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ForMAS CANONICAS Lembramos que um operador linear é uma transformagao Ii- near T : V — V, onde V é um espaco vetorial sobre um corpo K (isto 6, com seu dominio ¢ contradominio iguais). Se dimy V = ne Bé uma base de V, entao a matriz [T]g pertence aM.,(K). Como ja tinhamos visto anteriormente, muitas informagdes sobre T podem ser conseguidas a partir de cdlculos sobre [1]. Para se obter informagoes sobre T’ a partir de [T]g, 6 conveniente entao que a matriz [T]p seja a mais simples possivel. Em outras palavras, procuramos uma base B de V tal que certas informagées sobre T possam ser facilmente obtidas a partir de [7]. Observamos inicialmente que se [T]s for uma matriz diagonal, entao informagoes sobre o Niicleo de T € 0 seu posto podem ser muito facilmente obtidas. Este seré 0 nosso primeiro objetivo, qual seja, 0 de procurar condigées sobre T para que exista uma base B de tal forma que [T]g seja diagonal. Analisaremos depois a chamada forma de Jordan. Cabe ressaltar que existem outras formas canonicas que nao serao tratadas neste 0. Ao,ongo deste capitulo, K denotard ‘ l k j 5.1 OPERADORES DIAGONALIZAVEIS B.1,1 Seja 7: V-—+ V um operador linear e suponha que exista uma base B = {v,:--,un} de V tal que a matriz [T]z tenha a forma diagonal, isto 6, tal que M0 0 t Ow 0 % T=] . a. : 0 Ow Ne ¢om Ai € K para i= 1,---,n. Da definigéo de [7], teremos entiio | due T(v,) = Aww; para i = 1,--+,n, isto 6, a imagem de qualquer vetor da base B por T é um muiltiplo deste vetor. Veremos que _ elementos com esta Propriedade serao importantes em nosso estudo. _(@) Um autovalor de T é um elemento \ € K tal que existe um vetor nao nulo v € V com T(v) = Av. (b) Se dé um antovalor de 7, ento todo vetor niio nulo v € V vy tal que T(v) = Av é chamado de autovetor de T associado a d. > Denotaremos por Autr(A) 0 subespago de V gerado por todos 08 autovetores associados a 2. e _ ©) Suponha que dimy V =n < oo. Dizemos que T é diagona- | lizdvel se existir uma base B tal que [Ts é diagonal, o que é equivalente a dizer que existe uma base formada por autove- tores de T. 6.1.3 OBSERVAGOES ~ (a) Seja 7: V — V um operador linear nao injetor. Entéo 0 é um autovalor de T’. De fato, como T nao injetor, existe um vetor nao nulo v em Nuc T. Dat Toy O00 8bitio querfaines Formas Candnicas * 135» « \(b) B claro que existem operadores lineares que no possuem au- tovalores. Considere, por exemplo, T: R? —+ R? dado por T(z,y) = (—y,2). Deixamos a cargo do leitor a verificagiio de que T nao possui autovalores. Na realidade, seguiré facilmente de nossas considerages abaixo-que-tode-operador T € L(V,V) onde V é um C-espaco vetorial-de-dimensac-finita possui 2 tovalores.__ 5.1.4 Seja T: V —+ V um operador linear onde V é um K-espaco vetorial de dimensao finita. Iremos discutir agora um método para descobrirmos todos os scus autovalores, caso os tenha. Se \ € K for um autovalor de T, entao existe v # 0 tal que T(w) = dw, 0 que equivalente a dizer que (Ald — T)(v) = 0, onde Id: V + V 6a transformagao identidade em V. Segue entéio que é antovalor de T 4 Nuc (Md —T) £0. EXERCICIO ® — Seja \ um autovalor do operador linear T : V + V. Mostre “i que Autr(A) = Nuc (T — Xd). it Seja agora C uma base qualquer de V e considere a matriz ' [Ald — T]c. do operador (Ald — T) € L(V,V) nesta base. Segue de { (1.4.9), (3.2.2) e (3.4.5) que ( Nuc (Md—T) #0 < [Ald—Tlc nao é invertivel ! © det (|Md—T]e) = 0. 5.1.5 Esta relagio acima nos dé uma ideia de como poderemos achar os autovalores de um dado operador T. Seja C uma base de V. Observe que [z Id — T]c é uma matriz onde, na diagonal principal, aparecem polinémios ménicos de grau um com coeficientes em K © elementos de K nas outras posigées. Portanto, det ([2 Id — T]e) é um polinémio ménico de graun sobre K. A eqnivaléncia acima pode ser reescrita como d-éum autovalorde-T<>A éuma,raiz de det ([x Id — Tle). eee ee _Pomo Veremos 4 seguir. Sejam C e C’ duas bases de V. Por (3.4.6), _ Babemos que existe uma matriz invertivel P tal que [T]e = POT|oP i (em outras palavras, as matrizes [Te @ [Tle sio semelhantes). Daf, |" se:indicarmos por Id, a matriz identidade de M,,(K), teremos & [det ((e 1d Tle) = det ( Ty — (Pe) = , det (x P-MId,P — PT |q:P) = = det (P“\(x Id, — [T]e*)P) = : det (P=) . det (w Idy — (Ter) - det (P) = | =det (a Idy — [T}er) = det (nr 1d — Tle»), | (lembre que det (P-) «det (P) = 1). () Assim, det (2 Idy — [T]c) é um invariante de T, nao depen- ie dendo da base C escolhida. Isto justifica a seguinte definicao. Derinigdo. Sejam V um K-espaco vetorial de dimensao finita, T.€ L(V,V) um operador linear ¢ C uma base de V. Chamamos © polinomio det ([ Id — Tc) de polinéméo caracteristico de T ¢ 0 denotamos por pr(). : Segue da discussio acima que os autovalores de T’, caso exis- tam, serao as raizes de seu polinomio caracteristico. 5.1.6 Opservagio Seja V um C-espaco vetorial de dimension > 1 ¢ seja T em L(V,V). Como C 6 um corpo algebricdmente fechado (ver (1.1.3)), © polinémio caracteristico de T' seré da forma r(x) = (a — A)" ++ — Ay)" com A1,---,Ae € C er; > 1. Portanto, existirdo atitovalores para T. T: R@ — R? Bees ge (ey mayan AS Se C = {(1,0), (0,1)} 6 a base canénica de R? sobre R, entao me=(4 oP ‘Também, 10 os 1 womul(s)-(02)- =u ( 5 ewan Como pr(x) = 2? + 1 nao tem raizes reais, segue que T nao possui autovalores. (b) Considere agora T: C2 + C? (zy) > (-y2)- E facil ver que 0 polindmio caracteristico pr(x) = 2? +16 © mesmo que o do item (a). Mas aqui, como estamos con- siderando C? como espago vetorial sobre C, entdo pr(x) = (a — i)(w + i) € os valores ie —i sio autovalores de T. Con- sidere C a base candnica de C? sobre C. Como . io 0-1 i jnde—me= ( j y-(3 w)-(4 ') segue que (x,y) € Autr(i) se e somente se (2.)G)-@) Com isto, Autr(i) = [(é,1)]. De forma andloga, teremos, Autr(-i) = [(i,—1)]. Observe que B = {(i,1), (é,—1)} 6 uma base de C? sobre C e, nesta base, T tem a sua forma diagonal i 0 ie="( fat} BYR ai oman onde C é uma base de R* sobre R. Como vimos, a-2 -2 1 pr(w)=det} -1 2 4 \\ -2 2 2-3 Um céleulo simples leva-nos a p(x) = ( — 1)(a — 2)? e, por- tanto, os atitovalores de T’siio Le 2. Vamos calcular Autp(1) Autr(2). Pelo visto acima, Auty(1) = Nue (Ids —T). Como -1-2 1 Uds—Tle=] -1 1 -1 i —2 2 -2 segue que (z,y,z) € Autp(1) se e somente se { -1 -2 1 0 4 . -l 1-1 y |=[ 0 ' = 2 -2 z 0 . i ; Resolvendo este sistema, chegamos a Autr(1) = [(1,—2, 3). it Uma conta anéloga mostra-nos que Autz(2)=(0, 1,2}. Como Hi os autovetores de T sio ou miltiplos de (1,-2,-3) ou miltiplos de (0,1,2), concluimos que nao pode existir uma base de R? formada por autovetores de T. Este exemplo mostra-nos que, apesar de pr(z) ter todas as suas rafzes em K, nio existe uma base de autovetores de T. De qualquer maneira, observe que {(1,—2, -3), (0,1, 2)} é linearmente independente. + (a) Seja TT: R? + R3 tal que (le=| -2 -3 1 Ag pray onde C 6 uma base qualquer de R*, Fazendo-se os céleulos, teremos que pr(2) = (a + 1)2(x +2), Autr(-1) = [(1,0,2), (0,1,2)] e Autr(—2) = ((,-1,1)]- Observe que B = {(1,0,2), (0, 1,2), (1,-1, I} é um conjunto linearmente independente em R® com 3 elementos , portanto, & uma base. Além disso, os seus elementos sao todos autove- tores. Nao é dificil verificar entdo que -1 0 0 (Tle = a+ © 0 0 -2 Logo, T 6 diagonalizavel. 5.1.8 Os exemplos acima sugerem-nos que, se juntarmos as bases dos varios Autr(A) com \ autovalor de 7’, teremos um conjunto linearmente independente. Mostraremos que isto de fato vale em geral. ‘TEOREMA. Seja T': V — V um operador linear onde V é um es- paco vetorial sobre K de dimensdo finita e sejam y,--~ Ay 21, autovalores de T, dois a dois distintos. (a) Se vy +--+ + 4% = 0 com v; € Autr(Xi), i= Loot entéo vj =0 para cada i. (b) Para cada i= 1,--+ ,t, seja By um conjunto linearmente inde- pendente contido em Autr(d;). Entéo By U By U ++» UB; é linearmente independente. DemonsTRaGAo. (a) Vamos provar este item por indugao em t > 1. Se t = 1, nao h4 nada a provar. Seja agora t > 1 © suponha que o resultado vale para todo j < t e vamos prové-lo para j = t. Seja (x) tee teu =0 com yj € Autr(A;), Vi +t Calculando T em (), teremos que O= FO) = Teoy-toete + vedo Llea) +202) +--+ Tv) ©, portanto, il . i (##) |. Aten hada tee + Arte = 0, ‘at Multiplicando a equacio (+) por A, e subtraindo (+), temos i (r= Aa)u2 +++ + Or = Ade = 0. _ Usando-se a hipstese de indugio, teremos que (Ay — A,)u; = 0 para “cada i = 2,--.,¢, Como Ay # A; se i # 1, temos que v; = 0, para todo i=2,.-- »t. Substituindo em (+), teremos que também v, = 0 como queriamos., (b) Para cada i= 1,-+- ,t, escreva By = {vs1,-++ vin} Var _ Mos mostrar que {v11,++- ,vin,.-++ U,- + Vin, } € linearmente in- dependente. Para tanto, assuma que Mari + + Aan, Ving +++ + AM +++ + ening = 0, ‘onde ay € K, para todos i e j. Como 2 624) € Autr() para _ eada i, segue do item (a) que 3 aj%;5 =0, Vi = 1,+++,t. Como I= B, é um conjunto linearmente indlapentltaie; teremos que aj; = 0 i Para todo i =1,--- ,t e todo j SHR pats ae ¢ linearmente fates. 5.1.9 Estamos particularmente interessados na situacéio em que existe uma base de autovetores, Tal base vai existir se e somente se a unio Bi U--- UB, (usando-se a notagio do ‘Teorema 5.1.8) for uma base de V. Nao é dificil ver que isto vai ocorrer se e sSmente se t dim V => dimg Autr(d,). a a Em resumo, temos 0 seguinte resultado. ae (Corordnio. Seja T : V — V um operador linear, onde V é um K- ~espaco vetorial de dimensdo finita. Se d,,--- sAt sao to- dos os ee aloe de T, entdo T é diagonalizével se e somente-se dir V = py dimg Autp(X). . 4.1.10 Nosso préximo passo seré relacionarmos, para um dado auto- valor \ de T, a dimensio dimx Autr(A) com a multiplicidade de como raiz do polindmio caracteristico pr(x). Comegaremos com a seguinte definicao. DEFINIGAO. Seja \ um autovalor de um operador linear T : V — V onde V é um K-espaco vetorial de dimensio finita e suponhamos que pr(w) = ( —d)"q(2), com q(d) # 0, seja 0 polindmio caracteristico de T. O niimero m 6 chamado de multiplicidade algébrica de de 6 denotamos por ma(A). Chamamos de multiplicidade geométrica de a dimensio do subespago Aut (A) ¢ indicamos tal ntimero por g(a). 5.1.11 OBSERVAGAO Note que a multiplicidade algébrica de um autovalor A 60 maior indice j, tal que (a — d)! divide pr(z)- 5.1.12 PRoPOSIGAO. Seja \ um autovalor de TV — V, onde V é um K -espaco velorial de dimensdo finita. Entéo mg(X) < ma(). DEMONSTRAGAO. Seja W = Autr(X) e assuma que dim W Sejam B’ = {wi,-+- we} uma base de We B= {wi ,Ws,We4a5 ++ ,w,} uma base de V contendo B’. Como T(w;) = Aw para i =1,--- ,, podemos escrever [Ts na forma de blocos dO 0 OA 0 A 00 2X (Te = oo. 0 ig : Aa 00-0 onde Ay € Mgx(n—s)(K) © Az € M(n—s)x(n—s) (KK) Um calculo simples nos dé pr(ay = det (adie [E]p) = @ =d)5- det (x Id(q—») — Az). a8 que ma(A) 60 maior {indice J tal que (a + A) ‘anto, mg(A) = 8 < ma(A), como quetfamos, 0 BRT cei: V — V um operador linear, onde V é um K-espago |] votorial de dimebsio finite, tal que pr(x) = (w= A," -+-(«— 2), Onde Ar,+-A» € K sio distintos. Segue da definigéio de pr que ‘si V =m +--+. Usando-se o resultado acima 6 facil ver Sef Til VV sien operador linear; onde é-um 0 vetorial de dimensdo finita e sejam X1,--- , Ar 08 seus au- distintos. As sequintes afirmagées séo equivalentes. @) T é diagonalizével, = (@—Ay)™---(@— AL)", ny D1 mg(X;) = mal), para cada i =1,--- ,t, t (c) dimg V = > dimg Autr(Ai). i 1 / BiL.14 Exencfcios (1) Em cada um dos casos abaixo, decida se o operador linear T:K" — K" dado por sua matriz [7']p € diagonalizavel. Em caso positivo, calcule uma base de autovetores ¢ a sua forma diagonal. 10\K=c , 2 3\K=c mo ayers «(2 3)R-8 944 " 11 = = f of} a (@) -8 34 na \ ~ 16 8 7)"~ o-3 4 R,c a . ©) * 4 = - eh Raa aaa Rormas Canénicas + 143 2 ge 9 -2 -1 2 =R K =R (g)| -3 -7 -3 ns ()) -3 0 2), 6 12 5) -8 -4 7 (2) Seja T : V — V um operador linear. Mostre que se todo ve- tor de V for autovetor de T, entao existe um A € K tal que T(v) =v, VEY. QB Sein T :V — V operator e V espaco sobre K. Mostre que se pr tiver todas as suas raizes em K e se elas forem simples, isto 6, com multiplicidade algébrica 1, ento T' é diagonalizavel. (4) Seja. T: V —» V um operador linear. Mostre que se dimg Im T =m, entao T tem no maximo m +1 autovalores. (5) Seja T : K? — K? tal que ToT’ =0. Mostre que (a) ImT © Nuc T. (b) Se T # 0, entao existe uma base B de K? tal que aw-( ): (6) Mostre que se A € Mi2(C), entdo A é semelhante sobre C a uma matriz de um dos seguinte tipos a 0 a 0 (3 a coma,beC ou it °) comaeC. (7) Seja A uma matriz 2 x 2 simétrica em Ma(R) (isto é, tal que At = A). Mostre que A é diagonalizavel. (8) Determine, se existir, uma matriz P invertfvel tal que P~'AP seja diagonal para cada uma das seguintes matrizes: 12 11 wa-() :) wa-(} :) (A= ( Ll 8) om aeK. epi mame wu we eA IES rau c autovetores (3; 1) 8 (—2,1) associados aos autovalores —2 ¢ 3, Tespectivamente, Calcule T(z, y). Te, i (10) Ache os autovalores de A= (: a ) ede A“, i f 1 MM) Sejam TV —+ Ve S: V — V transformagées lineares. Suponha que v € V é um autovetor de T ¢ de associado aos autovalores A; e Az de T e S, respectivamente. Ache um autovetor ¢ um autovalor de: (a) aS + BT onde a, BER. (b) SoT.’ (12) (@) Mostre que se B, M € M,,(K), com M invertivel, entio (M-1BM)" = (M~!B"M) para todo n € N. (b) Caleule A”, n EN, onde i 264 A= 5 a (3 4) (13) Seja " 07 -6 ' ~A=/ -1 4 0 | EM3(C). 02 -2 Dado n € N, determine B € Ma(C) tal que B" = A. Existe uma matriz B € Mi(R) tal que B® = A? (14) Seja T : Ma(R) > M2(R) uma transfotmagao linear cuja matriz, em rélagao base e{(18) (05) (83) (8 9)] é dada por -1 -4 -2 -2 -4 -1 -2 -2 Tle = le > 8 b « Fo eepesy (oftinaa: Oioricas + 1485 ~ Determine uma ‘matriz invertivel M € M4(IR) tal que M~\{T\pM seja uma matriz diagonal. (15) Seja T : Po(R) — P2(R) tal que 1 00 (Tlac=[|0 O01 0 -1 0 onde B = {32?, -3, br} eC = {x?,a,1}. Mostre que T é diagonalizével. (16) Decida se as seguintes matrizes sio ou nao diagonalizdveis. Em caso afirmativo, encontre uma base de autovetores. 31 24 (33) (33) 4 -1 oOo -4 o(t :) (3 ‘) (17) Sejam U um K-espago vetorial de dimensio n ¢ B uma base de U. Mostre que dada uma matriz M € M.,,(K) invertivel existe uma base C de U tal que [Idjes = M. (18) Determine todos os valores de a,b,c € C para os quais a matriz abaixo seja diagonalizavel: (19) Em F(R ,R), considere o subespaco S = [e2* sen x, €% cos x, @*] eo operador linear D : S —+ § definide por D(f) = f- Considere ainda as fungoes fi (2) =e sen x, fol) = e* cos © fa(x) = e* em F(R,R). Determine: (a) a matriz de D em relagio a base B = {fi, fo, fs} de 5. (b) 0s autovalores de D e as fungées de $ que sio autovetores rede: Deion tceemet ee re yeapeien vo2401718/9 wis Fe

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