, veja p. 41) que Bolesno utiliza na demons tragio desta proposican é também usado por Weierstrass nos anos sessenta para demonstrar 0 teorems que Ficsria conhecido pelos nomes desses dois matemsticos. E interesante notar qe praticamente o mesmo enunciado de Weierstrass aparece num trabalho de Boleano de 1830, ‘Théorse des fonctions, 6 publicado cemn anos mais tarde ([D2}, p- 362), muito depois de se hhaver consagrado © nome “teoreme de Bolzanc- Weierstrass” Capitulo 3 SERIES INFINITAS Primeiras definigdes e propriedades AS séries infinitas surgem quando procurams somar todos os termos de uma cia infinita (an) ai tag tagt... tant (3.1) Como ¢ impossivel somar infinitos mimeros, um apés outzo, contentamo-nos em considerar as somas parciais Sc= 0 Spar tar, Ss 1 antag, ete, Em getal, designamos por $, 2 soma dos primeiros n elementos da seqiiencia (an), que é chamada a soma parcial ou reduzida de ordem n associada a essa ceqiléncia: Sa = 0,409 +09 +. Oy = Soy (8.2) ; Desse modo formamos uma nova seqiiéncia infinita (Sq), que é, por definigao, 8 série de termos ay - Se ela converge para um miimero S. definimes a some infinita indicada em (3.1) como sendo esse limite: im Yo = De Como se v2, esse iiltimo simboio indica a soma da série, ou limite $ de Sp. Mas 6 costume indicar a série (S,.) com esse simbolo mesmo que ela nao seja convergente, Freqiientemente usamos também o simbolo simplifieado 3“ 2, com (9 mesmo significado. A diferenca $ — $, = Ry é apropriadamente chamada © resto de ordem n da séric. As vezes, quando consideramos certas séries particu- lares, a reduzida. de ordem n pode nao conter exatamente n termos, porém mais ‘ou menos termos, dependendo do indice n onde comecamos a somar, como n = (série geométrica abaixo) ou outre valor, podendo também ocorrer discrepancia no iiltimo indice da reduzida; mas isso nao tem maior importancia, A nogio de série infinita generaliza 0 conceito de soma finita, pois a série se redux @ uma soma finita quando todos os seus termos, a partir de um eerto indice, so nulos. Mas é bom enfatizar que ha uma real diferenca entre a. soma de um mimero finito de termos ¢ a soma de uma série infinita, Esta iltima nao ay +02 403+... = 8 =lims, 44 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas Do mesmo modo, as seqiléncas oom (142) m= (at) fever Sefir © mesmo mimeo Por causa de torn mh convenes primero Jnr emma mex le oda at segincinn que teri um remo lite, para depos cota a rtare ce corpo, Fuseos fm deinindo, no conjunt ds soqincns de Cah, vo “relgt dc equals, ari fas eeqenclr de Cauchy le) (lm) a60 eget (an be) € mn squenci nla Sho én ~ by 0. Bsn reo dni an ecisde Cauchy em cans de soins suitletes, deal manera go dt seis pertoncen oma mesna cata, ¢ tment fe elas so enelents ade nimere recon rt naturalentesocindo clase demesne 9 ave pertence + sinc constante ty == Moitas dae clase todavia eucspam s ese socio Por sxemplo, considere @ classe & qual pertence a seqiiéncia (2.15). E fécil ver que nenbuma selena ra =, com 1 Tacenal, pode ertencer a esa case eo r= ty ttn Je tend ero, 0 gue € impose sma cases que no conte sqienlas do tipo ty = 7 580 preisimonte equelas qu contopnderaa ace mimros rains erm vader Par rar eases mimers defines, o canjunte dar lanes de equine, a operasies te digo e mulipiengh, eens vera, urago ea vo, Aas, a Ae B cass de equlalinl,tramos elementos representation encanta delat gan, (ay) el 2 (bn) em B e definimos A ~ B como sendo a classe qual pertence a seqiiéncia (ax + ba}. fsa denice exge que povemen que se (a) (by) sh sees de Cauchy, v mes & verdade de an" bre que soma A+ B indepen das segs partir (0) ©) gue toma om Ae B rexprctiamene Dermareir andogadenimon ane nla I” 6a clase dence mls clement posto B drums clsveH ea clase da seguenciasequiaentes (by) ference AB ESimplemente A+ (~B)so prodsto AB éa carr Gas seqencias (0nd) 0 elemento inverse 2 de ua case no nla B & a case das weaencts equiaete (bye 0 auocente A(B, onde B #0, 6 0 produto AB™', Se A 0, provarse que se (an) A, entéo existe um amo racional m > Ol ge dq > 7.08 dy <—m part de cet nee Ni «seo “so verdade ara uma snl, prove gt vedade para toda soquenia Se 4,0 Sue oe lean defnir "A> 0” ou "A c O° ropectivamente.Defnimes "A> B como sende AE > 0 Ciao Ave AZO¢|a|——Ave AD Com toa nt defnig«propeedades corsa etabelcdas, eu eo conjunts das clases de rule da seni de Casey de nneros acon € um corpo ordenade Nese corpo defnimes “sania de Caely” de manera Govia powmon qe tala seytnci de Covey te elemento de Re conergnt, at fe Aa ume septs de Cahy Seementon eR. entio ens rh elements & de Ral gat qv ose Ay And © eorpo asim contra cont um sb-eorpo @ sono cp as sin Tae suvcorpo J ¢precnmente 0 conjmto das ase cor emento a “aincaseouvaletes seria constants numero racionat (rr) Nad nn nator pots. do qe enifear corpo signal dos murero aconats@ Ca 0 Corpo Q” wh trocadimento alog a0 da denteagSo decade mero racial" como cote ce Deletrk (isl ques deve 'A propria de que on ft “wos vega de Cauchy cumverge signin ove A & completo, mesmo pave se tetas repent orp a meta const de cnn de quivlenci de seins de Cauchy, chegaremos = ur rove coro Fomor 2, portato, Fnads serena a RE co f vinos artes (pd), moe de homer exe tim cote ordenedo complet, Potato Ro mesmo corpo der miners rns consrido Capitulo 2; Seqiiéncias Infinitas 45 pelo processo de Dedekind. Aliss, como vimos no Exere. 14 atrés, a propriedade de que toda eailéncia de Cauchy converge ¢ equivalente & propriedade do supremo, ‘Nesta construgaa doe mumeros reat por sequencias ¢e Cauchy, cada mimmero racional r & identifieado com a classe que contém a seqiéncia constante rn =r. As classes que esespam © ‘cia identificagao correspondemn aos elementos novos introdusides, os mtmeros vrracionais. E ‘esse 0 caso da classe que contém « seqiéncia (2.15), ¢ que define V2. © leitor que esteja se expondo a exeas idéias pela primeira vee talves sinta um certo esconforto quando dizemos que um nimero real, corpo V2, é toda ums clase de seqiéncias de ‘Cauchy (de nimerosrecionais) equivalentes entre si. Na vardade, basta uma s6 seqiéncia dessa classe para identiicar 0 mimero em questéo. Assim, a classe que define V2 est perfeitamente ‘aracterizada pela seqiéncia (2.15). Buma breve reexo hi de convencer oleitor de que, pelo menos tacitamente, ele sabe disso hé muito tempo, desde que se familiarizou com a idéia de faproximagoes de urn mimero como V2. Esse simbolo nade mais é do que um modo convenient Ge designar o conjunto dessas apronimagoes; ¢ claro que é muito mais fil eserevé-lo do que fescrever uma seqiéneia que caracterize. Mas por que preferir a seqisncia (2.15) € nao fdas aproximagbes decimais por excesso? Ou alguma subseqiéncia dessas? Ou qualquer utra seqliéncia a elas equivalente? Como se vé, um pouguinho de reflexdo é 0 bastante para, Aissipar qualquer desconforto iniciale revelar que V2 é mesmo toda uma clasce de seqiancias ‘equivalentes ‘Se essas abservagées ajudam a dissipar o desconforo inicial do Jeltor, pode ser que ele ainda nao se conforme com essa construcia de Cantor dos mimeras reais. Nada mais natural do {que perguntar se nao bastaria a construcSo de Dedekind, por mais engenhosa que seia essa de Cantor. De fato, miitas teoriae matemstieas As vezes bem engenhosas —so abandonadas & até esquecidas, por serem suplantadas por outras. Mas nao ¢ esse o caso da construgdo de Can- tor. Pelo contrério, ese método das *seqiéncias de Cauchy” & de grande efescia em dominios onde @ solugia de algum problema € obtida por algum tipo de aproximacac. Essa soluss0 Centao earacterizade por rma seqlincia de Cauchy, uma seaiéncis dos valores aproximados ‘a solugao. O Exemplo 2.21 (p. 31) descreve uma situasan dessas, relativamente elementar, fonde estamos ainda lidando com “nimeros®. Mas ¢ freqiente acontecer que a solucio de uss terto problema seja um objeto mais complicado que um amero, por exemplo, um elemento, ‘de om conjunto dé fungées, no qual conjunto exista um modo de medir o distanciamento en- tre 06 varios elementos desse conjunto, Isso da origem, de mancira bastante natural, ao que se chamna “espago métsico", Nesse contexto a nocio de seqiizncia de Cauchy ocorre também naturalmente e € 0 instrumento adequado para fazer o 3ue se chama “completar o espace" tum provesso anlage & construgi dos nimeros reais peo método de Cantor. (Veja LS, cap 7.) Voltaremos a esse assunto mais tarde ‘Come ja dissemos, of métodos de Dedekind © Cantor sio os dois mais usados na cons- truco dos mimeror reais, Mas, como vimos nos Exercs. 12, 18 e 14 acima, a propriedade ‘dos intervalos eneaixados e » propriedade das seqiéncias monétonas “toda seqiéncia nao de- ‘rescente © limitada converge") s30 equivalentes 3 propriedade do supremo © & propriedade das seqiéncias de Cauchy (“toda seqiéncia de Cauchy converge”) Isso garante que, além dot inétodos de Dedekind e Cantor, poderiamos chegar aos nimeros reais postulando, no canjunto. doe nimeroe racionaie, jaa propriedade dow interval encaivades ov a propriedade das Seqiiencias mondtonas. Mas, como ¢ facil ve, ses0 redundaria numa construgao dos nimeros reais praticamente déntica a de Dedekind Bolzano, 0 critério de Cauchy e o teorema de Bolzano-Weierstrass critério de converginria de Cauchy aparece pela primira vex num trabalho de Bolzano de 1817, pouco divalgedo; » posteriortaente num lio de Ceuchy de 182% (de que falaremos mais 50 Cap. 3: Séries Infinitas que decorre da seguinte observagao: Soong = timSy = lim(Sy = aya 4.4 ann) = limSy + lim(ay y+... + onan) = Sy + Sranen. Séries de termos positivos Suponhamos que Sop, seja uma série de termos positives (ou ndo negativos). Entao, a seqiiéncia de somas parciais Sa = pit pate. Pn € nao decrescente, Em conseaiincia, @ série converse ou diverge para +, conforme essa seqiiéncia soja limitads ox néo. Suponhamos que of termos da série sejam reindexados numa outra ordem qualquer, Pht ph tot pt Assim, pi pode ser, digamos, o elemento ps , pb pode ser po, ph pode ser pi ete Entéo, como os termos sé0 todos no negatives, a nova soma parcial, Sha Pht Rete + Pe seré dominada por alguma soma parcial Sq com m > n, Se a sie original converge para S, teremos S!, < Sj, < $, isto é, 8s somas parciais Sf, formam uma seqiiéncia nao decrescente ¢ limitada, portanto, convergente. Seu limite S’ é seu supremo, de sorte que S’ < 5. Mas a série original também pode ser in- terpretada como obtide de 5 pf, por reindexaglo, portante, 9 mesmo raciocinio nos leva a $ < $'. Provamos assim o teorema que enunciamos a seguir. 3.6. Teorema. Uma série convergente de termos ndo negativos possut ¢ mesma some, independentemente da ordem de seus termos, E técil ver também que se a série diverge, ela serd sempre divergente para +00, independentemente da ordem de seus termos ‘A nogio de “série convergente, independentemente da ordem de seus ter mos” pode ser formalizada facilmente, Basta notar que mudar @ ordem dos termos corresponcle a fazer uma “permutagio infinita” desses termos, através dde uma bijepo ou correspondéncie duunivoca de N sobre N. (Veja a definicio Cap. 3: Séries Infinitas St desses conceitos nap. 80.) Seja f uma. ta! bijecdo © ponhamos Pi, = Ps(n) Diz-se entdo que a série Spe é comutativamente convergente se for convergente a série Dp = Dpyiny € OP = Lp, qualquer que seja a bijeso f. Exercicios 1, Dada a soqiiéneia Sy, de reduzidas de unna sétie, construa a sequéncia original de termos on da sé 2, Dada uma série convergente Jen, com soma $e reduzida Sx, prove que seu resto Ry € 8 soma da série & partir do indice n+ 1 3. Chams-se série harménico, em gers, (oda série cujos inversos de seus termos formam uma progressio aritmeétics, isto é, tode série da forma Daw °F Daonte gu un tl ie dvergnte aie So tee : {Ober dna aie Ses em a ite Go) 8 5-0 tenmo geral da série S>log(1-+2/n} tende a zero. Mostre, todavia, que ela € divergente, jobtendo uma forms simples para Sua redutida Sy 6 Daca uma série convergente Ta, € Uma sequéncia crescente de mimeros naturals m1 < na <5 defina be fe tes be tangy tos Heng ete anette Hay Prove que a série Db, converge © tem a mesma soma que a sie original Use oeitrio de Cauchy para provar que o temo geal de unin sie converente fend & 8. Use 0 exttio de Cavehy para provar que Svan converge se Jan converge L fe mostre que seu limite €1, 4. Catele« redunida S, da série S72 ro Mosse que SNE+B) Tia eT} =} Silog2), sabendo que log 2 ale a soma SNM 5) 1 Cole ase 12. Mone que sre So! se nm gal 2 Sugestées 11a 4 Observe awe Say aT “8 Cap. 3: Séries Infinitas resulta de somar uma infinidade de termes - - operagio impossivel; ela €. isto sim, © limite da soma finita Sq. 3.1. Teorema. Se ume séric converge, seu termo geral tende a zero. Demonstracéo, Seja Tan uma série de reduzida S, e soma S. Entao, ox = Sn Snot > SS = 0, como queriamos demonstrar 3.2. Exemplo (série geométrica). De importancia fundamental ¢ a cérie geométrica de razao legate c= Se" Sua reduzida S, & a soma dos termos de uma progressio geométrica: Supondo |g| < 1, y® tende a zero, de forma que essa expresso converge para (149), que é @ limite de S, ou soma da série geométrica: Notemos que a série é divergente se q! > 1, pois neste caso seu vermo geral rio tende a zero © teorema acima nos dé uma condicdo necessaria para a convergéncia Ge uma série. Essa condigio, todavia, nao é suficiente, E facil exibir séries vergentes cujos termos gerais tendem a zero. Por exemplo, Yn—1~ Vi +0 (Exere. 3 da p. 24); no entanto, a série Swart - va édivergente, pois sua reduzida de erdem n € vin¥1— 1, que tende a toc O exemplo mais notavel de série divergente, cujo termo geral tende a zero, 60 da chamada série harménica, que discutimos logo « seguir: 3.3, Exemplo (série harménica)- Para vermos que @ série harméniea Cap. 3: Séries Infinitas 49 diverge para +>0, observamos que seus termos sio todos positivos, de forma que suas reduzides formam uma seqiencia crescente, Basta, pois, exibit uma subseqiiéncia de reduzidas tendendo a infinito. E esse 0 caso da subseqiiéncia, reds (Let)+(Etgegr a) at(gtaltetetits 1 1 1 > Geta x) 1 2 1 L 1 1}4+0(gaytagat ta) Xl Soe Substituindo os denominadores de cada um dos termos deste tiltimo parénteses por 2, obtemos que prova o resultado anunciado. 3.4, Teorema (critério de Cauchy para séries). Uma condicao necessdria « suficiente para que uma séric Tay seja convergentr é que dado qualquer ¢ > 0, exista N tal que, para todo inteiro positive p, WEN S [an tan et. tony <& Este ceoremna 6 uma simples adaptacao do Teorems 2.26 (p. 39) & seqiiéncia de somas parciais S,. Basta notar que \Smap— Sn = nat ana +--+ Onepl 3.5. Teorema. Se as séries Dan € bn convergem k € um niimero qualquer, entdo kay {ay + bn) converge € Skew =k Dan © lon + ba) = Den + She iste teorema é uma conseqléncia imediada de propriedades andlogas jé estabelecidas para seqiiéncias (Teorems 2.8, p. 22). Dele segue, em particular, que se verificarmos a convergéncia de uma série, considerada somente a partir de um certo indice NW, entao a série toda é convergente e vale @ igualdade Sian = sn Savin 54 Cap. 3: Séries Infinitas decimais, obtendo e = 2,71828182845904523536028. 3.9. Exemplo. Mostraremos agora que a série J>1)n¥ € convergente se 2 > Le divergente se x < 1. Este tltimo caso é 0 mais fiil, pois entio a série Gada majora a série harmOniea, visto que x <1= n® I/h. Suponhamos agora que x > 1. Usaremos um raciocinio parecide eom 0 que uusamos no caso da série harménica, Temos Vemos assim que a seqiiéncia de reduzidas da série dada, que ¢ uma seqiéncia crescente, possui uma subseqiiencie limitada, portanto convergente. Concluimos que a segiiéncia de reduzidas converge para 0 mesmo limite (Exerc. 1 da p. 32). Isso prova que a série original € convergente, como queriamos demonstrar © exemplo que acabamos de discutir n0s mostra que @ série harménica esta compreendida entre as séries eonvergentes S/n® com © > 1 e as séries divergentes S>1/n? com x <1, situando-se, ela mesma, entre estas dimes E claro que a série 5>1/n? define uma fungo de z, a qual é chamada fancdo zeta de Riemann: 1 (3.3) tia S@l=le ge tg t= Embora conhecida por Buler (1707-1783) desde 1737, suas propriedades mais notivels 86 vieramt a ser deseobertas por Riemann (1826- 1866) em 1839, num memordvel trabalho sobre teoria dos niimeros. Ao lado da série geométrica, a série (3.3) € muito usada como referéncia para testar se uma dada série converge ou diverge. Isso & passive! quando 0 termo getal da série dada comporta-se como 1/n® para n tendendo a infinito, 3.10. Exemplo. A série be Cap. 3: Séries Infinitas 55 6 evidentemente convergente ¢ representa o valor ¢(2). Euler mostrow que soma dessa série é 2/6, (Veja [A6].) No momento podemos provar que | < Siln? < 2, Para isso obsersamos que es Sain Bec hea ey que é 0 resultado desejado. O teste de comparacio é muito usado para verificar a convergéncia de séries cujos termos gerais an S80 complicados, mas para Os Guais ¢ relativamente fécil verificar que ay < bn, Sendo bn o termo geral de uma série convergente. Essa situacdo é ilustrade no exemplo seguinte. & lin + Vn? =1 vermos isso notamos que seu termo geral a, é tal que 6 convergente. Para tod+n2Vat—T 16 Sind #2aVne 1-17 de sorte que (Teorema 2.6, p. 21), a partir de um certo indice N, teremos 2 < nan < 4: logo, a partir desse indice N’, a série é positiva e dominada pela série de termo geral 4/n2. Como este série & convergent, cambém 0 € a série original 8.12. Exemplo. Usaremos o teste de comparagio na ordem inversa para provar que # série é divergente. Para isso basta notar que, sendo a, o termo geral da série, entao Vitan ~ 1, de sorte que, a partir de um certo V, an > 1/2vi e este niimero 6 © termo geral de uma série divergente. 3.18, Exemples, Mostraremos que, sendo & inteiro positivo e a > 1, as Ee fe Se wa nat mo ont 52 Cap. 3: Séries Infinitas Puc a mses tre que ay = (-1)"( Ly 1 Teste de comparagao SD by diverge. Demonstragdo. As redueidas das séries dades, Spear terte.ten © Tobi thet. thn sio seqiiéncias nio decrescentes, satisfazendo Sq < Ty. No caso a), Ty converge para um certo limite T, de sorte que Sy < T para todo n, Assim, como S;, é uma seqiiéncia nao decrescente e limitada, ela converge para um certo S < T. A demonstragao de b) exige muito pouco: se Sb, convergisse, entio, por a), De, também teria de convergir, contrariande a hipstese, Outra demonstragao (pelo critério de Cauchy). Observe que dnt F duia et agp S byt + bnsa to. + bat Se Dn converge, dado qualquer ¢ > 0, existe N tal que o membro da direita dessa desigualdade pode ser feito menor do ques para n > . Entdo 0 mesmo 6 verdade do primeiro membro, provando que Ya, converge. A demonstracao da parte b) é a mesma anterior. 3.8. Exemplo. Jé vimos, em (2.9) (p. 28). que o mimero ¢ € dado por e=tin(2-> Cap, 3: Séries Infinitas 53 Um modo de provar a convergéneia dessa série, independentemente do que vimos antes, consiste em observar que 23 ~ donde segue que, & excegdo do primeiro termo. a série dade ¢ dominada pela série geométrica de razéo 1,'2, que é convergente; logo, a série original ¢ conver- gente. Irracionalidade do mimero ¢ Para provarmos que o mimero e ¢ irracional, vamos primeito obter uma estima- tiva do erra R, que cometemos no célculo dese nsimero quando 0 aproximamos pela soma parcial 5, da série anterior (que vai até o termo 1/n!). Temnos Goat mea osartt ) Ln? 4 Geil asi Sak Podemos entao escrever: Sy, < ¢ < Sq + ]intn. Se « fosse racional, isto &, se e = mn, com m en inteiros positives, m > 2 (pois, como jé sabemos, ¢ nao 6 inteiro), entao Sy B= Spry < Soo 1 6 donde segue-se que n!Sy < m(n— 1)! < nlSq-r = < mlSq-r 1. Ora, 0 niimero lS € inteiro, pois é igual @ Entao a desigualdade anterior esta afirmando que o nimero inteiro min ~ 1)! esté compreendido entre os inteiros consecutivos nlS, ¢ n!Sy + 1, um absurdo. Conchufimos que 0 miimero ¢ ¢ irracional Pelo que vimos acima, 5, é uma aproximagio do nimero ¢ com erro inferior a (1)n)(1;nl). Como n! cresce muito rapidamente com n, S, é realmente uma boa aproximagao de ¢, mesmo para n nao muito grande. Por exemplo,n = 10 34 nos dé um erro inferior a 10°7. Euler ealeulou 9 mimero © com 23 casas 98 Cap. 3: Séries Infinitas ‘para uma infinidade de indices (0 que é verdade, em particular, se lim {aq exis tee é maior do que 1 3.16. Teorema (teste da razio). Seja Say uma série de termos posi- tivos tal que existe o limite L do guociente any1/an- Entdo, a série é conuernente se L <1 divergente se L > 1, sendo inconclusivo 0 caso ero que £ = 1 Demonstragio. Soja ¢ um mimero compreendido entre L ¢ 1. Supondo £ <1, esse ntimero ¢ também seré menor que 1. A partir de um certo indice NV teremos ani1/an < ¢, OW S@)a, dni < ane. Daqui obtemos as desigualdades N48 1, & mais simples ainda, pois entéo, 2 partir de uum certo N, aws1 > ey, axa2 > ans > ays em geral, ay, > ay, provands ‘que o termo geral aia, néo tende a ze70, logo a sirie diverge. ‘A demonstragao do coorema deixa claro que nem precisa existir o limite nele referido; basta que, a partic de um certo indice V, tenhemos sempre dntiidn SC < 1 OU Sempre ayei/@q > 1, Ora, a primeica dessas condicoes se verifica se lim Sup ansi/an < 1, mas a segunda pode ndo se verificar mesmo que lim sup oy1/am > 1. Bsta tltima observagao é particularmente importante para bem entender a diferenca entre 0 teste da razio ¢ 0 da raiz. O Teorema 3.20 adiante trax mais esclarecimentas sobre essa diferenca, S17, Corolério. 4 série de termos positives Den é convergente se @ partir de um certo indice vale sempre Gnyi/aq < ¢ <1 (o que se veri- fica, em particular, s¢ limsupansi/an < 1); € divergente se a partir de um certo tndice vale sempre onsi/an 2 1 (0 que vode néo se verificur meemo que lim sup anai/en 2 1) $3.18. Exemplos. A convergéncia de cada uma das trés séries dadas em (8.4) (p. 55) pode ser estabelecida facilmente pelo teste da razio, sem pre- cisar descobrir de antemao como os termos dessas séries tendem a zero. Alids, provando-se, pelo teste da razio, que essas séries convergem, teremos provado o- resultado (2.10) (p. 31). Consideremos, como ilustracao, a terceira das séries Capitulo 3: Séries Infinitas 59 em (8.4), para a qual oy = nl/n™, logo, aegy (mt yt at 1 Ley am (welt at stay donde segue convergéncia da série. O céleulo desse limite no caso das outras uas séries resulta em 1/e e zero, respectivamente; é um eéleulo facil, como o leitor pode verifica. E também facil verificar a convergéncia das duas primeiras séries em (3-4) pelo teste da raiz. De fato, como Yn! — oc (Exerc. 15, p. 33), byte Cymye yin ("= aton Ga aa-o ao a nt ‘ni ¢ iss0 prova a convergéncia das referidas séries. No entanto, se tentarmos aplicar o teste da raiz & terceira das séries em (3.4), confrontamo-nos com a expressio ¥nl/n, cujo limite desconhecemos. Ora, ao aplicarmos o teste da razéo a essa. série. Vimos que lim an+i/aq = 1/e. Iss0 significa, pelo Teorema 3.20 adiante, que todos os limites em (3.5) so iguais a 1/e; em particular, existe e é igual 6 2/e 0 limite de tm = V7a/n, isto 6, fal 1 lim 2 = = ne uum resultado importante por si mesmo, como verewios nos exercicios 3.19. Exemplos. Os dois testes, da raiz e da razdo, nada nos dizem ‘quando 0s limites superiores de g/m € On-1/dy existem ¢ sio iguais a 1. B ‘© que acontece no caso das séries 1/n © So1/n?, a primeira divergente e a segunda convergente, Ein ambos os caso temos anit lim «Yam = tim 23 — 4 Gn On como € fécil verificar 8.20. Teorema. Se (an) € uma seqiéncia de termos positives, entéo lim inf 2% < timiné Yan < limsup (Ye, < limsup “+ 5] mini TS Vim S limsup Yen Pe 35) Demonstragao. Vamos demonstrar a iitima desigualdade. Ponhamas L = limsupan+i/¢y. Dado qualquer ¢ > 0, seja ¢ um nimero compreendido entre L e Ee, Sabemos que a partir de um corto indice NV todos os elementos ns /an jazem a esquerda de c, portanto ONS ce, HH ee. ce, an aay at 56 Cap. 3: Séries Infinitas so convergentes. De fato, pelo que vimos no Exemplo 2.18 (p. 30),n*2/a" — 6, de sorte que nt/a" < 4m? a partir de um certo 1. Isso prova que a primeira das séries em (3.4) 6 convergente por ser dominada, a partir de N. pela série convergente > 1/n? Xo Exempla 219 (p31) provamon ques” /n!< /2%,oque mantra que ase- sunda das séries em (3.4) é convergente por ser dominada pela série conv: guna Pe ergente Finalmente observe que, sendo n > 2 nt ( 2 ) 34 n 2 ee(b 2226 © aqui também podemos concluir que a terceira das séries em (3.4) € conver- gente Exercicios Prove que se Sa, é uma sic convergent de termes postivos, erto Ff, é sonvergete ‘Seja Say uma série convorgente de termos positives (bn) feos positives (by) uma seqiénes limitada de elemenis positivos. Prove que 5> anby converse 3. Sendo ay 2 0 by 2 0, prove que, se as sities ST ak ¢ S748 sto convergentes, entio a sécie Tents também & convergence Eees “ Frove que se an > 0€ Sa5 converge, entio Sia. /n converge Verifque.dentns as sues Seguintes, qual delas converge, qual delas diverge 8 9D DT oe yy ay Sejamn pe(n) e Bl) polindmios em n de graus er respectivamente, Prove que ser--k > 2 a strie Sopululsbein) € convergent, ener —Ké Lela€ divergent. Sendo a > 6 > 0, mostre que a série de terme eral ay = (a ~88) * &convergente x€0 > 1 -e divergente se @ <1. i '& Suponda aq 2 0¢ an —* 0, prove que Soe converge ou diverge se, ¢ somente se, S>en/(I-~ fa) converge ou diverge, respectivamiente 8 Prove que, 8 on > 0 © oem converse, entio S>el)(1~ 8) converge. Construe um ceemplo em que a primeira desas series diverge ex segunda converge; © outro exemplo em {que amas divergem 10 Prove que, sendo © > 0, série S> sen{c’n) € divergente Capitulo 3: Séries Infinitas 87 11, Prove que s¢ (an) é uma seaiiéncls nia crescente e Trax converge, enti nay —* 0. Tsso pode nio ser verdade se (aq) ossilar, como ilustra o”exercicio seguints, Observe que & Pondigio nay —+ 0 néo € sufciente para a convergéncia da série; um contraresemplo € & Serie So /(rlog n), que & divergente. (Veja o Exemplo 3.24, p. 63). 12. Construa tuma série convergente de termos positives de tal que nan nao tends a zero Sugesties 2. (a OP 20 Dab Soh HH 4, Consegjténcia de wm dos dois execicios anteriores 5.2) €b) dominam a série harmonics. Em c) € e), nan ~+ € > 0. Algo parecido em 4). Bm fy Oc Dean <2 sen’ Sn <3 logo, an < 3/2". €) Diverge. Observe que se &> 0 Jog n'a partir de um certo Nh) Converge, pols log n > 2a parti de certo. 9) Converse (er =8# = (fa) — 0" 11 Sendo $ 0 somo da série, San — Sn = angi +... +020 2 naan. Isso permite provar © Feultado desejado pare n par, Para n impae observe que (2n~ 1)oanss $ (2+ Han 12, Tome une série convergente (por exemplo, J>q com O 1, sendo mcon- clustvo 0 caso ea que esse limsup for 1 Demonstragao. Na primeita hipétese, seja g < 1 um mimero maior que fo referido limite superior. Entao, a partit de um certo N, teremos Yan < 9, donde a, 1, existe uma infinidade de indices » tais que Y@q > 1, donde existem infinitos elementos a, > 1 ¢ a série dada diverge ‘A demonstragao do teorema deixa claro que vale 0 corolério seguinte 3.15. Corolario. A série de termos positivas Tay é convergente se existe wm twimero q <1 tal que, a partir de certo indice N, yan <9 (0 gue é verdude, fem particular, se lim ga existe e é menor do que 1); ¢ divergente se YOn 2 1 62 Capitulo 3: Séries Infinitas 2 Tota PER. [in 3) OSIM, y ROEM ase, gy SMa eet 387 fa-) Ga 9) HEMeemow 4 Savarese Dada uma série convergent de termes positivas Joy — S, prove que, se a pact de umn cert indie N, gy q< Iventovalea sequints citimativa deerto: SS, gh" /(1) para n> N 4. Com a mesma notagio de exercicio anterior, prove que 8 Gnas lu W, entdo SS, N 4. Domonstre a primeira desigualdade em (3.5) 5. Seat an © Sty séres de eros Hasitive, esta dima convergent. Suponhanies que cine Wil gw’ Wage beie Pre Serge 6. Obtenha a primeira parte do Teorema 3.16 (p. 58) como conseiéncis do exerci antevin 7. Supondo ax > 0, determine Rta que a séie > on2” sea convergente para <2 < R f.cieente para 2 > Re Prow que w exit ohmiteZideane'en, emo R= W/L = i n/n Sugestées 2. Observe que (On 9) 2 i) yay = GAO) 2 ven We 3 5. Eecreva.adesigualdade do enuniado pars indices N, Nv, ne muliplique, membre a membro, a desigualdades obtdas O.Sendo L 0 por pequeno que seja, 2 ty eTiog 3" Lett fy zllog zp ~ eflogz)° 2 — 1 _ 6 convergente, lloginyire © convergent donde concluimos que a série $= Bxercicios 1, Use o teste ds integral para mostrar que a série harménica & divergente 2. Faga o mesmo para mostrar que a sirie S71/n® 6 convergente se x > 1 ¢ divergente se rel 3. Bstabelega 4s saguintes desigualdades 4, Mostre, pelo teste da integral, que as ities seguintes sho convergentes: [este iltima exemple k é um niimeto real qualque: 60 Capitulo 3: Séries Infinitas Multiplicando membro a membro essas desigualdades, obtemos dn < ke", onde k= awe". Entéo, yea N, yay b > 0): 1+ ag + bg? + ag* + bg’... = Dan. ‘ade a, = ag" se n for fmpar & a, = bg" se n for par. Entao, Van =qV5, npar © Yoa=qi/a, 1 imper’ cen consegiiéncia, lim ¢aq = ¢ <1, donde convergéncia de séric. Ao mesino tmpo, fast Doni St = Fan par) ou 1. Veja bem: nste caso, embora seibamos que existem infinitos an. /t > 1, iss0 nao ajuda, io € como no teste da raiz, onde infinitos (faq > 1 ja decidem pela divergéucia du série © teste da razio & adequado ¢ suficiente para lidar com a majoria dos exem- pos que ocorrem freqientemente nas aplicagdes (Veja o Fxerc. M4 da p. 223), Capitulo 3: Séries Infinitas 61 0 pasco que o teste da raiz é decisivo na determinagio do chamado “raio de convergéncia” das séries de poténcias (Veja 0 Exerc, 7 adiante e as formulas (09) ¢ (0-10) nas pp. 219 ¢ 220). Fases exempios das aplicagdes e muitas das séties freqiientemente propostas como exercicios nos cursos de Anélise, cujs con vergéncia é decidida de maneira natutal com o teste da razo, acabam deixando a impressio de que este teste & de aplicagio mais fécil que o teste da rais. Mas isso depende, evidentemente, da forma em que se apresentam a vaziio an1/an € araiz iq. O exemplo seguinte ilustra uma situagio em que é mais fécil aplicex o teste da raiz que o de razao. 3.22, Exemplo. Consideremos a série Sy an, onde am = [n/(n + ai. Sua convergéncia é prontamente estabelecida pelo teste da raiz, pois ve (553) = ase um caleulo relativamente facil ‘Vejainos agora a aplicagao do teste da razo: (yy lies Ga) anti On onde Aq © By sao os dois fatores que aparecem nesta titima linha. na ordem fem que aparecem, respectivamente. © célculo do limite de By nao oferece dificuldade, veja pon \t tin Pos (SF 7) * G+inpP 2 Jé 0 cAloulo do limite de An ¢ mais trabalhoso; nele usaremos o fato de que a fungao a~} log(1 +z) tem limite 1 com x — 0. Assim, mez 2 tL)” ot acy 1 y= (Fa) soe s(t aeea)] -* Comhecidos esses limites de A, € By, vemos que 0 lim an.41/aq existe e ¢ igual 2a L/e, © mesmo que o limite da raiz. An Exercicios 1 Tete coda uma dass suntes,vercando te convene ob aSreocach oH OTM, a PS aro, 66 Cap. 3: Séries Infinitas desde que 0 valor absoluto do termo geral tenda a zero decrescentemente. Eo. que veremos a seguir. 3.27. Teorema (teste de Leibniz). Seja (an) uma segiiéncia que tende a zero decresrentemente, isto ¢, a, 2 a2 > ..., dy — 0. Entdo, a série al: ternada D{-1)""an converge, Além disgo, 9 erro que se comete tomando-se ume reduzida qualguer da série como valor aprozimado de sua soma é, em nelor absoluto, menor ou igual ao primeiro termo despresads Demonstracéo. Consideremos separadamente as reduzidas de ordem par e de ordem impar da série dada, as quais podem ser escritas assim: Sap = (ay ~ 02) + (09 ~ 04) +... + (2-1 ~ an) Sansa = 01 — (a2 ~ 03) ~~ (@2n ~ @2n~2), por onde vemos claramente que (Son) nao decrescente © (Syeii} € no de- crescente. Além disso, Sq = Sit ~ @ant S Sant $ a1, isto 6, (San) 6 nao decresconte ¢ limitada, portanto, convergente para um certo mimero S. Este é também o limite da seqiiéncia de reduzidas de ordem smpar, como se v* pas- sando 4o limite em S241 = Sin + aansi- Concluimos que a seqiiéncia (Sq) converge para o mesmo mimero $ (Exerc. 2 da p, #2) Quanto ao erro, observe que a¢ desigualdades Sin SSS Sasi © Sai2 SS < Sant nos dio OS $ ~ Sm € Sings ~ Son = amt 0S Sanna — $$ Sapat — Sane2 = arms. Isso prova que |Sn—S Sani para todo ne conclu} @ demonstragao. 9.28. Exemplo. A série harménica alternads, 1 ee (-1yeet ba ppg ES 6 convengente, pelo teorema anterior; portanto, condicionalmente convergente, pois a série de médulos, 5 1/n, é a série harménica que, como sabemes, diverge Cap. 3: Séries Infinitas 67 [As séries condicionalmente convergentes sio, por natureza, vagarosas no convergir, A mudanca da ordem de seus termos muda a soma da série e pode mudar tanto que ¢ possivel reordenar convenjentemente os vermos da série para ‘que sua soma seja qualquer mimero dado de anteman. Esse surpreendente re- sultado, que discutiremos a seguir, € descrito e demonstrado por Riemann [R1), e1n stus comentarios sobre o trabalho de Dirichlet. 3.29. Teorema, Se wma dada série Dan € condicionalmente connergente, seus termos podem ser reordenados de maneire gue a série convirja para qual- quer mimero S que se presereva. Demonstracdo. Com a mesma notagio do Teorema 3.25, como Ta —* a, vemos, por (3.7), que o mestno ocorre com pn Ou ge. Mas Sx converse, logo, por (3.8), ambos pn € gq tendem a infinite. Agora é facil ver como reordenar os termos da série para que sua soma seja $: da seqiiéncia ay, a2,... vamos tirando elementos positivos, na ordem em que aparecem, e somando-os até obtermos um nimeto maior do que $; em seguida vamos adicionando a esse resultado elementos negatives até obtermos uma soma menor do que J, e voltamos a adicionar elementos positivos. depois negatives, € assim por diente. Como a série original converge, an — 0. de sorte que, dado qualquer « > 0, existe N tal que n > N= lap] J, $! incorpara todos 0% elementos da série original com indices que vao de 1 até N-+1 4e forma que 6 sitimo elemento da série original que aparece em Si tem indice n; > 1; logo, tem valor absolute menor do que =. E foi esse elemento que fez a soma $! ultrapassar o mimero $, seja pars 2 ditvita ou para a esquerda, de sorte que |S ~ S| < jan,|. Assim, podemos coneluir que p> JAS -Sice, © isso completa a demonstragio do teorema, Deste siltimo teorema e do Teorema 8.25 segue faciaente 0 corokirio que enunciamos a sexuir. 3.80. Corolirio. Uma condigio necessiria e swficiente para que uma série seja comutativamente conuergents € gue ela seja absolutamente convergente, Os resultados sobre séries aqui discutidos sdo os mais freqiientemente u- sados, Porém, muitos outros existe, principalmente testes de convergéncia 64 Capitulo 3: Séries Infinitas 5. Estabelega a convergincia da série >\¢/n)* e prove a convergéncis da integral [re 6: ac coms tn 3 rs 1. Sendo f(2) ume fngiaerscnte em 22 1, prove que yay spon ys [sents 1/e, um resultado j6 obtide anteriormente 9. Verifique que os testes da rai ¢ da razio no permitem saber sea sie J" e"n!/n® converge ou nao. Prowe que esta série ¢ divergente, usando o resultado do exersiio anterior. Sugesties 3. Integre, em cada cso, uma fungio f(=) apropriada 5. A convergéncia da série pode ser cbtide. como consegitncia da convergéncia das dae kas ries enn (34) (p- 55), pols (/n)* = e"/n(n'/0") 6, Basta provar que é convergent a integral, de 2 oo, da Fungo fl) = (logz) "MEE = elesiients = goat) conde o(2) vr significado Sbvio. (E fic verifear que f(z) & decresente a partir de um certo 20, pois o(z) = = ‘(loglog +1) > O a partir de um certo ze.) Para isso fazemos & substituigio y (iu), integral esta que sabomos ser convergente pelo exercicio anterior Convergéncia absoluta e condicional Dizse que uma série ay converge absolutament., ou 6 absolutamente conver- ante, se a série Y-lan. 6 convergente. Pode acontecer, como veremos adiante, que ay seja convergente € 5. jaa) divergente, etn cujo caso dizemos que a série ¥ ay € condictonalmente convergente. 3.25, Teorema. Toda série absolutamente convergente € convergente. Mais do que isso, ¢ comutativamente convergente, isto &, a soma da série dada independe da ordem de seus termos. Cap. 3: Séries Infinitas 65 Demonstracao. Sejam p, 2 soma dos termos a > 0 € gr @ soma dos valores absolutos dos termos ar negatives, onde, em ambos os casos, r 0, existe um indice V tal que n > N acarreta esta iiltima soma ser menor do que ¢, logo, © mesino acontece com a primeira, 3.26, Exemplo. Vanios provar que a série s one Fe TT genta var 6 absolutamente convergente, Para isso observamos que a partir den = 20 denorinador é positive e 2 n?jsen 3n2) BEG Payne de sorte que, @ partir de um certo N, n%jaq\ < 2 e isso prova que Elan’ € convergente. Séries alternadas e convergéncia condicional Diz-se que uma série é alternada quando seus termos tém sinais alternadamente positives negativos. Para essas séries vale a reciproca do Teorema 3.1 (p. 48), 70 Capitulo 3: Séries Infinitas Fig 31 intervalo de tempo [D, 1] da seguinte maneira: a volocidade permanece constante e igual & 1 durante a primeira metade do interval, de zero a 1/2: dobra de valor no segunda sub-inter~alo (de durago 1/4), triplica no terceito sub-intervalo (de duragéo 1/8), quadruplica no quarto sub-intervalo (de duragio 1/16) etc. Como se ve, a soma da série assim construida € a soma os produtas da velocidade pelo tempo em cada ium dos sucessivos sub-intervaios de tempo © representa 0 espaco total percorrido pelo mével (Fig. 8.1a) ‘Swineshead achou o valor 2 para a soma através de um longo e complicado argumento verbal, Mais tarde, Oresme, dew uma explicagéo geomeétrice bastante interessante para a some a série. Observe que essa soma é igual & area da figura formads com uma infinidade de retAngulos verticas, coma ilustra 4 Fig. 51a, O raciocinio de Swineshead, combinado com & Interpretacio geométrica de Oresme, se tradue simplesmente no sqpuinte: soma das éreas dos retangulos verticais da Fig. 9.18 ¢ igual a soma das dreas dos retangules horizontais da Fig. 3.1b. Ora, is60 € o mesmo que substitair 0 movimento original por uma sucessza infinite de movimentos, todos com velocidade igual & velocidade original” o primeira no intervalo de tempo [0,1 0 segundo no intervalo de tempo 1/2, 1}: 0 tercsiro no intervalo 8/4, 1; e assim por diante. Vé-se assim que o espaco percorrida (soma das reas dos relangulos da Fig. $.1b) agora dado pela soma da série geométrica aytua es sershately od Isso permite obter a soma da série original, pos sabemos somar uma série geométriea: no caso ‘desta tltima o valor €2. Hoje em dia & maneire natural de somar a série de Swineshead & esta: eanat isn s HDR donde $ = 2, Dexamos ao er {docini Ge Seinesead ¢ Orem ‘ire inGniae, com diseiosacima,tivram um papel importante no deseo tmento do Cie, deade ¢ inicio des Gesemolvmento no seco RVI. Ms fo seule SIX que tiie do comvergtocae sora nites atingram plena matusidde. ese devo, princalmnte ao tabalo de Cancy de ve fltomes sepuir tarefa de interpretar esse procedimento em termos do Cauchy e as séries infinitas Augustin-Louls Cauchy (1789-1857) é 2 figura mais infuente da Matemética na Franca de sa época. Come professor da Escola Politéonica ele escreveu vérios livres didéticos, bastante Inovadores, por isso mesmo tiveram grande infuéncia por varias décadas. 0 primeien dessee Capitulo 3: Séries Infinites 71 livros & 0 Cours d’Analyse de 1821 ICI, cujo capitulo VI & dedicado as series, e contém quase todos os resultados que discutimes no presente capitulo, E também ai que aparece o ertério de convergéncia que viria ser chamado “de Cauchy", formulado nos seguintes termes: *... para que a série uo, us, Unssstns tna, Kors. sen convergente, & necessdrio fe suficiente que valores crescentes dem facam convergir indefinudamente a some Sq = uy Huy $2 + kee... tina para um valor fizo s: em owtras polewras, € necessdrio ¢ ru fciente que, para valores anfinitamente grandes do ruimero m, a8 somes &ny Snax, Sno KE. ‘fram da soma s, pur conseqiineio entre elas, por quontidades infitamente peuenas.” © pouco mais que Cauchy escreve em seguida sobre ese critério nada acrescente de subs- tncia, apenas esclarece ser {..necessrio e suficente] "gue, para valores crescentes de n, as somas das quantidades tn, tn, tna, Ke... tomadas, a partir da primeira, tontas quantas se queiram, resultem semipre cm valores numércae anferires a tode limite proserito." ‘ho contrivio de Bolzano (p. 45), Cauchy sequer acena com uma demonstragio parece Julgtindesnecessria—,limitando-se aur ete erro para provar que asiie harmnic € ivergente e que» ste alternada S-(_1)"/n cconvergente, Ne primeio cago ole obsorva que Laat Seo ST ad m2 donde conclui que a série ¢ divergente, No segundo caso 0 raclocinio é © seguinte, supondo mon ember pee -(¢a-ca)- = a ora Em qualquer desses casos, |S ~ Sy < 1/, 0 que prova a comvergéncia desejata. 6 féct vericar que ese ultimo raciocinio se opicatambem & serie alterada S-(—1)"sn, onde (on) uma seqieneia nula no crescent. Alls, a convergéncia dessa sri & ee sabia de Leibniz (a6i6 1716) que he faz referencia numa carta de 2713, 0 que expicaatsibuirse a leo tee dado no Teorema 3.27 (p. 66) acas sip a0 Gnicas aplicagtes em que Cauchy utiliza seu critsio de comvergéncin, podendo-se entio dizer que tl ertrio nfo teria feito falta alguna a Cauchy. Sua importancia 5 se fara ventir mais tarde, no final do séeulo, no teato de importantes problemas Ge aprox imagio, em equagds diferencias eeilulo de variage. Enibora, como dssenos,o trabalho de Cauchy tenba tido infuncia decisva no desen- volvimento e consolidacio do estudo da convergéncia das série no século XIX, esse desen- ‘olvimento vinha desabrochando desde o nal do seca anterior. Ea ease respite devernor rnencionar aqui importante trabalho de um ilusre autor portugwis, José Anastco da Cunla ‘Assis infisitas so dscutidas no capitulo IX (“wro" IX) de sua obra “Principios Mathe- ratiese (C3), onde se pode identificar uma verdadoira antecipario de muitas das idéias de Cauchy e seu: contempordnecs, incisive 0 "Crterio de Conversénesa de Cauchy". (Vein [Q) as referncias al contidas 68 Capitulo 3: Séries Infinitas Indicamos ao leitor interessado os livros de Knopp (Kj ¢ [K2]), como fonte onde ele pode encontrar uma profusao de outras propriedades de séries ¢ testes de convergéncia. Mais tarde, no capitulo 9, sobre séries de fungbes. acrescentaremos, alguns resultados mais, pertinentes & matéria 1é tratada. Exercicios Verifique, em cads um dos exercicios seguintes, se a série dada & convergente;¢ em sendo, se absoluta on condicionalmente. Notas histéricas ¢ complementares A origem das séries infinitas A possibilidade de representar foncoes por meio de séries infinitas, particularmente séries de soténcias, foi percebida desde o inicio do desenvolvimento do Caleulo no sécuo XVI, tendo-xe ‘enstituido num dos mais poderoses estimnulos a esse desenvolvimento, e sobre isso falarernes 10 final do capitulo 8. ‘Mas as séries infinitas s8o conhecidas desde a antiguidade. A primeira 8 ocorrer na Historia da Matematica é uma série geométvica de razio 1/4, que intervém no cileulo da fea da paréhola, feito por Arquimedes. Seguindo a tradicio grega de evitar 0 infinito, pelas lificuldades Ligicas que esse conceito pode trazer em seu hoje, Arquimedes nio soma todos os termos da refeida série; ele observa que a soma de uma certa quantidade & reduzida de orden ‘ produz uma quantidade independente de n, que &a soma da série. (Vela (AZ) p41.) Depois dessa ocorréncia de uma série geomeétrice num trabalho de Arquimeds, ax sésiee infinitas 56 volteriam a aparccer na Matemética circa de 1500 anos mais tarde, no século XIN. Nessa época havia um grupo de mateméticos na Universidade de Oxford que estudava a ‘onematica, ow fenémeno do movimento; e, ao que parece, Inj ese astudo que levou & reconside rugio das séries infinitas. (Veja [E, p. 86 e seguintes.) E fol nessa época que se descobriu que Capitulo 3: Séries Infinitas 69 ‘0 termo geral de uma série pode tender 2 vero sem que série seja convergente. Isto corren ‘em conexo com a série harmanica e a descoberta fol eita por Oresme, B a ele que devemos ‘a demanstracio dada na p. 49 de que essa série diverge ‘A divergincia da sévie harméniea é um fato notavel, que jamais seria descoberto exper ‘mentalmente, De fato, se fossemos capazes de somar cada vermo da série em um segundo de ‘tompo, como um ano tem aproximadamenre 365,25 x 24 x 60 x 60 ~ 31.557.600 segundos, esse periodo de tempo seriamos eapazes de somar a série até n = $1.557:600, obtendo para ‘2 soma um valor pouco superior a 17; em 10 anos a soma chegaria a pouco mais de 20: em 100 anos, & pouco mais de 22 Como se vé, asses mimeros so muito pequenos para indicar divergéncia da série; nio somente isso, mar depois de 100 anos jé estariamos somando algo muita pequeno, de ordem de 3x 10~*. B claro também que é impossivel efetuar essar somas para valores to grandes de ‘Vamos fazer mais um exercicio de imaginagio. Hoje em dia temos computadores muito épidos, ¢ 8 tecnologia esta produsindo miquinas cads vee mais répides. Mas isso tem um Timite, pois, como sabemos, nenhum sina fisco pode ser transmitido com velocidade superior ‘da luz. Portanto, nenhum computador poders efrtuar uma soma em tempo inferior @ 10? segundos, que 6 0 tempo gasto pela luz para percorrer distancia igual ao diametro de um elétron PPois bem, com tal computador, ens um ano, mil anos ¢ um bilo de anos, respoctivamente, poderiamos somar termos em mimeros iguals © 315.576 x 10%, 315.576 x 10% © 315.576 x 10% vojo os resultados aproximados que obteriames para a soma da série harménica, em cada tum desses cases, respectivamente: 70,804, 77,718 © 91,5273 Imagine, fnalmente, que esse computador estivesse ligado desde a origem do universe, ha 16 Dilhoes de anos. Ele etaria hoje obtendo o valor aproximado de 94,2009 para soma da série Dharmnica, um niimero ainda muito pequeno para fazer suspeitar que a série diverge. ‘Mas como se chega ao mimero 04,208, se o (idealizado) computador mais répido que se possa construir deveria fear ligado durante 16 bows de ance? ‘Sim, nfo ha como fazer essa soma, mas existem métodos que permiten substicuir a soma Sp dos m primsiros termos da série por tums expresso matemética que aproximia Sq © que pode ser calculada numericamente; e ot msteméticos saber disso hé mais de 300 anos! Jeitor curiso pode ver a explicagi desses meétodos ex: [AQ], pp. 55-00. Nicole Oresme e a série de Swineshead Nicole Oresme (1525 1882) foi um destacado intelectual em wérios ramos do conhecimento, ‘como Filosofia, Matemitics, Astronomia, Cincias Pisicas © Naturais. Além de professor uni versitévio, Oreime era consélheiro do ri, principalmente na érea de finangas piblieas; e nessa Fungo revelow-se um homem de larga Visis, recomendanda medidas monetérise que tiveram _grande sucesso na pritica. Ao lado de tudo isso, Oresme foi também bispo de Lisieux. Oresine mantinh contato com o grapo de pesquisadores de Oxford e contribuiu no estudo de varias das séries estudadas nessa época, Uma decsas séries ¢ a seguinte: “ES Essa sétie foi considerada, por volta de 1350, por Richard Swineshead, sm dos matematicos de Oxford. Ela surge « propésito de um movimento que se desenvolve durante 0 74 Capitulo 4: Fungdes, Limite e Continuidade € uma familia indexada pelos inteiros positivos; esse é exemplo de uma familia, enumerdvel. A restrigdo do indice a um subconjunto do conjunto de indices nos leva a. uma subjamitia da familia original; assim, (Aj, 2, ..., Ar) € uma familia, finita, que é, ao mesmo tempo, uma subfamilia da femilia dada. Outro exemplo é dado pela familia de intervalos fz = (2/2, 5x), 2 varian- do, digamos, no intervalo (0, 1). ‘Temos aqui uma familia ndo enumerdvel de conjuntos A uniao ea intersecan de conjuntos se estencle, de maneira Sbvis, a mais de dois conjuntos e, em geral, @ uma familia qualquer. Assim, dade uma f (Aijicr, sua unido e sua interseceao so definidas como UAs ie TD jn: © © A para algum ¢ € 1); MAG bE T} = (2: we A, para todoé € I} Por exemplo, seja A; 0 intervalo aberto (i/3, i), onde i percorre o intervalo 1 =(0, 1). E fécil verificar que UA: #€ 1} =(0,1) e fA ded} As leis de De Morgan séo vélidas no caso de uma familia qualquer de conjuntos indexados por uma famflia J : (C,)ser Tetos entao: (UG: FEN =aNCH FET} (MG: TEN =ulCf: iN, ou seja, 0 complementar da unido € a intersego dos eomplementares « 0 com plementar da intersecéo € a uniéo dos complementares Deixamos ao leitor a tarefa de verificar, como exereieio, todas as pro- priedades mencionadas atrés. (Exerc. 1 adiante.) Nogées topolégicas na retia Apresentaremos nesta secio algumas nocdes topologicas na reta, apenas os pre- requisites necessérios ao estudo das fungdes. © leitor interessado em maiores detalhes deve procurar um texto sobre o assunto, como (L3} ‘Sempre que falarmos em “niimero” sem quaiquer qualificagdo, entendere- mos tratar-se de um niimero real. Como os nimeros reais sio representados por pontos de uma reta, através de suas abscissas, é costume usar a palavra “ponto” em lugar de “niimero”; assim, “ponto 2” significa “niimero 2” Diz-se que um mimero real x & ponto interior de um dado conjunto C, ou ponto interno a C, se esse conjunto contém um intervaio (a, 6), que por sua vez contém . isto é, x € (a, 6) CC. Segundo essa definigaio, todos os elementos de um intervalo aberto so pontos interiores desse intervalo. O interior de um. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 75 conjunto C € © conjunto de todos os seus pontos interiores. Assim, o intervalo {a, 8) é seu proprio interior; é também o interior do intervalo fechado a, 8 Diz-se que um conjunto C é aberto se todo ponto de C ¢ interior a C, isto 6, se 0 conjunto coincide com seu interior. E esse o caso de um intervalo (a, 5), do tipo que ja vinha sendo chamado “aberto”. O conjunto vazio é aberto, pois caincice com seu interior, que & também vazio. O conjunto de todos os mimeros reais também ¢ aberto Chama-se wzinkanca de um ponto a qualquer conjunto que contenha a inte- riormente. Mas, a menos que o contrario seja dito explicitamente, “vizinhanca” para nds significard sempre um intervalo aberto, Em particular, dado ¢ > 0, 0 intervalo V.(a) = (a —¢,a +) € uma vizinhanca de a, chamada naturalmente visinhanga simétrica de a, ou vizinhanga ¢ de ¢. As vezes interessa considerar uma vizinhanga ¢ de a, excluido o proprio ponto a, em cujo caso escreveremos, V;(a), a chamada vizinhanga perfurada: Vila) = Vela) = {a) = {2 0 < fe ~ a] 0,V!(a) contém aloum elemento de C. O conjunto dos pontos de acumulagao de C seré aqui denotado com o sfmbolo C" ‘Um ponto de acumulagéo de um conjunto pode ou néo pertencer ao con- Junto; por exemplo, os extremos @ eb de um intervalo aberto (0, 6) so pontos de acumulacao desse intervalo, mas nao pertencem a ele. Todos 08 pontos do intervalo também so seus pontos de acumulagao e pertencem a ele Um ponto « de um conjunto C diz-se isolado se nao for ponto de acumulacio de C. Isso € equivalente a dizer que existe « > 0 tal que V(x) nao contém qualquer elemento de C. Chama-se discreto todo conjunto cujos elementos so todos isolados. Diz-se que um mimero x 6 ponto de aderéucia de um conjunto C, ou ponto aderente & C, se qualquer vizinhanga de « contém algum elemento de C. Isso significa que x pode ser um elemento de C ou nao, mas se ndo for certamente serd ponto de acumulacdo de C. O conjunto dos pontas aderentes aC é chamado © fecho ou aderéncia de C, denotado com 0 simbolo ©. Como se vé, C é a unio de C com 0 conjunto C! de seus pontos de acumulacio, Diz-se que um conjunto € fechado quando ele coincide com sua aderéncia (C=C = CUC), ou seja, quando ele contém todos os seus pontos de acu- mulagdo: C’ CC. B esse 0 caso de um intervalo |e, 8), do tipo que jé vinha sendo charnado “fechado” © conjunto Capitulo 4 FUNCOES, LIMITE E CONTINUIDADE Preliminares ‘niciamos neste capitulo 0 estudo das fungies. Nosso objetivo é dar um trata- mento logicamente bem fundamentado das fungdes reais de uma variavel real. esse trabalho, ao contrério do que acontece nos cursos de Céleulo, ndo nos spoiaremos na intuigo geométrica, pois a Andlise Matematica fundamenta-se 105 mtimeros reais, néo na Geometria, Mas isso nfo quer dizer que as id geométricas sejam abandonadas; elas continuarao sendo, como no Céleulo, um guia importante da intuigao, um auxiliar indispensavel na busca dos caminhos ca construcéo légics, mas apenas como instrumento didatico. ‘Muitas das fungdes elementares so introduzidas no Caleulo com base na Geometria. B assim com as fungées trigonométricas, a comegar com 0 seno ecosseno, Emi contraste, aqui ne Anilise definiremos essas fungdes de mancira puramente analitica, como séries de poténcias (p. 221), sem apelo a nodes mométricas anteriores, O logaritmo seré introduzido em termos da integral (p. 173); ea fungio exponencial e*, como sua inversa; em terinos da exponenciel Cefiniremos a exponencial geral o®, com a > 0, mediante @ expresso elloaa}e, Esses procedimentos dispensam os processos puramente intuitives do Célwlo, taseados na Geomettia, Mas, embora um dos nossos objetivas seja o de mostrar como as fungies Gementares podem ser introduaidas e suas propriedades estudadas, sem apelo A imtuigdo geométrica, estaremos sempre nos valendo das fungées elementares ‘camo ilustragies da teoria, antes mesmo que elas sejam introduzidas na devida, ‘oportunidade em nosso estudo. Portanto, como recursos ilustrativas da teoria. pe estaremos desenvolvendo, vamos nos valer sempre das fungies elementares {jt aprendidas no Calculo, com todas as suas propriedades. Nogées sobre conjuntos Coletamos aqui as nogdes bisicas de conjuntos que serdo utilizadas em nosso estudo e que, varias delas, certamente, j4 so do conhecimento do leitor. Todos Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 73 0s conjuntos sob consideragio serio conjuntos de niimeros reais, isto é, subcon: juntos de R. As notagoes “r © A” e “A CB” significam, 2 primeira delas, que “r pertence a A” ou “x é elemento de A”; ¢ a segunda, que “A é um sub- conjunto de B” on “todo elemento de 4 esta em B°. "A = B” é 0 mesmo que ‘AC Be BCA simultaneamente. Dados dois conjuntos A e B, define-se @ nido AUB como 0 conjunto de todos os elementos que esto em pelo menos uum dos conjuntos A e B; a intersegdo ANB € definida coro © conjunto de todos os clementos que estio em A e em B simultaneamente. Pode acontecer que © B nao tenham elementos comuns, em cujo caso 4B nao teria significado. Excecies como essa séo evitadas cot & initoducio do conjunto vazio, indicado com 0 simbolo 4: ele é 0 conjunto que néo tem elemento algum, - Daremos @ seguir uma série de igualdades entre conjuntos, as quais sito demonstradas facilmente provando, em cada caso, que 0 primeizo membro esta contido no segundo e que o segundo esta contido no primeiro: AUB=BUA; AIB= BNA; AD(BUC)=(AUB)UC) AP(BNC)=(ANB)NC; AU{BAC) ={AUB)NALC). AD (BUC) =(A> B)L(ANC). © complementar de um conjunte A, indicado pelo simbolo A® , é definido como 0 conjunto dos elementos que ndo estéo em A, isto €, Ao=R-A R: 2g A} E claro que Ré = o e 6 = R. O complementar relativo de um conjunto A em relagdo 4 outro conjunto B ¢ definide por B-A={2eB: «¢ A) B facil ver que B- A= BM ASequeBCC+A-CCA-B ‘As chamadas leis de De Morgan, no caso de dois conjuntos A ¢ B, afirmam . (ALB) = Aon BE e (ANB) = AUB, ou seja, 0 complementar da uniiio € a yntersepdo dos complemtentares « 0 com- plementar da interseedo ¢ @ unido dos complementares. ; ‘As vezes temos de considerar um conjunto de conjuntes, isto é, um con- junto eujos elementos sto conjuntos, em cujo caso falamos de uma “classe” ou “familia” de canjuntos. As palavras “classe”, “familia” e “colegio” so usadas como sinénimas de “conjunto” , uso de cada uma sendo ditasto apenas pela con- veniéncia da situagéo. Muitas vezes uma familie de conjuntos é indexada por elementos de outro conjunto; por exemplo, (Aninens onde An = (1, 2,..., m) 78 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade 2) qualquer vizinhanga de a contém infinitos elementos de C: ») qualquer visinhanga ae a contém um elemento de C diferente de ] qualquer que seja 6 > 0, Via) contém algum elemento de C. 3. Prove que um ponto aderente a um conjunte C, que nio pertence aC, é ponto de acu rmulacao de C- Prove, igualmente, que um ponto adevente a uma seqiéncia (um), que nfo coineida com nenhur) elemento aq, & panto de acumulagio do eonjunta de valores da sequencia, fas, 44,-- Demanstre a seguinte versio do Teorema 4.1: dado um eonjunto qualquer C, todo panto de acumulacdo de C « ponte de acumulago de C. 8. Mostre que a unio dos intervalos Ay = (e/2, 25), com > percorrendo o intervalo (0. 1) & © intervato (Q, 2) © que a intersesio da familia Jn = (~1'n, 141m): m= 1, 2-60 Intervalo fechado [0,1 7. Demonstre @ parte b) do Teorema 42 8. Termine » demonstracio do Teorema 4.3, provande que se A é um conjunte aberto, entdo AP 6 fechado. 9, Demonstre que se A ¢ F sho conjuntos aberto e fechado,sespectivamente, emia A — F & berto © F — A é feehado. 10, Demonstre @ parte b) da Teorema 4.4 11, Construs uma familia de conjuntos fechados cus unio seja um conjunto aberto. 12, Demonstre o Teorema 4.4 com base nas leis de De Morgan nos Teoremas 4.2 € 4.3 18, Prove que se um conjunto A é denso na reta (A ~ R), entéo todo numero real ponto de ‘scumulacao de Fungées 4.5. Definigao. Uma fungdo “f: D+ ¥” é uma lei que associa elemen- tos de wm conjunto D, chamado o dominio da fungao, o elementos de um outro conjunto Y, chamado 0 contradominio da funcéo. Em geral, 0 contradominio ¢ um conjunto fixo, 0 mesmo para toda uma classe de fungdes sob consideragio, ndo acontecendo necessariamente que todo elemento de Y corresponda a algum elemento do dominio pela acdo da funcao ‘que esteja sendo considerada, 58 com o dominio a situagio é diferente, pois cada fungao tem seu dominio prdprio, e todos as elementos do dominio so objeto de aco da funcéo, Em nosso estudo estaremos interessados tao somente em fungbes cujos dominios sejam subconjuntos dos mimeros reais, prineipalmente intervalos dos -vérios tipos considerados logo no inicio do capitulo 1. © contradominio sera sempre 0 mesmo, conjunto dos miimeros reais Para indicar que uma fungao f associa o elemento y ao elemento z escreve-se y= f(z). Bsse simbolo é também usado para indicar a prépria funcao f. embora Cap. 4: Funcoes, Limite e Continuidade 73 com certa impropriedade, pois f(z) 0 valor da funcéo num valor particular de D. Portanto, quando a notagao y = f(x) 6 usedo para indicar a fungio, deve-se entender que x denota qualquer valor no dominio D, por ‘sso mesmo chama-se varidvel de dominio D, a chamada varidvel independente. y € a imsgem de x pela fungdo f, a chamada varidvel dependente. O conjunte de todos os valores da fungao, Ty = {y= fe): © DY, é chamado a imagem de D pela f, freqitentemente indicavio por f(D) De um modo geral, sendo A um subconjunto de D, define-se a imagem de A mediante a expresso F(A) = {f(@): © © A} (fl): rE AND} no caso de qualquer subconjunto de mimeros reais A. Um modo bastante usado para denotar uma fungao / consiste em escrever 8g: 2€ Dy = 5(2)", significando com isso que “y é a imagem de x pela f” Outro modo consiste em identificar a fungBo com seu grafico, que ¢ 0 conjunto f={(, f(@)): 2€ D} Para caracterizar uma fungdo nao basta prescrever « lei de correspondéncia fi € necessério também especificar seu dominio D. Fregiientemente as funcoes ‘so dadas por férmulas algébricas ou analiticas, como fe 2 y fay=zten fay= fe fey=X 3 Mas net sempre ¢ assim; teremos oportunidade de lidar com funcdes dadas por Jeis bem gerais. que nao se enquadram nessas catexorias, Muitas vezes o dominio de uma fungao nao é mencionado, ficando suben- tendido tretar-se do maior conjunto para o qual a expressio que define a fungio faz sentido, Assim, nos dois primeiros exemplos acima, o dominio é o eonjunto, de todos os niimeros reais, enquanto no tltimo € o semi-eixo x > 1 Uma fangio f com dominio D € dita limiteda a esquerda ou limitada inje- riormente se existe um niimero A tal que A < f(x) para todo x € D;e limitada 4 direita ow limitada superiormente se existe um mimero B tal que f(x) < B para todo x € D. Umea fungdo que ¢ limitada & direita e & esquerda 80 mesmo tempo é dita, simplesmente, limitada: 6 claro que isso equivale a dizer que existe um miimero M tal que |f(2)\ < Mf para todo = € D. 76 Capitulo 4: Fungées, Limite ¢ Continuidade Ediscreto, pois seus pontos sao todos isolados, ¢ seu tinico ponto de acumulagéo €o miimero 1, que nao pertence 20 conjunto, Naturalmente, se o incluirmos no conjunto A, obteremos a aderéncia de A, que € 0 conjunto 128 1 Baaut= {lb 5 po ae } Observe que esse conjunto B é fechado. E isso acontece sempre, ou sea, sempre que juntarmos a um conjunto Co conjunto C’ de seus pontos de acu- mulagdo, a aderéncia C = CU C' nao teré outros pontos de acumulagio além dos que ja estavam em ©’. B o que veremos a seguir. 4.1. Teorema. 4 aderéncia T de qualguer conjunto C é wm conjunto jechado. Demonstragéo. Seja x ura ponto aderente a C. Devemos provar que z é aderente 2 C. Qualquer vizinhanga V de z conterd algum ponto y de C (que pode ou nao ser o prdprio z). Mas V é também vizinhanga de y; logo, conterd slgum ponto = de C. Isso prova que « é aderente a Ce conelui a demonstracio. 4.2, Teorema. a) A intersecdo de wm niimero finito de conjuntos aber- fos & um conjunto aberto, isto €, $€ Ai, ..., An so conjuntos aberios, entio é também aberto 0 conjunto AiN.+.[An; 5) 0 unido de uma familia qualquer de conjuntos abertos é um conjunto aberto Demonstragao. Para provar a parte a), seja r € A= AiO... Ap. Entdo LEA), J =1,....M, € como A; 4 aberto, existe 6, > 0 tal que Vs,(2) C Ay Seja 6 = min(6,,...,5n}. B claro entao que Vs(x) C A, 0 que prove que A é aberto, A demonstragio da parte b) é mais fécil e fica a cargo do leitor. (Exerc. 7 adiante,) Observe que 0 item b) do teorema se refere @ ume familia qualquer, que pode ser infinita, até mesmo nio enumeravel. Por exemplo, para cade nimero eal x do intervalo (0, 1), considere o intervalo As = (x/2, 22), que é um con- junto aberto. # facil verificar que a unio de todos esses conjuntos Ay , com 7 percorrendo o intervalo (0, 1), € 0 intervalo (0, 2) FB interessante observar que a intersegio dessa mesma familia de conjuntos é 6 conjunto vazio, que é também aberto. Mas nfo é verdade, em geral, ‘que toda intersegdo de abertos é um aberto; por exemplo, é facil verifiear que a familia de abertos (—1/n, 1+ 1/n),n = 1,2,... tem por intersegio o intervalo [0, 1} Capitulo 4: Funcdes, Limite ¢ Continuidade 77 que é fechado, © nao aberto, 4.3, Teorema. Um conjunto F é fechado se, ¢ somente se, seu comple mentar A= F°= R—F é aberto, Demonstrasio. Supondo F fechado. para provar que A é aberto, devemos provar que qualquer x € A é ponto interior de A. Como 2 ¢ Fe F é fechado, x nio € pomo de acumulagio de F, logo existe 6 > 0 tal que Vs(z) VF =. Isso. significa que Vs(xv) C A, portanto é interior a A. Deixamos ao leitor a tarefa de demonstrar a reciproca: se A é aberto, F=A®= RA é fechado. (Exerc. 8 adiante.) 4.4. Teorema. a) A unido de um mimero finito de conjuntos fechados € um conjunto fechado, isto é, se Fi, ..., Fy so conjuntos fechados, entéo é também fechado 0 conjunto F = F,U...UFq; b) a intersecdo de uma famitia ‘qualquer de conjuntos fechados é um conjunte fechado. Demonstragdo. Para demonstrar 2 primeira parte, seja a um ponto de acummlagao de F; devemos provar que a € F. Raciocinando por absurdo. suponhamos que a ¢ F. Entao, a ¢ Fj, i= 1,....n. Bm conseqiiéncia, existe, para cada i, uma vizinhanca Vs,(a) tal que V5,(a) Fi = @. E claro, entio, que V = Vi,(a) 9... Vs,(a) & uma vizinhanga de @ sem pontos em comum com F. Isso contradiz 0 fato de a ser ponto de acumulagéo de F e completa a demonstragio. A segunda parte do teorema & de demonstracéc mais facil e fica a cargo do Ieitor. (Exerc. 10 adiante.) © teorema anterior pode tainbéan ser provado como conseqiiéncia dos dois precedentes, utilizando as leis de De Morgan. (Exerc. 12 adiante.) Diz-se que um conjunto A 6 denso em outro conjunto B se BC A, isto é, se todo ponto de B é aderente @ A. Dito de outra maneira, A ser denso em B significa que 0s pontos de B que ndo pertencem 0 A certamente siio pontos de acumnulacdo de A. Em particular, um conjunto A é denso na reta toda se A= Rj isso significa que todo mimero real € ponto de acumulacio de A. (Exerc. 13 adiante.) Exercicios 1. Prove todas as propriedades sobre conjuntos referidas nas paiginas 78-74, inclusive as Tabs de De Morgen, que bo de importéncia fundamental, 2, Prove a equivaléncia das seguintes proposigies referents a um conjunto C: 82 Capitulo 4: Fungdes, Limite ¢ Continuidade ‘LL Seja f uma fungéo com dominio D. Por supp f, sup f(z), ou simplesmente sup f, designa- suena conto (0) = {fe ¢ Bh algae pf 1), Sut, Sno fey ae a mie Dr poe sup(f +g) inf f + infg. De exes meant qe se ulin podn st ot 12. Seja f uma funsdo limitada num dominio D. A oseilagdo de f em D, denotada por w ou, mais precisamente, w(f, D), é definida por w = Mm, onde M = supf em = inf. Prove que w = supA onde A — (f(r) ~ fly): #€ D, ve D). Sugestdes solugdes Sla)+ fl-2) , fle) 2 5. fe) = 2 6. Com referéncia & incluso, sey € (ANB), y = f(z), com z € ANB, logo y€ f(A) NFB) Pode acontecer que um certo y esteja em f(A) 9 f(B) sem estar em f(A B). Para iso basta que p ja igual a f(a) ¢ igual a {10}, com ae Aeb€ B, sem que haja um ce ANB tal que y= f(c). Dé um exempla concrete desea situngio. 10. max{f, 9) FASE 6 expressio ‘anéloga para min{f, 9). ‘LL. Observe que (f + 9)(D) = (f(a) + 9{z): © =D} ¢ f(D) + 9(D) € aplique o resultado dos: Exercs. Ie 13 dae pp, 5.¢6. Ou, entio, observe que, qualquer que seja = € D, inf f +intg 0, existem ze y em D tais que f(z) > Mele fly) © 6; € sso prov quew < sup A Limite e continuidade Historicamente, o conceito de limite & posterior ao de derivada. Ele surge da necessidade de calcular limites de razdes incrementais, que definem derivadas, E esses limites sio sempre do tipo 0/0. Por aj ja se vé que os exemplos interessantes de limites devem envolver situacdes que s8 comecam a parecer num curso de Caleulo depois que o aluno adquire familiaridade com uina classe raaodvel de fungoes. Alkés, os primeiros limites interessantes a ocorrer nos cursos de Clculo silo os das fungies senz , Locos = = com x tendendo a zero. Isso acontece no célculo da derivada da'fungdo y = sen ¢. Mais tarde, no estudo das integrais impréprias, surge a necessidade de considerar limites de fungées como * sont [oS (42) (41) Cap. 4: Funcdes, Limite e Continuidade 83 com x tendendo a 1 Observe que, em todos esses casos ¢ outros parecidos, a varidvel x deve aproximar um certo valor, sem nunca coincidir com esse valor, € que o valor do qual 2 se aproxima deve ser ponto de acumulagéo do dominio da fungao. Bssas observagdes ajudam a bem compreender a definicao que damos a seguir. 4.6. Definigées. Dada ume fungio f com dominio D, seja a um ponto de acumularao de D (que pode ou nao pertencer a D). Dis-se que um nimero L €0 limite de f(z) com tendendo aa se, dado qualquer e > 0, existe § > 0 tal ame TED, 0<|e~e]< 55 [f(2)—LL-e< f(a) 0,0 mesmo da fungio A(z) = vz. Sejam f e g dues fungées, com dominios Dy € Dy, respectivamente. Supon- hhamos que g(Dq) © Dy: assim, qualquer que seja 2 € Dy, oz) € Dy e podemos considerar f(g(2)). A fungio h : 2 + f(g[x)), com dominio Dy. & chamada 2 composta das fungoes f ¢ g, ireqiientemente indicada com 0 simbolo “fo Por exemplo, h(a) = Vz—T € fungdo composta das fungdes f(r) = yz e ale) = z7— 1, Como 0 dominio de f o semi-eixo 2 > 0, 0 dominio de h é 0 eonjunto dos mimeros x tais que 2| > 1. Diz-se que uma fungdo f com dominio D & injetiva ou invertivel se 242s fe) 4s) sso € 0 mesmo que afirmar: f(x) = f(x!) + 2 = 2's ¢ significa que cada eemento y da imagem de f provém de um tinico elemento 2 no dominio de fy = f(c). Iss0 nos permite defiair a chamada funcdo inverse da fungio f freqiientemente indicada com o simbolo f~ , que leva y € f(D) no elemento © D tal que f(z) = y. E claro, entao, que f(f(z)) > # para toda x De SUF Uy)) = v para todo y € f(D) Diz-se que ume fungéo f definida num intervalo 6 crescente se 2 < 2! > Fle) < f(a"); decrescente se x < x’ = f(x) > f(2"); ndo decrescente se 2 < 2° = f(z) < f{z!) © nao crescente se x < 2! = f(z) 2 f(e!), Em todos esses casos f € chamade funcéo mondtona, Diz-se que f € uma fungdo par se seu dominio D ¢ simétrico em relagao 4 origem (isto 6 2 € D @ -2 € D) © f(z) = f(z): J € fungdo impar se 0 dominio € do mesmo tipo e f(-2) = — F(z). Chama-se sobrejetiva toda funcéo f com dominio D tal que f(D) coincide com seu contradominio Y. Uma furigéo que ¢ ao mesmo tempo injetiva e so- brejetiva tem inversa definida em todo 0 conjunto Y.. Bla estabelece assim uma correspondéncia entre os elementos € D ¢ os elementos v = f(x) € ¥, que é cianada correspondéncia biunivoca, justamente por ser univoca nos dois senti- os: cada elemento em D tem um e um sé correspondente em ¥ pela J; « cada cemento de ¥ tem um e um s6 correspondente em D pela inversa f—!. Uma fungdo nessas condigdes € chamada uma birevdo ou fungdo bijetiva. E claro que toda funcao injetiva ¢ uma hijeydo de D sobre (Di Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 81 Dada uma fungio f: D — ¥ e 8 um subconjunto de ¥, define-se f 1(B) (mesmo que f nao seja invertivel) mediante PMB) ={zeD: f(x) eB} B facil ver, segundo essa definicéo, que f-(Y) = De f-(B) = 9 se Br f(D) Bxercicios 1. Consider a seguint fungi, conhecida como fungi de Dirichlet f(z) =} ge x & rcional © f(a) =0 se 2 ¢ irracional. Descreva a funcso g(2) = f(v2) 2.Se J ¢ a funsio de Dirichlet, descreva conjunto {z+ flz) a é que, para toda seqiéncia tm € D~(a} tal que t, +a, se tenha f(t) — L. Fin particular, f é continua mum ponto a se, © somente se, para toda seqiiéncia t, € D—{a),tq — @, s€ tenha f(tn) > Fla) Comentério. O teorema afirma a equivaléncia de duas proposigies A e B, ue sao: Proposigdo A: dado qualquer ¢ > 0, existe 6 > 0 tal que x € Vj(a) OD = Slee) € Ve(E). Proposi¢ao B: tq € D— {a}, m%-+a= f(tn) — L. Demonstragéo. Vamos provar primeiro a parte mais facil: a condigéo necessaria, ou seja, A + B. Supomos, entio, que f(x) + L com x + a. Seja am € D~ {a}, 3_ —+ a; devemos provar que f(izq) — L. Ora, dado qualquer € > 0, existe 6 > 0 tal que z € Via) D = f(z) € V_(L). Com esse 6 > 0 determinamos N tal que n > N = xq € V(a)i logo, n > N= frm) € Ve(L), ¢ isso prova B. Provaremos em seguida que a condicdo ¢ suficiente, ou seja, que B => A Raciocinaremos por absurdo, provando que a negacéo de A acarreta a negacao de B. Vamos escrever essas negagdes em detalhe, j4 que clas so freqiientemente uum tropego para o aluno menos experiente. Negacéo de A: existe um ¢ > 0 tal que, qualquer que seja 6 > 0, sempre existe 2 € Vj(a) 0 D com f(z) ¢ Ve(L). Negagao de B: existe uma seqiiéncia tn € D- {a}, tm —a, tal que flan) nao converge para L. Como estamos negando A, sxiste um ¢ > 0 com 0 qual podemos tomar qualquer 6; tomemos entia toda uma seqiiéncia 6, = 1/n. Em correspon déncia a cada um desses én, escolhemos ¢ fixamos um ty € V{j_(a) %D com f(n) € V-(L). Besse, maneira produzimos a negagao de B, como desejvamos, pois exibimos uma seqiiéncia ty € D,tq # @, Zn — 0, tal que f(z) ndo converge para Z. Isso completa a demonstragao do teorema. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 87 Como dissemos, esse teorema permite deduzir 0 Teorema 4.11 do Teo- rema 28 (p. 22). Por exemplo, supondo que f(x) e g(z) tenham limites F © G, respectivamente, com — a, vamos provar que o limite do produto é 0 produto dos limites. Seja tn € D— {a} uma seqiiéncia convergindo para a. Entéo, pela hipétese do Teorema 4.11 f(t») —+ F € g(tn) > G; ¢, pelo Teo- rema 28, {(¢n)9(tm) + FG, donde o Teorema 4.12 nos leva a concluir que S(x)g(2) > FG, que € 0 item c) do Teorema 4.11 4.18. Corolirio. Uma condigéo necesséria ¢ suficiente para que uma fungéo f com dominio D tenha limite com x + a € que f(x) tenha limite, qualguer que seja a segiiéncia zy € D ~ {a},2n +a. Demonstragéo. Tendo em conta 0 Teorema 4.12, a tinica coisa que deve mos provar é que o limite de f(z) ¢ 0 mesmo, qualquer que seja seatiéncia tm € D~{a},x_ — @. Em outras palavras, basta provar que se tivermos duas seqiiéncias, tn € D — {a},an ae ta € D~ {a}, Ye — a, entao f(atm) € £(%n) tém 0 mesmo limite. Sejam L’ e 1" esses limites, respectivamente, Devemos mostrar que L’ = L", Formemos a seqiiéncia (2,), onde 224 = 2k © 294—1 = Ye B claro que 2 — a (Exerc. 2 dap. 32), logo, f(a) converge para um certo nuimero L. Mas f(x) € f (yn) s80 subseqiiéncias de f(z_), logo convergem para © mesmo limite L, donde Z’ = L" = L, como queriamos demonstrar. 4.14. Teorema. Se f ¢ 9 sao funcdes continuas em 2 = a, entao sdo também continuas em x =a as funcées f +9,f9 kf, onde k é uma constante qualquer; ¢ € também continua em x =a a funcao f/9, desde que g(a) 4 0. Esse teorema é conseqiitncia imediata do Teorema 4.11 4.15. Teorema (critério de convergéneia de Cauchy). Uma condigao necessdiria ¢ sufictente para que uma fungao f(x) com domirio D tenha limite com xa £ que, dado qualguer ¢ > 0, exista é > 0 tal que ye Vela) OD = |F(e)~ Fy) <=. (46) Demonstracdo. Para provar que a condigdo € suficiente, seja zy < D — {a} uma seaiiéncia qualquer, convergindo para a, Entio, em virtude de (4.6), dado ‘qualquer ¢ > 0, existe N tal que nym > N= |f(tn) — flem)) << Pelo critério de convergéncia de Cauchy para seqiiéncias (Teorema 2.26, p. 39) segue-se que (zn) converge; © pelo Coroléio 4.1% concluimos que f(2) tem SM Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade seja dito explicitamente. F entendemos também que a seja ponto de acumulagio do dominio D da funcio J, a0 investigarmos se f é continua nesse ponto. Um procedimento mais geral consiste em adotar a seguinte definicao: f é continua no pontoa se, dado qualquer > 0, eriste 6 > 0 tal quex € Vs(aJND > F(2) ~ f(e)| < ©. Mas assim a fungo sera continua em todo ponto isolado de seu dominio, pois, neste caso, basta tomar 6 suficientemente pequeno para que Ysa) > D 86 contenha o ponto a e, consegiientemente, para que a condigéo de continuidade esteja satisfeita. Para evitar essa situagao, que nao tem utilidade em nosso estudo, a sera sempre ponto de acumulagao de D, ao considerarmos ‘mite ou investigarmos a continuidade de f nesse ponto, Propriedades do Ii © Paya os limites de fungdes valem propriedades andiogas as de limites de segiténcias, com demonstragées também anéloges. 4.7. Teorema. Se uma juncio f tem limite com 2 + a, entdo |f(e) tem limite € litnsa [f(2)] = |limsg f(x) . Em particular, se f @ continua em x = 6, entao |f(2)| também € continua nesse ponto, isto é limzo, (2), = [f(@) Para a demonstragdo observe que, sendo Lo limite, ' \f(x)|- |< f(z) = L]. Como no Exerc. 9 da p. 25, a reciptoca 36 ¢ verdadeira, em geral, quando £ = 0. 4.8. Teorema. Se uma funedo f com dominio D tem limite L com x — a, se A 0 tal quer E Vila) D> Ax f(z) 0 tal que f(z) ¢ lemitada em Vila) D A demonstraéo imediata, considerando, por exemplo, A = L- 1 e B = L +1 no teorema anterior. 4.10. Corolirio (permanéneia do sinal). Se ume funcae f com dominio D tem limite L 2 0 com 2 — a. entao existe § > 0 tal gue, em Vie) D, f(z) > Lise b> Oe f(t) 0 faga A = L/2 no teorema; ¢ se L < 0 faga B = L/2. Esse resultado 6 comhecido como 0 teorema da permanéncia do ‘inal, justamente porque, numa vizinhanga do ponto a, a fungio permanece com fo mesmo sinal de L. Porém, mais do que permanéncia do sinal, ¢ importante cobservar que a fungao permancee afastada de zero, ou seja, [f(x)] > |Z|/2 em Vila) M.D. Observe a utilizagéo deste resultado na demoustragi do item d) do ceorema seguinte. 4.11. Teorema. Se duas fungées f € g com o mesmo dominio D tém limites com x a, entéo (Nos limites indicados a seguir, é claro, 1 + a.) 4a) f(x) ~ ofc) tem limite e lim [f (x) + g(@)] = lim f(c) ~ lim g(a) ) sendo k constante, kf(z) tem limite e lim[kf(z)} = K-lim f(x), ¢) fla)alz) tem limite ¢ lim [f(x)g(2)] = lim f(z). lim g(2)s d se, além das hipsteses feitas, lim g(x) #0, entéo f(z)/g(x) tem kmite lim f(z) lim gt) Demonstragdo. Vamos demonstrar apenas o item 4), deixando os demais a cago do leitor, jé que as demonstragSes de todos eles sio inteiramente andlogas as do Teorema 2.8 da p. 22. Sendo L #0 0 limite de g, vamos provar que 1/g(z) — 1/L com = ~ a © procedimento é o mesmo da demonstragao dada na p. 22 para o item d) do ‘Toorema 2.8 Dado qualquer ¢ > 0, sabemos que existe é > 0 tal que tim ate el? - 44) Les (44) Se necessério, diminuimos o § de maneira a termos também, de acordo com 0 Corolétio 4.10, Ee Yla\eD = io 2 Vila) D = ig(z)' > IL|/2. (45) Entéio, com 2 € Va) > D, teremos 2 UW _ dole) ett ek? 2 ae Ti" Wg@y * Flay 2 ¢ isso completa a demonstragao. Se g(z) tende a zero f(x) tem limite diferente de zero, entao o quociente flx)/glx) pode tender a 20 (limites infinitos serdo tratados mais adiante), tudo dependendo do comportamento particular de fe g. Quando f(x) ¢ g(x) tendem ambas a zero, o quociente f(z)/g(2) pode ter limites os mais variados, dependendo novamente do comportamento particular de f ¢ g. Trata-se aqui 90 Cap. 4: Fungées, Limite ¢ Continuidede 13, Prove que se fiz) ¢ continua em x = a € f(2) > 0, entdo g(x) = V/FB) € continua em 14, Demonstze o Teorema 4.11 (p. 85) diretamente, de manera andloga so procedimento usado para demonstzar @ Teorems 28, p. 22 15. Demonstre © Teovema 4.11 reduaindo-o 20 Teorema 2.8 com auxitia do Teorema 4.12 16. Se fg sto funges continues num conjunto D, prove que so também cortinuse ern J) as fungies maxi, 9) min( J, 9) 17. Seam 9 fongbee cominuas no meno d (ED: fle) < o(2)) € abort, 18. Sejam J € 9 fungSescoutinuas no mesmno dominio fechado D. Prove que o conjuntos = (2€D: fla) < a}} ¢fechado 18, Nas mesmas hipéteses do exercicio anterior, prove que o emjunio = {2 € Ds f(a) = o{a)}€ fecha nio aberto D. Prove que 0 coujunto A = Sugesties e solugdes 2 Como contra-exemplo considere a fungio f(r) = sen (1/2), que no tem limite com = +o (Essa fungSo est detalhadamente descrita no Exemplo 2 a Seq. 4.4 de [Al!.) Tome, por exemplo, D’ = {I/nmn=1, 2, 3} 6, Suponhamos f restrita ao conjunte Q dos racionais¢ a um mimeo real qualquer. Observe que, numa dada vizinhanga V de 2, sé existe um nilmera finito de mimeras racionais da forma p/2. um mimero fasta da forma p'3, um mimera finite da forma p)4; ¢ assim por iante. Dade qualquer « > D,seja qo > 0 um ntimero inteira tal que 1/ar < e. Como sto finitos os mimeros da forma pig, com 9 < 4p . que jazem na vizinhanca V, seja D2 a aguele dentre eles que esta mais proxiine de a. Tomandn § < ya ~ pq’! €, se necessério, menor ainda para que Vj(e) C V. certamente as mimeros racionais p/q em V;(a) sexo tais que I/g.ce. 10. Sendo 2 #0, If(2) ~ fla) Com j2| > ja/2, ste) = Hla) < (2/eP)hz— a Dado qualquer ¢ > 0, basta tomar é igual ao menor dos mimeros 2/2 €\a\/2 (esse altima condigao & necesséria para garantir|z\ > /a|/2) para termos 2—a| < 8 = /f{z)~f{(e)| <= 11. f(a) = x 6 continua, pois, dado qualquer ¢ > 0. basta tomar § = ¢ para que |2 ~ al < 4 = If(2)- fla)l < & Repetidas aplicanées do Teorema 4.1 permitem verficar que sso cantinuas as anges 24 " 23,...,2", a2”, enfim, um polinomi, que é a soma de monomios, «etambém quociente de polinomios em todo ponto que no sja raiz do denominado: 12 Sea dado qualquer ¢> 0, tome 6 =e? para que O<2cbe vice Se @ > 0, obeerve que eave a Dado qualquer ¢ > 0, omamos = evi para termos 2> 0, 2€ Vala) = WWE val < 13, Aplique o Teorema 416 Iv - vat Capitulo 4: Fungies, Limite e Continuidade 91 17. Observe que fe: (f—si(2) <0} Limites laterais e fungdes monstonas ‘As Definigdes 4.6 (p. 83), de limite e continuidade, sio gerais e abrangem também 03 casos chamados limites @ diretia e & esquerda, bem como con- tinuidade & direita e continuidade & esquerda. Hssas nogdes surgem quando lidamos com uma fungZo f cujo dominio s6 tenha pontos & direita ou & es querda, respectivamente, do ponto x = a, onde desejamos considerar o limite. Por exemplo, a fungSo y = Vz tem dominio x > 0; podemes considerar seu limite com 2 — 0 segundo a definig&o data, porém isso resultaré numa aproxi- magao de x ~ 0 somente por valores positivos. Dai escrevermos, para enfatizar esse fato, “r+ 0+". Igualmente, o limite de Vz com 2 — 0, seré um limite com “x 0" De um modo geral, sendo f uma fungae cujo dominio D sé contenha pontos A diteita de um ponto « = a, que seja ponto de acumulagio de D, entdo 6 limite de f(x) com x — a, se existir, ser um limite & direita, Ao contrério, se D s6 contiver pontos & esquerda de x = a, o limite de f(x) com 2 — a, se existir, seri ur limite é esquerda. Esses limites sao indicados com os simbotos slim, f(2) ou flat) © tim fla) on fle) respectivamente. Diz-se que f # continua d direita (resp, & esquerda) em x =a se f estd definida nesse ponto, onde seu limite & direita (resp. © a esquerda”) & F(a). ‘Se o dorninio de f contiver pontos a diveita & esquerda de x restringir esse dominio aos pontes z > @ ou © < a para considerarmos seus limites * & direita” ¢ * a esquerda” respectivamente, Evidentemente, para que isso seja possivel € preciso que 2 = a seja ponto de acumulagao dos domfnios restritos. Diremos que z = a ¢ ponto de acumulagdo a direita do dominio D se ele € ponto de acumulagio do dominio restrito a valores x > a: e ponto de acumulagéo 4 esquerda se € ponto de acumulagéo do dominio restrito a valores 2 0ea—1 se 2 <0 tem limites Iterais em 2 = 0 , devernos aim Ga AOL elim £(0-) = 1 Bla seré continue d direita em x = 0 se definirmos f(0) = 1; ¢ sera continua & esquerda nesse mesmo ponto se pusermos f(0) = =1 0 teorema que consideramos a seguir é um resultado fundamental nz teoria das fungdes monétonas, 6 anélogo do Teorema 2.12 (p. 26} para seqiiéncias 88 Capitulo 4: Fungées, Limite « Continuidade mite. como querfamos provar. Deixamos ao leitor a tarefa de provar que a condigdo é necesséria, que é a parte mais f 4.16. Teorema (continuidade da fungio composta). Sejam f eg Jfungdes com dominios Dy ¢ Dy respectivamente, com o(Dy) C Dy. Seg é continua em xo € f € continua em yo = g(x), entdo h(x) = f(g(x)) € continua em 2. Demonstragao. Pela continuidade da fungo f, dado qualquer ¢ > 0, existe # > O tal que v€ Very) 0 Dy = |F(u) — Fluo) <= Analogamente, pela continuidade da fungdo 9, existe J > 0 em correspondéncia, 6’ tal que © € Vo(arg) 7 Dy = Ig(x) ~ glo)! < 8 E claro entao que FE V(E)OD, = [F(9(2)) ~ Flol20)) c} e Ba{reD: f(x) c. Pelo Corolério 4.10 (p. 84) existe um 6 > 0 tal que x € Vs(a)N.D = f(z) > c, isto é W(a) 1D c A. Como esse conjunto Vs(a) 1D € aberto, por ser a intersegao de dois conjuntos abertos, fica assim provado que a é ponto interior de A, provando que A € aberto, j& que a ¢ arbitrario. A demonstragao de que B é aberto pode ser feita de maneira anéloga; ou entio, basta observar que B= {x ; — f(z) > —c} um eonjunto do tipo A para a fungio —f, que também é continva 4.18, Teorema, Se f é uma fungdo continua com dominio fechado D ec £m mimere real qualquer, entéo também séo fechados os conjuntos Po{reD: f(x) >ch. G={eeD: f(a) 0. Prove que, qualquer gue sea, lits—e (2 por valores racionais ¢ também, separadamente, por valores irracionals. Conelia, entio, ‘que / € contfaua em todo panto irracional descontfnua nos racionais. Sejam J ¢ 9 fancSes com o mesmo dominio D, ambs possuindo limites Le £’. respecti- vamente, com x. Prove que se f(z) < g(x) para todo z € D, entéo L <1’. Dé um ‘exemplo concroto mastrando que a igualdade L = L’ pode acorrer mesmo que se tenhs fia) < ale) Sejam f e g fungdes com o mesmo dominio D, ambas possnindo limites L e L', respective mente, com x — a. Prove quese £< L’,entio existe 6> 0 tal quer € Vi(a)D = f(z) < a{z). Em particular, se fe 9 sie continuas, fza) = L g(20) = L',entso f(z) < g(a) em Vela) D, (Critério de confronto ou da fungio interealada). Sejat f, gh tres fungies com ‘0 mesmo dominio D, sendo flz) < g(x) < hlz). Prow gue se f(z) @ A(z) tem o mesmo limite L com x — a, entie gz) também tems limite L com x — a. 1, Prove, diretamente da definigio de liste, que a fungiw fz) < Iya ¢ continua em todo © seu dominio 2 #9. 11. Prove que um polinémio é uma fungio continua em todo pento + = 2, © mesmo sendo verdade de quotiente de dots polinimivs, nos pontos que nbn anulam o denominador. 12, Prove que a funcio v3 € continua para todo x > 0. 94 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade de sua varidve] independente. Isso pode ser ilustrado em exemplos simples como estes: lim, = = Ox: lim (2-2)? =0F; lim ee ee Deum modo geral, f(z) —+ a+ com x — a significa: dado qualguer © > 0, existe 6 > 0 tai que, sendo D o dominio de J, FEVi(@) ID SLX flz}< hte Para @ definigdo de f(x) — L— basta trocar as dltimas desigualdades por boe< f(z) Sb 4.23. Teorema. Seja f uma fungéo com dominio D, f(z) # 0. Se G(2) = OF com x + a, entio 1/f(x) + +00 com x + a; € se f(z) + O- com 2 — a, entéo 1) f(z) ~ -o0 com x — a, Demonstracio. Pela hipétese, dado qualquer # > 0, existe ¢ > 0 tal que 2 € Vila) VD = 0< f(z) < 1/k, portanto 1/ f(z) > k. Isso prova a primeira parte, A segunda parte é andloge e fica a cargo do leitor. 4.24, Teorema. Suponhamos que f(z) ~ A e g(x) ~ B com x tendendo @ infinsto. Entéo, com z + +00, a) f(x) +9(2) + A+B; 6) sendo k constante, kef(w) = kA; 6) f(x)g(a) > ABs d) F(@)/ala) + A/B, desde que B #0. Este teorema 6 andlogo ac Teorema 4.11 (p. 85); a demonstragio também 6 andloga e fica a cargo do leitor 4.25. Teorema. a) Se fx) — +o com x = @ ¢ s¢ az) > k, entio Slz)+ gl2) + +00 com x —+ a. Além disso, se k > 0, f(r)glz) + 00 com A demonstragio fica a cargo do leitor. Os teoremas acitna sdo ilustragées de varios resultados envolvendo limites no infinito ou limites infinitos. leitor nao teré dificuldade em verificar @ vali- dade de resultados anslogos, seje com a varidvel independente ou com os valores das fungées tendendo a —oo. Convém observar que muitos resultados vilidos para limites finitos nao sito validos no caso de limites infinitos. Por exemplo, se duas fungées tendem a --oc, sua diferenca pode ter limite +00, —o0 ou qualquer valor finito. Esse é um dos casos de forma indeterminada, do tipo 20 ~ co, estudada nos cursos de Caleuio. Capitulo 4: Fungées, Limite e Continuidade 95 Outros tipos de formas indeterminadas so o0/o0, 0°, 1% e oo", Nao vamos nos deter na consideragio dessas formas, por serem elas bastante estudadas nos cursos de Céleulo, (Veja [A1,, Secs. 4.7 € 5.4.) As descontinuidades de uma fungao Do mesmo modo que s6 consideramos contimuidade de uma fungao em pontos de acumulagaa de seu dominio (p. 83), a nogao de descontinuidade seré igualmente considerada nesses pontos. Sendo a um ponto de acumulagao do dominio D de uma fungéo f, dizemos que f é descontinus em 2 = ase, ou f nao tem limite com x a, ou esse limite existe © € diferente de f(a), ou f néo esté definida em x =a. Analogamente Gefinimos descontinuidade d direita e descontinuidade & esquerda. De acordo com essa definicao, estamos admitindo que umn ponto possa ser descontinuidade de uins funcao, mesmo que ele nfo pertenga a0 dominio de f. A rigor, no deveria ser assim, s6 deveriamos admitir descontinuidades em pontos pertencentes ao dominio da fungéo. Mas 6 natural considerar 0 que se passa nas, proximidades de pontos de acumulagdo do dominio de uma funcéo, mesmo que tais pontos nao pertencam ao dominio. Assim, as funges a see © sen=, (47) ‘Go todas continuas em seus dominios (iguais a R ~ {0}); e, embora z= 0 no pertenga a esse dominio, € natural considerar 0 que acontece com essas funcdes quando x tende a zero De acordo com nossa definigio, a primeira das fungdes em (4.7) seria clas- sificada como descontinua em x = 0 simplesmente por néo estar ai definida, pois tem limite 1 quando x — 0, Atribuindo-the o valor em x = 0, ela ficard definida e seré continua em toda a reta, por isso mesmo dizemos que esse tipo de descontinuidade & removivel. A segunda tom limites laterais diferentes com 2 +0; ela seré continua & direita se pusermos f(0) = 1 € contivua & esquerda se definirmos f(0) = —1. A terceira fungao tende a too com x — 0 pela direita ou pela esquerda, respectivamente. Finalmente, 2 quarta funcio no ter limite com 1 —+ 0. Nao hi, pois, como remover a descontinuidade, mesmo lateral- mente, no caso das duas tltimas fungées. ‘As descontinuidades de uma fungéo costumam ser classificadas em trés tipos: removivel, de primeira espécie ¢ de segunda espécie. A descontinuidade removivel € aquela que pode ser eliminada por uma conveniente definigdo de faneao no ponto considerado, como no primeiro exemplo de (4.7). Como se vé , ela nem é bem uma descontinuidade, pois a fungio tem limite no ponto conside- rado, apenas nao esté adequadamente definida nesse ponto. A descontimuidade

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